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Rio de Janeiro, 02 de fevereiro de 2017 ISSN: 2446-7014 • Número 47

CONSELHO EDITORIAL
BOLETIM GEOCORRENTE Editor Responsável
O Boletim Geocorrente é uma publicação quinzenal vinculada ao Leonardo Faria de Mattos (EGN)
Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC), do Centro de Estudos
Político-Estratégicos (CEPE) da Marinha. O NAC possui o objetivo Editor Científico
de acompanhar a Conjuntura Internacional sob o olhar teórico da Francisco Eduardo Alves de Almeida (EGN)
Geopolítica, a fim de ampliar o conhecimento por meio da elaboração
deste boletim, além de outros produtos que porventura venham a ser Editores Adjuntos
demandados pelo Estado-Maior da Armada. Felipe Augusto Rodolfo Medeiros (EGN)
Para isso, o grupo de pesquisa ligado ao Boletim conta com integrantes Jéssica Germano de Lima Silva (EGN)
de diversas áreas de conhecimento, cuja pluralidade de formações e Noele de Freitas Peigo (FACAMP)
experiências proporciona uma análise ampla de contextos e cenários
geopolíticos e, portanto, um melhor entendimento dos problemas Pesquisadores do Núcleo de Avaliação da Conjuntura
correntes internacionais. Assim, procura-se identificar os elementos Adriana Escosteguy Medronho (PUC - Rio)
agravantes, motivadores e contribuintes para a escalada de conflitos André Figueiredo Nunes (UFRJ)
e crises em andamento, bem como, seus desdobramentos. Ariane Dinalli Francisco (Universität Osnabrück)
Beatriz Mendes Garcia Ferreira (UFRJ)
Carlos Henrique Ferreira da Silva Júnior (UFRJ)
NORMAS DE PUBLICAÇÃO Daniel Santos Kosinski (UFRJ)
Esse Boletim tem como objetivo publicar artigos curtos tratando de Dominique Marques de Souza (UFRJ)
assuntos da atualidade e, eventualmente, de determinados temas de Ely Pereira da Silva Júnior (UERJ)
caráter geral sobre dez macrorregiões do Globo, a saber: América do Franco Aguiar de Alencastro Guimarães (PUC - Rio)
Sul; América do Norte e Central; África Subsaariana; Oriente Médio Gabriela Mendes Cardim (UFRJ)
e Norte da África; Europa; Rússia e ex-URSS; Sul da Ásia; Leste Gabriela da Conceição Ribeiro da Costa (UERJ)
Asiático; Sudeste Asiático e Oceania; Ártico e Antártica. Ainda, Gabriele Marina Molina Hernandez (UFF)
algumas edições contam com a seção “Temas Especiais”, voltada a Jéssica Pires Barbosa Barreto (UERJ)
João Victor Marques Cardoso (UFF)
artigos que abordam assuntos não relacionados, especificamente, a José Gabriel de Melo Pires (UFRJ)
uma das regiões supracitadas. Lais de Mello Rüdiger (UFRJ)
Para publicar nesse Boletim, faz-se necessário que o autor seja Larissa Marques da Costa (UFRJ)
pesquisador do Grupo de Geopolítica Corrente, do Núcleo de Louise Marie Hurel Silva Dias (PUC - Rio)
Avaliação da Conjuntura do CEPE e submeta seu artigo contendo, Luciane Noronha Moreira de Oliveira (EGN)
no máximo, 350 palavras ao processo avaliativo. A avaliação é feita Luma Teixeira Dias (UFRJ)
por pares, sem que os revisores tenham acesso ao nome do autor Marcelle Siqueira Santos (UERJ)
(blind peer review). Ao fim desse processo, o autor será notificado Marcelle Torres Alves Okuno (IBMEC)
via e-mail de que seu artigo foi aceito (ou não) e que aguardará a Matheus Souza Galves Mendes (UFRJ)
Pedro Allemand Mancebo Silva (UFRJ)
primeira oportunidade de impressão. Pedro Emiliano Kilson Ferreira (UFF)
Pedro Mendes Martins (UERJ)
CORRESPONDÊNCIA Philipe Alexandre Junqueira (UERJ)
Escola de Guerra Naval – Centro de Estudos Político-Estratégicos Rebeca Vitória Alves Leite (UFRJ)
da Marinha. Stefany Lucchesi Simões (UNESP)
Av. Pasteur, 480 - Praia Vermelha – Urca - CEP 22290-255 - Rio de Taynara Rodrigues Custódio (UFRJ)
Janeiro/RJ - Brasil (21) 2546-9394 Thaïs Abygaëlle Dedeo (UFRJ)
E-mail: geo.corrente@yahoo.com.br. Thayná Fernandes Alves Ribeiro (UFRJ)
Aos cuidados do Editor Responsável do Boletim Geocorrente. Vinícius de Almeida Costa (EGN)
Vinicius Guimarães Reis Gonçalves (UFRJ)
Vivian de Mattos Marciano (UFRJ)

