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9 erros que donos cometem na hora de cuidar dos cachorros

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Dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. Pra muita gente, é bem mais que
isso. Quem tem cão costuma tratar os bichos como filhos e tenta educá-los da melhor
maneira possível. O problema é que, às vezes, erros dos humanos passam
despercebidos e acabam por atrapalhar bastante o desenvolvimento dos animais.

Entrevistamos Rodrigo Caldarelli, zootecnista e adestrador da franquia especializada


Cão Cidadão, para levantar quais são os principais erros que os donos cometem na hora
de cuidar de seus cachorros. Antes de revelar o que descobrimos, vale lembrar que
comportamento canino não é uma ciência exata e, no fim das contas, cada cachorro é
único. Se essa lista não ajudar no seu caso, procure um profissional da área.

1. Deixar o cachorro puxar a guia durante o passeio


Cena clássica de filme: o cachorro na coleira sai arrastando o dono desesperado, que
acaba trombando na mocinha, dando início a um romance. Se no filme a cena é
divertida, na vida real não é bem assim – e a culpa de ser arrastado é do próprio dono.
“O dono, sem querer, ensina que é puxando que o cão tem acesso à arvore, a outra
pessoa ou a outro cachorro. O cachorro trabalha muito com associação: se eu puxo e
chego em tudo que eu quero, então eu vou continuar puxando”, explica Rodrigo.

Como evitar o problema: Você precisa ensinar o cachorro a andar com a coleira
frouxa. “O cão deve entender que, com a guia curta, esticada, ele não vai ter acesso a
nada”, diz o especialista. Caldarelli dá alguns exemplos: se o cachorro começar a puxar
muito para chegar até uma árvore, você para até a guia ficar frouxa novamente. Aí você
caminha em direção a árvore. Se o cachorro voltar a puxar, você para de novo e repete o
processo até chegar à árvore com a guia frouxa – isso ajuda o cão a entender que ele não
precisa te puxar para chegar onde quer. “Andar em zigue zague também é uma boa
ideia. Assim, o cão começa a prestar atenção no dono e no lado que ele está indo”,
completa Rodrigo.

Mas é preciso tomar cuidado para fazer tudo isso sem força, para não esganar o
cachorro. “Quando o bicho fizer da forma correta, você pode recompensá-lo com um
brinquedo ou carinho”, explica.

2. Começar o adestramento só depois que os filhotes


completam 6 meses
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Alguns veterinários e praticantes de um modelo mais tradicional de adestramento
recomendam que você só inicie a educação dos filhotes a partir dos seis meses. Acontece
que o cachorro já começa a aprender desde que nasce. “No início, a melhor instrutora é
a mãe dele. Mas no momento em que ele chega à sua casa, o cãozinho já está
aprendendo. Dos 2 aos 4 meses, inclusive, é o momento em que o cachorro mais
aprende e grava associações”, explica o adestrador.

A ideia de muitos donos de só adestrar depois dos 6 meses pode fazer com que o filhote
pegue muitos vícios, como roer móveis ou latir muito se ficar sozinho. Depois, fica mais
difícil de corrigir esse comportamento errado.

Como evitar o problema: “Se você quer um cachorro mais educado e sem vícios de
comportamento errado, uma boa ideia é iniciar o adestramento nesse período entre 2 a
4 meses, logo que o filhote chegar” afirma Caldarelli. Com um cachorro tão novinho,
usa-se o método do adestramento inteligente, com reforço positivo, estímulo de bons
comportamentos e associações positivas.

3. Esfregar o focinho do cachorro no xixi e cocô


Essa técnica vem do adestramento tradicional. Apesar de parecer meio absurda, é muito
usada, principalmente porque funciona com alguns cachorros de temperamento forte,
que não se intimidam com broncas. “Mas na maioria das vezes não dá certo”, comenta o
especialista.

Segundo Rodrigo, ao ouvir bronca por fazerem as necessidades no lugar errado, alguns
cachorros vão ficar com medo do dono. E, na próxima vez, vão fazer no lugar errado do
mesmo jeito, mas escondido. Ou pior: o cachorro pode entender a bronca como uma
forma de atenção que o dono dá para ele: “O cachorro pensa: ‘quando eu faço no lugar
certo ninguém olha para mim. Mas, quando faço no lugar errado, chamo atenção’, então
passa a valorizar a bronca”, analisa.

Como evitar o problema: Toda vez que o cachorro fizer xixi no lugar certo, é preciso
recompensá-lo. Além do instinto, que o atrai a fazer no mesmo lugar pelo cheiro, ele
cria uma associação positiva, já que ganhou uma coisa por fazer xixi onde o dono quer.
“Além de recompensar o acerto, é necessário ignorar completamente o erro. Não fale,
não olhe, não limpe na frente dele. Deixe o cão em outro cômodo enquanto limpa a
bagunça”, sugere Rodrigo.

