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A escravidão repensada
No século 19, o sistema colonial tradicional entrou em crise depois que o trabalho
escravizado passou a ser cada vez mais contestado no mundo. No Brasil, a proibição do tráfico, em
1850, foi o início de um longo processo que culminou com a abolição da escravidão, em 1888.
As leis de 1850
Em 1850, foi aprovada a Lei Eusébio de Queirós, que propunham o fim do tráfico negreiro.
Dias depois, o Império promulgou a Lei de Terras, com o objetivo de organizar aas terras
distribuídas no Período Colonial, legalizar as áreas ocupadas e retomar as desocupadas, as
chamadas terras devolutas.
O capital antes investido na compra de cativos poderia, enfim, ser aplicado na
modernização da lavoura. O fato, no entanto, acabou por selar o modelo brasileiro de latifúndio
monocultor.
O crescimento do Abolicionismo
Com a proibição do tráfico, o debate em torno da abolição se intensificou. Alguns
acontecimentos contribuíram para esse fato, como a formação de sociedades com ideais
abolicionistas, a ocorrência de revoltas, fugas e insurreições.
Enquanto os movimentos a favor da abolição ganhavam cada vez mais força no Brasil, os
britânicos continuavam a pressionar as autoridades brasileiras para abolir a escravidão. E, depois de
1865, após o término da Guerra de Secessão nos Estados Unidos, o Brasil se tornava a única nação
independente da América a manter pessoas trabalhando na condição de escravizados.
As leis abolicionistas
O questionamento da abolição entre os políticos do Império, as pressões externas e as
revoltas de negros escravizados acabaram forçando a elaboração de leis cujo objetivo era pôr fim à
escravidão no Brasil, ainda que gradativamente.
A Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871), também chamada Lei Rio Branco, tornava
livres os filhos de escravas nascidos no Brasil a partir daquela data. Os recém-nascidos ficariam sob
os cuidados dos senhores até os 8 anos. Após essa idade, os senhores de escravos poderiam
“entregar” as crianças ao poder público e receber uma indenização do Estado, ou mantê-los cativos
até que completassem 21 anos.
A Lei dos Sexagenários (28 de setembro de 1885), ou Lei Saraiva-Cotegipe, tornava livres os
escravizados com 65 anos de idade ou mais.
A abolição
Em 1884, as províncias do Ceará e depois do Amazonas se anteciparam ao restante do país
e aboliram a escravidão. Nessa mesma época, várias cidades do sul do país já não mantinham mão
de obra escravizada.
Por mais que as elites agrárias e os conservadores se manifestassem contra, o movimento
abolicionista tinha se fortalecido e se espalhado. Cativos continuaram a organizar fugas e alforrias
coletivas. Ex-escravos manifestavam-se nos centros urbanos.
Em 13 de maio de 1888, a Câmara e o Senado aprovaram a Lei que punha definitivamente
fim à escravidão. A princesa Isabel, que ocupava o trono como princesa regente uma vez que dom
Pedro II estava fora do país, assinou a Lei Áurea. Essa lei continha apenas dois artigos: “1º - É
declarada extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil; 2º - Revogam-se as disposições em
contrário”.
A escravidão estava, portanto, abolida, sem indenizações aos proprietários de escravos e
determinando nulo qualquer dispositivo legal que estabelecesse algo em contrário.
5. Por que as Leis do Ventre Livre (1871) e dos Sexagenários (1885) foram consideradas de pouco
efeito prático para os negros escravizados?