Os textos contidos nesse Boletim são de responsabilidade única dos membros do Grupo, não retratando a opinião
oficial da Escola de Guerra Naval nem da Marinha.
SUMÁRIO
• América Latina sob e Era Trump:oportunidades e desafios (Pag. 2) • Infraestrutura chinesa: exemplo para o mundo (Pag. 6)
• A primeira semana do Governo Trump (Pag. 2) • Península Coreana: ano novo, velhos e austeros conflitos(Pag. 7)
• Geopolítica das bacias hidrográficas nigerianas (Pag.3) • Reverberações da administração Trump sobre a política externa japonesa (Pag. 7)
• Gâmbia: crise política interna, solução regional (Pag. 3) • Fim ou reestruturação da Parceria Transpacífico? (Pag. 8)
• Arábia Saudita e a luta contra o radicalismo (Pag.4) • Desenvolvimento e estratégia (Pag.8)
• Instalação americana na Polônia: a primeira fase da operação “Atlantic Resolve” (Pag.4) • Temas Especiais: EUA, Rússia, França e Alemanha: um jogo político que transcende
• Um Reino Unido Global (Pag. 5) o espaço cibernético (Pag. 9)
• O Sul da Ásia e a corrida dos mísseis (Pag. 5) • Artigos selecionados e notícias de Defesa (Pag. 10)
América do Sul
América Latina sob a Era Trump: oportunidades e desafios Por: Luma Dias
O cenário do equilíbrio de poder mundial encontra-se em um momento delicado: a América do
Sul, cuja importância parece tornar-se sensivelmente menor para os Estados Unidos nos próximos quatro
anos, precisa conduzir sua política externa ativamente e não apenas acompanhar os movimentos das
grandes potências no tabuleiro internacional. Sendo assim, já é possível enunciar seus primeiros desafios
- e também as oportunidades - no ano que se inicia.
Na economia, enquanto Brasil, Argentina e Peru dão uma guinada em direção à abertura comercial
mais ampla, os EUA, um de seus maiores parceiros comerciais, parecem caminhar rumo ao isolacionismo,
por meio de medidas protecionistas. Um indício disso foi o anúncio, logo no início do ano, da saída dos
norte-americanos da Parceria Transpacífica (TPP, sigla em inglês): para os países latino-americanos
que são membros, perde-se uma chance de emplacar o comércio com menos tributos; países como o
Brasil, no entanto, acabam favorecidos pela possibilidade de participarem da concorrência em lugares
onde anteriormente os produtos ficariam muito caros em relação aos americanos. Outro ponto positivo
poderá se constatar caso o afastamento dos EUA fomente uma aproximação maior da União Europeia
com o Mercosul, bem como uma reaproximação do México com outros países do entorno estratégico
regional.
A crise dos refugiados é uma causa que tampouco foi acolhida pelo novo presidente estadunidense
até o momento, posto que Trump sugeriu o fechamento das fronteiras. Esta postura poderá demandar
dos vizinhos uma atitude que se colocará a favor dos imigrantes e do escoamento dos pedidos de entrada
nos EUA. O governo argentino, por sua vez, apesar de ter declarado apoio à campanha de Hillary
Clinton, reconheceu a vitória do republicano e a chanceler Susana Malcorra já afirmou que prezará
pelo estreitamento das relações bilaterais entre esses países. Sabe-se que Donald Trump e Maurício
Macri já selaram acordos de negócios na década de 1980 e, portanto, o presidente argentino é quem tem
mais proximidade com Trump na América do Sul. Resta descobrir como essa etapa da política externa
estadunidense olhará para a região e, ainda, de que forma irá fazer frente ao crescente domínio dos
investimentos da China em infraestrutura e comércio.