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O adestrador também ensinou técnicas de como treinar o cachorro a fazer as


necessidades no lugar certo. Para o cachorro que acabou de chegar, pode ir liberando a
casa ao poucos. Mantenha o pet em um só cômodo, como a área de serviço, com o lugar
80% coberto de jornal. Com o tempo, ele vai se acostumando a fazer no jornal e você vai
diminuindo a área coberta. Para quem não quer manter o cachorro fechado, o
especialista sugere acompanhar os horários em que o cachorro está mais propenso a
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fazer xixi e cocô, ou seja, 15 a 30 minutos depois das refeições. Perto desses horários,
você pode deixá-lo no ambiente que tenha a fralda ou jornal. Quando ele fizer no lugar
certo, faça festa, comemore, dê algum petisco.

4. Dar comida na hora do (seu) almoço ou janta


O dono se senta à mesa para comer e o cachorro segue um ritual: late, pula, fica
embaixo da mesa, lambendo e fazendo aquela cara irresistível. Para acalmá-lo, você dá
um osso ou o resto de alguma comida. “Se o cachorro está com comportamento errado e
você recompensa com o osso, ele entende que com esse comportamento errado, ele
ganha”, alerta Rodrigo. O adestrador lembra que no começo todo mundo fica
empolgado com o cão e quer agradá-lo, mas com isso, acaba ensinando
comportamentos errados que incomodam muito depois.

Como evitar o problema: Se o seu cachorro ainda é filhote, ele ainda não aprendeu a
fazer errado. Se o pet ficar quieto ou entretido com algum brinquedo enquanto você
come, tudo bem dar alguma coisa para ele. Se já for um cão com esse comportamento
errado, dê uma bronca e mande ele sentar ou deitar. Se ele ficar quieto e parar de
incomodar, você dá algum petisco.

5. Ensinar o cachorro a ficar inseguro por causa da chuva,


do veterinário ou da hora do banho
Todo mundo sabe que cachorros costumam ter medo de trovão ou fogos de artifício.
Mas se na hora do barulho o dono faz drama, coloca o cão no colo, reforça o receio do
filhote, isso só vai aumentar o medo dele. “O cachorro vai entender que se o dono tem
que proteger ele daquilo, a ameaça é muito maior do que de fato precisa ser”, comenta
Rodrigo. A mesma coisa vale para quem leva para o banho ou veterinário e quer ficar
muito perto o tempo inteiro, segurando, cercando, com medo pelo bicho. Esse tipo de
comportamento do dono gera muita ansiedade no animal, que pode ficar até
traumatizado com essas situações.

Como evitar o problema: “Você tem que passar segurança. Ter uma postura de
liderança e tranquilidade. Agir como se nada tivesse acontecendo”, afirma o adestrador.
Ele sugere, por exemplo, começa a brincar com o animal, ou dar alguma comida, para
ele não focar no barulho e na chuva.

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Caldarelli também dá a dica de tentar antecipar as situações. “Se começa a armar chuva,
você pode ficar brincando com o cão no colo antes de começarem os trovões. O
importante é sua linguagem corporal passar segurança e conforto, não medo”, afirma.
Também é possível preparar o bicho para situações de banho ou veterinário. Basta
passar uma escova no cachorro, ligar o secador na sala para ele se acostumar com o
barulho ou levá-lo ao pet shop sem o compromisso de tomar banho, para ele se

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ambientar. Até mesmo usar vídeos na internet com barulho de trovão ou fogos pode
ajudar. É só colocar o som baixo e ir aumentando gradualmente, para que o cachorro se
acostume com o tipo de barulho.

6. Só sair com o cão depois que todas as vacinas estiverem


em dia
Os cachorros têm que tomar várias vacinas. Em média, o cão chega na casa do dono aos
2 meses. E há quem diga que ele só pode sair de casa aos 5, para evitar doenças. O
problema de manter o filhote tanto tempo trancado em casa é que isso afeta
diretamente a socialização e o aprendizado do cãozinho. Entre os 2 e 4 meses é o
melhor momento para apresentar ao pet como o mundo é grande: diferentes pessoas,
cachorros, barulhos e carros. “Muitos cachorros que só saem de casa depois dos 5 meses
travam na rua e têm muitos problemas para conseguir socializar”, explica o especialista.

Como resolver o problema: Também não é para esquecer as recomendações do


veterinário e levar o filhotinho para o chão do parque, no meio de outros cachorros.
Mas, como Caldarelli sugere, você pode levá-lo para passear de carro, ou dar uma volta
no quarteirão com ele no colo, ou levar para a casa de um amigo que tenha um cachorro
que seja saudável e esteja com as vacinas em dia.

