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FORTALEZA – CEARÁ
2009
MARCOS DIONISIO RIBEIRO DO NASCIMENTO
FORTALEZA – CEARÁ
2009
Marcos Dionísio Ribeiro do Nascimento
Banca Examinadora
RESUMO
ABSTRACT
The present research has as its main objective, the development of software to help the
learning of reading, of writing and the digital inclusion of illiterate people. For that,
Literacy of Youths and Adults method by Paulo Freire was adopted as the as main
theoretical-methodological reference, as well as Emilia Ferreiro's contributions and Ana
Teberoski concerning the process of acquisition of the linguistic code. The Study was
done in the city of Fortaleza, in Federal Government institutions called 'Casas Brasil',
schools built in areas of small index of human development (IDH), with the intention to
offer development courses in the computer science area, reading rooms, tele-centers and
culture and arts workshops. The research was carried out on a 05 student's class of
reading and a 17 student's class of youths' and adult education that used a computer
classroom and that made its contribution to the conception and testing of the developed
software. The results indicated the positiveness of the technologies in education and on
Paulo Freire's method, especially in the results obtained by the software 'Luz do Saber'.
It could be verified that learning happened in a natural way, for the students felt
comfortable to try. They manifested the desire to continue in this process and in the
profusion of possibilities of the use of the software as potentially instrument of learning,
especially in what concerns the process of acquisition of the linguistic code, that was
shown satisfactory.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE SIGLAS
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
2 BASES CONCEITUAIS O SOFTWARE LUZ DO SABER E SEUS FUNDAMENTOS 19
2.1 Retrato biográfico de Paulo Freire............................................................................ 20
2.2 O Método Paulo Freire ............................................................................................ 21
2.3 A aquisição do processo de escrita........................................................................... 32
2.3.1 As caracteristicas formais que permitem o ato da leitura. ................................ 33
2.3.2 O estabelecimento dos níveis de evolução da escrita ....................................... 35
2.3.3 Importância do nome próprio para o ato de ler ................................................ 39
3 IMPLEMENTAÇÃO INFORMÁTICA DE ATIVIDADES DIGITAIS DO SOFTWARE LUZ DO SABER
43
3.1 O Módulo COMEÇAR. ........................................................................................... 45
3.2 O desenvolvimento da coordenação motora fina. .................................................... 47
3.3 Atividades do Módulo COMEÇAR ............................................................................. 49
3.3.1 Crachá ............................................................................................................. 49
3.3.2 Bingo de letras ................................................................................................. 51
3.3.3 Jogo do encaixe................................................................................................ 53
3.3.4 Quebra-cabeça................................................................................................. 54
3.3.5 Jogo da memória.............................................................................................. 55
3.3.6 Tela Dominó .................................................................................................... 56
3.3.7 Associe nomes às iniciais.................................................................................. 57
3.3.8 Ligar inicial ao nome ........................................................................................ 59
3.3.9 Ligar iniciais aos nomes .................................................................................... 60
3.3.10 Riscar nomes.................................................................................................... 61
4 O MÓDULO LER ............................................................................................................... 62
4.1 Atividades do módulo LER ....................................................................................... 63
4.1.1 Contexto da Palavra Geradora ......................................................................... 63
4.1.2 Palavra Geradora ............................................................................................. 65
ix
Gráfico 1 - Taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais de idade ........................ 14
O Brasil figura neste segundo grupo, pois tem 11,1 milhões de pessoas nesta
situação. Em comparação aos demais países da America Latina, é o 20º colocado em
população alfabetizada, à frente apenas de Jamaica, Bolivia, Republica Dominicana, El
Salvador, Honduras, Guatemala, Nicarágua e Haiti. Para melhor compreensão, esses
números referem-se à população acima de 15 anos de idade, nas camadas mais pobres,
idosas, de cor preta e parda, localizadas nas áreas de menor desenvolvimento no país.
(IBGE, 2007).
Esse quadro ganha maior dimensão quando percebemos que este é um círculo
vicioso no qual a má distribuição de renda alimenta a pobreza e a miséria, que são
complexificadas com a falta de habitação, saúde, lazer, saneamento e políticas públicas
para resolver definitivamente esta situação.
14
Como fator positivo, verificamos que de 1996 até 2006 houve uma redução de
30% no número de analfabetos brasileiros. Porém temos pouco a ser comemorado, pois
ainda temos 10,4% da população nesta condição, conforme pode ser observado no
gráfico a seguir.
