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i N W V / \ V E Í V J / \ W 1 IN 1 L M N A L 1 U IN A L

FAÇA UMA J O R NA DA VISUAL


ATRAVÉS DA V I D A E D O S
TEMPOS BÍBLICOS
I n t r o d u ç ã o a

AUTOR, LUGAR E D A T A DA R E D A Ç Ã O
0 livro de Daniel oferece ao intérprete da Bíblia duas alternativas quanto à sua autoria: ou se trata de um relato do próprio Daniel ou de al­
guém que lhe era próximo e é historicamente confiável, ou foi escrito por um zelote religioso durante a revolta dos macabeus e é pura ficção.
A questão sobre a autoria depende essencialmente da época em que o livro foi escrito. A suposição de que Daniel ou alguém
ligado à Babilônia e posteriormente à Pérsia o escreveu im plica uma data por volta de 530 a.C. A sugestão de que foi composto
durante as guerras dos macabeus estabelece sua redação em cerca de 165 a.C. Ambos os argumentos são complexos, mas há boas
razões para considerar o livro de Daniel historicamente confiável e escrito no início do período Persa (ver “ Quando foi escrito o livro de
Daniel?’’ , em Dn 1).

DESTINATÁRIO
Baseado na suposição de uma data mais antiga para a composição (530 a.C.), Daniel escreveu a seus companheiros judeus exilados na
Babilônia para lembrá-los do controle soberano de Deus sobre a história mundial e encorajá-los com as promessas de Deus de restauração.

FATOS CULTURAIS E DESTAQUES


Os defensores de uma data tardia para a composição (ca. 165 a.C.) argumentam que o livro teve a intenção de encorajar os judeus oprimi­
dos da época do conflito contra o cruel rei selêucida Antíoco IV (ver “Antíoco IV Epifânío” , em Dn 11). Para os que sustentam essa teoria,
o propósito de Daniel era persuadir os judeus em combate de que havia exemplos históricos de judeus devotos que haviam derrotado reis
pagãos e suas perseguições ao povo de Deus (Dn 3— 6). Além disso, esses estudiosos argumentam que as profecias dos capítulos 2, 7,
8 e 11 foram escritas para mostrar ao povo que todas as dificuldades que eles estavam suportando sob o governo de Antíoco haviam sido
previstas e que a plenitude do Reino de Deus se seguiria à queda desse governante. Intrínseca a essa interpretação é a pressuposição de
que todos os exemplos e profecias contidos no livro constituíam aspectos de uma fraude piedosa.
Contra isto, além do fato de que a inclusão de uma “ fraude piedosa” na Bíblia seria no mínimo teologicamente problemática,
deve-se observar que os reis pagãos, em Daniel, são às vezes retratados sob aspectos positivos (4.1-3,36,37; 6.19-28). Se o contexto
histórico de Daniel fosse a guerra judaica, ocorrida séculos mais tarde, contra Antíoco IV, o homem que erigiu uma estátua de Zeus e
sacrificou porcos (animais ritualmente impuros) no templo de Jerusalém e que na realidade tentou erradicar o judaísmo, esses retratos
positivos de reis pagãos apresentados por um combatente judeu zeloso seria inexplicável.
Mas qual o propósito de Daniel, se o livro for entendido como um documento histórico de 530 a.C.? Evidentemente, o livro foi es­
crito para encorajar os judeus do exílio e da Diáspora à fidelidade durante o prolongado período em que Israel permaneceria, na melhor
das hipóteses, como uma nação obscura e subordinada a governantes de vários poderes mundiais pagãos. Alguns desses governantes
seriam severos e opressores, enquanto outros seriam tolerantes e até mesmo amigos dos judeus, Apesar de tudo, as gerações de
leitores de Daniel deveriam depositar sua esperança no fato de que Deus tinha previsto essa dificuldade e se preocupava com eles.

L I N H A DE T E M P O

r
1400 A.C. 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400

Ministério de Jeremias em Judá (ca. 626-585 a.C.)



Exílio de Daniel na Babilônia (ca. 605-536 a.C.)

Queda de Jerusalém (586 a.C.)


tife i
Conquista da Babilônia pelos persas (539 a.C.)
1

Daniel na cova dos leões (ca. 539 a.C.)


i
Primeiro retorno de exilados a Jerusalém (ca. 538 a.C.)
1
Redação do livro de Daniel (ca. 536-530 a.C.)
m
Fim do ministério de Daniel (ca. 536 a.C.)
í
INTRODUÇÃO A DANIEL 1 383

E N Q U A N T O V O C Ê LÊ
A narrativa fascinante dos primeiros seis capítulos prende facilmente a atenção do leitor. Procure exemplos de fé inabalável diante das
piores expectativas, ou seja, sem levar em conta a soberania de Deus.
Ao entrar em contato com a literatura apocalíptica encontrada no restante do livro, um comentário bíblíco detalhado sobre esses
capítulos será de grande utilidade. Um bom comentário mostrará as semelhanças entre essa porção altamente simbólica de Daniel e o
livro de Apocalipse, no final do NT.

VOCÊ SABIA?
• Daniel foi levado para a Babilônia no grupo deportado em 605 a.C., mas ainda estava lá em 539 a.C. e também quando os primeiros
exilados voltaram a Jerusalém (Dn 1.1).
• Belsazar, filho de Nabonido, era corregente com o pai e governou a Babilônia durante a ausência de Nabonido da capital por dez
anos (5.1).
• A identidade do “ rei Dario” é incerta. Nesse sentido, Dario era evidentemente um nome de trono para alguém que governava sob ordens
de Ciro ou então o nome do trono de Ciro na Babilônia (6.1).

TEMAS
0 livro de Daniel inclui os seguintes temas:
1. Soberania de Deus. Os fatos narrados em Daniel enfatizam a fidelidade de Deus e sua autonomia absoluta sobre a história mundial (2.47;
3.17,18; 4.28-37; 5.18-31). Embora às vezes aparente o contrário, Deus está no controle dos acontecimentos, reinos e governos globais (5.21).
2. Fidelidade a Deus. Deus recompensa os que são fiéis a ele e o reconhecem (cp. 1.8 com 1.15-20; 2.17,18 com 2.19; 2.27,28 com
2.48,49; 3.12,16-18 com 3.26-30; 5.16-18 com 5.29; 6.7-12 com 6.19-24). 0 livro revela que é possível ao oprimido povo de Deus sobre­
viver e até mesmo prosperar numa cultura hostil à sua fé.
3. Profecias de acontecimentos futuros. As quatro visões de Daniel contêm predições de períodos futuros de perseguição, como também
do retorno do Cristo triunfante (7.11,26,27; 8.25; 9.27; 11.45; 12.13). As visões de Daniel encorajam o fiel povo de Deus que está vivendo
debaixo da opressão e da perseguição, oferecendo uma perspectiva divina sobre a realidade que difere do puramente visível: Deus vencerá
no final, assim os cristãos de qualquer época podem viver a expectativa do triunfo definitivo (2,44; 7.27; Ap 11.15).

SUMÁRIO
I. 0 cativeiro, fidelidade e ascensão de Daniel e seus três amigos (1)
II. Os destinos das nações (2— 7)
A. 0 sonho de Nabucodonosor de uma estátua (2)
B. A imagem dourada de Nabucodonosor e sua adoração (3)
C. Visão de Nabucodonosor: a grande árvore (4)
D. A queda de Belsazar e da Babilônia (5)
E. Daniel na cova dos leões (6)
F. Sonho de Daniel: os quatro animais (7)
III. 0 destino de Israel (8— 12)
A. Visão de Daniel: o carneiro e o bode (8)
B. Oração de Daniel e a visão das 70 “ semanas” (9)
C. Visão de Daniel: o futuro de Israel (10— 12)
1 384 DANIEL 1. 1

Daniel na Babilônia
No terceiro ano do reinado de Jeoaquim , rei de Judá, Nabucodonosor,3 rei da Babilônia, veio
I a Jerusalém e a sitiou.b 2 E o Senhor entregou Jeoaquim, rei de Judá, nas suas mãos, e também
alguns dos utensílios do templo de Deus. Ele levou os utensílios para o templo do seu deus na terra
1.1 «2Rs 24.1;
*2Cr36.6
1.2°2Cr 36.7;
Jr 27.19,20; Zc
5.5-11
de Sinear" e os colocou na casa do tesouro do seu deus.0
3 Depois o rei ordenou a Aspenaz, o chefe dos oficiais da sua corte, que trouxesse alguns dos israe­ 1.3 d2Rs 20.18;
24.15; Is 39.7
litas da família real e da nobreza:d 4jovens sem defeito físico, de boa aparência, cultos, inteligentes, que
dominassem os vários campos do conhecimento e fossem capacitados para servir no palácio do rei.
Ele deveria ensinar-lhes a língua e a literatura dos babilônios1’. 5 De sua própria mesa, o rei designou- 1.5 ev. 8,10; V. 19
-Ihes uma porção diária de comida e de vinho.e Eles receberiam um treinamento durante três anos e
depois disso passariam a servir o rei.f
6 Entre esses estavam alguns que vieram de Judá: Daniel,s Hananias, Misael e Azarias.7 0 chefe dos1.6 sEz 14.14
1.7 hDn 4.8; 5.12;
oficiais deu-lhes novos nomes: a Daniel deu o nome de Beltessazar;h a Hananias, Sadraque; a Misael, 'Dn 2.49; 3.12
Mesaque; e a Azarias, Abede-NegoJ
8 Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro) com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao
chefe dos oficiais permissão para se abster deles.9 E Deus fez com que o homem fosse bondosok para 1.9 *Gn 39.21;
Pv 16.7; '1Rs 8.50;
com Daniel e tivesse simpatia1 por e le .10 Apesar disso, ele disse a Daniel: “ Tenho medo do rei, o meu S1106.46
senhor, que determinou a comida e a bebida de vocês. E se ele os achar menos saudáveis que os outros
jovens da mesma idade? O rei poderia pedir a minha cabeça por causa de vocês” .
11 Daniel disse então ao homem que o chefe dos oficiais tinha encarregado de cuidar dele e de
Hananias, Misael e A zarias:12 “Peço que faça uma experiência com os seus servos durante dez dias:
Não nos dê nada além de vegetais para comer e água para beber.13 Depois compare a nossa aparência
com a dos jovens que comem a comida do rei, e trate os seus servos de acordo com o que você concluir” .
14 Ele concordou e fez a experiência com eles durante dez dias.
15 Passados os dez dias, eles pareciam mais saudáveis e mais fortes do que todos os jovens que1.15 mÊx 23.25
com iam a com ida da m esa do rei.m 16 A ssim o encarregado tirou a com ida especial e o vinho 1.16 "v. 12,13
que haviam sido designados e em lugar disso lhes dava vegetais."
17 A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência0 para conhecerem todos os aspectos da 1.17°1 Rs 3.12;
pDn 2.23; Tg 1.5;
cultura e da ciência.P E Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos.1) QDn 2.19,30;
7.1; 8.1
18 Ao final do tem por estabelecido pelo rei para que os jovens fossem trazidos à sua presença,
1.18 «v. 5
o chefe dos oficiais os apresentou a Nabucodonosor.19 O rei conversou com eles, e não encontrou nin­ 1.19 *Gn 41.46
guém comparável a Daniel, Hananias, Misael e Azarias; de modo que eles passaram a servir o rei.s
20 O rei lhes fez perguntas sobre todos os assuntos que exigiam sabedoria e conhecimento e descobriu 1.20 *1Rs 4.30;
Dn 2.13,28
que eram dez vezes mais sábios do que todos os magos e encantadores de todo o seu reino.1
21 Daniel permaneceu ali até o primeiro ano do rei Ciro.u 121 “Dn 6.28;
10.1
0 1 .2 I s t o é , n a r e g iã o d a B a b ilô n ia .
6 1 . 4 H e b r a ic o : caldeus.

1.1 De acordo com o sistema babilônio de computar os anos do reinado sistema de escrita aprendido facilmente e entendido por todos (ver nota
de um rei, o terceiro ano de Jeoaquim teria sido 605 a.C., visto que seu em 2.4).
primeiro ano completo de reinado começou no dia de ano-novo, depois 1.7 A mudança de nom e implicava submissão à autoridade de
de sua ascensão, em 608. Mas, de acordo com o sistema em Judá, que Nabucodonosor (ver notas em G n 17.5; 2Rs 23.34). O nome dos deuses
contava o ano de ascensão como o primeiro ano de reinado, esse foi pagãos estavam incorporados aos significados desses nomes babilônios:
“o quarto ano de Jeoaquim ” (ver J r 2 5 .1 ; 4 6 .2 e nota; ver também Beltessazar provavelmente significa “Bel [i.e., Marduque] proteja sua
“O problema da cronologia dos reis de Judá e de Israel”, em IR s 14). vida!”; Sadraque, “comando de Aku [o deus-lua sumério]”; Mesaque,
Visto que o primeiro capítulo do livro de Daniel começa e termina “Quem é o que Aku é?”; Abede-Nego, “servo de Nego/Nebo/Nabu”.
com marcadores cronológicos, é possível datar a carreira de Daniel. 1.8 Daniel considerava a comida e a bebida da mesa de Nabucodono­
Embora Jerusalém tenha sido destruída pelos babilônios em 58 6 a.C., sor ritualmente contaminada, porque a primeira porção da comida era
Daniel foi levado para a Babilônia numa deportação mais antiga, em oferecida a ídolos, e uma porção do vinho era derramada sobre um al­
605 a.C. D n 1.21 registra que ele ainda estava lá em 539 a.C. Uma vez tar pagão (ver “Os ‘restaurantes do templo’ e a comida sacrificada aos
que Daniel menciona em 10.1 que recebeu uma visão durante o tercei­ ídolos”, em lC o 8, para um equivalente no N T ). Além disso, animais
ro ano de Ciro, sabemos que ele ainda estava vivo quando os primeiros cerimonialmente impuros eram comidos e até mesmo os que eram consi­
exilados voltaram a Jerusalém. derados limpos não eram sacrificados nem preparados de acordo com os
1.2 Os utensílios do templo foram “levados” quando o povo de Judá foi regulamentos da Lei mosaica (ver “Alimentos puros e impuros na Bíblia
exilado na Babilônia. A primeira deportação (605 a.C.) incluiu Daniel; e no antigo Oriente Médio”, em Lv 11).
e a segunda (597 a.C.), Ezequiel. Uma terceira deportação aconteceu 1.17 Com a ajuda de Deus, Daniel e seus amigos dominaram completa­
em 586 a.C., quando os babilônios destruíram a cidade de Jerusalém e o mente a literatura babilônia principal (ver nota em 1.4), como também
templo de Salomão (ver “Exílio e genocídio no antigo Oriente Médio”, as sutilezas da astrologia e da adivinhação por meio de sonhos (ver nota
em Ez 21). em G n 4 0 .8 ; ver também “Oráculos sobre sonhos no mundo an­
O deus de Nabucodonosor era Marduque, deus da ordem cósmica e tigo”, em Jó 4).
principal divindade do panteão babilônio. 1.20 “Os magos e encantadores” são os peritos nas “artes” mágicas da
1.4 A “língua e a literatura dos babilônios” incluía a literatura clássica adivinhação (ver nota em D t 18.10-18; ver também “Adivinhação na
em cuneiforme sumério e acádio, um sistema de escrita silábico com­ Acádia”, em D t 18).
plicado (ver “Suméria”, em G n 4; e “O cuneiforme e os tabletes de 1.21 Daniel passou cerca de setenta anos na Babilônia e ainda vivia por
barro no antigo Oriente Médio”, em Is 30). O idioma da comunicação volta do ano 53 7 a.C. (10.1), o que lhe deu a satisfação de ver o primeiro
normal na Babilônia multirracial era o aramaico, representado num retorno de exilados do cativeiro babilônio para Judá.
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Q U A N D O FOI
E S C R I T O O LI VRO DE D A N I E L
DANIEL 1 A datação do livro de Daniel é controversa (ver também
a introdução ao livro). Estudos tradicionais sustentam que o livro foi
composto no século VI a.C., a julgar pelas informações históricas nele
contidas, porém os argumentos comuns para datar Daniel do século
II a.C. são os seguintes:

• f 0 livro de Eclesiástico,1 escrito em cerca de 180 a.C., cita numero­


sos heróis do AT nos capítulos de 44 a 50, mas não Daniel.
,\A
❖ Belsazar é chamado "rei" da Babilônia2 em Daniel 5; o rei na
verdade era Nabonido.
❖ Dario, o medo (5.31 e cap. 6) é desconhecido.
•5* As histórias sobre a insanidade de Nabucodonosor3 e da fornalha
de fogo são lidas como lendas piedosas — histórias absurdas de mi­
lagres, comuns nos textos judaicos do período intertestamental.
❖ Metade de Daniel foi escrita em aramaico,4 idioma que os judeus
falavam durante o período intertestamental. Daniel 3 também in­
clui três palavras gregas, indicação de que o livro foi escrito depois que
a cultura grega invadiu o Oriente Médio.
❖ Essa evidência, porém, não é tão forte quanto parece:
❖ Eclesiástico também omite o nome de outros israelitas famosos,
até mesmo Esdras. Além disso, o próprio Jesus ben Siraque pode ter
Dl sido influenciado por Daniel. Em Eclesiástico 36.10 ele ora: "Apressa
o tempo, e lembra-te do teu desígnio" — verbosidade que se
assemelha a Daniel 11.27,35. Pode ser que Ben Siraque despreocu- Esteia de basalto representando Nabonido (SS5-539 a.C.),
padamente citou Daniel, que, é claro, implica que o livro já existia o ú l t i m o g o v e r n a n t e d o Império Neobabilônio
© dr. James C. Martin; Museu britânico; fotografado com permissão
em seu tempo.
❖ 0 livro demonstra familiaridade com a história e a cultura dos 0 fato de que a metade de Daniel foi escrita em aramaico é um
séculos VII e VI a.C. Daniel registra corretamente o cargo de Belsazar, mistério para qualquer reconstrução de sua história.
corregente de Nabonido, e assim poderia ter sido chamado "rei" (5.1), Mas o aramaico de Daniel é "oficial", ou "imperial" — o ara­
mas em 5.16 Belsazar oferece tomar aquele que for capaz de inter­ maico padrão usado na correspondência oficial, usado quando era a
pretar a escritura na parede "o terceiro em importância no governo do língua franca do Oriente Médio (ver 2Rs 18.26; Ed 4.7; Dn 2.4), não o
reino". Como o próprio Belsazar era o segundo no governo,5 essa era a aramaico coloquial e regional do século II a.C. na Palestina, quando
maior honra que poderia conferir. o idioma comum da região era o grego.
4» Dario, o medo, não é mencionado por esse nome fora da Bíblia,6 As três palavras gregas de Daniel 3.5 são termos musicais. Os poe­
mas é o tipo de quebra-cabeça histórico com que os estudiosos repeti­ tas e músicos gregos eram famosos, por isso seu vocabulário musical
damente deparam nos textos antigos. Já as obras judaicas de ficção re­ entrou em uso muito cedo. 0 que seria surpreendente é haver tão
ligiosa do penodo intertestamental carecem de credibilidade histórica, pouco grego em Daniel para um livro escrito no século II a.C., quando
de modo que não têm paralelo nas obras histórias. 0 livro apócrifo de o mundo estava completamente helenizado.
Judite, por exemplo, escrito durante o reinado de Antíoco IV, contém As palavras persas em Daniel são de uma época mais antiga, pré-
erros históricos absurdos e é completamente distinto de Daniel. -helenística.
❖ A história e a arqueologia não têm condições de provar os mila­ * Os rolos do mar Morto tem lançado nova luz sobre Daniel. A caver­
gres de Daniel. Ainda assim, as seguintes observações são pertinentes: na 1 de Qumran continha vários fragmentos do livro (1QDana b) num
Os milagres não provam que uma obra é fictícia. manuscrito que sugere uma data do século II a.C. Outros fragmentos
A loucura de Nabucodonosor era uma condição clínica rara, po­ de Daniel, da caverna 4, apresentam um estilo que sugere uma data
rém autêntica, chamada boantropia (tornar-se um boi). Histórias do fim do período hasmoneu ou início do período herodiano.
fictícias de milagre contêm elementos escandalosos sem analogia É improvável que um livro tão incomum, escrito em época tão tardia
clínica (e.g., em Tobias 2.9,10, outro livro apócrifo, Tobit fica cego (165 a.C.), tenha sido aceito e entrado em circulação como Escritura
por causa do estrume de pardal que lhe caiu nos olhos). autorizada tão rapidamente.

