Você está na página 1de 6

Métodos Empíricos

Viseu, dezembro 2014


Diferença entre teoria estruturalista e suas aplicaçõ es e
métodos empíricos
A grande diferença entre estruturalistas e métodos empíricos, é que os
primeiros nã o acreditam que se possa estudar o objeto em si. Por outro lado, os
estudiosos dos métodos empíricos acreditam que é possível estudar a realidade
através de metodologias científicas, ou seja, estudam a realidade como ele é.
No entanto, ambos completam-se.

Métodos empíricos
A semió tica interessa-se pela relaçã o existente entre sistema semió tico,
cultura e realidade.
Os métodos empíricos surgem devido à necessidade da existência de uma
prova concreta das teorias semió ticas.

Empirismo
Para John Locke, um dos mais importantes filó sofos do empirismo,
(considerado o “pai” do empirismo filosó fico) a busca do conhecimento deveria
ocorrer através de experiências e nã o por deduçõ es ou especulaçõ es. Desta
forma, as experiências científicas devem ser baseadas na observaçã o do mundo.
O empirismo filosó fico descarta também as explicaçõ es baseadas na
fé [ CITATION Jor11 \l 1046 ].
O empirismo resulta da necessidade de reunir e categorizar os factos e
dados objetivamente sobre o mundo. De modo a formar hipó teses para assim
conseguir explicar os fenó menos.
Com isto, origina métodos experimentais para testar, provar ou mesmo
refutar os dados e as hipó teses.
Este processo pretende reduzir a parcialidade, ou elemento humano.
O empirismo diferencia-se de semió tica porque o primeiro é dedutivo em
vez de indutivo, e pressupõ e uma realidade universal, objetiva e possível de ser
estudada. Defende ainda que o ser humano dispõ e de vá rios métodos que
possibilitam o estudo, objetivo de realidade, de modo a poder provar ou refutar
(nã o comprovar) a hipó tese [CITATION Fis05 \p 182 \l 1046 ].

Aná lise do conteú do


Este método pretende que se produza uma explicaçã o objetiva,
mensurá vel e verificá vel conteú do de uma mensagem. De acordo com o autor
John Fiske, este processo funciona melhor a grande escala: quanto mais tiver
que analisar, mais exata é [CITATION Fis05 \p 182 \n \t \l 1046 ].
Um sistema de comunicaçã o devem ser de fá cil identificaçã o e existir em
frequência suficiente para assim serem analisadas pela estatística.
Segundo esta perspetiva, o mesmo autor, Fiske, apresenta vá rios
exemplos de outros autores, dos quais se destacam: Paisley, Dominick & Rauch,
Gerbner & Gross, Glasgow Media Group e Charles Barr.
Paisley, contou a quantidade de vezes que Kennedy e Nixon usaram as
palavras “tratado”, “ataque” e “guerra” nos seus quatro debates televisivos na
campanha eleitoral de 1960. A aná lise de conteú do nã o deve ser seletiva, deve
abranger toda a mensagem ou sistema de mensagens ou representar uma
amostra corretamente constituída. Adota uma objetividade científica [CITATION
Fis05 \p 183 \l 1046 ].
Dominick & Rauch, basearam-se em anú ncios publicitá rios, para estudar os
locais onde as mulheres eram apresentadas, maioritariamente surgiam em casa e
em menor nú mero no exterior[CITATION Fis05 \p 184 \l 1046 ].
Gerbner & Gross, verificaram que em dramas televisivos as mulheres
apresentavam uma maior quantidade de temas relacionadas com questõ es
familiares, româ nticas e sexuais quando comparadas com os homens[CITATION
Fis05 \p 184 \l 1046 ].
Glasgow Media Groupe, analisaram a cobertura das notícias industrias feitas
pela televisã o, e descobriram que certas greves eram sobrevalorizadas pelos
media face à s greves do sector da construçã o civil. Com isto, a aná lise de
conteú do nã o revelava o porquê das notícias se transmitirem de tal forma,
constatando uma distorçã o por parte dos media[CITATION Fis05 \p 187 \l
1046 ].
Charles Barr, comparou o estilo de filmagem alemã com o britâ nico, na
transmissã o de um jogo de futebol. Registou a frequência com que eram focados
grandes planos. Concluindo, que os britâ nicos davam mais importâ ncia ao
grande plano quando a bola estava em jogo, enquanto os alemã es o faziam
quando a bola estava fora de jogo[CITATION Fis05 \p 188 \l 1046 ].

