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2004 Pinto Maria Terceirizacao Servicos
2004 Pinto Maria Terceirizacao Servicos
1 - INTRODUÇÃO
* Maria Cecília Alves Pinto é Juíza titular da 26ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.39, n.69, p.123-146, jan./jun.2004
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1
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, São Paulo: LTr, 2002, p.
417.
2
Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, n. 63, Belo Horizonte, MG, Brasil,
Ano 1, n. 1, 1965/2001, p. 47.
3
LIMA, Rusinete Dantas de. Aspectos Teóricos e Práticos da Terceirização do Trabalho
Rural, São Paulo: LTr, 1999, p 29.
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da parceria empresarial. Neste sentido, Jarbas Vasconcelos, citado por José Luiz
Ferreira Prunes4, afirmou: “Quando se fala em terceirização como um instrumento
de flexibilização empresarial, deve-se entender de imediato a terceirização como
uma espécie de gênero de parceria empresarial. Donde se conceitua a terceirização
como convergência de esforços sociais produtivos, com o objetivo de qualidade e
produtividade.”
Entretanto, em um segundo momento, mudou-se o objetivo da terceirização,
que passou a ser utilizada objetivando a redução dos custos empresariais, com
decréscimo no padrão salarial dos empregados e sem grande preocupação dos
tomadores de serviços relativamente à idoneidade da empresa prestadora de
serviços, pois o seu objetivo é tão-somente a redução de custos.
É de se salientar, ainda, que a marchandage, assim entendida aquela
atividade limitada ao fornecimento de mão-de-obra para a tomadora, em que é
óbvio o objetivo de criar uma falsa relação jurídica, mascarando a relação de
emprego entre os trabalhadores e a empresa tomadora, é repelida pelo nosso
ordenamento jurídico. A respeito da marchandage, Maria Julieta Mendonça Viana5
asseverou que: “Se a empresa prestadora não tem atividade própria; se seu objetivo
se limita ao fornecimento de mão-de-obra para a tomadora, não há terceirização, e
sim, autêntica marchandage. Fica óbvio o propósito de criar uma falsa relação
jurídica para mascarar a verdadeira relação, que é o vínculo empregatício entre os
trabalhadores e a empresa tomadora.”
Da leitura do inciso IV do Enunciado n. 331 do TST, fica claro que a
terceirização ali autorizada é de serviços e não de empregados. A intermediação
de empregados só é autorizada no contrato temporário de trabalho, previsto no
inciso I do Enunciado n. 331 do TST, em que o trabalhador temporário se integra
no ambiente de trabalho da empresa tomadora, prestando serviços subordinados
àquela empresa.
Verifica-se, assim, que a terceirização de serviços é realidade que vem
crescendo à margem da legislação, que pouco regulamentou a matéria, tendo a
doutrina e a jurisprudência o encargo de tratar a questão, de forma que o trabalhador
terceirizado tenha garantidos os direitos trabalhistas, inclusive com efetividade da
tutela judicial, pois é muito comum empresas serem criadas, para prestação de
serviços a outra, com o objetivo de lucro fácil, sem qualquer responsabilidade social
e que, da mesma forma como aparecem, desaparecem, sem deixar rastros.
Referidas empresas inidôneas assumem atividades que lhe são acometidas por
outras, que devem ser responsabilizadas pelos créditos trabalhistas dos
empregados que a beneficiaram com seu labor, uma vez que “qui habet commoda,
ferre debet onera”.
Neste sentido, é esclarecedora a seguinte ementa:
4
PRUNES, José Luiz Ferreira. Terceirização do Trabalho, 1. ed. 3ª tiragem, Curitiba:
Juruá,1997, p. 21. A matéria citada foi publicada no Jornal Trabalhista, ano X, n. 478, p.
956, sendo o Dr. Jarbas Vasconcelos um advogado paranaense.
5
Revista LTr 61-11/1473.
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A terceirização pode ser lícita ou ilícita, sendo que mesmo aquelas que
apresentam aparência de licitude, em verdade, podem estar ocultando verdadeira
relação de emprego com o tomador de serviços, que simplesmente se vale de
intermediário inidôneo, com o objetivo único de fraudar a legislação trabalhista,
lesando os trabalhadores, o que deve merecer especial atenção do Judiciário,
quando da solução dos litígios que lhe são submetidos.
Interessa-nos, no presente estudo, a responsabilização do tomador de
serviços, quanto aos trabalhadores terceirizados, sendo que, inicialmente, é
necessária uma breve incursão na legislação existente sobre o tema.
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Obra citada, p. 37 a 44.
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Obra citada, p. 38.
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2.3 - Cooperativas
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Obra citada, p. 445.
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9
Obra citada, p. 57.
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O Que Há de Novo em Direito do Trabalho. Márcio Túlio Viana e Luiz Otávio Renault -
coordenadores. São Paulo: LTr, 1997, p. 81.
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense,
1982, v. I, p. 566/572.
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GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil, 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986, p.
414/419.
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“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.”
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Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, n. 62, Belo Horizonte, MG, Brasil,
Ano 1, n. 1, 1965/2000, p. 101.
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Há ainda uma terceira linha de pensamento, que, à idéia de culpa por ato
de terceiro, acresce o entendimento de que a responsabilidade é uma decorrência
do risco empresarial (responsabilidade objetiva). Como exemplo, transcreve-se a
seguinte ementa:
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OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador, 3. ed. São
Paulo: LTr, 2001, p. 261/266.
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Revista do Direito Trabalhista, Brasília, v. 06, n. 2, fev./2000, p. 07/09.
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GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho, 8. ed. São Paulo: LTr, 1993, p. 164.
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PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo Trabalhista de Conhecimento, São Paulo:
LTr, 1991, p. 194.
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Cada caso deve ser examinado pelas peculiaridades a ele ligadas, sendo
que o princípio da razoabilidade deve nortear o julgador na imposição ou não de
responsabilidade à empresa tomadora.
12 - BREVES CONCLUSÕES
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BIBLIOGRAFIA
2 - GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho, 8. ed. São Paulo: LTr, 1993.
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