América do Norte e Central


A primeira semana do Governo Trump Por: Jéssica Barreto
Tendo assumido a presidência em 20 de janeiro de 2017, o republicano Donald Trump seguiu o
posicionamento de derruir ordens executivas do governo Obama. A semana teve início com o anúncio da
retirada do país do Acordo de Livre Comércio do Pacífico (TPP, sigla em inglês), no dia 23, que visava não
apenas ampliar o comércio, mas também a influência dos EUA no entorno estratégico chinês.
No dia 25, Trump assinou um decreto prevendo a construção de uma barreira física na fronteira com
o México. Apesar de não significar que o muro será de fato construído, a ação demonstra a importância da
questão das migrações em sua administração. Além disso, a ideia de que o México irá custear tal construção,
com valor estimado de US$ 10 bilhões, estremeceu ainda mais as relações bilaterais e levou o Presidente
Enrique Peña Nieto a cancelar uma reunião que teria em Washington D.C. no dia 31. Está sendo debatido no
Congresso estadunidense um pacote de reformas tributárias que poderia incluir uma taxação de 20% sobre
todos os produtos mexicanos.
No dia 27, também foi assinado um decreto que suspende o programa de refugiados por 120 dias e
veta a entrada de nacionais da Síria, Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen por 90 dias, prejudicando
também alianças com Jordânia e Quênia, que possuem muitos cidadãos daqueles países. Na mesma data, a
juíza federal Ann Donnely suspendeu a ordem executiva, o que impediria o governo de deportar os cerca
de 200 imigrantes que estavam sendo detidos em aeroportos do país. Entretanto, isso não impediu o Irã de
reagir à situação, adotando o princípio de reciprocidade e banindo cidadãos estadunidenses do país, além da
ocorrência de vários protestos, não apenas nos EUA, mas também em muitos outros países.
Apesar de não serem definitivas, as ações adotadas durante a primeira semana de governo dão uma
ideia do que esperar para os próximos quatro anos de administração Trump e colaboraram para o aumento das
incertezas sobre a estabilidade a nível mundial.
[2]
África Subsaariana
Geopolítica das bacias hidrográficas nigerianas Por: João Victor Marques Cardoso
Diante da grave crise que afeta o nordeste da Nigéria – epicentro do grupo extremista Boko Haram – ,
abordada no Boletim 42, as respostas oferecidas pelo governo federal têm se limitado às questões clássicas de
segurança. O restabelecimento da normalidade, entretanto, carece de políticas de desenvolvimento eficazes,
extrapolando o emprego das Forças Armadas no combate aos insurgentes e a reforma do setor de defesa e
segurança, analisada no Boletim 36. A assistência humanitária aos deslocados internos, a reconstrução de
centros comerciais e a recuperação dos ciclos agrícolas merecem igual atenção governamental. Para tanto,
o gerenciamento adequado de bacias hidrográficas cumpre um papel decisivo nessa questão.
Considerada pelos Princípios de Dublin (1992) a mais apropriada unidade geográfica para o
planejamento e gerenciamento de recursos hídricos, a bacia
hidrográfica comporta um sistema de águas tributárias sob um
curso único, reunindo processos naturais e componentes realizados
pelo homem (barragens, reservatórios, plantas hidroelétricas,
esquemas de irrigação e abastecimento doméstico e industrial). No
caso nigeriano, coexistem 12 bacias, cujo gerenciamento envolve as
esferas: federal, por meio das River Basins Development Authorities
(RBDAs); estadual, responsável pelo fornecimento de água para
consumo doméstico; e local, voltada para o abastecimento de zonas
rurais. Criadas em 1976, após a longa seca de 1972-74, as RBDAs
objetivavam desenvolver os recursos hídricos e agrícolas, atendendo Wikipedia.com

a irrigação, o abastecimento, a navegação, a pesca e a geração de energia, contribuindo, portanto, para a


formação de complexos agroindustriais e o estancamento do êxodo rural. Quatro décadas depois, os desafios
ainda vigoram e o papel das RBDAs é questionado devido à inadequada produção energética, à insegurança
alimentar e ao reduzido saneamento no país.
A alta demanda por recursos hídricos tem sido impulsionada pela explosão demográfica e o acelerado
processo de urbanização. Desse modo, torna-se imperativo conferir às RBDAs suporte legal e financeiro
para cumprirem seu papel, bem como incorporar stakeholders não governamentais no processo decisório
e no acompanhamento de projetos, tais como representantes dos setores comercial, agrícola e industrial.
Especialmente em relação à bacia do Lago Chade, ao abranger o nordeste nigeriano e áreas do Chade, Níger
e Camarões, requerer-se-ia um gerenciamento compartilhado, permitindo uma política de desenvolvimento
integrado que beneficiasse as populações mais afetadas dessa região.  

África Subsaariana
Gâmbia: crise política interna, solução regional                             Por: Vivian Mattos
Após o término do processo eleitoral em Gâmbia, o país passou a experimentar uma pequena, porém
profunda crise política. No dia 01 de dezembro de 2016 os gambianos foram às urnas e decidiram o futuro do
país, dando fim a 22 anos de governo do ex-Presidente Yahya Jammeh, que chegou ao poder por meio de um
golpe de Estado em 1994. Adama Barrow saiu vitorioso das eleições com 43.3% dos votos. Porém, alguns dias
após o resultado das eleições, Jammeh anunciou que recusava o resultado obtido, pois, segundo investigações
pessoais, haveriam ocorrido anormalidades no processo eleitoral, solicitando, assim, a anulação das eleições
à Suprema Corte do país. Logo em seguida, Barrow buscou refúgio no Senegal por questões de segurança,
dando início a uma crise que mobilizou toda África Ocidental em busca de uma solução democrática.
A recusa de Jammeh despertou o envolvimento dos países membros da Economic Community of West
African States (ECOWAS) na questão, a fim de remediar a crise política. Sendo assim, foram utilizados dois
métodos: missões de mediação entre chefes de Estado da região com a finalidade de convencer Jammeh a se
retirar e, posteriormente, o bloco recorreu a meios militares, posicionando tropas dos países-membros nas
fronteiras entre Gâmbia e Senegal com o propósito de pressionar a saída do ex-presidente. Durante o impasse,
Jammeh obteve a lealdade do Chefe do Exército gambiano, Ousman Badjie, reforçando a possibilidade de
um enfrentamento. Os métodos utilizados pela ECOWAS solucionaram a crise interna gambiana, exilando
Jammeh na Guiné Equatorial e viabilizando o retorno do Presidente Barrow, que foi empossado na embaixada
[3]
de Gâmbia em Dacar. Atualmente, Gâmbia conta com a presença
de tropas amigas para garantir a segurança de Barrow no país e
evitar possíveis insurgências.
O novo presidente anunciou que reavaliará alguns planos
e decisões de Jammeh, optando, assim, pela não saída de Gâmbia
do Tribunal Penal Internacional (TPI) e alegando que retornará à
Commonwealth. A saída do ex-presidente demonstra mudanças
significativas nos âmbitos interno e externo, tendo em vista a
DW.com eficaz participação da ECOWAS, que, a partir desse precedente,
poderá desenvolver no futuro meios de resolução de impasses, como os casos de extremismo religioso, além
de defender a democracia e processos eleitorais legítimos, como o caso gambiano.