'Edesiástico é um livro apócrifo; ver "Os Apócrifos", em Tt 1. 2Ver o Glossário na p. 2080 para as definições das palavras em negrito. JVer "A loucura de Nabu­
codonosor", em Dn 4. 4Ver "Línguas do mundo do Antigo Testamento", em Ed 2. sVer "Nabonido e Belsazar, em Dn 5. 6Ver "Dario, o medo", em Dn 6.

7
1386 D A N I E L 2. 1

O Sonho de Nabucodonosor
No segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve sonhos;v sua mente ficou tão perturbada"
2
2.1 vjó 33.15,18;
Dn 4.5; wGn 41.8;
que ele não conseguia do rm ir*2 Por isso o rei convocou os magos,v os encantadores, os feiticeiros2 xEt 6.1; Dn 6.18
2.2 yGn 41.8;
e os astrólogos'13 para que lhe dissessem o que ele havia sonhado.b Quando eles vieram e se apresenta­ ZÊX7.11; av. 10;
Dn 5.7; »Dn4.6
ram ao re i,3 este lhes disse: “Tive um sonho que me perturba0 e quero saber o que significa*'” . 2.3 cDn 4.5
4 Então os astrólogos responderam em aramaicod ao rei:c “ Ó rei, vive para sempre!e Conta o sonho 2.4 € d 4.7;
eDn 3.9; 5.10
aos teus servos, e nós o interpretaremos” .
5 O rei respondeu aos astrólogos: “Esta é a minha decisão: se vocês não me disserem qual foi o meu 2.5 ty. 12;
aEd 6.11; Dn 3.29
sonho e não o interpretarem, farei que vocês sejam cortados em pedaços* e que as suas casas se tornem
montes de entulho.96 Mas, se me revelarem o sonho e o interpretarem, eu darei a vocês presentes, 2.6 ty. 48;
Dn 5.7,16
recompensas e grandes honrarias.h Portanto, revelem-me o sonho e a sua interpretação” .
7 Mas eles tornaram a dizer: “Conte o rei o sonho a seus servos, e nós o interpretaremos” .
8 Então o rei respondeu: “Já descobri que vocês estão tentando ganhar tempo, pois sabem da
m inha decisão.9 Se não me contarem o sonho, todos vocês receberão a mesma sentença;' pois vocês 2.9 'Et 4.11;
ils 41.22-24
com binaram enganar-me com mentiras, esperando que a situação mudasse. Contem -m e o sonho,
e saberei que vocês são capazes de interpretá-lo para m im ” j
10 Os astrólogos responderam ao rei: “Não há homem na terra que possa fazer o que o rei está
pedindo! Nenhum rei, por maior e mais poderoso que tenha sido, chegou a pedir uma coisa dessas a
nenhum mago, encantador ou astrólogo.k 1 1 0 que o rei está pedindo é difícil demais; ninguém pode
revelar isso ao rei, senão os deuses,1 e eles não vivem entre os mortais1*” .
12 Isso deixou o rei tão irritado e furiosom que ele ordenou a execução" de todos os sábios da 2.12 mDn 3.13,19;
"v. 5
Babilônia.13 E assim foi emitido o decreto para que fossem mortos os sábios; os encarregados saíram 2.13 °Dn 1.20
à procura de Daniel e dos seus amigos, para que também fossem mortos.0
14 Arioque, o comandante da guarda do rei, já se preparava para matar os sábios da Babilônia,
quando Daniel dirigiu-se a ele com sabedoria e bom senso.15 Ele perguntou ao oficial do rei: “Por que
o rei emitiu um decreto tão severo?” Arioque explicou o motivo a D an iel.16 Diante disso, Daniel foi
pedir ao rei que lhe desse um prazo, e ele daria a interpretação.
17 D aniel vo lto u para casa, contou o problem a aos seus amigos Hananias, Misael e Azarias,P
2.17 PDn 1.6

18 e lhes pediu que rogassem ao Deus dos céus que tivesse misericórdia1! acerca desse mistério/ para que 2.18 ils 37.4;
rJr 33.3
ele e seus amigos não fossem executados com os outros sábios da Babilônia.19 Então o mistérios foi 2.19 sv. 28; Uó
33.15; Dn 1.17
revelado a Daniel de noite, num a visão.* Daniel louvou o Deus dos céus 20 e disse: 2.20 “S1113.2;
145.1,2; vJr 32.19
“ Louvado seja o nome de Deus para todo o sempre;11
a sabedoria e o poderv a ele pertencem.
21 Ele muda as épocas e as estações;™ W «Dn 7.25;
*Jó 12.19;
destrona* reis e os estabelece. SI 75.6,7; vTg 1.5
Dá sabedoriav aos sábios
e conhecimento aos que sabem discernir.
22 Revela coisas profundas e ocultas;2 2.22 zJó 12.22;
SI 25.14; Dn 5.11;
conhece o que jaz nas trevas,3 aS1139.11,12;
Jr 23.24; Hb 4.13;
e a luzb habita com ele. bls 45.7; Tg 1.17
23 Eu te agradeço e te louvo, ó Deus dos meus antepassados;0 2 2 3 cÊx 3.15;
dDn 1.17
tu me deste sabedoriad e poder,
e me revelaste o que te pedimos;
revelaste-nos o sonho do rei” .
a 2 . 2 Ou caldeus-, também em todo o livro de Daniel.
b 2 . 3 Ou o que sonhei.
c 2 . 4 Daqui até o final do capítulo 7 o texto original está èm aramaico.
d 2 .1 1 Aramaico: com a carne.

2.1 A data é 604 a.C. (ver 1.1 e nota). 2.4 Visto que os astrólogos eram provenientes de contextos raciais varia­
2.2 Ver “Adivinhação na Acádia”, em D t 18. Embora a tradução dos, eles se comunicavam em aramaico, o idioma mais compreendido
“astrólogos” apareça várias vezes (e.g., D n 3.8; 4.7; 5.7,11), a única re­ da época. Desse ponto até o fim do capítulo 7, a narrativa inteira está
ferência inequívoca à prática e aos seus praticantes é encontrada em Is em aramaico.
47.13 2.14 Arioque também era o nome de um rei da Mesopotâmia que viveu
(“aqueles fitadores de estrelas que fazem predições de mês a mês”)
e em J r 10.2 (que tranqüiliza o povo, dizendo que não devem se assustar séculos antes (Gn 14.1).
“com os sinais no céu”). Era característico das sabedorias babilônia e 2.18 “Mistério”, uma palavra-chave em Daniel (v. 19,27-30,47; 4.9),
egípcia considerar o movimento das estrelas, tomando nota das variações também aparece com frequência nos escritos da seita de Qumran (os ro­
e conjunções para predizer acontecimentos na Terra. los do mar Morto). N o N T , o grego equivalente refere-se aos propósitos
secretos de Deus (ver Rm 11.25; Ap 10.7).
DANIEL 2.24 n s ?

Os reinos das profecias de Daniel


DANIEL 2 Daniel 2 e 7 juntos apresentam um 0 terceiro animal, um leopardo com qua­ poder durante a República em épocas pos­
olhar profético sobre os quatro reinos que tro asas e quatro cabeças (7.6), representa o teriores (e.g., Mário, Sula e Júlio César) e
dominariam o mundo. Eles são represen­ Império Grego.5 A rapidez e agilidade do leo­ por várias dinastias que governaram depois
tados por quatro metais (cap. 2) e por uma pardo (cf. Hc 1.8 sobre a Babilônia) simboliza que Augusto consolidou seu poder. Competir
visão de quatro animais (cap. 7). Uma teoria a velocidade de Alexandre, o Grande, que pelo poder por meio de intrigas, assassinatos
sustenta que esses reinos são a Babilônia, conquistou todo o mundo conhecido entre e guerra civil aberta era uma característica
a Média, a Pérsia e a Grécia, respectivamente. 334 e 323 a.C. Depois de sua morte prema­ normal da história romana, e isso parece es­
Entretanto, a Média nunca atingiu a condição tura, o reino foi dividido entre quatro de seus tar refletido na diversidade da imagem (ferro
de potência mundial. Seu período de inde­ generais, fato simbolizado nas quatro cabe­ misturado com barro).
pendência foi simultâneo ao da Babilônia, ças do leopardo: 1) Cassandro sobre a Grécia Um tema interessante dos quatro reinos
mas foi governado como parte da Pérsia após e Macedônia; 2) Lisímaco sobre a Trácia e a é que eles se tornam progressivamente gran­
a queda da Babilônia, em 539 a.C. Por volta Ásia Menor; 3) Selêuco sobre a Síria e o Orien­ des, variados, violentos e instáveis. A Babilô­
de 550 a.C., Ciro, o rei da Pérsia, derrotou o te Médio;6 4) Ptolomeu sobre o Egito.7 Ao nia é retratada como um reino solidamente
último rei da Média, Astiages, e uniu os dois mesmo tempo, o número quatro provavel­ unificado, enquanto a Pérsia está dividida
reinos.' Na realidade, o livro de Daniel trata mente não deveria ser forçado aqui: os reinos em duas partes (uma dominando a outra). A
a Média e a Pérsia como um único poder (cf. gregos após a morte de Alexandre foram por Grécia tem quatro cabeças, e Roma tem uma
5.28; 6.8,12,15; 8.20). algum tempo bastante instáveis, e várias di­ multiplicidade de divisões.
Uma interpretação mais plausível sus­ nastias ascendiam e caíam — Lisímaco, por
tenta que esses reinos são a Babilônia, a exemplo, foi morto em batalha em 281 a.C.,
Medo-Pérsia, a Grécia e Roma, concordan­ e nenhuma dinastia o sucedeu.
do bem com o simbolismo e com a história O número quatro provavelmen­
factual dos reinos mencionados. 0 primeiro te é apenas representativo dos
reino é identificado como a Babilônia (2.38),2 vários reinos gregos que em
a cabeça de ouro (v. 32) e o leão alado (7.4). diversos momentos controla­
O leão era um símbolo conhecido da realeza ram partes do Oriente Médio e,
babilônia, como demonstrado pelas estátuas em particular, a Terra Santa.
e pelos relevos de leões escavados nas ruí­ 0 último reino, "diferente
nas da Babilônia. 0 arrancar das asas e a de todos os animais anteriores"
subsequente transformação num homem (7.7), denota Roma.8 As pernas
talvez represente a doença e restauração de ferro da imagem (2.33) tal­
de Nabucodonosor.3 vez indiquem um império geral­
0 segundo animal, com a aparência de mente caracterizado por duas
urso, foi "erguido por um de seus lados" partes principais, uma no Orien­
(7.5). Isso corresponde à dominação persa te (onde o grego era o idioma
no Império Medo-Persa após a derrota de As­ principal) e outra no Ocidente
tiages diante de Ciro II (o fato de que o urso (onde o latim predominava). Os
erguido por um lado simboliza o predomínio dez chifres podem representar
dos persas sobre os medos).4 De modo seme­ os vários imperadores e dinas­
lhante, o carneiro de Daniel 8 é representado tias que governaram o Império
com dois chifres, um mais longo que o outro, Romano (mais uma vez, "dez"
identificados como os reis da Média e da Pér­ representa aqui uma pluralida­
sia (v. 20). Sob os governos de Ciro e de seu de e não deve ser forçosamente
filho Cambises, três reinos foram "mastiga­ dez equivalentes históricos
dos", simbolizados nas três costelas na boca específicos). Ao longo de sua
do urso (7.5). Esses reinos eram a Lídia (546 história, o Império Romano foi
a.C.), o Império Caldeu (539 a.C.) e o Egito governado pela República, por Frasco na form a de um ator grego cômico
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu Britânico
(525 a.C.). vários generais que tomaram o
'Ver "Ciro, o Grande", em Ed 1. 2Ver "Babilônia", em Is 13. 3Ver "A loucura de Nabucodonosor", em Dn 4. 4Ver "História persa antiga até Dario", em Et 1. 5Ver
"Grécia: das cidades-Estado independentes até Alexandre, o Grande", em At 20. 6Ver "Os selêucidas", em Dn 12. 'Ver "Os ptolomeus", em Dn 7. «Ver "Roma”, em
Rm 2; e "O Império Romano", em Rm 4.
13 88 DANIEL 2.24

Daniel Interpreta o Sonho


24 Então Daniel foi falar com Arioque,e a quem o rei tinha designado para executar os sábios da 2.24 "V. 14

Babilônia, e lhe disse: “Não execute os sábios. Leve-me ao rei, e eu interpretarei para ele o sonho que
teve”.
25Imediatamente Arioque levou Daniel ao rei e disse: “Encontrei um hom em entre os exilados de 2.25 <Dn 1.6; 5.13;
6.13
Judá* que pode dizer ao rei o significado do sonho”.
26 O rei perguntou a Daniel, também chamado Beltessazar:S “Você é capaz de contar-me o que v i 2.26 9Dn 1.7

no meu sonho e interpretá-lo?”


27 Daniel respondeu: “Nenhum sábio, encantador, mago ou adivinho é capaz de revelar ao rei o 2.Z7*v.10

m istério sobre o qual ele p ergun tou ,h 28 mas existe u m Deus nos céus que revela os mistérios.' 2.28 'Gn 40.8;
Am 4.13; iGn 49.1;
Ele m ostrou ao rei Nabucodonosor o que acontecerá nos últim os diasJ O sonho e as visões que Dn 10.14;‘ Dn 4.5
passaram por tua mentek quando estavas deitado foram os seguintes:
29 “Quando estavas deitado, ó rei, tua mente se voltou para as coisas futuras, e aquele que revela os
mistérios te m ostrou o que vai acontecer.30Quanto a m im , esse mistério não me foi revelado1porque 2.30'Is 45.3;
Dn 1.17; Am 4.13
eu tenha mais sabedoria do que os outros homens, mas para que tu, ó rei, saibas a interpretação e
entendas o que passou pela tua mente.
31 “T u olhaste, ó rei, e diante de ti estava uma grande estátua: uma estátua enorme,m im ­ 2.31 ” Hc 1.7

pressionante, de aparência terrível. 32 A cabeça da estátua era feita de ouro puro; o peito e o braço
eram de prata; o ventre e os quadris eram de bronze; 33 as pernas eram de ferro; e os pés eram em
parte de ferro e em parte de b a rro .34Enquanto estavas observando, uma pedra soltou-se, sem auxílio 2.34 "Zc 4.6; «V.
44,45; SI 2.9;
de mãos," atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmigalhou.0 35 Então o ferro, o barro, Is 60.12; Dn 8.25
2.35 pSI 1.4;
o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados, viraram pó, como o pó da debulha do trigo na eira 37.10; Is 17.13;
Ils 2.3; Mq 4.1
durante o verão. O vento os levouP sem deixar vestígio. Mas a pedra que atingiu a estátua tornou-se
uma montanha1! e encheu a terra toda.
36 “Foi esse o sonho, e nós o interpretaremos para o rei. 37 Tu , ó rei, és rei de reis.r O Deus dos 2.37 í z 26.7;
=Jr 27.7
céus concedeu-te domínio,s poder/força e glória;38 nas tuas mãos ele pôs a humanidade, os animais 2.38 Ur 27.6;
Dn 4.21,22
selvagens e as aves do céu. Onde quer que vivam , ele fez de ti o governante deles todos.* T u és a cabeça
de ouro.
39 “Depois de ti surgirá um outro reino, inferior ao teu. Em seguida surgirá um terceiro reino, reino
de bronze, que governará toda a terra.40 Finalmente, haverá um quarto reino, forte como o ferro, pois 2.40 “Dn 7.7,23

o ferro quebra e destrói tudo; e assim como o ferro despedaça tudo, também ele destruirá e quebrará
todos os outros.y 41 Como viste, os pés e os dedos eram em parte de barro e em parte de ferro. Isso
quer dizer que esse será um reino dividido, mas ainda assim terá um pouco da força do ferro, embora
tenhas visto ferro misturado com b a rro .42 Assim como os dedos eram em parte de ferro e em parte
de barro, também esse reino será em parte forte e em parte frágil.43E, como viste, o ferro estava m is­
turado com o barro. Isso significa que se farão alianças políticas por meio de casamentos, mas a união
decorrente dessas alianças não se firmará, assim como o ferro não se mistura com o barro.
44 “N a época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que 2.44 «SI 2.9;
1Co 15.24;
nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruiráv todos os reinos" daqueles reis e os exterm i­ "Is 60.12;
»S1145.13;
nará, mas esse reino durará para sempre.x 45 Esse é o significado da visão da pedrav que se soltou de Is 9.7; Dn 4.34;
6.26; 7.14,27;
um a montanha, sem auxílio de mãos,z pedra que esmigalhou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o Mq 4.7,13;
LC1.33
ouro. 2.45 ils 28.16;
“O Deus poderoso m ostrou ao rei o que acontecerá no futuro. O sonho é verdadeiro, e a interpre­ *Dn 8.25

tação é fiel”.
46 Então o rei Nabucodonosor caiu prostrado3 diante de Daniel, prestou-lhe honra e ordenou que 2.46*Dn8.17;
At 10.25; bAt 14.13
lhe fosse apresentada uma ofertab de cereal e incenso.47 O rei disse a Daniel: “Não há dúvida de que o 2.47'Dn 11.36;
üDn 4.25; ev.
seu Deus é o Deus dos deuses,0 o Senhor dos reisd e aquele que revela os mistérios,e pois você conse­ 22,28
guiu revelar esse m istério”.
48 Assim o rei pôs Daniel num alto cargo e o cobriu de presentes. Ele o designou governante de toda 2.48 *v. 6; Dn 4.9;
5.11
a província da Babilônia e o encarregou de todos os sábios da província.*49 Além disso, a pedido de 2.49 üDn 1.7
Daniel, o rei nomeou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego administradores da província da Babilônia,a
enquanto o próprio Daniel permanecia na corte do rei.

2 .3 2 -4 3 V er “Os reinos das profecias de Daniel”, em D n 2. 2 .3 5 Ver “A eira”, em lC r 21.


DANIEL 3.20 1389

A Imagem de Ouro de Nabucodonosor

3
3.1 "Is 46.6; 0 rei Nabucodonosor fez uma imagemh de ouro de vinte e sete metros de altura e dois metros e
Jr 16.20; Hc 2.19
3.2 'v. 27; Dn 6.7 setenta centímetros de largura0, e a ergueu na planície de Dura, na província da Babilônia.2 De­
pois convocou os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juizes,
os magistrados e todas as autoridades provinciais,' para assistirem à dedicação da imagem que
mandara erguer.3 Assim todos eles — sátrapas, prefeitos, governadores, conselheiros, tesoureiros,
juizes, magistrados e todas as autoridades provinciais — se reuniram para a dedicação da imagem
que o rei Nabucodonosor mandara erguer, e ficaram em pé diante dela.
3.4 IDn 4.1; 6.25 4 Então o arauto proclamou em alta voz: “Esta é a ordem que é dada a vocês, ó homens de todas as
3 .5 *v. 10,15 nações, povos e línguas:!5 Quando ouvirem o som da trombeta, do pífaro, da citara, da harpa, do sal-
tério, da flauta dupla* e de toda espécie de música, prostrem-se em terra e adorem a imagem de ouro
3.6 V. 11,15,21; que o rei Nabucodonosor ergueu.k 6 Quem não se prostrar em terra e não adorá-la será imediatamente
Jr 29.22; Dn 6.7;
Mt 13.42,50; atirado numa fornalha em chamas” .1
Ap 13.15 7 Por isso, logo que ouviram o som da trombeta, do pífaro, da citara, da harpa, do saltério e de toda
3 .7 "V. 5
espécie de música, os homens de todas as nações, povos e línguas prostraram-se em terra e adoraram
a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor mandara erguer.m
3 .8 "Dn 2.10 8 Nesse momento alguns astrólogos" se aproximaram e denunciaram os judeus, 9 dizendo ao rei
3.9 “Ne 2.3;
Dn 5.10; 6.6 Nabucodonosor: “0 rei, vive para sempre!0 10 Tu emitiste um decreto,p ó rei, ordenando que todo aquele
3.10 PDn 6.12;
"v. 4-6
que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da citara, da harpa, do saltério, da flauta dupla e de toda
espécie de música se prostrasse em terra e adorasse a imagem de ouro,')11 e que todo aquele que não se
3.12'Dn 2.49; prostrasse em terra e não a adorasse seria atirado numa fornalha em chamas.12 Mas há alguns judeus que
•Dn 6.13; € t 3.3
nomeaste para administrar a província da Babilônia, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,r que não te dão
ouvidos,s ó rei. Não prestam culto aos teus deuses nem adoram a imagem de ouro que mandaste erguer” .1
13 Furioso,uNabucodonosor mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E assim que eles
3.14 >ls 46.1; foram conduzidos à presença do r e i,14 Nabucodonosor lhes disse: “ É verdade, Sadraque, Mesaque
Jr 50.2; «v.1
e Abede-Nego, que vocês não prestam culto aos meus deusesv nem adoram a imagemw de ouro que man­
3.15 »ls 36.18-20; dei ergu er?15 Pois agora, quando vocês ouvirem o som da trombeta, do pífaro, da citara, da harpa,
»ÊX 5.2; 2Cr 32.15
do saltério, da flauta dupla e de toda espécie de música, se vocês se dispuserem a prostrar-se em terra
e a adorar a imagem que eu fiz, será melhor para vocês. Mas, se não a adorarem, serão imediatamente
atirados numa fornalha em chamas. E que deusx poderá livrá-losv das minhas mãos?”
3.16 *Dn 1.7 16 Sadraque, Mesaque e Abede-Negoz responderam ao rei: “Ó Nabucodonosor, não precisamos de­
3 .17 »SI27.1,2; fender-nos diante de t i . 17 Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos
"JÓ5.19; Jr 1.8
3.18 “V. 28; culto pode livrar-nos,a e ele nos livraráb das tuas mãos, ó r e i.18 Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei,
Js 24.15
que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” .c
3.19 dLv 26.18-28 19 Nabucodonosor ficou tão furioso com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que o seu semblante
mudou. Deu ordens para que a fornalha fosse aquecida seted vezes mais que de costume 20 e ordenou

a 3 .1 Aramaico: 60 côvados d e altura e 6 côvados d e largura. O côvado era uma medida linear de cerca de 45 centímetros.
6 3 . 5 Ou todos os instrumentos tocando juntos-, também nos versículos 10 e 15.

