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LAURA REGINA PARREIRA DUARTE

“CONSERVAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO


INDIVIDUAL (MÁSCARA PFF-2) APÓS USO POR
AUXILIARES DE ENFERMAGEM”

Área de concentração: Infectologia em Saúde Pública

Orientador: Prof. Dr.Ricardo Helbert Bammann

São PAULO
2006
LAURA REGINA PARREIRA DUARTE

“CONSERVAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO


INDIVIDUAL (MÁSCARA PFF-2) APÓS USO POR
AUXILIARES DE ENFERMAGEM”

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Coordenadoria de
Controle de Doenças da Secretaria
de Estado de São Paulo, para
obtenção do Título de Mestre em
Ciências.

Área de concentração: Infectologia em Saúde Pública

Orientador: Prof. Dr.Ricardo Helbert Bammann

São PAULO
2006
FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pelo Centro de Documentação – Coordenadoria de Controle de Doenças/SES

©reprodução autorizada pelo autor

Duarte, Laura Regina Parreira


Conservação do equipamento de proteção individual (máscara PFF-2)
após uso por auxiliares de enfermagem / Laura Regina Parreira Duarte –
São Paulo, 2006.
Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo.
Área de concentração: Infectologia em Saúde Pública
Orientador: Ricardo Helbert Bammann

1. Equipamento de proteção 2. Máscaras/utilização 3. Auxiliares de


Enfermagem 4. Saúde ocupacional 5. Tuberculose/enfermagem

SES/CCD/CD-124/06
A força maior que me rege,
impulsiona e faz com que
eu atinja minhas metas..
AGRADECIMENTOS

À instituição, IIE R , que m e acolheu desde


m inha tenra form
fo rm ação e perm anece fornecendo
possibilidades para m inha evolução profissional
e pessoal.

A o Prof. D r. R icardo B aum m ann pela valiosa


orientação m ostrando-
ostrando - se sem pre acessível.

A os auxiliares de enferm agem participantes, pelo


fornecim ento de dados prim ordiais
ordi ais e
indispensáveis para o desenvolvim ento deste
estudo.

A Cornélia, M aria M adalena, Luiz A ntônio,


M aria H elena, Jorge A ntônio e H elenice pela
prestim osa ajuda na realização do estudo.

A 3M , representada por Paulo A gnello sem pre


solícito .

À s m inhas diretoras
d iretoras M árcia e E lisa pelo apoio e
incentivo.
À m inha não m ais hoje, m as sem pre no m eu
coração diretora A rlinda pelas nossas conversas,
apoio e confiança.

À M ônica e M argarete, secretárias da Pós-


Pós -
G raduação do IIE R , pela atenção, apoio e ajuda
sem pre constante.
co nstante.

À bibliotecária Sandra A lves, da B iblioteca da


Secretária de E stado da Saúde, pela atenção na
elaboração da ficha catalográfica.

A todos que participaram das bancas de


qualificação e defesa e que contribuíram para
m elhoria deste estudo.

À s m inhas
inh as queridas am igas Clem entina, M argô e
Jacilene, pela am izade constante e preciosa.

A os am igos Cláudio, Paulo e Shirlei, que


participaram deste grande sonho.
A os m eus pais que form aram o individuo que sou
hoje, persistente, lutador, hum ano e ético.

A o m eu com panheiro Luiz que ouviu todos os


m eus dissabores
d issabores e perm aneceu presente.
i

RESUMO

Os profissionais de enfermagem são indivíduos de alto risco ocupacional


para aquisição de tuberculose e o equipamento de proteção individual –
máscara PFF-2 não apresenta prazo de validade bem definido após uso.
Foram objetivos deste estudo: verificar o grau de esclarecimento dos
profissionais quanto à máscara PFF-2 e suas indicações, identificar a
confiança depositada pelo usuário no equipamento e listar os maiores
fatores de desestímulo ao seu uso, qualificar e quantificar os danos
impelidos à estrutura da máscara ao longo do tempo e estimando assim, o
período de validade da máscara após uso na rotina clínica.
O estudo foi realizado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas IIER,
dividindo-se em duas etapas, a saber: Etapa I – aplicação de um breve
questionário a auxiliares de enfermagem atuantes na assistência direta aos
pacientes internados; e Etapa II – distribuição e análise descritiva das
máscaras PFF-2 recolhidas após um, cinco, quinze e trinta dias consecutivos
de uso.
Do total de 167 funcionários incluídos no estudo, 115 (68,87%) trabalhavam
no período diurno e 52 (31,13%) no noturno. Houve um predomínio do sexo
feminino (86,22%), com idade variando entre 20 e 67 anos.
Apenas 73,05% dos profissionais expressaram confiança na efetividade da
máscara.Quanto às indicações para seu uso, a resposta correta “toda e
qualquer suspeita de tuberculose” foi assinalada por 50,00% dos
entrevistados. As causas de maior interferência para o uso da máscara
foram o desconforto para respirar (35,69%) e as dificuldades no
acondicionamento das máscaras (20% das citações). Na etapa II,
observaram-se danos na estrutura física do equipamento principalmente às
custas de marcas de identificação individual e dobras provocadas ao se
guardar a máscara quando fora do uso, estas últimas presentes em
absolutamente todas as máscaras após o 15° dia.
Também foi grande o percentual de máscaras extraviadas ao longo do
estudo, sendo superior a 15,00% após 5 dias e chegando a 38,93% ao final
de um mês de uso.
Conclui-se que auxiliares de enfermagem do IIER demonstraram
conhecimento insuficiente sobre as indicações do uso correto da máscara
PFF-2, apesar de admitirem treinamento prévio.A confiança depositada no
EPI também foi aquém da esperada. Ao desconforto provocado pelo uso da
máscara soma-se a falta de soluções práticas para o armazenamento das
mesmas quando fora do uso, implicando, entre outros, num elevado índice
de extravio e danos ao equipamento.
Os dados obtidos com este estudo permitem estimar que o prazo de
validade da máscara PFF-2 expira entre o 5° e o 15° dia de uso.
ii

ABSTRACT

Nursing professionals are considered under high occupational risk of


acquiring tuberculosis and the individual protection equipment (IPE) – N-95
mask - has its expiration time after use not well defined.
The objectives of this study were to verify professionals’ knowledge extent in
relation to the mask and its indication, to identify the users’ confidence on the
equipment, to describe major reasons to explain subjective rejection to its
use and to quantify damages that may occur to the mask structure over time,
thus estimating validity of the IPE after use in clinical routine.
The study was carried out in Emilio Ribas Institute of Infectology (ERII) and
followed two different phases: a short questionnaire applied to the nursing
staff working in direct assistance to hospitalized patients; and distribution of
N-95 masks recollected after one, five, 15 and 30 consecutive days of use.
Out of the 167 employees included in the study, 115 (68.87%) worked in day
shift and 52 (31.13%) by night. There was a predominance of females
(86.22%), with age varying from 20 to 67 years.
Only 73.05% of the professionals expressed confidence on the effectiveness
of the N-95 mask. Regarding indication for its use, the correct answer “every
and any suspicion of tuberculosis” was marked by only 50.00% of the
interviewed individuals. Major factors causing greater interference were
discomfort to breathing (35.69%) and difficulties in storage whenever the
mask was not in use (20.00%). Most common damages to the equipment
were due to identification marks and folds, the latter present in all masks after
the 15th day of use. A great percentage of lost masks was also observed in
the study, higher than 15.00% after five days and reaching 38.93% after one
month of use.
It was concluded that nursing assistants of the ERII showed insufficient
knowledge about indications to the use of N-95 masks, although admitting
previous training. The confidence relied on the EPI was beyond expected.
Discomfort caused by the mask was added to the lack of practical solutions
to keep them safe and clean when not in use, resulting among others in a
great index of losses and damages to the equipment. Data obtained in this
study suggested that the validity term of N-95 masks expires between the 5th
and 15th day of use.
iii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IIER Instituto de Infectologia Emílio Ribas

EPI Equipamento(s) de Proteção Individual

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

CDC Centers for Disease Control and Prevention

NIOSH National Institute for Occupational Safety and


Health

PFF Peça Facial Filtrante

HEPA High Efficiency Particulate Air

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

NR(n) Norma Regulamentadora (número)


iv

LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS

Figura 1 - Máscara PFF-2 nova, cedida pelo


fabricante 3M do Brasil para a
11
viabilização do estudo – vista externa
e interna. IIER, 2005.

