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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANDRÉ LUÍS FONTES FERREIRA

APLICAÇÃO DO SOFTWARE ATP DRAW PARA ESTUDO DE CASO DE


"SYMPATHETIC TRIPPING PHENOMENA"

NITERÓI
2019
ANDRÉ LUÍS FONTES FERREIRA

APLICAÇÃO DO SOFTWARE ATP DRAW PARA ESTUDO DE CASO DE


"SYMPATHETIC TRIPPING PHENOMENA"

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.

Orientador:
Prof. Dr. Thales Terrola e Lopes

Coorientador:
Msc. Milon Pereira da Silva

Niterói, RJ
2019
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA GERADA EM:


http://www.bibliotecas.uff.br/bee/ficha-catalografica
ANDRÉ LUÍS FONTES FERREIRA

APLICAÇÃO DO SOFTWARE ATP DRAW PARA ESTUDO DE CASO DE


"SYMPATHETIC TRIPPING PHENOMENA"

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.

Aprovado em 11 de dezembro de 2019, com nota ____,__ (valor, valor), pela banca
examinadora.

BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Prof. Dr. Thales Terrola e Lopes – Orientador
UFF
________________________________________________
Msc. Milon Pereira da Silva – Coorientador
UFRJ
________________________________________________
Prof. Dr. Thiago Trezza Borges – Membro Convidado
UFF
________________________________________________
Msc. Thomas Moreira Campello – Membro Convidado
UFRJ
________________________________________________
Eng. Marcos Paulo Stoduto Salabert da Silva – Membro Convidado
Enel Distribuição Rio
Niterói
2019
À minha mãe, Vânia Lúcia Fontes Ferreira, ao
meu pai Alexandre José Ferreira, aos meus
irmãos Alexandre e Anna Clara e a minha
namorada Bianca Oliveira.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelo imensurável apoio e por estarem presente em toda minha
formação não só acadêmica como pessoal.
À toda minha família e amigos, que sempre me deram suporte e estiveram ao meu
lado.
À minha namorada Bianca, por estar ao meu lado, me dando apoio e confiança nesse
momento importante da minha vida.
Ao professor e orientador Thales Terrola e Lopes, pela orientação e suporte, sendo
fundamental na minha formação.
Ao meu amigo e coorientador Milon Pereira da Silva, por todo suporte dado, e auxilio
em todo momento, sendo essencial para conclusão desse trabalho.
Aos meus professores, pelos seus ensinamentos, dando o suporte necessário para a
conclusão do curso de Engenharia Elétrica.
“Não tenha pressa, mas não perca tempo”
José Saramago
RESUMO

Devido ao crescimento gradativo tanto do aspecto de consumo, como da necessidade


de continuidade do seu fornecimento os estudos efetuados para a aplicação e dimensionamento
dos esquemas de Proteção de Sistemas Elétricos de Potência demonstram necessitar de
ferramentas que possibilitem a realização de analises minuciosas para uma ideal tomada de
decisão quanto à especificação dos equipamentos que devem compor o esquema de proteção
da área observada. Nesse aspecto o desenvolvimento deste trabalho prioriza a demonstração de
uma utilização de um software conceituado no mercado na área de estudos de transitórios
eletromagnéticos, conhecido pela fidelidade de seus modelos com relação a realidade e sem
custo associado. Aplicando seu uso na área de simulação de casos específicos em estudos de
proteção, que retratam os casos de “sympathetic trip”, que tem como significado uma operação
indevida de determinado relé fora da região de anormalidade. Para tal foi necessária a utilização
da ferramenta Models com objetivo de implementar e validar relés de sobrecorrente
temporizado e suas diferentes curvas no programa ATP (Alternative Transients Program) de
maneira que possa ser utilizada para realizar estudos de proteção que envolvam curto-circuito.
Este trabalho demonstrou que a utilização do software ATP e do relé implementado foi
satisfatório e evidenciou, influenciado por um estudo de caso, uma das causas de “sympathetic
trip”, que é a demora da recuperação da tensão em regiões com cargas de caráter muito indutiva,
tendo como conclusão a necessidade de uma boa escolha das curvas do relé, dimensionamento
do Tape do Transformador de Corrente a ele atrelado.

Palavras-Chave: “Sympathetic Trip”, ATP, Relé de Sobrecorrente, MODELS


ABSTRACT

Due to the gradual growth of both the consumption aspect and the need for continuity
of its supply, the studies carried out for the application and sizing of the Power Systems
Protection schemes show the need for tools that allow the thorough analysis for an ideal take.
decision regarding the specification of the equipment that should make up the protection
scheme of the observed area. In this aspect, the development of this work prioritizes the
demonstration of the use of a reputable software in the market in the area of electromagnetic
transients studies, known for the fidelity of its models in relation to reality and without
associated cost. Applying its use in the area of specific case simulation in protection studies,
which portray the cases of sympathetic trip, which means the improper operation of a particular
relay outside the abnormality region. This required the use of the Models tool to implement and
validate time overcurrent relays and their different curves in the ATP (Alternative Transients
Program) program so that it can be used to conduct protection studies involving short circuits.
This work demonstrated that the use of the ATP software and the implemented relay
was satisfactory and evidenced, influenced by a case study, one of the causes of sympathetic
trip, which is the delay of voltage recovery in regions with very inductive loads. , concluding
the need for a good choice of relay curves, Current Transformer Tape sizing.

Keywords: “Sympathetic Trip”, ATP, Overcurrent Relay, MODELS.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma de um Sistema de Proteção. .................................................................. 7


Figura 2 – Esquema simplificado de ligações de TP e TC. ........................................................ 8
Figura 3 – Diagrama Unifilar de um Sistema de Proteção. ........................................................ 9
Figura 4 – Sistema Unifilar com as zonas de proteção. ........................................................... 10
Figura 5 – Princípio de sobreposição de zonas......................................................................... 11
Figura 6 – Rede Elementar. ...................................................................................................... 13
Figura 7 - Relé Eletromecânica. ............................................................................................... 15
Figura 8 – Relé Eletrônico. ....................................................................................................... 16
Figura 9 – Relé Digital. ............................................................................................................ 17
Figura 10 – Esquema Básico de ligação dos Relés Secundários. ............................................. 17
Figura 11 – Curva de Ajuste do relé de sobre corrente. ........................................................... 18
Figura 12 – Oscilografia do Relé de Proteção do Transformador Geral de Baixa da SE XYZ.
.................................................................................................................................................. 20
Figura 13 – Cálculo do Fator de Potência da Região através dos fasores de corrente e tensão.
.................................................................................................................................................. 21
Figura 14 – Carregamento da LT ABC/XYZ circuito #1 34,5 kV. .......................................... 21
Figura 15 – Carregamento pré e pós falta (depois do Religamento automático da LT ABC/XYZ
circuito #1 34,5kV. ................................................................................................................... 22
Figura 16 – Zoom mostrando a sequência de religamento da LT+Trafo ................................. 22
Figura 17 – Módulos de simulação e de suporte aos cálculos do ATP. ................................... 25
Figura 18 – Transformador Modelo BCTRAN. ....................................................................... 26
Figura 19 – Dados do transformador. ....................................................................................... 27
Figura 20 – Principais Instruções da MODELS. ...................................................................... 29
Figura 21 – Modelo de cabeçalho do Models........................................................................... 31
Figura 22 – MODELS integrada com a rede elétrica. .............................................................. 32
Figura 23 – Etapas para a criação de um Model no ATPDraw. ............................................... 33
Figura 24 – Localização do arquivo default da MODELS no ATPDraw. ............................... 34
Figura 25 – Elemento da MODELS formado pelo Default ...................................................... 34
Figura 26 – Localização do arquivo Files (sup/mod) da MODELS no ATPDraw. ................. 35
Figura 27 – Caixa de dialogo com dados da Models................................................................ 36
Figura 28 – Diferentes tipos de componentes MODELS type 94 e como eles se comunicam com
o ATP........................................................................................................................................ 37
Figura 29 – Localização do arquivo Type 94 da MODELS no ATPDraw. ............................. 39
Figura 30 – Caixa de dialogo contendo os dados da componente Type 94 da MODELS. ...... 40
Figura 31 – Elemento Type 94 da MODELS no ATPDraw..................................................... 40
Figura 32 – Dados Inseridos pelo Usuário para o Relé de Sobrecorrente temporizado. .......... 43
Figura 33 – Fluxograma do Relé de Sobrecorrente Temporizado............................................ 44
Figura 34 – Sistema Básico par a Simulação do Relé. ............................................................. 45
Figura 35 – Valores limites para atuação do relé. .................................................................... 46
Figura 36 - Dados preenchidos pelo usuário. ........................................................................... 47
Figura 37 - Corrente eficaz durante atuação do relé temporizado. ........................................... 48
Figura 38 – Sinal de Trip durante a atuação do relé temporizado. ........................................... 49
Figura 39 – Correntes de fase da linha. .................................................................................... 49
Figura 40 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 50
Figura 41 – Curvas de atuação de tempo inverso IEC. ............................................................ 51
Figura 42 – Corrente Eficaz da simulação 2............................................................................. 52
Figura 43 – Sinal de Trip na simulação. ................................................................................... 52
Figura 44 – Corrente de fase da linha de transmissão. ............................................................. 53
Figura 45 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 54
Figura 46 – Corrente Eficaz da simulação 3............................................................................. 55
Figura 47 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado. ........................................ 55
Figura 48 – Corrente de fases do sistema (linha). .................................................................... 56
Figura 49 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 57
Figura 50 – Corrente Eficaz da simulação 4............................................................................. 58
Figura 51 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado. ........................................ 58
Figura 52 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 59
Figura 53 – Corrente Eficaz da simulação 5............................................................................. 60
Figura 54 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado. ........................................ 60
Figura 55 – Corrente de fases do sistema (linha). .................................................................... 61
Figura 56 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 62
Figura 57 – Corrente Eficaz da simulação 6............................................................................. 62
Figura 58 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado. ........................................ 63
Figura 59 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 64
Figura 60 – Corrente Eficaz da simulação 7............................................................................. 64
Figura 61 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado. ........................................ 65
Figura 62 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé. .......... 66
Figura 63 – Corrente Eficaz da simulação 8............................................................................. 66
Figura 64 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado. ........................................ 67
Figura 65 – Sistema de Distribuição Através da condição de falha. ........................................ 69
Figura 66 – Caso Andirá Leste ................................................................................................. 73
Figura 67 – Aproximação do sistema teste simulado. .............................................................. 74
Figura 68 – Dados da carga que foi utilizada para a aplicação do curto. ................................. 75
Figura 69 – Dados do motor de indução inserido no caso........................................................ 76
Figura 70 – Dados do relé de proteção 51. ............................................................................... 77
Figura 71 – Trip do relé. ........................................................................................................... 78
Figura 72 – Corrente eficaz no secundário do TC do relé. ....................................................... 78
Figura 73 – Corrente do Sistema (linha). ................................................................................. 79
Figura 74 – Tensões de fases na barra LONDR-PR138 kV. .................................................... 79
Figura 75 – Dados de Relé de proteção. ................................................................................... 80
Figura 76 – Trip do relé. ........................................................................................................... 81
Figura 77 – Correntes Eficazes vistas pelo relé de proteção. ................................................... 81
Figura 78 – Tensões de fase da barra LONDR-PR138 kV. ..................................................... 82
Figura 79 – Correntes de fases na linha. ................................................................................... 82
Figura 80 – Diagrama teste. ...................................................................................................... 83
Figura 81 – Dados do relé de proteção. .................................................................................... 84
Figura 82 – Correntes de fase na linha onde o motor está inserido. ......................................... 85
Figura 83 – Sinal de trip do relé de proteção. ........................................................................... 85
Figura 84 – Tensões de fase na linha onde o motor está inserido. ........................................... 86
Figura 85 – Dados do relé de proteção. .................................................................................... 87
Figura 86 – Correntes de fase na linha onde o motor está inserido. ......................................... 87
Figura 87 – Sinal de trip do relé de proteção e as correntes eficazes. ...................................... 88
Figura 88 – Tensões de fase na linha onde o motor está inserido. ........................................... 88
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela de especificação dos tipos de curva segundo as normas IEC 60255-3 e IEEE
C37.112. ................................................................................................................................... 19
Tabela 2 – Tabelas dos valores das resistências e tempos das chaves. .................................... 46
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANSI American National Standards Institute