3.1 -3 0 Técnicas avançadas para fundir e refinar metais em fornos foram na verdade uma alta torre cheia de cinzas (2Macabeus 13.4-8; esse
desenvolvidas nas civilizações mais antigas. O sistema atual de demarcar livro é apócrifo, não encontrado no cânon protestante tradicional).
períodos arqueológicos amplos é baseado no aparecimento sucessivo de • A tradição judaica posterior contém um registro em que Abraão é
pedra, bronze e ferro. As ligas refinadas mais comuns eram de cobre, pra­ livrado de uma fornalha ardente depois de ter se recusado a adorar
ta, chumbo e ouro. As fornalhas de tijolo eram normalmente construídas ídolos.
como cúpulas circulares ou como estruturas mais altas, semelhantes às 3.1 Estátuas com essas dimensões, embora feitas de madeira, eram ba­
chaminés. Uma fornalha descoberta em Nipur (ca. 2000 a. C.) tem a nhadas a ouro. Essa estátua media 27 metros de altura e provavelmente
forma de um túnel de estrada de ferro, com uma extremidade bloqueada representava o deus Nabu, cujo nome formava o primeiro elemento do
e outra servindo de entrada. As fornalhas eram aquecidas com carvão até nome Nabucodonosor.
as temperaturas extremas de 9 00 a 1000 a.C. Dura era o nome de um lugar marcado por uma série de montes (lo­
Como descrito em Daniel 3, a punição pela queima é bem atestada calizados a alguns quilômetros ao sul da Babilônia) ou um substantivo
no antigo Oriente Médio: comum que significa “área cercada com muros”.
• A Bíblia prescreve a morte pelo fogo para punir a prostituição da 3 .2 As sete classificações de oficiais do governo deviam prometer submis­
filha de um sacerdote (Lv 21.9) e para certas formas de incesto (Lv são completa ao império, recentemente estabelecido, quando estivessem
20.14). diante da imagem.
• A queima foi proposta no caso de Tamar (Gn 38.24) e de fato foi 3 .4 A Babilônia tòrnara-se uma cidade cosmopolita, cuja população in­
aplicada contra Acã e sua família, depois que eles já haviam sido cluía gente de muitas nacionalidades e origens étnicas.
apedrejados até a morte (Js 7.15,25). 3 .5 “Citara”, “harpa” e “flauta dupla” (ou talvez “pequeno tambor”) são
• O Código de H am urabi (antigo código de lei babilônio) estipula a palavras gregas emprestadas em Daniel. Músicos e instrumentos gregos
queima para vários crimes. O rei assírio Assurnasirpal II costumava são mencionados em inscrições assírias escritas antes do tempo de Nabu­
queimar vivos seus prisioneiros. codonosor (ver “Instrumentos musicais antigos”, em SI 5).
• Jeremias registra que Nabucodonosor, rei da Babilônia, puniu com 3 .8 O termo “judeus” é uma forma abreviada de “judaítas” (ver nota
a fogueira dois falsos profetas, Acabe e Zedequias (Jr 2 9.21,22; ver em Jr 34.9).
também “Nabucodonosor”, em 2Rs 24). 3 .1 5 Insultos motivados pela arrogância eram característicos de orgulho­
• Na Síria, séculos mais tarde, Antíoco IV Epifânio executou o sumo sos reis da Mesopotâmia (ver Is 36.18-20).
sacerdote ilegítimo Menelau, lançando-o numa chaminé que era
1390 DANIEL 3. 21

que alguns dos soldados mais fortes do seu exército amarrassem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e
os atirassem na fornalha em chamas.2 1E os três homens, vestidos com seus mantos, calções, turbantes
e outras roupas, foram amarrados e atirados na fornalha extraordinariamente quente.22 A ordem do
rei era urgente e a fornalha estava tão quente que as chamas mataram os soldados que levaram Sadra­
que, Mesaque e Abede-Nego,e 23 e estes caíram amarrados dentro da fornalha em chamas.
24 Mas logo depois o rei Nabucodonosor, alarmado, levantou-se e perguntou aos seus conselheiros:
“Não foram três os homens amarrados que nós atiramos no fogo?”
Eles responderam: “Sim, ó rei” .
25 E o rei exclamou: “Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e ilesos, andando pelo
fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses” .
26 Então Nabucodonosor aproximou-se da entrada da fornalha em chamas e gritou: “Sadraque, 3 .2 6 'Dn 4.2,34

Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo/ saiam! Venham aqui!”


E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do fo go .27 Os sátrapas, os prefeitos, os governadores 3.27 iv. 2; «IS43.2;
Hb 11.32-34;
e os conselheirosS do rei se ajuntaram em torno delesh e comprovaram que o fogo' não tinha ferido o 'Dn 6.23
corpo deles. Nem um só fio de cabelo tinha sido chamuscado, os seus mantos não estavam queimados,
e não havia cheiro de fogo neles.
28 Disse então Nabucodonosor: “Louvado seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que3.28 iSI 34.7;
Dn 6.22; At 5.19;
enviou o seu anjoi e livrou os seus servos! Eles confiaram* nele, desafiaram a ordem do rei, preferindo KJÓ13.15; SI 26.1;
84.12; Jr 17.7;
abrir mão de sua vida a prestar culto e adorar a outro deus que não fosse o seu próprio Deus.129 Por V. 18
3 .29 "Dn 6.26;
isso eu decretomque todo homem de qualquer povo, nação e língua que disser alguma coisa contra" o
"Ed 6.11;°Dn 6.27
Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado e sua casa seja transformada em montes
de entulho,n pois nenhum outro deus é capaz de livrar0 alguém dessa maneira” .
30 Então o rei promoveu Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na província da Babilônia.P

Outro Sonho de Nabucodonosor


^ 0 rei Nabucodonosor, 4.1 «Dn 3.4;
rDn 6.25
aos homens de todos os povos, nações e línguas,'1 que vivem no mundo inteiro:

Paz e prosperidade!r

2 Tenho a satisfação de falar a vocês a respeito dos sinaiss e das maravilhas que o Deus Altíssimo* 4.2-SI 74.9;
•Dn 3.26
realizou em meu favor.

3 Como são grandes os seus sinais! 4 .3 “S1105.27;

como são poderosas as suas maravilhas!11


O seu reino é um reino eterno;
o seu domínio durav de geração em geração.

4 Eu, Nabucodonosor, estava satisfeitow e próspero em casa, no meu palácio.5 Tive um sonhox que4 .4 «SI 30.6
4 .5 «Dn 2.1;
me deixou alarmado. Estando eu deitado em minha cama, os pensamentos e visões que passaram pela vDn 2.28
minha mentev deixaram-me aterrorizado.6 Por isso decretei que todos os sábios da Babilônia fossem

3 . 2 9 Ou blasfem ar.

3.23 Intercalados entre os livros canônicos do A T da antiga Vulgata Uma teoria é que a obra foi composta em Alexandria, por volta de 100
estão certos livros e capítulos adicionais. E a estes que o uso protestan­ a.C. A história conta que dois anciãos israelitas, na Babilônia, acusaram
te geralmente designa pelo termo “apócrifos” (ver “Os Apócrifos”, em Susana falsamente de adultério, por ela ter resistido aos seus avanços de
T t 1). Algumas adições ap livro de Daniel sáo incluídas nesse corpo de luxúria. Mas o jovem Daniel conseguiu inocentar Susana, ao mesmo
literatura. tempo em que condenou os anciãos, enlaçando-os num testemunho
Entre os versículos 23 e 24 do capítulo 3 do livro canônico de Daniel, contraditório.
as versões grega e latina inserem: 1) uma oração de confissão nacional A Estátua de Bel/O Dragão são fábulas que ridicularizam o paganismo
com súplica pela libertação, feita por Azarias, amigo de Daniel (cf. 1.7), e aparecem como o capítulo 13 de Daniel na versão grega (Septuaginta)
enquanto ele e seus dois companheiros estavam na fornalha ardente; e como capítulo 14 na versão latina (Vulgata). Datam do século I ou
2) um salmo de louvor (dependente de SI 148 e 136) proferido pelos II a.C., e seu idioma original é incerto. Na história, Daniel investiga
três; 3) uma estrutura narrativa que contém detalhes não autorizados para denunciar a Ciro a fraude dos sacerdotes que clandestinamente con­
pelo Daniel genuíno. Essa seção pode ser de autoria composta e prova­ sumiam as ofertas de alimentos de Bel (Baal, i.e., Marduque). Depois
velmente foi escrita em hebraico. de destruir Bel, Daniel prepara uma fórmula que explode um dragão
Além disso, na Vulgata (tradução latina do séc. IV d.C.), “A História de sagrado. Posto numa cova de leões, Daniel é alimentado e liberto
Susana” compõe o capítulo 13 de Daniel; nos manuscritos gregos, o texto miraculosamente.
é anteposto ao capítulo 1. Dois jogos de palavras cruciais ao clímax do 3 .2 5 Nabucodonosor, falando como politeísta pagão, estava satisfeito
relato sugerem que foi composto em grego, mas não há consenso nesse por considerar a quarta figura um ser celestial menor (“anjo,” v. 28) en­
assunto. A origem e data de “A História de Susana” são desconhecidas. viado pelo Deus todo poderoso dos judeus (ver também 6.22).
D A N I E L 4.8 1 3 91

4 .7 aGn 41.8; trazidos à m inha presença para interpretarem2 o sonho para m im .7 Quando os magos,3 os encanta-
cDn2.16 dores, os astrólogos e os adivinhos0 vieram, contei-lhes o sonho, m as eles não puderam interpretá-lo.c
4.8 «Dn 1 .7; 8 p0 r fim veio Daniel à m inha presença e eu lhe contei o sonho. Ele é cham ado Beltessazar,d em home-
eDn 5.11,14 . , , . , 1
nagem ao nom e do meu deus; e o espirito dos santos deusese esta nele.

4 .6 Ver “Oráculos sobre sonhos no mundo antigo”, em Jó 4. 4 .8 O nome babilônio de Daniel, Beltessazar, era formado de Bel (“se­
nhor”), título do deus babilônio Marduque (ver nota em 1.7).

A loucura de Nabucodonosor
DANIEL 4 Nabucodonosor reinou de 605 riador judeu Flávio Josefo cita o testemunho A doença descrita em Daniel 4.22-34
a 562 a.C., quando a Babilônia estava no do sacerdote babilônio Berosso, segundo o parece ter sido uma desordem mental
auge do poder.1 As inscrições revelam o qual Nabucodonosor morreu após um perío­ psicótica. 0 começo típico desse tipo de en­
orgulho desse rei por suas realizações: a do de debilidade.2 0 escritor cristão Eusébio fermidade acontece no final da vida e pode
construção de templos e a enorme fortifica­ preservou uma tradição do historiador grego durar de meses a anos, diminuindo espon­
ção da cidade da Babilônia. 0 livro de Daniel Megástenes (ca. 300 a.C.), segundo a qual taneamente, sem haver recaída. A licantro-
registra que Deus feriu Nabucodonosor com Nabucodonosor, tendo subido no terraço de pia, doença que faz o paciente se imaginar
uma estranha aflição para humilhá-lo. Os seu palácio, foi influenciado por algum deus. como um lobo, é uma dessas desordens.
registros extrabíblicos mencionam a enfer­ (Na Antiguidade, a loucura era vista como A condição de Nabucodonosor denota a
midade apenas de forma indireta. 0 histo­ uma possessão por uma divindade.) boantropia — comportamento como o de
um boi. Entretanto, o relato do incidente
pode estar relacionado a uma personagem
da Epopéia de Gilgamés. Esse mito, conhecido
da biblioteca de Assurbanipal (668-626 a.C.),
relata que Enkidu, um selvagem, criatura se­
melhante a um animal peludo, não vestido e
que comia grama, se tornou civilizado — a
antítese do que seria esperado de um culto e
autossuficiente construtor de cidades, como
Nabucodonosor.3
Pouco se sabe dos últimos anos de Na­
bucodonosor no poder. Os sete "tempos"
ou períodos (4.16,23,32) da doença podem
representar anos, meses ou várias outras
unidades de tempo. Se a doença durou sete
anos, então seu início deve ter sido no fim do
reinado de Nabucodonosor, após a conclusão
de seus numerosos projetos de construção.

'Ver "Nabucodonosor", em 2Rs 24; e "Babilônia", em


Is 13. 2Ver "Historiadores do mundo antigo", em
S1132. 3Para mais informações sobre Gilgamés,
ver "Edesiastes e a Epopéia de Gilgamés", em Ec 9.

Ladrilho bab ilô n io com inscrição d e N abu codonosor


Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu Britânico
1392 D A N I E L 4. 9

9 Eu disse: Beltessazar, chefef dos magos, sei que o espírito dos santos deusesa está em você, e que4.9 Dn 2.48;
sDn 5.11.12
nenhum mistério é difícil demais para você. V o u contar o meu sonho; interprete-o para m im .10Estas 4.10 “V. 5;
são as visões que tive quando estava deitado em m inha cama:h olhei, e diante de m im estava uma 'Ez 31.3,4
árvore muito alta no meio da terra.'11A árvore cresceu tanto que a sua copa encostou no céu; era visível
até os confins da te rra .12Tin h a belas folhas, muitos frutos, e nela havia alimento para todos. Debaixo 4.12'Ez 17.23;
dela os animais do campo achavam abrigo, e as aves do céu viviam em seus galhos;) todas as criaturas Mt 13.32
se alimentavam daquela árvore.
13Nas visões que tive deitado em minha cama,k olhei e v i diante de m im uma sentinela, um anjod que 4.13 kDn 7.1;
V. 23; Dt 33.2;
descia do céu;14ele gritou em alta voz: “Derrubem a árvore e cortem os seus galhos; arranquem as suas Dn8.13
folhas e espalhem os seus frutos. Fujam os animais de debaixo dela e as aves dos seus galhos.m 15Mas 4.14 Mt3.10
"Ez 31.12;

deixem o toco e as suas raízes, presos com ferro e bronze; fique ele no chão, em meio à relva do campo.
“Ele será molhado com o orvalho do céu e com os animais comerá a grama da te rra .16A mente 4.16 "V. 23,32
humana lhe será tirada, e ele será como um animal, até que se passem sete tempos6.11
17 “A decisão é anunciada por sentinelas, os anjos declaram o veredicto, para que todos os que 4.17 «v. 2,25;
vivem saibam que o Altíssim o0 dominaP sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer, e põe no SI7; 83.18; P jr 27.5-
Dn 2.21; 5.18-
poder o mais simples1! dos homens”. 21; »Dn 11.21

18Esse é o sonho que eu, o rei Nabucodonosor, tive. Agora, Beltessazar, diga-me o significado do 4.18'Gn 41.8;
Dn 5.8,15; sGn
sonho, pois nenhum dos sábios do meu reino consegue interpretá-lo parám im / exceto você,s pois o 41.15; W. 7-9
espírito dos santos deuses está em você.*

Daniel Interpreta o Sonho


19 Então Daniel, também chamado Beltessazar, ficou estarrecido por algum tempo, e os seus pen­4.19"Dn 7.15,28;
8.27; 10.16,17
samentos o deixaram aterrorizado.11Então o rei disse: “Beltessazar, não deixe que o sonho ou a sua
interpretação o assuste”.
Beltessazar respondeu: “M eu senhor, quem dera o sonho só se aplicasse aos teus inimigos e o seu
significado somente aos teus adversários!20A árvore que viste, que cresceu e ficou enorme, cuja copa
encostava no céu, visível em toda a te rra ,21 com belas folhas e muitos frutos, na qual havia alimento
para todos, abrigo para os animais do campo, e morada para as aves do céu nos seus galhos — 22 essa 4.22 >2Sm 12.7;
»Jr27.7;Dn
árvore,v ó rei, és tu! T u te tornaste grande e poderoso, pois a tua grandeza cresceu até alcançar o céu, 2.37,38; 5.18,19
e o teu dom ínio se estende até os confins da terra.w
23 “E tu, ó rei, viste também uma sentinela, o anjox que descia do céu e dizia: ‘Derrubem a árvore 4.23<v.13;»Dn
e destruam-na, mas deixem o toco e as suas raízes, presos com ferro e bronze; fique ele no chão, em 5.21
meio à relva do campo. Ele será molhado com o orvalho do céu e viverá com os animais selvagens, até
que se passem sete tempos’.''
24“Esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto2que o Altíssimo emitiu contra o rei, meu senhor: 4.24 *JÓ40.12; SI
107.40
25 T u serás expulso do meio dos homens e viverás com os animais selvagens; comerás capim como 4.25 av. 17; SI
83.18; bJr 27.5;
os bois e te molharás com o orvalho do céu. Passarão sete tempos até que admitas que o Altíssimo3 Dn 5.21
domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer.b 26A ordem para deixar o toco da árvore 4.26cv.15;dDn
2.37
com as raízes0significa que o teu reino te será devolvido quando reconheceres que os Céus dominam.d
27 Portanto, ó rei, aceita o m eu conselho: Renuncia a teus pecados e à tua maldade, pratica a justiça e 4.27 «Is 55.6,7;
H Rs 21.29; SI
tem compaixão dos necessitados.e Talvez, então, continues a vive r em paz”.f 41.3; Ez 18.22

O Cumprimento do Sonho
28 Tu d o isso aconteceua com o rei Nabucodonosor. 29 Doze meses depois, quando o rei estava
andando no terraço do palácio real da Babilônia,30disse: “Acaso não é esta a grande Babilônia que eu 4.30 hls 37.24,25;
Dn 5.20; Hc 2.4
construí como capital do meu reinos com o meu enorme poder e para a glória da m inha majestade?”11
a4 .1 3 A r a m a ic o : santo-, t a m b é m n o s v e r s íc u lo s 1 7 e 2 3 .
b4 .1 6 O u anos; t a m b é m n o s v e r s í c u lo s 2 3 , 2 5 e 3 2 .
c4 .3 0 O u para ser minha residência real.