Gráfico 1a -
Distribuição da faixa etária dos
auxiliares de enfermagem
12
participantes no período diurno
(n=115). IIER, 2005.

Gráfico 1b - Distribuição da faixa etária dos


auxiliares de enfermagem
13
participantes no período noturno.
(n= 52). IIER, 2005.

Gráfico 2a - Tempo de exercício profissional dos


auxiliares de enfermagem
14
participantes no período diurno
(n=115). IIER, 2005.
v

Gráfico 2b - Tempo de exercício profissional dos 14


auxiliares de enfermagem
participantes no período noturno
(n=52). IIER, 2005.

Gráfico 3a - Opinião dos auxiliares de enfermagem


quanto à efetividade da máscara
PFF-2 no período diurno (n=115).
15
IIER, 2005.

Gráfico 3 b - Opinião dos auxiliares de


enfermagem quanto à efetividade da
16
máscara PFF-2 no período noturno
(n=52). IIER, 2005.

Gráfico 4 - Indicações do uso da máscara


PFF-2 citadas pelos auxiliares de
enfermagem por período de trabalho
17
(n=167). IIER, 2005.

Gráfico 5 - Interferências citadas pelos auxiliares


de enfermagem para o uso das
máscaras PFF-2 por período de
18
trabalho (n=167). IIER, 2005.
vi

Tabela 1 - Relação das máscaras recolhidas em 19


função do número de máscaras
distribuídas nos períodos pré-
estabelecidos do estudo. IIER, 2005.

Figura 2 - Exemplo de máscara recolhida após


uso, com identificação na sua face 20
externa.

Figura 3 - Exemplo de máscara com


identificação exagerada na sua face 20
externa.

Figura 4 - Exemplo de máscara com


identificação na sua face interna. 21

Gráfico 6- Percentual de máscaras com marcas


de identificação após o tempo de uso
por auxiliares de enfermagem, em
21
função dos turnos de trabalho. IIER,
2005.

Gráfico 7a - Percentual de máscaras com sujeiras 22


internas após uso por auxiliares de
enfermagem, em função dos turnos
de trabalho. IIER, 2005.
vii

Percentual de máscaras com sujeiras


Gráfico 7b -
externas após uso por auxiliares de
23
enfermagem, em função dos turnos
de trabalho. IIER, 2005.

Figura 5 - Exemplo de máscara recolhida após


o 5° dia de uso, com sujeiras 24
internas.

Figura 6 - Exemplo de máscara recolhida após


um dia de uso, com sujeira na sua
24
face externa.

Figura 7 - Exemplo de máscara recolhida após


o 5° dia de uso, com mancha
25
amarelada na sua face externa.

Figura 8 - Exemplo de máscara recolhida após


o 15° dia de uso, com manchas
25
acastanhadas na sua face interna.

Figura 9a - Exemplo de dobra impelida à


máscara recolhida após o 5° dia de 26
uso.
viii

Figura 9b - 26
Exemplo de dobra impelida á
máscara recolhida após o 5° dia de
uso.
Gráfico 8 - Percentual de máscaras com dobras
após o uso por auxiliares de
27
enfermagem em função dos turnos
de trabalho. IIER, 2005.
ix

ÍNDICE

Resumo
і

Abstract
іі

Lista de Abreviaturas e Siglas


ііі

Lista de Gráficos, Tabelas e Figuras


іν

1 Introdução
1

2 Justificativa
7

3 Objetivos
8

4 Casuística
9

5 Metodologia
10

6 Resultados 12

7 Discussão 28
x

8 Conclusões
35

9 Considerações Finais
36

10 Referências Bibliográficas
38

Apêndice 1 Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido 43

Apêndice 2 Questionário aplicado às auxiliares


de enfermagem 44

Apêndice 3 Ficha de seguimento de cada


funcionário incluído no estudo e 45
respectivas máscaras distribuídas

Apêndice 4 Roteiro para análise padronizada da


estrutura das máscaras PFF-2 46
devolvidas
1

1 – INTRODUÇÃO

Entende-se por biossegurança “o conjunto de normas e


procedimentos considerados seguros e adequados para a manutenção da
saúde em atividades com risco de aquisição de doenças profissionais”1

Segundo pesquisadores da Fiocruz2 trata-se do “conjunto de ações


voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes
às atividades de pesquisa, produção, ensino e desenvolvimento tecnológico
e prestação de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do
homem, dos animais e do meio ambiente ou a qualidade de trabalhos
desenvolvidos”.

Estas ações são freqüentemente desenvolvidas em função de


situações clínicas e epidemiológicas novas e potencialmente susceptíveis ao
descontrole de seu agravamento.

As conhecidas Precauções Universais, por exemplo, surgiram no


ano de 1985 como recomendações do Centers for Disease Control and
Prevention (CDC) decorrentes do desconhecimento sobre as medidas de
biossegurança que os profissionais de saúde deveriam tomar para
prevenção da transmissão do HIV e do vírus da hepatite B.3

Em 1996 o CDC juntamente com o Hospital Infection Control


Practices Advisory Committee, revisaram o guia para o isolamento e
precauções em hospitais, passando a recomendar dois tipos de “Precauções
de Isolamento” – as “Precauções Padrão” e as “Precauções Baseadas na
Transmissão”. 4

As “Precauções Padrão” são aquelas designadas para o cuidado


de todos os pacientes, independentemente de seus diagnósticos ou estado
infeccioso presumido. Desta forma são recomendadas para serem aplicadas
em todas as situações em que há a possibilidade de expor a pele (com
2

solução de continuidade) e as membranas mucosas ou fluídos corporais,


secreções e excreções (excetuando o suor), com presença ou não de
4
sangue. Sendo assim devem ser seguidas por todos os profissionais de
saúde, não importando o paciente em questão.

O segundo grupo de recomendações constituem as “Precauções


Baseadas na Transmissão”: designadas somente para o cuidado de
pacientes com suspeita ou confirmação de infecções epidemiologicamente
importantes, ocasionadas por patógenos de transmissão aérea ou por
contato (contaminação de superfície).4

A tuberculose no contexto da biossegurança tem chamado a


atenção principalmente a partir de 1980, quando sua transmissão
nosocomial ficou evidente devido à prevalência de cepas multi-resistentes,
sua relação com a população de pessoas infectadas pelo HIV e a
constatação de uma implantação incompleta das medidas de controle
recomendadas. Vários surtos intra-hospitalares foram descritos em
pacientes e profissionais de saúde desencadeando a discussão de sua
importância como risco ocupacional.5,6

Riscos ocupacionais podem ser físicos, químicos e biológicos.Estes


últimos representados pelos microorganismos dispersos no ar (bactérias,
vírus e fungos). Os riscos biológicos podem ser categorizados em quatro
7,8
diferentes classes de acordo com a virulência e patogenicidade dos
agentes infecciosos no homem, os modos de transmissão, de medidas
profiláticas e tratamentos eficazes, além de endemicidade.

