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El rescate de un pensar indígena es importante porque abre la


comprensión de esta América. (Rodolfo Kusch)

REALIZAÇÃO
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Brasil
Faculdade de Educação / Programa de Pós-Graduação em Educação
Instituto de Letras / Programa de Pós-Graduação em Letras
Centro Cultural UFRGS
Museu da UFRGS
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) – Brasil
Programa de Pós-Graduação em Educação
Universidad Tres de Febrero (UNTREF) – Argentina
Programa Pensamento Americano

SEGUNDA CIRCULAR
APRESENTAÇÃO
O tema Territorialidades e Interculturalidades: movimentos seminais na América
profunda, que dá título às VIII Jornadas O pensamento de Rodolfo Kusch, busca enlaçar as
reflexões que traduzem um fazer acadêmico situado em um territorio dialógico, de ações
interculturais produzidas no encontro com coletivos populares, indígenas e
afrodescendentes.
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS/COMUNICAÇÕES ORAIS
Convidamos pesquisadores, estudantes e demais interessados em aprofundar
reflexões sobre o pensamento de Rodolfo Kusch para apresentar suas pesquisas, relatos
de experiências, ensaios e reflexões teórico-argumentativas, em formato de resumo
expandido até 31 de julho de 2019 (instruções para envio na sequência do documento).
A proposta deve estar adequada a um dos eixos temáticos listados abaixo.

EIXOS TEMÁTICOS
o Eixo Temático 1: Educação, interculturalidades e libertação
O encontro com o Outro no espaço educativo evidencia a existência de diferentes
universos de compreensão, racionalidades e maneiras de pensar a América Profunda,
revelando indícios da continuidade do passado americano no presente. Diversas vozes
surgem, cada vez com maior força, para pensar esta América desde o que realmente
somos, com implicações na educação e com a disposição de quebrar estereótipos e pré-
conceitos já naturalizados nos fazeres educativos em nosso continente. Nesse contexto,
este eixo convida a pensar a escola desde o olhar de Kusch, traçando modos que
permitam vivenciar e reconhecer essas diversas formas de pensamento (co)existentes,
abrindo horizontes para estabelecer diálogos interculturais em um plano de igualdade
com o Outro.

o Eixo Temático 2: Povos indígenas: educação, cosmologias e línguas


Os povos indígenas apresentam grande riqueza de conhecimentos teóricos e
práticos relacionados com suas cosmologias, modos de vida, línguas e pedagogias
próprias. No entanto, enfrentam o desafio histórico e atual de lidar com questões
interculturais e decoloniais em uma sociedade onde predomina a globalização neoliberal,
com a imposição de padrões culturais, linguísticos e educacionais. Diante desse desafio,
este eixo aborda reflexões que integram o pensamento de Rodolfo Kusch e de outros
autores com conhecimentos e compreensões sobre epistemologias e concepções
indígenas, incluindo cosmologias, sistemas organizacionais, línguas, tecnologias e
processos educacionais próprios, de modo a contribuir para uma maior compreensão do
pensamento ameríndio, suas trajetórias, lutas e concretizações.

o Eixo Temático 3: Filosofias do sul e processos de libertação


Descolonizar a filosofia significa não apenas escutar e acolher outras vozes e
outras cosmovisões, mas problematizar a lógica hegemônica e a imposição de
pensamentos dominantes. Recuperar para a filosofia o fundo comum da humana
experiência mundana implica interrogar quem pode pensar e sobre o que pensar. Aqui,
o que e o quem do pensamento são inseparáveis. Este eixo propõe um diálogo entre o
pensamento de Rodolfo Kusch e o pensamento indígena, afrodescendente e popular que
emerge dos sujeitos instituintes de ações sociais emancipatórias para promover o
reencontro com uma filosofia adiada. Assim, acolhe propostas que permitam pensar
como a filosofia – e o filosofar – que reconhece outros modos de existência e justifica
outros modos de convivência pode fazer deste território de diferenças seu mapa de
questionamentos e conceitos.

o Eixo Temático 4: Histórias, memórias e narrativas


A narrativa é forma que organiza a experiência humana no tempo e no espaço. Sua
contribuição é inegável para o campo da história, assim como para a elaboração da
memória coletiva ou individual. No caso da obra de Rodolfo Kusch, para além da escrita
literária, a narrativa encontra lugar na escuta que realizou dos povos andinos e dos
grupos populares sua imersão na América profunda. Através de antigas narrativas, o
filósofo aprende sobre a marcha de deus no mundo e com elas chega à compreensão da
história como conflito, mas também como equilíbrio de coisas opostas. Enquanto a
pequena história da cidade se reduz à riqueza do pátio de objetos e ao desamparo no
esforço de “ser alguém”, a história grande do americano se forja no saber milenar de ritos
e mitos manifestos no simples “estar aqui” em comunidade, submetido à natureza e à ira
divina.