4 .9 Ver nota em 1.20. 4.22 O império de Nabucodonosor era o maior e mais poderoso daquela
4.11 Numa inscrição de uma edificação de Nabucodonosor, a Babilônia parte do mundo até aquele tempo (ver “Nabucodonosor”, em 2Rs 24).
é comparada a uma árvore que se expande (cf. v. 22). A expressão “sua 4.25 Ver “A loucura de Nabucodonosor”, em D n 4.
copa encostou no céu” era usada nos templos-torres da Mesopotâmia 4.26 O termo “Céus” era uma forma judaica de se referir a Deus.
(ver nota em Gn 11.4). 4.30 A Babilônia era realmente grandiosa, e Nabucodonosor muito con­
4.16 “Sete” significa perfeição, e “tempos” podem representar períodos tribuiu para esse esplendor (ver “Babilônia”, em Is 13).
indefinidos.
DANIEL 5. 6 1393

31 As palavras ainda estavam nos seus lábios quando veio do céu uma voz que disse: “É isto que
está decretado quanto a você, rei Nabucodonosor: Sua autoridade real foi tirada.32 Você será expulso
do meio dos homens, viverá com os animais selvagens e comerá capim como os bois. Passarão sete
tempos até que admita que 0 Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” .
33 A sentença sobre Nabucodonosor cum priu-se imediatamente. Ele foi expulso do meio dos
homens e passou a comer capim como os bois. Seu corpo molhou-se com o orvalho do céu, até que
os seus cabelos e pelos cresceram como as penas da águia, e as suas unhas como as garras das aves.'
4.34 iDn 12.7; 34 “Ao fim daquele período, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, e percebi que 0 meu en­
Ap4.10;
«1145.13; tendimento tinha voltado. Então louvei o Altíssimo; honrei e glorifiquei aquele que vive para sempre j
Dn 2.44; 5.21;
6.26; Lc 1.33
“O seu domínio é um domínio eterno;
0 seu reino dura de geração em geração.k

4.35 'Is 40.17; 35 Todos os povos da terra


"S1115.3; 135.6;
"Is 45.9; Rm 9.20 são como nada diante dele.1
Ele age como lhe agradam
com os exércitos0 dos céus
e com os habitantes da terra.
Ninguém é capaz de resistir à sua mão
ou dizer-lhe: ‘O que fizeste?’n
4.36 »Pv 22.4 36 “Naquele momento voltou-me 0 entendimento, e eu recuperei a honra, a majestade e a glória
do meu reino.0 Meus conselheiros e os nobres me procuraram, meu trono me foi restaurado, e minha
4.37 >Dt 32.4; grandeza veio a ser ainda m aior.37 Agora eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico o Rei dos céus,
SI 33.4,5;
<fx 18.11; porque tudo 0 que ele faz é certo, e todos os seus caminhos são justos.P E ele tem poder para humilhar
Jó 40.11,12;
Dn 5.20,23 aqueles que vivem com arrogância” .^

O Banquete de Belsazar:
A Escrita na Parede

5
Certa vez o rei Belsazar deu um grande banqueter para mil dos seus nobres, e com eles bebeu
5.2 "2Rs 24.13; muito vinho. 2 Enquanto Belsazar bebia vinho, deu ordens para trazerem as taças de ouro e de
Jr 52.19;® 1.7;
Dn 1.2 pratas que 0 seu predecessor, Nabucodonosor, tinha tomado do templo de Jerusalém, para que 0 rei
e os seus nobres, as suas mulheres e as suas concubinas bebessem nessas taças.1 3 Então trouxeram
as taças de ouro que tinham sido tomadas do templo de Deus em Jerusalém, e 0 rei e os seus nobres,
5.4 «S1135.15-18; as suas mulheres e as suas concubinas beberam nas taças.4 Enquanto bebiam 0 vinho, louvavam os
Hc 2.19; Ap 9.20
deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.u
5 Mas, de repente apareceram dedos de mão humana que começaram a escrever no reboco da
5.6 vDn 4.5; parede, na parte mais iluminada do palácio real. O rei observou a mão enquanto ela escrevia. 6 Seu
"EZ7.17
rosto ficou pálido, e ele ficou tão assustado* que os seus joelhos batiam um no outro e as suas pernas
vacilaram.™
a 4.35 Ou anjos.

4 .3 4 A história de Daniel, o profeta, é confirmada pelas palavras de Jesus -Marduque, seu filho, um rei fraco, que reinou durante apenas alguns
(M t 24.15) e pelas referências à retidão e à sabedoria de Daniel, pelo seu meses e foi destronado por uma revolução.
contemporâneo profético, Ezequiel (Ez 14.14,20; 28.3, embora alguns Um dos conspiradores, Nabonido, ascendeu ao trono. Embora um re­
estudiosos relacionem as passagens posteriores com o Daniel do material volucionário, era também um homem de cultura e zelo religioso pelos
épico ugarítico). O livro de Daniel apresenta uma demonstração eterna deuses da Babilônia. Ele é às vezes denominado “o primeiro arqueólogo
de separação da impureza, de coragem contra determinados acordos, de do mundo”. Nabonido foi o último rei verdadeiro da Babilônia e pai de
eficácia na oração e de dedicação àquele cujo “reino dura de geração Belsazar (ver “Nabonido e Belsazar”, em D n 5; e “Babilônia”, em Is 13).
em geração”. Nabonido tornou Belsazar corregente quando se mudou para a Arábia,
5.1-4 Os historiadores gregos Heródoto e Xenofonte atestaram a orgia aparentemente para consolidar o império enfraquecido. Isso explica a
do banquete e também a blasfêmia que acontecia em tais ocasiões (ver recompensa de Belsazar, de tomar-se “o terceiro em importância no go­
“Heródoto e a queda da Babilônia”, em Jr 50). verno do reino”, oferecida a Daniel (v. 7,16).
5.1,2 O nome Belsazar foi considerado por muitos anos uma criação A Crônica d e N abonido foi escrita após a conquista da Babilônia, em 539
literária fictícia de um autor posterior ao cativeiro, que assume o pseu­ a.C. Ciro, da Pérsia, alegou que havia tomado a cidade sem uma luta,
dônimo de Daniel (ca. 165 a.C.). Hoje, entretanto, os estudos arqueo­ descrevendo sua benignidade para com a população e se considerando
lógicos comprovam que Belsazar foi uma personagem histórica. Em um “déspota Iluminado” e executor da vontade dos deuses. Sua avaliação
Dn 5, temos a indicação de que ele era filho de Nabucodonosor (v. do caráter de Belsazar foi excessivamente baixa, não estando em desacor­
2,11,13,18,22). Isso está de acordo com o uso geral semítico, em que o do com o que é apresentado no relato bíblico.
descendente de alguém é chamado “filho”. Nabucodonosor morreu em 5.5-31 H á muita discussão sobre a forma original da inscrição e também
562 a.C ., após um reinado de quarenta e dois anos, e foi sucedido sobre sua interpretação. As palavras parecem referir-se a três pesos de uso
no trono por Amel-Marduque (5 6 2 -5 6 0 a.C .), o Evil-Merodaque de comum: a mina, o siclo e a meia mina. O u podem ser termos usados nas
J r 52.31 e 2Rs 25.27. Evil-Merodaque foi substituído por Mergal Sharusar tesourarias da Mesopotâmia: “calculado, pesado e divisões”.
(NergalSarezer), que reinou de 560 a 556 a.C. e foi sucedido por Labasi-
94 DANIEL 5.7

7 Aos gritos, o rei mandou chamar os encantadores, os astrólogos e os adivinhos* e disse a esses 5.7 x|S44.25;
vDn 4.6,7;
sábiosv da Babilônia: “Aquele que ler essa inscrição e interpretá-la, revelando-me o seu significado, *Gn 41.42;
vestirá um manto vermelho, terá uma corrente de ouro no pescoço2e será o terceiro em importância aDn 2.5,6,48;
6.2,3
no governo do reino”.3
8 Todos os sábios do rei vieram , mas não conseguiram ler a inscrição nem dizer ao rei o seu 5.8 bDn 2.10,27
significado.119 Diante disso o rei Belsazar ficou ainda mais aterrorizado0 e o seu rosto, mais pálido. 5.9 «te 21.4
Seus nobres estavam alarmados.
10 Tendo a rainha0 ouvido os gritos do rei e dos seus nobres, entrou na sala do banquete e disse: “Ó
rei, vive para sempre!d Não fiques assustado nem tão pálido!11 Existe um hom em em teu reino que 5.11 «Dn 4.8,9,19;
•v. 14; Dn 1.17;
possui o espírito dos santos deuses.e Na época do teu predecessor verificou-se que ele era um ilum ina­ aDn 2.47,48
do e tinha inteligência e sabedoria* como a dos deuses. O rei Nabucodonosor, teu predecessor — sim,
o teu predecessor — o nomeou chefe dos magos, dos encantadores, dos astrólogos e dos adivinhos.s
12Verificou-se que esse homem, Daniel, a quem o rei dera o nome de Beltessazar,h tinha inteligência 5.12 hDn 1.7
5.12 V. 14-16;
Dn 6.3
a 5 . 1 0 Ou rainha-m ãe.

A mensagem misteriosa era o fato de que “Deus contou” os dias do 5.10 A “rainha” pode ser: 1) a esposa de Nabucodonosor; 2) a filha de
reino (v. 26) e que o rei fora “pesado na balança e achado em falta” (v. Nabucodonosor e esposa de Nabonido; 3) a esposa de Nabonido, mas
27 ). Seu reino deveria ser “dividido e entregue aos medos e persas” não filha de Nabucodonosor.
(v. 28). Não se passou muito tempo entre a interpretação e o cumprimen­ 5 .11 Nabucodonosor havia morrido em 562 a.C.; o ano então é 539
to: “Naquela mesma noite Belsazar, rei dos babilônios, foi morto” (v. 30). a.C.

wmm

P OV OS , T E R R A S E G O V E R N A N T E S A N T I G O S

Nabonido e Belsazar
DANIEL 5 Belsazar (que significa "Bel Um texto babilônio, as Crônicas de Na­ tributos, concedia arrendamentos e se
protege o rei") era filho do rei babilônio bonido, relata que Nabonido pôs as tropas ocupava da manutenção dos templos, con­
Nabonido, que reinou de 556 a 539 a.C., militares sob o comando de Belsazar e lhe forme atestado em várias cartas comerciais
e foi o monarca principal de 550 até 540 confiou o reino antes de partir para o Ocidente. e contratos contemporâneos de seu reina­
a.C., aproximadamente. Embora Naboni­ Durante o reinado de Belsazar, que durou do. Ele era aparentemente tão incrédulo
do alegasse ser herdeiro legitim o do reino cerca de dez anos, Nabonido permaneceu quanto seu pai (como se vê em sua falta de
de Nabucodonosor, está claro que não em campanha em Tema (Arábia). Aparen­ consideração pelo Deus de Israel) e igual­
fazia parte da linhagem de sucessão ori­ temente, Nabonido era devoto do deus Sin mente cruel. Como "segundo" governante,
ginal. Uma inscrição encontrada em Harã e não tinha nenhum interesse na adoração a prometeu a Daniel a posição de "terceiro"
indica que a mãe de Nabonido, Adade- Marduque (o principal deus babilônio). Ele em importância no reino (v. 16). Pouco se
-Gupi, foi responsável pela sua ascensão ao até mesmo deixou de observar a tradicional sabe dos últimos anos de Belsazar no poder.
poder. Alguns acreditam que ela era filha festa de ano-novo. Por isso, foi menospre­ A Babilônia estava bem fortificada quando
de Nabucodonosor, assim Nabucodonosor zado, porque o consideravam um monarca os persas atacaram, em 539 a.C. Conta-se,
teria sido avô ou predecessor de Belsazar herege e negligente. Curiosamente, ele pa­ porém, que Ciro desviou as águas do Eufrates
(Dn 5.2). Outros propõem que Belsazar rece ter sido um dos primeiros arqueólogos e abriu um acesso para a cidade. Heródoto
desempenhou um papel ativo em antecipar da história, tendo realizado escavações em e Xenofontes relatam que Ciro encontrou a
a subida de seu pai ao trono, assassinando Agade,UrukeUr. cidade em celebração e a tomou com relativa
um homem chamado Labasi-Marduque, Embora sempre descrito como "filho do facilidade.1 Nabonido voltou à Babilônia em
que tinha maiores chances de se tornar rei. rei" em fontes assírias, Belsazar exerceu 539 a.C., mas foi capturado em Borsipa e foi
todas as funções da realeza, inclusive recebia exilado em Carmânia, no Ocidente.2

•Ver “Heródoto e a queda da Babilônia", em Jr 50. 2Ver também "0 cilindro de Nabonido de Sipar", em 2Cr 36; e "Oração de Nabonido”, em Dn 8.
DANIEL 6. 4 1395

extraordinária e também a capacidade de interpretar sonhos e resolver enigmas e mistérios.' Manda


chamar Daniel, e ele te dará 0 significado da escrita” .
5.13 JDn 6.13 13 Assim Daniel foi levado à presença do rei, que lhe disse: “Você é Daniel, um dos exilados que
meu pai, o rei, trouxe de Judá?)14 Soube que o espírito dos deuses está em você e que você é um ilumi­
nado com inteligência e sabedoria fora do com um .15 Trouxeram os sábios e os encantadores à minha
presença para lerem essa inscrição e me dizerem 0 seu significado, porém eles não 0 conseguiram.
16 Mas eu soube que você é capaz de dar interpretações e de resolver mistérios. Se você puder ler essa
inscrição e dizer-me 0 que significa, você será vestido com um manto vermelho e terá uma corrente
de ouro no pescoço, e será 0 terceiro em importância no governo do reino”,
17 Então Daniel respondeu ao rei: “ Podes guardar os teus presentes para ti mesmo e dar as tuas
recompensas a algum outro.k No entanto, lerei a inscrição para 0 rei e te direi 0 seu significado.
5.18 Ur 27.7; 18 “Ó rei, foi a Nabucodonosor, teu predecessor, que 0 Deus Altíssimo deu soberania, grandeza,
Dn 2.37,38
5.19 mDn 2.12,13; glória e majestade.1 19 Devido à alta posição que Deus lhe concedeu, homens de todas as nações, povos
3.6
e línguas tremiam diante dele e 0 temiam. A quem 0 rei queria matar, matava;ma quem queria poupar,
5.20 "Dn 4.30; poupava; a quem queria promover, promovia; e a quem queria humilhar, hum ilhava.20 No entanto,
«Jr 13.18; P jó
40.12; Is 14.13-15 quando 0 seu coração se tornou arrogante e endurecido por causa do orgulho,11 ele foi deposto de seu
5.21 «Ez 17,24; trono real e despojado0 da sua glória.P21 Foi expulso do meio dos homens e sua mente ficou como a
Dn 4.16,17,35
de um animal; passou a viver com os jumentos selvagens e a comer capim como os bois; e 0 seu corpo
se molhava com 0 orvalho do céu, até reconhecer que 0 Deus Altíssimo domina'! sobre os reinos dos
homens e põe no poder quem ele quer/
5.22 SÊX 10.3; 22 “Mas tu, Belsazar, seu sucessor, não te humilhaste,s embora soubesses de tudo isso .23 Ao con­
2Cr 33.23
5.23 Ur 50.29; trário, te exaltaste acima* do“ Senhor dos céus. Mandaste trazer as taças do templo do Senhor para que
“S1115.4-8;
Hc 2.19; vjó nelas bebessem tu, os teus nobres, as tuas mulheres e as tuas concubinas. Louvaste os deuses de prata,
12.10; ” JÓ 31.4;
Jr 10.23
de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não podem ver nem ouvir nem entender.u
M as não glorificaste 0 Deus que sustenta em suas mãos a tua vida" e todos os teus caminhos.”
24 Por isso ele enviou a mão que escreveu as palavras da inscrição.
25 “Esta é a inscrição que foi feita:
MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM*1.

5.26 «Jr 27.7; 26 “ E este é o significado dessas palavras:


ils 13.6
Menef-. Deus contou os dias* do teu reinado e determinou o seu fim.v
5.27 «SI 62.9 27 TequelJ: Foste pesado na balança e achado em falta.z
5.28 «Is 13.17; 28 Perese: Teu reino foi dividido e entregue aos medos3 e persas” .b
‘ Dn 6.28

29 Então, por ordem de Belsazar, vestiram Daniel com um manto vermelho, puseram-lhe uma
corrente de ouro no pescoço, e 0 proclamaram 0 terceiro em importância no governo do reino.
5.30 "v. 1; «Is 21.9; 30 Naquela mesma noite Belsazar,0 rei dos babilônios/", foi morto,'131 e Dario,e o medo, apoderou-se
Jr 51.31
5.31 «Dn 6.1; 9.1 do reino, com a idade de sessenta e dois anos.

Daniel na Cova dos Leões


Dario* achou por bem nom ear cento e vinte sátrapasS para governar todo o reino, 2 e designou
6
6.1 'Dn 5.31;
«Et 1.1
6 .2 "Dn 2.48,49; três supervisores sobre eles, um dos quais era Daniel.h Os sátrapas tinham que prestar contas' a
'Ed 4.22
6 .3 iGn 41.41; eles para que o rei não sofresse nenhuma p erd a.3 Ora, Daniel se destacou tanto entre os superviso­
Et 10.3; Dn 5.12-
14
res e os sátrapas por suas grandes qualidades, que 0 rei planejava tê-lo à frente do governo de todo
0 império J 4 Diante disso, os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em
sua administração governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar nele falta alguma,
a 5 .2 3 Ou te levantaste contra o.
» 5 .2 5 Aramaico: UPARS1M-, isto é, E PARSIM.
c 5 .2 6 M ene pode significar contado ou m ina (uma unidade monetária).
d 5 .2 7 Tequel pode significar p esad o ou siclo.
e 5 .2 8 Peres (o singular de Parsim ) pode significar d ividido ou Pérsia ou m eia m ina ou m eio siclo.
f 5 .3 0 Aramaico: caldeus.

5 .1 6 Sobre o “terceiro em importância no governo do reino”, ver nota 5 .2 9 Os três símbolos da autoridade de um governante eram o anel de
em 5.1,2. sinete (ver “Anéis de sinete”, em E t 8), o manto real e a corrente de ouro
5.21 Ver “A loucura de Nabucodonosor”, em Dn 4. usada ao redor do pescoço (ver G n 41.42).
5 .2 6 -2 8 Ver notas da NVI. Três pesos (mina, siclo e meia mina ou meio 5 .3 0 Ver “Heródoto e a queda da Babilônia”, em J r 50.
siclo) podem ser intencionados, simbolizando três governantes, respec­ 5 .31 Ver “Dario, o medo”, em Dn 6.
tivamente: Nabucodonosor, Evil-Merodaque ou Nabonido e Belsazar.
Para uma interpretação alternativa, ver nota em 5-5-31.
96 DANIEL 6.5

pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente. 5 Finalm ente esses homens disseram: “Jamais
encontrarem os algum m otivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei
do Deus dele”.k
6 E assim os supervisores e os sátrapas, de com um acordo, foram falar com o rei: “Ó rei Dario,6.6'Ne 2.3; Dn 2.4
vive para sempre!17 Todos os supervisores reais, os prefeitos, os sátrapas, os conselheiros e os gover- 6.7 "Dn 3.2;
nadoresm concordaram em que o rei deve em itir um decreto ordenando que todo aquele que orar a "SI 59.3; 64.2-6;
Dn3.6
qualquer deus ou a qualquer hom em nos próxim os trinta dias, exceto a ti, ó rei, seja atirado na cova
dos leões." 8 Agora, ó rei, emite o decreto e assina-o para que não seja alterado, conforme a lei dos
medos e dos persas, que não pode ser revogada”.09E o rei Dario assinou o decreto.
10 Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no6.10 P1Rs 8.48,49;
andar de cima, cujas janelas davamP para Jerusalém e ali fez o que costumava fazer: três vezes por dia « 1 95.6;'At 5.29
ele se ajoelhava1! e orava, agradecendo ao seu Deus.r 11 Então aqueles homens foram investigar e en­
contraram Daniel orando, pedindo ajuda a D eus.12E foram logo falar com o rei acerca do decreto real: 6-12 ®Et 1.19; Dn
3.8-12
“T u não publicaste um decreto ordenando que nestes trinta dias todo aquele que fizer algum pedido a
qualquer deus ou a qualquer homem, exceto a ti, ó rei, será lançado na cova dos leões?”
O rei respondeu: “O decreto está em vigor, conforme a lei dos medos e dos persas, que não pode
ser revogada” ,s
13 Então disseram ao rei: “Daniel, um dos exilados de Judá,' não te dá ouvidos," ó rei, nem ao6.13'Dn 2.25;
5.13; "Et 3.8;
decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia”. 14Quando o rei ouviu isso, ficou muito Dn3.12
6.14 *Mc 6.26
contrariadov e decidiu salvar Daniel. Até o pôr do sol, fez o possível para livrá-lo.

