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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE ADITIVOS PLASTIFICANTES E

SUPERPLASTIFICANTES NA MANUTENÇÃO DA FLUIDEZ

Evaluation of the performance of plasticizer and superplasticizer admixture in the


maintenance of the fluidity

Narciso Gonçalves da Silva (1); Luciano Senff (2); Ricardo Bentes Kato (3); Wellington
Longuini Repette (4)

(1) Professor Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFSC


(2) Doutor, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, UFSC
(3) Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFSC
(4) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UFSC

Rua João Pio Duarte Silva, s/n, Córrego Grande, 88040-970, Caixa Postal 476, Florianópolis-SC

Resumo
Os aditivos plastificantes e superplastificantes são utilizados freqüentemente por reduzir a água na mistura e
promover a melhora da trabalhabilidade do concreto. Este trabalho avalia o desempenho de três tipos de
aditivos químicos em pasta de cimento: lignosulfonato, naftaleno e policarboxilato. Foram avaliados a
eficiência e aspecto econômico. Pastas de cimento com a/c = 0,30 foram preparadas com cimento Portland
CPII-Z 32. A fluidez foi determinada para todas as amostras através da mesa de consistência para os
tempos de 0, 30 e 60 minutos. Os resultados mostraram que o tipo de aditivo e o tempo de redosagem
influenciam significativamente para a redução da fluidez, porém não influenciam no ganho de fluidez. Além
disso, o teor de sólidos de redosagem é influenciado mais significativamente pelo tipo de aditivo utilizado do
que pelo tempo de redosagem. O custo final da dosagem está associado ao tipo de aditivo e ao tempo de
redosagem.
Palavra-Chave: aditivo químico, plastificante, superplastificante, pasta de cimento

Abstract
The plasticizer and superplasticizer admixtures are often used to reduce the mixing water and improve the
workability of concrete. This research evaluate the performance of three chemical admixtures: lignosulfonate,
naphthalene and polycarboxylic in cement paste. Efficiency and economical aspect was evaluated. Cement
pastes with w/c = 0,30 were prepared with Portland cement type CPII-Z 32. Fluidity were carry out in flow
table test for all the samples with admixture for the times 0, 30 and 60 minutes. The results indicate that type
of admixture and time of redosage influence the reducers of fluidity significantly, however they do not
influence in the gained of the fluidity. Besides, the type of admixture influences more significantly than the
time of dosage in the amounts of redosage solids. The final cost of the dosage is associated to the type of
addictive and redosage time.
Keywords: admixture, plasticizer, superplasticizer, cement paste