ATP Alternative Transients Program
BPA Bonneville Power Administration
CBUE Comitê Brasileiro de Usuários do EMTP
CP&L Central Power and Light
EMTP Electromagnetic Transients Program
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
RTC Relação do Transformador De Corrente
SCE Southern California Edison
SMUD Sacramento Municipal Utility District
TACS Transient Analysis of Control Systems
TC Transformadores de Corrente
TOC Time Overcurrent
TP Transformadores de Potencial
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ........................................................................ 1
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 2
1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 2
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 3
2 PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA ........................................ 4
2.1 FILOSOFIA DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO ..................................................... 6
2.1.1 SELEÇÃO DE UM ESQUEMA DE PROTEÇÃO .............................................. 6
2.1.2 COMPOSIÇÃO DE UM ESQUEMA DE PROTEÇÃO ..................................... 7
2.1.3 REQUISITOS FUNCIONAIS DE UM ESQUEMA DE PROTEÇÃO ............... 9
2.1.4 NÍVEIS BÁSICOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO ................................... 9
2.1.5 ZONAS DE PROTEÇÃO .................................................................................. 10
2.1.6 SELETIVIDADE DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO ........................................ 11
2.2 RELÉS DE PROTEÇÃO ........................................................................................... 12
2.2.1 RELÉ ELEMENTAR ......................................................................................... 12
2.2.2 FORMA DE ACIONAMENTO ......................................................................... 13
2.2.3 TIPOS DE RELÉ ................................................................................................ 14
2.2.4 RELÉS DE SOBRECORRENTE....................................................................... 17
3 CASO DISTRIBUIDORA DO SUDESTE ................................................................... 20
4 PROGRAMAS ATP E ATPDRAW ............................................................................. 23
4.1 ATP ............................................................................................................................ 23
4.2 ATPDRAW ................................................................................................................ 26
4.3 MODELS ................................................................................................................... 27
4.3.1 FUNÇÕES DA MODELS .................................................................................. 29
4.3.2 INTERAÇÃO COM A REDE ELÉTRICA ....................................................... 32
4.3.3 TIPOS DE MODELS ......................................................................................... 33
4.4 FUNÇÃO 51 USANDO A LINGUAGEM MODELS .............................................. 41
4.4.2 SIMULAÇÃO 1 ................................................................................................. 47
4.4.3 SIMULAÇÃO 2 ................................................................................................. 50
4.4.4 SIMULAÇÃO 3 ................................................................................................. 54
4.4.5 SIMULAÇÃO 4 ................................................................................................. 56
4.4.6 SIMULAÇÃO 5 ................................................................................................. 59
4.4.7 SIMULAÇÃO 6 ................................................................................................. 61
4.4.8 SIMULAÇÃO 7 ................................................................................................. 63
4.4.9 SIMULAÇÃO 8 ................................................................................................. 65
5 FÊNOMENO “SYMPATHETIC TRIPPING” ............................................................. 67
5.1.1 ANÁLISE ........................................................................................................... 68
5.1.2 SOLUÇÕES ....................................................................................................... 71
5.1.3 SIMULAÇÕES/RESULTADOS NO ATP ........................................................ 72
5.1.4 SIMULAÇÕES NO ATP ................................................................................... 83
6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ............................................................. 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 91
ANEXO A – Programação do Relé 51 na Linguagem MODELS ........................................... 94
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

A energia elétrica desde o início de seu uso até o momento presente transformou-se
em um recurso primordial na rotina do ser humano, imprescindível na saúde, educação,
segurança e um fator crucial para o desenvolvimento econômico de uma sociedade. Esta
dependência exige que sua oferta seja perpetua tornando-se necessário uma matriz de geração
energética vasta e diversificada.
Em um país como o Brasil, de dimensões continentais e com uma ampla bacia
hidrográfica, a produção de energia é majoritariamente oriunda de usinas hidrelétricas,
entretanto as localizações dessas unidades geradoras são afastadas das metrópoles e maiores
centros de consumo. Devido a essa distância, é exigido que a execução da transmissão e da
distribuição dessa energia do ponto de geração ao ponto de consumo seja impecável. Essa
conjuntura concebe ao sistema elétrico uma maior complexidade, já que por conta de sua
extensão territorial as linhas de transmissão são suscetíveis a diferentes tipos de falhas ou
defeitos, podendo ser de natureza humana, como falhas em manobras ou vandalismo, de
fenômenos da natureza, como condições climáticas adversas, por exemplo descargas
atmosféricas, contato com aves ou árvores, e de condições anormais de funcionamento, como
desequilíbrio de tensão e curto-circuito. Assim, o sistema de proteção instalado deve atuar na
ocorrência desses defeitos de maneira que a menor região possível seja afetada.
Visto a importância que deve ser atribuída nos estudos elétricos, projetos e instalações,
com o advento da era digital, no decorrer das últimas décadas, a utilização de softwares com
capacidade de realizar uma simulação fiel a realidade do sistema se tornou uma prática habitual
e confiável, tornando possível prever possíveis falhas de um sistema antes de sua
implementação, além de possibilitar a realização de estudos de casos de anomalias reais
ocorridas no sistema, verificar causas dessas perturbações e formas de mitiga-las,
dimensionamento otimizado dos dispositivos de proteção, gerando uma economia em um setor
de elevado custo.
Nesse contexto o uso software ATP, que é uma importante ferramenta usada em
estudos de fenômenos transitórios eletromagnéticos, vem ganhado destaque em estudo de
proteção. Em seu ambiente computacional, o ATP permite a utilização de uma linguagem
própria de programação, a MODELS, para desenvolver a modelagem de equipamentos da rede,
2

para serem utilizados em formato de blocos no ATPDraw, e com isso permitir a sua utilização
de blocos que não pertencem à biblioteca do programa nas simulações.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo deste documento é estudar as causas dos fenômenos de “sympathetic


tripping”, que teve como motivação um caso observado pelo operador de uma rede de
distribuição do Sudeste. Para esse fim, vários cenários de simulação são realizados usando o
software ATP (Alternative Transients Program) para investigar o desempenho do sistema de
proteção em diferentes casos e avaliar o estado geral da rede.
Outro objetivo não menos importante deste documento é o de apresentar uma
alternativa de software para estudos de proteção de redes elétricas. Já que os demais utilizados
possuem um alto valor de custo e o ATP é um software livre já difundido no mercado e
conceituado em outras áreas como a de estudo de transitórios eletromagnéticos na qual, apesar
de uma forte concorrência ainda domina a maior fatia de usuários para essa aplicabilidade.

1.3 JUSTIFICATIVA

A utilização do ATP em estudos de proteção de Sistemas Elétricos de Potência,


permite, através de simulações computacionais, fazer análises desse sistema em um ambiente
virtual, o que pode ser aplicado tanto no estudo de planejamento da proteção podendo realizar
estudos de dimensionamento de equipamentos e de ajustes dos mesmos. Também pode ser
utilizado em estudos de proteções já existentes com alterações na rede para a qual foram
definidos, trazendo uma economia de custo por não exigir testes com equipamentos reais e
estudos dos mesmos em laboratório. Além disso, por se tratar de um software livre, a construção
de modelagens de rede e estudo de sua proteção em disciplinas acadêmicas poderiam trazer o
conteúdo teórico ao resultado prático através de um laboratório virtual tornando a aprendizagem
mais próxima da realidade em campo. A única desvantagem em sua utilização é a necessidade
da modelagem dos relés através da ferramenta MODELS, embora o mesmo possa ser
considerado uma vantagem do software, em sua implementação existe uma dificuldade
imposta, fato que pode ser ultrapassado, como veremos no decorrer desse documento.
3

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo introdutório deste trabalho, apresenta-se o problema a ser abordado, bem


como o seu contexto, o objetivo geral e a justificativa deste trabalho.
Já o segundo capítulo, apresenta uma breve revisão teórica sobre Proteção de Sistemas
Elétricos de Potência, abordando suas principais características.
O terceiro apresenta o caso real que motivou este trabalho
O quarto capítulo apresenta o software ATP, que foi utilizado para a criação dos
modelos dos componentes e para as simulações, como criar componentes no programa ATP e
as respectivas simulações para este trabalho.
O quinto apresenta o fenômeno “sympathetic trip” estudado no trabalho e as
simulações dos componentes frente a esse fenômeno.
O sexto e último capítulo apresenta as conclusões referentes à criação e simulação dos
componentes, bem como sugere trabalhos futuros.
4

2 PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Como visto no capítulo introdutório, o território brasileiro é de dimensão continental


e a energia elétrica em grande parcela é gerada em regiões longínquas dos grandes blocos
consumidores. Na operação em tempo real do Sistema Elétrico de Potência brasileiro, devido a
essa extensão e complexidade, existe uma grande suscetibilidade a falhas, seja ela de natureza
humana, decorrente de impactos de fenômenos da natureza ou até mesmo, erros de
funcionamento dos componentes de sua composição (Mamede, 2013).
De forma a caracterizar as anomalias ocorridas na operação dos sistemas elétricos
podemos segrega-las em quatro tipos de acordo com suas características
• Curto-circuito passagem de corrente elétrica acima do normal em um circuito devido à
uma conexão anormal de baixa impedância feita entre dois pontos de diferentes níveis
de potencial;
• Sobrecarga: corrente de alta magnitude, acima do valor nominal e inferior em magnitude
a uma corrente de curto circuito que acelera a deterioração da isolação;
• Subtensão: é uma queda do nível de tensão, acarretando em uma tensão abaixo da
nominal, causada geralmente pelo desbalanceamento na distribuição da energia elétrica;
• Sobretensões: é um fenômeno contrário a subtensão, no qual o nível de tensão
encontra – se acima da nominal, podendo ocorrer após a interrupção do fornecimento
de energia elétrica;
5

Apesar de atípico, por vezes essas as falhas quando de maior magnitude tem a
capacidade de ocasionar uma queda generalizada, conhecida como blecaute. Afim de mitigar a
área afetada e prontamente restabelecer o fornecimento de energia elétrica, existem
automatizações adequadas do sistema e procedimentos preestabelecidos de operação (Sato,
2013).
Ainda assim, mesmo que todas as precauções sejam devidamente tomadas desde a fase
de elaboração do projeto, instalação, sendo obedecidos e executados todos procedimentos de
operação, protocolos de rede e recomendações das normas existentes, a ocorrência dos curtos-
circuitos, das sobrecargas e das sub e sobretensões são inerentes ao sistema elétrico e deverão
acontecer ao longo de seu funcionamento (Mamede, 2013).
Nesse contexto, deve ser atribuída aos estudos, projetos e instalações dos esquemas de
proteção elétrica um caráter de relevante preocupação para o sistema elétrico como um todo,
tendo em sua atuação a responsabilidade de funcionamento dos equipamentos que constituem
a rede com menor degradação no decorrer da sua vida útil devido às perturbações.
6

2.1 FILOSOFIA DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

O sistema de proteção deve ser implementado de forma a garantir de modo econômico


a qualidade no fornecimento de energia elétrico, com o mínimo de interrupções, assegurando a
continuidade de maneira otimizada protegendo e preservando os ativos da rede, não afetando
sua vida útil e nos casos de interrupção, retirar o menor trecho possível evitando a propagação
da falha, e de maneira a extinguir o defeito da forma mais rápida.
É necessário para a análise de um esquema de proteção dos sistemas elétricos a
compreensão da diferenciação entre algumas condições de operação em tempo real do sistema,
são eles:
• Funcionamento normal, operação esperada sem ocorrência de erros de qualquer
natureza com os equipamentos em perfeita execução de suas funções, sem falhas
aleatórias
• Funcionamento anormal, são situações fora das condições normais de operação que
provocam distúrbios na rede elétrica de menor intensidade que o curto circuito;
• Curto-circuito, são os eventos de maior criticidade, tendo a capacidade de deteriorar a
rede e ocasionar em alguns casos na interrupção do fornecimento de energia elétrica

2.1.1 SELEÇÃO DE UM ESQUEMA DE PROTEÇÃO

No estudo preliminar de seleção de proteção alguns aspectos, estudos e análises devem


ser levados em consideração para uma melhor especificação dos equipamentos a serem
implementados. São eles como visto em:
➢ Características operacionais do equipamento;
➢ Arranjo do equipamento no sistema;
➢ Estudos elétricos:
▪ Curto-circuito: coordenação e sensibilidade
▪ Fluxo de potência: carregamentos máximos
▪ Eletrodinâmicos: tempos de atuação
➢ Previsão de expansões futuras;
➢ Necessidades de operação e manutenção;
➢ Custo de aquisição
7

2.1.2 COMPOSIÇÃO DE UM ESQUEMA DE PROTEÇÃO

De maneira simplificada, a lógica de funcionamento do sistema de proteção é


exemplificada na Figura 1 (Fuji Sato, 2013)

Figura 1 – Fluxograma de um Sistema de Proteção.

Fonte: Fuji Sato (2013).

Os parâmetros primordiais para o pleno funcionamento do sistema são coletados


aferindo a medição dos mesmos por equipamentos conhecidos como transformadores de
instrumento são eles: os transformadores de corrente (TCs) e os transformadores de potencial
(TPs). Os TCs e TPs, são utilizados para que as magnitudes das correntes e das tensões sejam
transformadas em parâmetros de menor escala de grandeza devido à restrição construtiva
imposta, condição tal que se fosse necessário realizar uma medição direta, os equipamentos
responsáveis por essa aferição teriam de ser de maior dimensão acarretando em alto custo.
Assim, essas grandezas secundárias obtidas dessa transformação são lidas pelo relé de proteção,
que compara o valor medido com o valor previamente ajustado no relé, de forma que caso o
valor medido supere o valor ajustado o relé opera e atua sobre o disjuntor abrindo o circuito.
Os esquemas simplificados de ligação do TP e TC podem ser vistos na Figura 2
8

Figura 2 – Esquema simplificado de ligações de TP e TC.