6 .7 A cova dos leões tinha uma abertura relativamente pequena no topo


(cf. v. 17), tornando impossível a fuga do prisioneiro.

Dario, o medo
DANIEL 6 Daniel 6 informa-nos que, depois Dario I só começou a reinar em 522 a.C. Os que • f Dario, o medo, também pode ter sido um
da conquista da Babilônia pelos persas,1 acreditam que Daniel não é um livro histórico rei vassalo designado por Ciro para governara
a cidade foi governada por um rei chamado pressupõe que o autor simplesmente estava Babilônia. 0 hebraico de Daniel 9.1 apoia essa
"Dario, o medo". Essa declaração apresenta confuso sobre a história persa e pensou que teoria, declarando que Dario "foi constituído"
um problema: não há nenhum registro des­ Dario I havia precedido Ciro, o Grande. Essa rei, usando um verbo no passivo. Além disso,
se indivíduo fora da Bíblia — fato que tem teoria, porém, implica uma surpreendente o aramaico de Daniel 5.31 afirma que Dario
trazido questionamentos à historicidade e ignorância do autor. Ciro, o Grande, criador "recebeu o reino" ("apoderou-se do reino", na
autoria de Daniel. Muitos acreditam que um do Império Persa, é uma figura proeminente NVI). Normalmente, um escritor não diria que
autor desconhecido escreveu Daniel cen­ no AT, e também Dario I, sempre apresentado um conquistador "recebeu" um reino. Assim,
tenas de anos após a queda da Babilônia e como persa, enquanto Dario, o medo, obvia­ é mais provável que Dario, o medo, não fosse
que a figura de Dario, o medo, como a maior mente é de outra nacionalidade. um "rei" da mesma categoria que Ciro, mas
parte de Daniel, é pura ficção.2 Mas seria •h Dario, o medo, pode ter sido Ciro, o Gran­ um subordinado. É importante observar que
prudente descartar a existência de Dario por de.4 De acordo com essa teoria, Daniel 6.28 o livro de Daniel jamais se refere a esse Dario
aquele motivo? poderia ser traduzido desta forma: "Assim como rei da Pérsia ou dos medos, mas apenas
❖ Dario, o medo, não pode ser o rei persa Daniel prosperou durante o reinado de Dario, como rei da Babilônia. 0 nome pessoal de Da­
conhecido como Dario I, visto que esse Dario isto é, o reinado de Ciro, o persa". Entretanto, rio, o medo, pode ter sido Gubaru, governador
posterior foi o sucessor de Ciro, não seu pre- o texto poderia simplesmente ser traduzido designado por Ciro. Gubaru é mencionado em
decessor.3 Além disso, Dario, o medo, que su­ por "e no reinado de Ciro, o persa” , como documentos cunerformes, inclusive nas Crô­
postamente era da idade de 62 anos na época na maioria das versões. Embora seja uma nicas de Nabonido.
da queda da Babilônia (5.31), nasceu em possibilidade, essa interpretação não é
601/600 a.C., enquanto a História indica que convincente.

1Ver "Babilônia", em Is 13. 2Ver "Quando foi escrito o livro de Daniel?", em Dn 1. 3Ver "Dario I", em Ed 5. 4Ver "Ciro, o Grande", em Ed 1.
DANIEL 7. 5 1397

15Mas os homens lhe disseram: “Lembra-te, ó rei, de que, segundo a lei dos medos e dos persas,
nenhum decreto ou edito do rei pode ser modificado”.™
6,16 «V. 7; 16 Então o rei deu ordens, e eles trouxeram Daniel e o jogaram na cova dos leões.* O rei, porém,
yJó 5.19;
SI 37.39,40 disse a Daniel: “Que o seu Deus, a quem você serve continuamente, o livre!*”
17 Taparam a cova com uma pedra, e o rei a selou2 com o seu anel-selo e com os anéis dos seus
6.18 a2Sm 12.17; nobres, para que a decisão sobre Daniel não se m odificasse.18 Tendo voltado ao palácio, o rei passou
bEt 6.1; Dn 2.1
a noite sem comer3 e não aceitou nenhum divertimento em sua presença. Além disso, não conseguiu
dormir.b
19 Logo ao alvorecer, o rei se levantou e correu para a cova dos leões.20 Quando ia se aproximando
da cova, chamou Daniel com voz que revelava aflição: “ Daniel, servo do Deus vivo, será que o seu
Deus, a quem você serve continuamente, pôde livrá-lo dos leões?”0
6.21 dDn 2.4 21 Daniel respondeu: “ Ó rei, vive para sempre!d 22 O meu Deus enviou o seu anjo,e que fechou
6.22 eDn 3.28;
ISI 91.11-13; a boca dos leões.* Eles não me fizeram mal algum, pois fui considerado inocente à vista de Deus.0
Hb 11.33;
■At 12.11; Também contra ti não cometi mal algum, ó rei” .
2Tm4.17
6.23 hDn 3.27;
23 O rei m uito se alegrou e ordenou que tirassem Daniel da cova. Quando o tiraram da cova, viram
n Cr 5.20 que não havia nele nenhum ferimento,11pois ele tinha confiado1no seu Deus.
6.24 JDt 19.18,19; 24 E, por ordem do rei, os homens que tinham acusado Daniel foram atirados na cova dos leões,i
Et 7.9,10; SI 54.5;
kDt 24.16; junto com as suas mulheres e os seus filhos.k E, antes de chegarem ao fundo, os leões os atacaram e
2Rs 14.6; 'Is
38.13
despedaçaram todos os seus ossos.1
6.25 "Dn 4.1 25 Então o rei Dario escreveu aos homens de todas as nações, povos e línguas de toda a terra:
“Paz e prosperidade!m

6.26 "SI 99.1-3; 26 “Estou editando um decreto para que em todos os domínios do im pério os homens temam e
Dn 3.29; “Dn 2.44;
4.34 reverenciem o Deus de Daniel."
“Pois ele é o Deus vivo
e permanece para sempre;
o seu reino não será destruído;
o seu dom ínio jamais acabará.0
6.27 PDn 4.3; 27Ele livra e salva;
w. 22
faz sinais e maravilhasP
nos céus e na terra.
Ele livrou Daniel
do poder dos leões” .(i

6.28 ^Cr 36.22; 28 Assim Daniel prosperou durante os reinados de Dario e de Ciro“,r o Persa.
Dn 1.21

O Sonho de Daniel:
Os Quatro Anim ais

7
7.1 « n 5.1; No prim eiro ano de Belsazar,s rei da Babilônia, Daniel teve um sonho, e certas visões passaram
Dn 1.17; «Jr 36.4
por sua mente,* estando ele deitado em sua cama. Ele escreveu11o seguinte resum o do seu sonho.
7.2 vAp 7.1 2 “E m m inha visão à noite, eu v i os quatro ventos do céuv agitando o grande m a r.3Quatro grandes
7.3 »Ap 13.1
animais,w diferentes uns dos outros, subiram do mar.
7.4 «Jr 4.7; 4 “O prim eiro parecia um leão* e tinha asas de águia.v Eu o observei e, em certo momento, as suas
ÍZ 17 .3
asas foram arrancadas, e ele foi erguido do chão, firmou-se sobre dois pés como um hom em e recebeu
coração de homem.
5“A seguir, v i um segundo animal, que tinha a aparência de um urso. Ele foi erguido por um dos
seus lados, e na boca, entre os dentes, tinha três costelas. Foi-lhe dito: ‘Levante-se e coma quanta
carne puder!’2

a 6 . 2 8 Ou Dario, isto é, o reinado de Ciro.

6 .1 7 Ver “Anéis de sinete”, em Et 8. 7 .4 -7 Ver “Os reinos das profecias de Daniel”, em D n 2; e “Os ptolo-
6 .2 4 Segundo o costume persa, a família de um homem compartilhava meus”, em Dn 7.
da culpa dele (ver E t 9.24,25). 7 .4 O leáo com asas de águia é um querubim que simboliza o Império
7.1 A data aqui é incerta — talvez 553 a.C. Os acontecimentos do capí­ Neobabilônio (ver Gn 3.2 4 e nota).
tulo 7, na verdade, precedem os do capítulo 5.
1398 DANIEL 7. 6

6 “Depois disso, vi um outro animal, que se parecia com um leopardo.3 Nas costas tinha quatro 7.6 aAp 13.2

asas, como as de uma ave. Esse animal tinha quatro cabeças e recebeu autoridade para governar.
7 “Em minha visão à noite, vi ainda um quarto animal, aterrorizante, assustador e muito poderoso. 7.7 »Dn 2.40;
<=Ap 12.3
Tinha grandes dentes de ferro,b com os quais despedaçava e devorava suas vítimas e pisoteava tudo o
que sobrava. Era diferente de todos os animais anteriores e tinha dez chifres.0
8 “Enquanto eu considerava os chifres, vi outro chifre, pequeno,d que surgiu entre eles; e três dos 7.8 dDn 8.9;
eAp 9.7; *S112.3;
primeiros chifres foram arrancados para dar lugar a ele. Esse chifre possuía olhos como os olhos de Ap 13.5,6
um homeme e uma boca que falava com arrogância.'
9 “Enquanto eu olhava, 7.9 aAp 1.14;
hEz 1.15; 10.6
“tronos foram colocados,
e um ancião se assentou.
Sua veste era branca como a neve;
o cabelo era branco como a lã.9
Seu trono era envolto em fogo,
e as rodash do trono estavam em chamas.
10 De diante dele, 7.10*SI 50.3; 97.3;
Is 30.27; JDt 33.2;
saía um rio de fogo.' SI 68.17; Ap 5.11;
Milhares de milhares o serviam; KAp20.11-15

milhões e milhões estavam diante dele J


O tribunal iniciou o julgamento,
e os livrosk foram abertos.

11 “Continuei a observar por causa das palavras arrogantes que o chifre falava. Fiquei olhando até7.11'Ap 19.20
que o animal foi morto, e o seu corpo foi destruído e atirado no fogo.112 Dos outros animais foi retirada
a autoridade, mas eles tiveram permissão para viver por um período de tempo.
13 “Em minha visão à noite, vi alguém semelhante a um filho de homem,mvindo com as nuvens7.13 "M t 8.20*;
Ap 1.13*;
dos céus.n Ele se aproximou do ancião e foi conduzido à sua presença.14 Ele recebeu autoridade,0 "Mt 24.30; Ap 1.7
7.14 °Mt 28.18;
glória e o reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram.P Seu domínio é um pSI 72.11;102.22;

domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.1! 1Co 15.27;
Ef 1.22; uDn
2.44; Hb 12.28;
Ap 11.15
A Interpretação do Sonho
15 “Eu, Daniel, fiquei agitado em meu espírito, e as visões que passaram pela minha mente me
aterrorizaram.r 16 Então me aproximei de um dos que ali estavam e lhe perguntei o significado de 7.16 sDn 8.16;
9.22; Zc 1.9
tudo o que eu tinha visto.
“Ele me respondeu, dando-me esta interpretação:s 17‘Os quatro grandes animais são quatro reinos
que se levantarão na terra.18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para sempre; 7.18 Is 60.12-14;
Ap 2.26; 20.4
sim, para todo o sempre’ .*
19 “Então eu quis saber o significado do quarto animal, diferente de todos os outros e o mais
aterrorizante, com seus dentes de ferro e garras de bronze, o animal que despedaçava e devorava suas
vítimas, e pisoteava tudo o que sobrava. 20 Também quis saber sobre os dez chifres da sua cabeça e
sobre o outro chifre que surgiu para ocupar o lugar dos três chifres que caíram, o chifre que tinha olhos
e uma boca que falava com arrogân cia.21 Enquanto eu observava, esse chifre guerreava contra os 7.21 uAp 13.7

santos e os derrotava,u 22 até que o ancião veio e pronunciou a sentença a favor dos santos do Altíssimo;
chegou a hora de eles tomarem posse do reino.
23 “Ele me deu a seguinte explicação: ‘O quarto animal é um quarto reino que aparecerá na terra.
Será diferente de todos os outros reinos e devorará a terra inteira, despedaçando-a e pisoteando-a.v
24 Os dez chifres™ são dez reis que sairão desse reino. Depois deles um outro rei se levantará, e será 7.24 «Ap 17.12

diferente dos primeiros reis.25 Ele falará contra o Altíssimo,* oprimirá os seus santos e tentará mudar 7.25 *ls 37.23;
Dn 11.36;
os tempos"'' e as leis. Os santos serão entregues nas mãos dele por um tempo, tempos*1 e meio tempo.z *Dn 2.21; zDn 8.24;
12.7; Ap 12.14
a 7 .2 5 Ou o calendário; o u a ind a as festa s religiosas.
b 7 . 2 5 Ou dois tempos.

7.9 O “ancião” (ou “antigo em dias” de acordo com algumas traduções) 7.24 Para mais informações sobre os “dez reis”, ver “Os reinos das pro­
é uma referência a Deus (ver “Tronos no mundo antigo”, em SI 99). fecias de Daniel”, em Dn 2.
Para referências literais e figuradas ao cabelo na Bíblia, ver nota em
SI 40.12; ver também “Barba e cortes de cabelo no mundo bíblico”,
em Is 15.
DANIEL 7.28

26 “ ‘Mas o tribunal o julgará, e o seu poder lhe será tirado e totalmente destruído, para sempre.
7.27 *Dn 2.44; 27 Então a soberania, o poder e a grandeza dos reinos que há debaixo de todo o céu serão entregues
4.34; Lc 1.33;
Ap 11.15; 22.5; nas mãos dos santos, o povo do Altíssimo. O reino dele será um reino eterno,3 e todos os governantes o
»SI 22.27; 72.11;
86.9 adorarãob e lhe obedecerão’.
7.28 “Dn 4.19 28 “Esse é o fim da visão. Eu, Daniel, fiquei aterrorizado1por causa dos meus pensamentos e meu
rosto empalideceu, mas guardei essas coisas comigo”.

Os ptolomeus
DANIEL 7 Daniel 7.6 descreve uma visão em •5* Ptolomeu II Filadelfo (282-246 a.C.). Seu do Egito quase entrou em colapso. Antíoco
que um reino é representado por um leo­ reinado foi próspero e marcado por impres­ IV conquistou sua passagem para Mênfis, no
pardo com quatro asas e quatro cabeças. As sionantes projetos de construção, como a fi­ Egito, por volta de 168 a.C. e sem dúvida teria
asas representam grande velocidade, mas as nalização do farol de Alexandria e da famosa tomado o controle do país, não fosse sua ex­
cabeças significam que o reino seria dividido biblioteca. Também se engajou em guerras pulsão por uma delegação de Roma.
em vários domínios. 0 leopardo simboliza o com os selêucidas pelo controle da Palestina •b 0 poder ptolomeu declinou depois que os
reino grego de Alexandre, o Grande, estabe­ e da A natólia. Ptolomeu II trabalhou muito membros da família real começaram a lutar
lecido com velocidade de relâmpago, mas para estabelecer a cultura e a educação gre­ entre si pelo poder e que Roma passou a ter
que se rompeu em várias partes, governadas gas no Egito e em outros lugares, mas ofen­ mais influência nos negócios do Egito. 0 últi­
por diversas dinastias gregas depois de deu os súditos gregos quando se casou com a mo ptolomeu a governar o Egito foi a famosa
sua morte.1 própria irmã, Arsinoé. Cleópatra VII (51-30 a.C.). Inteligente e enge­
Os ptolomeus foram uma dinastia de Ptolomeu III Evérgeta (246-222 a.C.). Seu nhosa (foi a única da dinastia do ptolomeus a
reis gregos que começou a governar o Egito reinado foi marcado por guerras contra os conquistar a lealdade dos egípcios, por apren­
logo após a morte de Alexandre, o Gran­ selêucidas, provocadas pelo fato de que o der a falar o idioma deles, mas também assas­
de, até o tempo da anexação do Egito por rei selêucida, Selêuco II, assassinou a irmã de sinou seu irmão, Ptolomeu XIV, para chegar
Roma. Sua história, datada do século III a.C., Ptolomeu, Berenice, e o filho dela.4 Berenice é ao trono), ela se beneficiou do envolvimento
está conectada intimamente à da região hoje "a filha do rei do sul", em 11.6. sexual com Júlio César e depois com Marco
conhecida como Palestina. Os ptolomeus go­ • r Ptolomeu IV Filopátor (222-205 A.C.). Esse Antônio para melhorar sua posição política no
vernaram a Palestina e, portanto, Jerusalém rei é às vezes descrito como um governante relacionamento com Roma. Sua aliança com
de 323 a 200 a.C.2 Os governantes ptolomeus fraco, embora tenha derrotado Antíoco III da Marco Antônio, entretanto, decretou sua ru­
mais importantes foram: Síria em Ráfia, em 217 a.C. Ele incorporou tro­ ína. Ele foi derrotado por Otaviano (Augusto)
pas egípcias ao seu exército (em vez de usar em Ácio, em 31 a.C.,6 e ela cometeu suicídio
❖ Ptolomeu I Sóter (323/305-282 a.C.). apenas soldados gregos), e alguns acreditam quando percebeu que Otaviano marchava
Imediatamente após a morte de Alexandre, que esse ato espalhou a semente de futuras implacavelmente em direção a ela.
em 323 a.C., seu general Ptolomeu tomou o revoltas dos egípcios. Ele é "o rei do sul", de
controle da administração do Egito, assumin­ Daniel 11.11.
do o título de "rei" em 305 a.C. Ptolomeu era ❖ Ptolomeu V Theós Epifânio (204-180 a.C.).
muito inteligente e, depois de ter tomado o Durante a administração desse regente, a
controle de um domínio rico e relativamente Palestina foi deixada para os selêucidas (200
isolado (o Egito), deu início a uma dinastia a.C.). A pedra de Roseta comemora sua co­
que durou mais de dois séculos. Sua capital, roação.5
Alexandria, era uma cidade grega situada no •?♦ Ptolomeu VI Filometor (180-145 a.C.).
Egito.3 Ptolomeu é "o rei do sul", em 11.5. Durante seu reinado, o controle ptolomeu

'Ver "Grécia: das cidades-Estado independentes até Alexandre, o Grande”, em At 20. 2Ver "A história da Terra Santa", na p. xxiii. !Ver "Alexandria", em At
18. 4Ver "Os selêucidas", em Dn 12. 5Ver "A pedra de Roseta e a decifraçâo dos hieróglifos”, em Êx 9. 6Ver "César Augusto, imperador de Roma; o censo; Quirino,
governador da Síria", em Lc 1.
1400 DANIEL 8. 1

A Visão de Daniel:
O Carneiro e o Bode
No terceiro ano do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive outra visão, a segunda. 2 Na minha
8 visão eu me v i na cidadela de Susã,d na província de Elão;e na visão eu estava junto do canal
de U la i.3 01heif para cima e, diante de mim, junto ao canal, estava um carneiro; seus dois chifres
8.2 <e 1.2;
«Gn 10.22

8.3 «Dn 10.5


eram compridos, um mais que o outro, mas o mais comprido cresceu depois do outro.4 Observei o 8.4 oDn 11.3,16
carneiro enquanto ele avançava para o oeste, para o norte e para o sul. Nenhum animal conseguia
resistir-lhe, e ninguém podia livrar-se do seu poder. Ele fazia o que bem desejavaQ e foi ficando
cada vez maior.
5 Enquanto eu considerava isso, de repente um bode, com um chifre enorme entre os olhos, veio
do oeste, percorrendo toda a extensão da terra sem encostar no chão.6 Ele veio na direção do carneiro de
dois chifres que eu tinha visto ao lado do canal, e avançou contra ele com grande fúria. 7 Eu o vi
atacar furiosamente o carneiro, atingi-lo e quebrar os seus dois chifres. O carneiro não teve forças para
resistir a ele; o bode o derrubou no chão e o pisoteou,11 e ninguém foi capaz de livrar o carneiro do seu
poder.8 O bode tornou-se muito grande, mas no auge da sua força o seu grande chifre foi quebrado,' e 8.8 i2Cr 26.16-21;
Dn 5.20; iDn 7.2;
em seu lugar cresceram quatro chifres enormes, na direção dos quatro ventos da terra j Ap7.1
9 De um deles saiu um pequeno chifre, que logo cresceu em poder na direção do sul, do leste e 8.9 «Dn 11.16
da Terra Magnífica.k 10 Cresceu até alcançar1 o exército dos céus, e atirou na terra171 parte do exército 8.10 'Is 14.13;
mAp 12.4; "Dn 7.7;
das estrelas e as pisoteou.n 11 Tanto cresceu que chegou a desafiar o príncipe do exército;0 suprimiu °Dn 11.36,37;
pEz 46.13,14
o sacrifício diárioP oferecido ao príncipe, e o local do santuário foi destruído.^12 Por causa da rebelião, 8.11 qDn 11.31;
o exército dos santos e o sacrifício diário foram dados ao chifre. Ele tinha êxito em tudo o que fazia, e 12.11

a verdade foi lançada por terra.

