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Sandra Alexandre
Projecto: Deriva
Os espaços urbanos são extremamente ricos, no entanto é comum atravessá-los
sem tempo para libertar a mente e os desfrutar. Foco-me no espaço onde cresci, numa
tentativa de o ver de verdade, de encontrar algo novo.
Com o conceito de Psicogeografia e teoria da deriva de Guy Debord em mente,
vagueio pelas ruas de Salvaterra de Magos sem rumo definido, recolhendo tudo aquilo
que considero interessante, anotando e traçando os caminhos percorridos. A análise é
feita posteriormente onde jogo com as informações recolhidas e crio relações entre as
mesmas.
O conceito de Psicogeografia estuda a forma como um local pode afectar as
emoções e ações de uma pessoa. O termo foi inventado pelo teórico marxista Guy
Debord em 1955 para explorar como diferentes lugares nos transmitem diferentes
sensações. Como ferramenta de exploração deste conceito foi utilizada a teoria da Deriva
- partindo de um determinado lugar, o indivíduo parte por uma rota incerta, deixando o
espaço determinar o seu percurso.
Partindo deste conceito comecei a caminhar sem rumo e sem um objecto final
definido. Desde logo, houve um desejo de delinear o caminho à medida que o ia
percorrendo. Fui também fotografando e recolhendo tudo o que achava interessante ou
curioso, tudo o que realçava - seja pelos materiais, pela composição ou gama cromática.
Senti necessidade de construir um recipiente que mantivesse toda a informação
organizada e fácil de transportar sem danificar. Assim, construí uma caixa onde posso
guardar os objectos que vou recolhendo nas deambulações, na tampa acrescentei uma
prancheta, o que torna possível, não só manter os desenhos e anotações em ordem, mas
também transportar comigo e desenhar nela.
Num segundo momento, a partir do primeiro trabalho, explorei os materiais,
grafismos e fotografias que recolhi no momento das derivas.
Referências
GUY DEBORD (1931-1994)
Guy Debord foi um escritor marxista francês e um dos pensadores da Situacionist.
Debord criou o conceito de Psicogeografia Debord ansiava por uma visão da arquitectura
mais aberta à exploração ao invés de funcional.