Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de Humanidades, Negócios e Direito
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia
Brasília - DF
2019
2
Brasília
2019
F475e Figueiredo, Jéssica Filardi Milker.
The quality of transport infrastructure, despite being an important component of the costs
of this activity and, consequently, of the transactional ones, is a neglected aspect in the
studies on the influence of the transport in the flows of international trade. However, from
a gravitational general equilibrium model estimated by the Pseudo Maximum Likelihood
of Poisson method, I proved that the quality of transport infrastructure is statistically
significant to determine the intensity of international trade. In addition, the proposed
structure allows the execution of comparative static exercises and, thus, to calculate the
effects that increases of transport infrastructure quality generates on variables of interest
such as Gross Domestic Product (GDP), exports value and multilateral resistance, both in
the short and in the long term. The results show that countries with lower level of
infrastructure quality are the main beneficiaries of a complete adaptation of the conditions
of the international transport infrastructure. The data also shows that Brazil’s effort to
offer a transport system of excellence, even though it brings less expressive advantages,
it favors the development of several countries, notably the members of Mercosur.
Gráfico 02 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
idioma comum.................................................................................................................48
Gráfico 03 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
compartilhamento de fronteiras........................................................................................49
Gráfico 04 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
acordos comerciais...........................................................................................................49
Gráfico 05 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
bloqueio para saída ao mar...............................................................................................50
Gráfico 06 – Valor médio de exportações (US$ bilhões) dos países em relação a nota de
qualidade da infraestrutura de transporte..........................................................................51
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
APÊNDICES ..................................................................................................................87
Apêndice A – Estatísticas descritivas da amostra........................................................87
Apêndice B – Resultados do modelo para a hipótese de adequação da infraestrutura
de transporte mundial...................................................................................................91
Apêndice C – Resultados do modelo para a hipótese de melhora de 10% na nota da
qualidade da infraestrutura de transporte mundial.......................................................95
Apêndice D – Resultados do modelo para a hipótese de adequação da infraestrutura
de transporte do Brasil.................................................................................................99
ANEXOS.......................................................................................................................103
Anexo A – Perguntas utilizadas pelo FEM para avaliar a qualidade da infraestrutura
de transporte...............................................................................................................103
14
1 INTRODUÇÃO
tanto no âmbito social quanto no econômico, que tendem a produzir efeitos que aumentam
a produtividade geral e o bem-estar social da população. Essa ligação, por sua vez,
fundamenta a adoção de ações que promovam o aperfeiçoamento da infraestrutura de
transporte com o intuito de obter os ganhos citados.
1
Os custos afundados, também conhecidos como irrecuperáveis, são recursos que, como o próprio nome
sugere, uma vez realizados, não podem ser reavidos.
2
O conceito de path dependence, ou dependência da trajetória, diz respeito ao fato de que as decisões
passadas exercem forte influência sobre o presente, limitando a possibilidade atual de escolhas. Em
economia, o termo está associado à existência de custos afundados que determinam a irreversibilidade de
investimentos já realizados.
16
3
As notas do FEM são atribuídas aos países com base na resposta das autoridades competentes desses às
perguntas apresentadas no questionário disponível no Anexo A. Os questionamentos consideram como a
qualidade da infraestrutura de transporte, em relação à condição e à extensão, é percebida pelos residentes
daquele país em relação aos demais países.
17
coletados, relativo ao período de 2007 a 2017, trazem informações mais recentes das
nações pesquisadas em relação ao artigo inaugural da técnica aplicada que considera os
anos de 1990 a 2002. Isso viabiliza construir as estimações e mensurar os efeitos totais
sobre as variáveis socioeconômicas de interesse com base em relações atuais, permitindo
internalizar nos resultados as características mais atuais do ambiente de negócios no qual
as transações internacionais ocorrem.
receita auferida com as exportações nessa situação são menores que os obtidos no
primeiro cenário proposto.
Com base nos resultados, projeta-se outro exercício teórico a fim de verificar
como a suposição de que as melhoras exclusivas no sistema de transporte brasileiro
afetam o padrão de comércio mundial. Essa hipótese, que permite simular o impacto de
uma melhora assimétrica da qualidade da infraestrutura de transporte, tem o intuito de
identificar os parceiros comerciais que mais se beneficiam do experimento proposto e
quais os ganhos para o Brasil, para os seus parceiros comerciais do Mercosul e para os
demais países. Mais uma vez, as estimativas sugerem benefícios econômicos, ainda que
em menor escala, para a maioria dos países da amostra. Além disso, a incidência de
menores custos de transporte decorrentes de melhores condições na rede de transporte
brasileira pode contribuir para o desenvolvimento da América do Sul e para uma maior
integração do Mercosul.