8.1— 12.13 Esses capítulos foram escritos em hebraico (ver nota em 8 .3 O carneiro representa o Império Medo-Persa (v. 20), e o mais longo
2.4). de seus dois chifres reflete a posição predominante da Pérsia (ver 7.5; ver
8.1 A data é cerca de 551 a.C. Os acontecimentos do capítulo 8, na também “Os reinos das profecias de Daniel”, em D n 2).
verdade, precedem os do capítulo 5. 8 .5 O bode é a Grécia, e o “chifre enorme entre os olhos” é Alexandre, o
8.2 A “cidadela de Susã” consistia na acrópole (área superior fortificada) Grande, “o primeiro rei” (v. 21).
e no complexo do palácio, que se distinguia da cidade circunvizinha. Fo­ 8 .7 A Grécia esmagou o Império Medo-Persa.
ram realizadas várias investigações arqueológicas no local desde a metade 8 .8 Gom a morte de Alexandre, o Grande (o “chifre enorme”), no auge
do século XIX . O rei Xerxes havia feito reformas extensas nas estruturas do poder (323 a.G.), seu reino foi dividido entre seus quatro generais.
do palácio (ver “Susã”, em Et 9). Para mais informações sobre Eláo, ver 8 .9 -1 2 O chifre que começou “pequeno” (v. 9) é Antíoco IV Epifanio
nota em J r 25.25. (ver “Antíoco IV Epifânio”, em Dn 11).

TEXTOS E ARTEFATOS ANTIGOS


Oração de Nabonido
DANIEL 8 Nabonido era o pai do rei Belsazar glorificar a Deus, que o perdoou. Na seção entretanto, há poucas razões para conside­
da Babilônia, com quem governou como final do rolo, Nabonido declara que suas rar A oração de Nabonido um fato histórico.
corregente por vários anos.1 Um rolo de súplicas anteriores aos deuses do mundo A história parece baseada no registro bíblico
Qumran, datado entre 75 e 50 a.C., comu- haviam ficado sem resposta. da cura de Nabucodonosor.2 Outros livros
mente chamado de A oração de Nabonido, 0 rolo dá a entender que Nabonido apócrifos, como A Estátua de Bel/0 Dra­
ou 4QprNab, é um registro apócrifo de uma viajou para Tema, na Arábia, e permaneceu gão, também são lendas populares que se
cura de Nabonido, provavelmente com ali vários anos. Esse detalhe é preciso. Na desenvolveram com base no livro canônico
base em Daniel 4. 0 texto relata que o rei realidade, foi durante sua permanência em de Daniel.3
Nabonido foi afligido com uma doença físi­ Tema que Belsazar reinou na Babilônia. Como tal, A oração de Nabonido não
ca durante sete anos, até que um exorcista Daniel 8.1, portanto, refere-se a Belsazar pode confirmar nem refutar a confiabilidade
judeu perdoou seus pecados. 0 judeu então como rei porque os babilônios o viam como histórica de Daniel 4.
incentivou Nabonido a documentar o fato e sua autoridade governamental. Fora isso,

'Ver "Nabonido e Belsazar”, em Dn 5. 2Ver "A loucura de Nabucodonosor", em Dn 4. 3Ver "Os livros Apócrifos", em Tt 1.
DANIEL 9.3 140

8.13 Dn 4.23; 13 Então ouvi dois anjosar conversando, e um deles perguntou


sDn 12.6;
•Lc 21.24; Ap 11.2 ao outro: “ Quanto tempo durarão os acontecimentos anunciados V o zes a n tig a s
por esta visão?s Até quando será suprimido o sacrifício diário e
As palavras da oração que Nabonido, rei
a rebelião devastadora prevalecerá? Até quando o santuário e o da Babilônia, o Grande Rei, orou quando
exército ficarão entregues ao poder do chifre e serão pisoteados?'” pelo decreto divino foi afligido com uma
8.14 uDn 12.11,12 14 Ele me disse: “ Isso tudo levará duas mil e trezentas tardes e úlcera fétida enquanto estava em Temani:
manhãs; então o santuário será reconsagrado6” .11 "Eu, Nabonido, fui afligido com uma úlcera
fétida durante sete anos, e porque Deus a
A Interpretação da Visão colocou em mim eu o busquei e ele me
curou, e um profeta perdoou meu pecado.
8.15 vv.1; 15 Enquanto eu, Daniel, observava a visãov e tentava entendê-
«Dn 10.16-18 Esse profeta era um judeu, do exílio judai­
8.16 xDn 9.21; -la, diante de mim apareceu um ser que parecia homem.w 16 E ouvi
Lc 1.19 co, e ele me disse: 'Proclame isto e escreva
a voz de um homem que vinha do Ulai: “Gabriel,11 dê a esse homem
isto para dar honra e majestade ao nome
o significado da visão” . do Deus Altíssimo!'. Assim, escrevi isto: 'Eu
8.17 vEz 1.28; 17 Quando ele se aproximou de mim, fiquei aterrorizado e fui afligido enquanto estava em Temani
Dn 2.46; Ap 1.17;
zHc 2.3 caí prostrado.v Ele me disse: “ Filho do homem, saiba que a visão com uma úlcera fétida por um decreto do
refere-se aos tempos do fim” .z Deus Altíssimo. Durante sete anos, orei
8.18 aDn 10.9; 18 Enquanto ele falava comigo, eu, com o rosto em terra,3 perdi diante dos deuses de prata, ouro, bronze,
bEz 2.2; Dn 10.16-
18 os sentidos. Então ele tocou em mim e me pôs em pé.b ferro, madeira, pedra e barro, porque pre­
8.19 cHc 2.3 19 E disse: “Vou contar a você o que acontecerá depois, no tem­ sumi que eles eram deuses..." [o texto é
fragmentado e ilegível neste ponto].
po da ira, pois a visão se refere ao tempo do fim.c 20 O carneiro de
dois chifres que você viu representa os reis da Média e da Pérsia. — A oração de Nabonido, dos rolos do
8.21 dDn 10.20; 2 1 0 bode peludo é o rei da Grécia,d e o grande chifre entre os seus mar Morto, 4 Q 2 4 2 (tradução por Duane
eDn 11.3
G arrett)
olhos é o primeiro rei.e 22 Os quatro chifres que tomaram o lugar
do chifre que foi quebrado são quatro reis. Seus reinos surgirão da Ver o artigo "Oração de Nabonido", em Dn.8.
nação daquele rei, mas não terão o mesmo poder.
23 “No final do remado deles, quando a rebelião dos ímpios
8.24'Dn 7.25; tiver chegado ao máximo, surgirá um rei de duro semblante, mestre em astúcias.24 Ele se tornará muito
11.36
forte, mas não pelo seu próprio poder. Provocará devastações terríveis e será bem-sucedido em tudo o
8.25 sDn 11.36; que fizer. Destruirá os homens poderosos e o povo santo.'25 Com o intuito de prosperar, ele engana­
"Dn 2.34; 11.21
rá a muitos e se considerará superior aos outros. Destruirá muitos que nele confiam^ e se insurgirá
contra o Príncipe dos príncipes.9 Apesar disso, ele será destruído, mas não pelo poder dos homens.h
8.26 ‘Dn 10.1; 26 “A visão das tardes e das manhãs que você recebeu é verdadeira;' sele^ porém a visão, pois
iAp 22.10;
kDn 10.14 refere-se ao futuro distante” .k
8.27 'Dn 2.48; 27 Eu, Daniel, fiquei exausto e doente por vários dias. Depois levantei-me e voltei a cuidar dos
mDn 7.28
negócios do rei.1 Fiquei assustado"1 com a visão; estava além da compreensão humana.

A Oração de Daniel

9
Dario," filho de Xerxese, da linhagem dos medos, foi constituído governante do reino babilônio^.
9.2 °2Cr 36.21; 2 No prim eiro ano do seu reinado, eu, Daniel, com preendi pelas Escrituras, conforme a palavra
Jr 29.10; Zc 7.5
do S e n h o r dada ao profeta Jerem ias, que a desolação de Jerusalém iria d u ra r setenta0 anos.
9.3 PNe 1.4; 3 P o r isso me vo ltei para o Senhor Deus com orações e súplicas, em jejum , em pano de saco e
Jr 29.12
coberto de cinza.P
0 8 . 1 3 Hebraico: santos.
b 8 . 1 4 Ou purificado.
c 8 . 2 5 Ou que vivem em paz.
d 8 . 2 6 Ou guarde em segredo.
e 9 .1 Hebraico: Assuero, variante do nome persa Xerxes.
f 9 .1 Hebraico: caldeu.

8 .1 4 Isso pode significar 2.300 dias completos. No entanto, como eram 8 .2 3 -2 5 Esses versículos descrevem Antíoco IV e sua ascensão ao po­
oferecidos sacrifícios matutinos e vespertinos diariamente no templo der por meio da trama e da fraude política. Antíoco autodenominou-se
(9.21; Êx 29.38,39), é bem possível que “duas mil e trezentas tardes e Epifanio (“manifestação de Deus”). Morreu em 164 a.C., em Tabas, na
manhãs” se refira ao número de sacrifícios oferecidos consecutivamente Pérsia, como resultado de doença ou de acidente. Na realidades Deus
em 1.150 dias — o intervalo entre a profanação do altar por Antíoco e (o “Príncipe dos príncipes”, v. 25) o destruiu.
sua reconsagraçáo por Judas Macabeu, em dezembro de 164 a.C. 9.1 A data é 538 a.C. Ver “Dario, o medo”, em D n 6. O Xerxes mencio­
8 .1 7 O termo “filho do homem” aqui não deve ser confundido com nado aqui não é o do livro de Ester.
“alguém semelhante a um filho de homem” em 7.13. 9 .2 Ver “Os setenta anos de cativeiro”, em J r 25.
8.21 Cf. versículo 5 e nota. 9 .3 O pano de saco era o traje grosseiro dos pranteadores (ver notas em
8 .2 2 Cf. versículo 8 e nota. lR s 2 0 .31,32; Jó 16.15; ver também “Pano de saco e cinzas: rituais de
lamentação”, em SI 30).
02 D A NI E L 9.4

4 Orei ao Se n h o r , o m eu D eus, e confessei: 9.4 qDt 7.21;


rDt7.9
Ó Senhor, Deus grande e temível,Q que manténs a tua aliança de am orr com todos aqueles que te
amam e obedecem aos teus m andam entos,5 nós temos cometido pecado e somos culpados.s Tem os 9.5 sS1106.6;
sido ímpios e rebeldes, e nos afastamos1dos teus mandamentos e das tuas leis.u 6 Não demos ouvido «Is 53.6; uv. 11;
Lm 1.20
aos teus servos, os profetas,v que falaram em teu nome aos nossos reis, aos nossos líderes e aos nossos 9.6 ^C r 36.16;
Jr 44.5
antepassados, e a todo o teu povo.
7 Senhor, tu és justo, e hoje estamos envergonhados.w Sim, nós, o povo de Judá, de Jerusalém e de9.7 «SI 44.15;
*Dt 4.27; Am 9.9;
todo o Israel, tanto os que estão perto como os que estão distantes, em todas as terras pelas quais nos yJr 3.25
espalhastex por causa de nossa infidelidade para contigo.v 8 Ó S e n h o r , nós e nossos reis, nossos líderes
e nossos antepassados estamos envergonhados por termos pecado contra t i.9 O Senhor nosso Deus é 9.9 « 1 130.4;
*Ne 9.17; Jr 14.7
misericordioso e perdoador,2apesar de termos sido rebeldes;310não te demos ouvidos, S e n h o r nosso 9.10 b2Rs 17.13-
15; 18.12
Deus, nem obedecemos às leis que nos deste por meio dos teus servos, os profetas.b 11 Todo o Israel 9.11 cls 1.4-6;
transgrediu a tua lei e se desviou, recusando-se a te ouvir. Jr 8.5-10

Por isso as maldições e as pragas escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, têm sido derramadas
sobre nós, porque pecamos0 contra t i. 12Cum pristed a palavra proferida contra nós e contra os nossos 9.12 «Is 44.26;
Zc 1.6; ejr 44.2-6;
governantes, trazendo-nos grande desgraça. Debaixo de todo o céu jamais se fez algo como o que foi Ez5.9
feito a Jerusalém.e 13 Conform e está escrito na Lei de Moisés, toda essa desgraça nos atingiu, e ainda 9.13 «Is9.13;
Jr 2.30
assim não temos buscado o favor do S e n h o r , o nosso Deus, afastando-nos de nossas maldades e
obedecendo à tua verdade.f 14O S e n h o r não hesitou em trazer desgraças sobre nós, pois o S e n h o r , 9.14 sJr 44.27;
hNe 9.33
o nosso Deus, é justo em tudo o que faz; ainda assim nós não lhe temos dado atenção.h

m m

A liii ri
POV OS . T E R R A S E G O V E R N A N T E S A N T I G O S

Os caldeus
DANIEL 9 Os caldeus eram um grupo étnico o domínio assírio na região e governou dos reinos, o esplendor do orgulho dos babi­
seminômade mencionado pela primeira vez durante uma década antes de ser expulso lônios'" (Is 13.19).
em fontes antigas do século IX a.C., como um (ca. 722- 710 a.C.).1 Por volta de 626 a.C., o A Babilônia era conhecida como a cidade
povo da terra de Kaldu. Vivendo na fronteira poder assírio declinou, e o poder dos caldeus do aprendizado, por isso o termo "caldeu"
sul da Babilônia, eram organizados em "ca­ na Babilônia experimentou um ressurgimen­ veio a representar os sacerdotes, os astrólo­
sas" tribais, cada uma liderada por um líder to durante os reinados de Nabopolassar e gos e a classe instruída (Dn 2.10; 4.7; 5.7).
tribal. Essas tribos foram assimiladas pela de seu filho Nabucodonosor. Essa última 0 período caldeu/neobabilônio marcou o
cultura predominante e herdaram o império dinastia da Babilônia é conhecida como os começo do registro das informações histó­
da Babilônia, por isso os termos "caldeus" e caldeus ou Império Neobabilônio. ricas, econômicas e astronômicas precisas,
"babilônios" se tornaram sinônimos (Is 47.1; 0 reinado dos caldeus trouxe maior bem como a elevação do aramaico à con­
Dn 9.1). florescimento e fama ao Império Babilônio. dição de língua franca (idiom a comum
0 primeiro caldeu notável registrado na Nabucodonosor, sob cujo governo o reino de e comercial) do Oriente Médio (2.4).4 Final­
Bíblia é Merodaque-Baladã, rei da Babilônia, Judá foi conquistado e exilado (Jr 52),2 além mente, o Império Neobabilônio caiu diante
que enviou mensageiros a Ezequias de Judá de suas realizações militares é atribuída a ele de Ciro, da Pérsia,5e a glória da Mesopotâ-
com a finalidade de formar uma coalizão a maior reconstrução da cultura e da vida mia desapareceu na História.
contra a Assíria (2Rs 20.12-19; Is 39.1). Me- religiosa da Babilônia.3 A cidade veio a ser
rodaque-Baladã uniu as tribos da Caldeia e, considerada uma das maravilhas do mundo
com ajuda dos elamitas, conseguiu subverter antigo e, nas palavras do profeta, era "a joia

1Ver "A campanha de Senaqueribe contra Merodaque-Baladã", em Is 39. 2Ver "Os últimos dias de Jerusalém", em Jr 6. 3Ver "Nabucodonosor", em 2Rs 24.
4Ver "Línguas do mundo do Antigo Testamento", em Ed 2. 5Ver "Ciro, o Grande", em Ed 1.
D A N I E L 10.6 1403

9.15 Ur 32.21; 15 Ó Senhor nosso Deus, que tiraste o teu povo do Egito com mão poderosa' e que fizeste para ti
iNe 9.10
9.16 KSI 31.1; um nomei que permanece até hoje, nós temos cometido pecado e somos culpados.16 Agora, Senhor,
Ur 32.32; mZc 8.3;
"6 5 .14 conforme todos os teus feitos justos,k afasta de Jerusalém,1 da tua cidade, do teu santo monte,ma tua ira
e a tua indignação. Os nossos pecados e as iniquidades de nossos antepassados fizeram de Jerusalém
e do teu povo objeto de zombaria11 para todos os que nos rodeiam.
9.17 °Nm 6.24-26; 17 Ouve, nosso Deus, as orações e as súplicas do teu servo. Por amor de ti, Senhor, olha com bon­
SI 80.19
9.18 "SI 80.14; dade0 para“ o teu santuário abandonado.18 Inclina os teus ouvidos, ó Deus, e ouve; abre os teus olhos
Hs 37.17; Jr 7.10-
12; 25.29
e vêP a desolação da cidade que leva o teu nome.<i Não te fazemos pedidos por sermos justos, mas por
9.19 "SI 44.23 causa da tua grande m isericórdia.19 Senhor, ouve! Senhor, perdoa!r Senhor, vê e age! Por amor de ti,
meu Deus, não te demores, pois a tua cidade e o teu povo levam o teu nome.

As Setenta Semanas
9.20 *v. 3; 20 Enquanto eu estava falando e orando, confessando o meu pecado e o pecado de Israel, meu
S1145.18; Is 58.9
9.21 <0n 8.16; povo, e trazendo o meu pedido ao S e n h o r , o meu Deus, em favor do seu santo montes — 21 enquan­
Lc 1.19; "Êx 29.39
to eu ainda estava em oração, Gabriel,* o homem que eu tinha visto na visão anterior, veio voando
rapidamente para onde eu estava, à hora do sacrifício da tarde.u 22 Ele me instruiu e me disse: “Daniel,
9.23vDn10.19; agora vim para dar a você percepção e entendimento.23 Assim que você começou a orar, houve uma
LC1.28;
wDn 10.11,12; resposta, que eu trouxe a você porque você é muito amado.v Por isso, preste atenção à mensagem para
Mt 24.15
entender a visão:w
9.24 «Is 53.10; 24 “ Setenta semanas estão decretadas para o seu povo e sua santa cidade a fim de acabar com6 a
yls 56.1
transgressão, dar fim ao pecado, expiar* as culpas, trazer justiça eterna,v cumprir a visão e a profecia,
e ungir o santíssimos
9.25 í d 4.24; 25 “ Saiba e entenda que, a partir da promulgação do decreto que manda restaurar e reconstruir2
"Jo 4.25
Jerusalém até que o Ungido,3 o príncipe, venha, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas.
9.26 "Is 53.8; Ela será reconstruída com ruas e murosá, mas em tempos difíceis. 26Depois das sessenta e duas semanas,
"Na 1.8
o Ungido será morto,b e já não haverá lugar para ele. A cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo
povo do governante que virá. O fim virá como uma inundação:0 guerras continuarão até o fim, e de­
solações foram decretadas. 27 Com muitos ele fará tuna aliança que durará uma semana. No meio da
semana ele dará fim ao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível,
até que chegue sobre ele£ o fim que lhe está decretado” .d

A Visão do Homem Vestido de Linho


10.1 "Dn 1.21; 1 terce*ro ano de Ciro,e rei da Pérsia, Daniel, chamado Beltessazar,f recebeu uma revelação.
'Dn 1.7; 9Dn 8.26
l u A mensagem era verdadeiras e falava de uma grande guerraf. Na visão que teve, ele entendeu
a mensagem.
2 Naquela ocasião eu, Daniel, passei três semanas chorando.113 Não comi nada saboroso; carne e
vinho nem provei; e não usei nenhuma essência aromática, até se passarem as três semanas.
10.4'Gn 2.14 4 No vigésimo quarto dia do primeiro mês, estava eu em pé junto à margem de um grande rio, o
10.516 9.2; Tigre.15 Olhei para cima, e diante de mim estava um homem vestido de linho ) com um cinto de ouro pu-
Ap 15.6; KJr 10.9
10.6'Mt 17.2; ríssimo1' na cintura.6 Seu corpo era como berilo, o rosto como relâmpago,1os olhos como tochas acesas,m
■"Ap 19.12;
"Ap 1.15 os braços e pernas como o reflexo do bronze polido,11 e a sua voz era como o som de uma multidão.
a 9 .1 7 Hebraico:/flze resplandecer-o teu rosto sobre.
b 9 .2 4 Ou p a r a restringir.
c 9 .2 4 Ou o Lugar Santíssimo.
d 9 .2 5 Ou trincheiras.
e 9 .2 7 Ou sobre isso.
f 1 0 .1 Oufa la v a d e tem pos difíceis.