Sendo assim, a tuberculose pulmonar e laríngea representa um


risco de classe III, por apresentar risco individual elevado e baixo risco
comunitário. O agente patogênico pode provocar doenças de formas
graves, além de se propagar de uma pessoa para outra.8

Estudos realizados nos Estados Unidos com profissionais de saúde


envolvidos em surtos nosocomiais de tuberculose apresentaram taxas de
conversão ao teste tuberculínico de 55%.9 Outros estudos realizados no
3

Brasil demonstraram até 80% de conversão deste mesmo teste entre


profissionais de saúde após o início de suas atividades de trabalho.10

A transmissão da tuberculose pode ser minimizada pelo


desenvolvimento e implementação de um programa efetivo baseado em
controles administrativos, engenharia e proteção respiratório pessoal.11

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados pela equipe


de saúde no ambiente hospitalar incluem luvas, capotes ou aventais,
máscaras e óculos de proteção. Mesmo adequados aos riscos, os EPI não
oferecem 100% de proteção, mas precisam ser eficazes, usados de maneira
correta e confeccionados com material de boa qualidade.12

No contexto da tuberculose, os EPI principais são as máscaras


cirúrgicas e os respiradores, visando proteção ao indivíduo com relação aos
aerossóis e partículas expelidas pelo paciente no ato de falar, tossir e
espirrar.13,14

Os respiradores são constituídos, total ou parcialmente, de


material filtrante, e podem ou não possuir válvulas. Devem cobrir no mínimo
o nariz e a boca e proporcionar vedação adequada sobre a face, com a pele
úmida ou seca, mesmo enquanto o usuário executa movimentos com a
cabeça ou conversa. O ar expirado passa para a atmosfera ambiente
através do material filtrante ou da válvula de exalação, caso exista. Para
propiciar melhor vedação ao redor do nariz, alguns modelos possuem uma
peça de ajuste nasal, a ser previamente moldada pelo usuário. A máscara
deve estar adequadamente adaptada ao rosto do usuário para cumprir sua
função de filtração. Alguns modelos são dobráveis segundo a linha vertical
ou horizontal, outros mantêm o formato de concha.15

Os filtros são fabricados em estruturas têxteis diretamente das


fibras, sem a necessidade de formação de fios, como ocorre com os tecidos.
Por isso, os materiais utilizados são chamados de “não-tecidos”. Os filtros
utilizados em proteção respiratória são formados por camadas de fibras finas
dispostas ao acaso, que obrigam as partículas do contaminante a se
deslocarem em uma trajetória tortuosa e extensa em comparação com seu
4

tamanho. Para tanto é muito baixa a probabilidade da partícula atravessar o


filtro sem entrar em contato com as fibras.16 Os respiradores são
considerados satisfatórios quando capazes de filtrar partículas menores que
5µ de diâmetro, consideradas partículas com dimensão de fração respirável
e capaz de atingir a região alveolar, causando doença.

As máscaras cirúrgicas não possuem filtros eficientes, pois apesar


de funcionarem como barreira ao perdigoto do usuário, não conseguem
alcançar vedação quando o usuário espirra ou tosse com força. Sendo
assim, não protege de aerossóis contendo microorganismos por não
apresentarem vedação completa. Já os respiradores filtram os
contaminantes, promovem a vedação adequada e representam uma barreira
para patógenos transportados pelo ar, não só por fluídos.

Nos Estados Unidos, a NIOSH (“National Institute for Occupational


13
Safety and Health”) inicialmente aprovou como EPI para o risco
ocupacional de tuberculose apenas o respirador equipado com filtro HEPA
(High Efficiency Particulate Air Filters). Este respirador de custo elevado
possuía uma válvula de exalação que filtrava o ar inspirado pelo profissional.
Ampliaram-se depois os estudos dos respiradores para purificação do ar,
reclassificando-os em três classes segundo a eficiência de filtração contra
partículas aerossolizadas de 0,3µ . São elas: N (não resistente a óleo): 95%
de eficiência de filtração; R (resistente a óleo): 99% de eficiência de
17
proteção; P(á prova de óleo): 99.97% de eficiência.

O respirador denominado N95 passou a atender as normas


exigidas para prevenção da tuberculose e, de custo acessível, foi aprovado
pela NIOSH e pelo CDC em 1995.18

No Brasil, os respiradores utilizados pelo profissional de saúde e


devidamente regulamentados são do tipo respirador de ar, peça semifacial
filtrante PFF-2,19 de características idênticas às máscaras N95.

EPI tem o seu uso regulamentado pelo Ministério do Trabalho e


Emprego do Brasil, em sua Norma Regulamentadora nº. 6 (NR6). Esta
norma define que proteção individual é todo dispositivo de uso individual,
5

destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. A NR6


preconiza que a empresa está obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente,EPI adequado a presença de risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: sempre que as
medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecem
completa proteção contra riscos de acidentes de trabalho e/ou doenças
profissionais, enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo
implantadas e para atender a situações de emergência.20

Quanto às obrigações dos empregados, algumas situações são


previstas pela mesma NR6: usar os EPI apenas para a finalidade a que se
destina; responsabilizar-se por sua guarda e conservação; não portá-los fora
da área técnica e comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
impróprio para uso.21

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),15


respiradores que não permitem manutenção devem ter seu uso restrito a no
máximo, uma jornada (ou menos, se antes ficarem deformadas -o que
prejudicaria a vedação no rosto do usuário - ou a resistência á respiração
aumentar, pela deposição de partículas na camada interna filtrante).

Já segundo o CDC nos Estados Unidos, as peças faciais filtrantes


destinadas aos profissionais da saúde na prevenção da tuberculose podem
ser utilizadas por mais de uma jornada. Devem ser trocadas quando o
respirador perder a vedação; quando ficar sujo por fluídos corpóreos ou
quando apresentar danos mecânicos.21

A vida útil do respirador segundo o fabricante é variável. Deve ser


descartado quando se encontrar danificado, quando a respiração do usuário
tornar-se difícil, quando for contaminado por sangue ou outros fluídos
corpóreos, ou se houver deformações na estrutura física que possam
prejudicar a vedação facial. Após seu uso deve ser guardado em saco
plástico, em lugar seco e limpo.19 “De qualquer forma o respirador é de uso
pessoal e intransferível, não devendo ser utilizado por pessoas com barba
6

ou outros pêlos faciais que interfiram no contato direto entre o rosto e a área
de vedação do respirador. O mesmo não fornece oxigênio.”16

Os profissionais devem usar a máscara PFF-2 todas as vezes que


entrarem em contato com pacientes que tenham diagnóstico ou suspeita de
tuberculose pulmonar e/ou laríngea e manter as portas das enfermarias
fechadas. Sempre que possível a realização de algum procedimento deverá
ser dentro do próprio quarto de isolamento. Se houver necessidade de
transporte para outro setor, o paciente deve ser levado em maca ou cadeira
de rodas, tendo-se o cuidado de colocar no paciente máscara cirúrgica. O
profissional de saúde durante o transporte não necessita utilizar a PFF-2. O
setor que irá recebê-lo deverá ser comunicado previamente e o transporte
deverá ser agilizado. O setor também deverá ser avisado da necessidade do
uso da máscara PFF-2 pelos seus trabalhadores.22

Antes do uso institucional deste respirador, deve ser implantado um


Programa de Proteção Respiratória por escrito, atendendo a todos os
requisitos das normas existentes, especificamente a Instrução Normativa nº1
do Ministério do Trabalho, de 11 de abril de 1994, onde o usuário precisa ser
informado pelo empregador sobre a obrigatoriedade do uso do equipamento,
passar por avaliação médica, ser devidamente treinado e ser submetido a
ensaio de vedação.23
7

2 – JUSTIFICATIVA

A rotina de uma equipe multiprofissional num serviço de atendimento


a portadores de doenças infecto -contagiosas, de caráter público e
caracterizado como Hospital – Escola representa um contato próximo e
diário com elevado número de portadores de HIV e suas comorbidades,
incluindo a tuberculose. Esta é a realidade do Instituto de Infectologia Emílio
Ribas, hospital de referência com capacidade de 200 leitos e cerca de 800
profissionais de saúde direta ou indiretamente envolvidos na assistência.