Identificar o impacto sobre a renda bruta e o valor das exportações dos países
decorrentes de melhoras nas condições das infraestruturas de transporte e as
regiões que mais se beneficiam disso;
2 REVISÃO DE LITERATURA
Por sua vez, Linnemann (1966) utilizou um modelo de equilíbrio parcial com
quatro equações de oferta de exportação e demanda de importação para construir sua
22
4
Anderson (1979) assume que a parcela de gastos em bens comerciáveis é uma função estável e não
observável da renda do país, já o percentual do gasto atribuído a cada commodities é uma função definida
das variáveis de custo de transporte, assim como as preferências dos países são idênticas e do tipo Cobb-
Douglas.
5
A diferenciação de produtos pelos locais de origem é conhecida na literatura de economia internacional
como a hipótese de Armington de forma que dois produtos homogêneos, mas produzidos em diferentes
países, não podem ser considerados substitutos perfeitos.
23
O conceito de equilíbrio geral, por sua vez, considera a influência dos preços sobre
a forma de interação entre os países e sua relevância para a determinação do padrão das
trocas externas. Essas barreiras comerciais impostas pela substituibilidade do comércio
entre os diferentes parceiros de um país6 por causa dos preços relativos são chamadas de
resistências multilaterais e a sua omissão leva à uma especificação falha do modelo
6
Para uma dada barreira bilateral entre os países i e j, se as barreiras comerciais de j com outros parceiros
aumentarem, então o preço relativo dos bens de i ficarão menores e, portanto, o país j irá aumentar suas
importações com origem no país i. A mesma lógica pode ser aplicada para explicar que, para uma dada
barreira bilateral entre os países i e j, um aumento da barreira comercial entre os dois países fará com que
ambos busquem elevar seu comércio com outros países onde as resistências são menos intensas.
26
Além disso, por causa da não linearidade da estrutura das relações comerciais
retratada na equação gravitacional, o processo de estimação aplicado requer um método
diferente do de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Isso porque ele não é apropriado
para estimar equações log-lineares, pois os resultados obtidos para os coeficientes são
inconsistentes mesmo que o modelo esteja corretamente especificado.
Outra alternativa é estimar os coeficientes por meio dos efeitos fixos conforme
proposto por Feenstra (2004), abordagem que limita as análises por não permitirem
verificar o impacto nos fluxos de comércio decorrentes de mudanças em um país
específico. Egger e Staub (2015) também empregam efeitos fixos com um modelo linear
generalizado a fim de comparar a performance de diferentes estimadores.
27
7
Limão e Venables estudam, por meio de um modelo gravitacional, os determinantes dos custos de
transporte e mostram como eles dependem da geografia e do nível de infraestrutura de um país, mensurada
a partir da qualidade do transporte e da infraestrutura de comunicação. Importante ressaltar que a qualidade
do transporte é aproximada por meio da média da densidade da rede de transporte.
8
Francois e Manchin utilizam um modelo gravitacional com dados em painel para examinar a influência
da infraestrutura sobre o padrão de comércio bilateral, construindo os indicadores a partir da técnica de
Análise do Componente Principal (PCA) e estimando por Poisson. No entanto, os autores utilizam
informações sobre a densidade como uma forma de avaliar a qualidade da infraestrutura de transporte
instalada, concluindo que sua má condição limita o acesso ao mercado internacional. As previsões mostram
que os país de baixa renda transacionam cerca de 74% a menos que o volume de trocas entre os países com
alta renda devido à baixa qualidade das suas instituições e da infraestrutura.
9
Egger e Larch assumem que o tamanho da rede de infraestrutura, especialmente rodoviária e ferroviária,
diminui a resistência ao comércio entre países não-distantes, por reduzir os custos de transporte
especificamente para os países que pertencem ao mesmo continente. Eles examinam como os investimentos
em expansão da infraestrutura ajudam a reduzir os custos de transporte e qual é o efeito sobre o comércio
e a renda do país.
29
Donaubauer, Glas e Nunnenkamp (2015), por sua vez, utilizam uma composição
de índices de quatro tipos diferentes de infraestrutura que resumem informações sobre a
quantidade e a qualidade. Abordagem que, ao ver dos autores, permite uma mensuração
sistemática e compreensiva de como os ativos relacionados à categoria dos transportes,
das comunicações, da matriz energética e do sistema financeiro dos países afetam o
comércio internacional.