9.18 A “cidade que leva o teu nome” é Jerusalém. e sincroniza (de modo não exato) com a história entre 586 a.C. (a que­
9 .2 0 O “santo monte” é Sião (ver “Zafom, Olimpo, Sinai e Sião: o mon­ da de Jerusalém) e 164 a.C. (Antíoco); 2) a perspectiva dispensacionalista
te de Deus”, em SI 48). considera a sexagésima nona semana encerrada antes da crucificação de
9 .2 4 -2 7 “Setenta semanas” é uma expressão bastante aplicada a Dn Jesus, deixando a septuagésima semana (sendo a era presente um “gran­
9.24-27, profecia que, presumivelmente em contraste com as profecias de parêntese”) para ser cumprida na grande tribulação; 3) a perspectiva
gerais em Dn 2 e 7, define o tempo exato dentro do quarto reino, quan­ conservadora ou tradicional afirma que a septuagésima semana foi intro­
do o Messias então apareceria. Quase todos os estudiosos concordam duzida pelo batismo de Jesus e dividida ao meio (três anos e meio) pela
em que as “semanas” designam 490 anos. A profecia é 1) dividida — os sua morte, levando assim ao término dos sacrifícios (v. 27).
períodos sucessivos são descritos como 7/62/1; 2) datada — “de” e “até” 10.1 A data é 537 a.C., o terceiro ano depois da conquista da Babilônia
em 9.25; 3) determinante — seus propósitos consideram Israel (v. 24), a por Ciro, em 539 a.C. (ver nota em 1.1 relativa à computação dos anos
redenção (v. 24), o Messias (v. 24,26,27), os sacrifícios (v. 27) e Jerusa­ do reinado de um rei).
lém (v. 25-27); 4) debatida (ver em seguida). 10.3 Ver nota em 1.8.
Três perspectivas primárias são sustentadas: 1) A perspectiva crítica
sustenta que a “profecia” foi escrita por um pseudoDaniel em 165 a.C.
14 0 4 DANIEL 10.7

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

PERSÉPOLIS
DANIEL 10 Persépolis (que significa "cidade edifícios. A sala de audiências, ou Apadana, Milhares de tabletes elamitas dos reina­
persa” ) era a capital dos reis aquemênidas empregou 72 colunas de pedra, cada uma dos de Dario, Xerxes e Artaxerxes I3 foram
(dinastia persa). Suas ruínas, conhecidas com 20 metros de altura, das quais 13 ainda recuperados da tesouraria, nos quais são
como Takht-i Jamshid, estão localizadas a permanecem. Sua escada oriental estava descritos vários nomes judaicos, entre eles
nordeste de Shiraz, no Irã, a 226 quilôme­ ornamentada com imagens de delegações Baruque, Zacarias, Abias e Ezequi[as]. Ar-
tros do golfo Pérsico. Inscrições trilíngues no de persas, medos, egípcios, assírios, gregos taxerees I (465-425 a.C.) completou a sala
local informam as atividades de edificação e outros em suas vestimentas tradicionais, do trono, e Artaxerxes III (359-338 a.C.)
de várias gerações de monarcas persas.’ carregando tributos. acrescentou uma escadaria para o palácio
Dario I (522-486 a.C.)2 deu início à cons­ Xerxes I, que reinou de 486 a 465 a.C., de Dario. Alexandre, o Grande, destruiu a ci­
trução da cidade depois de ter criado uma adicionou um palácio maior, o harém e a dade em 330 a.C., vingando a destruição de
plataforma de 13,3 hectares, 12 metros tesouraria. Começou a "sala do trono de Atenas por Xerxes, em 480 a.C.4 Os sepulcros
acima da planície. Ele erigiu fortificações, 100 colunas" e construiu o "portão de To­ dos reis aquemênidas, escavados nas rochas
uma escada monumental até a plataforma, das as Nações", ornamentado com touros de Naqsh-i Rustam, estão localizados 5,7
um palácio, uma sala de audiências e outros colossais, alados e com cabeças humanas. quilômetros ao norte da cidade.

'Ver "História persa antiga até Dario", em Et 1; e "História persa antiga de Xerxes em diante", em Et 1. 2Ver "Dario I", em Ed 5. 3Ver "Artaxerxes I, o rei da
Pérsia", em Ed 7. 4Ver "Atenas", em At 18.

7 Somente eu, Daniel, tive a visão; os que me acompanhavam nada viram ,0 mas foram tomados10.7 »2Rs 6.17-20;
At 9.7
de tanto pavor que fugiram e se esconderam. 8 Assim fiquei sozinho,P olhando para aquela grande 10.8 PGn 32.24;
visão; fiquei sem forças,'Q m uito pálido, e quase desfaleci/ 9 Então eu o ouvi falando e, ao ouvi-lo, caí <€n 8.27; fHc 3.16
10.9 sDn 8.18
prostrado com o rosto em terra, e perdi os sentidos.s 10.10 Ur 1.9;
“Ap 1.17
10 E m seguida, a mão de alguém tocou em mim* e me pôs sobre as minhas mãos e os meus joelhos
vacilantes.1111E ele disse: “Daniel, você é m uito amado.v Preste bem atenção ao que vo u falar; levante- 10.11 vDn 9.23;
*Ez2.1
-se,w pois eu fui enviado a você”. Quando ele me disse isso, pus-me em pé, tremendo.
12 E ele prosseguiu: “Não tenhá medo, Daniel. Desde o prim eiro dia em que você decidiu buscar en­10.12 *Dn 9.3;
vDn 9.20
tendimento e humilhar-se* diante do seu Deus, suas palavras foram ouvidas, e eu vim em resposta a elas.y
13 Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias. Então Miguel,z um dos príncipes 10.13 ^v. 21;
Dn 12.1; Jd 9
supremos, veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de continuar ali com os reis da Pérsia.14Agora 10.14 aDn 9.22;
vim explicar3 a você o que acontecerá ao seu povo no futuro, pois a visão se refere a uma época fiitura”.b bDn
Hc2.3
2.28; 8.26;

15 Quando ele me disse isso, prostrei-m e com o rosto em terra, sem conseguir falar.0 16Então um10.15 cEz 24.27;
Lc 1.20
ser que parecia homem" tocou nos meus lábios, e eu abri a m inha boca e comecei a falar.d Eu disse 10.16 dls 6.7;
Jr 1.9; Dn 8.15-18;
àquele que estava em pé diante de m im : Estou angustiado*5por causa da visão, meu senhor, e quase els 21.3
desfaleço.17 Com o posso eu, teu servo, conversar contigo, meu senhor? M inhas forças se foram, e 10.17fDn 4.19
mal posso respirar.f
18 O ser que parecia hom em tocoufl em m im outra vez e me deu forças.19 Ele disse: “Não tenha10.18 9v. 16
10.19 hjz 6.23;
medo, você, que é m uito amado. Que a pazh seja com você! Seja forte! Seja forte!”' Is 35.4; Us 1.9;
ils 6.1-8
Ditas essas palavras, senti-me fortalecido e disse: Fala, meu senhor, visto que me deste forças.i
20 Então ele me disse: “Você sabe por que vim? Tenho que voltar para lutar contra o príncipe da10.20 kDn 8.21;
11.2
Pérsia e, logo que eu for, chegará o príncipe da Grécia;k 21 mas antes revelarei a você o que está escrito 10.21 'Dn 11.2; -w.

11
13; Jd 9
no Livro da Verdade.1E nessa luta ninguém me ajuda contra eles, senão Miguel,m o príncipe de vocês;
E, no prim eiro ano de D ario,n rei dos medos, ajudei-o e dei-lhe apoio. 11.1 nDn 5.31

'
Os Reis do Sul e os Reis do Norte
2 “Agora, pois, vo u anunciar a você a verdade:0 Outros três reis aparecerão na Pérsia, e depois virá112 °Dn 10.21;
pDn 10.20
um quarto rei, que será bem mais rico do que os anteriores. Depois de conquistar o poder com sua
0 1 0 . 1 6 Conforme a maioria dos manuscritos do Texto M assorético. Os manuscritos d o m ar M orto e a Septuaginta dizem
algo q u e se p arecia com a m ão d e um hom em

11.1 Ver “Dario, o medo”, em Dn 6.


DANIEL 11.25 1405

11.3 ® n 8 .4,21 r iq u e z a , i n s t i g a r á t o d o s c o n t r a o r e in o d a G r é c i a .P 3 E n t ã o s u r g i r á u m r e i g u e r r e i r o , q u e g o v e r n a r á
11.4 Dn 7.2; 8.22 c o m g r a n d e p o d e r e f a r á o q u e q u i s e r . ? 4 L o g o d e p o is d e e s t a b e le c id o » , o s e u im p é r io s e d e s f a r á e s e r á
r e p a r t id o e n t r e o s q u a t r o v e n t o s d o c é u .r N ã o p a s s a r á p a r a o s s e u s d e s c e n d e n t e s , e o im p é r io n ã o s e r á
p o d e r o s o c o m o a n t e s , p o is s e r á d e s a r r a ig a d o e e n t r e g u e a o u t r o s .
5 “ O r e i d o s u l s e t o r n a r á f o r t e , m a s u m d o s s e u s p r í n c i p e s s e t o r n a r á a in d a m a is fo r t e q u e e le e
g o v e r n a r á o s e u p r ó p r i o r e in o c o m g r a n d e p o d e r . 6 D e p o is d e a l g u n s a n o s , e le s s e t o r n a r ã o a lia d o s .
A f ilh a d o r e i d o s u l f a r á u m t r a t a d o c o m o r e i d o n o r t e , m a s e la n ã o m a n t e r á o s e u p o d e r , t a m p o u c o
e le c o n s e r v a r á o dele*1. N a q u e l e s d i a s e la s e r á e n t r e g u e à m o r t e , c o m s u a e s c o lt a r e a l e c o m s e u p a i c e
c o m a q u e le q u e a a p o io u .
11.7 "v. 6 7 “ A lg u é m d a lin h a g e m d e la se le v a n ta r á p a r a t o m a r -lh e o lu g a r . E le a ta c a r á a s fo r ç a s d o r e i d o

11.8 Is 37.19; n o r t e 3 e i n v a d i r á a s u a f o r t a le z a ; l u t a r á c o n t r a e la s e s e r á v i t o r i o s o . 8 T a m b é m t o m a r á o s d e u s e s d e le s ,’
46.1,2; «Jr 43.12
a s s u a s im a g e n s d e m e t a l e o s s e u s u t e n s ílio s v a l io s o s d e p r a t a e d e o u r o , e o s l e v a r á p a r a o E g it o .u P o r
a lg u n s a n o s e le d e ix a r á o r e i d o n o r t e e m p a z . 9 E n t ã o o r e i d o n o r t e i n v a d i r á a s t e r r a s d o r e i d o s u l,
11.10*15 8.8; m a s t e r á q u e s e r e t ir a r p a r a a s u a p r ó p r i a t e r r a . 10 S e u s filh o s s e p r e p a r a r ã o p a r a a g u e r r a e r e u n ir ã o u m
Jr 46.8; Dn 9.26
g r a n d e e x é r c it o , q u e a v a n ç a r á c o m o u m a i n u n d a ç ã o ir r e s is t ív e l v e l e v a r á o s c o m b a t e s a t é a fo r t a le z a
d o r e i d o s u l.
11.11 "Dn 8.7,8 11 “ E m fa c e d iss o , o re i d o s u l m a r c h a r á fu r io s o p a r a c o m b a te r o r e i d o n o r te , q u e o e n fre n ta rá
c o m u m e n o r m e e x é r c it o , m a s , a p e s a r d i s s o , s e r á d e r r o t a d o . " 12 Q u a n d o o e x é r c it o f o r v e n c id o , o r e i
d o s u l s e e n c h e r á d e o r g u l h o e m a t a r á m il h a r e s , m a s o s e u t r i u n f o s e r á b r e v e . 13 P o i s o r e i d o n o r t e
r e u n ir á o u t r o e x é r c it o , m a i o r q u e o p r im e ir o ; d e p o is d e a l g u n s a n o s v o lt a r á a a t a c á - lo c o m u m e x é r c it o
e n o r m e e b e m e q u ip a d o .
14 “ N a q u e l a é p o c a m u it o s s e r e b e l a r ã o c o n t r a o r e i d o s u l. E o s h o m e n s v io l e n t o s d o p o v o a q u e
11.15*Ez4.2 v o c ê p e r t e n c e s e r e v o l t a r ã o p a r a c u m p r i r e s t a v i s ã o , m a s n ã o t e r ã o s u c e s s o . 15 E n t ã o o r e i d o n o r t e
v i r á , c o n s t r u i r á r a m p a s x d e c e r c o e c o n q u is t a r á u m a c id a d e fo r t if ic a d a . A s fo r ç a s d o s u l s e r ã o i n c a p a ­

11.16 vDn 8.4; z e s d e r e s i s t ir ; m e s m o a s s u a s m e l h o r e s t r o p a s n ã o t e r ã o fo r ç a s p a r a r e s i s t i r . 16 O i n v a s o r f a r á o q u e


*Js 1.5; Dn 8,7;
•Dn 8.9 b e m e n t e n d e r ;!' n in g u é m c o n s e g u i r á d e t ê - lo .2 E le s e i n s t a l a r á n a T e r r a M a g n í f i c a e t e r á p o d e r p a r a
11.17 bSI 20.4 d e s t r u í- la .a 17 V i r á c o m o p o d e r d e t o d o o s e u r e in o e f a r á u m a a l ia n ç a c o m o r e i d o s u l. E le lh e d a r á
u m a fil h a e m c a s a m e n t o a f i m d e d e r r u b a r o r e in o , m a s o s e u p la n o 1* n ã o t e r á s u c e s s o b e e m n a d a o
11.18%66.19; a j u d a r á . 18 E n t ã o e le v o lt a r á a a t e n ç ã o p a r a a s r e g iõ e s c o s t e ir a s 0 e s e a p o s s a r á d e m u it a s d e l a s , m a s u m
Jr 25.22;
aOs 12.14 c o m a n d a n t e r e a g ir á c o m a r r o g â n c i a à a r r o g â n c ia d e le e lh e d a r á f i m .d 19 D e p o is d i s s o e le s e d i r i g i r á
11.19'SI 27.2;
p a r a a s fo r t a le z a s d e s u a p r ó p r i a t e r r a , m a s t r o p e ç a r á e c a i r á ,e p a r a n u n c a m a is a p a r e c e r .*
20 “ S e u s u c e s s o r e n v i a r á u m c o b r a d o r d e im p o s t o s p a r a m a n t e r o e s p l e n d o r r e a l.s C o n t u d o , e m
p o u c o s a n o s e le s e r á d e s t r u íd o , s e m n e c e s s id a d e d e ir a n e m d e c o m b a t e .

1 1 2 1 "Sn 8 25 2 1 ' ^ e s e r á s u c e d r á ° P o r u m s e r d e s p r e z ív e l ,h a q u e m n ã o t in h a s id o d a d a a h o n r a d a r e a le z a .' E s t e


11.22 iDn 8.10 j,i i n v a d i r á o r e in o q u a n d o o p o v o s e s e n t ir s e g u r o e s e a p o d e r a r á d o r e in o p o r m e io d e i n t r i g a s . 22 E n t ã o
u m e x é r c i t o a v a s s a l a d o r s e r á a r r a s a d o d i a n t e d e le ; t a n t o o e x é r c i t o c o m o u m p r í n c i p e d a a l i a n ç a
11.23 «Dn 8.25 s e r ã o d e s t r u í d o s .) 23 D e p o is d e fe it o o a c o r d o , e le a g i r á t r a iç o e ir a m e n t e k e c o m a p e n a s u m p e q u e n o
11 .24 'Ne 9.25 g r u p o c h e g a r á a o p o d e r . 24 Q u a n d o a s p r o v ín c ia s m a is r ic a s s e s e n t ir e m s e g u r a s , e le a s i n v a d i r á e r e a l i­
z a r á o q u e n e m s e u s p a i s n e m s e u s a n t e p a s s a d o s c o n s e g u ir a m : d i s t r i b u i r á d e s p o jo s , s a q u e s e r iq u e z a s
e n t r e s e u s s e g u id o r e s .1 E le t r a m a r á a t o m a d a d e f o r t a le z a s , m a s s ó p o r a l g u m t e m p o .
25 “ C o m u m g r a n d e e x é r c it o ju n t a r á s u a s fo r ç a s e s u a c o r a g e m c o n t r a o r e i d o s u l. O r e i d o s u l g u e r ­
r e a r á m o b il iz a n d o u m e x é r c it o g r a n d e e p o d e r o s o , m a s n ã o c o n s e g u ir á r e s i s t i r p o r c a u s a d o s g o lp e s
* 1 1 . 4 Ou No auge á o seu poder,
b 1 1 . 6 Ou se casará com o rei d o norte p a r a g aran tir um tratado, m as ele n ão m an terá o seu p o d e r e sua descendência não
subsistirá.
' 1 1 . 6 Ou filho-, com base na Vulgata e na Versão Siríaca.
* 1 1 . 1 7 Ou m as ela.

11.2 “Outros três reis” é uma referência a Cambises (530-522 a.C.), 11.12 O historiador grego Políbio registra que Antíoco perdeu quase
pseudo Esmerdis ou Gaumata (522 a.C.) e Dario I (522-486 a.C.). O 10 mil soldados em Rifia (fortaleza dos ptolomeus a sudoeste de Gaza),
“quarto rei” é XerxeS I (486-465 a.C.; ver nota em Et 1.1), que tentou em 217 a.C.
conquistar a Grécia em 480. 11.15 A “cidade fortificada” é o porto de Sidom, no Mediterrâneo (ver
11.3 O “rei guerreiro” é Alexandre, o Grande (336 a 32 3 a.C.). “Sidom”, em Zc 9).
11.5-45 Ver “Os ptolomeus”, em D n 7; “Os selêucidas”, em D n 12; 11.18 As “regiões costeiras” sáo uma referência à Ásia Menor e talvez
“Antíoco IV Epifanio’Vem Dn 11. à região grega.
11.8 Os “deuses deles” sáo as imagens das divindades sírias e os deuses
egípcios de que o persa Cambises se havia apoderado depois de conquis­
tar o Egito, em 525 a.C.
06 DANIEL 11.26

t r a m a d o s c o n t r a e l e . 26 M e s m o o s q u e e s t iv e r e m s e n d o a l im e n t a d o s p e lo r e i t e n t a r ã o d e s t r u í- l o ; s e u
e x é r c ito s e r á a r r a s a d o , e m u it o s c a i r ã o e m c o m b a t e . 27 O s d o i s r e is , c o m s e u c o r a ç ã o in c l i n a d o p a r a 11.27 ™si 64.6;
o m a l ,m s e n t a r ã o à m e s m a m e s a e m e n t i r ã o " u m p a r a 0 o u t r o , m a s s e m r e s u l t a d o , p o is 0 f i m s ó v i r á n o «hc Z 3 ' Jr 9'5’
t e m p o d e t e r m in a d o .0 28 O r e i d o n o r t e v o lt a r á p a r a a s u a t e r r a c o m g r a n d e r iq u e z a , m a s o s e u c o r a ç ã o
e s t a r á v o lt a d o c o n t r a a s a n t a a lia n ç a . E le e m p r e e n d e r á a ç ã o c o n t r a e la e d e p o is v o lt a r á p a r a a s u a t e r r a .

11.28 Em 169 à.C., Antíoco saqueou o templo de Jerusalém, montou


uma guarnição ali e massacrou muitos judeus na cidade (ver “Antíoco IV
Epifânio”, em Dn 11).