Fonte: Página Universo Lambda. Disponível <http://universolambda.com.br/transformadores-de-


medicao-de-alta-e-media-tensao>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Separadamente podemos relacionar os principais equipamentos que constituem um


sistema de proteção descrevendo suas funções, que de acordo com (Sato, 2013), são:
• Os transformadores de instrumento são responsáveis pela redução das medidas
de corrente (TC) e de tensão (TP), que têm a função o isolamento das ligações
da alta tensão com aparelhos de medição e proteção, cujo seus aspectos
construtivos não atribuem a eles condições de suportabilidade aos valores reais
das tensões e correntes da instalação.
• O relé de proteção é um dispositivo com a funcionalidade de detectar as falhas
que ocorrem na rede, encontrando sua localização, alarmando os operadores,
promovendo o disparo de alarmes, sinalizações e a abertura de disjuntores de
modo a isolar o defeito, mantendo o restante do sistema em operação normal,
sem que os efeitos desse defeito prejudiquem sua normalidade (Kindermann,
2012).
• O disjuntor é um equipamento de alta tensão com capacidade para interromper
correntes de curtos-circuitos, isolando a parte sob falta do restante do sistema.
(Sato, 2013).
Um fator importante é que o sistema de proteção necessita de uma fonte de corrente
contínua, fornecida normalmente por uma bateria. Com capacidade de alimentar o sistema de
proteção e também os sistemas de controle e sinalização e, muitas vezes, a iluminação de
emergência da subestação ou da usina como mostrado na Figura 3 (Sato, 2013).
9

Figura 3 – Diagrama Unifilar de um Sistema de Proteção.

Fonte: Fuji Sato (2013).

2.1.3 REQUISITOS FUNCIONAIS DE UM ESQUEMA DE PROTEÇÃO

Já com a finalidade de atender uma performance de atuação, o esquema de proteção


para sua plena função necessita que sejam respeitados os seguintes requisitos funcionais:
➢ Sensibilidade: assegurando que o esquema de proteção realizará a detecção das
anomalias, independente de que seja mínima as condições de operação;
➢ Velocidade: com rápida atuação o dano ao ativo da rede é reduzido;
➢ Funcionalidade: demonstrar o tipo e a localização da falta;
➢ Confiabilidade: que o sistema só atua em caso de necessidade;
➢ Segurança-Não deve haver atuações desnecessárias.
➢ Seletividade-Capacidade de correta discriminação da falta;
➢ Estabilidade-Não operação para faltas externas ou transitórios.

2.1.4 NÍVEIS BÁSICOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

De um modo geral, a atuação de um sistema de proteção ocorre em três níveis:


➢ Proteção principal: primeiro a atuar em caso de anomalia;
➢ Proteção de retaguarda: atua só em circunstancias em que a principal falha;
➢ Proteção auxiliar: são proteções que auxiliam as demais tanto a principal
quanto a retaguarda, como por exemplo, sinalização e alarme;
10

2.1.5 ZONAS DE PROTEÇÃO

Para o entendimento da proteção de um sistema elétrico, faz-se necessária a


compreensão do termo zonas de proteção, que são as áreas onde atuam os equipamentos de
proteção, a partir dessa definição o componente responsável pela proteção dessa área, em caso
de ocorrência de anomalia, deve dispor da habilidade de distinguir se a mesma se encontra na
área protegida. Para um melhor desempenho, é considerada boa prática, dividir a rede em zonas
de proteção centradas no equipamento de proteção, como consta na Figura 4.
Figura 4 – Sistema Unifilar com as zonas de proteção.

Fonte: Martins Belmino (2017).

De maneira geral, para prevenção dos equipamentos, dependendo da sua importância


para o sistema elétrico, as zonas de proteção, visto na Figura 4, são sobrepostas com propósito
de que nenhum elemento fique desprotegido eliminando as zonas mortas que podem não ser
detectadas por proteções subsequentes. Para que essa sobreposição atinja sua finalidade é de
suma importância à definição precisa dos TCs como pode ser visto na parte (A) da Figura 5,
onde é instalado um TC em cada lado do disjuntor. Entretanto, por motivos econômicos, na
pratica geralmente é utilizado apenas um TC com vários enrolamentos secundários, como
mostrado na parte (B) da mesma figura (Goes, 2013).
11

Figura 5 – Princípio de sobreposição de zonas.

Fonte: Ribeiro Gomes Goes (2013).

2.1.6 SELETIVIDADE DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO

• Seletividade Amperimétrica: Como o nome sugere, se baseia no fato das correntes de


curto-circuito aumentarem a medida que se aproximam da fonte, é também chamada
de seletividade por corrente (Xavier & Romano, 2013).
• Seletividade Cronométrica: se baseia em retardar a atuação da proteção a montante
para que a proteção a jusante tenha disponibilidade de tempo necessário para sua
atuação, eliminando a anomalia e isolando o sistema (Xavier & Romano, 2013).
• Seletividade Lógica: combina a proteção de sobrecorrente com um esquema de
comunicação, de forma a obter tempos extremamente reduzidos (Xavier & Romano,
2013).
12

2.2 RELÉS DE PROTEÇÃO

Como previamente mencionado, temos um protagonismo do relé no esquema de


proteção, sendo o dispositivo responsável pela detecção de anomalias que possam ocorrer no
funcionamento do sistema elétrico, operando de forma a retirar os equipamentos ou
componentes envolvidos com a anormalidade e, caso necessário, acionando circuitos de alarme
(Araújo, 2005).
Com o aumento gradativo da demanda de energia elétrica no território nacional e por
se tratar de um bem necessário no cotidiano da população, temos a necessidade que seu
fornecimento seja ininterrupto, ou que ao menos essa situação de abastecimento permanente
abranja a maior gama do sistema. Com isso, temos que os relés são os sensores que,
estrategicamente colocados no sistema elétrico de potência, tem a função de observar o
funcionamento e detectar qualquer anormalidade e, nesses casos, efetuar a proteção dos
componentes e equipamentos, evitando a deterioração dos mesmos, isolando o defeito do resto
do sistema, possibilitando a continuidade do fornecimento.

2.2.1 RELÉ ELEMENTAR

O relé elementar de proteção é basicamente constituído de parte mecânico – caixa com


terminais e tampa, berço ou base, elementos móveis e componentes fixos, como ilustra a Figura
6.
13

Figura 6 – Rede Elementar.

Fonte: Oliveira Guimarães (2017).

De suas partes constituintes, o relé tem um componente responsável pela operação que
obtém as informações dos equipamentos de medição, de corrente dos TCs e da tensão dos TPs,
podendo ser de ambos ou de apenas um deles, a depender da função do relé no sistema, podendo
através da análise dessa grandeza ter a capacidade de diagnosticar o funcionamento do sistema
em normal ou anormal, a partir desse reconhecimento caso seja necessário esse componente
atua de forma a exercer na outra parte de sua estrutura física que são basicamente dois contatos,
que em aberto significam funcionamento normal, um movimento para selar esses contatos.
Sendo nesse caso de defeito, com os contatos do relé fechados, os circuitos de alarme e abertura
de um disjuntor são energizados, dessa abertura o elemento em curto é isolado interrompendo
o fluxo de corrente que o energiza.

2.2.2 FORMA DE ACIONAMENTO

A forma em como são acionados os equipamentos de interrupção por meio dos relés
podemos segregar em dois tipos de relé que são:
14

• Relés primários: Acionamento Direto.


Amplamente difundidos em esquemas de proteção de pequeno e médio porte
industrial, dispensam a utilização de TPs e TCs, por estarem diretamente
ligados ao sistema, por esse motivo são conhecidos como relé de ação direta.
• Relés secundários: Acionamento Indireto
Utilizados em esquemas de proteção de médio e grande porte, por utilizarem
TPs e /ou TCs, são conhecidos como relé de ação indireta, já que os mesmos
necessitam dos transformadores para reduzir suas respectivas grandezas

2.2.3 TIPOS DE RELÉ

2.2.3.1 RELÉS ELETROMECÂNICOS DE INDUÇÃO

Constituído por bobinas, disco de indução, molas, contatos fixos e móveis os relés
eletromecânicos de indução são tidos como um equipamento de alto refino podendo ser
comparados aos antigos relógios. Costumam ser fácil manutenção e de fácil ajuste dos
parâmetros elétricos (Mamede, 2013).
Nos dias de hoje os relés eletromecânicos de indução não são mais fabricados, mas
ainda assim milhares desses dispositivos continuam instalados nas subestações das
concessionárias de energia elétrica por serem equipamentos com tempo de vida útil longo e
somente são substituídos normalmente quando é feita alguma intervenção no sistema de
proteção da subestação, motivada por reforma, ampliação ou necessidade de se alcançar melhor
desempenho operacional (Mamede, 2013).
A Figura 7 mostra um relé de sobrecorrente eletromecânico de indução (Mamede,
2013).
15

Figura 7 - Relé Eletromecânica.

Fonte: Mamede Filho (2013).

2.2.3.2 RELÉS ELETRÔNICOS

Os relés eletrônicos costumam ser de menor dimensão que os relés eletromecânicos de


indução, propiciando painéis de comando e controle com menores dimensões, podendo
influenciar se aplicado em grande escala numa redução de custo. São constituídos de circuitos
integrados dedicados a cada função desempenhada. Consomem pequena potência das fontes de
alimentação. (Mamede, 2013).
Na prática, as funções de proteção desenvolvidas para os relés eletromecânicos, foram
reproduzidas nos relés eletrônicos, utilizando-se agora circuitos impressos. A Figura 8 mostra
um relé eletrônico muito utilizado no passado (Mamede, 2013).
16

Figura 8 – Relé Eletrônico.

Fonte: Mamede Filho (2013).

2.2.3.3 RELÉS DIGITAIS

Com o advento da revolução digital e a chegada dos microcomputadores foi iniciado


o fundamento da programação dos mesmos. Os relés digitais funcionam por meio de programas
dedicados que processam as informações que chegam pelos transformadores de medida,
diagnosticando o estado da operação do sistema em tempo real.
Os relés digitais têm a capacidade de realizar várias funções de proteção. Ademais,
também realizam funções de comunicação, medidas elétricas, controle, sinalização remota,
acesso remoto etc. A Figura 9 mostra um relé digital de proteção.
17

Figura 9 – Relé Digital.

Fonte: Mamede Filho (2013).

2.2.4 RELÉS DE SOBRECORRENTE

O relé de sobrecorrente é considerado a proteção mínima necessária a um sistema


elétrico, como a Figura 10 mostra, o relé é ligado a um TC que faz a redução do nível de
magnitude da rede e permite a leitura de seu estado.

Figura 10 – Esquema Básico de ligação dos Relés Secundários.

Fonte: Kindermann (2012).

Relé de sobrecorrente temporizado (51) atua um tempo depois de ajuste de curva, de


maneira que conforme a corrente seja maior, maior será a velocidade de desligamento,
18

caracterizado por tempo definido ou tempo inverso, já o relé de sobrecorrente instantâneo (50)
atua de maneira instantânea (Kindermann, 2012). Os tempos de ajuste para atuação do relé é
representado pela Figura 11 que ilustra as curvas correlacionando tempo e corrente.

Figura 11 – Curva de Ajuste do relé de sobre corrente.

Fonte: Kindermann (2013).

A definição da curva a ser utilizada deve ser feita usando como base o equipamento a
ser protegido e a característica do sistema em que o mesmo está situado.
O ajuste da função 51 é feita pela equação
𝐾
𝑡𝑎𝑡𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑙é = 𝑇𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 (𝑀𝛼−𝛽 + 𝐿) (2.1)

Onde K, α, β, L – constantes que dependem da família de curvas escolhidas.


19

Tabela 1 – Tabela de especificação dos tipos de curva segundo as normas IEC 60255-3 e IEEE C37.112.
Norma Tipo de curva K α Β L
Curva Inversa 0,14 0,02 1 0
Moderadamente Inversa 0,05 0,04 1 0
IEC
Muito Inversa 13,5 1 1 0
Extremamente Inversa 80 2 1 0
Moderadamente Inversa 0,515 0,02 1 1,14
IEEE Muito Inversa 196,1 2 1 4,91
Extremamente Inversa 282 2 1 1,217
Fonte: Kindermann, 2015

Faixa de ajuste do tape:


𝐼𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑛𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒𝑔𝑖𝑑𝑜
(1,4 𝑎 1,5)𝐼𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ≤ 𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑙é ≤
𝑎
1,5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟𝑒𝑙é 𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟𝑜𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑜
𝑎={
1,1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟𝑒𝑙é 𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑙
Afim de alcançar o maior nível de sensibilidade na atuação e obter o maior alcance é
uma boa prática escolher a corrente de ajuste o mais próximo possível da limitação inferior:
20

3 CASO DISTRIBUIDORA DO SUDESTE

O caso base que motivou o estudo aprofundado sobre o “sympathetic trip”, ocorreu na
área de atuação de uma concessionária do sudeste do Brasil no qual devido à uma perturbação
numa linha de transmissão de 34,5kV, ocorrida em virtude de um defeito transitório e, após a
eliminação da anomalia com seu respectivo religamento automático, na região adjacente em
consequência de ser uma área domiciliar com carga indutiva devido a quantidade de motores
ligados (ar condicionados) fez com que o relé da subestação adjacente atuasse por efeito de uma
alta corrente de “inrush mantida” em seu respectivo Transformador devido a essa característica
da carga da região. Devido ao ocorrido ter sido algo inusitado para a equipe de Estudos de
Proteção, foi verificado a Oscilografia (Figura 12) pós religamento automático do
Transformador a fim de entender o porquê do aumento repentino do carregamento visto pelo
relé de proteção. Haja vista um fator de potência bem indutivo constatou-se que poderia se tratar
do efeito do “sympathetic trip” já que a falta já havia sido extinguida e fez com que um relé de
outra região atuasse indevidamente.