Da mesma forma, pode ser aplicado o uso de defasagens mais longas, uma vez
que se assume que a causalidade reversa deve ser menos pronunciada quando se utiliza
31
uma maior quantidade de lags da infraestrutura10. A última técnica diz respeito ao uso de
Mínimos Quadrados de Dois Estágios como método de estimação após instrumentalizar
a infraestrutura utilizando medidas do fracionamento e do grau de controle e balanço
políticos.
10
Donaubauer, Glas e Nunnenkamp (2015) sugerem uma defasagem de até 4 anos.
32
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
𝑋 =𝐴 (1)
11
Esse grupo de variáveis é equivalente ao 𝐷 da especificação tradicional do modelo gravitacional.
34
transporte; um vetor de coeficientes (𝛽); ao efeito fixo dos exportadores, que irá capturar
as resistências multilaterais externas e os níveis de produção (𝜋 ); ao efeito fixo de
importação, que considera as resistências multilaterais internas e o nível de gastos (𝜒 ); e
de um termo de erro (𝜀 ). Matematicamente, a equação é dada por:
Χ = exp 𝑇 𝛽 + 𝜋 + 𝜒 + 𝜀 (3)
𝑋 = 𝑌𝐸 (4)
𝑃 = ∑ 𝑌 (5)
𝛱 = ∑ 𝐸 (6)
𝑝 = (7)
12
A elasticidade de substituição constante é conhecida na literatura pela sua abreviação em inglês CES
(Constant Elasticity of Substitution) e implica que a propensão a alterar a proporção entre os fatores não se
altera.
35
Essa abordagem também é responsável por permitir que as OMRs e IMRs sejam
recuperadas a partir dos efeitos fixos como mostrado pelas equações (8) e (9),
respectivamente.
𝛱 = 𝐸 𝑌 exp(−𝜋 ) (8)
𝑃 = exp(−𝜒 ) (9)
13
As variáveis referentes ao valor das exportações e de qualidade de infraestrutura recebem o subíndice t
por variarem no tempo, enquanto as que não o tem representam características fixas entre os países.
36
14
Explicações mais detalhadas sobre as variáveis introduzidas no modelo são apresentadas na sessão
“Dados e variáveis do modelo”.
37
do custo comercial do tipo boostrapped que podem ser utilizados nas próximas etapas a
fim de gerar intervalos de confiança para os índices de equilíbrio geral de interesse.
Isso acontece porque o PPML é o único estimador onde a soma dos valores
ajustados pelo modelo é igual à da soma dos valores observados, uma propriedade
necessária para garantir que os efeitos fixos das estimativas gravitacionais sejam
perfeitamente consistentes com os termos gravitacionais estruturais. Assim, é possível
estimar os efeitos de equilíbrio geral decorrentes de mudanças nos custos transacionais
com o modelo gravitacional estruturado.
𝑃𝐼𝐵 = (11)
𝒫 = 𝐼𝑀𝑅 (12)
15
Por construção, a partir das equações (5) e (6), temos que 𝐸 = ∑ 𝑋 e 𝑌 = ∑ 𝑋 .
16
Anderson, Larch e Yotov (2018) alertam para o fato de que, para seja possível realizar análises
contrafactuais, é imprescindível ter valores para todas as resistências multilaterais internas e externas,
adicionalmente à resistência multilateral interna que foi normalizada e que isso só é possível se, após a
eliminação de um dos efeitos fixos de importação e da constante, nenhum outro efeito fixo ou observação
sejam eliminados pelo modelo. Caso isso aconteça, é preciso revisitar a base de dados para ajustá-la.
38
𝑊= ⁄
= (13)
A simplificação da equação (13) mostrada é possível pelo fato de, nessa etapa, o
produto ser exógeno, ou seja, 𝑌 = 𝑌 .
produção/renda e nos gastos dos países. Essas alterações são descritas por 𝑌 = ( )𝑌 e
𝐸
é considerado fixo para cada país e equivalente à ∅ = 𝑌.
𝑋 = 𝑋 (14)
Onde:
𝑡 = exp(𝑇 𝛽 ) (15)
𝑡 = exp(𝑇 𝛽 ) (16)
nos termos de resistências multilaterais em mudanças de primeira ordem nos preços custo.
