Você está na página 1de 1

Um dia você se pega pensando nas coisas que faz diariamente, nas atividades

cotidianas, e se dá conta de que nem sempre será assim. Seja um simples “regar de plantas”,
ou uma piada que goste muito de contar. Em algum momento a vida simplesmente te tira isso,
e no lugar coloca um seguido “esquecer de coisas”, um silêncio que você não costumava fazer,
um isolamento que nunca foi seu. E assim você segue até o fim de seus dias.

Todos ao seu redor parecem não te compreender, e mais que isso, você não os
compreende, e quando consegue fazer, segundos depois esquece. O dia a dia vira um eterno
perguntar repetitivo, em que você se esforça para lembrar, mas não lembra. Suas vontades já
não são feitas como costumavam ser, e aos poucos tem de se adaptar a uma nova realidade:
todos te olham com pena. Sua fase adulta já não existe mais, e aos poucos volta a ser tratado
como criança, e feito criança você volta a agir.

Poucas coisas ainda te fazem rir, mas já não tem a mesma graça de antes.
Médicos nunca foram tão visitados, remédios nunca foram tão tomados como agora, e nada
disso parece resolver. A tristeza lhe abate aos poucos, e aí está você mais solitário que nunca.
Seus amigos estão longe, a maioria já partiu para não mais voltar, seja por obra da natureza,
ou por distanciamento, aliás, distância é uma palavra muito comum em sua realidade atual.

Aos poucos até mesmo os mais próximos vão ficando mais longe, e você se
pergunta o que há de errado nisso tudo? O que você fez para merecer isso? No final é como
você mesmo dizia há pouco tempo: “até parece que estou ficando velho!”. Tudo fica mais
difícil, e o simples ato de caminhar parece uma tortura sem fim, logo se vê esgotado. Enxerga
todos a sua volta e ninguém parece te ver como realmente é: um herói.

Você também pode gostar