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Capítulo 1 – Exigências do estágio supervisionado: diário de campo e

plano de estágio

Introdução
Para reconhecer a importância da obrigatoriedade do Estágio
Supervisionado para acadêmicos do curso de Serviço Social e entender que o
Diário de Campo e o Plano de Estágio são elementos constitutivos do processo
da supervisão de estágio em Serviço Social, é importante que você retome o
que foi trabalhado nas disciplinas de Estágio Supervisionado I e de Orientação
e Supervisão da Prática Profissional I, estudadas no sexto período. Os sujeitos
envolvidos no processo de supervisão de estágio, as legislações de estágio, as
relações entre supervisor e supervisionado, entre outros, são de grande
relevância para o entendimento e o diálogo com o conteúdo que iremos
trabalhar aqui.
O estágio consiste numa instância da formação profissional de grande
relevância para o processo de aprendizado dos futuros profissionais de Serviço
Social, uma vez que visa capacitá-los para o exercício do trabalho profissional,
por meio da supervisão sistemática construída pelos sujeitos envolvidos.
É pertinente lembrar, como bem argumenta Pinto (1997, p. 123) citada
por Lewgoy (2009, p. 92) que, para ser realmente ensino-aprendizagem, “[...]
estágio e supervisão devem ser reconhecidos como um conjunto articulado,
que tem como pilar de sustentação a dimensão pedagógica e que dá ao ensino
do Serviço Social o atributo de ser teórico-prático”.
Começaremos abordando os sujeitos envolvidos no processo de estágio
tão importante para a vida acadêmica e profissional.

1.1 Sujeitos envolvidos no estágio supervisionado


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece no
artigo 82 sobre o estágio de formação profissional: “Os sistemas de ensino
estabelecerão as normas para realização dos estágios dos alunos
regularmente matriculados no ensino médio ou superior em sua jurisdição”. A
esse respeito, o Projeto pedagógico do Curso de Serviço Social, turma 2007,
modalidade a distância, da Fundação Universidade do Tocantins, prevê carga
horária de 570 (quinhentos e setenta) horas. Essa carga horária encontra-se
distribuída em três semestres previstos na Matriz Curricular do curso,
organizados em três (três) níveis:

Estágio Supervisionado I: 60 horas (teóricas) + 90 horas (práticas) = 150 horas


Estágio Supervisionado II: 60 horas (teóricas) + 120 horas (práticas) = 180
horas
Estágio Supervisionado III: 60 horas (teóricas) + 180 horas (práticas) = 240
horas

A supervisão será realizada por um conjunto de sujeitos sociais, tais


como: profissionais do campo e supervisores acadêmicos, com base no Plano
de Estágio elaborado de forma conjunta pelas unidades de ensino e
organizações que oferecem estágio, no início de cada semestre letivo.
(DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE SERVIÇO
SOCIAL/ABEPSS/MEC).
Entretanto, devido à especificidade da modalidade do ensino em EaD,
faz-se necessária uma configuração e denominações diferentes envolvendo os
sujeitos sociais neste processo. Assim, além dos acadêmicos e dos
supervisores de campo, a supervisão de estágio, da Unitins, envolverá também
o supervisor regional e o professor orientador. Apresentamos a seguir as
atribuições e responsabilidades desses profissionais/sujeitos sociais.
• Professores Orientadores de Estágio
9 Fornecer as informações necessárias à realização dos estágios para os
supervisores regionais.
9 Orientar, acompanhar e supervisionar os estagiários por meio da
ferramenta on-line de estágio.
9 Corrigir as avaliações subjetivas elaboradas pelos estudantes durante a
realização do estágio supervisionado.
9 Responder ao fórum permanente.
9 Participar em chats pré-agendados.