40
𝑝 exp 𝜋
𝑝 = exp(𝜋 ) (17)
destino das exportações e a origem das importações dos 149 países17 que compõe a
amostra para cada um dos anos do período de 2007 a 2017. Esse comércio é apresentado
de forma agregada e expresso em US$ milhões correntes.
A distância entre dois países foi calculada a partir da longitude e latitude das
capitais desses países obtida no banco de dados das Nações Unidas. Para os países em
que havia mais de uma capital registrada, ou seja, naqueles em que não havia coincidência
entre as capitais políticas, administrativas, econômicas, etc., foi selecionada aquela cidade
em que a população, em 2004, era maior. Essa informação, expressa em quilômetros,
entra no modelo em sua escala logarítmica (𝑙𝑛_𝑑𝑖𝑠𝑡 ) e atuam como uma aproximação
do custo de transporte, que também dependem da oferta e condições da infraestrutura de
transporte do país.
17
Albânia, Argélia, Angola, Argentina, Armênia, Austrália, Áustria, Azerbaijão, Barém, Bangladesh,
Barbados, Bélgica, Belize, Benim, Butão, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Botsuana, Brasil, Brunei,
Bulgária, Burquina Faso, Burundi, Camboja, Camarões, Canadá, Cabo Verde, Chade, Chile, China,
Colômbia, Congo, Costa Rica, Croácia, Chipre, República Checa, Costa do Marfim, Dinamarca, República
Dominicana, Equador, Egito, El Salvador, Estônia, Etiópia, Finlândia, França, Gabão, Gambia, Geórgia,
Gana, Grécia, Guatemala, Guiné, Guiana, Haiti, Honduras, Hong Kong, Hungria, Islândia, Índia, Indonésia,
Irã, Irlanda, Israel, Itália, Jamaica, Japão, Jordânia, Cazaquistão, Quênia, Coreia, Kuwait, Quirguizistão,
Laos, Letônia, Líbano, Lesoto, Líbia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Madagascar, Maláui, Malásia,
Mali, Malta, Mauritânia, Maurício, México, Moldávia, Mongólia, Montenegro, Marrocos, Moçambique,
Mianmar, Namíbia, Nepal, Holanda, Nova Zelândia, Nicarágua, Nigéria, Noruega, Omã, Paquistão,
Panamá, Paraguai, Peru, Filipinas, Polônia, Portugal, Catar, Romênia, Rússia, Ruanda, Arábia Saudita,
Senegal, Sérvia, Seicheles, Serra Leoa, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri
Lanka, Suriname, Suazilândia, Suécia, Suíça, Síria, Tajiquistão, Tanzânia, Tailândia, Timor Leste,
Trindade e Tobago, Tunísia, Turquia, Uganda, Ucrânia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Estados
Unidos, Uruguai, Venezuela, Vietnã, Iêmen, Zâmbia, Zimbabué, Alemanha. Mais informações sobre os
países estão disponíveis no Apêndice A.
42
assim como sobre os idiomas oficiais falados (𝑖𝑑𝑖𝑜𝑚𝑎 ) em cada um deles, foram obtidas
no Centre d’Etudes Prospectives et d’Informations Internationales (CEPII). A base de
dados fornecida pelo centro de pesquisa foi utilizada para a criação de variáveis dummies
que, do ponto de vista econômico, servem para mostrar o efeito que a presença ou a
ausência de diferentes atributos produz na variável dependente.
Seguindo a mesma lógica, mas para indicar se o par de países a que corresponde
uma operação de exportação possui algum tipo de acordo comercial, introduz-se a
variável dummie 𝑎𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜_𝑐𝑜𝑚 . Quando ela recebe o valor 1, os países têm pelo menos
um acordo comercial assinado. Caso contrário, essa assume o valor 0. Para construí-la
utilizou-se a base de dados dos Acordos Globais de Comércio Preferencial (GPTAD) do
Banco Mundial (BM), que fornece informações sobre acordos comerciais preferenciais
(PTAs) em todo o mundo, incluindo aqueles que ainda não foram notificados à
Organização Mundial do Comércio (OMC).
𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 que tem a finalidade de mensurar o impacto de uma melhora nas condições
dessas estruturas específicas sobre o custo de transporte e, consequentemente, sobre os
custos transacionais e o valor das exportações. O procedimento utilizado para combinar
as informações em um único índice é detalhado na sessão seguinte.