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1 Introdução
O cimento Portland quando misturado com a água se apresenta como uma suspensão
concentrada de íons com forte tendência a formar aglomerações com retenções de água,
aumentando a tensão de escoamento e viscosidade plástica. O uso crescente dos
aditivos químicos em materiais à base de cimento pode ser atribuído às vantagens de
ordem econômica e à capacidade que esses produtos possuem em melhorar o
desempenho do material.
O uso adequado dos aditivos requer uma compreensão mínima dos conceitos básicos de
química do cimento e interações entre cimento-aditivo. As forças que atuam nas
partículas incluem a força de van der Waals e a força repulsiva eletrostática gerada pela
carga elétrica na superfície da partícula. Nesse contexto, para se obter suspensões
dispersas, as forças repulsivas entre as partículas devem exceder as forças atrativas.
Quanto a reologia das suspensões, verifica-se que a redução da distância de separação
entre as partículas finas provocada pelo aprisionamento de água no interior dos
aglomerados, eleva o número de colisões entre elas e, com isso, a viscosidade da
suspensão (PANDOLFELLI et al., 2000).
As adições de aditivos superplastificantes em solução facilitam as dispersões das
partículas devido ao mecanismo da repulsão eletrostática e repulsão estérica,
modificando o grau de floculação do sistema, o que aumenta a fluidez da pasta de
cimento (UCHIKAWA et al., 1997; NEUBAUER et al., 1998). Os compostos adsorvidos
modificam as propriedades da superfície do cimento e suas interações com a fase líquida,
como também com outras partículas sólidas (JOLICOEUR; SIMARD, 1998; EDMEADES;
HEWLETT, 1998). Em suspensões dispersas as partículas encontram-se individualizadas
e, por isso, são pouco influenciadas pela força da gravidade, permitindo que as
suspensões permaneçam homogêneas e estáveis por um maior período (PANDOLFELLI
et al., 2000). No entanto, a aglomeração das partículas provoca a sedimentação,
dificultando a manutenção da homogeneidade da suspensão (REED, 1994). O período
em que o concreto perde fluidez é durante a fase em que C3A reage com o gesso e é
realçada pela presença maior de álcalis no cimento (RAMACHANDRAN, 1984). Ainda
segundo o autor, a trabalhabilidade mais alta que o normal no concreto que contém
plastificante é mantida geralmente por aproximadamente 30-60 minutos e pode ser
melhorada quando o aditivo é adicionado alguns minutos após a mistura.
A adição de superplastificante conduz alterações não só nas propriedades no estado
fresco da pasta e concreto mas também no comportamento dos estágios subseqüentes
da hidratação. Um desses efeitos é atraso no processo de pega, no qual aumenta com a
dosagem empregada (RONCERO, 2000). Obviamente, outros fatores afetam a magnitude
do atraso, tais como a finura e composição do cimento Portland, a natureza
(especialmente do grupo funcional) e massa molecular do superplastificante, e
temperatura (RONCERO, 2000).
Os aditivos plastificantes produzidos nas primeiras gerações constituídos por melanina
sulfonada e naftaleno sulfonado condensado com formaldeído têm sua utilização
contestada devido ao limitado período pelo qual mantém a fluidez do concreto (FREITAS
JUNIOR et al., 2006). Com o avanço tecnológico, desenvolveram-se nos últimos anos
novas gerações de aditivos superplastificantes como lignosulfonados, condensado
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formaldeído de ácido naftalenosulfônico, condensado formaldeído de melanina sulfonada
e de éster policarboxílicos, sendo este último considerado de terceira geração (LIBÓRIO,
2004).
Quanto à eficiência e ao custo da manutenção da fluidez, os aditivos superplastificantes
de terceira geração tem forte impacto no custo dos concretos de alta resistência
(FREITAS JUNIOR et al., 2006). Porém, os fabricantes destes aditivos asseguram que a
perda de fluidez é bem mais lenta, permitindo um maior período para a aplicação do
concreto sem a necessidade de redosagem.
Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito da adição dos aditivos
plastificante e superplastificante na manutenção da fluidez da pasta de cimento Portland.

2 Materiais e programa experimental


Os materiais utilizados na preparação das pastas foram cimento CPII-Z 32, aditivo
plastificante a base de lignosulfonato, aditivos superplastificantes a base de naftaleno
sulfonado e a base de policarboxilato, e água da rede de distribuição pública da cidade de
Florianópolis-SC. Todos os materiais foram colocados em sala climatizada com
antecedência mínima de 24 horas. As características químicas e físicas dos materiais são
apresentadas nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1 – Caracterização do cimento CPII-Z 32


Análise química (%)
SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO MgO K2O Na2O SO3 CO2 Resíduo insolúvel Perda ao fogo
22,91 7,25 3,18 52,29 5,56 1,04 0,18 2,82 4,23 12,91 4,97

Análise física
3 3
Massa unitária no estado solto (kg/m ) – NBR 7251 Massa específica (kg/m ) – NBR NM 23
(ABNT, 1982) (ABNT, 2001)
1197 2946

Tabela 2 – Caracterização dos aditivos


Aditivo
Propriedades
Lignosulfonato Naftaleno Policarboxilato
Função principal plastificante superplastificante superplastificante
naftaleno
Base química lignosulfonatos policarboxilatos
sulfonados
Aspecto líquido líquido líquido
Cor castanho castanho bege
Densidade
1,185 a 1,225 1,185 a 1,225 1,067 a 1,107
(g/cm3)
PH 7a9 9 a 11 5a7
Viscosidade - - 95 a 160 cps
Sólidos (%) 39,5 a 43,5 38 a 42 28,5 a 31,5