Assim, baseada nas recomendações do CDC e adaptada à realidade


econômica do país e do sistema público de saúde, a Comissão de Infecção
Hospitalar (CCIH) do IIER, juntamente com a Diretoria Clínica, Serviço de
Epidemiologia e o Laboratório implementaram um conjunto de medidas para
a prevenção do risco ocupacional da transmissão intra-hospitalar da
tuberculose. Dentre os EPI, máscaras PFF-2 são distribuídas gratuitamente
e mensalmente a todos os profissionais de enfermagem atuantes no
hospital, quer de nível superior, técnico ou auxiliar, servidores ou
temporários, estagiários, etc.

Falta, no entanto, embasamento científico e legislação adequada para


certificar o prazo de validade destas máscaras após uso, definido a princípio
como “um mês, ou antes, caso necessário”.São muitas as variáveis capazes
de influenciar sua eficácia, como por exemplo, o período de uso efetivo, os
cuidados na conservação do equipamento, o uso correto por parte dos
usuários, a conscientização da necessidade de utilizar a máscara para
segurança do profissional, a exposição a fluídos orgânicos, etc.23
8

3 – OBJETIVO GERAL

- Analisar o estado de conservação da máscara PFF-2 como


equipamento de proteção individual após uso por auxiliares de enfermagem
no Instituto de infectologia “Emílio Ribas”.

3.1 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1 – Avaliar o esclarecimento dos auxiliares de enfermagem quanto ao


uso da máscara e suas indicações em função do período de trabalho (diurno
e noturno);

2 – Identificar a opinião dos auxiliares de enfermagem sobre a


proteção conferida pela máscara PFF-2;

3 – Conhecer e listar os fatores que desestimulam o uso do respirador


PFF-2;

4 – Descrever os danos causados á estrutura da máscara em função


do seu uso e conservação ao longo do tempo;

5 – Estimar o período de validade da máscara após uso na rotina


clínica.
9

4 –CASUÍSTICA

Foram convidados a participar do estudo todos os 251 auxiliares de


enfermagem atuantes nas unidades de internação, nos três turnos de
trabalho (matutino, vespertino e noturno).

Os objetivos da pesquisa e a metodologia a ser utilizada foram


explicados no próprio local de trabalho, sendo incluídos apenas os que
voluntariamente concordaram em participar, assinando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo CEP /CONEP

(Apêndice 1).

Não foram incluídos os que se recusaram a participar ou não


quiseram assinar o Termo e os que não estavam ligados diretamente ao
cuidado com o cliente.

No total 167 (66.54% dos 251) auxiliares de enfermagem foram


então incluídos no estudo, sendo esta a casuística final.
10

5 – METODOLOGIA

Trata-se de um estudo prospectivo realizado entre os meses de


fevereiro á 30 de agosto de 2005, baseando-se num breve questionário
(Apêndice 2) respondido pelos profissionais incluídos no estudo de forma
individual e na observação padronizada do estado de conservação das
máscaras PFF-2 após seu uso rotineiro.

O questionário procurou caracterizar a casuística quanto a aspectos


profissionais (tempo de serviço, turno de trabalho), além de abordar
conceitos como as indicações da máscara, fatores que atrapalham sua
utilização e a confiança que cada entrevistado deposita neste EPI.

A seguir cada profissional recebeu uma máscara PFF-2, para uso


individual, tal qual normatização interna já estabelecida pela CCIH do IIER,
porém com a orientação de devolvê-la logo no final de seu turno de trabalho.
Todos foram orientados a não alterar sua rotina habitual quanto ao uso e à
conservação da máscara.

O recolhimento das máscaras aconteceu nas próprias unidades de


internação ao final dos turnos diurno e vespertino. No período noturno houve
uma centralização do recolhimento na supervisão de enfermagem, no
momento da assinatura do ponto. Novas máscaras foram entregues para os
períodos subseqüentes, a saber: para mais cinco, quinze e trinta dias, dias
estes contados consecutivamente após o plantão de trabalho, tendo-se o
cuidado de realizar a entrega da próxima máscara seguindo a própria escala
de plantões daquele setor.

Em outras palavras, cada participante recebeu ao longo do estudo


quatro máscaras, as quais ficaram sob sua guarda durante quatro períodos
distintos:

- 1º período: a primeira máscara foi distribuída no dia zero (D0) e


recolhida no próprio dia, no final do turno de trabalho (D1);
11

- 2º período: a segunda máscara foi entregue no segundo dia (D2) e


devolvida após cinco dias (D7);

- 3º período: a terceira máscara ficou aos cuidados do funcionário por


quinze dias, ou seja, do D8 ao D23;

- 4º período: a quarta máscara correspondeu ao intervalo entre o D24


e o D54, isto é, 30 dias corridos.

O fluxo de máscaras para cada participante foi devidamente


registrado em formulário próprio (Apêndice 3).

Sempre que solicitado pelo próprio funcionário, as máscaras foram


substituídas, mesmo fora destes intervalos pré-estabelecidos.Nestes casos a
contagem dos dias de uso foi reiniciada a partir da data de substituição da
máscara.Os percentuais descritivos, todavia, correspondem ao denominador
real do número de máscaras efetivamente recolhidas.

As máscaras recolhidas foram agrupadas em função dos quatros


períodos, sendo todas elas avaliadas uma a uma, de forma padronizada,
considerando sujeiras internas e/ou externas (manchas de batom, coloração
amarelada, escurecida, riscos etc), além de outros danos à estrutura como
ruptura do elástico de fixação, dobras etc. As observações foram anotadas
em fichas especialmente elaboradas para este fim (Apêndice 4), uma para
cada participante.

As máscaras PFF-2 utilizadas neste estudo foram do tipo concha -


Figura 1, gratuitamente cedidas pelo fabricante, 3 M do Brasil, sendo este o
mesmo modelo das habitualmente adquiridas pelo hospital segundo licitação
comercial da época.

Para análise estatística foi utilizado o teste de qui-quadrado, com nível


de significância de 5% (p<0,05).24,25
12

6 – RESULTADOS

Dos 251 funcionários inicialmente convidados a participar do estudo,


150 (59.76%) trabalhavam no período diurno e 101 (40.24%) no período
noturno.Os 167 (66.54%) auxiliares de enfermagem efetivamente incluídos
no estudo dividiam-se entre 115 (68.87%) trabalhadores do período diurno e
52 (31.13%) do período noturno, sendo que 21(12.57%) atuavam em turnos
de 6 horas e 146 (87.43%) em turnos de 12 horas. A distribuição encontrada
segundo o gênero foi de 144 (86.23%) para o sexo feminino e 23 (13.77%)
para o sexo masculino.

A faixa etária desta casuística variou entre 20 e 67 anos – sua


distribuição entre os dois períodos de trabalho (diurno e noturno) pode ser
observada nos Gráficos 1a e 1b.

GRÁFICO 1a – Distribuição etária dos auxiliares de enfermagem no


período diurno (n=115). IIER, 2005

9; 8% 7; 6% 20 ├ 30 anos

30 ├40 anos

29; 25% 32; 28%


40 ├50 anos

50 ├60 anos

> 60 anos

38; 33%
13

GRÁFICO 1b – Distribuição etária dos auxiliares no período noturno


(n=52). IIER, 2005.

