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A administração pública como facilitadora do

desenvolvimento social e econômico

THE PUBLIC ADMINISTRATION AS FACILITATOR OF SOCIAL AND ECONOMIC


DEVELOPMENT

Júlio César Cristoffer Vieira


Centro Universitário Internacional Uninter - julioccv@gmail.com

Achiles Batista Ferreira Junior


Mestre em Gestão de Negócios – achiles.f@uninter.com

Juliane Marise Barbosa Teixeira


Mestre em Tecnologia e Desenvolvimento do PPGTE na UTFPR - juliane_bt@hotmail.com

RESUMO

O presente trabalho aborda questões relacionadas ao Planejamento na esfera pública, concomitantemente


associadas às áreas social e econômica, que exercem interação com a sustentabilidade ambiental e
permitem que no âmbito da Administração Pública sejam desenvolvidas ações que proporcionem o
aprimoramento almejado: o bem estar coletivo. A pesquisa, do tipo conclusiva-descritiva, foi desenvolvida
com ênfase em busca de referenciais bibliográficos para a condução do contexto histórico e da influência
da boa Administração Pública como facilitadora do desenvolvimento, vislumbrando os resultados
qualitativos que isto gera para o aprimoramento em todas as suas vertentes que convergem para o
indivíduo beneficiário das boas práticas dos gestores.

Palavras-chave: Administração Pública. Planejamento. Desenvolvimento.

ABSTRACT

This paper discusses topics related to planning in the public sphere, concomitantly associated with social
and economic areas, which exert interaction with environmental sustainability and allow in Public
Administration actions that provide the desired improvement be developed: the collective well-being. The
research, from conclusive-descriptive type, was developed with an emphasis on search of bibliographic
references for conducting historical context and influence of the good Public Administration as a facilitator
of development, envisioning the qualitative results it generates for improvement in all its aspects which
converge to the beneficiary of good practices of the individual managers.

Keywords: Public Administration. Planning. Development.

INTRODUÇÃO

Com este trabalho pretende-se apresentar a Administração Pública como


facilitadora do desenvolvimento social e econômico de uma comunidade abrangida e
indefinida em razão do princípio universal da Gestão Pública. Dessa forma, busca auferir
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resultados que beneficiem a coletividade indistintamente, quando os ocupantes de


cargos com responsabilidade sobre o bem estar coletivo atuam de maneira célere e
focada na boa gestão dos recursos públicos oriundos de impostos, taxas, multas ou
contribuições. Parte-se do pressuposto que os avanços e retrocessos na Administração
Pública são proporcionais às reais intenções dos seus representantes na destinação final
do que é arrecadado, já que o administrador não detém a titularidade, mas a guarda
temporária do poder. O tema proposto surgiu a partir da percepção da disparidade
existente entre aquilo que se paga ao Estado para mantê-lo e o retorno por ele dado na
prestação de serviços àqueles que arcam com a manutenção da máquina pública.
Explicitar os benefícios da boa gestão é o objetivo geral norteador deste trabalho
para demonstrar a efetividade de uma administração efetiva, sendo que os objetivos
específicos foram conhecer exemplos de administração da coisa pública executados
historicamente, mesmo sem todo o aparato tecnológico atual para controlar gastos ou
coibir desvios de verbas. Esta é uma pesquisa teórica e qualitativa, cujo intento é
enriquecer o conhecimento na área com casos de outras épocas, que deixaram seu
legado registrado e cuja aplicação não se restringe a uma esfera específica de poder, mas
pode ser adaptada às necessidades locais ou regionais que culminam no desenvolvimento
social e econômico, demonstrando que o Planejamento é um pilar importante a ser
utilizado.

METOLOGIA DE PESQUISA

O presente artigo foi estruturado por meio de pesquisa bibliográfica que segundo
Santos e Parra Filho (2012, p.83) é o trabalho com “informações já escritas em livros,
jornais, revistas, entre outros” existentes.
O tipo de pesquisa desenvolvido foi a conclusiva descritiva, pois descreve um
fenômeno ou situação mediante o seu estudo realizado em determinado espaço - tempo,
que conforme Andrade (1999, p.106) “neste tipo de pesquisa, os fatos são observados,
registrados, analisados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles”, tendo em
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vista a necessidade da imparcialidade para não influenciar na análise e obter as


informações cotidianas mais fiéis à realidade almejada.
O método qualitativo foi utilizado em virtude da qualificação do universo estudado
por meio de abordagens que envolvem a percepção da atitude, comportamento,
ambiente nos quais os agentes públicos estão inseridos e que por este ângulo constituem
aspectos qualitativos. Confirmando este ponto de vista, Ludke e André (1986, p.11)
afirmam que “os métodos qualitativos mostram que a preocupação central é
compreender o objeto estudado como único e que representa uma realidade singular,
multidimensional e historicamente situada”.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SUA FUNÇÃO

