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As suas primeiras obras seguem ainda a linguagem de Barók, com destaque para a
convergência de estilos entre Musica Ricercara e Mikrokosmos. Daí, Ligeti entra no universo
da música eletrónica, ponto importante pois, ainda que contribua com apenas três peças a
este movimento, a estética que demonstra no retorno à composição instrumental e vocal é
largamente influenciada por este marco. Em termos de técnica, em duas das suas mais
conhecidas obras, estas mencionadas no excerto, "Atmospheres" e "Apparitions", o
austríaco recorre ao que denomina como "micropolifonia" :"a complexa polifonia das partes
individuais está fundida num fluxo harmônico-musical, no qual as harmonias não mudam
subitamente; em vez disso, mesclam-se umas com as outras. É uma combinação de
intervalos claramente reconhecível e que vai se tornando nebulosa. Nesta nebulosidade,
pode-se distingüir uma nova combinação de intervalos se formando". Abandonou o foco na
melodia, na harmonia e no ritmo, para se concentrar apenas no timbre dos sons, uma
técnica conhecida como "massa de som", sendo os "clusters cromáticos" e as "texturas
muito densas" um comprovativo desta ideia. Pinho Vargas descreve o compositor como: "o
grande compositor da segunda metade do século XX”, “brilhante, inteligente e muito culto
(...) Era um homem muito atento ao mundo, para além do que habitualmente são os
compositores da sua geração”.
No excerto apresentado, Ligeti realça a importância que teve a sua saída da Hungria,
que na altura vivia sob um regime comunista, proibitivo de vanguardas, para a sua evolução.
Afirma que a mesma seria possível também em Budapeste, mas demoraria muito mais
tempo, dando o exemplo de Kurtag, um compositor que inclui no seu estilo. Destaca
também a importância que teve na sua composição o contacto com Stockhausen e Boulez,
se bem que a sua obra "Visions", escrita ainda em território húngaro, é referida por si como
um prenúncio de "Apparitions".
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Assim, é de notar o efeito que tem a sua emigração para a sua afirmação como um
dos expoentes do Modernismo. Conhecido sobretudo pela banda sonora do filme "2001:
Odisseia no Espaço", ao qual não cedeu os direitos das obras usadas, demarcou-se como um
compositor de música única, herdeiro da linha de Messiaen e Bartók, definido pelo seu
carácter radical e espontâneo.