Figura 12 – Oscilografia do Relé de Proteção do Transformador Geral de Baixa da SE XYZ.

Fonte: Consulta de material da concessionária do sudeste do Brasil (2019).


21

Através da leitura da Oscilografia e o cálculo das componentes fasoriais (correntes e


tensões do Transformador), foi possível identificar que o Fator de Potência durante o fenômeno
era equivalente a 0,8 (indutivo) o que confirmou a hipótese de tratar-se do “Sympahetic trip”,
conforme pode ser visto na Figura 13.

Figura 13 – Cálculo do Fator de Potência da Região através dos fasores de corrente e tensão.

Fonte: Consulta de material da concessionária do sudeste do Brasil (2019).

A Figura 14 mostra o carregamento pré falta com uma magnitude em torno de 160 A
visto pelo terminal da LT ABC/XYZ circuito #1 34,5kV.
Figura 14 – Carregamento da LT ABC/XYZ circuito #1 34,5 kV.

Fonte: Consulta de material da concessionária do sudeste do Brasil (2019).

Já na Figura 15 tem-se o carregamento pré e pós falta (depois do Religamento


automático da LT ABC/XYZ circuito #1 34,5kV, com uma magnitude em torno de 300 A e 410
A, respectivamente, visto pelo Geral de Baixa do Trafo 1 da Subestação XYZ.
22

Figura 15 – Carregamento pré e pós falta (depois do Religamento automático da LT ABC/XYZ circuito
#1 34,5kV.

Fonte: Consulta de material da concessionária do sudeste do Brasil (2019).

Na Figura 16 fica mais fácil observar o que acontecera no momento do 1º desarme, visto pelo
Relé do geral de Baixa do Transformador 1.

Figura 16 – Zoom mostrando a sequência de religamento da LT+Trafo

Fonte: Consulta de material da concessionária do sudeste do Brasil (2019).

A solução aplicada pela concessionária foi alterar a curva de muito inversa para
extremamente inversa. No caso o aumento do pick up do disjuntor geral de baixa também foi
uma solução pensada porem pela relação do TC disponível ser de 400:5 mostrou-se inviável
aplicar esta solução alternativa e, até o presente momento, não foram registrados casos similares
envolvendo os bays supracitados ou mesmo desarmes indevidos das proteções desta região.
23

4 PROGRAMAS ATP E ATPDRAW

Para um entendimento mais detalhado do funcionamento de um sistema elétrico de potência,


principalmente as solicitações impostas pelos transitórios eletromagnéticos, a utilização de
simuladores digitais se faz necessária. A experimentação que pode ser efetuada com a alteração
dos parâmetros dos componentes do sistema, que seria extremamente dispendiosa torna se
possível e permite dimensionar quantitativamente as solicitações impostas aos equipamentos.
Uma dessas ferramentas de simulação digital é o ATP – Alternative Transient Program de uso
bastante difundido no setor elétrico.
As origens do ATP datam de 1984, quando houve uma proposta para a comercialização
do programa EMTP (Electro Magnetic Transients Program) desenvolvido sob os auspícios da
BPA (Bonneville Power Administration). Os Drs. W. Scott Meyer and Tsu-huei Liu, utilizando
seu tempo livre, tomaram como ponto de partida uma versão do EMTP da BPA que era de
domínio público e iniciaram o desenvolvimento de um novo programa. O ATP não é um
programa de domínio público, sendo requerido o licenciamento prévio para a sua utilização.
(Mais informações sobre o ATP e sua forma de licenciamento podem ser obtidas a partir de
http://www.emtp.org)
O ATP é um programa universal que permite a simulação de redes extremamente
complexas de topologia arbitraria e permite a simulação de diversos equipamentos. O ATP tem
sido enriquecido pelo desenvolvimento de modelos e pela existência de um grupo internacional
de profissionais que contribui através de uma lista de discussão para o seu aprimoramento.

4.1 ATP

O programa ATP – ALTERNATIVE TRANSIENTS PROGRAM (Ametani, 2015)


foi desenvolvido através de contribuições internacionais, para ser um software de simulação de
transitórios eletromagnéticos em sistemas de potência, sendo um programa computacional de
versão gratuita, para a utilização em microcomputadores, amplamente aceito no setor elétrico,
com enorme capacidade de simular redes complexas e sistemas de controle das mais diversas
estruturas de forma realística, considerando sofisticadas modelagens matemáticas dos
componentes constituintes da rede. Em suma, o programa é utilizado é para resolver equações
algébricas e equações diferenciais que são associadas aos equipamentos que estão presentes na
rede elétrica que o programa possui que, de acordo com (Rule Book, 2002), são eles:
24

• Resistências, indutâncias e capacitâncias;


• Modelos polifásicos de LTs PI-equivalente;
• Modelos polifásicos de LTs com parâmetros distribuídos;
• Medidores de corrente, de tensão e outros;
• Resistores e indutores não-lineares e resistores variáveis no tempo;
• Modelos de transformadores ideais, com curva de histerese (magnetização) e curva de
saturação, podendo incluir ou não os para-raios;
• Diodos, Triacs e Tiristores;
• Fontes de tensão e corrente;
• Máquinas elétricas rotatórias;
• Reguladores de Tensão e Velocidade;
• Para-raios;
• Controles (PLL, transformadas DQ0);
• Proteção;
• Eletrônica de Potência;
• Módulos próprios de simulação como TACS ou MODELS.
O programa tem uma modelagem trifásica e é fundamentado nas equações que utilizam
como conceito a matriz de admitância de barras. O conceito matemático que constitui o
programa tem como pilar, para parâmetros distribuídos, o método das características e para
parâmetros concentrados, a regra da integração trapezoidal para descrever as equações
diferenciais da rede que se está simulando, transformando essas equações diferenciais em
equações algébricas que são solucionadas simultaneamente em cada passo de integração (∆𝑡).
Durante a solução são utilizadas técnicas de esparsidade e de fatorização triangular otimizada
de matrizes (Rule Book, 2002), fazendo com quem a solução seja mais rápida (ganho
computacional grande).
Na Figura 17, se pode notar que o ATP possui o módulo de simulação no domínio do
tempo como sendo seu módulo principal, porém que atua em conjunto com outros módulos
auxiliares, que disponibilizam rotinas para modelagens de cabos e LTs áreas e subterrâneas;
para modelagem parâmetros dependentes da frequência; para modelagem precisa de
transformadores; determinação de parâmetros de modelos a partir de dados de projeto ou de
ensaios; entre outros. Vale ressaltar que o ATP já calcula o fluxo de potência de forma
automática para definir as condições iniciais de regime permanente para as equações
diferenciais de vários dos componentes que o programa possui, embora permita que o usuário
25

faça essa definição (Rule Book, 2002). Através da utilização deste algoritmo, é possível realizar
análises no domínio da frequência ou análises harmônicas (Ametani, 2015).

Figura 17 – Módulos de simulação e de suporte aos cálculos do ATP.

Fonte: Akhiro Ametani (2015)

Na Figura 17 é possível observar dois módulos de simulação que podem atuar em


conjunto com o módulo principal de simulação do ATP, que são o TACS, Sistema de Controle
para Análise de Transitórios ou, em inglês, Transient Analysis of Control Systems, e a
MODELS. O TACS foi desenvolvido originalmente para simulação de controle de conversores
de Corrente Contínua. Eles recebem dados elétricos dos componentes elétricos que permitem a
sua utilização conjunta com o TACS. Faz o processamento separadamente do circuito elétrico
em cada Δ𝑡, resultando em um atraso de resposta, enquanto a MODELS é uma linguagem
de simulação criada para permitir que o usuário represente modelos próprios de componentes
elétricas e sistemas variantes no tempo dentro do ATP (Campello, 2018).
O ATP é distribuído, no Brasil, pelo Comitê Brasileiro de Usuários do EMTP (CBUE)
com sede em Furnas Centrais Elétricas S.A. no Rio de Janeiro, o qual é coordenado pelo
Engenheiro Jorge Amon Filho. Qualquer pessoa ou empresa pode se associar ao CBUE. Para
26

se associar basta entrar em contato com a coordenação do programa e efetuar o cadastro como
usuário. Depois de cadastrado, o usuário tem acesso ao programa, ao manual de utilização (Rule
Book) e as novas publicações sobre o assunto.

4.2 ATPDRAW

O programa ATP possui interface em texto e uma formatação rígida, o que é pouco
amigável para uma parte considerável de usuários, a partir dessa dificuldade ocorreu o
desenvolvimento pela Bonneville Power Administration (BPA) do ATPDraw que é um pré-
processador gráfico do ATP na plataforma MS-Windows que permite a modelagem de redes
de sistemas de potência a partir de blocos pré-existentes que representam cada componente
desse sistema, os códigos do ATP são gravados na medida em que são inseridos, onde são
preenchidos os parâmetros do componente representado. Como ilustra a Figura 18 onde é
inserido um transformador BCTRAN, já na Figura 19 mostra o código em formato ATP dessa
inserção. No ATPDraw o usuário pode construir modelos digitais do circuito a ser simulado
usando o mouse e selecionar os componentes pré-definidos a partir de um menu, de forma
interativa. Com base neste circuito o ATPDraw gera o arquivo de entrada para a simulação no
ATP no formato apropriado. O ATPDRAW utiliza um layout padrão do Windows possuindo
todos os tipos de recursos de edição do circuito padrão (copiar / colar, agrupamento, girar,
exportar / importar, unido / rio). Todos os componentes inseridos na janela principal podem ser
interligados por linhas geradas com a ajuda do mouse (Kraulich, 2016).
Figura 18 – Transformador Modelo BCTRAN.

Fonte: Kraulich (2016).


27

Figura 19 – Dados do transformador.

Fonte: Kraulich (2016).

Para a visualização de gráficos e pós-processamento dos resultados, o ATPDraw


incorpora outros programas como o PlotXY, sendo assim, o ATPDRAW pode gerar como saída
ondas de corrente, tensão, potência, entre outras. Ele suporta modelagem múltipla de circuitos que
torna possível trabalhar em mais de um circuito simultaneamente e passar informações entre os
mesmos. A maioria dos componentes padrões do ATP (monofásico e trifásico) já está modelado no
ATPDraw.

4.3 MODELS

Conforme já mencionado anteriormente, MODELS é uma linguagem de programação


estruturada do ATP, construída com base na linguagem Pascal que exerce interação com a
modelagem convencional da rede dos objetos padrão do ATP utilizando a partir do comando
INPUT os dados da rede no processo de simulação Através da instrução denominada INPUT
recebe valores do circuito para utilizar no seu processamento através da instrução denominada
OUTPUT devolve para o ambiente ATP o resultado do processamento para execução de alguma
ação.
28

Essa linguagem possui suporte a uso de funções condicionais ou laços lógicos


amplamente conhecidos como if, while e for, e possibilita a criação de variáveis, vetores,
equações diferenciais, FT, integrais, polinômios e funções externas. Uma das principais
vantagens de se implementar essa linguagem é de separar a descrição dos modelos de
componentes elétricas e sistemas de controle do código fonte do ATP, além de promover um
ambiente simples e padronizado e que tem acesso a diversos parâmetros do sistema elétrico e
dos componentes, como tensão, corrente, sinais de controle ou variáveis internas de simulação,
como o tempo (Dubé, 1993).
Com isso, modelos complexos podem ser descritos com operações que podem ser
alteradas dinamicamente, durante o tempo de simulação. Ainda, é permitido que limitados
conjuntos de equações lineares possam ser resolvidas de forma matricial, usando o método de
eliminação Gaussiana. Existe a possibilidade, também, de se especificar algoritmos e equações
para serem resolvidas por processos iterativos, resolvidos por grupos de equações não lineares.
Portanto, a MODELS fornece ao usuário a possibilidade de desenvolver modelos de
componentes elétricos e algoritmos de controle complexos que não seriam possíveis de serem
descritos utilizando o TACS. Ademais, permite que o usuário tenha acesso as condições iniciais
dos componentes descritos e, também, a possibilidade de alterá-los (Campello, 2018).
O funcionamento das MODELS é dividido em duas etapas. A primeira é a inicialização
de parâmetros, que é executada apenas em 𝑡 = 0 e valores históricos e condições iniciais podem
ser definidas. A segunda etapa é onde fica definido toda a forma de operação de componente
que se quer representar pelo MODEL. Essa etapa é repetida a cada ∆𝑡 e os valores de cada
variável e parâmetros de saída e históricos são atualizados, considerando os parâmetros de
entrada lidos (Campello, 2018).
Com a finalidade de prover grande potencialidade sem perder a flexibilidade na
construção dos modelos, foi considerado necessário manter as vantagens oferecidas pelas
linguagens usuais de programação, incluindo-se as seguintes facilidades:
• Separar a descrição de um componente de seu uso efetivo na simulação;
• Permitir o uso do mesmo componente em várias instâncias, possivelmente com novos
parâmetros ou condições de simulação;
• Possibilitar formalmente que um grande modelo seja desenvolvido por partes, reduzindo
sua complexidade, explicitando a identificação das interfaces e facilitando o teste e uso
de protótipos;
29

• Possibilitar o uso de nomenclatura em separado para cada procedimento, de forma que


o usuário possa nomear as variáveis de forma apropriada;
• Suportar o uso de comentários internos à descrição, como um auxílio na produção de
modelos e procedimentos auto documentados.
Por fim, cabe ressaltar que a MODELS permite que funções e programas externos
sejam conectados ao ATP e à operação da própria MODELS, sem que seja necessárias
modificações complexas no código fonte do programa.