Porém, existe uma tendência mundial que busca adequar esse conceito à
realidade econômica e tecnológica do mundo contemporâneo. Então em 1975, a
UNESCO adotou o conceito de analfabetismo funcional, definindo que se encontram
nesta condição os indivíduos que não possuem pelo menos as quatro séries iniciais
concluídas e que não conseguem utilizar a leitura, a escrita e as habilidades matemáticas
1
População total e população analfabeta quantificada em milhões.
16
para atender demandas de seu contexto social e utilizá-las para continuar aprendendo.
Portanto, se fizéssemos uso do conceito de analfabetismo funcional definido pela
UNESCO, teríamos um salto para mais de 30 milhões de analfabetos, atendo-se apenas
à população de 15 ou mais anos de idade (INEP, 2001, p. 07).
Além disto, nossa sociedade vem passando por grandes mudanças provenientes
do advento das tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Elas impactam
diretamente na nossa cultura e modificam a forma com lidamos com a informação, o
conhecimento, a educação e o mercado de trabalho, que exigem cada vez mais
habilidades tecnológicas, além das educacionais tradicionais, o que implica na
necessidade de uma nova forma de alfabetização, a digital.
A seguir delineamos o corpo deste estudo, que foi organizado em seis capítulos.
A contar com esta breve introdução que se configurou como capítulo I e discorreu sobre
a problemática da alfabetização no Brasil e no contexto tecnológico atual.
Assim, este capítulo está dividido em três partes: O retrato biográfico de Paulo
Freire, O método Paulo Freire e O processo de aquisição da escrita.
Por motivos políticos similares aos ocorridos no Brasil, Freire mudou-se para os
Estados Unidos, posteriormente para Genebra e África. Assim correu o mundo
divulgando e experimentando seu método de ensino.
Freire foi autor de diversas obras, consideradas atualíssimas e que ainda são
vistas no cotidiano das faculdades, principalmente as de educação. Destacamos as
seguintes: Pedagogia da Autonomia, Pedagogia como Prática da Liberdade, Cartas a
Guiné-Bissau, Pedagogia da Esperança, À sombra desta mangueira e Pedagogia do
Oprimido. Este último vendeu mais de 450.000 exemplares no Brasil.
21
Mundialmente conhecido por sua práxis educativa, foi outorgado doutor Honoris
Causa por vinte e sete universidades, e seus trabalhos educacionais lhe renderam
numerosas homenagens dentre elas o “Prêmio UNESCO da Educação para a Paz”.
Freire defende que ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. Ele
advoga que a educação é uma obra social, coletiva e solidária, mediatizada pelo mundo,
onde educar representa uma troca entre as pessoas, distanciando-se de uma ação
individual (FREIRE, 2003b, p. 68).
O que foi exposto nos parágrafos anteriores tem grande repercussão no ato
educativo. O professor é uma figura que possui autoridade para conduzir o processo
educacional, porém deve ter cuidado para não exercer nem o autoritarismo, nem a
imposição arbitrária. Ele deve basear sua prática numa relação dialógica, para entender
como pensam e como vivem seus educandos. A partir dessa escuta, condição sine qua
non para o ato educativo, é que o educador pode contribuir para que o discente amplie
sua visão de mundo e faça uma releitura reflexiva da realidade que o circunda (FREIRE,
2003b).
O método proposto por Paulo Freire não é simplesmente uma técnica, por
conseguinte não pode ser aplicado de modo mecânico. Ele necessita estar conectado a
24
2
Numa comunidade de pescadores, por exemplo, temos as palavras significativas: peixe, mar, vela,
jangada, vara, anzol, rede.
3
Esta primeira etapa do método recebeu vários nomes similares à medida que Freire publicava novos
livros, no entanto a idéia principal sempre se manteve. As seguintes nomenclaturas representam o mesmo
conceito: Pesquisa do universo vocabular, levantamento do universo vocabular, descoberta do universo
vocabular e investigação do universo temático.
25
Vale resaltar que as palavras por si só têm vida e história e não podem ser
consideradas apenas com simples dados ou informações que podem ser codificados e
decoficados, por isso elas se fazem necessárias. No entanto, é no contato com o outro,
com o grupo social e com a comunidade que ganham contextos e significados.
4
As Palavras Geradoras devem incluir todos os fonemas da língua e todas as dificuldades de pronúncia,
bem como as complexas arbitrariedades gramaticais (s, ss, ç, x, lh,..).
26
Esta etapa é a de confecção das artes, que podem ser apresentadas em formato de
cartazes ou slides. É momento também da preparação de perguntas reflexivas que
fomentem as discussões e propiciem a descoberta das palavras.