o Eixo Temático 5: Corporeidade, espiritualidade e saúde


Este eixo contempla estudos, práticas e investigações que pensem a saúde na sua
relação com a corporeidade e a espiritualidade. Acolhe discussões de perspectivas
amplificadas da espiritualidade como modos de existência e de pensamento, como nas
cosmologias ameríndias e afrodescendentes. Considera o xamanismo como práticas
tradicionais de cura e de educação e suas derivações na contemporaneidade na formação
profissional e nas práticas sociais.

o Eixo Temático 6: Colonialismo, colonialidade e pensamento decolonial


A história do continente americano é marcada pela modernidade/colonialidade
eurocêntrica que sustentou e, em parte ainda sustenta, a ideia de um mundo civilizado se
contrapondo à barbárie, de um tipo de desenvolvimento e progresso baseados em
modelos exógenos indicados como único caminho para sair de um suposto atraso. São
heranças coloniais que tentam explicar a dominação e a submissão que aflige a América
indo-afro-latina por meio da ideia de “inferioridade natural”. Contudo, a América contém a
força da Pachamama, que produz caminhos próprios inspirados em uma geocultura, em
saberes e conhecimentos originários como fontes alimentadoras do pensamento e de
posturas decoloniais, que também são heranças de lutas e re-existências, como sementes
germinando no mais profundo solo americano.
o Eixo Temático 7: Teatro, artes, literaturas e estéticas
Em sua obra, Rodolfo Kusch, criou categorias e metáforas para indagar a filosofia
ocidental dominante. Para isso, mergulhou numa vivência investigativa sobre o
pensamento americano situado e seminal, em que questiona diversas formas de
realidades através de diferentes perspectivas, como: o monstruoso e amorfo estético, o
vazio da arte americana, tragédias dicotômicas entre o vital e o social, a crítica a uma
“gran arte” e a uma literatura do tenebroso. É nessa paisagem entrelaçada de arte e
cultura que o pensamento de Kusch orbita e fagocita, abrindo caminhos para análises
críticas de nossas mais profundas problemáticas e criações. Portanto, este eixo convida a
debater sobre teatro, artes, literaturas e estéticas nos vieses de poéticas de(s)coloniais,
bem como nos gestos de libertação.

o Eixo Temático 8: Políticas e estudos de América


Aprendemos com Rodolfo Kusch que a compreensão da realidade sul-americana
encontra-se além das metodologias, dos critérios de objetividade e das relações de causa
e efeito herdados do racionalismo eurocêntrico. Essa compreensão está profundamente
relacionada ao solo americano, com toda a sua gravidade e potencial de germinação,
sendo ela própria fruto que brota deste solo, onde noções como “seminalidade” e “fedor”
mostram-se mais fecundas para a compreensão de nossos processos políticos e de
outros aspectos de nossa realidade do que as categorias acadêmicas tradicionais. Nesse
sentido, este eixo busca reunir estudos voltados para a compreensão de políticas, bem
como de variados aspectos da realidade americana desde sua porção Sul, em diálogo com
a obra de Kusch e de pensadores que abrem brechas para o reconhecimento de outras
epistemologias, contemplando diferentes contextos e problemáticas na compreensão da
realidade americana.

o Eixo Temático 9: Mulheres, sabedorias e lutas


O presente eixo tem como objetivo dialogar sobre as diferentes narrativas de
mulheres negras, indígenas, da periferia de nossa América profunda; de que maneira suas
histórias de vida e sabedorias produzem modos de re-existência nos coletivos a que
pertencem. Re-existência é, nesse sentido, criação, capacidade que os coletivos
encontram de reinventarem a si próprios e, ao mesmo tempo, inspirados pela
ancestralidade, pelas narrativas e vivências de seus povos, poderem reconstruir mundo e
formas de estar juntos.

o Eixo Temático 10: Territórios, territorialidades e modos de estar sendo


Territórios, territorialidades: termos que assumem múltiplos sentidos e
significados ao evocar a terra, seja o solo/chão/terreno em que se pisa ou nos
instalamos, seja uma terra mater sagrada onde se pode estar sendo e conjurar
sonhos/horizontes. Território é domicílio, existência, re-existência, lugar de fala e de
escuta, instalação e retomada. Territorialidade é fluidez e densidade, é transitoriedade, é
ação e contemplação, é ordem e desordem, momento e movimento. Correspondem a
diferentes arranjos, temporalidades, espacialidades: diferentes modos de estar sendo no
mundo, no aqui e agora, num passado e num futuro presentificados. Modos de estar
sendo na e junto com a Terra, de sentir/pensar/sentipensar nossa geocultura, de afirmar
e reificar territórios e territorialidades múltiplas, únicas, outras.

o Eixo Temático 11: América profunda, democracias e movimentos sociais


O afã comercial, manipulativo e dominador dos colonizadores estrangeiros da
América tem gerado a necessidade de nossos povos se reconectarem com sua
ancestralidade para resistir a esse domínio. Nesse sentido, este eixo acolhe discussões
pautadas no pensamento de Rodolfo Kusch visando (re)configurar compreensões das
democracias e dos movimentos sociais na América. São bem-vindas reflexões quanto à
negação do pensamento indígena e popular como (des)constituição do sujeito; às funções
do mítico e do simbólico na seminalidade de movimentos sociais e democracias; à
conjugação de dicotomias: medo original, temor à ira divina, medo de ser
primitivo/inferior, fedor e pulcritude, ser alguém e mero estar, solução e salvação,
fagocitação como processo de resistência, entre outros acertos fundantes de nossa
cultura e pensamento.