Oriente Médio e Norte da África


Arábia Saudita e a luta contra o radicalismo Por: Gabriela C. Ribeiro da Costa
Apesar de não ser um fenômeno novo e nem restrito a um único grupo, o terrorismo atualmente é
comumente associado ao radicalismo islâmico, um tema que virou preocupação central de diversos países. Em
2003, a Arábia Saudita lançou um programa de combate ao terrorismo chamado Care Rehabilitation Centre
Programme (CRCP), cujos resultados positivos, de acordo com a ONU, agora podem ser observados.
É muito importante dar visibilidade a esse tipo de combate ao terrorismo com foco na reabilitação
de pessoas que se envolveram com a ideologia radicalista ao invés de simplesmente combatê-los com mais
violência, a qual acaba gerando um ciclo vicioso de hostilidade. O CRCP foca na chamada “des-radicalização”
e consiste no encarceramento de radicalistas islâmicos em condições diferentes de uma prisão convencional.
Apesar de a segurança ser muito rígida e de não ser permitido aos detentos sair do confinamento, eles recebem
diariamente estudo intensivo de teologia. Partindo do pressuposto que aqueles que se tornam adeptos do
extremismo são muito devotos à sua religião, as aulas de teologia visam ensinar profundamente o Islamismo,
opondo-se às ideias falsas e violentas pregadas pelos extremistas.
A partir desse programa, os terroristas que passam pelo centro de reabilitação podem ser reinseridos
na sociedade ao invés de encarcerados por tempo indefinido ou executados. Além disso, eles passam a servir
como agentes que falam dentro das comunidades muçulmanas radicalizadas sobre as falácias do extremismo.
A taxa de reincidência após a saída da reabilitação é menor que 20%, muito baixa se comparada às taxas de
reincidência de presos que saem do sistema prisional convencional na Inglaterra e EUA, que giram em torno
de 50 a 75%. Vale ressaltar que nenhuma nação no mundo conseguiu resultado semelhante com relação à
radicalização. Assim, o programa pode ser visto com otimismo, mas ainda com cautela, por se tratar de um
assunto tão sensível. A realidade é que a reabilitação é melhor que a guerra, pois, além de ser economicamente
cara, esta causa sofrimentos adicionais aos já acarretados pelos atos terroristas.

Europa
Instalação americana na Polônia: a primeira fase da operação “Atlantic Resolve” Por: Daniel Kosinski
No último dia 12 de janeiro, uma brigada blindada americana cruzou a fronteira entre Alemanha e Polônia
rumo à cidade polonesa de Zagan, no oeste do país, onde ficará sediada até o fim de 2017. Composto por 24
veículos blindados Humvee e dez caminhões, o comboio representa “uma das maiores mobilizações de forças
americanas na Europa desde o fim da Guerra Fria”, segundo a Agência France-Presse. Em abril, um segundo
contingente de militares americanos deve chegar ao país.
Esse movimento representa apenas o “primeiro transporte de soldados [...] e material militar pesado”
americanos para os países da Europa Centro-Oriental, no contexto da operação Atlantic Resolve, ordenada pelo
ex-Presidente americano Barack Obama nos seus últimos dias de mandato. No total, a operação envolverá mais
de três mil soldados americanos, centenas de tanques e armamento pesado, que ficarão instalados também em
outros países da região, como Estônia, Letônia, Lituânia, Hungria, Romênia e Bulgária. Soldados, blindados
e aviões de combate britânicos, franceses, alemães e dinamarqueses também se deslocarão, a seu tempo, para
alguns desses países.
Negociações para a instalação de tropas, equipamentos militares e mísseis americanos em países como
[4]
Polônia, República Tcheca e Hungria vinham se desenvolvendo, sem sucesso, há vários anos, pelo menos
desde o governo de George W. Bush. A decisão de Obama de, afinal, autorizar o envio indica sua clara disposição
em comprometer Donald Trump – que assumiu a presidência no último dia 20 -, com a manutenção do aparato
de segurança americano na região.
Isso porque, durante a última campanha presidencial, Trump declarou em diversas ocasiões a sua disposição
de condicionar a participação americana na defesa dos países europeus à contribuição financeira realizada
pelos seus governos ao orçamento da OTAN. Além disso, Trump também tem demonstrado proximidade com
o presidente russo Vladimir Putin, exatamente no momento em que os governos centro-europeus mais vêm
temendo a retomada do que entendem ser o “ativismo” russo na região, devido à crise da Ucrânia, à anexação
da Crimeia e aos recentes deslocamentos de mísseis russos para bases no mar Báltico.
Por meio de declarações do seu porta-voz, o governo russo afirmou considerar a movimentação de forças
militares “uma ameaça contra nós”, principalmente por se tratar de “um terceiro país que reforça sua presença
militar em nossas fronteiras”, embora “nem mesmo [seja] um país europeu”. Já o vice-chanceler russo, Alexei
Mechkov, disse que a mobilização “é um fator para desestabilizar a segurança europeia”.