Para cada palavra utilizada, faz-se necessária a apresentação de uma imagem que
remeta ao educando uma situação existencial em que ele se identifique com o contexto
da imagem. Além da situação, o educador motiva o grupo a discutir sobre a razão da
imagem e seu contexto. Após a apresentação da imagem, ele mostra somente a palavra.
LUTA
LUTA
LU – TA
LA LE LI LO LU LÃO
TA TE TI TO TU TÃO
A E I O U ÃO
LATE LEITO
TELA LEILA
Freire afirma neste texto que é necessário conhecer e fazer a leitura do mundo
em que se vive antes de aprender a ler, para que a leitura possa ter significado e
contexto, e o educando compreenda a importância do ato de ler.
Fonte: Freire, P. Educação como prática da Libertadade (29 ed.). Rio de Janeiro, Brasil: Terra e Paz, 2006
A primeira das 10 imagens utilizadas por Freire (BRANDÃO C. R., 2006, p. 45)
é “O homem no mundo e com o mundo. Natureza e cultura.”, que tem por objetivo
iniciar as discussões sobre o mundo da natureza e o da cultura.
Freire vê o homem como ser atuante em relação aos objetos e às situações que o
cercam, e este é sempre criador e recriador de seu espaço através do trabalho. Para
atinguir este propósito, é necessário fazer perguntas simples como: “Quem fez o poço?
Por que o fez? Como fez? Quando?” Os educandos levantaram que foi a necessidade de
água para a própria subsistência. O educador os ajuda na compreensão que pelo trabalho
o homem é capaz de realizar o processo de transformação da realidade. E da mesma
forma que fez o poço também fez sua moradia, suas vestimentas e seus instrumentos de
trabalho e de casa (FREIRE, 2006, p. 132).
Fonte: Freire, P. Educação como prática da Libertadade (29 ed.). Rio de Janeiro, Brasil: Terra e Paz, 2006
Esta imagem, a última das dez que Freire utilizava, representa um círculo de
cultura em funcionamento. Os educandos e os educadores analisam o próprio sentido do
círculo de cultura, que é a democratização da própria cultura. Sabiamente um destes
fantásticos analfabetos anômimos disse: “A democratização da cultura tem que partir do
que somos e do que fazemos como povo. Não do que pensem e queiram alguns para
nós”. Outras discussões sociais sempre aparecem com maior ou menor ênfase a
depender do público. Uma análise das condições de vida é sempre recorrente.
que deixa assim de ser algo externo ao homem, para ser dele mesmo.
Para sair de dentro de si, em relação com o mundo, como uma
criação. (FREIRE, 2006, p. 150)
Durante muito tempo acreditou-se que para alfabetizar bastava lançar mão de
alguns dos métodos tradicionais do ensino de leitura (FERREIRO & TEBEROSKY,
1999, p. 21). Baseados nisto, educadores concentraram seus esforços na busca e
melhoria dos métodos que demonstraram maior eficiência e eficácia. Destes, dois tipos
fundamentais se sobressaíram, os métodos sintéticos e os métodos analíticos.
Outro grande empecilho é que os sistemas de escrita não possuem uma total
correspondência entre a fala e a ortografia, ou seja, as palavras nem sempre
correspondem às pronúncias.
5
Neste caso caracterizava-se por iniciar a alfabetização pelo ensino das letras do alfabeto,
posteriormente seriam feitas as combinações entre vogais e consoantes, das sílabas mais simples as
mais complexas (cinco letras).
6
Inicia-se diretamente com as sílabas para depois passar a formação de palavras e frases.
33
Ao trabalhar com crianças que ainda não sabiam ler, as autoras perceberam que
este fato não era suficiente para que não compreendessem ou reconhecessem que
características um texto escrito deveria possuir (FERREIRO & TEBEROSKY, 1999, p.
43).
7
Os sons produzidos recebem reforço positivo quando se assemelham a pronuncia esperada através de
gestos de aprovação e manifestação de satisfação, tanto por parte dos pais quando motiva as primeiras
palavras, quanto pelos professores quando exigem que apenas o comportamento desejado seja
apresentado.
34
A maioria das criancas afirmaram que três caracteres seria a quatidade mínima
imprescindível para a leitura, embora alguns achassem que 4 caracteres seria a
quantidade necessária; outros se contentaram com apenas 2 caracteres e além disso
indicaram que as cartas que possuíam caracteres repetidos como “MMMMM”ou
“AAAAA” seriam inadequadas.
8
Foram apresentadas as crianças cartões contendo de uma a nove: letras, sílabas ou palavras. Cada
uma das 63 crianças avaliou entre 15 a 20 cartões.