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O planejamento experimental adotado para avaliar o desempenho do aditivo foi baseado
na perda da fluidez da pasta de cimento na mesa de consistência, também conhecida por
Flow Table. Foram produzidas pastas de cimento com a/c = 0,30 e adição de aditivos à
base de lignosulfonato, naftaleno e policarboxilato. Essas amostras foram submetidas ao
ensaio de consistência, medindo-se o espalhamento (fluidez) da pasta com 0, 5 e 10
golpes no tempo de 0, 30 e 60 minutos, adotando procedimentos da norma NBR
13276/2005 (ABNT, 2005). A figura 1 mostra o espalhamento da pasta de cimento com
redosagem de policarboxilato aos 60 minutos.

Figura 1 – Fluidez da pasta na mesa de consistência após 10 golpes

Estabeleceu-se que as pastas de cimento após 10 golpes deveriam apresentar um


diâmetro de abertura com aproximadamente 240 mm. Para os tempos de 30 e 60
minutos, executou-se a redosagem das pastas, empregando três amostras, conforme
mostra a figura 2.

Figura 2 – Planejamento experimental

A produção de três amostras por período tem por objetivo assegurar aberturas inferiores
e superiores a 240 mm, o que possibilita a interpolação entre os pontos. Após 30 e 60
minutos, as pastas foram misturadas manualmente por 1 minuto, determinando-se o
espalhamento na mesa. Em seguida, as pastas foram conduzidas à argamassadeira para
a redosagem com 1 minuto de mistura e determinado o espalhamento na mesa de
consistência.
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Avaliaram-se as influências do tipo de aditivo e do tempo de descanso nos resultados de
perda e ganho de fluidez, teores de sólidos de redosagem e no custo de dosagem através
de análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey ao nível de confiança de 95%.

3 Resultados e discussões
3.1 Dosagem
O resultado da média dos diâmetros de espalhamento medidos perpendicularmente entre
si, para 0, 5 e 10 golpes são apresentados na tabela 3.

Tabela 3 – Abatimento (fluidez) na mesa de consistência em função do número de golpes

Teor de Fluidez na mesa em função


Aditivo sólidos do número de golpes (mm)
(%) 0 5 10
0,083 136,5 182,5 213,5
Lignosulfonato 0,125 139,5 202,0 232,5
0,166 149,5 217,5 246,0
0,100 136,0 194,5 223,0
Naftaleno 0,132 141,0 204,5 235,0
0,160 155,0 216,5 248,5
0,015 133,5 188,5 218,0
Policarboxilato 0,030 143,5 211,0 240,0
0,045 196,0 242,0 267,5

Os resultados da fluidez da pasta de cimento para cada aditivo após a aplicação de 10


golpes na mesa de consistência é apresentado na figura 3.

320
y = 423,82x + 180,12
2
280 268 R = 0,9948 249
240 235
223
Fluidez na mesa (mm)

240 218
246
200 232
y = 1650x + 192,33 214
2 y = 391,57x + 181,75
160 R = 0,9959 2
R = 0,9937
120

80 Lignosulfonato
Naftaleno
40 Policarboxilato

0
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120 0,140 0,160 0,180

Teor de sólidos do aditivo (% )

Figura 3 – Dosagens das pastas com 10 golpes na mesa de consistência

Com base nos resultados, constatou-se que a função que melhor representou o intervalo
estudado foi a linear. De acordo com essas funções foi possível obter o teor de sólidos
com espalhamento equivalente a 240 mm, isto é, 0,15% para o lignosulfonato; 0,14%
para o naftaleno e 0,03% para o policarboxilato.
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A figura 4 apresenta o resultado médio da perda de fluidez na mesa de consistência para
os tempos de 30 e 60 minutos após a dosagem.