• Supervisores Regionais de Estágio


9 Firmar parceria com prefeitura local e instituições/organizações;
9 Fazer a divisão dos subgrupos de trabalho em conjunto com
acadêmicos. Tais grupos deverão ser cadastrados no portal em
conformidade com essa divisão para fins de postagem de Projeto de
Intervenção e Relatório Final de Estágio.
9 Elaborar Plano de Estágio em conjunto com acadêmicos.
9 Formalizar a documentação referente ao cumprimento do Estágio.
9 Fazer o acompanhamento e a orientação das atividades desenvolvidas
de forma compartilhada com os professores orientadores da UNITINS.
9 Participar em chats pré-agendados.
9 Realizar os seminários de orientação de Estágio.
9 Elaborar relatório descritivo das atividades e da participação dos alunos
após cada seminário e postar na ferramenta on-line.
9 Encaminhar as fichas de frequência dos alunos e ficha de
acompanhamento (avaliação do estágio/campo) para a Secretaria
Acadêmica da Unitins (devidamente carimbadas e assinadas).
9 Postar na ferramenta de Estágio Relatório com a Avaliação Final do
Estágio.

• Acadêmicos/Estagiários
9 Subdividir-se em grupos de três a cinco integrantes para realização de
trabalhos/atividades pertinentes ao Estágio.
9 Fazer o cadastro e moderar o grupo de Estágio na ferramenta on-line.
9 Elaborar Plano de Estágio em conjunto com o supervisor regional e com
o supervisor de campo.
9 Realizar todas as atividades inerentes ao Estágio de acordo com a
orientação da supervisão regional e do professor orientador da Unitins.
9 Realizar e postar os trabalhos avaliativos (Projeto de Intervenção e
Relatório Final).
9 Frequentar assiduamente o Estágio.
9 Participar do fórum permanente.
9 Participar de chats pré-agendados.
9 Participar ativamente dos seminários presenciais.
9 Empenhar-se e desenvolver boa relação interpessoal entre colegas,
professor orientador e supervisor regional e de campo.
9 Zelar pelos princípios éticos no atendimento à população ou ao público-
alvo.

• Supervisor de Campo
9 Elaborar Plano de Estágio em conjunto com o supervisor regional e com
os acadêmicos.
9 Orientar, acompanhar, supervisionar as atividades dos estagiários sob
sua responsabilidade durante o desenvolvimento do estágio.
9 Orientar sobre a construção da Análise Institucional.
9 Orientar os estagiários na elaboração do Projeto de Intervenção.
9 Monitorar a presença dos alunos na execução das atividades do Projeto
de Intervenção e a participação nas reuniões.
9 Participar de reuniões com os estagiários e com o supervisor regional.
9 Enviar a lista de frequência dos estagiários para o supervisor regional.
9 Avaliar o desempenho do estagiário.

