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Boa noite a todos, antes de mais nada gostaria de cumprimentar os senhores.

Vou começar contando um pouco história da separação dos podes,


já houve pensadores no tempo antigo com ideias parecidas da separação dos poderes que a gente
conhece hoje, mas devido ao tempo, vou tentar me concentrar na figura principal que usamos como
referencia atualmente.

No final do período conhecido como absolutismo, o poder dos estados ainda se concentrava na
figura do rei, ele poderia criar leis, criar impostos, fazer o papel de juiz supremo. Um exemplo bem
conhecido é o rei Luiz 14 que chegou a dizer : EU SOU O ESTADO, Mas com o passar do tempo
essa forma de governo foi sendo contestada pelos ideais iluministas que vieram mais adiante.
Buscava-se a partir de então mudanças, e nessas mudanças se queria a descentralização do poder.

A separação dos poderes é uma teoria criada por Montesquieu, e nessa teoria ele idealizava um
estado mais racional e com as suas funções divididas, a separação dos poderes seria uma forma de
descentralizar o poder e assim evitar abusos, controlando as ações do estado através da divisão dos
poderes, ele tinha a ideia que só o poder controla o poder, já que ele dizia que todo homem que
detém o poder tende a abusar dele. por isso o sistema de freios e contra pesos, onde cada poder tem
autonomia e deve exercer determinada função, porém este poder deve também ser controlado por
outros poderes gerando assim um equilíbrio.

Chegando no brasil, a separação dos poderes na primeira constituição, a constituição do império de


1824, já estava escrito em seu texto, mas apesar disso havia uma diferença, a existência de um
quarto poder, chamado de poder moderador.

Esse poder era representado pelo imperador onde dizia que sua função era zelar pela manutenção,
equilíbrio e harmonia dos demais poderes. Mas na pratica o que realmente acontecia era que o
imperador nomeava senadores, modificava penas e até cassava os juízes. Resumindo o poder
moderador era totalmente contrario a visão doutrinaria de Montesquieu.

isso tornava o poder judiciário dependente não apenas das decisões, mas também da sua atuação.
Só por isso o poder moderador em si tornava o demais poderes vulneráveis, só que ainda tinha o
fato onde o imperador ser também chefe do poder executivo, acumulando ai mais um poder.

Na segunda constituição de 1891, onde já era uma república, houve mudanças importantes, onde se
estabelece não só a republica, mas também a federação e o presidencialismo. Sobre a separação dos
poderes, o poder moderador foi excluído, ficando apenas os três poderes.
Apesar dessas mudanças o poder continuou centralizado na figura do executivo, que antes estava no
imperador e agora no presidente.

Depois passamos a constituição 1934 onde sua vigência foi a mais curta de todas, nessa ficou os três
poderes clássicos, com apenas algumas novidades em relação a competências.

já a constituição de 1937 acabou dando ainda mais poderes ao chefe do executivo, representando
um retrocesso sobre a separação dos poderes. Diferente das anteriores a constituição de 37 foi a
única a não prever o principio da separação dos poderes e ainda tratava o presidente como
“autoridade suprema do estado” aqui o presidente poderia dissolver o congresso, e poderia também
legislar. Nessa constituição houve um grande desequilíbrio entre os poderes, e mais uma vez o
poder era centralizado no executivo.
Chegamos agora a quinta constituição, essa trouxe de volta o principio da separação, e de uma
forma mais harmoniosa, também reduziu os extensos poderes atribuídos ao executivo.

A constituição de 67 delimitava a atuação de cada poder e ainda que se tratasse de um período de


ditadura, pelo menos no texto havia previsão dos poderes, mas era apenas para dar uma aparência
de legitimidade do regime, aqui não havia equilíbrio entre os poderes, existia sim um domínio do
poder executivo nos demais poderes.
Com a chegada dos atos institucionais que na pratica só aumentava a superioridade desse poder que
era usados como instrumento de repressão usado pelo governo, dessa forma o executivo poderia
cassar os mandatos dos membros do congresso.

Enfim chegamos a constituição atual a de 1988, em relação as outras a atual era mais madura e
solidificou a separação dos poderes tornando clausula pétrea, e apesar do nome separação dos
poderes a doutrina majoritária entende ser ele uno e indivisível, a separação aqui falada é das
funções do estado. Aqui os poderes são independentes pois existe atribuição de cada um, mas
também possuem autonomia como por exemplo o poder judiciário pode elaborar o seu regimento
interno.
Os poderes são harmônicos, as próprias interferências constitucionais tem previsão e dão segurança
do que já falava Montesquieu, cada poder tem uma função típica, mas também uma função atípica.