35
partes deste conjunto de carateres conhecidos, porém este fato não impedia que as
crianças apresentassem dificuldades de reconhecimento de algumas letras.
NÍVEL 5 – Este último é composto por crianças que conhecem todas ou quase
todas as letras do alfabeto. As observações apontaram que chegaram a distinguir as
letras a partir do próprio nome ( nomes+sobrenomes). Neste caso, o próprio nome é um
intrumento de partida fundamental para o conhecimentos das letra e de seus respectivos
sons.
9
Representações gráficas
36
separados entre si; caso sua referência maior seja a letra cursiva, tenderá a apresentar
grafismos ondulados ligados entre si.
Certamente o sujeito que se encontra neste nível ainda não sabe escrever e
interpretar aquilo que representou durante sua produção textual, quando muito
memoriza temporariamente aquilo que concebeu. Portanto a escrita neste estágio ainda
não serve com mecanismo de transmissão da informação.
Isto não impede que a criança formule hipóteses a respeito do que escreve, e é
neste momento que aparecem às tentativas de correspondência figurativa entre a
escrita e o objeto referido. Portanto, o sujeito, ao ser solicitado a escrever nomes de
animais como cachorro e boi, quase sempre representa graficamente cachorro com uma
quantidade menor de caracteres do que boi, por esperar que a escrita represente
proporcionalmente o tamanho dos animais. Esta hipótese vale também para pessoas,
objetos ou coisas. No caso de pessoas, é comum a criança representar “PAI” com uma
quantidade maior de caracteres do que o próprio nome (nome+ sobrenomes) de forma
completa.
Fonte: DIAS, Ana Iorio. Ensino da Linguagem no currículo. Fortaleza: Brasil Tropical,
2001.
NÍVEL 2 – Composto por crianças que criam uma hipótese central: para poder
ler coisas diferentes é necessário haver diferenças objetivas nas escritas. Aqui é
marcante a presença das hipóteses anteriormente levantadas: a necessidade de uma
quantidade mínima de letras para formar uma palavra e a necessidade de uma
variedade de caracteres.
No entanto a disponibilidade de formas gráficas nesta etapa ainda é limitada, ou
seja, as crianças conhecem e utilizam uma quantidade muito pequena de caracteres
para produzir uma grande quantidade de palavras. E para expressar diferentes
significações, modificam o posicionamento das letras que conhecem. Vide o exemplo
de Marisela. (FERREIRO & TEBEROSKY, 1999, p. 204):
A 1 I 3 = Marisela.
A 3 1 I = Romero (seu sobrenome).
A 3 1 = Silva (sua irmã)
A 3 1 I = Carolina (sua mãe)
A 1 3 I = papai (papá)
A I 1 C = Urso(oso)
A 1 I 3 = cachorro (pero)
Neste caso ela sempre começou a escrever com a letra A, certamente porque
acredita que o início da escrita deve sempre começar com esta letra. No entanto, o
fator mais importante de se observar são as combinações que realiza, pois já começa a
compreender que não é lógico representar com a mesma grafia todas as palavras.
38
Porém nem todas as crianças deste nível iniciam sempre as palavras com as mesmas
letras; elas fazem também combinações que implicam na mudança da inicial.
Fonte: DIAS, Ana Iorio. Ensino da Linguagem no currículo. Fortaleza: Brasil Tropical, 2001.
Observe que, para cada sílaba pronunciada, uma letra ou um sinal gráfico
é posto para representar aquilo que foi dito. É possível encontramos neste nível
crianças atribuindo sinais gráficos para todas as sílabas faladas sem a devida
correspondência sonora.
39
NÍVEL 1 – Composto por crianças que não sabem escrever seu nome nem o
reconhecem quando o vêem escrito. Mesmo quando são informadas de que este é o seu
nome, podem considerá-lo apenas como o primeiro nome ou nome completo ou ainda
de outra pessoa. Portanto ainda não fazem associação sonora à representação gráfica.
Neste caso, é comum que as crianças ainda não escrevam corretamente o próprio
nome ou que não consigam silabá-lo corretamente, ou ainda que só o façam com
destreza na primeira parte de seu nome.
PESQUISADOR: MIGUEL
Verificou-se que Miguel tenta ler o resultado do arranjo realizado em seu nome e
não o interpreta como Miguel; isto não ocorre em níveis anteriores. Vejamos que
durante muito tempo escreveu a letra “U” que compõe seu nome, sem que ele fosse
problematizado.