10

9 Lignosulfonato 8,61
Naftaleno
8 7,29
Perda de fluidez (% )

Policarboxilato 6,91
7

6 5,50
4,74
5

4 3,41
3

0
30 60
Tempo (min)

Figura 4 – Perda de fluidez na mesa de consistência para os tempos de 30 e 60 minutos após a dosagem

Analisando os dados da figura 4, observa-se que após 30 minutos a perda da fluidez da


pasta de cimento com lignosulfonato foi de 24,55% superior ao naftaleno e 53,22%
superior ao policarboxilato, além disso, a perda do naftaleno foi de 38% em relação ao
policarboxilato. Para o tempo de 60 minutos a perda da fluidez com lignosulfonato foi de
19,74% superior ao naftaleno e 44,94% superior ao policarboxilato, além disso, a perda
do naftaleno foi de 31,40% em relação ao policarboxilato. Em todos os casos o
policarboxilato apresentou menor perda de fluidez quando comparado aos demais
aditivos.
O estudo realizado por análise de variância mostrou que os resultados apresentam
diferenças entre si e não são meramente casuais. Conforme mostra a tabela 4, ambos os
fatores principais, tipo de aditivo e tempo de descanso contribuem significativamente para
a perda de fluidez da pasta.

Tabela 4 – Análise de variância para a perda de fluidez da pasta


SS GL MS F p
Tipo de aditivo 15,0650 2 7,5325 6191,1 0,000161
Tempo 2,7473 1 2,7473 2258,0 0,000443
Error 0,0024 2 0,0012

A figura 5 evidencia que o tempo de 60 minutos apresentou a maior perda de fluidez. A


figura 6 mostra que o aditivo lignosulfonato, favoreceu a maior perda de fluidez entre os
aditivos. Por outro lado, o policarboxilato manteve por mais tempo a fluidez da pasta.

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7,0 8,5

6,8 8,0

6,6 7,5

6,4 7,0

Perda de fluidez (%)


Perda de fluidez (%)

6,2 6,5

6,0 6,0

5,8 5,5

5,6 5,0

5,4 4,5

5,2 4,0

5,0 3,5
30 60 Lignosulfonato Nafataleno Policarboxilato
Tempo (min) Aditivo

Figura 5 – Perda de fluidez em função do tempo Figura 6 – Perda de fluidez em função do tipo de
aditivo

As ausências de repetições dos ensaios não permitiram avaliar eventuais efeitos de


interações entre o aditivo e tempo de descanso.

3.2 Redosagem
O teor de sólidos da redosagem para os tempos de 30 e 60 minutos são apresentados
nas figuras 7 e 8, respectivamente.

300 290
290 y = 3153,85x + 221,77
y = 3826,92x + 228,38 280 2
y = 590,36x + 214,42
2 R = 1,00
Fuidez na mesa (mm)

280 R = 1,00 2
Fuidez na mesa (mm)

270 R = 0,98
270 y = 397,59x + 221,08
2 260
260 R = 0,99
250
250
240
240
230
230 Lignosulfonato y = 337,50x + 227,33
y = 370,19x + 229,45 Lignosulfonato
220 Naftaleno 220 2
R = 0,99
2 Naftaleno
R = 0,84 Policarboxilato
210 210 Policarboxilato
200 200
0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050 0,060 0,070 0,080 0,090 0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050 0,060 0,070 0,080 0,090

Teor de sólidos do aditivo (% ) Teor de sólidos do aditivo (% )

Figura 7 – Redosagens das pastas após 30 minutos Figura 8 – Redosagens das pastas após 60 minutos

Com base nas funções lineares das figuras 7 e 8, determinou-se o teor de sólidos de
redosagem de cada aditivo para um espalhamento de 240 mm, os quais são
apresentados na tabela 5.