1.2 Aspectos legais do Estágio Supervisionado


A nova Lei de Estágio, Lei 11.788/08, veio com algumas mudanças. De
acordo com o artigo 1º dessa Lei, “Estágio é o ato educativo escolar
supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho que visa à preparação
para o trabalho produtivo de educadores”. Esse mesmo artigo destaca, ainda,
que estudantes regularmente matriculados e frequentando o ensino regular, em
instituições de ensino superior, de educação profissional (técnico), de ensino
médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na
modalidade da educação de jovens e adultos (EJA), podem estagiar. Portanto,
de acordo com essa informação do 1º artigo da referida Lei, os alunos de
Educação a Distância (EaD) concorrem às vagas de estágio respeitando-se a
carga horária relativa ao ensino presencial correspondente, desde que
regularmente matriculados, conforme rege a Lei. Enfim, a Lei de Estágio
11.788/08 afetará cerca de um milhão e cem mil estudantes e trará maior
segurança jurídica nas relações de estágio, esclarecendo a respeito de quem
pode ofertar estágios, a carga horária, as férias, além de estabelecer o número
máximo de estagiários que podem ser contratados pela empresa, dentre outras
vantagens.
A Resolução 15, de 13 de março de 2002, que estabelece as Diretrizes
Curriculares para os cursos de Serviço Social, salienta que, sendo uma
atividade curricular obrigatória, o Estágio Supervisionado deve ser
desenvolvido durante o processo de formação a partir do desdobramento dos
componentes curriculares, concomitante ao período letivo escolar. A
supervisão deverá ser feita de forma conjunta pelo professor supervisor pelo
profissional de campo, tendo como base o Plano de Estágio elaborado em
conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio.
De acordo com a Lei 8.662, de 7 de junho de 1993, que dispõe sobre a
profissão de assistente social, a atividade de supervisão constitui uma das
atribuições privativas do assistente social. Cabe às Unidades de Ensino
credenciar e comunicar aos Conselhos Regionais de sua jurisdição os campos
de estágio de seus alunos e designar os assistentes sociais responsáveis por
sua supervisão. Somente os estudantes de Serviço Social, sob a supervisão
direta do assistente social em pleno gozo de seus direitos profissionais,
poderão realizar estágio em Serviço Social (artigo 14).
O Código de Ética Profissional do Assistente Social em vigor desde 1993
veda a prática de estágio sem a devida supervisão. Por sua vez, a Resolução
CFESS 533, de 29 de setembro de 2008, que regulamenta a supervisão direta
de estágio no Serviço Social, em seu artigo 2º destaca que “a supervisão direta
de estágio em Serviço Social é atividade privativa do assistente social, em
pleno gozo dos seus direitos profissionais, devidamente inscrito no CRESS de
sua área de ação, sendo denominado supervisor de campo o assistente social
da instituição campo de estágio, e supervisor acadêmico o assistente social
professor da instituição de ensino”.
O Código de Ética Profissional do Assistente Social, de 13 de março de
1993, proíbe a prática de estágio sem a devida supervisão direta, conforme
estabelece o artigo 4º, alíneas “d” e “e”:
É vedado ao assistente social:
d) compactuar com o exercício ilegal da profissão, inclusive nos
casos de estagiários que exerçam atribuições específicas, em
substituição aos profissionais;
e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em
Instituições Públicas ou privadas que não tenham em seu quadro
assistente social que realize acompanhamento direto ao aluno
estagiário.
Como podemos observar no trecho anterior retirado do Código de Ética
profissional do Assistente Social, o exercício de supervisão direta em Serviço
Social constitui momento de significativa importância no processo de ensino-
aprendizagem, configurando como elemento de síntese na relação teoria-
prática. Acredita-se que o acompanhamento direto ao aluno estagiário de
Serviço Social, nos diferentes espaços sócio-ocupacionais das esferas públicas
e privadas, é de extrema relevância para a formação profissional, para o
conhecimento da realidade institucional e para a problematização teórico-
metodológica.
O descumprimento dessas normas acarretará penalidades, desde a
multa até a cassação do exercício profissional, na forma dos dispositivos legais
e/ou regimentais.
A Resolução CFESS 533, de 29 de setembro de 2008, regulamenta a
Supervisão Direta de Estágio no Serviço Social. Entende-se por supervisão
direta, conforme parágrafo 1º do artigo 4º da respectiva Resolução, “a
conjugação entre a atividade de aprendizado desenvolvida pelo aluno no
campo de estágio, sob o acompanhamento direto do supervisor de campo, e a
orientação e avaliação a serem efetivadas pelo supervisor vinculado à
instituição de ensino”. Em conformidade com a Lei 8.662/93, essa Resolução
enfatiza, em seu artigo 2º, que o exercício de supervisionar estágio é exclusivo
do profissional de Serviço Social. O artigo frisa, ainda, a distinção entre
supervisor de campo e supervisor acadêmico. Confira o artigo 2º a seguir:
A supervisão direta de estágio em Serviço Social é atividade privativa
do assistente social, em pleno gozo dos seus direitos profissionais,
devidamente inscrito no CRESS de sua área de ação, sendo
denominado supervisor de campo o assistente social da instituição
campo de estágio e supervisor acadêmico o assistente social
professor da instituição de ensino.

No que diz respeito aos papéis a serem desempenhados pelos


supervisores de campo e pelos acadêmicos, no 4º artigo da Resolução fica
clara a informação de que a supervisão direta de Estágio em Serviço Social
estabelece-se na relação entre unidade acadêmica e instituição pública ou
privada que recebe o estudante, sendo que caberá:
I) ao supervisor de campo apresentar projeto de trabalho à
unidade de ensino incluindo sua proposta de supervisão, no momento
de abertura do campo de estágio;
II) aos supervisores acadêmico e de campo e ao estagiário
construir plano de estágio onde constem papéis, funções,
atribuições e dinâmica processual da supervisão, no início de cada
semestre/ano letivo.

