Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Roupa Como Artefato Social Por Uma Soc PDF
A Roupa Como Artefato Social Por Uma Soc PDF
1
Práxis no sentido concebido por Kosik (1976), do mundo real historicamente determinado, ou seja,
“realidade humano-social como unidade de produção e produto, de sujeito e objeto, de gênese e
estrutura” (p.18), em que a verdade não é dada, mas devém, tem um decurso, “processo de criação da
realidade concreta” (p. 19).
aventais” (C 3, v. 7). Um dos primeiros atos de cultura foi cobrir os corpos, vestir-se.
Criar significado de si e sobre si, com o corpo e no corpo foi um dos primeiros atos de
significação. A narrativa mítica fabula realidades e conquanto não possa ser
demonstrada, não pode ser desmitificada, pois se refere a práticas reais cuja origem é
impossível datar. No percurso de fundação da civilização a prática do vestir está
registrada no imaginário social como elemento integrante.
Ao longo da história humana, as roupas acompanharam os seres humanos, com
texturas, formas, materiais e significados produzidos pelas formas de vida
características de cada sociedade em épocas determinadas.
A roupa no social
A roupa no pessoal
“a mágica da roupa está no fato de que ela nos recebe; recebe nosso cheiro,
nosso suor; recebe até mesmo nossa forma. E quando nossos pais, nossos
amigos e nossos amantes morrem, as roupas ainda ficam lá, penduradas em
seus armários, sustentando seus gestos ao mesmo tempo confortadores e
aterradores, tocando os vivos com os mortos” (p. 13).
Essa dimensão existencial da roupa é pouca considerada, talvez por estar muito
próxima de nós, em qualquer de nossas memórias que nem nos damos conta de pensá-
las em separado. As roupas são história e memória e sobrevivem aos corpos que vestem,
segundo esse autor, para quem “elas recebem a marca humana” (Ibdem, p. 14), e
absorvem a presença ausente de seus donos. A roupa não se reduz a moda e nem a moda
se reduz à roupa, mas ambas se encontram no arquétipo da moda criado no decurso da
modernidade e sua sociedade de mercado.
A roupa em sua dimensão existencial articula-se com o corpo para inserir o
individuo na estrutura social, mas também para entrelaçar os elos da própria vida
compondo imagens pessoais, paisagens sociais, possibilitando assim a experimentação
de situações e emoções. Vestir uma roupa é um ato que acompanha todos os
movimentos que constituem as maneiras e o tempo de duração de toda uma vida. Isso
coloca o vestir sempre situado em contextos, sejam amplos ou específicos.
Tomar a moda como produto ou signo requer buscar seus nexos com a estrutura
e o sistema, com a forma e o signo, com o coletivo e o pessoal.
KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
CRANE, Daiane. A moda e seu papel social. Classe, gênero e identidade das roupas.
São Paulo: Editora SENAC, 2006.
PITOMBO, Renata. Moda, Cultura e Sentido. In: GHREBH. Número 3, São Paulo,
julho de 2003. Disponível em: http://revista.cisc.org.br.
SIMMEL, Georg. O indivíduo e a modernidade. In: SOUZA, J. e ÖELZE, B. Simmel e
a Modernidade. 2. Ed. Brasília: Editora UNB, 2005a.
SIMMEL, Georg. Da psicologia da moda: um estudo sociológico. In: SOUZA, J. e
ÖELZE, B. Simmel e a Modernidade. 2. Ed. Brasília: Editora UNB, 2005b.
BAUDRILLARD, Jean. A moda ou a magia do código. In:A troca simbólica e a morte.
(Parte III) São Paulo: Edições Loyola, 1996.