4.3.1 FUNÇÕES DA MODELS

A Figura 20 mostra a forma de organização dos comandos básicos, os quais devem ser
colocados a seguir dos dados conhecidos como “MISCELANEOUS DATA CARDS” e
anteceder todos os dados da rede elétrica.

Figura 20 – Principais Instruções da MODELS.

Fonte: Nonato Conceição (2015)


30

O conteúdo do arquivo a ser criado segue a estrutura textual padrão a seguir:


• MODEL-ENDMODEL: entre esses dois termos serão escrito o código em linguagem
MODELS, sendo que MODEL indica o início do código e ENDMODEL significa o fim
dos comentários;
• USE-ENDUSE: estes termos realizam a tarefa de ligação entre MODEL do ATP-EMTP
e o MODEL que contém o algoritmo criado pelo usuário. A partir da identificação dada
pelo usuário, o MODEL será referenciado. Esta é atribuída ao MODEL na sua execução
em “USE...AS...”, dentro do comendo EXEC-ENDEXEC;
• COMMENT-ENDCOMMENT: entre tais declarações é permitido incluir comentários,
a outra maneira seria incluí-los entre duplos traços (--);
• DATA: são os dados de entrada inseridos pelo usuário;
• INPUT: grandezas de entrada;
• OUTPUT: grandezas de saída;
• CONST: constantes do modelo (opcional);
• VAR: variáveis do modelo;
• TIMESTEP: passo de integração do modelo (opcional);
• DELAY CELLS: tamanho da memória armazenada;
• FUNCTION: função do modelo;
• HISTORY: histórias das variáveis;
• INIT-ENDINIT: permite que condições iniciais das variáveis possam ser inicializadas,
além de ser possível informar o histórico das variáveis;
• EXE-ENDEXEC: entre estas duas declarações, serão realizados os cálculos do
algoritmo que dependem do tempo de simulação. Elas determinam o início e término da
execução do algoritmo, respectivamente;
• RECORD: plotagem das variáveis (opcional)
Através da instrução DATA são inseridos dados pelo usuário pertinentes ao
processamento. Essa instrução define uma entrada secundária , de descrição de uso geral,
suportada por um amplo conjunto de ferramentas de simulação para a representação e estudo
de sistemas variantes no tempo, como consta na Figura 21. A descrição de cada modelo é
ativada usando sintaxe de contexto local, orientada por palavras-chave, de formato livre e
amplamente documentado.
31

Figura 21 – Modelo de cabeçalho do Models.

Fonte: Elaboração Própria.

Da Figura 21, aba NODES, existe uma coluna “kind” (tipo), essa coluna tem alguns
parâmetros, são eles (também são uma INPUT):
• 0: saída
• 1: (i) entrada de corrente
• 2: (v) entrada de tensão
• 3: (comutador) entrada de status do comutador
• 4: (match) entrada variável da máquina
• 5: (tacs) entrada variável tacs
• 6: (imssv) parte imaginária da tensão complexa do nó em estado estacionário;
• 7: (imssi) parte imaginária da corrente complexa do comutador em estado estacionário
• 7: (imssi) parte imaginária da corrente complexa do comutador em estado estacionário
• 8: saída de outro modelo
• 9: (atp) entrada da variável ATP global (MNT = número de simulação).
32

4.3.2 INTERAÇÃO COM A REDE ELÉTRICA

A comunicação da MODELS com a rede elétrica é representada por comandos de


entrada e saída conforme Figura 22. Assim como as etapas de criação de um Model no programa
ATP, visto na Figura 23

Figura 22 – MODELS integrada com a rede elétrica.

Fonte: Nonato Conceição (2015)

A interação da MODELS com a rede elétrica pode ser feita de duas formas distintas.
Uma através do elemento Type 94, que permite não haver defasagem entre a solução da rede e
a MODELS e a outra Files (sup/mod) onde as soluções da rede e das equações ficam defasadas
de um passo de integração (Dubé, s.d.).
33

Figura 23 – Etapas para a criação de um Model no ATPDraw.

Fonte: Viera Xavier & Romano (2013)

4.3.3 TIPOS DE MODELS

Nesta parte será introduzida uma breve explicação de cada Models que o programa
ATP disponibiliza para o seu usuário.

4.3.3.1 Default Model

Existe o arquivo de model default, ou seja, padrão, conforme Figura 24. Nele o usuário
pode modelar o model (desenho e estrutura) da maneira simples. Isso facilita muito a utilização
e a modelagem para os usuários que não tem muita familiaridade com o programa. O elemento
da MODELS formado no software ATPDraw pelo Default Model está representado na Figura
25.
34

Figura 24 – Localização do arquivo default da MODELS no ATPDraw.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 25 – Elemento da MODELS formado pelo Default

Fonte: Elaboração Própria.

4.3.3.2 Files (sup/mod)

Selecionando MODELS / Files (sup/mod) conforme Figura 26, escolhendo o arquivo


(.mod) contendo o programa da MODELS você cria automaticamente um objeto da MODELS.
Os dados a serem inseridos no modelo devem ser preenchidos na caixa de dialogo conforme a
Figura 27.
35

Figura 26 – Localização do arquivo Files (sup/mod) da MODELS no ATPDraw.

Fonte: Elaboração Própria.


36

Figura 27 – Caixa de dialogo com dados da Models.

Fonte: Elaboração Própria.

A entrada e saída da MODEL, o uso do modelo e a interface com resto do circuito são
manipulados pelo ATP.

4.3.3.3 Type 94

A grande vantagem do componente Type 94 é ele não ter defasagem de um passo de


tempo da interface com EMTP como acontece com componente files (sup/mod). Ele pode ser
representado diretamente no circuito como elemento não linear do EMTP. O componente Type
94 é visto pelo EMTP como caixa elétrica preta ligada ao circuito de uma ou mais ramificações.
Ele executa uma função semelhante à instrução USE da MODELS. Em cada tipo de utilização
os valores arbitrários podem ser atribuídos para os parâmetros de dados definidos na simulação
da MODELS. São três subtipos do componente type 94 existentes: Thevenin, Iterated e Norton
(Dubé, s.d.), como é possível ver na Figura 28, e em cada um dos casos a conexão com o circuito
é definida em termos elétricos, em função da corrente e da tensão dos pontos de conexão.
37

Figura 28 – Diferentes tipos de componentes MODELS type 94 e como eles se comunicam com o ATP.

Fonte: Akhiro Ametani (2015)

• THEVENIN: No tipo de Thevenin, o componente vê o resto do circuito linear como um


equivalente thevenen. As entradas são tensões de Thevenin e matriz resistência nos
terminais do componente. O modelo calcula o valor da resultante corrente de passo de
cada vez (Dubé, s.d.)..
• ITERATED: No tipo iterativo, um grupo de componente não linear vê o resto do circuito
linear como um equivalente de Thevenin e cada um deles calcula a corrente (output),
correspondendo à tensão estimada (inputs) fornecida por iteração no algoritmo do ATP
(Dubé, s.d.).
Ambas as abordagens fornecem uma solução sincronizado com o resto do circuito. No
tipo de Thevenin, é o modelo que resolve a equação circuito de Thevenin. No tipo iterativo, que
a solução é feita por ATP. Nos casos com apenas um componente não linear (que pode ser
multi-fases), o tipo de Thevenin pode ser usado, e proporciona um tempo de execução mais
rápida, uma vez que evita a iteração. O tipo iterativo permite conectar mais de um componente
não linear (tipo-94 e outros) por sub-rede (Dubé, s.d.), (Rule Book, 2002)
• NORTON: Para o tipo Norton, o circuito vê o componente como um equivalente de
Norton, uma admitância, em paralelo com uma fonte de corrente. Em cada intervalo de
38

tempo, o componente recebe os valores de tensão do nó como entradas, saídas e calcula


como a admitância e fontes de corrente para ser usado na solução de circuito no instante
de tempo seguinte. Nenhuma iteração é realizada por ATP (Dubé, s.d.).
No caso no Norton, quando tem os valores de mudança da admitância, ATP deve
recalcular a matriz admitância do circuito, por causa do recalculo relativamente demorado, este
tipo é mais bem usado devido raro mudança de valores de interações. Não há custo de execução
em ter valores frequentemente em mudança das fontes de corrente. Sob estas condições, o tipo
Norton é mais rápido do que as outras duas, pois o ATP não é necessário calcular um
equivalente de Thevenin, em cada passo de tempo (necessário para Thevenin e Iterativo). A
abordagem Norton também proporciona maior flexibilidade na representação do componente,
uma vez que permite ao utilizador controlar diretamente os valores na matriz de admitância da
solução de ATP (Delfin, 2013).
Selecionando MODELS / Type 94 / THEV Figura 29, escolhendo o arquivo (.mod)
contendo o programa da MODELS você cria automaticamente um objeto da MODELS. A caixa
de dados a ser inserido pelo usuário no ATPDraw é representada na Figura 30.
39

Figura 29 – Localização do arquivo Type 94 da MODELS no ATPDraw.

Fonte: Elaboração Própria.


40

Figura 30 – Caixa de dialogo contendo os dados da componente Type 94 da MODELS.

Fonte: Elaboração Própria.

O elemento da MODELS representado no ATPDraw pelo Type 94 está contido na


Figura 31.

Figura 31 – Elemento Type 94 da MODELS no ATPDraw.

Fonte: Elaboração Própria.


41

4.4 FUNÇÃO 51 USANDO A LINGUAGEM MODELS

O capitulo 3.4 utilizou como referência (Xavier & Romano, 2013) para as simulações.
Para esta aplicação foi necessário elaborar cinco entradas de dados no código da
MODELS a serem inseridas pelo usuário:
• a corrente de ajuste temporizado Is51;
• o tempo de retardo tret51;
• o tipo de curva Tipo51;
• o multiplicador de tempo k;
• a relação do transformador de corrente RTC;
O valor digitado pelo usuário para Is51 refere-se ao valor de corrente eficaz secundária
do transformador de corrente. O relé de sobrecorrente temporizado apresenta um tempo de
retardo que pode ser configurado com um valor especificado pelo usuário ou definido de acordo
com as curvas de tempo inverso das normas 60255-3 da IEC ou C37.112 da IEEE. Se o usuário
deseja um tempo de retardo definido, o mesmo deve ser preenchido na variável tret51 e a
variável Tipo51 deve ser preenchida com 0. O valor de k pode ser preenchido com qualquer
valor, pois é desconsiderado para este caso.
O relé usado na simulação é do tipo de sobrecorrente temporizado e apresentará as
seguintes variáveis:
Sobrecorrente temporizado (função ANSI 51) valor de atuação ajustado no campo
Is51:
Ajuste de corrente mínima de atuação para a unidade 51 (Temporizada).

