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CIEP 246 – PROFESSORA ADALGISA CABRAL DE FARIAS

NEJA 1 – TURMA I-01 - HISTÓRIA


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A escravidão repensada
No século 19, o sistema colonial tradicional entrou em crise depois que o trabalho
escravizado passou a ser cada vez mais contestado no mundo. No Brasil, a proibição do tráfico, em
1850, foi o início de um longo processo que culminou com a abolição da escravidão, em 1888.

As pressões inglesas e o fim do tráfico negreiro


Com a Revolução Industrial, a escravidão deixara de ser um negócio interessante para os
ingleses. Agora, os novos grupos econômicos ligados ao capitalismo industrial – que não lucravam
com o sistema escravista e para quem não interessava a sua preservação – passavam também a
influir nas decisões políticas inglesas. Os representantes do governo daquele país, por sua vez,
aumentaram as pressões sobre as autoridades brasileiras para acabar com a escravidão. Esse
processo foi lento e gradual. Vários acordos foram feitos entre a Inglaterra e o Brasil, mas até 1850
eles não saíram do papel. Essa data marca a proibição do tráfico de pessoas cativas da África para o
Brasil. A partir de então, as estruturas tradicionais da economia colonial começaram a ruir.

As leis de 1850
Em 1850, foi aprovada a Lei Eusébio de Queirós, que propunham o fim do tráfico negreiro.
Dias depois, o Império promulgou a Lei de Terras, com o objetivo de organizar aas terras
distribuídas no Período Colonial, legalizar as áreas ocupadas e retomar as desocupadas, as
chamadas terras devolutas.
O capital antes investido na compra de cativos poderia, enfim, ser aplicado na
modernização da lavoura. O fato, no entanto, acabou por selar o modelo brasileiro de latifúndio
monocultor.

O crescimento do Abolicionismo
Com a proibição do tráfico, o debate em torno da abolição se intensificou. Alguns
acontecimentos contribuíram para esse fato, como a formação de sociedades com ideais
abolicionistas, a ocorrência de revoltas, fugas e insurreições.
Enquanto os movimentos a favor da abolição ganhavam cada vez mais força no Brasil, os
britânicos continuavam a pressionar as autoridades brasileiras para abolir a escravidão. E, depois de
1865, após o término da Guerra de Secessão nos Estados Unidos, o Brasil se tornava a única nação
independente da América a manter pessoas trabalhando na condição de escravizados.

O movimento abolicionista nos anos 1880


Mesmo diante das fortes correntes abolicionistas, as elites agrárias brasileiras resistiam à
ideia de acabar com a escravidão. A questão tornou-se efetivamente o problema central do império
brasileiro nos anos 1880, quando o movimento abolicionista passou a agrupar diversos setores da
sociedade e diferentes partidos políticos em torno dessa causa.
O debate sobre a abolição encontrava eco tanto na Corte como entre jornalistas e
profissionais liberais. As opiniões eram divulgadas por meio da imprensa, de livros, de associações e
de comícios.

As leis abolicionistas
O questionamento da abolição entre os políticos do Império, as pressões externas e as
revoltas de negros escravizados acabaram forçando a elaboração de leis cujo objetivo era pôr fim à
escravidão no Brasil, ainda que gradativamente.
A Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871), também chamada Lei Rio Branco, tornava
livres os filhos de escravas nascidos no Brasil a partir daquela data. Os recém-nascidos ficariam sob
os cuidados dos senhores até os 8 anos. Após essa idade, os senhores de escravos poderiam
“entregar” as crianças ao poder público e receber uma indenização do Estado, ou mantê-los cativos
até que completassem 21 anos.
A Lei dos Sexagenários (28 de setembro de 1885), ou Lei Saraiva-Cotegipe, tornava livres os
escravizados com 65 anos de idade ou mais.

A abolição
Em 1884, as províncias do Ceará e depois do Amazonas se anteciparam ao restante do país
e aboliram a escravidão. Nessa mesma época, várias cidades do sul do país já não mantinham mão
de obra escravizada.
Por mais que as elites agrárias e os conservadores se manifestassem contra, o movimento
abolicionista tinha se fortalecido e se espalhado. Cativos continuaram a organizar fugas e alforrias
coletivas. Ex-escravos manifestavam-se nos centros urbanos.
Em 13 de maio de 1888, a Câmara e o Senado aprovaram a Lei que punha definitivamente
fim à escravidão. A princesa Isabel, que ocupava o trono como princesa regente uma vez que dom
Pedro II estava fora do país, assinou a Lei Áurea. Essa lei continha apenas dois artigos: “1º - É
declarada extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil; 2º - Revogam-se as disposições em
contrário”.
A escravidão estava, portanto, abolida, sem indenizações aos proprietários de escravos e
determinando nulo qualquer dispositivo legal que estabelecesse algo em contrário.

Verifique o que aprendeu

1. Por que, no século 19, a escravidão deixou de interessar à Inglaterra?

2. O que determinava a Lei Eusébio de Queirós, de 1850?

3. Que acontecimentos intensificaram os debates sobre a abolição?

4. Como as ideias abolicionistas foram divulgadas?

5. Por que as Leis do Ventre Livre (1871) e dos Sexagenários (1885) foram consideradas de pouco
efeito prático para os negros escravizados?

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