O parágrafo segundo do artigo citado anteriormente esclarece ainda que


“compete ao supervisor de campo manter cópia do plano de estágio,
devidamente subscrito pelos supervisores e estagiários, no local de realização
do mesmo”.
Os artigos 6º e 7º também trazem, em seu caput, mais esclarecimentos
sobre os papéis dos dois supervisores. Observe na sequência o que
estabelecem os referidos artigos:
Artigo 6º. Ao supervisor de campo cabe a inserção,
acompanhamento, orientação e avaliação do estudante no campo de
estágio em conformidade com o plano de estágio.
Artigo 7º. Ao supervisor acadêmico cumpre o papel de orientar o
estagiário e avaliar seu aprendizado, visando à qualificação do aluno
durante o processo de formação e aprendizagem das dimensões
técnico-operativas, teórico-metodológicas e ético-política da
profissão.

No que tange à responsabilidade ética e técnica da supervisão direta, o


artigo 8º deixa claro que esta é de ambos, ou seja, do supervisor de campo e
do supervisor acadêmico.
A partir desse entendimento legal, podemos perceber que o processo de
Supervisão constitui elemento de significativa relevância para o Projeto de
Formação Profissional, “que deverá ser expressão deste, comportar suas
orientações teóricas e direção social, pois faz parte dele de modo intrínseco”
(LEWGOY, 2009, p. 121).

Saiba Mais
Você sabia que desde a Idade Média a supervisão ocorria pelas
autoridades, que enviavam um professor às escolas para verificar se os
aspectos morais e religiosos da instrução estavam sendo desenvolvidos?
Naquela época, em razão das confrarias, corporações de ofícios e outras
atividades afins, havia um sistema prático de aprendizagem, no qual o aprendiz
residia com a família do mestre, recebendo dele os ensinamentos para a
execução do ofício. Portanto, há tempos a supervisão ocupou espaço na
educação, sendo vista como possibilidade de reprodução e controle dos
sistemas nos quais se inseria (MEDINA, 1995 citado por LEWGOY, 2009, p.
66).

1.3 Supervisão de estágio: elementos constitutivos


Vimos no item anterior que a supervisão de estágio está vinculada ao
Projeto Político Pedagógico e respaldada por instrumentos legais, tais como: o
Código de Ética Profissional, a Resolução CFESS 533/2008 e a Lei de
Regulamentação da Profissão.
A supervisão de estágio envolve uma somatória de atribuições aos
sujeitos envolvidos no processo, bem como a exigência de diversos elementos
constitutivos, sendo que alguns estão em consonância com as determinações
dessas legislações e outros estão previstos no Projeto Pedagógico do Curso.
Entre estes elementos, podemos destacar: Diário de Campo, Plano de Estágio,
Análise Institucional, Projeto de Intervenção, Relatório do Projeto de
Intervenção. Tais elementos constituem instrumentos de avaliação, além de
funcionarem como excelentes subsídios na elaboração do Relatório Final de
Estágio, que é, também, um dos instrumentos avaliativos que comporta o
Projeto de Formação Profissional dos profissionais de Serviço Social.
Neste capítulo introdutório iremos focalizar o nosso olhar sobre o Diário
de Campo e o Plano de Estágio. Veremos que esses instrumentos são
fundamentais na construção de novos saberes profissionais.