Administrar é um processo que ocorre quando pessoas se utilizam de recursos,


quer humanos ou materiais, para atingir os seus objetivos através do uso dos insumos
disponíveis, para produzir bens e serviços, conforme afirma Megginson (2000, p.7) que
esta ciência “pode ser definida como trabalho com recursos humanos, financeiros e
materiais, para tingir objetivos organizacionais através do desempenho das funções
planejar, organizar, liderar e controlar”.
O convívio do Homem em grupos, que se desenvolveu ao longo do tempo
conhecido no Planeta Terra, passou a ter a necessidade de indivíduos que concentrassem
o poder, em virtude da complexidade e difusão de interesses coletivos, delegado, em sua
maioria, pelos demais membros da comunidade para definir, decidir e executar as ações,
melhorias e a buscar a satisfação do bem estar geral em uma determinada área comum.
A esta autoridade, ou competência, e consequente ordenamento de prioridades
pode-se dar a nomenclatura de Gestão ou Administração, que segundo Maximiano (2000,
p. 26) é “um processo de tomar decisões e realizar ações que compreende quatro
processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle” que
conjuntamente sequenciam, de acordo com Chiavenato (2012, pp 337-388), a
determinação dos objetivos e a decisão de recursos e tarefas para alcançá-los; divisão do
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trabalho; atuação sobre as pessoas; e monitoramento e avaliação das atividades


desenvolvidas, pois em conjunto, as pessoas estão interligadas às outras pelas
consequências de suas ações direta ou indiretamente.
Para concretizar os objetivos do bem estar coletivo o agente público, cuja
incumbência pode ser definitiva ou transitória, necessita ter a competência e
conhecimentos amplos para idealizar e concretizar uma benfeitoria no presente, cujo
impacto terá reflexo em um longo período de tempo tendo em vista que o Estado
desenvolve a ação para a consecução do interesse coletivo. O caráter universal da
Administração, por seus abrangentes princípios e conhecimentos, orienta de modo amplo
sua aplicabilidade em quaisquer estruturas organizacionais quer públicas ou privadas,
pequenas ou grandes, pois como definem Lacombe e Heilborn (2003, p.8):

“Em sua conceituação tradicional é definida como um conjunto de


princípios e normas que tem por objetivo planejar, organizar, dirigir
coordenar e controlar os esforços de um grupo de indivíduos que se
associam para atingir um resultado comum.”

Na concepção de Administração Pública, a definição semântica de Sacconi (2010,


p.60) a estabelece como “dirigir ou gerir negócios públicos ou privados” e com isto
auferir resultados que façam membros de uma comunidade, ou instituição, se
desenvolverem conjuntamente, conforme define Enciclopédia (2007, p. 94) como
“gestão de um patrimônio, conservando o seu valor ou fazendo-o aumentar”, e neste
aspecto adentra-se ao campo específico do trato das relações e coisas “públicas”,
perfazendo com que a Administração Pública seja definida, assim, de acordo com
Meirelles (2005, p. 84) como “a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade
no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo os preceitos do Direito e da moral,
visando ao bem comum” (apud, COLEÇÃO, 2009, p.32).