20 ├ 30 anos

2; 4%
5; 10% 30 ├40 anos
10; 19%

40 ├50 anos

50 ├60 anos
8; 15%
> 60 anos

27; 52%

p< 0,05

O tempo de exercício profissional dos funcionários no diurno variou de


13 dias a 31 anos, enquanto no noturno os profissionais com maior
experiência contavam com 33 anos e o de menor tempo com 2 meses. A
distribuição do tempo de exercício profissional dos funcionários participantes
em função do período de trabalho encontra-se ilustrado nos Gráficos 2a e
2b.
14

GRÁFICO 2a- Tempo de exercício profissional dos auxiliares de


enfermagem no período diurno (n=115). IIER, 2005.

1; 1%

6; 5%
17; 15%
9; 8%

0 a 1 ano
12; 10% 2 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
34; 30%
16 a 20 anos
21 a 30 anos
36; 31%
> 30 anos

GRÁFICO 2b – Tempo de exercício profissional dos auxiliares de


enfermagem participantes no período noturno (n=52). IIER, 2005.

2; 4% 2% 0 a 1 ano
4; 8%
14; 25% 2 a 5 anos

6 a 10 anos
10; 19%
11 a 15 anos

16 a 20 anos

9; 17% 21 a 30 anos

> 30 anos
13; 25%

p= 0,05
15

Tanto os auxiliares de enfermagem do noturno quanto do diurno


alegaram ter recebido orientações sobre o uso da máscara. Suas respostas
quanto à confiança depositada na eficiência do EPI encontram-se nos
Gráficos 3a e 3b. Houve maior expressão significativa de confiança na
proteção oferecida pela máscara entre os trabalhadores do período noturno
(p<0,05).

GRÁFICO 3a – Opinião dos auxiliares de enfermagem quanto à


proteção conferida pela máscara PFF-2, no período diurno (n=115).

IIER, 2005.

2; 2%

34; 30%

Confia
77; 68% Não Confia
outros
16

GRÁFICO 3b – Opinião dos auxiliares de enfermagem quanto à


proteção conferida pela máscara PFF-2, no período noturno (n=52).

IIER, 2005.

1; 2%
6; 12%

Confia
Não Confia
Outros
45; 86%

Diante da possibilidade de escolher várias alternativas á pergunta que


abordou as indicações do uso da máscara PFF-2, a análise destes
resultados merece um maior cuidado – Gráfico 4. A resposta “em toda e
qualquer suspeita de tuberculose” foi considerada a mais correta pela autora
e logrou revelar-se como a mais citada pelos trabalhadores dos dois
períodos. Esta opção não ultrapassou, contudo, a preferência de 50% dos
entrevistados.Utilizar a máscara em “todo diagnóstico confirmado de
tuberculose” também era opção correta, porém sua existência não justifica o
baixo percentual correspondente ao uso do EPI diante da suspeita de
tuberculose, independentemente de sua confirmação. Outro extremo foi à
resposta mal indicada de que a máscara estaria indicada diante de “todo e
qualquer cuidado que for realizar a qualquer cliente” – aproximadamente um
terço dos entrevistados inclui esta resposta entre as que julgava corretas,
atitude mais comum entre os trabalhadores do período noturno (p<0,05).
17

GRÁFICO 4 – Indicações do uso da máscara PFF-2 citadas pelos


auxiliares de enfermagem por período de trabalho (n=167).IIER, 2005.

50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
Toda e qualquer suspeita de
% 25,00 tuberculose
20,00 Diagnóstico confirmado de
tuberculose
15,00
Toda vez que entrar no
10,00
quarto, e permanecer no
5,00 corredor
Todo e qualquer cuidado que
0,00 for realizar a qualquer cliente
Diurno Noturno
Períodos Não responderam

p<0,05

Motivos alegados pelos entrevistados como desestímulo ao uso da


máscara estão listados no Gráfico 5. Havendo diferença estatisticamente
significante entre os argumentos assinalados pelos trabalhadores do diurno
ou do noturno (p<0,05).
18

GRÁFICO 5 – Interferências citadas pelos auxiliares de enfermagem


para o uso das máscaras PFF-2 por período de trabalho (n=167).IIER, 2005.

40,00
35,00
30,00 Desconforto para
respirar
25,00 Interfere na
% 20,00 comunicação
Dificuldade no
15,00 acondicionamento
10,00 Interfere no campo
visual
5,00 Fica embaçada
0,00
Outros
Diurno Noturno
Período

A segunda etapa do estudo consistiu na distribuição das máscaras e


observação padronizada do seu estado de conservação após uso ao longo
do tempo. No total foram distribuídas 668 máscaras aos 167 funcionários
incluídos no estudo, nos períodos pré-estabelecidos (primeiro dia, mais cinco
dias, mais quinze dias e mais 30 dias consecutivos).

Por solicitação dos próprios funcionários, apenas cinco máscaras


(0.75%) foram substituídas fora do prazo estabelecido devido a estragos ou
extravios. Todavia houve um grande número de máscaras que não foram
devolvidas conforme combinado, fato este sempre atribuído ao extravio do
EPI - Tabela 1.
19

TABELA 1 – Relação das máscaras recolhidas em função do número


de máscaras distribuídas nos períodos pré-estabelecidos do estudo. IIER,
2005.

MÁSCARAS MÁSCARAS %
DISTRIBUÍDAS RECOLHIDAS
1° DIA 167 167 100.00

5° DIA 167 140 83.83

15° DIA 167 122 71.85

30° DIA 167 102 61.07

TOTAL 668 531 77.18

Como um dos objetivos do estudo era estimar o tempo ideal de uso


das máscaras PFF-2, na rotina de trabalho dos auxiliares de enfermagem, a
cotização em dois grupos de usuários em função dos turnos de trabalho
(seis e doze horas) foi necessária por obviamente implicar diretamente na
variável “tempo de uso”. Dos 167 funcionários arrolados no estudo,
21(12.58%) trabalhavam em turnos de 6 horas e 146 (87.42%) em turnos de
12 horas.

A primeira observação com relação à estrutura física da máscara


após uso ateve-se às marcas de identificação pessoal realizadas por cada
profissional em seu respectivo EPI, marcas estas geralmente feitas com
caneta esferográfica, tanto na face interna quanto na face externa da
máscara, constando o nome ou apelido do proprietário. Algumas destas
marcas foram visivelmente exageradas e provocaram danos estruturais que
certamente representam uma fragilidade potencial das funções filtrantes da
máscara (Figuras 2, 3 e 4).
20

FIGURA 2 –
Exemplo de máscara recolhida após
uso, com identificação na sua face
externa.

FIGURA 3 –
Exemplo de máscara com
identificação na sua face externa
21

FIGURA 4 –
Exemplo de máscara com
identificação na face interna.

O Gráfico 6 ilustra o percentual de máscaras com marca de


identificação em função dos dias de recolhimento do EPI. Não houve
diferença estatisticamente significante entre os percentuais observados nos
turnos de 6 horas de trabalho quando comparados aos turnos de 12 horas
(p>0,05).

GRÁFICO 6 – Percentual de máscaras com marcas de identificação após o


uso por auxiliares de enfermagem, em função dos turnos de trabalho

(IIER, 2005).

100
100 100 100 100
99,03
98
97,52

96
%

94 94,18
93,75

92
6 horas
90 12 horas

1 5 15 30
Dias de descartes
22

A presença de sujeira grosseiramente visível (a olho nu) na parede


das máscaras foi outro item analisado, sendo mais freqüente a constatação
de sujidade na face interna do que na face externa do EPI, ambas sob
relação direta com o tempo de uso (Gráficos 7a e 7b). Máscaras de
trabalhadores em turnos de 12 horas apresentaram mais sujeiras e manchas
do que as dos turnos de 6 horas (p<0,05).

Todas as máscaras apresentavam algum tipo de sujeira ou manchas


a partir do 5° dia de uso, numa extensão entre aproximadamente 25% e
50% da sua superfície.

GRÁFICO 7 a – Percentual de máscaras com sujeiras internas após


uso por auxiliares de enfermagem em função dos turnos de trabalho

(IIER, 2005).