No entanto, agora, ele não encontra razão para que ele (U) seja escrito, uma vez
que passou a entender que o “guel”, de Miguel, representa apenas um som “guel” e não
dois “gu-el”.
Miguel e tantos outros agora passaram a uma nova fase, já que não apenas
repetem o próprio nome. Eles analisam e fazem hipóteses. Certamente desconhecem
ainda as convenções ortográficas que regem a nossa língua.
Módulo COMEÇAR:
44
Módulo LER:
10
Os Círculos de cultura aqui apresentados são exemplos práticos, no entanto cada professor deve
inserir os que lhe for mais adequado.
45
A inovação aqui é que esta série de atividades está adaptada ao perfil do usuário,
pois todas fazem uso do nome próprio do educando. Ao cadastrar-se como aluno,
automaticamente o seu nome é capturado pelo sistema, incluído no banco de nomes
próprios e incorporado a todas as atividades do módulo COMEÇAR.
Silva & Andrade (2006, pp. 132-133) e outros educadores do Programa Brasil
Alfabetizado, de Recife, Pernambuco, ao trabalharem com jovens e adultos, perceberam
a imensa vontade, expressada pelo imediatismo, de assinar o próprio nome e de escrever
nomes de parentes.
Além do trabalho com os nomes dos educandos, este módulo trabalha de forma
lúdica aspectos necessários à aquisição do código lingüístico, tais como leitura,
reconhecimento sonoro de nomes, letras e sílabas.
Para interagir com o ambiente virtual, o indivíduo precisa desenvolver uma nova
competência viso-motora, porque vai navegar num espaço de natureza diferente do
espaço concreto. A verticalidade da interface e a intermediação do cursor para acessar
os objetos e navegar no ambiente conferem a ele uma competência olho-mão diferente
daquelas normalmente exigidas pelos objetos do mundo concreto.
Todas essas barreiras são naturais e esperadas na inclusão digital e no uso deste
software, e o contato freqüente com esse instrumento tecnológico e tantos outros mais
possibilitam essa superação.
48
• Manipulação do mouse.
11
Chamaremos de “clique” ou “clicar” o ato de executar alguma ação ou função com o mouse utilizando
o botão esquerdo deste periférico.
49
3.3.1 Crachá
Isto foi posto de forma proposital para que seja possível perceber se o discente
consegue reconhecer o próprio nome, porque é possível que ele reconheça apenas à
inicial ou as primeiras letras.
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
instrumento essencial de trabalho, com é o caso dos agentes públicos. Citar exemplos,
como funcionários do sistema de saúde, empresas de energia, água e esgoto.
Logo após, deve ser perguntado aos alunos se eles conseguem identificar o crachá que
tem o seu nome. Informar sobre como realizar a atividade, ou seja, clicando sobre o seu
nome corretamente ele poderá, posteriormente, imprimir o crachá caso tenha impressora
disponível.
Avaliação:
O Bingo de letras é a única atividade que faz uso de método sintético, ou seja,
parte dos elementos mais simples (letras) para o todo (palavras) (MENDONÇA &
MENDONÇA, 2007, p. 26). Foi posto desta forma para que seja possível ao professor
avaliar, no início das atividades, em que nível evolutivo de escrita do próprio nome o
educando encontra-se. Identifica também se aluno conhece todas as letras do alfabeto,
observando as suas possíveis dificuldades. É certamente um importante instrumento de
avaliação que, no entanto, a critério do professor, pode ser ocultada do sistema.
Descrição
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Verificar se o aluno consegue identificar a sua cartela. Ele deverá perceber que a
primeira cartela tem o seu nome. Investigar se o estudante desconhece alguma letra ou
tenta fazer marcações indevidas. Averiguar se realmente ele conhece as letras do
alfabeto ou se as confunde.
Avaliação:
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Avaliação:
3.3.4 Quebra-cabeça
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Perguntar ao aluno se ele já montou algum quebra-cabeça. Dizer que agora ele vai
montar o quebra-cabeça com o próprio nome. Para isso, ele deverá procurar as peças
que se encaixam e montá-lo corretamente. Esta é uma atividade que exige o domínio do
mouse. Verificar se o aluno já é capaz de realizá-la.
Avaliação:
Saber usar o mouse corretamente. Compreender que as palavras são escritas da esquerda
para a direita.
Objetivos da atividade:
Verificar se o aluno é capaz de reconhecer as letras iniciais que formam o seu nome e de
outrem.
Introduzir a noção de que as palavras são formadas por letras distintas.
Apresentar o alfabeto de maneira lúdica e atraente.