(1,2 − 1,5)INmax
𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 ≥ (4.1)
𝑅𝑇𝐶

Tempo definido – o retardo apresenta um valor fixo expresso em segundos, ajustados


pelo usuário no campo td51;
Curvas conforme IEC ou IEEE – o usuário escolhe o tipo de curva, conforme padrão
IEC 13 ou IEEE 14. Onde nas curvas conforme a IEC, o 𝑇𝑝 é o multiplicador escolhido para a
escala de tempo e nas curvas conforme a ANSI/IEEE, D é o multiplicador do ajuste de tempo.
O tipo de curva é definido pelo valor indicado pelo usuário no campo Fd51A, o multiplicador
da escala de tempo é ajustado pelo usuário no campo Fd51B, as curvas disponíveis e suas
equações estão indicadas a seguir:
42

o Fd51A = 1 – IEC tipo A – inversa-


0,14
𝑡 = (𝐼 𝑇 𝑠(4.2)
⁄𝐼 )0,02 −1 𝑝
𝑃𝑈

o Fd51A = 2 – IEC tipo B – muito inversa-


13,5
𝑡 = (𝐼 𝑇 𝑠(4.3)
⁄𝐼 )1 −1 𝑝
𝑃𝑈

o Fd51A = 3 – IEC tipo C – extremamente inversa-


80
𝑡 = (𝐼 𝑇 𝑠(4.4)
⁄𝐼 )2 −1 𝑝
𝑃𝑈

o Fd51A = 4 – IEC tipo D – inversa de longo tempo


13,5
𝑡 = (𝐼 𝑇 𝑠(4.5)
⁄𝐼 )1 −1 𝑝
𝑃𝑈

o Fd51A = 5 – IEEE inversa-


8,9341
𝑡 = [(𝐼 + 0,17966] 𝐷 𝑠(4.6)
⁄𝐼 )2,0938 −1
𝑃𝑈

o Fd51A = 6 – IEEE moderadamente inversa-


0,0103
𝑡 = [(𝐼 + 0,0228] 𝐷 𝑠(4.7)
⁄𝐼 )0,02 −1
𝑃𝑈

o Fd51A = 7 – IEEE muito inversa-


3,992
𝑡 = [(𝐼 + 0,0962] 𝐷 𝑠(4.8)
⁄𝐼 )2 −1
𝑃𝑈

o A faixa de variação da escala de tempo é dada por:


▪ Para IEC - 𝑇𝑝 ∈ [0,05...3,20 s]
▪ Para IEEE - D ∈ [0,50...15,00 s]
Com alguma dessas curvas escolhida não é necessário preencher a variável tret51, pois
o valor do tempo de retardo é calculado pela própria lógica do programa.
43

Figura 32 – Dados Inseridos pelo Usuário para o Relé de Sobrecorrente temporizado.

Fonte: Elaboração Própria.

A Figura 32 apresenta os dados que devem ser inseridos nas tabelas de “Attributes”
pelo usuário, as variáveis de entrada estão na coluna “Data” e de saída do circuito na coluna
“Nodes”.
O arquivo .mod, que dispõe do código do relé de sobrecorrente temporizado na
linguagem MODELS encontra-se no Anexo I deste documento e o fluxograma com a lógica do
componente é apresentada na Figura 33. O usuário entra com os valores da corrente de ajuste e
da relação do transformador de corrente, além dos valores para a escolha do tipo de curva. A
lógica então calcula os valores das correntes eficazes das três fases e utilizando o valor de RTC
calcula também os valores das correntes eficazes referidas ao secundário do transformador. Se
qualquer uma das correntes secundárias das três fases for maior que o valor da corrente de ajuste
referida ao secundário, a lógica ativa um contador que, ao atingir o tempo de retardo calculado
de acordo com a curva escolhida ou de acordo com o tempo definido pelo usuário, envia uma
saída para a abertura das chaves. Caso contrário, não.
44

Figura 33 – Fluxograma do Relé de Sobrecorrente Temporizado.

Fonte: Vieira Xavier & Romano (2013).

O circuito simulado para o relé de sobrecorrente temporizado é mostrado na Figura 34.


O objetivo das simulações deste relé é verificar se realmente o mesmo está atuando com um
tempo de retardo escolhido ou calculado a partir das Equações das Normas C37.112 da IEEE e
60255-3 da IEC quando a corrente de curto-circuito atinge o valor de ajuste definido pelo
usuário.
45

Figura 34 – Sistema Básico par a Simulação do Relé.

Fonte: Elaboração Própria.

4.4.1.1 DADOS PARA AS SIMULAÇÕES

Na Tabela 2 e na Figura 35 constam os dados das resistências utilizadas em cada uma das fases,
juntamente com os tempos de fechamento das chaves. Observa-se que o curto é aplicado em
0,5 segundos. Vale ressaltar que esses valores são atípicos e foram utilizados somente para
observar que a MODELS programada está funcionando corretamente.
46

Figura 35 – Valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.

Tabela 2 – Tabelas dos valores das resistências e tempos das chaves.


Conjunto 1 Conjunto 2
Tempo de fechamento (s) -1 0,5
Tempo de Abertura (s) 10 10
Resistência (ohms) 11,55 8
Fonte: Elaboração Própria.
47

4.4.2 SIMULAÇÃO 1

Esta primeira simulação verificou se o relé estava atuando no tempo definido pelo
usuário. A Figura 36 apresenta os dados preenchidos pelo usuário para a primeira simulação e
os valores limites para atuação do relé.

Figura 36 - Dados preenchidos pelo usuário.

Fonte: Elaboração Própria.


48

Como a primeira simulação tem por objetivo verificar se o relé está atuando no tempo
de retardo definido pelo usuário, a variável de entrada Tipo51 deve ser igual a zero e k51 pode
ser desconsiderada. A Figura 37 apresenta a corrente eficaz das três fases. Verifica-se que o
tempo de retardo foi de aproximadamente 2,0s. A Figura 38 corresponde ao sinal TRIP enviado
para as chaves. É possível verificar também que, como o relé possui um tempo de retardo,
mesmo o circuito atingindo o valor da corrente de ajuste de temporizado, neste caso 7 A RMS,
a abertura das chaves só atua após o tempo definido pelo usuário, alcançando neste intervalo o
valor da corrente de curto-circuito trifásica do sistema, visto na Figura 39.

Figura 37 - Corrente eficaz durante atuação do relé temporizado.

Fonte: Elaboração Própria.


49

Figura 38 – Sinal de Trip durante a atuação do relé temporizado.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 39 – Correntes de fase da linha.

Fonte: Elaboração Própria.


50

4.4.3 SIMULAÇÃO 2

A segunda simulação teve por objetivo verificar se, quando o usuário optar por algum
tipo de curva definida pelo IEEE ou IEC, o tempo de retardo calculado pela lógica do programa
estaria correto. A Figura 40 apresenta os valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se
conhece o comportamento da corrente, colocou-se a corrente de trip como 5 A.

Figura 40 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.

Ao se optar por Tipo51 ser igual a um, a curva escolhida para cálculo do tempo de
retardo foi a IEC Normalmente Inversa. Logo, a equação da curva inversa tipo 1 apresentada
anteriormente é a utilizada pela lógica do programa e a Figura 40 é utilizada como referência
para os parâmetros da curva Normalmente Inversa. Substituindo os parâmetros e o valor de k51
na equação da curva inversa, tem-se um tempo de retardo de 1,524s (um pouco mais de 1
segundo depois da aplicação do curto). A Figura 41 mostra as curvas da IEC e o ponto
correspondente a esse tempo.
51

Figura 41 – Curvas de atuação de tempo inverso IEC.

Fonte: SEL,2012.

A Figura 42 apresenta a corrente eficaz das três fases, mostrando então que o tempo de
retardo foi de 1,524s. A Figura 43 corresponde ao sinal TRIP enviado para as chaves, juntamente
com as correntes de fase como consta na Figura 44.
52

Figura 42 – Corrente Eficaz da simulação 2.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 43 – Sinal de Trip na simulação.

Fonte: Elaboração Própria.


53

Figura 44 – Corrente de fase da linha de transmissão.

Fonte: Elaboração Própria.


54

4.4.4 SIMULAÇÃO 3

A terceira simulação foi feita mudando a curva para o tipo 2. A Figura 45 apresenta os
valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se conhece o comportamento da corrente,
colocou-se a corrente de trip como 5 A e aplicou no mesmo exemplo que os casos anteriores.
Viu-se na Figura 46 e Figura 47 que o relé entra em funcionamento de forma correta e
coerente com o que se foi modelado, com um tempo de retardo aproximadamente 1.4 segundo
depois da aplicação do curto circuito.

Figura 45 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.


55

Figura 46 – Corrente Eficaz da simulação 3.

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:ISEFA

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 47 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado.

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.


56

4.4.5 SIMULAÇÃO 4

A quarta simulação foi feita mudando a curva para o tipo 3. A Figura 49 apresenta os
valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se conhece o comportamento da corrente,
colocou-se a corrente de trip como 5 A e aplicou no mesmo exemplo que os casos anteriores.
Viu-se na Figura 50 e Figura 51 que o relé não entra em funcionamento (ou seja, ele não
“tripa”) tendo uma margem maior de atuação. Uma comprovação está na
Figura 48, ondas as correntes de fases da linha não vão à zero.

Figura 48 – Corrente de fases do sistema (linha).

Fonte: Elaboração Própria.


57

Figura 49 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.


58

Figura 50 – Corrente Eficaz da simulação 4.

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:ISEFA

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 51 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado.

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.


59

4.4.6 SIMULAÇÃO 5

A quinta simulação foi feita mudando a curva para o tipo 4. A Figura 52 apresenta os
valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se conhece o comportamento da corrente,
colocou-se a corrente de trip como 5 A e aplicou no mesmo exemplo que os casos anteriores.
Viu-se na Figura 53 e Figura 54 que o relé não entra em funcionamento (ou seja, ele não
“tripa”) tendo uma margem maior de atuação. Uma comprovação está na
Figura 48, ondas as correntes de fases da linha não vão à zero.

Figura 52 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.


60

Figura 53 – Corrente Eficaz da simulação 5.

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:ISEFA

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 54 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado.

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.


61

Figura 55 – Corrente de fases do sistema (linha).

Fonte: Elaboração Própria.

4.4.7 SIMULAÇÃO 6

A sexta simulação foi feita mudando a curva para o tipo 5. A Figura 56 apresenta os
valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se conhece o comportamento da corrente,
colocou-se a corrente de trip como 5 A e aplicou no mesmo exemplo que os casos anteriores.
Viu-se na Figura 57 e Figura 58 que o relé entra em funcionamento de forma correta e
coerente com o que se foi modelado, com um tempo de retardo aproximadamente 0.4 segundo
depois da aplicação do curto, ou seja, o tempo de retardo desta simulação foi menor que o
especificado pelo usuário (1 segundo) devido à fórmula deste tipo de curva que tem muito
influência do valor ks1.
62

Figura 56 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 57 – Corrente Eficaz da simulação 6.

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:ISEFA

Fonte: Elaboração Própria.


63

Figura 58 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado.

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.

4.4.8 SIMULAÇÃO 7

A sétima simulação foi feita mudando a curva para o tipo 6. A Figura 59 apresenta os
valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se conhece o comportamento da corrente,
colocou-se a corrente de trip como 5 A e aplicou no mesmo exemplo que os casos anteriores.
O que ocorreu nesta simulação foi bem parecido com o que ocorreu na simulação 6,
Figura 60 e Figura 61, onde o relé de proteção instalada na rede entra em operação com um tempo

de retardo aproximadamente 0.1 segundo, ou seja, o tempo de retardo desta simulação foi menor
que o especificado pelo usuário (1 segundo) devido à fórmula deste tipo de curva que tem muito
influência do valor ks1.
64

Figura 59 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 60 – Corrente Eficaz da simulação 7.

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:ISEFA

Fonte: Elaboração Própria.


65

Figura 61 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado.

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.

4.4.9 SIMULAÇÃO 8

A oitava simulação foi feita mudando a curva para o tipo 7. A Figura 62 apresenta os
valores de entrada definidos pelo usuário. Como já se conhece o comportamento da corrente,
colocou-se a corrente de trip Is51 como 5 A e aplicou no mesmo exemplo que os casos
anteriores.
O que ocorreu nesta simulação foi bem parecido com o que ocorreu na simulação 6 e
na simulação 7, Figura 63 e Figura 64, onde o relé de proteção instalada na rede entra em operação
com um tempo de retardo aproximadamente 0.2 segundo, ou seja, o tempo de retardo desta
simulação foi menor que o especificado pelo usuário (1 segundo) devido à fórmula deste tipo
de curva que tem muito influência do valor ks1.
66

Figura 62 – Dados preenchidos pelo usuário e os valores limites para atuação do relé.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 63 – Corrente Eficaz da simulação 8.

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:ISEFA

Fonte: Elaboração Própria.


67

Figura 64 – Sinal de Trip durante a atuação do Relé Temporizado.

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 [s] 3,0
(f ile teste1.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.