100 100
100 93,38 100

80 77,78

60 52,73
63,15
%

40
6 horas
20 19,04
12 horas
0
1 5 15 30 Dia de descartes
23

GRÁFICO 7 b – Percentagem de máscaras com sujeiras externas


após uso por auxiliares de enfermagem, em função dos turnos de trabalho
(IIER, 2005).

50
50
45
40
35
33,72
30
26,31
25
%

25,96
22,22
20
15 16,52

10 6 horas
10,27

5 4,76
12 horas
0
1 5 15 30
Dias de descartes

Dentre as sujeiras internas encontradas havia marcas de maquiagem


(especialmente batom), manchas de origem indefinida (algumas amareladas,
outras enegrecidas), fâneros etc. As sujeiras externas incluíram riscos de
caneta e as mesmas manchas amareladas e enegrecidas (Figuras 5 a 8).
24

FIGURA 5 –
Exemplo de máscara recolhida após
o 5° dia de uso, com sujeiras
internas.

FIGURA 6 –
Exemplo de máscara recolhida
após um dia de uso, com sujeira
na sua face externa.
25

FIGURA 7 –
Exemplo de máscara recolhida após
o 5 ° dia de uso, com mancha
amarelada na sua face externa.

FIGURA 8 –
Exemplo de máscara recolhida o
15° dia de uso, com manchas
acastanhadas na sua face
interna.
26

Dobras para armazenar as máscaras correspondem a outro fator que

pode influenciar na integridade física e conseqüentemente a eficiência


do EPI.

Alguns exemplos são apresentados nas Figuras 9a e 9b.

FIGURAS 9a e 9 b –
Exemplos de dobras impelidas às
máscaras recolhidas após o 5° dia
de uso.
27

O primeiro dia de uso implicou num relativo baixo índice de dobras,


especialmente no final do turno de 6 horas. A partir do 15° dia de uso,
porém, absolutamente todas as máscaras devolvidas apresentaram dobras
bem definidas, seja no seu eixo vertical, horizontal ou transversal (Gráfico 8).
Houve diferença estatisticamente significante quanto à maior porcentagem
de dobras observadas nas máscaras utilizadas por trabalhadores de turnos
de 12 horas quando comparados aos turnos de 6 horas (p<0,05).

GRÁFICO 8 – Percentual de máscaras com dobras após uso por


auxiliares de enfermagem em função dos turnos de trabalho (IIER, 2005).

100 99,17
100
100
100
100
84,21
80

60 57,53
%

40

20 6 horas
4,76
0 12 horas
1 5 15 30
Dias de descartes
28

7 – DISCUSSÃO

O risco de transmissão intra-hospitalar da tuberculose já foi há tempos


definido como merecedor de preocupação clínica e relevância estratégica
com finalidade preventiva. Falhas no reconhecimento, no isolamento e
manejo de pacientes com tuberculose são fatores determinantes de surtos
nosocomiais.

Estão sujeitos a este risco não apenas os demais pacientes da


instituição hospitalar, mas também os trabalhadores da área de saúde,
especialmente por estarem em contato direto com os portadores
(identificados ou não), expondo-se com maior freqüência à oportunidade de
adquirir tuberculose como doença ocupacional.

O CDC de Atlanta (EUA) identifica os profissionais de saúde como


indivíduos de alto risco ocupacional para aquisição de tuberculose,
principalmente aqueles que lidam diretamente com os pacientes bacilíferos e
realizam procedimentos como broncoscopias, intubação endotraqueal,
irrigação de abscessos abertos, indução de escarro e tratamento com
inalações com pentamidina, procedimentos estes que aumentam o potencial
de transmissão através da formação de aerossóis.26

Tendo em vista a prevenção e o controle da tuberculose no ambiente


hospitalar, o CDC publicou em 1994 um guia de recomendações,
estruturado em três níveis hierárquicos:18

- medidas de 1° nível ou administrativas (mais importantes):


direcionadas principalmente à redução do risco de exposição de pessoas
não infectadas às bacilíferas (rápida identificação, isolamento e tratamento
precoce);

-medidas de 2° nível: aplicação de técnicas de engenharia para


prevenir a disseminação e reduzir a concentração de partículas infectantes
(quartos com pressão negativa, ventilação ambiental com 6 a 10 trocas de ar
por hora, filtração do ar com filtros HEPA e irradiação ultravioleta);
29

- medidas de 3° nível: uso de equipamentos de proteção individual


(máscaras e respiradores).

O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS – INSS),


através da Resolução n° 10 publicada no Diário Oficial da União em 20 de
abril de 2000 reconheceu a tuberculose como doença que pode estar
relacionada com o trabalho, conforme o constante no anexo I – “Doenças
Infecciosas e Parasitárias”.27

Assim recomenda-se que na assistência a todos os pacientes em que


há manipulação de materiais biológicos faça-se o uso de EPI, levando em
consideração que os profissionais de saúde apresentam alto risco de
exposição a fluídos biológicos durante sua atuação profissional.28 Estes
riscos dependem de alguns fatores como a freqüência, duração e
intensidade da exposição e ainda as funções e local de trabalho.

Dentre as classes profissionais presentes no âmbito hospitalar, o


pessoal de enfermagem concentra o maior número desses trabalhadores, os
quais exercem um tipo de atividade na qual tendem a permanecer durante a
maior parte do tempo de sua vida produtiva, ampliando assim o período de
exposição aos riscos nela presentes.29

A equipe de enfermagem no Brasil representa o maior contingente da


força de trabalho em saúde e, pela natureza de suas atribuições, é quem
mais entra em contato físico com o paciente, sendo responsável por 60%
30
das ações de assistência durante as 24 horas do dia. pelo ato de cuidar
em si, ou seja, realizam cuidados denominados “diretos” aos pacientes
(banho, limpeza de excretas e secreções, coleta de amostras de exames,
troca de roupa pessoal e de cama etc), atividades que induzem ao contato
muito próximo com o indivíduo enfermo.

Todavia não é difícil observar que muitos destes trabalhadores não se


atentam ao devido cuidado com relação à utilização dos EPI, em especial ao
uso de máscaras e respiradores durante a realização de procedimentos de
rotina, principalmente diante da suspeita ou mesmo do diagnóstico
confirmado de tuberculose. Esta inadequação parece ocorrer com maior
30

freqüência entre trabalhadores de nível médio, particularmente os auxiliares


de enfermagem, visto que suas atividades são de modo geral mais intensas
e de maior proximidade direta com os doentes.

Embora o auxiliar de enfermagem exerça suas atividades sob


supervisão, existe uma evidente dificuldade de compreensão sobre os riscos
ocupacionais.

Alguns trabalhos científicos comprovam que os auxiliares de


enfermagem freqüentemente utilizam a sua “experiência profissional” como
escudo, julgando-se autoprotegidos e justificando,31,32 assim, a suposta não
necessidade do uso dos EPI, principalmente a máscara. Outros argumentos
baseiam-se na pressa de realizar suas tarefas, na permanência curta junto
ao leito, bem como no incômodo causado pelo próprio equipamento.33

Sendo assim, a população abordada neste estudo foi fundamentada


na categoria de auxiliares de enfermagem, distribuídos entre os três tipos de
turnos de trabalho.