Recomendações pedagógicas:
Solicitar ao aluno que memorize as iniciais e os nomes. Ele observará que uma das
cartelas possui seu nome e outra a sua inicial. Verificar se o educando conhece todas as
letras ou encontra nomes de parentes ou conhecidos nas cartas apresentadas.
Avaliação:
Saber reconhecer as letras do alfabeto. Distinguir o som das letras e dos nomes.
Estabelecer correspondência entre nomes de letras e sons dos fonemas que elas
representam. Atenção: observar se o aluno acompanha o jogo sem dificuldade.
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Dizer aos alunos que eles jogarão um Dominó de nomes. Explicar que as peças se
encaixarão quando encontrarem seus pares correspondentes. Por exemplo: P / Pedro.
Avaliação:
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Pedir ao aluno que estabeleça a associação entre a letra que aparece nos conjuntos da
esquerda com os nomes que aparecem na coluna da direita. Como é a primeira atividade
do software que envolve digitação, explicar ao aluno as funções do teclado e ensinar a
utilização dele. Se ele digitar corretamente o nome contido na coluna da direita, o cursor
do mouse passará para o próximo campo vazio e a caixa preenchida ficará de cor
diferente. Caso contrário, o campo permanece em aberto para correção, possibilitando,
assim, o aprendizado da tecla “backspace”.
Avaliação:
Nesta atividade, o discente deve ligar a inicial aos respectivos nomes, criando
com o mouse uma linha entre os dois objetos.
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Pedir ao aluno que estabeleça a associação entre a letra que aparece nos conjuntos da
esquerda com os nomes que aparecem na coluna da direita. Se ele fizer a ligação
corretamente, a linha de ligação se fixará na tela.
Avaliação:
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Solicitar ao aluno que estabeleça a associação entre as letras que aparecem nos
conjuntos da esquerda com os nomes que aparecem na coluna da direita. Informar que
ele pode ouvir a leitura das letras e dos nomes clicando sobre eles. Se ele fizer a ligação
corretamente, a linha de ligação se fixará na tela.
Avaliação:
Nesta atividade, o aluno deverá riscar os nomes que não pertencem ao conjunto
indicado, valendo-se de estratégias de eliminação.
Objetivos da atividade:
Recomendações pedagógicas:
Pedir ao aluno que identifique o nome que não pertence ao conjunto. Na figura acima,
por exemplo, o nome Jonas não pertence ao conjunto da letra T. Caso não selecione o
nome correto, este será pronunciado pelo sistema.
Avaliação:
4 O MÓDULO LER
podem ser autoradas e variadas, mudando-se enunciados, o conteúdo que a compõe, variando sua
complexidade, porém conservando a mesma estrutura: exemplo dominó.
63
Esta é nossa visão de como podemos trabalhar situações existenciais típicas das
vivências cotidianas, contendo situações codificadas que instiguem no grupo a
colaborar para o debate.
13
É a capacidade de reconhecer as letras e distinguir os fonemas.
As palavras geradoras são extraídas da pesquisa do universo vocabular (vide 3.2 O método Paulo
14
Freire)
15
Neste caso foram criados vídeos com palavras que são destacadas no momento em que são faladas.
64
Gif animada:
A Palavra Geradora.
16
Imagens estáticas também podem ser utilizadas desde que tenham os seguintes os formatos (.png ou
.jpg).
Da mesma forma que gif, podemos trabalhar indagando aos educandos: Alguém tem o nome que
17
comece por essa letra? Vocês conhecem algum (objeto, lugar, fruta, animal) que tenha essa letra em seu
nome?
65
Segundo Sousa e Silva (apud DIAS, 1994: 21) “Se o sujeito conviver mais com
os modelos cursivos, tenderá a expressar-se através de traços cursivos, de forma mais
“arredondada”, caso contrário, se sua experiência for com modelos impressos, poderá
desenvolver traços mais retos”.
O texto ou vídeo.
Após esta prática, o estudante pode por si só, ou auxiliado pelo professor,
experimentar a pronúncia das sílabas, pronunciando-as e associando-a a sua
representação gráfica disposta na tela, clicando nas sílabas para poder ouvir o seu
correspondente sonoro, pois os sistema toca o som delas.
18
O sistema só aceita palavras até 4 sílabas.
69
A atividade Bingo de silabas tem como objetivo fixar a relação entre os sons das
sílabas e sua representação gráfica e fortificar o trabalho realizado com as Palavras
geradoras e as Famílias silábicas antes de passar ao processo de Formação de palavras.