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Tabela 5 – Teor de sólidos de redosagem para um espalhamento de 240 mm após 30 e 60 minutos
Teor de sólidos de
Aditivo redosagem (%)
30 minutos 60 minutos
Lignosulfonato 0,0476 0,0433
Naftaleno 0,0285 0,0375
Policarboxilato 0,0030 0,0058

Constata-se que os aditivos policarboxilato e naftaleno apresentaram para 30 minutos


menores teores de sólidos de redosagem que para 60 minutos, enquanto que para o
lignosulfonato ocorreu o contrário.
A análise de variância mostrou que há evidências da influência significativa do tipo de
aditivo sobre o teor de sólidos de redosagem, conforme é apresentado na tabela 6. No
caso do tempo de redosagem, este não mostrou evidências significativas que
influenciasse no teor de sólidos.

Tabela 6 – Análise de variância para o teor de sólidos de redosagem


SS GL MS F p
Tipo de aditivo 0,001772 2 0,000886 40,0100 0,024384
Tempo 0,000009 1 0,000009 0,4233 0,582035
Error 0,000044 2 0,000022

A figura 9, mostra uma diferença entre o policarboxilato e os outros aditivos no teor de


sólidos de redosagem. No entanto, dentre os aditivos naftaleno e o lignosulfonato não é
possível estabelecer uma diferença devido a sobreposição do intervalo. Para os tempos
de redosagem apresentados na figura 10 não foi possível constatar uma diferença em
virtude da sobreposição dos intervalos.

0,07 0,045

0,06
0,040
Teor de sólidos de redosagem (%)

0,05
Teor de sólidos de redosagem (%)

0,035
0,04

0,03 0,030

0,02
0,025

0,01
0,020
0,00

0,015
-0,01

-0,02 0,010
lignosullfonato naftaleno policarboxilato 30 60
Tipo de aditivo Tempo (min)

Figura 9 – Teor de sólidos de redosagem em Figura 10 – Teor de sólidos de redosagem em


função do tipo de aditivo função do tempo de redosagem

As figuras 11 e 12 apresentam o ganho de fluidez para três redosagens de cada aditivo


após 30 e 60 minutos de descanso, respectivamente.

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30 30
Lignosulfonato Lignosulfonato
y = 1639,06x - 0,17
25 Naftaleno y = 1752,75x - 5,14
2
R = 0,97 25 Naftaleno

Ganho de fluidez (%)


2
Policarboxilato R = 0,99
Policarboxilato
Ganho de fluidez (%)

20 20
y = 151,16x + 2,08
2
15 R = 0,82 15
y = 237,44x - 0,28
10 10 2
R = 0,95

5 5 y = 262,79x + 2,36
y = 235,07x - 0,15 2
2 R = 0,99
R = 0,80
0 0
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09

Teor de sólidos do aditivo (% ) Teor de sólidos do aditivo (% )

Figura 11 – Ganho de fluidez após 30 minutos Figura 12 – Ganho de fluidez após 60 minutos

Considerando que o ganho de fluidez ocorreu de forma linear, a substituição dos teores
da tabela 5 nas funções lineares das figuras 11 e 12 representam o ganho de fluidez nos
tempos de 30 e 60 minutos para um espalhamento de 240 mm. Esses resultados são
apresentados na figura 13.

14
Lignosulfonato 12,21
12 Naftaleno
Policarboxilato 10,00
Ganho de fluidez (%)

10 9,28

8
6,55
6 4,75 5,03

0
30 60
Tempo (min)

Figura 13 – Ganho de fluidez na mesa de consistência após a redosagem

Analisando os resultados apresentados na tabela 7, conclui-se que o tipo de aditivo e o


tempo não influenciaram no ganho de fluidez ao nível de confiança de 95%.

Tabela 7 – Análise de variância para o ganho de fluidez


SS GL MS F p
Tipo de aditivo 28,5268 2 14,2634 3,19678 0,238278
Tempo 7,3926 1 7,3926 1,65686 0,326885
Error 8,9236 2 4,4618

Os custos de dosagem e de redosagem por metro cúbico de pasta de cimento foi


calculado através da densidade de massa no estado fresco, utilizando os teores de
dosagem para espalhamento de 240 mm na mesa de consistência e os teores de
redosagens da tabela 5. Os preços dos aditivos foram obtidos no comércio varejista da
cidade de Florianópolis-SC no mês de dezembro de 2006. A figura 14 apresenta o custo

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de dosagem no tempo 0 e o custo de dosagem acrescido da redosagem depois de
decorridos 30 e 60 minutos da dosagem inicial.