5 FÊNOMENO “SYMPATHETIC TRIPPING”

Para qualquer tipo de falha de derivação no sistema de energia, todas as partes da rede
sofrerão queda de tensão por um período no mínimo igual ao tempo de eliminação da falha. O
percentual dessa queda de tensão em um determinado ponto depende da distância da falha e da
resistência à falha. Se um barramento que está conectado um grupo de motores de indução for
exposto a essa queda de tensão, que pode ser causada por uma falha em outro alimentador com
um nível de tensão maior, menor ou igual, a corrente de fase excessiva consumida pelo grupo
de motores pode causar a operação de proteção de sobrecorrente de o alimentador de
fornecimento.
Quando a falha remota é desequilibrada ou se a carga consiste em diferentes tamanhos
/ tipos de motores monofásicos, a proteção de falta à terra do alimentador também pode
desarmar devido à corrente de sequência zero criada devido à carga desequilibrada. Esses tipos
de operação de relé que resultam em disparos indesejados de um alimentador íntegro devido ao
comportamento de sua carga de suprimento específica em resposta a uma falha em outra parte
do sistema são chamados de “sympathetic trip” (Mladenovic, 2010).
O fenômeno do “sympathetic trip”, se caracteriza em operações indesejáveis do relé
para condições de carga desbalanceada ou alta que ocorrem durante ou imediatamente após
68

falhas fora de sua zona de proteção. A causa raiz do problema de “sympathetic trip” é o tipo e
a conexão de cargas atendidas pelos alimentadores de distribuição. Existem duas classificações
de “sympathetic trip”: aqueles que ocorrem devido a condições de recuperação de tensão
atrasadas e aqueles que ocorrem devido ao desequilíbrio da carga durante uma falha fora da
seção (Roberts, 1997).

5.1.1 ANÁLISE

O fenômeno “Sympathetic Trip” é relacionado a operações indesejadas, onde o


disjuntor fora da seção de proteção do defeito atua indevidamente. Isso ocorre em condições
de desequilíbrio de carga (por exemplo, sobrecarga), que ocorrem durante ou imediatamente
após faltas fora da seção protegida. As causas básicas do problema do “sympathetic trip” são o
tipo e a conexão das cargas atendidas pelos alimentadores da distribuição.
Existem duas classificações para os “sympathetic trips”: aqueles referentes aos trips
que ocorrem devido às condições de recuperação demorada da tensão, e aquelas onde eles
ocorrem devido ao desequilíbrio da carga durante uma falta fora da seção protegida.
Durante o fenômeno de “sympathetic trip”, o disjuntor em uma seção em operação
normal do sistema de energia onde não existe falha real (não sofreu nenhuma contingência ou
dano), dispara devido à resposta indesejada do sistema secundário a uma falha em uma linha na
proximidade. A seção saudável que ficou desconectada precisa apenas de um religamento em
um breve instante de tempo já que nenhuma falha real existe nesta seção. Contudo, ações
corretivas de manutenção devem ser consideradas no sistema secundário que acionou essa
sobreposição de “sympathetic trip” com falhas na seção vizinha. O componente com maior
tempo de reparo deve afetar apenas a seção com defeito real. Neste trabalho o foco será na
demora da recuperação da tensão.

5.1.1.1 Problema da ocorrência de Sympathetic Trip durante uma falha fora da


seção de proteção

Os disparos do alimentador radial durante uma falha fora da seção também estão
relacionados ao fenômeno do “sympathetic trip”. Um circuito com falha em um sistema de
distribuição de média tensão é mostrado na Figura 65
69

Figura 65 – Sistema de Distribuição Através da condição de falha.

Fonte: Página Engineering Electrical Equipment Disponível <http://engineering.electrical-


equipment.org/electrical-distribution/sympathetic-tripping-electrical-power-systems.html>. Acesso
em: 29 out. 2019.

Em uma primeira instância, é possível pensar que a falha deve ser eliminada pelo CB1,
sem afetar o circuito protegido pelo CB2. No entanto, se houver vários motores de indução de
baixa inércia incluídos na carga 2, uma sobrecorrente poderá fluir através do CB2 devido às
condições de bloqueio de alguns motores, produzidas pela queda de tensão. Dependendo da
sensibilidade do relé de sobrecorrente no CB2 e do tempo para abrir o circuito pelo sistema de
proteção associado ao CB1, pode ocorrer uma partida e um “sympathetic trip” subsequente pelo
CB2.
70

5.1.1.2 Problema da ocorrência de Sympathetic Trip a demora da Recuperação da


Tensão

Condições de recuperação demorada da tensão (isto é, duração prolongada dos


afundamentos de tensão) são comumente iniciadas por uma falta nas linhas adjacentes do
mesmo nível de tensão, ou nas linhas de alimentação de maior tensão. O problema das situações
demoradas de recuperação da tensão é resultado do tipo da carga conectada. As cargas
causadoras são grandes blocos de motores de indução de baixa inércia, que perdem a velocidade
rapidamente durante quedas de tensão causadas por faltas. Aparelhos de ar condicionado
residenciais monofásicos são um exemplo comum para esses motores. Combinando com as
suas características de perda rápida de velocidade, esses motores têm também que trabalhar
acoplados a compressores mantidos sob uma alta pressão do gás refrigerante, e com torque
restritivo elevado. Quando tais motores perdem velocidade, eles puxam mais corrente enquanto
a impedância efetiva dos mesmos diminui. Admitindo-se que podem existir muitos aparelhos
de ar condicionado atendidos por um único alimentador, o aumento na corrente de carga do
alimentador para as fases afetadas pode ser apreciável. É este enorme bloco de correntes
puxadas pelos motores que leva às inoportunas ocorrências de “sympathetic trip” dos relés de
proteção de sobrecorrente do alimentador da distribuição. Um caso recente, ocorrido em uma
distribuidora sudeste, refletiu esse exato problema, mas será melhore explicado no capítulo a 5.
Ocorrências de “sympathetic trip” devido à recuperação tardia da tensão não são raras.
A lista a seguir mostra alguns casos de “sympathetic trip” registrados na recuperação de tensão
atrasada:
• Southern California Edison (SCE), área da bacia de Los Angeles, Califórnia: 10
incidentes que abrangem 1990 - 1992. Um evento afetou uma área de 1000 milhas
quadradas (Williams, 1992).
• Sacramento Municipal Utility District (SMUD), Sacramento, Califórnia: agosto de
1990, doze disjuntores de 12,47 kV suspeitos de “sympathetic trip” (Williams, 1992).
• Central Power and Light (CP&L), Corpus Christi, Texas: 89 eventos de “sympathetic
trip” de 1 de setembro de 1990 a 1 de março de 1993 (Jackson, 1993).
71

5.1.2 SOLUÇÕES

Até agora, os fabricantes de relés e as equipes técnicas das empresas de energia elétrica
ofereceram as seguintes soluções para evitar o “sympathetic trip” (Roberts, 2002):
• Aumentar os limites de atuação (pick up) dos elementos das proteções de sobrecorrente
de fase e de terra: Essa solução é simples, fácil de compreender e eficaz. Entretanto, ela
dessensibiliza a proteção para faltas no sistema. Ela é benéfica por temporariamente
elevar os limites de pick up dos elementos de sobrecorrente, para evitar a ocorrência de
“sympathetic trip” devido à recuperação demorada da tensão. Esse aumento no pick up
do elemento de sobrecorrente temporizado (TOC - Time Overcurrent), como um relé
51, necessita somente ser temporário e desse modo, não dessensibiliza de forma
permanente, sem necessidade, a proteção do alimentador para faltas na seção protegida.
• Diminuir os tempos de eliminação da falta para reduzir o tempo real que as cargas dos
motores permanecem submetidas à uma tensão reduzida: Essa proposta é muito boa uma
vez que reduz a tendência de os motores perderem a velocidade, não somente nos
arredores da falta. Obter tempos de trip mais rápidos dos relés requer um investimento
em esquemas de trip com comunicação assistida (equipamentos de proteção e
comunicações). Esquemas de eliminação de faltas mais rápidos para linhas de
distribuição estão tornando-se mais práticos e atrativos com relação ao custo, devido ao
custo decrescente dos canais e equipamentos de comunicação digitais.
• Diminuir a impedância do sistema de potência para reduzir a queda de tensão na linha:
Quando uma falta no sistema é eliminada, a tensão no terminal do motor não é elevada
imediatamente. Isso é devido à elevada queda da tensão na linha em função das altas
correntes de carga puxadas pelos motores que perderam, ou estão perdendo rapidamente
a velocidade. A tensão reduzida no terminal dos motores aumenta o tempo de
recuperação da tensão do sistema, porque causa o aumento do tempo que os motores
levam para recuperar a velocidade síncrona. Diminuindo a impedância da linha, entre a
fonte e a carga, faz com que a queda de tensão na linha seja reduzida (e aumenta a tensão
no terminal do motor). A desvantagem dessa solução é que requer um grande capital de
investimento para aumentar a bitola dos condutores, bem como diminuir a impedância
do transformador.
• Instalar contadores de subtensão em todas as cargas motorizadas: Essa solução é talvez
a mais eficaz, uma vez que remove do alimentador as cargas dos motores que perderam,
72

ou estão perdendo a velocidade. Removendo essas cargas evita-se a circulação de


corrente excessiva de carga do motor, após a eliminação da falta inicial. O lado ruim
dessa solução é que requer um custo adicional para o consumidor, e isto não é controlado
diretamente pela empresa utilitária. E também é um projeto que é bem caro de se
implementar na rede de distribuição.
Também são sugeridas diretrizes gerais para mitigar o “sympathetic trip” (Agili,
2008).
• Abaixamento das correntes individuais do alimentador, tanto quanto possível.
• Divisão uniforme da carga total entre alimentadores nesta subestação.
• Balanceamento de cada carga do alimentador, tanto quanto possível, para reduzir a
corrente de equilíbrio da pré-falta e da falta.
• Usando características de 'TOC' que têm uma inclinação acentuada ("Mais inversa")
para reduzir a chance de problemas de “sympathetic trip” ou de carga fria.
• Instalações de relés diferenciais modernos têm um filtro CC embutido, que evita o
“sympathetic trip” devido a componentes CC durante faltas a terra.
Todas essas soluções sugeridas custam caro ou não são práticas. Uma nova abordagem
para evitar o problema de “sympathetic trip” enfatiza principalmente a Redução do tempo de
eliminação de falhas e redução da amplitude da corrente de falha que são mais bem explicadas
em (Agili, 2008).

5.1.3 SIMULAÇÕES/RESULTADOS NO ATP

Para realizar a simulação no ATP sobre um caso base de “sympathetic trip” foi
utilizado como subterfúgio um caso de uma rede robusta utilizado na disciplina curricular de
Análise de Transitório Eletromagnético na qual é uma versão reduzida de um equivalente de
rede de algumas barras da região sul do Brasil.
73

Figura 66 – Caso Andirá Leste

Fonte: Elaboração própria


74

Figura 67 – Aproximação do sistema teste simulado.

Fonte: Elaboração própria

Foi adicionado ao caso base o sistema de proteção utilizado nas seções anteriores com
a inserção de um motor de indução equivalente na barra de LONDRC-PR138 conforme visto
na Figura 67. Como caso de simulação do fenômeno de “sympathetic trip” devido a carga
indutiva.
A primeira simulação foi realizada aplicando um curto circuito monofásico na fase A
na cara do motor e da carga, visto na Figura 67, com os dados da Figura 68. O curto circuito foi
aplicado em 0.5s e retirado 0.7s. O relé de proteção modelado foi da Figura 68Erro! Fonte de
referência não encontrada., com a curva de inclinação tipo 0 no relé, corrente de curto
monofásico de 100 A, tempo de retardo de 0.2 segundo.
75

Figura 68 – Dados da carga que foi utilizada para a aplicação do curto.

Fonte: Elaboração Própria.


76

Figura 69 – Dados do motor de indução inserido no caso.

Fonte: Elaboração Própria.


77

Figura 70 – Dados do relé de proteção 51.

Fonte: Elaboração Própria.

Os resultados obtidos foram os da Figura 71 a Figura 74. Nestas figuras constam o trip
do relé, corrente eficaz que o relé enxerga, as correntes e tensões de fases da linha e da barra,
respectivamente. Pode-se notar que o relé “tripou” e desligou todo o circuito, retirando o motor
da rede. Vale ressaltar que esse motor pode representar aparelhos de ar condicionados, sendo
assim, todos eles seriam desligados.
78

Figura 71 – Trip do relé.

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 72 – Corrente eficaz no secundário do TC do relé.

150

120

90

60

30

0
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) m:ISEFA m:ISEFB m:ISEFC

Fonte: Elaboração Própria.


79

Figura 73 – Corrente do Sistema (linha).

4000
[A]

2500

1000

-500

-2000

-3500

-5000
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) c:LC138B-X0002B c:LC138B-X0002B
c:LC138C-X0002C

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 74 – Tensões de fases na barra LONDR-PR138 kV.

150
[kV]
100

50

-50

-100

-150

-200
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) v :LC138A v :LC138B v :LC138C

Fonte: Elaboração Própria.

Um modo de contorno o problema encontrado anteriormente, foi inserindo uma


mudança nos dados relé de proteção que estão na Figura 75, com uma curva muito inversa e o
fator ks1 igual a 0.1.
80

Figura 75 – Dados de Relé de proteção.

Fonte: Elaboração Própria.

Realizando mesma simulação de falta do caso anterior, se obtém a Figura 76 até a


Figura 79. E se pode notar que o sistema consegue se recuperar quando se há a extinção do
curto, ou seja, não era necessária a proteção do relé neste caso, visto que sua corrente e tensão
estavam entrando em regime permanente.
81

Figura 76 – Trip do relé.