Ex: Caso deseje, pode instigar o educando a marcar todas as palavras que
tenham RR, SS, ou que tenham um determinado tipo de acentuação gráfica. Portanto, a
atividade pode ser utilizada de várias formas, porque possui caracteristicas de
questionário, ainda que limitado.
19
As iniciais são lidas pelo sistema quando clicadas.
74
20
Até o máximo de 10 pares (vinte cartas).
21
Até o máximo de 9 palavras por página.
76
A suspensão das sessões com adultos ocorreu por conta do sistema de rede
(FreeBSD22) do referido laboratório, composto por um servidor e vinte máquinas
interligadas, dos quais apenas o servidor possuía disco rígido e memória responsáveis
por suprir todas as necessidades de hardware destes terminais clientes. Como o
laboratório não conseguiu atender a demanda, ocasionando lentidão exacerbada, foi
necessário suspender o andamento das sessões.
22
Neste sistema somente o servidor possuía discos rígidos e a memória do sistema era compartilhada,
assim houve uma sobrecarga, que causava lentidão no uso do software.
79
Juntamente com o Prof. J., selecionamos os discentes participantes com base nos
seguintes critérios:
23
O educador em questão tem título de mestre em educação e cursa doutorado na mesma área. Possui
várias publicações na área de alfabetização e trabalha com formação de professor onde se vale tanto da
pedagogia de Freire e seus métodos, quanto das contribuições da psicogênese da linguagem escrita.
24
Utilizamos esta nomenclatura para salvaguardar a privacidade do professor em questão.
O segundo item dos critérios de seleção implica na tentativa de não modificar o cotidiano dos
25
discentes.
26
Utilizamos esta nomenclatura para salvaguardar a privacidade dos discentes.
80
Se, após escrever, adiciona letras que por ventura tenha esquecido.
a palavra “xxxxx”? Qual palavra (fruta) você escreveu? Onde está escrita a palavra
“xxxxx”?
Baseados nestes dados podemos definir em que fase da escrita cada educando se
encontra (FERREIRO E. , 2001); (FERREIRO & TEBEROSKY, 1999); (DIAS, 2001).
A seguir, o Quadro:
Tabela 9 - Estágio de escrita dos educandos
Fonte: Pesquisa Direta
JV 7 1 Pré-silábico
GR 6 1 Pré-silábico
AS 7 2 Alfabético
GN 6 2 Pré-silábico
SN 14 X Pré-silábico
Mesas que permitissem aos alunos manter os ombros relaxados e o ângulo entre
o braço e o antebraço sejam de 90 graus, e de material anti-reflexo.
Atividade “Crachá”.
Notamos que alguns estudantes, ao lerem metade de seu nome, já concluíam que
aquele era o crachá procurado. Portanto, os educadores faziam perguntas aos discentes
de forma que eles confirmassem essa hipótese.
Destacamos aqui o fato de J.V. ler “U” todas as vezes que vê “O”.
Esta atividade se mostrou importante para J.V., uma vez que ele ainda não
reconhece todas as letras do alfabeto. Em uma segunda tentativa, já demonstrou maior
facilidade com a atividade, no entanto apresentou dificuldades para manusear o mouse.
Já G.N. conseguiu identificar as letras que estavam faltando nas cartelas dos
adversários virtuais (letras que ainda não haviam sido marcadas pelo sistema), não
conheceu a letra “Y”, apesar de tê-lo feito na atividade anterior. Quando a letra “Z” foi
sorteada, chamou-a de “V”. Um dos professores perguntou:
GN respondeu: −“V”.
GN respondeu: −“V”.
Essa estratégia também foi aplicada por dois outros educandos, apensar de eles
não terem presenciado as ações de A.S.
Atividade “Encaixe”.
GN conseguia segurar bem as peças com o mouse, porém, sempre que ia alocar a
inicial no local adequado, findava por passar da área apropriada e ficava em idas e
vindas sobre o local desejado tanto quanto movia na vertical e na horizontal. Porém não
27
Vide nível 5, em estabelecimento dos níveis de evolução da escrita.
85
soltava a peça, pois sabia que, para ter sucesso, poderia fazê-lo apenas na área
apropriada.
Atividade “Quebra-cabeça”.
2) Busca pela inicial ou pelo nome: essa estratégia consistia em buscar o nome
ou a inicial sempre repetindo um de seus pares, até que este fosse
encontrado.
86
Destacamos aqui J.V, que, mesmo sem reconhecer todas as letras, conseguiu
sozinho realizar a atividade após breve explicação do docente. Os demais
conseguiram executar a atividade com facilidade e aprenderam a funcionalidade
da tecla “backspace”.