Antíoco IV Epifânio
DANIEL 11 Antíoco IV Epifânio governou o estudiosos bíblicos acredita que Antíoco IV lhante para o norte. Depois disso, esse tirano
reino selêucida (sírio) de 175 a 164 a.C.' tenha sido o "pequeno chifre" de Daniel 8.9 tentou a todo custo helenizar Jerusalém.
Epifânio quer dizer "manifesto", e o nome e o "ser desprezível” de 11.21. Suas relações Em 167 a.C., Antíoco enviou seu cobra­
indica que ele reivindicou ser a manifes­ com os judeus são registradas em 1 e 2Maca- dor de impostos Apolônio a Jerusalém com
tação terrestre de Zeus.2 Antíoco tentou beus (livros apócrifos) e são profeticamente 22 mil homens. Eles atacaram no sábado,
unificar seu império impondo a cultura descritas em Daniel 8.9-12,23-25 e 11.21- matando a maioria da população masculina
helenística a todos os seus habitantes. Essa 34. Ele foi infame por estabelecer a adoração e escravizando as mulheres e crianças. Os
política resultou em conflitos pagã no templo de Jerusalém. muros de Jerusalém foram demolidos, e
violentos com os judeus da Por volta de 174a.C., Jasão, líder de uma uma guarnição militar selêucida posicionou-
região conhecida mais facção favorável aos gregos no sacerdócio de -se diretamente ao sul do templo. Todos os
tarde como Palestina. Jerusalém, subornou Antíoco para se estabe­ rituais judaicos foram proibidos, resultando
A maioria dos lecer como sumo sacerdote, e depois disso na cessação do sacrifício diário. Um altar
Jasão dedicou-se a transformar Jerusalém a Zeus foi erguido sobre o altar judaico de
numa cidade grega (2Mc 4.7-22). Em 171 ofertas queimadas, e a adoração a Zeus foi
a.C., porém, outro homem, Menelau, por sua instituída no templo. No dia 25 de dezembro
vez, comprou o sacerdócio de Antíoco. Jasão, de 167 a.C., um porco foi sacrificado no altar de
acreditando que Antíoco havia morrido, to­ Zeus— o "sacrilégio terrível" de Daniel 9.27,
mou Jerusalém pela força, porém Antíoco re­ 11.31 e12.11.
tornou em 169 a.C. e executou um massacre Enfurecidos, os judeus rebelaram-se con­
na cidade. Passou então ao Egito, mas foi tra seus superiores gregos e, sob a liderança
humilhado pelo enviado romano Po- de Judas Macabeu, derrotaram os exércitos
pílio Lenate e forçado a fazer uma que Antíoco enviara contra eles. Depois de
retirada humi­ uma luta de três anos, as forças judaicas ob­
tiveram as concessões principais dos gregos,
e os macabeus se tornaram de fato os gover­
nantes da Judeia. Notavelmente, eles purifi­
caram o templo e restabeleceram o sacrifício
diário, um acontecimento comemorado na
festa do Hanuká. 0 próprio Antíoco, que ha­
via partido para o leste a fim de fazer campa­
nha em Elão, morreu na Pérsia, em 164 a.C.3

'Ver "Os selêucidas", em Dn 12. 2Ver “Os deuses


dos gregos e dos romanos", em Gl 4. JVer também
"0 período intertestamental", em Ml 3.

Bronze romano: um homem conduz um javali para ser sacrificado


Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu Britânico
DANIEL 12.7 140 7

29 “ N o t e m p o d e t e r m in a d o e le i n v a d i r á d e n o v o o s u l, m a s d e s t a v e z o r e s u l t a d o s e r á d i f e r e n t e
d o a n t e r io r . 30 N a v i o s d a s r e g iõ e s d a c o s t a o c i d e n t a H s e o p o r ã o a e le , e e le p e r d e r á o â n im o . E n t ã o
d e s p e ja r á s u a f u r i a c o n t r a a s a n t a a l ia n ç a e , v o lt a n d o , t r a t a r á c o m b o n d a d e a q u e le s q u e a b a n d o n a r e m
a s a n t a a lia n ç a .
11.31 oDn 8.11- 31 “ S u a s f o r ç a s a r m a d a s s e l e v a n t a r ã o p a r a p r o f a n a r a fo r t a le z a e o t e m p l o , a c a b a r ã o c o m o s a c r i f í ­
13; 9.27;
Mt 24.15*; c io d i á r io e c o l o c a r ã o n o t e m p l o o s a c r il é g io t e r r ív e l .^ 32 C o m lis o n ja s c o r r o m p e r á a q u e le s q u e t iv e r e m
Mc 13.14*
11.32 rMq 5.7-9 v io l a d o a a lia n ç a , m a s o p o v o q u e c o n h e c e o s e u D e u s r e s i s t i r á c o m f i r m e z a /
11.33 SMI 2.7; 33 “ A q u e l e s q u e s ã o s á b io s i n s t r u ir ã o s a m u it o s , m a s p o r c e r t o p e r í o d o c a ir ã o à esp ad a e s e r ã o q u e i­
•Mt 24.9; Jo 16.2;
Hb 11.32-38 m a d o s , c a p t u r a d o s e s a q u e a d o s / 34 Q u a n d o c a ír e m , r e c e b e r ã o u m a p e q u e n a a ju d a , e m u i t o s q u e n ã o
11.34 uMt 7.15;
Rm 16.18 s ã o s in c e r o s u s e ju n t a r ã o a e l e s . 35 A l g u n s d o s s á b io s t r o p e ç a r ã o p a r a q u e s e ja m r e f in a d o s ,v p u r if ic a d o s
11.35 vSI 78.38;
Dn 12.10; Zc 13.9; e a l v e ja d o s a t é a é p o c a d o f im , p o is is s o s ó a c o n t e c e r á n o t e m p o d e t e r m in a d o .
Jo 15.2

O Rei Arrogante
11.36 "Ap 13.5,6; 36 “ O r e i fa r á o q u e b e m e n te n d e r . E le s e e x a lta r á e s e e n g r a n d e c e r á a c im a d e t o d o s o s d e u se s e d irá
«Dt 10.17;
Is 14.13,14; c o is a s ja m a i s o u v id a s w c o n t r a o D e u s d o s d e u s e s .x E l e t e r á s u c e s s o a t é q u e o t e m p o d a ira v s e c o m p le t e ,
Dn 7.25;
8.11,12,25; p o i s o q u e f o i d e c id i d o i r á a c o n t e c e r .37 E le n ã o t e r á c o n s id e r a ç ã o p e l o s d e u s e s d o s s e u s a n t e p a s s a d o s
2Ts 2.4; vis 10.25;
26.20 n e m p e l o d e u s p r e f e r id o d a s m u l h e r e s , n e m p o r d e u s a l g u m , m a s s e e x a l t a r á a c i m a d e le s t o d o s . 38 E m
s e u lu g a r a d o r a r á u m d e u s d a s fo r t a l e z a s ; u m d e u s d e s c o n h e c id o d e s e u s a n t e p a s s a d o s e le h o n r a r á
c o m o u r o e p r a t a , c o m p e d r a s p r e c i o s a s e p r e s e n t e s c a r o s . 39 A t a c a r á a s f o r t a l e z a s m a i s p o d e r o s a s
c o m a a ju d a d e u m d e u s e s t r a n g e ir o e d a r á g r a n d e h o n r a à q u e l e s q u e o r e c o n h e c e r e m . E le o s f a r á
g o v e r n a n t e s s o b r e m u it o s e d i s t r i b u i r á a t e r r a , m a s a u m p r e ç o e le v a d o * 7.
11.40 zls 21.1; 40 “ N o t e m p o d o f i m o r e i d o s u lz s e e n v o l v e r á e m c o m b a t e , e o r e i d o n o r t e o a t a c a r á 3 c o m c a r r o s
als 5.28; bEz 38.4
e c a v a l e ir o s e u m a g r a n d e f r o t a d e n a v io s . E le in v a d i r á m u it o s p a í s e s e a v a n ç a r á p o r e le s c o m o u m a
11.41 c|S 11.14; in u n d a ç ã o .b 4 1 T a m b é m i n v a d i r á a T e r r a M a g n íf i c a . M u it o s p a í s e s c a ir ã o , m a s E d o m ,c M o a b e d e o s
«Ur 48.47
líd e r e s d e A m o m f ic a r ã o liv r e s d a s u a m ã o . 42 E l e e s t e n d e r á o s e u p o d e r s o b r e m u it o s p a í s e s ; o E g it o
11.43 eEz 30.4; n ã o e s c a p a r á , 43 p o i s e s s e r e i t e r á o c o n t r o l e d o s t e s o u r o s d e o u r o e d e p r a t a e d e t o d a s a s r i q u e z a s
•2Cr 12.3; Na 3.9
d o E g it o ;e o s l íb io s f e o s n ú b io s a e le s e s u b m e t e r ã o .44 M a s in fo r m a ç õ e s p r o v e n ie n t e s d o l e s t e e d o n o r t e
o d e i x a r ã o a l a r m a d o , e ir a d o p a r t i r á p a r a d e s t r u ir e a n i q u i la r m u i t o p o v o . 45 A r m a r á s u a s t e n d a s r e a is
e n t r e o s m a r e s , n o c b e l o e s a n t o m o n t e . N o e n t a n t o , e le c h e g a r á a o s e u f im , e n in g u é m o s o c o r r e r á .

Os Tempos do Fim
12.19Dn 10.13; “ N a q u e l a o c a s i ã o M i g u e l ,9 o g r a n d e p r í n c i p e q u e p r o t e g e o s e u p o v o , s e l e v a n t a r á . H a v e r á u m
hDn 9.12;
Mt 24.21;
Mc 13.19;
Ap 16.18;
O te m p o d e a n g ú s tia h c o m o n u n c a h o u v e d e s d e o in íc io d a s n a ç õ e s a té e n tã o . M a s n a q u e la o c a ­
s i ã o o s e u p o v o , t o d o a q u e l e c u j o n o m e e s t á e s c r it o n o l i v r o ,' s e r á l i b e r t o J 2 M u l t i d õ e s q u e d o r m e m
‘Êx 32.32; SI 56.8;
Ur 30.7
n o p ó d a t e r r a a c o r d a r ã o : u n s p a r a a v i d a e t e r n a , o u t r o s p a r a a v e r g o n h a , p a r a o d e s p r e z o e t e r n o .k
12.2 *ls 26.19; 3 A q u e le s q u e s ã o s á b io s '* 1 r e l u z i r ã o m c o m o o f u l g o r d o c é u , e a q u e l e s q u e c o n d u z e m m u i t o s à ju s t i ç a
Mt 25.46;
Jo 5.28,29 s e r ã o c o m o a s e s tr e la s , p a r a to d o o s e m p r e / 1 4 M a s v o c ê , D a n ie l, fe c h e c o m u m s e lo 0 a s p a la v r a s d o
12.3 'Dn 11.33;
mMt 13.43; Jo l i v r o a t é o t e m p o d o fim .P M u i t o s i r ã o p o r t o d o l a d o e m b u s c a d e m a i o r c o n h e c i m e n t o ” .
5.35; "1Co 15.42
12.4 °ls 8.16; pv. 5 E n t ã o e u , D a n i e l, o lh e i, e d i a n t e d e m i m e s t a v a m d o is o u t r o s a n jo s , u m n a m a r g e m d e c á d o r io e
9,13; Ap 22.10
12.5 ^Dn 10.4 o u t r o n a m a r g e m d e lá .Q 6 U m d e le s d i s s e a o h o m e m v e s t id o d e l i n h o / q u e e s t a v a a c i m a d a s á g u a s d o
12.6 í z 9.2; r io : “ Q u a n t o t e m p o d e c o r r e r á a n t e s q u e s e c u m p r a m e s s a s c o is a s e x t r a o r d i n á r i a s ? ” 8
sDn 8.13
12.7 tAp 10.5,6; 7 O h o m e m v e s t id o d e lin h o , q u e e s t a v a a c im a d a s á g u a s d o r io , e r g u e u p a r a o c é u a m ã o d i r e it a
uDn 7.25;
“Dn 8.24; e a m ã o e s q u e r d a , e e u o o u v i j u r a r p o r a q u e le q u e v i v e p a r a s e m p r e ,1 d iz e n d o : “ H a v e r á u m t e m p o ,
wLc 21.24; Ap 10.7

0 1 1 . 3 0 Hebraico: navios de Quitim.


b 1 1 . 3 9 Ou terra como recompensa.
c 1 1 . 4 5 Ou entre o m ar e o.
d 1 2 .3 Ou que dão sabedoria.

11.3 1 O “sacrilégio terrível” é o altar ao deus pagão Zeus, erigido, em profecia refere-se ao “tempo do fim” (v. 40; cf. V. 35). Na conclusão do
167 a.C., por Antíoco IV Epifânio, e prefigura uma abominação seme­ conflito entre o Anticristo e seus inimigos políticos, ele terá seu fim no
lhante à que Jesus predisse que seria erigida (ver M t 24.15; Lc 21.20). “belo e santo monte” (v. 45; ver “Zafom, Olimpo, Sinai e Sião: o monte
11.34 Esse versículo refere-se à rebelião judaica conduzida por Judas de Deus”, em SI 48), o monte do templo de Jerusalém — talvez em
Macabeu. Após uma guerra de três anos, os macabeus obtiveram êxito, e conexão com a batalha do Armagedom (Ap 16.13-16).
o altar do templo foi dedicado outra vez. 12.2 Essa é a primeira referência clara a uma ressurreição de justos e
11.36-45 Daniel conclui suas predições sobre Antíoco IV Epifânio no maus (ver nota em SI 6.5; ver também “Sheol, Hades, Geena, Abismo e
versículo 35 e começa a profetizar a respeito de um futuro mais distante. Tártaro: imagens do inferno”, em SI 139).
A linguagem de Daniel nesses versículos parece maior que a vida de An­ 12.5 Dois era o número mínimo de testemunhas exigidas para um jura­
tíoco e não se ajusta ao que se conhece de sua história. Além disso, essa mento (ver D t 17.6; 19.15; D n 12.7).
os DANIEL 12.8

tempos" e meio tempo.u Quando o poder do povo santov for finalmente quebrado, todas essas coisas se
cumprirão” .w
8 Eu ouvi, mas não compreendi. Por isso perguntei: “Meu senhor, qual será o resultado disso
tudo?”
9 Ele respondeu: “Siga o seu caminho, Daniel, pois as palavras estão seladas e lacradas até o tempo 12.911.4

do fim .x 10 M uitos serão purificados, alvejados e refinados,v mas os ímpios continuarão ímpios.2 12.1 o»Dni 1 .35 ;
Nenhum dos ímpios levará isto em consideração, mas os sábios sim.a ^
‘ su. 9 9 2211
» 1 2 .7 Ou dois tempos.

Os selêucidas
DANIEL 12 Depois da morte de Alexandre, 0 selêucidas e os ptolomeus (estes agora sob a Seu governo opressor incitou uma rebelião
Grande, seu sólido império foi dividido entre liderança de Ptolomeu III, irmão de Berenice). judaica, a revolta dos macabeus. Antíoco
seus generais, que competiam pelo poder. Antíoco II é "0 rei do norte" de Daniel 11.6. Epifânio quase conquistou 0 Egito, em 168
Um dos principais vencedores foi Selêuco I • f Selêuco II Calínico (246-225 a.C.). Filho a.C., mas retrocedeu quando 0 romano Popí-
(n. ca. 358 a.C.), que tomou 0 controle de um de Antíoco II e Laodice, seu reinado começou lio Latena 0 advertiu a não prosseguir.
domínio centralizado na Síria. Sua dinastia com uma guerra contra Ptolomeu III. Durante •J* Antíoco V Eupáter (164-162 a.C.). Dois
— os selêucidas — governou ali de 321 sua vida, 0 Império Selêucida quase entrou homens, Filipe e Lísias, disputaram 0 controle
a 64 a.C.; em colapso. sobre esse menino durante seu breve reina­
❖ Selêuco IIISóter (225-223 a.C.). Seu breve do. A confusão deixou uma abertura para
❖ Selêuco I Niátor. Reinou de312a281 a.C. reinado focou-se numa campanha fracassada os macabeus, contra os gregos. Embora não
Amigo de infância de Alexandre, tomou 0 para recuperar 0 controle de Anatólia. plenamente bem-sucedidos, conquistaram
controle da Babilônia. Um general grego rival, ❖ Antíoco III, 0 Grande (223-187 a.C.). Filho concessões religiosas.
Antígono Monoftalmo, forçou-o a refugiar-se mais jovem de Selêuco II, foi 0 rei-guer- • f Demétrio I Sóter (162-150 a.C.). Filho de
no Egito com outro general grego, Ptolo- reiro mais próspero dos selêucidas. Começou Selêuco IV, matou Filipe e Lísias e assumiu 0
meu.1 Selêuco I retornou ao poder na Síria e os combates no sul, na Palestina, contra os trono. As guerras com os judeus continuaram.
Babilônia em 312 a.C. Em 301 a.C., mudou sua ptolomeus, mas foi contido em Ráfia por Judas Macabeu foi morto na batalha e subs­
capital para 0 oeste, para Antioquia da Síria, Ptolomeu IV, em 217 a.C. Retornando para tituído pelo seu irmão Jônatas, que derrotou
cidade que havia fundado. Pelos termos de 0 Oriente, venceu a Báctria e a Pártia. Numa os selêucidas.
um tratado de paz, teria direito ao controle da nova guerra contra os ptolomeus, agora sob • f Desde então, 0 poder selêucida enfraque­
Palestina — da qual Ptolomeu recusou-se a a liderança de Ptolomeu V, conquistou 0 con­ ceu continuamente. Um usurpador chamado
abdicar. Depois disso, os selêucidas passaram trole da Palestina, em 200 a.C., e em seguida Alexandre Balas competiu de forma ineficaz
a considerara Palestina legalmente sua. tratou de recuperar a Anatólia. A guerra co­ ao trono selêucida. Demétrio II, filho de
Antíoco I Sóter. Reinou de 281 a 261 a.C. meçou entre Roma e os selêucidas, e Antíoco Demétriol,tomouopoderegovemoude145
Filho de Selêuco I, disputou com Ptolomeu II III foi derrotado em várias batalhas. Antíoco III a 140 a.C., aproximadamente, e outra vez, de
do Egito 0 controle da Palestina e da Anatólia é "0 rei do norte" em Daniel 11.11-13. cerca de 129 a 125 a.C. (entre os dois perío­
(Turquia). Selêuco IV Filopátor (187-175 a.C.). Filho dos, ele foi prisioneiro dos partos). Enquanto
Antíoco II Theós. Reinou de 261 a 246 de Antíoco III, seu reinado foi dificultado por isso, Antíoco VI Epifânio Dionísio (filho de
a.C. Esse governante obteve êxito contra pressões financeiras pelos pagamentos de Alexandre Balas), Antíoco VII Sídetes (irmão
Ptolomeu II na luta contínua pelo controle pesados tributos a Roma. de Demétrio II) e Trifão (outro usurpador)
da Anatólia. Ptolomeu persuadiu-o a casar-se •?• Antíoco IV Epifânio3 (175-164 a.C.). Filho disputaram 0 trono. Essa situação tomou os
com sua filha Berenice, união que causou difi­ mais jovem de Antíoco III, um usurpador do judeus influentes, demonstrando quan­
culdades dinásticas entre os selêucidas. A pri­ trono após 0 assassinato de Selêuco IV, Antí­ to os selêucidas haviam declinado. 0 último
meira esposa selêucida, Laodice, estabeleceu oco foi 0 mais infame dos selêucidas. Tentou governante selêucida foi Antíoco XIII Asiáti­
uma corte rival em Éfeso2 e, depois da morte extirpar 0 judaísmo e substituí-lo pela cultura co (69-64 a.C.). No último ano de seu reinado,
de Antíoco, assassinou Berenice e seu filho. helenística. Suas atrocidades estão registra­ Pompeu, 0 Grande, tornou a Síria uma provín­
Isso resultou na retomada da guerra entre os das no livro apócrifo de 2Macabeus (cap. 5). cia romana.4
'Ver “Os ptolomeus", em Dn 7. 2Ver “História primitiva de Éfeso", em 2Tm 1. JVer "Antíoco IV Epifânio", em Dn 11. 4Ver também "0 período intertestamental", em
Ml 3.
DANIEL 12.13 1409

12.11 »Dn8.ii; 11 “ Depois de abolido o sacrifício diário e colocado o sacrilégio terrível,b haverá mil e duzentos
' Mc 13.14* e noventa dias . 12 Feliz aquele que esperar0 e alcançar o fim dos mil trezentos e trinta e cinco dias.d
12.12*30^8j 13 “ Quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansaráe e, então, no final dos dias, você
<s 16 5*Áp14?Í3 se levantará para receber a herança que lhe cabe” .*

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