A distribuição do sexo foi predominantemente pelo gênero feminino,


com 86.96% de mulheres atuantes no período diurno e 84.62% no período
noturno. Estes percentuais não representam na verdade novidade alguma,
pois o campo de trabalho de enfermagem pode sem dúvida ser
caracterizado como um verdadeiro local ocupacional feminino, alcançando
às vezes uma força de trabalho superior a 90% dos profissionais.34

Levando-se em consideração o tempo de serviço na profissão e na


instituição, a grande maioria dos funcionários, após atingir sua estabilidade
profissional e financeira, opta por trabalhar no período diurno, tal como
constatou Souza, em1999.35 A opção pelo trabalho noturno decorre, na
maioria das vezes, da necessidade de conciliá-lo com o estudo – objetivo de
aperfeiçoamento profissional – ou ainda com outro emprego, seja durante o
dia ou mesmo na outra noite, fazendo com que a/o trabalhadora/or assuma
dupla ou tripla jornada de trabalho, além de seus compromissos familiares.36
31

De qualquer forma, tanto os trabalhadores do período diurno quanto


do noturno referiam ter recebido orientação sobre o uso da máscara na
instituição.

Esta orientação vem sendo dada pelo setor de educação continuada


do IIER, coordenado por enfermeiros que recebem os novos funcionários
admitidos no hospital e fornecem os primeiros esclarecimentos sobre a
rotina e o organograma institucional.

Quanto a eventos de treinamento formal e atividades de reciclagem, o


único momento do qual se tem registro no IIER foi em 1996, coordenado
pela Comissão para o Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), quando a
disponibilidade de máscaras para os funcionários foi oficializada na
instituição. Certamente o fato de não haver reciclagem periódica quanto ao
uso correto dos EPI pode estar contribuindo para a desvalorização do seu
uso e até mesmo para o seu uso inadequado, mas este fator não está
incluído na análise prevista pelos objetivos deste estudo.

O questionário aplicado, todavia sugere que o treinamento foi precário


e ineficiente, não alcançando o devido entendimento por parte dos
profissionais. Todas as alternativas com relação ao uso ou não do
equipamento acabaram sendo mencionadas em maior ou menor freqüência
(Gráfico 4), o que revela dúvidas e permite a adoção de falsos conceitos,
levando ao uso incorreto e abusivo do EPI, seja para mais ou para menos.
As respostas assinaladas incluíram desde a idéia de que só é necessário
utilizar a máscara quando o diagnóstico de tuberculose tiver sido confirmado
até a situação contrária, quer dizer, em toda e qualquer proximidade com
todo e qualquer doente.

Para que os respiradores sejam um recurso efetivo a fim de evitar ou


atenuar a exposição do trabalhador aos agentes biológicos, é necessário
cumprir rigorosamente as recomendações contidas no Programa de
Proteção Respiratória (NR 1 do Ministério do Trabalho),23 incluindo uma
avaliação através de consulta médica se o trabalhador pode ou não fazer
uso do EPI, o modo de colocar o equipamento, ajustá-lo no rosto e verificar a
32

vedação, reciclagens do treinamento, documentação de todos os processos


do programa e reavaliação anual do programa verificando a aceitação dos
respiradores pelos usuários.

Dentre as causas de maior interferência no uso da máscara PFF-2, o


“desconforto para respirar” representou cerca de 35% das respostas,
seguido da interferência na comunicação e no campo visual
(aproximadamente 20%).

A dificuldade de acondicionar a máscara e de mantê-la sem amassar


são outras situações que estimulam cada vez mais a resistência (por vezes
até a revolta) do profissional em utilizá-la. Isto para não citar “esqueço de
usar” como resposta surpreendente pela sinceridade e ingenuidade que o
fato por si só já representa...

A confiança do profissional depositada na máscara foi avaliada como


aquém da esperada, sendo significamente menor entre os trabalhadores do
período diurno (Gráficos 3a e 3b).

Talvez diretamente relacionado a este descrédito atribuído à eficiência


da máscara, passa a ser preocupante perceber quão alto é o percentual de
extravio do EPI ao longo do tempo, chegando a praticamente 30% após o
15° dia de uso (Tabela 1). E, apesar da oferta, foram pouquíssimos os
profissionais que solicitaram a sua substituição – será porque é
desnecessário? Ou porque existe um receio de represália? Por outro lado,
este fato também desperta a atenção para as dificuldades que os
profissionais encontram em armazenar as máscaras quando as mesmas não
estão em uso.

Não existe na verdade uma medida administrativa padrão que


viabilize a guarda do EPI em local seguro e organizado, tal como um armário
ou gaveta exclusivamente destinada para este fim. Algumas enfermarias do
IIER disponibilizam uma caixa de papelão no Posto de Enfermagem onde as
máscaras podem ser guardadas, cada uma envolta por um saco plástico.
Esta conduta, todavia, é recriminada, por facilitar a retenção da umidade37.
33

Como identificar individualmente cada máscara, aliás, é outro


problema subestimado neste contexto do armazenamento dos EPI. Saber
diferenciar sua máscara da de outros colegas na mesma unidade de
trabalho pode ser tarefa ingrata e, tal como solicitado neste estudo, a
manutenção da rotina habitual com relação ao uso do EPI evidenciou a
escrita como forma de identificação mais comum, com maior ou menor
suavidade na superfície do respirador, potencialmente agredindo suas fibras
e seu meio de filtração.

Não havendo orientação educativa e nem espaço adequado na


própria estrutura do equipamento (vale ressaltar que o fabricante sequer
menciona este detalhe), cabe ao profissional identificar sua propriedade da
maneira que julgar melhor, chegando às vezes a aplicar sua “criatividade” e
seus “dotes artísticos” na personalização do seu EPI, sem perceber os
danos impelidos à sua integridade e função.

O alto índice de dobras encontradas nas máscaras também refletem a


dificuldade de guardar o equipamento quando fora do uso, uma vez que o
seu tamanho não permite que caiba na maioria dos bolsos de aventais ou de
roupas casuais. Este quesito por si só tende a justificar o uso da máscara
por período nunca superior a 6 horas, tal como demonstra a curva do Gráfico
8.

A presença de dobras na máscara não somente leva a uma


deformação da estrutura do equipamento e conseqüentemente traz riscos à
sua função filtrante, mas também atrapalha a vedação preconizada da
máscara à face do usuário. Neste sentido os fabricantes lançaram outros
modelos de máscaras PFF-2 com formato não mais de concha, mas sim
com costura provendo dobras já previstas na configuração de fábrica. Não
há estudos comparando os dois modelos na prática clínica.

A presença de sujeiras (especialmente manchas) na parede das


máscaras é conseqüência natural do seu uso. Resta quantificar, entretanto,
o grau de obstrução que as mesmas provocam à filtração do equipamento.
Desta vez não se trata, portanto, da perda de capacidade filtrante dos
34

respiradores, mas sim de eventual dificuldade para respirar sentida pelo


usuário. Esta dificuldade muitas vezes não é atribuída às sujidades e sim a
máscara propriamente dita, reforçando o preconceito de que a PFF-2 é por
demais desconfortável. Alguns profissionais recorrem ao artifício de
substituir a PFF-2 por uma (ou às vezes duas!) máscaras cirúrgicas comuns
– conduta indevida, como anteriormente descrito, para a proteção efetiva da
transmissão nosocomial da tuberculose.
35

8 – Conclusões

• A máscara PFF-2 não alcança altos índices de confiança


pelos usuários, com até 30% de rejeição pelos trabalhadores do turno
diurno;

• O principal fator de desestímulo ao uso da máscara PFF-


2 foi o desconforto para respirar, merecendo destaque o percentual
de aproximadamente 20% atribuído às dificuldades no seu
acondicionamento;

• Marcas de identificação pessoal são as formas mais


comuns de danos à estrutura da máscara, presentes desde o primeiro
dia de uso, seguidas de sujeiras internas (mais freqüentes nos turnos
de 12 h) e dobras, estas últimas em 100% das máscaras após 15°
dias de uso;

• Durante o estudo praticamente 30% das máscaras foram


extraviadas após o 15° dia de uso;

• Estima-se que o uso ideal das máscaras PFF-2 não


deve exceder o intervalo entre 5 e 15 dias.
36

9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vários estudos relatam o medo do trabalhador em adquirir a


tuberculose, seja por não saber enfrentá-la, seja por preconceito ou por não
possuir conhecimento suficiente a respeito da enfermidade.38

Mas este medo não se reflete na adesão ao uso de um EPI que,


comprovadamente, alcança sua finalidade de prevenção e biossegurança no
contexto da tuberculose nosocomial.