Europa
Um Reino Unido Global Por: Matheus Mendes
A Suprema Corte Britânica decidiu, no último dia 24 de janeiro, que o Parlamento do país deve
ratificar o plano do governo quanto ao acionamento do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que prevê a
saída de qualquer Estado-membro da União Europeia (UE). A decisão do Judiciário não surpreendeu a
primeira-ministra, tanto que esta manteve o prazo de entrega do plano para o fim do mês de março deste
ano, com o aval da Câmara dos Comuns (Commons).
O discurso de Theresa May se sustenta na força do seu partido no Poder Legislativo. No último dia
1º de fevereiro, o governo saiu vitorioso ao aprovar, com folga (498 a 114), o projeto de lei que revoga o
Ato Parlamentar que decretou a entrada britânica à UE e também dá poder à primeira-ministra de iniciar
o processo de saída do bloco econômico. Essa demonstração de força política dos Conservadores já foi
constatada no caso da renovação do Sistema Nuclear de Defesa, abordado no Boletim 38.
Porém, há ainda muitas incertezas sobre o conteúdo do plano do governo e espera-se que o
documento oficial anunciado para o dia 2 de fevereiro esclareça melhor essa questão. A maneira como
Reino Unido e UE irão se relacionar economicamente ainda é um grande ponto de interrogação, sendo
este o aspecto mais sensível e fulcral envolvendo ambas as partes. A nenhum dos dois interessa uma
diminuição significativa das relações econômicas.
Lentamente, o governo britânico vai delineando seus próximos passos, mas a estratégia parece
se desenhar claramente: o país deseja remontar sua hegemonia global, aumentando suas relações com
países fora do eixo continental ao qual se ateve nos últimos 45 anos.

Sul da Ásia
O Sul da Ásia e a corrida dos mísseis Por: Luciane Noronha
No dia 26 de dezembro do último ano, a Índia realizou o quarto e último teste de seu Míssil
Balístico Intercontinental (ICBM), Agni-V. Com o sucesso do lançamento, o país entra para o seleto
grupo de países detentoras desse tipo de armamento, juntando-se aos Estados Unidos, Rússia, China,
Israel, Reino Unido e França.
As respostas a esse feito não demoraram a surgir: veículos de mídia chinesa aconselharam a Índia
a “acalmar sua febre dos mísseis”. O Paquistão, por sua vez, respondeu com o teste de seu míssil de
cruzeiro Babur-3, no dia 10 de janeiro deste ano. Com todos esses fatos, a comunidade acadêmica e
as mídias desses três países passaram a falar em possíveis mudanças no equilíbrio de poder do Sul da
Ásia.

[5]
Pode-se analisar este cenário de mudanças por três pontos distintos. A primeira interpretação, e também
a mais difundida até agora, é que o ICBM representa mais um passo na direção da equiparação militar
convencional da Índia frente à China. O resultado disso seria um reordenamento das relações de poder,
uma vez que a superioridade militar chinesa é um dos fatores de constrangimento das ações indianas em
relação aos litígios entre ambos.
O segundo desdobramento, diretamente conectado ao
aspecto anterior, diz respeito ao posicionamento da
Índia quanto ao Tibete. Nos últimos meses, nota-se
certa urgência em apelar ao primeiro-ministro Narendra
Modi por uma postura mais acirrada a respeito da
ocupação chinesa na região. Membros da comunidade
política veem na política do país para o Tibete, rico em
recursos hídricos, uma oportunidade desperdiçada. O
argumento principal é que, com a equiparação de forças
e o incremento do programa de mísseis, a Índia pode
chegar a uma posição mais favorável de confrontação e
de projeção de poder na causa tibetana.
Por fim, ao analisar o mapa de alcance do Agni-V, fica claro que a intenção de projeção de poder
não é limitada ao Sul da Ásia. O míssil é capaz de atingir quase qualquer ponto de regiões de interesse
primária e secundária. Em suma, Agni-V também serve ao projeto indiano de se tornar uma grande
potência do sistema internacional.