1.3.1 Diário de Campo


O diário de campo é um instrumento que tem bastante significado para o
estagiário de Serviço Social, uma vez que possibilita o armazenamento de
algumas informações e anotações pessoais desenvolvidas a partir do contato
com a realidade e das vivências percebidas nas atividades teórico-práticas.
Tais informações e anotações subsidiarão sobremaneira a elaboração do
Relatório Final de Estágio.
No diário se anotam dia após dia os eventos das observações, bem
como o desenvolvimento dos fatos cotidianos. É um relato escrito daquilo que o
estagiário ouve, vê, experiencia e reflete durante o percurso dos
acontecimentos do estágio supervisionado.
Nesse sentido, o diário de campo consiste em um instrumento de
registro das informações e das experiências vividas no cotidiano do estágio.
Ele permite que as informações, as observações e as reflexões sejam
sistematizadas de forma mais detalhada. Em outras palavras, podemos dizer
que o diário é um caderno individual em que o estagiário anotará percepções,
encaminhamentos, análises, dúvidas, demandas da população atendida,
inquietações, avaliações, sentimentos pessoais, depoimentos dos sujeitos
envolvidos, conflitos, questionamentos e dilemas éticos, entre outros
apontamentos que digam respeito à sua vivência no campo de estágio.
Mas, como construir um diário de campo? Uma das vantagens do diário
de campo é que não é necessário conhecimento aprofundado para seu uso,
nem tampouco seguir normas rígidas. A escrita é livre. No entanto
apresentamos alguns dados importantes para o preenchimento do diário de
campo:
a) título;
b) data;
c) horário;
d) local:
e) participantes;
f) atividade prevista;
g) objetivos;
h) atividades realizadas e procedimentos desenvolvidos;
i) resultados e impactos das atividades e procedimentos: para a formação
profissional e para a demanda institucional/profissional;
j) avaliação.
Além dos dados apresentados anteriormente, apontamos-lhe algumas
sugestões também importantes neste processo de registro, quais sejam:
• não adiar ou acumular o registro das anotações;
• registrar antes de falar, para não confundir;
• escrever as anotações em lugar sossegado e tranquilo;
• dar-se tempo para escrever as notas;
• esboçar frases-chaves e tópicos antes de começar a escrever;
• escrever de forma cronológica;
• deixar as conversas e os acontecimentos fluírem no papel;
• acrescentar o que foi esquecido na primeira escrita;
• manter o sigilo, tendo em vista, as anotações de caráter pessoal.

Como você viu, o diário de campo é um instrumento fundamental no


processo de registro e análise de dados, uma vez que ele permite a
sistematização das ações interventivas desenvolvidas pelos sujeitos envolvidos
no processo de supervisão de estágio. Por fim, ressaltamos que o diário de
campo, mais que um receptáculo que guarda informações e anotações,
favorece a sistematização de reflexões cotidianas que, quando relidas, são
bastante úteis no âmbito da atuação profissional, bem como já foi assinalado,
no processo de elaboração do Relatório Final de Estágio. Tão importante
quanto o diário de campo é também o Plano de Estágio que iremos abordar a
seguir.
Reflita
É muitíssimo importante ressaltar as percepções e os sentimentos
pessoais desencadeados pela observação e pelas vivências das atividades
teórico-práticas. Da mesma forma, registrar o máximo possível de falas,
discursos, expressões e manifestações simbólicas, que possam ilustrar sua
descrição da realidade bem como a análise das situações e dos
acontecimentos. De que modo os registros feitos no seu diário de campo tem
contribuído no seu processo de ensino-aprendizagem?