Frente aos resultados deste trabalho e a discussão que o tema


proporciona, é pertinente sugerir condutas administrativas simples e
factíveis, as quais podem (senão devem!) ser seguidas a fim de minimizar
alguns dos problemas aqui apontados:

 Proporcionar educação continuada que seja mais freqüente e

eficiente, não apenas esclarecendo (e reciclando conhecimentos) sobre as

indicações da máscara PFF-2 no contexto da tuberculose nosocomial, mas

também (e principalmente) motivando os funcionários para o seu uso

adequado e rotineiro, resgatando a necessária confiança neste EPI.

 Reformular formas de identificação do equipamento, medida que

compete, aliás, aos próprios fabricantes (incluir etiquetas ou anexar

pequenos crachás à estrutura da máscara etc).


37

 Planejar o acondicionamento do EPI quando fora de uso – determinar

armários (ou gavetas) aerados exclusivos para esta finalidade, com

capacidade de armazenar tantas máscaras quanto for o contingente de

trabalhadores no setor.

 Incorporar dobras à estrutura do equipamento, as quais facilitariam

sua guarda em bolsos e aventais sem danificar a estrutura filtrante. Já

existem no mercado brasileiro modelos comerciais com esta característica.

 Adequar o período de validade das máscaras PFF-2, ou melhor,

disponibilizar aos usuários quota maior do que uma única máscara por

mês. A realidade exposta neste estudo permite concluir que, na situação

atual, não há conscientização suficiente para aguardar a solicitação do

próprio usuário em substituir o EPI, seja por perda ou por danos

estruturais. Certamente não se justifica o uso diário de uma nova máscara

por cada profissional de saúde que estiver exposto aos riscos de adquirir

tuberculose hospitalar, especialmente num serviço de atendimento a

doenças infecto-contagiosas como o IIER. Seria mais eficiente, entretanto,

a distribuição compulsória de uma nova máscara a cada semana, até que

a adoção de medidas educativas e mais controladoras reflitam melhores

resultados e facilitem, assim, um programa de prevenção mais rigoroso e,

quiçá, mais econômico.


38

10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 - Hoefel HHK, Schineider LO. O Profissional de saúde na cadeia


epidemiológica. In: Rodrigues EAC et.al.Infecções hospitalares: prevenção e
controle. São Paulo, Sarvier. 1997.

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Tuberculosis (in health care facilities, in resource-limited settings). Disponível:
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trabalhadores de enfermagem na assistência ao portador de tuberculose
pulmonar. Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho; 13 (3);374-81.
44

APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) participante:

Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa, cujo


objetivo é analisar o estado de conservação da máscara PFF-2 (N95) após
uso por auxiliares de enfermagem no IIER.

Sua participação baseia-se na resposta a um questionário simples


sobre a máscara na sua rotina profissional e no recebimento e entrega da
máscara após o término de alguns plantões de trabalho, sem que haja
qualquer alteração em sua rotina de atividades.

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não


participar ou quiser desistir de continuar a qualquer momento, tem absoluta
liberdade de fazê-lo, sem qualquer risco de punição profissional.

Para alcançar os objetivos do estudo, cada máscara deverá ter


identificado seu proprietário, mas na publicação dos resultados desta
pesquisa sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão
omitidas todas as informações que permitam eventualmente identificá-lo (a).

Mesmo não tendo benefícios diretos em participar da pesquisa,


indiretamente você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno
estudado e para a produção de conhecimento científico.
Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pela
pesquisadora – Enfermeira Laura Duarte, fone 96414988 ou – Comitê de
Ética em Pesquisa do IIER, fone 38961406.

Atenciosamente

______________________________________________ _________________
Assinatura da mestranda Local e data

Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia deste termo de
consentimento.
_____________________________________________________________
Assinatura do participante Local e data
45

APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO

Nome (ou apelido)____________________________ Idade____

Sexo ( ) M ( ) F
I. Há quanto tempo atua na área da
Saúde?________________________________
II. Há quanto tempo trabalha no Instituto de Infectologia Emílio
Ribas?___________
III. Turno de trabalho:
. Diaristas ( )M ( )T
. 12x36 h ( ) Diurno ( ) Noturno
IV. Alguma vez já recebeu orientações sobre o uso do respirador N95?
( ) Sim ( ) Não
V. Você confia na eficiência do respirador N95?
( ) Sim ( ) Não

VI. Em quais situações você usa o respirador N95:


1. O dia todo ( )
2. Toda e qualquer suspeita de tuberculose ( )
3. Diagnóstico confirmado de tuberculose ( )
4. Toda vez que entrar no quarto,e permanecer no corredor ( )
5. Todo e qualquer cuidado que for realizar a qualquer cliente ( )

VII. Dos fatores abaixo listados, quais atrapalham no uso do respirador:


( ) desconforto /dificuldade para respirar
( ) dificuldade com a comunicação
( ) dificuldade no acondicionamento
( ) interfere com o campo visual
( ) não sei como guardar
( ) esqueço de usar
( ) outros.
Quais?__________________________________________________
46

APÊNDICE 3

Usou o respirador Data de recebimento do Data do recolhimento do


durante este respirador pelo respirador pelo
período? funcionário pesquisador

( ) sim ( ) não M1 ______/_______/ _______ ______/______/ _____

( ) sim ( ) não M5 ______/ ______/_______ ______/_____/ ______

( ) sim ( ) não M15 ______/_______/ _______ ______/______/ _____

( ) sim ( ) não M30 ______/_______/ _______ ______/______/ _____

( ) sim ( ) não Mx ______/ ______/ _______ ______/_____/ ______

( ) sim ( ) não Mx ______/_______/ _______ ______/______/ _____

( ) sim ( ) não Mx ______/_______/ _______ ______/_____/ ______


47

APÊNDICE 4

Itens que serão avaliados no respirador

1. Sujeiras externas

1.1 Tipo

a) Sangue ( )

b) Secreção ( )

c) Batom ( )

d) Riscos ( )

e) Outros ( ) Especificar:__________________________

1.2 Superfície comprometida

a) = 100% ( )

b) ≥ 75% e < 100% ( )

c) ≥ 50% e < 75% ( )

d) ≥ 25% e < 50% ( )

e) < 25% ( )

2. Sujeiras internas

2.1 Tipo

a) Sangue ( )

b) Secreção ( )

c) Batom ( )

d) Riscos ( )

e) Outros ( ) Especificar:__________________________
48

2.2 Superfície comprometida

a) = 100% ( )
b) ≥ 75% e < 100% ( )
c) ≥ 50% e < 75% ( )
d) ≥ 25% e < 50% ( )
e) < 25% ( )

3. Ruptura do elástico

3.1 LSD ( )
3.2 LSE ( )
3.3 LID ( )
3.4 LIE ( )

4. Ruptura do respirador

4.1 Superfície comprometida


a) = 100% ( )
b) ≥ 75% e < 100% ( )
c) ≥ 50% e < 75% ( )
d) ≥ 25% e < 50% ( )
e) < 25% ( )

5. Condições do clipe nasal

Medida da angulação
49

6. Dobras:

6.1 Dobras verticais ( )


6.2 Dobras horizontais ( )
6.3 Dobras transversais ( )

7. Forma de identificação:
7.1 Feita à caneta esferográfica ( )
7.2 Não houve presença de identificação ( )
7.3 Fortemente escrita ( )
7.4 Feita no início do respirador ( )
7.5 Feita no exterior do respirador ( )

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