Leste Asiático
Infraestrutura chinesa: exemplo para o mundo Por: Philipe Alexandre
Para muitos analistas, a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA deve-se não apenas
ao descontentamento de milhões de norte-americanos com a perda de empregos, mas também com
a infraestrutura do país. Em seu discurso inaugural, Trump afirmou que a infraestrutura dos EUA está
“arruinada”. A Sociedade Americana de Engenheiros Civis argumenta que a infraestrutura é crítica para o
crescimento econômico de longo prazo. Por isso, Trump prometeu investir US$ 1 trilhão no setor a fim de
acelerar a expansão econômica e aumentar os ganhos de produtividade.
A China gasta mais em infraestrutura anualmente do que a América do Norte e a Europa Ocidental
juntas, de acordo com um estudo do McKinsey Global Institute. Como o governo chinês é centralizado,
seus líderes podem planejar, financiar e realizar projetos ambiciosos em um curto período de tempo. Em
seus comentários, Trump parece querer que os EUA assemelhem-se à China em termos de crescimento. Em
novembro de 2012, ele escreveu um tweet afirmando que a China está crescendo porque pode construir o
prédio mais alto do mundo em 90 dias, acrescentando que há muita burocracia nos EUA. Em outubro de
2014, ele redigiu outro tweet afirmando que a China ultrapassou a “América” como a maior economia do
mundo em termos de paridade de poder de compra e criticou o governo por desperdiçar dinheiro, enquanto
a China construía aeroportos e arranha-céus. Infraestrutura é um poderoso instrumento de desenvolvimento
econômico e de projeção internacional.
Convém, então, recordar a precariedade da
infraestrutura brasileira e latino-americana, agravada
ainda mais com as crises econômica e poltica que assolam o
subcontinente. Nos últimos anos, os chineses têm anunciado
grandes investimentos na região (US$ 53 bilhões, apenas
no Brasil), principalmente em energia e infraestrutura.
Esse capital pode tornar-se um catalisador do crescimento
econômico regional, como ocorre nos EUA, caso seja bem
administrado pelos governos locais. DW.com

[6]
Leste Asiático
Península Coreana: ano novo, velhos e austeros conflitos Por: Marcelle Torres
O ano de 2017 já começou conturbado na península coreana. Vereadores de Gyeonggi anunciaram a
intenção de erguer uma estátua ao movimento das vítimas de escravidão sexual japonesa durante a 2ª Guerra
Mundial em Dokdo, um conjunto de ilhas em disputas entre Japão e Coreia do Sul, atualmente parte do
território sul-coreano. Tal ato trouxe à tona duas sensíveis questões da relação Seul-Tóquio. Ele culminou
na reivindicação japonesa do território, na exortação do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul
ao governo do Japão para a retirada de tal apelo e nas críticas das vítimas ao governo sul-coreano.
Com relação à China, a implantação do Sistema Antimísseis Balísticos THAAD vem sendo alvo de
discordância entre os possíveis candidatos presidenciais sul-coreanos. É provável que Pequim aumente as
barreiras não-tarifárias contra empresas sul-coreanas, continuando a sua política de retaliação econômica não
declarada em resposta à instalação do sistema de defesa. Tais “medidas discriminatórias” podem prejudicar
os negócios de empresas da Coreia do Sul, 11ª economia mundial, além de representarem violação às
promessas do Tratado de Livre Comércio entre Pequim e Seul. Todavia, Pequim pode considerar as empresas
sul-coreanas como um ponto de pressão significativo. O processo de impeachment da Presidente Park Geun-
hye ainda está em julgamento, mas há fortes indícios de que ela deixará a presidência em definitivo.
Para este ano, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul priorizará uma série de programas de pesquisa
e desenvolvimento militar a fim de aumentar a segurança contra ameaças da Coreia do Norte, incluindo
tecnologias de defesa de mísseis, contramedidas de mísseis balísticos, veículos aéreos não tripulados (UAVs,
sigla em inglês) para vigilância antissubmarino e sonares rebocados. O novo secretário norte-americano de
Defesa James Mattis planeja visitar o Japão e a Coreia do Sul ainda este mês para tratar das ameaças norte-
coreanas - com Pyongyang alegando estar pronta para lançar mísseis balísticos intercontinentais (ICBM,
sigla em inglês) a qualquer momento - e a concentração militar da China em áreas disputadas do Mar da
China Meridional.