0
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) m:TRIP

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 77 – Correntes Eficazes vistas pelo relé de proteção.

150

120

90

60

30

0
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) m:ISEFA m:ISEFB m:ISEFC

Fonte: Elaboração Própria.


82

Figura 78 – Tensões de fase da barra LONDR-PR138 kV.

150
[kV]
100

50

-50

-100

-150

-200
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) v :LC138A v :LC138B v :LC138C

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 79 – Correntes de fases na linha.

25,00
[kA]
18,75

12,50

6,25

0,00

-6,25

-12,50

-18,75

-25,00
0 1 2 3 4 [s] 5
(f ile CasoBase_AndiraLeste230_commotor_base.pl4; x-v ar t) c:LC138A-X0002A c:LC138B-X0002B
c:LC138C-X0002C

Fonte: Elaboração Própria.


83

5.1.4 SIMULAÇÕES NO ATP

Nesta etapa colocou-se uma proteção na linha onde se está inserida o equivalente dos
motores para provocar altos picos de corrente, com os mesmos dados da Figura 69. Na rede da
Figura 80 se pode notar que há duas linhas: uma com motor de indução e a outra com uma carga
resistiva, assim foi aplicado um curto monofásico na fase A em 0.5 segundo e retido em 0.7
segundo, 200 ms na linha com a carga resistiva. O relé de proteção é um relé instantâneo, sem
curva de inclinação como visto na Figura 81, ou seja, o relé espera 0.21 s para entrar em
funcionamento, ou seja, 10 ms depois da extinção do curto.

Figura 80 – Diagrama teste.

Fonte: Elaboração Própria.


84

Figura 81 – Dados do relé de proteção.

Fonte: Elaboração Própria.

Como se nota na Figura 82, depois da aplicação do curto na linha onde se tem uma
carga resistiva, a corrente que está fluindo no motor cresce bastante chegando a bater 20 kA,
fazendo com que o relé entre em funcionamento, como visto na Figura 83.
85

Figura 82 – Correntes de fase na linha onde o motor está inserido.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 83 – Sinal de trip do relé de proteção.

Fonte: Elaboração Própria.


86

Figura 84 – Tensões de fase na linha onde o motor está inserido.

Fonte: Elaboração Própria.

Foi inserido no relé de proteção a curva de inclinação tipo 3 com ks1 igual a 0.1 (Figura
85) e o resultado mostra que o relé não “tripa” e o sistema volta ao seu regime permanente,
Figura 86 a Figura 88.
87

Figura 85 – Dados do relé de proteção.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 86 – Correntes de fase na linha onde o motor está inserido.

Fonte: Elaboração Própria.


88

Figura 87 – Sinal de trip do relé de proteção e as correntes eficazes.

Fonte: Elaboração Própria.

Figura 88 – Tensões de fase na linha onde o motor está inserido.

Fonte: Elaboração Própria.


89

6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

A proteção do Sistema Elétrico de Potência é de muita importância para o


planejamento, expansão e operação do mesmo. Visto isso, a modelagem de um disjuntor
juntamente com o relé tem que ser feita de forma eficaz e robusto. Assim, um dos problemas
que pode ocorrer na área de proteção e o Sympathetic Trip e para estudar esse fenômeno foi
utilizado o programa ATP.
O trabalho apresentou uma breve explicação sobre o programa ATP que, por ser
gratuito e de fácil acesso, contribui com os estudos referentes à proteção, principalmente no
âmbito acadêmico. Com o programa ATP foi possível à criação de modelos de relés de
sobrecorrente (função 51) e a simulação dos mesmos em um sistema básico e em um sistema
complexo. Essas simulações demonstraram que os modelos criados são válidos, pois atuaram
de maneira correta de acordo com cada simulação realizada. Com isso, os modelos criados
nesse trabalho de conclusão de curso podem ser utilizados para estudos de proteção em sistemas
elétricos reais. Vale ressaltar que o ajuste da curva de inclinação do relé e de extrema
importância para a proteção de uma rede elétrica, visto que uma curva mal dimensionada pode
afetar a operação da rede de uma forma indevida (inapropriada), fazendo com que o relé entre
em funcionamento em uma ocasião onde o sistema estava em recuperação ou até mesmo não
entre em operação em alguns casos, deixando que circule uma corrente muito alta na rede.
O trabalho explicou o que é o fenômeno “sympathetic trip” e que ele ocorre,
principalmente, em redes de distribuição, resultando em trip indesejável para alimentadores
saudáveis durante ou após eliminar uma falha em um alimentador adjacente. Afeta
negativamente o desempenho e a confiabilidade das redes de distribuição. O documento
investigou 2 cenários de “sympathetic trip” em uma rede de distribuição, incluindo
desequilíbrio de tensão e corrente inicial de recuperação de tensão.
Viu-se que as principais causas de “sympathetic trip” (recuperação retardada de
tensão) são o aumento da população de condicionadores de ar, sobrecarga de alimentadores -
queda de tensão, tempo de limpeza de falhas mais lento e falha nas proximidades da fonte
/subestação e que a severidade da falha pode ser contida com a limitação da amplitude da
corrente de falha usando limitadores e reatores de corrente de falha.
Também foi falado sobre um caso que ocorreu em uma distribuidora do sudeste que
identificou o problema como um fenômeno “sympathetic trip” e assim implementou uma das
soluções que foram listadas neste trabalho alterando a curva de inclinação de relé de muito
90

inversa para extremamente inversa, resultando em uma melhor confiabilidade do sistema de


distribuição.
Como trabalho futuro, pode-se investigar esse fenômeno um caso real no ATP e
comparar com os dados de amostras (vale ressaltar que para esse trabalho futuro acontecer terá
de ter uma cooperação/parceira com alguma distribuidora no Brasil) e implementar as soluções
listadas neste documento e na literatura.
91

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Graduação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, 2017.

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94

ANEXO A – PROGRAMAÇÃO DO RELÉ 51 NA LINGUAGEM MODELS

A seguir, será mostrada a linguagem Models que foi utilizada para as simulações do Relé 51.
(Xavier & Romano, 2013)
MODEL RT

DATA

Is51 -- Corrente de ajuste do 51 referida ao secundário do TC


tret51 -- tempo de retardo do 51
Tipo51 -- escolha da curva 51
k51 -- multiplicador de tempo 51
RTC -- Relação do Transformador de Corrente

INPUT
I[1..3] -- corrente nos terminais [A]

OUTPUT
TRIP

CONST

freq {VAL:60}

VAR

IA
IB
IC

il1
il2
il3
95

IefA -- corrente eficaz da fase A


IefB --corrente eficaz da fase B
IefC --corrente eficaz da fase C

IsefA
IsefB
IsefC

t1A --tempo em que a corrente eficaz atingiu a corrente de ajuste pela primeira vez
t1B
t1C

t2A --soma do tempo t1 com o tempo de retardo RET


t2B
t2C

t3A -- variável que garante que o tempo t1 que será registrado é o primeiro tempo que
a corrente ultrapassa o ajuste
t3B
t3C

t4

TRIP

RET51A
RET51B
RET51C

period

TIMESTEP MIN:1E-5
96

DELAY CELLS(il1):1/freq/timestep+1
CELLS(il2):1/freq/timestep+1
CELLS(il3):1/freq/timestep+1

INIT

RET51A:=0
RET51B:=0
RET51C:=0

t1A:=5
t1B:=5
t1C:=5

t2A:=5
t2B:=5
t2C:=5

t3A:=0
t3B:=0
t3C:=0

t4:=0

histdef(il1):=0
histdef(il2):=0
histdef(il3):=0

histdef(integral(IA)):=0
histdef(integral(IB)):=0
histdef(integral(IC)):=0
97

period:=recip(freq)

TRIP:=1

ENDINIT

Function Crv1(x,y,z):=z*0.14/(exp(0.02*ln(x/y))-1) -- IEC A normalmente


inversa
Function Crv2(x,y,z):=z*13.5/(x/y-1) -- IEC B muito inversa
Function Crv3(x,y,z):=z*80/(exp(2*ln(x/y))-1) -- IEC C Extrem
Inversa
Function Crv4(x,y,z):=z*120/(x/y-1) -- IEC D Longtime
Function Crv5(x,y,z):=z*(8.9341/(exp(2.0938*ln(x/y))-1)+0.17966) -- IEEE
Inversa
Function Crv6(x,y,z):=z*(0.0103/(exp(0.02*ln(x/y))-1)+0.0228) -- IEEE
Moderadamente Inversa
Function Crv7(x,y,z):=z*(3.992/(exp(2*ln(x/y))-1)+0.0962) -- IEEE
Muito Inversa

EXEC

IA:=I[1]*I[1]
IB:=I[2]*I[2]
IC:=I[3]*I[3]

il1:=integral(IA)
il2:=integral(IB)
il3:=integral(IC)

IefA:=sqrt((il1-delay(il1,period))/period)
IefB:=sqrt((il2-delay(il2,period))/period)
IefC:=sqrt((il3-delay(il3,period))/period)
98

IsefA:= IefA/RTC
IsefB:= IefB/RTC
IsefC:= IefC/RTC

if (IsefA<Is51) and (IsefB<Is51) and (IsefC<Is51) and (t4=0) then

TRIP:=1

else

-- CALCULO FASE A
if (IsefA >= Is51) then

if (t3A=0)then -- condição para que o tempo registrado seja o


primeiro que a corrente excedeu o ajuste, caso já tenha atingido uma vez o
ajuste,
-- o programa não entra nessa parte e não
calcula RET

t1A:=t -- registra em que tempo a corrente eficaz passou a de


ajuste
t3A:=1
endif

if Tipo51=0 then
RET51A:=tret51
endif
if Tipo51=1 then -- curva IEC tipo A
RET51A:=Crv1(IsefA,Is51,k51)
endif
if Tipo51=2 then -- curva IEC tipo B
RET51A:=Crv2(IsefA,Is51,k51)
99

endif
if Tipo51=3 then -- curva IEC tipo C
RET51A:=Crv3(IsefA,Is51,k51)
endif

if Tipo51=4 then -- curva IEC tipo D


RET51A:=Crv4(IsefA,Is51,k51)
endif
if Tipo51=5 then -- curva IEEE Inversa
RET51A:=Crv5(IsefA,Is51,k51)
endif
if Tipo51=6 then -- curva IEEE Moderadamente
Inversa
RET51A:=Crv6(IsefA,Is51,k51)
endif
if Tipo51=7 then -- curva IEEE Muito Inversa
RET51A:=Crv7(IsefA,Is51,k51)
endif

t2A:= t1A + RET51A

endif
--------------------------------------------------

-- CALCULO FASE B

if (IsefB >= Is51) then

if (t3B=0)then

t1B:=t
t3B:=1
endif
100

if Tipo51=0 then
RET51B:=tret51
endif
if Tipo51=1 then -- curva IEC tipo A
RET51B:=Crv1(IsefB,Is51,k51)
endif
if Tipo51=2 then -- curva IEC tipo B
RET51B:=Crv2(IsefB,Is51,k51)
endif
if Tipo51=3 then -- curva IEC tipo C
RET51B:=Crv3(IsefB,Is51,k51)
endif

if Tipo51=4 then -- curva IEC tipo D


RET51B:=Crv4(IsefB,Is51,k51)
endif

if Tipo51=5 then -- curva IEEE Inversa


RET51B:=Crv5(IsefB,Is51,k51)
endif
if Tipo51=6 then -- curva IEEE Moderadamente
Inversa
RET51B:=Crv6(IsefB,Is51,k51)
endif
if Tipo51=7 then -- curva IEEE Muito Inversa
RET51B:=Crv7(IsefB,Is51,k51)
endif
t2B:= t1B + RET51B
endif
---------------------------------------------------------

-- CALCULO FASE C

if (IsefC >= Is51) then


101

if (t3C=0)then
t1C:=t
t3C:=1
endif

if Tipo51=0 then
RET51C:=tret51
endif
if Tipo51=1 then -- curva IEC tipo A
RET51C:=Crv1(IsefC,Is51,k51)
endif
if Tipo51=2 then -- curva IEC tipo B
RET51C:=Crv2(IsefC,Is51,k51)
endif
if Tipo51=3 then -- curva IEC tipo C
RET51C:=Crv3(IsefC,Is51,k51)
endif

if Tipo51=4 then -- curva IEC tipo D


RET51C:=Crv4(IsefC,Is51,k51)
endif

if Tipo51=5 then -- curva IEEE Inversa


RET51C:=Crv5(IsefC,Is51,k51)
endif
if Tipo51=6 then -- curva IEEE Moderadamente
Inversa
RET51C:=Crv6(IsefC,Is51,k51)
endif
if Tipo51=7 then -- curva IEEE Muito Inversa
RET51C:=Crv7(IsefC,Is51,k51)
endif
t2C:= t1C + RET51C
102

endif

if (t2A<=t) or (t2B<=t) or (t2C<=t) then


if (t4=0) then
TRIP:=0
t4:=1
endif
endif

endif

ENDEXEC
ENDMODEL
103

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