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PLANEJAMENTO

Quando se estabelece um objetivo a ser alcançado com maior abrangência de


pessoas especificamente, a diminuição dos fatores de riscos que o impeça de ser
realizado passa pelo ideal de que sejam determinadas as etapas a serem vencidas,
consecutiva e sucessivamente, até sua a finalização dentro de um período de tempo
estipulado e com estimativas de recursos necessários, a fim de não incorrer no risco de
ver o projeto inacabado por alguma variável não prevista. A este processo denomina-se
planejamento e segundo Stoner e Freeman (1985, p.136) é “determinar os objetivos
“certos”, em seguida escolher os meios “certos” de alcançar estes objetivos” e por meio
deste método pode-se ter o senso de direção para focar esforços nos objetivos definidos
e, consequentemente, avaliar o progresso apresentado.
Semanticamente o planejamento, pela definição de Sacconi (2010, p. 1608) é o
“ato de projetar cuidadosamente um trabalho; desenvolvimento de estratégias que
permitam a uma empresa visualizar as oportunidades de lucro em determinados
segmentos de mercado”, sendo que na esfera pública agrega a “planificação de
programa governamental” a ser executado no período do mandato eletivo de um
determinado cargo, cujo nome é PPA1 (Plano Plurianual).
O ordenamento de atividades e previsão de eventuais pontos críticos na execução
de um objetivo faz com que se evite, ou diminua, a intensidade de conflitos que
porventura ocorreriam em algo sem o devido planejamento e conhecimento das etapas,
tendo como resultado, segundo Pedroso (2004, p. 164) “a ausência de comprometimento
do profissional com a empresa”. Porém no caso analisado, o reflexo na execução de um
bom desenvolvimento da prestação de serviços públicos aos cidadãos, já que uma das
causas mais comuns do fracasso das ações públicas é a falta de objetivos claramente
definidos, aliados às amarrações político-partidárias que engessam progressos em face de
interesses individuais e escusos.

1
Instrumento de planejamento governamental de médio prazo.

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O bom ordenamento do planejamento inicialmente traçado é alcançado pela


junção de eficiência e eficácia, ações que nem sempre são visíveis na esfera pública em
razão do mérito de ocupação de cargos de decisão não serem por análises técnicas, mas
de proximidade política ou amizade. As pessoas são o diferencial na finalização e
percepção das qualidades de um planejamento executado, pois conforme Chiavenato
(1994, p. 123) “na medida em que os recursos disponíveis são corretamente utilizados e
plicados, obtém-se eficiência, e na medida em que se atingem os objetivos, obtém-se
eficácia”. O mesmo autor ainda afirma que a eficiência (1994, p. 125):

“é um princípio de administração de recursos, mais que uma simples


medida de desempenho. O princípio geral da eficiência é o da relação
entre esforço e resultado. Quanto menor o esforço necessário para
produzir um resultado, mais eficiente é o processo.”

O conceito de eficácia está ligado à extensão em que os objetivos foram


alcançados, o que segundo Chiavenato (1994, p. 130) é:

“o conceito de desempenho que se relaciona com os objetivos e


resultados. Eficácia significa: grau de coincidência dos resultados em
relação aos objetivos, capacidade de um sistema, processo, produto ou
serviço de resolver um problema, fazer as coisas certas, sobrevivência.”

Historicamente é possível concluir, por meio de registros, a importância desta


ação tanto para a boa imagem de quem deseja executar um projeto, quanto para a sua
funcionalidade. Tendo por base como relato de fatos históricos e ensinamentos
(descaracterizando o lado religioso), há uma menção do modo de se portar neste aspecto
na Bíblia (2008, p. 1132) que diz:

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“Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta


e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?
Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que
virem rirão dele, dizendo: “Este homem começou a construir e não foi
capaz de terminar.” Ou qual é o rei que, pretendendo sair à guerra
contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil
homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte
mil? Se não for capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda
está longe, e pedirá um acordo de paz.”

Por meio deste texto milenar, nota-se que a essência do desenvolvimento, quer
social, quer econômico, não se alterou e mostra-se como um ente a ser refletido e
implantado com esmero. Tal etapa do planejamento é, segundo Maximiano (2000, p. 175)
“a ferramenta que as pessoas e organizações usam para administrar suas relações com o
futuro. É uma aplicação específica do processo decisório […]” que no decorrer do tempo
demonstrará as consequências de sua execução ou não, pois é um raciocínio que precede
e preside a ação, pois conforme Chiavenato (2012, p. 343) também se configura como
“uma função administrativa que se distribui entre todos os níveis organizacionais”.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Por definição segundo Sacconi (2010, p.641), desenvolvimento é “crescimento ou


formação gradual de uma coisa” que ao ser agregada à função da causa em sociedade
remete à elevação da qualidade de vida de um conjunto de pessoas, ou cidadãos sob a
ótica da análise na gestão da coisa pública. Como exemplo há constante preocupação
neste aspecto desde o início da formação da União Europeia que, apesar das dificuldades
de posição entre seus membros, sempre se tentou aliar a questão social aos avanços
econômicos por meio da livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais, em
um conjunto de sinergia entre os mandatários para estabelecerem melhorias para seus
concidadãos.
O desenvolvimento social não significa, necessariamente, que todos os cidadãos
estejam ou sejam alçados, em situação de igualdade, mas que tenham a possibilidade de
galgar degraus na escada entre as classes de acordo com a disposição em trilhar os
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passos necessários para tal. Esta diferenciação é um fenômeno natural e permanente


oriundo do próprio desenvolvimento da humanidade. Segundo Bandeira, Malnati e Silva
(1997, p.90):

“as classes sociais se compõem de camadas, chamadas camadas sociais,


cada uma das quais é constituída por membros que apresentam níveis
semelhantes, normalmente de acordo com critérios econômicos, políticos
e culturais.”