Leste Asiático
Reverberações da administração Trump sobre a política externa japonesa Por: Vinicius Reis
Desde antes de assumir o mandato, o Presidente Donald Trump vem dando indícios de “atritos” com
a China, especialmente na área econômica. A mera perspectiva de uma política externa mais assertiva com
relação à China e certo grau de “isolacionismo” norte-americano, especialmente no que tange a políticas
protecionistas, tenciona geopoliticamente o Leste Asiático. Gera-se incerteza, da perspectiva japonesa, sobre
até que ponto o país pode se beneficiar, ou se prejudicar, com este cenário.
A imprevisibilidade da postura adotada pelo governo Trump é o principal problema com o qual o
governo do Primeiro-Ministro Abe deverá lidar na relação entre os dois países em 2017. A incapacidade,
a curto e médio prazo, de compreender as diretrizes do governo estadunidense, diferenciando as ações
concretas da retórica dos “fatos alternativos”, dificulta o entendimento, por parte da administração japonesa,
sobre temas importantes como litígios territoriais e a parceria econômica e militar. Contudo, é improvável
que os EUA retirem completamente suas forças militares da região, especialmente de Okinawa, devido a
fatores estratégicos. É provável, ainda, que haja um aumento dos gastos japoneses com a manutenção das
tropas americanas, como aludido por Trump em sua campanha. Esse tema já vinha sendo discutido e segue a
doutrina recente de aumentos gradativos dos gastos com Defesa.
Uma mudança brusca do foco da política externa americana, e do seu papel de “estabilizador” do
sistema internacional, tende a impactar tanto economicamente quanto militarmente a balança de poder do leste
asiático. A possibilidade de um movimento pendular de aproximação com a China, que abrangeria países da
União Europeia descontentes com as decisões políticas do governo Trump e em busca de novas perspectivas
de mercado, aumenta a necessidade de uma maior integração regional, no leste e sudeste asiático, por parte
do Japão.
Oceania e Sudeste Asiático
Fim ou reestruturação da Parceria Transpacífico? Por: Larissa Marques
O Acordo da Parceria Transpacífico (TPP, sigla em inglês) foi assinado em fevereiro de 2016 por doze
países, os quais representam quase um terço do comércio global e 40% da economia mundial, com o objetivo
de diminuir os entraves comerciais em algumas economias inseridas ativamente no comércio mundial. Seus
principais pilares são integração econômica, criação de regras comuns de propriedade intelectual, padronização
das leis trabalhistas, desenvolvimento de ações ambientais comuns, e aumento dos investimentos.
Dentre os países asiáticos que integram o TPP, destacamos Brunei, Cingapura, Malásia e Vietnã, que
representam um mercado com elevada população e alto índice de crescimento demográfico. Eles também
pertencem à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, sigla em inglês) e mantêm um alto grau
de intercâmbio comercial, financeiro e social com Austrália e Nova Zelândia que, apesar de não pertencerem
à Ásia, destacam-se por seus indicadores econômicos e sociais. Recentemente, Donald Trump assinou uma
ordem executiva retirando os Estados Unidos do TPP, ato que ameaça a continuidade do acordo (sem este país o
tratado não poderá entrar em vigor, considerando-se que precisaria da ratificação de pelo menos seis nações que
respondam por 85% do Produto Interno Bruto (PIB) combinado dos Estados membros).
No entanto, analisando de maneira mais profunda de que forma os citados países asiáticos e da Oceania
podem ser afetados com a retirada dos EUA do acordo, é possível perceber que, apesar de todos os esforços
estadunidenses, o país não figura entre os principais parceiros comerciais dos Estados da região (com exceção
do Vietnã e da Austrália, devido à existência de acordos bilaterais específicos). Na realidade, é mais provável que
relações entre esses países com os EUA prossigam de forma bilateral, ao invés de grandes acordos envolvendo
muitas nações.
Apesar de a população australiana estar sofrendo com diversas questões de desemprego e estagnação
da economia, tanto para Camberra quanto para a Nova Zelândia, o TPP seria uma oportunidade de ampliar os
mercados de forma mais fácil; contudo, os representantes de ambos os países deixaram claro que continuarão
estabelecendo parcerias bilaterais com outras nações, reiterando que a saída dos EUA não causa tanto impacto.
Em relação à Ásia, apesar da especulação, é bastante difícil que a China torne-se parte desse Tratado, tendo-se em
vista que possui acordos comerciais bilaterais com os países da região e é um dos principais e mais importantes
parceiros dos mesmos. A priori, os negociadores das nações remanescentes estarão em “comunicação constante”
para decidir o rumo que o projeto tomará.