G.R, que não sabe ler, clicou nos nomes para compreender o que eles
significavam. Após a leitura realizada pelo computador, ele os repetiu em voz
alta, sem nenhuma intervenção docente.
Destaquemos que as atividades são em parte jogos que prendem a atenção dos
educandos ao mesmo tempo em que trabalham o conteúdo em questão. Observamos que
os discentes queriam repetir as atividades (que se modificam todas as vezes que são
visitadas). Mesmo sabendo que o computador possuía outros recursos lúdicos, não
saíam do software ou não solicitavam o uso de outros programas, o que nos leva a
pensar que a adequabilidade do software está harmoniosa.
28
Ver objetivos do módulo COMEÇAR, no capitulo 5.
89
São instituições do Governo Federal, ligadas às prefeituras, instaladas nas áreas de menor índice de
29
desenvolvimento humano (IDH) e oferecem a população telecentros, salas de leitura, oficinas de cultura
e arte (Brasil, 2008).
90
“VIVA!
BOM MESMO É IR À LUTA COM DETERMINAÇÃO,
ABRAÇAR A VIDA COM PAIXÃO,
PERDER COM CLASSE
E VENCER COM OUSADIA,
PORQUE O MUNDO PERTENCE A QUEM SE ATREVE,
E VIDA É MUITO PARA SER INSIGNIFICANTE.”
CHARLES CHAPLIN
Ao final das 19 (dezenove) aulas, o educando terá visto nada menos que 400
(quatrocentas) palavras, disponibilizadas nas 213 atividades montadas.
30
Vídeos em que as palavras são destacadas quando são lidas ou cantadas.
93
31
Algumas atividades trabalham encontros consonantais.
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DE TRABALHOS FUTUROS.
Estamos vivenciando uma nova etapa cultural, marcada fortemente pelo avanço
das tecnologias digitais, que tende a puxar a tudo e a todos para o mundo virtual, onde
dia-a-dia vão se rompendo novas fronteiras em todas as áreas do conhecimento.
A educação é uma das áreas que mais lutam para se modernizar e acompanhar
esta sociedade que cotidianamente passa por avanços científicos e tecnológicos. E este
trabalho buscou unir educação e informática, associando alfabetização e iniciação
tecnológica, tomando por base a teoria de Paulo Freire
De forma geral, essas constatações não passam despercebidas por pessoas não
alfabetizadas e crianças que observam o mundo ao seu redor. Embora de forma
simplista, compreendem que vivemos cercados de portadores de textos e instrumentos
tecnológicos que exigem o ato da leitura (TEBEROSKY & COLOMER, 2003, p. 31).
Cientes de que nossa versão 1.0 do Software Luz do Saber está estabilizada, ou
seja, não apresenta falhas grosseiras, acreditamos que a sua de utilização trará bons
frutos, com a possibilidade rara de empecilhos tecnológicos, ainda não detectados.
96
Certamente este ainda não é um produto acabado e esperamos que jamais seja,
pois o software foi concebido com a possibilidade de ampliação pela comunidade de
software livre em geral, que pode desenvolver novos módulos.
FERREIRO, E. Reflexões Sobre Alfabetização (24 ed., Vol. 14). (H. Gonzalez, Trad.)
São Paulo, Brasil: Editora Cortez,2001
_______, P. Educação e Mudança (12 ed.). (M. Gadotti, & L. L. Martin, Trads.) Rio
de Janeiro: Terra e Paz, 1979.
_______, P., Shor, I. Medo e Ousadia. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil: Terra e
Paz. 1986.
_______, P. Educação como prática da Libertadade (29 ed.). Rio de Janeiro, Brasil:
Terra e Paz, 2006
GADOTTI, M., Freire, P., & Guimarães, S. Pedagogia: Dialogo e Conflito (4 ed.). São
Paulo, Brasil: Cortez, 1995.
98
_______. Síntese dos indicadores sociais 2007 (Vol. 19). Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, Brasil: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2007.
LÉVY, P. Cibercultura. (C. I. Costa, Trad.) São Paulo: Editora 34, 1999.
PINTO, A. V. Sete Lições Sobre Educação de Adultos. São Paulo, Brasil: Cortez
Editora, 2005.
Apêndices
Apêndice 01
PROJETO LÓGICO LUZ DO SABER
QUESTIONÁRIO PREPARATÓRIO PARA A EXTRAÇÃO DAS PALAVRAS
GERADORAS
Você estudou quando era criança? [ ] sim [ ] não Quanto tempo [______ ]
Apêndice 02
Pesquisa das palavras geradoras.
Localidade: Vila união – Casa Brasil.