Os programas governamentais vigentes, atualmente remendos de falhas


praticadas no passado, e que não se mostram, a longo prazo eficientes e eficazes para
aquilo que foram instituídos, buscam na teoria, com a distribuição de renda, proporcionar
o desenvolvimento social de estratos da população, visando fomentar a mobilidade
social, quer horizontal (melhorias dentro do mesmo estrato), ou vertical (subir na
pirâmide socioeconômica).
A estruturação de um Projeto de execução contínua, pelas diferentes correntes
ideológicas que assumam o poder nas três esferas, daria melhores condições de fazer
com que, por meio de trabalho e estudo, a população caminhasse sem a tutela
assistencialista estatal rumo ao seu próprio futuro.
Como caso explícito pode-se usar a trajetória da Coreia do Sul, que deixou de ser
um país atrasado e agrícola e passou a potência industrial e tecnológica no intervalo de 3
décadas em virtude da participação do governo (Administração Pública) como indutor
deste processo. Segundo informa Kim (2005, p. 42-43):

“o governo coreano adotou um conjunto de instrumentos políticos


formulado para facilitar o aprendizado tecnológico no setor produtivo e
fortalecer a competitividade internacional da economia […] analisada a
partir de três perspectivas: dos mecanismos de mercado, dos fluxos de
tecnologia e do tempo.”

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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Este termo usado para determinar, resumidamente, os anseios da população de


atingir um patamar em sociedade pelo qual seja possível usufruir de uma estabilidade e
qualidade de vida autônoma é, segundo Sacconi (2010, P.641):

“Conceito macroeconômico que representa o crescimento cumulativo


de rendimento, acompanhado por alterações estruturais e
institucionais numa economia, apurado quantitativamente pelo
rendimento nacional per capita, ou seja, por habitante.”

Tal conceito se agrega como resultado das interações dos agentes detentores de
poder na Administração Pública dada a competência para tal, ao que definiu Milone
(1998, p. 514) como aquilo que:

“… é um aumento na produção acompanhado de modificações nas


disposições técnicas e institucionais, isto é, mudanças nas estruturas
produtivas e na alocação dos insumos pelos diferentes setores da
produção.”

Segundo Tebchirani (2008, p.134), “envolve modificações estruturais qualitativas


da sociedade, as quais devem resultar em crescimento sustentado do padrão de vida do
conjunto da população” agregando na dinâmica entre os entes públicos, incentivando os
privados conforme ressalta Brasil (2011, p. 224) a “ações capazes de viabilizar a aceleração
ou a manutenção da taxa de crescimento futura”.
Como exemplo de desmantelamento por má gerência no decorrer do tempo e que
conduz a população ao declínio há o Egito, da maior potência da História Antiga como
relata Amin (2001, apud SKOUSEN 2008, p. 146):

“há milhares de anos, o Egito foi o berço de uma das maiores civilizações
do mundo, com avanços notáveis em arquitetura, astronomia,
matemática e economia. Os Faraós governaram o Egito durante séculos.”,
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Mesmo possuindo uma vasta área fértil ao longo do Rio Nilo, se transformou em
um país decaído, não conseguindo capitalizar este potencial em meio a divergências e
hostilidades de segmentos religiosos, mesmo dentro da mesma Religião.

ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Conjuntamente ao processo de planejar as ações que permitirão a execução de


uma boa Gestão, se faz premente o pensamento em estratégias que proporcionem
diferenciais àquilo desejado. Segundo Sacconi (2010, p.874), estratégia é “qualquer plano
hábil e cuidadosamente elaborado, para atingir determinado fim; arte de explorar
condições favoráveis com o fim de alcançar objetivos específicos”; ou conforme
Maximiano (2004, p. 379) é “a seleção dos meios, de qualquer natureza, que se
empregam para realizar objetivos” e com isto trilhar caminhos que acelerem sua
realização, reduzindo dispêndios de recursos e insumos por parte do poder público, de
modo a não penalizar futuramente os cidadãos que precisarão usar destas ações oriundas
do Estado.
Para que o aspecto social não seja degradado pelo resultado das ações
implementadas visando o econômico, ultimamente passou-se a questionar e elaborar em
vários países legislação pertinente ao desenvolvimento sustentável, que conforme
Coleção (2009, p. 52) “é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações”.
Os governos são cobrados e mesmo não havendo a eficácia e eficiência
necessárias para satisfazer o tema, algumas regras e modificações estão na fase de
planejamento. Portanto, nota-se a importância da Administração Pública ocupar o espaço
que lhe compete de modo a garantir as interferências requeridas para fomentar o
desenvolvimento social e econômico sem causar desequilíbrios às partes envolvidas.

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EXEMPLOS HISTÓRICOS

Na história do povo Hebreu, em uma parte na área geográfica que hoje se


denomina Oriente Médio, existiu um período da história no qual o domínio estava sob a
autoridade do Rei Salomão. Ele era considerado o mais sábio governante, que procurava
agir com prudência e responsabilidade de modo a garantir a manutenção do Estado e
bem estar da população. É relatado na Bíblia (2008, p. 555) que o referido monarca, em
um período de vinte anos, edificou muitas cidades, sendo que para exemplo 7 (sete) são
especificadas e nominadas por suas funções sendo elas: as que guardavam os cavalos e
cavaleiros, as dos carros e as de munições, todas fortificadas por muros, portas e
ferrolhos demonstrando a preocupação com o Planejamento e distribuição logística e
análise estratégica das funções “urbanas” além de demonstrar a prosperidade, prestígio
e poder do reino, sendo que também serviam de postos para coleta de impostos.
Parte da receita oriunda dos impostos, conforme Radmacher, Allen e House (2009,
p.572), eram provavelmente canalizadas por meio das cidades de provisão antes de ser
dispensada a Jerusalém, pois houve a descoberta em escavações, de longos e
retangulares ambientes para armazenagem, assim como um grande silo subterrâneo com
capacidade estimada para 13 mil alqueires de grãos, o que expõe a característica distinta
de um “Administrador Público” (Rei sábio) contra eventuais períodos de turbulências.
Conta ainda, no mesmo relato que, com sua subida ao trono, Israel obteve um
rápido crescimento econômico e militar fazendo sua influência se alastrar por toda a
região, período no qual, conforme escrito, os cidadãos comiam, bebiam e se alegravam,
resumindo o tamanho desenvolvimento atingido naquela área.
Outro relato histórico se volta para o Egito Antigo com o personagem José, que de
escravo foi alçado a Governador “de toda a terra do Egito”, estando abaixo do Faraó
somente quando este estivesse sentado no trono.
Pela interpretação de um sonho de Faraó, José anunciou que ocorreria um período
de 7 anos de fartura sequenciados por igual período de seca e orientou que o governante
escolhesse alguém sábio e prudente para controlar a produção, armazenamento de
modo a combater a escassez que viria no futuro, e poder comercializar com outros povos;
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pois o suprimento alimentar naquela época conferia à nação detentora maior poder. Por
tais práticas e conselhos ele foi transformado em Governador, e por um período de 80
anos tudo esteve sob sua autoridade e controle, cuja similaridade do escrito bíblico pode
ser verificada no texto conhecido como “A tradição dos sete anos escassos no Egito”
atribuído ao faraó Djoser, da Dinastia do Terceiro Império Egípcio. Conforme Radmacher,
Allen e House (2009, p. 100) e nota-se a importância da boa Gestão da “coisa pública”
para fomentar toda uma cadeia produtiva que beneficia a coletividade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme discorrido neste artigo, nota-se que a boa conduta prática e não
somente nas intenções redigidas proporcionam o avanço e desenvolvimento não
somente social e econômico, mas refletem indiretamente em todo o contexto da
convivência entre os cidadãos e seus governantes. No entanto, a sucessão de fracassos
visíveis nas entidades públicas é reflexo, também, da falta de interação e interesse do
cidadão quanto aos seus direitos e deveres, deixando-se alienar por favores menores
quando de fato deveriam exigir, cobrar e punir os maus gestores. Estes, com medidas
paliativas, em tempos mais críticos acalmam os ânimos e voltam gradativamente à rotina
de ociosidade sem as devidas interferências, planejamento e traçado de estratégias para
a desenvolver as regiões sob suas jurisdições.

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