Ártico e Antártica
Desenvolvimento e estratégia Por: Pedro Allemand
Ao longo da penúltima semana do mês de janeiro duas medidas importantes foram tomadas pelo governo
russo, no que diz respeito ao aproveitamento econômico e estratégico de seu território no Ártico. No dia 24
de janeiro, a Federação Russa decidiu pela construção de um novo gasoduto na região, ligando a península de
Yamal ao interior da República de Komi. Com o gasoduto, há também uma série de investimentos a serem feitos
na infraestrutura da região, confirmando a declaração do presidente russo de que tal projeto “não é só um duto”.
O gasoduto é importante como parte do projeto de desenvolvimento da Rússia, usando seus recursos minerais
para alavancar a economia, bem como para integrar produtivamente o território.
No dia seguinte, o ministro da Defesa da Rússia anunciou o projeto de construção de extensa infraestrutura
militar no Ártico, especialmente voltado para os arquipélagos do Norte do país. Localidades como Nova Zemlya,
a Ilha de Wrangel e da Nova Sibéria (entre outras) estão incluídas na construção de uma rede de bases militares
no Ártico, parte da estratégia russa para a região. Além da estratégia russa, essa medida também serve como
reação a uma série de medidas tomadas pelos Estados vizinhos - em especial na península escandinava - que, ao
longo de 2016, avançaram na militarização da região.
A construção de um gasoduto, bem como de estruturas de defesa no Ártico, para além dos benefícios
imediatos dos objetivos dos projetos, trazem a geração de emprego e renda, mas também pela integração das
regiões beneficiadas à economia russa. Ambas as decisões representam um avanço na ocupação russa do espaço
geográfico do Ártico, não apenas pelo lado militar e estratégico, mas também no uso da região como um vetor
do desenvolvimento econômico nacional.
[8]
Temas Especiais
EUA, Rússia, França e Alemanha: um jogo político que transcende o espaço cibernético
Por: Louise Marie Hurel
Donald Trump chega à Casa Branca com uma série de perguntas a serem respondidas. Entre elas,
permanece a dúvida sobre sua posição em relação aos vazamentos de e-mails do Partido Nacional Democrata
pelos hackers de nome “Fancybear”, “Cozybear” e “Guccifer 2.0”. No fim de dezembro, o Departamento
de Segurança Nacional lançou um Relatório de Análise Conjunta, reafirmando o papel das agências russas
de inteligência. Poucos dias antes de o presidente eleito assumir, o Conselho Nacional de Inteligência
(envolvendo NSA, FBI e CIA) lançou um documento aprofundando a análise sobre as intenções da Rússia
na corrida eleitoral, denunciando o investimento russo em propaganda nacional e internacional e destacando
seus interesses político-estratégicos na Síria, Ucrânia e nos EUA. O ponto crucial é que o documento afirma
que Putin ordenou a campanha de influência com o intuito de promover a candidatura do Trump.
Deve-se ter cautela quanto ao ineditismo com o qual esses acontecimentos são retratados, uma vez que
espionagem, vazamento de informações, campanhas de desinformação e hacking são práticas comuns que precedem
a influência russa nas eleições de 2016. Um exemplo seria a suposta interferência de hackers pró-Russia nas
eleições de 2014 na Ucrânia. Contudo, no caso das eleições estadunidenses, esse debate tomou novas proporções
em termos de impacto político. Internacionalmente, reforçou o papel da Rússia como um ator capaz de projetar
poder e influência – detentor de capacidades cibernéticas suficientes para atingir determinados objetivos.
Tal assunto tomou a mídia e a esfera pública. Por um lado, isso contribuiu para o fortalecimento da
compreensão dos desafios que se colocam diante de sistemas eletrônicos e interconectados (sejam ou
não ligados ao sistema eleitoral; segurança da informação). Por outro, é importante encará-lo dentro de um
contexto: período de campanha eleitoral na França (abril) e na Alemanha (setembro).
Questões relacionadas à segurança cibernética têm se consolidado como pautas de “fronteira”, ou
seja, pertencentes a uma agenda doméstica-internacional. Na França, o posicionamento de Marine Le Pen ao
ter apoiado a anexação da Crimeia pela Rússia junto com a proposição de medidas que priorizem o nacional
em oposição à União Europeia a tornam uma candidata favorável aos interesses russos. Em contrapartida,
na Alemanha, Angela Merkel seria um resultado não favorável, dadas as suas críticas ao envolvimento da
Rússia na Síria e Ucrânia. Ambos os países já se pronunciaram afirmando que houve um aumento no número
de ataques cibernéticos. No caso da Alemanha, um suposto grupo de hackers teria tentado obter dados da
União Democrata-Cristã.
Tais dinâmicas políticas são acompanhadas por um contexto que inclui: i) o fortalecimento das
capacidades cibernéticas da OTAN como uma possível resposta coletiva a reiteradas tentativas supostamente
russas; e ii) a expectativa da ordem do Executivo dos EUA que irá reestabelecer as diretrizes da política de
segurança cibernética (seja através da manutenção da política de Obama ou promovendo novas competências
a diferentes instituições).

[9]
Artigos selecionados e notícias de Defesa
• COUNCIL ON FOREIGN RELATIONS - 31/01/2017
President Trump and the Future of Global Governance

• PROJECT SINDICATE - 26/01/2017


Theresa May’s Triple Bet - By: Dominique Moisi

• STRATFOR - 27/12/2016
2017 Annual Forecast

• EURASIAN GROUP - 03/01/2017


Top Risks 2017: The Geopolitical Recession - By: Ian Bremmer and Cliff Kupchan

• PROJECT SINDICATE - 09/01/2017


The Kindleberger Trap - By: Joseph S. Nye Jr.

• MAULDIN ECONOMICS - 23/01/2017


Game Time - By: George Friedman

• THE DIPLOMAT - 30/01/2017


The Next Generation of China’s Navy - By: Andrew S. Erickson

• DEFENSE ONE - 31/01/2017


By Lifting Sanctions, Trump Could Hand Russia’s Military a Lethal Technological Advantage - By:
Patrick Tucker

• DEFENSE ONE - 31/01/2017


Making America’s ICBMs Great Again - By: Adam B. Lowther

• NATO - 24/01/2017
Secretary General: NATO has a new home in the Gulf region

[Ao clicar sobre os títulos das reportagens, abrem-se os respectivos links

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