NORMAS PARA ENVIO DE RESUMOS EXPANDIDOS E PUBLICAÇÃO EM ANAIS


ELETRÔNICOS DO EVENTO
O texto deve conter os seguintes elementos, na ordem disposta:
 Título centralizado e em negrito;
 Eixo temático ao qual a proposta está sendo submetida, centralizado;
 Nome e sobrenome do autor (ou dos autores), em alinhamento à direita;
 Titulação e instituição ao qual o autor é vinculado, além de agência de fomento, se
houver, em nota de rodapé;
 De 3 a 5 palavras-chaves;
 Referências bibliográficas.

Orientações gerais para formatação:


 Texto justificado;
 Fonte Times New Roman 12;
 Espaçamento 1,5;
 Margens esquerda e superior 3cm; direita e inferior 2cm;
 De 3 a 5 páginas, com referências bibliográficas;
 Citações em formato ABNT (Disponível em: https://blog.fastformat.co/citacao-nas-
normas-regras-da-abnt/);
 O arquivo em formato Word deve conter nome e sobrenome do autor no título,
além do eixo temático. Exemplo: João Silva – Eixo 01.doc

CRONOGRAMA
Data limite para envio de resumo expandido Até 31 de julho de 2019
Envio das cartas de aceite dos trabalhos A partir de 09 de agosto de 2019

INSCRIÇÕES
Acesse e preencha o formulário de inscrição disponível
em https://forms.gle/2jYQuyBszhsVG8k56. Mais informações no site oficial
https://www.ufrgs.br/jornadaskusch2019/

PROGRAMAÇÃO ATUALIZADA
05 de novembro
Abertura da Exposição de Fotografias Os Guarani Mbyá. 18h. Local: Museu da UFRGS

05 e 06 de novembro
Curso: “Negros, Indígenas e Deuses”
Ministrantes: Eduardo Davi de Oliveira, Jose Alejandro Tasat e Mario Vilca
Local: Faculdade de Educação - UFRGS

6 de novembro
Credenciamento: 14h
Mesa de Sabedoria I - Saberes Indígenas na Escola. 14h30
Abertura Oficial: 18h. Local: Auditório do Centro Cultural da UFRGS
Falas oficiais dos representantes das instituições realizadoras
Apresentação do Coral Guarani da Tekoa Jataí’ty
Ritual de abertura – 19h às 21h30
Conferência de abertura: Rodolfo Kusch e o Pensamento Indígena na América
contemporânea
Malvina do Amaral Dorneles (UFRGS) - O pensamento de Rodolfo Kusch e Educação
Sonia Guajajara (Sonia Bone de Souza Silva Santos) - O pensamento e a luta indígena na
América contemporânea.

07 de novembro: TERRITORIALIDADES
8h30 às 10h30 - Local: Auditório do Centro Cultural
Mesa de Sabedoria II - Territórios e Territorialidades
Intervalo
Aprendizagens Vivenciais
11h às 12h30: Local: Centro Cultural

Saídas de Campo (por adesão)


14h às 18h Palestras em Territórios negros, indígenas e urbanos
1. Aldeia Guarani
2. Comunidade Quilombola
3. Ocupações Urbanas
14h Exibição de produções audiovisuais (Para quem não for à saída de campo).
Local: Sala 102 - Faculdade de Educação
19h Local: Faculdade de Educação, sala 102.
Roda de conversa: para significar a saída de campo
Lançamento de Livros
Apresentação artístico-cultural

08 de novembro: INTERCULTURALIDADES
8h30 às 10h30 - Local: Auditório do Centro Cultural
Mesa de Sabedoria III - Perspectivismo intercultural
Intervalo
11h às 12h30 - Local: Salas do Centro Cultural
Miniconferências (simultâneas)
Tarde
14h às 17h30 horas - Local: Faculdade de educação
Sessões de Comunicações – Eixos Temáticos
Intervalo
18h30 - Local: Auditório do Centro Cultural
Conferência de encerramento: O Popular como re-existência: Freire e Kusch
Balduino Andreola - UFRGS, Brasil
Carlos Cullen - UNTREF/UBA, Argentina
21h: Encerramento e apresentação artístico-cultural

Informações gerais:
jornadaskusch2019.ufrgs@gmail.com
https://www.ufrgs.br/jornadaskusch2019/

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