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Introdução
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Apresentado na Mesa Coordenada “AÇÕES EDUCATIVAS E MEMÓRIAS HISTÓRICAS DOS
JESUÍTAS NO NORDESTE DO BRASIL: ENTRE A COLÔNIA E A REPÚBLICA” durante o VII
Congresso Brasileiro de História da Educação, Cuiabá - UFMT, nos dias 20 a 23 de maio de 2013.
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Sendo italianos os Jesuítas que retornam ao Brasil no século XIX, seguidos dos
alemães, os que chegam, no século seguinte, ao Nordeste, no entanto, são de
nacionalidade portuguesa, vinculados à Província jesuítica de Portugal e expulsos por
deliberação dos seus republicanos, vitoriosos em 1910. É sobre esses Jesuítas que nos
deteremos no presente estudo.
Uma apreciação da expulsão dos Jesuítas de Portugal abre o livro A Missão
Portuguesa da Companhia de Jesus no Nordeste (1911- 1936), de autoria de Ferdinand
de Azevedo (1986), cujo valor maior reside em ser a principal fonte historiográfica
publicada no Brasil sobre o assunto, mas também por conter uma dimensão
retrospectiva daquele episódio, e ter sido escrito por um padre jesuíta, que se serve de
cartas e outros documentos arquivados em Roma pela Companhia de Jesus.
Nesse sentido, trata-se de uma memória histórica da própria Congregação e,
especialmente, sob esta configuração será aqui utilizada. Isto porque interessa-nos
compreender, paralelamente, o modo como os historiadores jesuítas tratam o episódio
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no meio século que antecedera a esta nova expulsão, em meio a dificuldades e ataques
do movimento republicano, antes mesmo do fim do regime monárquico. Salienta a
seguir, apoiado no relato do padre Cabral, as circunstâncias sofridas pelos Jesuítas
quando é decretada a expulsão, através de capturas e invasão de prédios, ao lado de
achaques de populares, como Azevedo mesmo o descreve. Assegura que, entre a
expulsão, o exílio pela Europa e a decisão de deslocar a Província Jesuítica portuguesa
para o Brasil não se passou muito tempo, o que, todavia, não significou uma acolhida
imediata.
Um estudo mais recente feito em Portugal trata do episódio da barragem à
entrada dos Jesuítas portugueses no Brasil republicano, com o intuito de traçar o perfil
político radical do Presidente Nilo Peçanha e indicar a posição de outras autoridades
civis e eclesiásticas, ao lado de segmentos do povo em relação ao caso, em favor da
entrada dos padres jesuítas. A posição de Araújo (2004) revela, por sua vez, a sua
inclinação pela defesa da Companhia de Jesus, em sintonia com o ambiente da peleja
ideológica publicada no já citado libelo Os Proscritos:
A chegada dos Jesuítas ao Ceará tem boa acolhida, sendo eles religiosos
proeminentes na Província Portuguesa, como é o caso do próprio Antonio Pinto e do
Padre Redondo, que antes se ocupara da Revista Brotéria e fora professor
experimentado dos colégios dos jesuítas na Europa. Uma notícia de sua chegada e ação
religiosa encontramos em registro historiográfico:
O autor salienta, que do primeiro retiro, organizado antes mesmo de ter pronta a
sede da residência e casa jesuítica de retiros, ao lado da Igreja do Cristo Rei,
participaram 52 homens, tendo sido realizado no Seminário Diocesano, em Fortaleza,
no mês de junho de 1927. Prossegue dizendo que em março de 1928, portanto, no ano
seguinte, D. Manoel pediu ao Pe Alexandrino Monteiro que pregasse o retiro pascal da
Catedral para homens, sobre o qual afirma: “não temos certeza de que esse fosse um
retiro fechado” e que “nesta mesma ocasião os Jesuítas do Recife estavam promovendo
retiros fechados e seria natural que os seus colegas em Fortaleza pensassem, também,
nesta possibilidade.”
Lembra ainda que na Encíclica “Mens nostra”, de dezembro de 1929, o Papa
Pio XI incentiva a realização de retiros. Ele lembra ainda que a decisão de construir uma
“Casa de Retiros” foi tomada provavelmente em junho de 1930, salientando que “a
Construtora Odebrecht, também, foi contratada para essa obra, que deveria ter 14
quartos para a comunidade e 30 para os exercitantes”; e que “custou cerca de 145 contos
de réis e foi financiada com um empréstimo de 2.000 libras esterlinas.” (idem, p. 232-
233)
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espirituais para jovens de uma elite comerciária e de profissões liberais. Por meio do já
citado jornal católico, temos um sinal da publicidade dessa ação:
Retiro Fechado
A “União Popular Christo Rei” promove para domingo, 25 de
fevereiro, um retiro fechado para a sua directoria e convida os seus
sócios e legionários em geral para participar deste meio incomparável
de renovação espiritual. A tratar, na “Alfaitaria Amancio”, com o
Presidente da U.P.C.R., ou na loja “O Gabriel”, com o seu vice-
presidente. Entrada sabbado, à noite, saída, segunda-feira, ás 5 horas
da manhã. (O Nordeste, do dia 21 de fevereiro de 1934)
Considerações Finais
Referências
ARAÚJO, Antonio de. Jesuítas e Antijesuítas. Lisboa, Roma Editora, 2004, 357 p.
Fonte Jornalística:
- O Nordeste, dias 19. 05.1928; 20.01.1929; 02.02.1934; 21.02.1934; 08.03.1934;
12.03.1934.