32 Lignosulfonato
Naftaleno
28 25,97
Policarboxilato 24,84
23,74 23,80
24
21,53
19,69
Custo (%)

20

16

11,12 11,01
12
8,56
8

0
0 30 60
Tempo (min)

Figura 14 – Custo de dosagem (tempo 0) e de redosagem após 30 e 60 minutos

A análise de variância apresentada na tabela 8 mostra que o tipo de aditivo e tempo de


redosagem são significativos para o custo de dosagem.

Tabela 8 – Análise de variância para o custo de dosagem do aditivo


SS GL MS F p
Tipo de aditivo 341,179 2 170,589 245,313 0,000065
Tempo 25,978 2 12,989 18,679 0,009354
Error 2,782 4 0,695

A figura 15 evidencia que o lignosulfonato favorece a redução do custo de dosagem


quando comparado aos demais aditivos. No entanto, essa diferença não é possível de ser
constatada quando se compara o naftaleno e o policarboxilato devido a proximidades dos
resultados. A figura 16 mostra que há uma diferença entre o tempo 0 e os demais 30 e 60
minutos para o custo da redosagem. No entanto, para os tempos de 30 e 60 minutos não
se pode afirmar devido a sobreposição do intervalo de confiança.
28 23

26
22
24
21
22

20
20
Custo (R$)
Custo (R$)

18 19

16
18
14
17
12
16
10

8 15

6
14
lignosullfonato naftaleno policarboxilato 0 30 60
Tipo de aditivo Tempo de dosagem (min)

Figura 15 – Custo de redosagem em função do tipo Figura 16 – Custo da adição do aditivo em função
de aditivo adicionado do tempo de redosagem

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3 Conclusões
A perda de fluidez da pasta de cimento CPII-Z 32 é influenciada pelo tipo de aditivo
adicionado e o tempo de redosagem. O aditivo lignosulfonato apresentou a maior perda,
enquanto o policarboxilato favoreceu a manutenção da fluidez.

O teor de sólidos de redosagem é afetado principalmente pelo tipo de aditivo adicionado.


O tempo de redosagem não mostrou evidência suficiente para influenciar no teor de
redosagem. Dentre os aditivos, o policarboxilato foi o que necessitou menor teor de
sólidos para a redosagem após 30 e 60 minutos.

Apesar do lignosulfonato e o naftaleno apresentarem o maior ganho de fluidez após 30 e


60 minutos, respectivamente e o policarboxilato apresentar o pior desempenho, a análise
de variância realizada não evidenciou a influência do tipo de aditivo no ganho de fluidez.

O custo de dosagem é influenciado pelo tipo de aditivo e tempo de redosagem. Em


relação aos aditivos, o lignosulfonato apresentou um custo significativamente menor que
o naftaleno e o policarboxilato, sendo este último o que apresentou mais custo de
dosagem, devido principalmente ao alto preço do aditivo. Para os tempos de 30 e 60
minutos o custo de redosagem não ficou evidenciado no teste de Tukey em virtude da
sobreposição dos intervalos de confiança.

4 Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7251: Agregados
em estado solto – determinação de massa unitária. Rio de Janeiro, 1982.

_____. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –


Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.

_____. NBR NM 23: Cimento Portland e outros materiais em pó – determinação da massa


específica. Rio de Janeiro, 2001.

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AGRADECIMENTOS

Os autores expressam sua gratidão a Votorantin Cimentos e a empresa Basf pela doação
dos materiais utilizados nesse trabalho e ao Laboratório de Materiais de Construção Civil
– LMCC da Universidade Federal de Santa Catarina pela disponibilização dos
equipamentos para a realização dos ensaios.

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