1.3.2 Plano de Estágio


À supervisão de campo atribui-se a reflexão, o acompanhamento, os
estudos e a sistematização das atividades desenvolvidas pelo estagiário, com
base no Plano de Estágio, o qual deverá ser acompanhado pela Instituição de
Ensino, no âmbito da disciplina de Supervisão Acadêmica e Coordenação de
Estágios.
O Plano de Estágio é um instrumento que deve conter indicativos do
horizonte profissional e da formação do estagiário, que favoreçam a
sistematicidade das ações do processo de ensino-aprendizagem, além de
permitir reflexões das diversificadas conjunturas que comportam o Serviço
Social nos espaços sócio-ocupacionais. Resumidamente, podemos dizer que o
objetivo principal do Plano de Estágio consiste em planejar, organizar e orientar
o acompanhamento, a supervisão e a avaliação das atividades a serem
desenvolvidas no estágio.
Como já foi assinalado, o Plano de Estágio deverá ser elaborado em
conjunto entre estagiário, supervisor de campo e regional, e em cada um dos
três níveis previstos na Matriz Curricular. Ou seja, a cada início de
semestre/ano letivo deverá ser elaborado um Plano de Estágio.
Uma das premissas para qualificação do Plano de Estágio, portanto, é:
Sua referência ao Plano de trabalho profissional, enquanto
instrumento que permite a transparência sobre atribuições, funções e
responsabilidades, resultando no contrato de ações facilitadoras para
a formação de novos profissionais. Portanto, considera-se o Plano de
Estágio como “orientador” do processo de aprendizagem profissional,
nas relações entre determinado exercício profissional do Serviço
Social na organização e o Projeto Pedagógico do Curso de Serviço
Social. (DIRETRIZES DE ESTÁGIO-FACULDADE DE SERVIÇO
SOCIAL-PUC/SP).

Como pode ser observado na citação anterior, o Plano de Estágio é um


instrumento fundamental no processo de Supervisão do Estágio, bem como da
formação profissional e está em consonância com o que estabelece o artigo 4º
da Resolução CFESS 533, de 29 de setembro de 2008. Em outras palavras,
podemos observar que antes mesmo de iniciar a supervisão de estágio o
estudante deverá elaborar o Plano de Estágio, uma vez que esse instrumento
irá nortear as observações, a pesquisa, as reflexões e a execução das
atividades sobre o estágio, posto que, sem uma ideia norteadora, muito se
perde ou não se focaliza.
Cabe ressaltar que não existe um modelo pronto para a elaboração do
Plano de Estágio. No entanto alguns elementos devem ser contemplados.
Nesse sentido, tenha em mente as grandes linhas, as colunas mestras do seu
estágio e construa o seu Plano de Estágio. Para isso, apresentamos uma
sugestão de roteiro que poderá ser utilizado para tal.
PÁGINA DE ROSTO: capa de identificação que deve conter os seguintes
dizeres na ordem:
• Nome da Universidade:
• Nome do Curso:
• Nome da Disciplina:
• Título do Trabalho:
• Nome do aluno: Matrícula: Login:
• Nome do Supervisor Regional:
• Nome do Supervisor de Campo:
• Mês e ano
2. OBJETIVOS DO PLANO
a) Planejar e organizar as atividades a serem desenvolvidas no estágio.
b) Orientar o acompanhamento, a supervisão e a avaliação do estágio e do
estagiário.
3. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O ESTÁGIO
a) Dados da Instituição / Organização
• Nome:
• Endereço:
• Cidade / UF:
• Telefone / Endereço eletrônico:
b) Dados do estagiário
• Nome completo do estagiário:
• Período em que estuda:
• Endereço eletrônico:
c) Dados do supervisor de estágio
• Nome completo do supervisor regional:
• Órgão profissional (identificação e registro):
• Nome completo do supervisor de campo:
• Órgão profissional (identificação e registro):
d) Campo de estágio (área/espaço sócio-ocupacional em que será
desenvolvido o estágio).
• Vigência do estágio: ____/____20 ___ a ____/___/20___
• Carga horária diária do estágio:
4. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO
• Atividades (atividades/ações a serem desenvolvidas para atingir
os objetivos propostos).
• Procedimentos/Métodos (Como? Qual caminho? O que fazer?
Onde procurar? Procedimentos, tais como: registro fotográfico,
observação, entrevistas, visitas etc.).
5. CRONOGRAMA (expressa o tempo de realização do estágio com
compatibilizações das tarefas a serem desenvolvidas. Deverá conter as
atividades de planejamento e de execução do estágio).
• Modelo de cronograma:
MESES/SEMANA/HORAS
ATIVIDADES 1 2 3 4 5

A X X
B X X X
C X X
D X X

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (todas as fontes de pesquisa


deverão estar relacionadas e devem constar nas referências – conforme
normas da ABNT).
7. AVALIAÇÃO
Data, assinatura e carimbo dos supervisores regional e de campo e do
estagiário.