O poder judiciário é o responsável pela solução de conflitos, contudo na pratica dessa tarefa
o judiciário tem expandido o cenário de abrangência de suas decisões sobre os mais diferentes
assuntos, que vai de aborto até a prisão de senadores. A própria constituição dispõe uma série de
direitos, como saúde e educação, sendo de competência do poder executivo o cumprimento de
politicas públicas que planejam garantir esses direitos.
Apesar disso seja por falta de recursos ou por falta de vontade política, esses direitos são oferecidos
de forma precária, o que leva cada vez mais a população a ingressar no judiciário.

O que acontece é que hoje em dia a justiça tem proferido decisões obrigando o executivo a fornecer
medicamento de alto custo para doenças graves ou viabilizar intervenção cirúrgicas em pacientes
em que a demora possa causar danos irreversíveis. O que se vê é o judiciário atuando como gestor
publico com o intuito de garantir o mínimo existencial para o cidadão que lhe provoca.
Assim o judiciário está assumindo cada vez mais o papel de garantidor de direitos, e com a
crescente judicialização a justiça tem sido solicitada a manifestar sobre praticamente tudo.
O papel da judiciário esta em evolução, antes a justiça era encarregada de dizer o direito nos casos
concretos, agora esse papel vai muito além.

A crescente atuação do judiciário seja fomentando direitos ou incidindo no comportamento dos


outros poderes se dá em razão da crescente crise de representatividade tanto do legislativo quanto
do executivo. Importante lembrar do principio da inércia onde somente se atua se for provocado
isso revela uma insatisfação com a atuação dos outros poderes.

O termo ativismo judicial apareceu na metade da década de cinquenta, época em que a


suprema corte dos estados unidos começou a atuar de forma a defender o direito de algumas
minorias, como os negros por exemplo, uma decisão conhecida da época foi a declaração de
inconstitucionalidade de leis que promoviam a segregação racial nas escolas.
Mas afinal o que realmente é ativismo judicial ?

Ativismo judicial pode ser definido como um fenômeno jurídico onde é simbolizada um postura
proativa e uma atuação expansiva do poder judiciário.
ainda não existe um consenso pra definição especifica, seja pra dizer se é algo positivo ou negativo,
fica esse dilema da conduta dos juízes: autocontenção judicial ou a escolha do modo mais proativo
de interpretar as leis. Quando um juiz usa a decisão judicial para intensificar uma mudança social,
terá ele sido ativista. Significa que quando a conduta do juiz extravasa da atuação puramente
técnica, a interpretação é expansiva.
Alguns exemplos que pode ajudar a entender esse tipo de conduta do juiz:

* a proteção ContraMajoritária, quando o judiciário garante os direitos de minorias que não seria
alcançados no congresso.

* a declaração de inconstitucionalidade de atos normativos

* a imposição de condutas ou de abstenção ao poder público em matérias de politicas públicas que


envolvam direitos fundamentais

no brasil o casamento homoafetivo é um exemplo, a constituição reconhece a união estável entre


homem e mulher, mas o STF reconheceu a união de pessoas do mesmo sexo numa ação direta de
inconstitucionalidade .
por outro lado, existe um lado contrario a essa atuação, claro existe o risco de politização do
judiciário e de ultrapassar a capacidade institucional do judiciário, pois querendo ou não o ativismo
tá diretamente ligado a vontade do magistrado.

Da mesma forma que o judiciário deve decidir as causas que não tem previsão na lei, ele também
deve ser cuidadoso nas que existe uma lei que regulamente a questão, devendo declarar
inconstitucionalidade somente quando realmente ocorrer.

O ativismo judicial é usado com bastante moderação em países onde o sistema jurídico é o common
law, já nos países de legalidade estrita do sistema civil law como aqui no brasil alguns juízes
acabam interpretando uma mesma lei de uma forma diferente.
O ativismo merece uma reflexão, já que o papel do judiciário no mundo depois do século vinte,
ainda está se adequando.

Ainda nesse ponto existe uma tendencia para aumentar a proteção a bens jurídicos, principalmente
os direitos fundamentais, aumentando a aplicabilidade normativa, atuando o judiciário de maneira
expansiva.

O STF já tomou decisões ativistas de relevância, desde os anos 2000 o supremo tem mudado a
passos lentos sua postura, seja mudança de composição ou mudanças da realidade brasileira.

Só pra concluir mesmo tendo vários apontamentos contrários ao Ativismo Judicial, não podemos
esquecer que no Brasil, existe uma enorme grande dificuldade de concretização dos direitos
fundamentais sociais por parte dos Poderes Executivo e Legislativo, cabendo com isso, à
intervenção do Poder Judiciário com a intenção de garantir pelo menos aquilo que está escrito na
Constituição. é dever constitucional do Poder Judiciário, quando provocado, de garantir o
cumprimento dos direitos

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