7. Não deixar o cachorro sozinho


Nos primeiros meses, é normal que o dono fique 100% grudado ao bichinho. Depois,
quando precisar sair para trabalhar, ou até mesmo dormir, o cachorro que fica sozinho
começa a raspar a porta, latir ou destruir alguma coisa. “Nessa hora, a maioria dos
donos vai dar bronca ou vai ficar com dó do cão. Então, por associação, ele entende que
a bronca é atenção ou que, se ele latir muito, você vai ficar com dó.” Desse jeito, o
cachorro nunca aprende a ficar sozinho e pode virar um grande problema para o dono.

Como resolver o problema: Se você está em outro cômodo da casa e o cão ficar
latindo, só apareça quando ele parar – se o cachorro é novo e não tem vício, ele não vai
ficar muito tempo latindo. Assim, ele vai entender que você só chega quando ele fica
quieto. Uma forma de treinar esse comportamento, sugerida pelo especialista, é
espalhar ração num cômodo da casa, fechar o cachorro o lá, esperar um pouco e voltar.
É uma forma de fazer o cão associar seu retorno com o fato de fazer a coisa certa.

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“Para os cachorros que já são muito grudados e têm crise de ansiedade, uma forma de
treinar o desapego e ensiná-lo a sentar é ir se distanciando aos poucos, até o momento
que você se esconde ou entra em outro cômodo. Isso acostuma o cachorro a ficar sem te
ver”, explica Rodrigo. Para os cães ansiosos, é bom evitar fazer festa logo que chegar em
casa depois do trabalho – ou ele vai marcar esse momento como a maior interação do
dia. Ignore-o um pouco, de 5 a 10 minutos depois que chegar em casa, para o cachorro
se acalmar e diminuir a ansiedade. Depois disso você pode brincar mais.
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8. Alimentar mal o cachorro
Tem cachorro que só come a ração se ela estiver misturada com outros tipo de comida.
Como qualquer outro animal, o cachorro prefere comer o que acha bom do que ter uma
alimentação balanceada. Com isso, o animal pode engordar ou se recusar a comer a
ração pura (ou outro tipo de alimentação saudável que você der a ele). O problema com
os petiscos ou mistura de comida ‘de gente’ com a ração é que você acaba dando para
agradar o bichinho, mas perde o controle da dieta adequada e saudável do animal.

Como resolver o problema: Rodrigo explica que cada cachorro tem que comer uma
quantidade de gramas, dividida em uma quantidade de vezes por dia, que varia de
acordo com o tamanho e a raça. “Se o cachorro tem que comer 300g, três vezes ao dia, e
pula uma das refeições, ele está comendo mais do que precisa e que você pode diminuir
um pouco a quantidade total. Ao mesmo tempo, se ele ficar muito desesperado por
comida, pode ser preciso aumentar um pouco o volume”, afirma o adestrador. Você
precisa controlar o tempo que o cachorro come, ou seja, deixar o prato de ração entre 15
a 20 minutos para ele comer. Além disso, se ele pular o almoço, não pode aumentar a
quantidade de comida para a janta: é preciso manter as porções certinhas. Também não
é bom exagerar nos petiscos, porque o cachorro vai achá-los mais gostosos e pode
querer deixar de comer ração. Ou engordar.

Leia também: 6 alimentos que podem prejudicar a saúde do seu pet

9. Dar bronca sem ensinar


Simplesmente dar bronca no cachorro e esperar que ele entenda o motivo da sua
frustração, em geral, não dá certo. Como já explicamos nos outros tópicos, os cães
aprendem por associação, e podem acabar entendendo a sua bronca como atenção, o
que só vai estimular o comportamento errado ao invés de corrigi-lo. O adestrador
Rodrigo explica que a melhor forma de dar a bronca no cachorro é trabalhando a
punição junto com o reforço positivo. “A bronca tem que significar fracasso para o
cachorro. Ele tem que entender que, com o comportamento errado, ele não ganha nada.
E que, agindo da forma correta, ele vai ter recompensas”. Mas calma, você não vai
precisar premiar seu cachorro toda hora que ele fizer as coisas certas. “Se durante o
treino ele percebe que o bom comportamento gera gratificações, ele vai fazer uma
associação positiva a isso, sem que seja necessário sempre recompensá-lo caso ele
acerte todas as vezes”, explica.

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Como evitar o problema: Você pode usar o “não”, ou uma latinha com moeda ou um
borrifador de água para dar a bronca. Se seu cachorro sempre tenta destruir os fios do
computador, você pode dar a bronca e esperar alguns segundos para ver se ele
entendeu. Se ele não tentar repetir o erro, você o recompensa. Pode seguir com esse
comportamento até ele acertar.

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O adestrador lembra que a recompensa pode assumir várias formas. A mais comum é a
comida. Mas também pode ser um brinquedo, carinho, ou mesmo deixá-lo se
aproximar daquele poste, de outro cachorro ou da piscina. Por exemplo: se um cão puxa
a guia para chegar até uma pessoa de que gosta, você pode usar o método ensinado
nessa lista para ensiná-lo a andar sem puxar. No fim das contas, a recompensa vai ser a
própria pessoa.

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