Para concluir este capítulo, podemos inferir que o Diário de Campo e o


Plano de Estágio são elementos constitutivos da ação profissional, visto que
podem influenciar de modo positivo os processos de planejamento e avaliação
das ações desenvolvidas no percurso do estágio, bem como facilitar a
sistematização do Relatório Final de Estágio, que será desenvolvido na
disciplina de Estágio Supervisionado III, do último período do curso de Serviço
Social.
Ao finalizarmos este capítulo introdutório, recordamos que existem
diversas legislações que regulamentam a supervisão de estágio. Tais
exigências legais são fundamentais para assegurar que o estágio se constitua,
de fato, em uma atividade pedagógica constitutiva do processo de formação
profissional. Você aprendeu também que a supervisão de estágio é um espaço
de ensino-aprendizagem que envolve uma somatória de atribuições para os
sujeitos envolvidos neste processo, bem como a exigência de diversos
elementos constitutivos que estão em consonância com as determinações
dessas leis. Entre os elementos constitutivos, abordamos de forma mais
detalhada o Diário de Campo e o Plano de Estágio. No próximo capítulo,
abordaremos a análise institucional, outro elemento de grande relevância no
processo de ensino-aprendizagem do profissional do Serviço Social.
No próximo capítulo, você estudará a importância do Diagnóstico e da
Análise Institucional, que antecedem a elaboração de qualquer projeto de
intervenção, como formas de elucidar as demandas institucionais. Além disso,
você estudará as sustentabilidades políticas, técnicas e financeiras necessárias
para o êxito do seu projeto.

Atividades
1. De acordo com as Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social-
ABEPSS/MEC, a supervisão de estágio deverá ser realizada por um conjunto
de sujeitos sociais. A esse respeito, quais são esses sujeitos?
a) Acadêmicos, profissional do campo e supervisor acadêmico.
b) Supervisor acadêmico e coordenador do Curso de Serviço Social.
c) Coordenador do Curso de Serviço Social, acadêmicos e supervisor de
campo.
d) Diretor do Curso de Serviço Social e acadêmicos.

2. O artigo 4º da Resolução CFESS 533, de 29 de setembro de 2008,


regulamenta que, a cada início de semestre/ano letivo, deverá ser elaborado
um documento que norteará a supervisão de estágio. Nesse sentido, pode-se
afirmar que este documento consiste no:
a) Diário de Campo
b) Projeto de Intervenção
c) Plano de Estágio
d) Relatório Final de Estágio

3. O Diário de Campo é um instrumento constitutivo da supervisão de estágio e


possui bastante significado para o estagiário de Serviço Social. Assim, pode-se
afirmar que o diário consiste em um instrumento
a) que deve conter indicativos do horizonte profissional e de formação do
estagiário que favoreçam a sistematicidade das ações do processo de ensino-
aprendizagem.
b) que tem como foco um problema que requer intervenção.
c) que relata todas as atividades desenvolvidas pelo estagiário durante o
processo de estágio.
d) que registra as informações e as experiências vividas no cotidiano do
estágio.

4. A supervisão de estágio está vinculada ao Projeto de Formação Profissional


e respaldada por instrumentos legais. Nesse sentido, elabore um texto de
quinze linhas abordando a obrigatoriedade e a importância da supervisão de
estágio dando destaque ao Diário de Campo e ao Plano de Estágio enquanto
elementos constitutivos desse processo de ensino-aprendizagem.