Diferencial Semâ ntico


Segundo Fiske, o leitor é constituído pela sua experiência sociocultural,
uma vez que a significaçã o tem origem a partir da interaçã o dinâ mica entre o
leitor e a mensagem. Para isto, é necessá rio estudar o leitor recorrendo, por
exemplo, ao diferencial semâ ntico[CITATION Fis05 \p 193 \l 1046 ].
De acordo com John Fiske, Charles Osgood pressupõ e que os sentimentos,
as atitudes e as emoçõ es resultam da experiência sociocultural do indivíduo. Este
método permite assim estudar os sentimentos, as atitudes e as emoçõ es face a
certos conceitos. Osgood tenta entã o medir o que Barthes afirma como
“conotaçã o”.
Este método envolve três fases: primeiro, identificar os valores que irã o
ser investigados e a sua expressã o como conceitos binariamente opostos, numa
escala de cinco ou sete pontos. Na segunda fase, pede-se a um pú blico
selecionado que registem as suas reaçõ es em cada uma das escalas. E por ú ltimo
avaliam-se os resultados.
Relativamente a este método John Fiske enumera vá rios exemplos,
referindo Baggaley & Duck e Gerbner.
Baggaley e Duck, decidiram analisar se existia ou nã o diferença de
significado entre um apresentador de televisã o a falar de frente para a câ mara e
num perfil de três quartos. O que mudava nas gravaçõ es que eles fizeram era o
â ngulo da câ mara. A conclusã o tirada foi que o apresentador de três quartos era
considerado mais sincero, mais direto e experiente, com melhores valores
conotados. No entanto, na vida real, considera-se alguém sincero e objetivo
quando este olha de frente para o outro. Eles verificaram entã o que existe uma
diferença entre os có digos da televisã o e os có digos da vida real. Em suma, neste
exemplo pode-se concluir que esta diferença produziu diferentes có digos de
conotaçã o e que estes derivam do significante [CITATION Fis05 \p 196 \l 1046 ].
Gerbner analisou a forma como o pú blico via as personalidades dos vilõ es,
dos heró is e das vítimas. As pessoas atribuíram aos heró is as características de
serem mais atraentes e mais eficazes. A ineficá cia é vista como um desvio numa
sociedade competitiva e por isso associa-se aos vilõ es.
Gerbner usou dados obtidos na aná lise de conteú do e no estudo do
pú blico para formar uma teoria sobre o relacionamento do sistema dos mass
media com a cultura. Concluiu entã o, que os media “cultivam” atitudes e valores
numa cultura, estes nã o os criam, simplesmente alimentam, propagam e mantêm
de forma a que exista um consenso entre os vá rios membros [CITATION Fis05 \p
199 \l 1046 ].

Etnografia das audiências


Os métodos empíricos veem a comunicaçã o como uma espécie de
mensagem, em que o conteú do da mesma é retratado como um dado factual, isto
é, nã o contêm teorias acerca da significaçã o. Consequentemente, nã o apresenta
nenhum processo de descodificaçã o ao leitura em conta.
A semió tica e o estruturalismo têm como preocupaçã o o modo como a
comunicaçã o gera significaçã o. Investiga assim, as ligaçõ es existentes entre a
estrutura da mensagem e a estrutura da sociedade onde circula a mensagem. Na
prá tica, as ligaçõ es entre texto e a sociedade, só podem ser realizadas através do
destinatá rio/leitor, isto é, sem leitor nã o existe ligaçã o entre o texto e a
sociedade.
Por isto, a semió tica e o estruturalismo iniciaram estudos etnográ ficos de
forma a investigar o processo de significaçã o, e para testar as leituras dos textos
semió ticos, de modo a compará -las com leituras efetivamente realizadas pelo
leitor, a investigaçã o iria denominar-se de etnografias das audiências.
As conclusõ es retiradas sugerem que a semió tica desvaloriza a
capacidade do leitor de interpretar o texto ligando à sua realidade social. Em
alguns casos, a maneira como os textos sã o utilizados socialmente nã o permitem
uma aná lise textual e de modo idêntico, em alguns casos, a aná lise textual nã o
possibilita uma significaçã o, uma vez que está implícito o contexto social do
leitor.
Neste sentido, Fiske apresenta o exemplo de Hodge & Tripp.
Segundo Hodge & Tripp, apresentam o exemplo sobre a interpretaçã o que
os alunos de uma escola australiana fizeram em relaçã o à novela Prisoner.
Observamos que neste caso as significaçõ es foram criadas à medida que o texto
era lido pelos alunos [CITATION Fis05 \p 212 \l 1046 ].
A etnografia permite explicar a relaçã o que as leituras produzem, isto é,
estuda os leitores de forma a compreender as suas ideias, crenças, contexto,
entre outros, para assim entenderem a sua interpretaçã o do texto.
O trabalho etnográ fico no geral, tem vantagens mas também contém
alguns fatores negativos. As suas vantagens sã o traduzidas no facto de
considerar a comunicaçã o como um ato textual e social, para que isto aconteça é
necessá rio observar as pessoas como sendo processo de comunicaçã o, o que
implica fazê-las falar sobre o seu papel neste ato. Por outro lado, podemos
indicar dois tipos de problemas que aqui surgem, o papel do investigador e o
efeito que a participaçã o do investigador terá no resultado.
Bibliografia

Fiske, J. (2005). Introdução ao Estudo da Comunicação. Porto: Asa.


Jorge Filho, E. J. (2011). sua pesquisa. (Loyola, Ed.) Obtido em 1 de dezembro de
2014, de http://www.suapesquisa.com/biografias/john_locke.htm

Você também pode gostar