Comentários das atividades


Na atividade 1, a resposta verdadeira é a da letra (a), pois as Diretrizes
Curriculares do Curso de Serviço Social-ABEPSS/MEC estabelecem que a
supervisão de estágio deverá ser realizada em conjunto pelos acadêmicos,
pelo profissional do campo e pelo supervisor acadêmico.
A letra (b) é falsa, porque as Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço
Social-ABEPSS/MEC não estabelecem que a supervisão de estágio deverá ser
realizada pelo coordenador do Curso de Serviço Social. A letra (c) também é
falsa, porque as Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social-
ABEPSS/MEC não estabelecem que a supervisão de estágio deverá ser
realizada pelo coordenador do Curso de Serviço Social. A letra (d) é falsa, uma
vez que as Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social-ABEPSS/MEC
não estabelecem que a supervisão de estágio deverá ser realizada pelo Diretor
do Curso de Serviço Social.
A resposta verdadeira da atividade 2 está na letra (c), pois a Resolução
CFESS 533, de 29 de setembro de 2008, regulamenta que a cada início de
semestre/ano letivo deverá ser elaborado o Plano de Estágio, em conjunto
entre estagiário, supervisor de campo e supervisor acadêmico. A letra (a) é
falsa, porque o Diário de Campo é um dos elementos constitutivos do estágio,
porém não está regulamentado pela Resolução CFESS 533, de 29 de
setembro de 2008, tampouco deverá ser elaborado de forma conjunta, mas
individualmente. A letra (b) também é falsa, pois o Projeto de Intervenção não
está regulamentado pela Resolução CFESS 533. Embora esse projeto seja um
dos elementos constitutivos presente no processo de estágio, deverá ser
elaborado pelo estagiário. A letra (d), é falsa porque o Relatório Final de
Estágio, como o próprio nome já diz, deverá ser elaborado no final do estágio e
não a cada início de semestre/ano letivo. Tampouco deverá nortear a
supervisão de estágio.
Você identificou que, na atividade 3, a resposta verdadeira está na letra
(d), pois o Diário de Campo é um instrumento constitutivo da supervisão de
estágio no qual o estagiário deverá registrar as informações e as experiências
vividas no cotidiano do estágio. A afirmação da letra (a) é falsa, porque não
está se referindo ao Diário de Campo, mas sim, ao Plano de Estágio, deve
conter indicativos do horizonte profissional e de formação do estagiário,
favorecendo a sistematicidade das ações do processo de ensino-
aprendizagem. A afirmação da letra (b) é falsa, porque não está se referindo ao
Diário de Campo, mas ao Projeto de Intervenção, o qual tem como foco um
problema que requer intervenção. A afirmação da letra (c) também é falsa,
porque não está se referindo ao Diário de Campo, mas sim ao Relatório Final
de Estágio, o qual relata todas as atividades desenvolvidas pelo estagiário
durante o processo de estágio.
Para ter respondido adequadamente à atividade 4, é importante que
você tenha falado sobre as legislações que regulamentam a supervisão de
estágio e tenha destacado que, enquanto elementos constitutivos do estágio, o
Diário de Campo e o Plano de Estágio são de grande importância no processo
de formação profissional dos futuros assistentes sociais.

Referências
BRASIL. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 6 nov.
2009.
______. Lei 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de
Assistente Social. Disponível em:
<http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_lei_8662.pdf>. Acesso em: 6 nov.
2009.
______. Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de
estudantes; altera a redação do Art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho
– CLT, aprovada pelo Decreto-Lei 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei 9.394,
de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis 6.494, de 7 de dezembro de 1977,
e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do Art. 82 da Lei 9.394, de
20 de dezembro de 1996, e o Art. 6º da Medida Provisória 2.164-41, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11788.htm>.
Acesso em: 6 nov. 2009.
______. Resolução 15, de 13 de março de 2002. Estabelece as Diretrizes
Curriculares para os Cursos de Serviço Social. Disponível em: <
http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_diretrizes_cursos.pdf>. Acesso em:
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CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de Ética Profissional
do Assistente Social. Brasíla,1993.
______. Resolução 533, de 29 de setembro de 2008. Regulamenta a
supervisão direta de estágio no Serviço Social. Disponível em:
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DIRETRIZES DE ESTÁGIO-FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL-PUC/SP.
Disponível em:
www.pucsp.br/estagio/.../diretrizes_estagio_serv_social_2007.doc>. Acesso em
23 de setembro de 2009.
LEWGOY, Alzira Maria Baptista. Supervisão de estágio em Serviço Social:
desafios para a formação e o exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2009.
PINTO, Rosa Maria Ferreiro. Estágio e Supervisão: um desafio teórico-prático
do Serviço Social. São Paulo: PUCSP, 1997.

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