Vale ressaltar que todos os dados foram coletados para o período de 2007 a 2017,
período no qual verificou-se a disponibilidade dos dados de qualidade de infraestrutura.
𝐼𝑐 = 𝐼𝑎 + 𝐼𝑎 (18)
O banco de dados é, então, conformado por sete variáveis, cujas informações e suas
principais características são descritas na Tabela 01. No total, ele reúne 198,61 mil
observações para o valor das exportações e para a distância, enquanto as demais apresentam
mais de 200 mil informações (Tabela 02).
5,00
4,19
4,50
4,14
4,03
4,00
4,00
4,00
3,97
3,97
3,96
3,96
3,94
4,00
3,50
3,05
2,98
2,95
2,92
2,90
2,82
2,75
2,71
3,00
2,65
2,63
2,53
2,50
2,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Além disso, foi feita uma análise de correlação entre as variáveis apresentadas a
fim de verificar o grau de associação linear entre elas. Os resultados, apresentados na
Tabela 03, mostra que as correlações são baixas entre os parâmetros de controle, o que
indica que há um baixo risco de que a amostra apresente multicolinearidade18 e, portanto,
menor a possibilidade de incidência de falhas nas estimações.
18
A multicolinearidade consiste em um problema comum em regressões, no qual as variáveis independentes
possuem relações lineares exatas ou aproximadamente exatas umas com as outras, causando problemas na
estimação dos parâmetros.
48
Da mesma forma, é possível verificar que a base de dados construída traz indícios
de estar em consonância com a teoria econômica referente ao comportamento das
variáveis escolhidas em relação às exportações médias no contexto de modelos
gravitacionais.
Gráfico 02 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
idioma comum
2.000,00
1.800,00
Valor médio de exportações
1.600,00
1.400,00
(US$ milhões)
1.200,00 1.110,62
1.000,00
800,00
571,80
600,00
400,00
200,00
0,00
0 1
Gráfico 03 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
compartilhamento de fronteiras
10.000,00
9.000,00 8.657,60
8.000,00
Valor médio de exportações
7.000,00
(US$ milhões)
6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00 471,31
0,00
0 1
Presença (1) ou ausência (0) de compartilhamento de fronteira
Gráfico 04 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
acordos comerciais
2.000,00
1.800,00
1.582,82
Valor médio de exportações
1.600,00
1.400,00
(US$ milhões)
1.200,00
1.000,00
800,00
600,00 457,35
400,00
200,00
0,00
0 1
Presença (1) ou ausência (0) de acordo comercial
Gráfico 05 – Valor médio de exportações (US$ milhões) dos países com (1) e sem (0)
bloqueio para saída ao mar
2.000,00
1.800,00
1.600,00
Valor médio de exportações
1.400,00
(US$ milhões)
1.200,00
1.000,00 912,33
800,00
600,00
400,00
187,78
200,00
0,00
0 1
Presença (1) ou ausência (0) de bloqueio para saída para o mar
Gráfico 06 – Valor médio de exportações (US$ bilhões) dos países em relação a nota de
qualidade da infraestrutura de transporte
3,00
2,73
2,50
Valor médio das exportações
2,00
(US$ bilhões)
1,50 1,35
1,00
0,59
0,50
0,24
0,04 0,09
0,00
1 2 3 4 5 6
Nota da qualidade de infraestrutura de transporte
1 (pior) a 7 (melhor)
Isso acontece porque, como defendem Francois e Manchin (2013) é muito difícil
encontrar instrumentos apropriados para captar os efeitos da qualidade da infraestrutura,
principalmente se o objetivo for estimar ganhos a partir de mudanças nesse indicador.
Porém, acredita-se que as notas de qualidade de infraestrutura por modal fornecidas pelo
FEM cumpram satisfatoriamente com esse papel.
19
Conforme mencionado anteriormente, as notas atribuídas pelo FEM à qualidade da infraestrutura variam
de 1 (pior) a 7 (melhor) de forma que a nota máxima a ser alcançada por um par de países em uma associação
aditiva de seus sistemas de transporte é 14.
53
modeladas de acordo com a equação gravitacional (10)20 com base nas informações de
149 países referentes ao período compreendido entre 2007 e 2017.
20
A especificação é a mesma apresentada na equação (10).
21
O P-valor reportado pelo modelo para todos os coeficientes, exceto os relativos aos efeitos fixos do
exportador e do importador, são nulos, permitindo afirmar que os valores encontrados para os parâmetros
diferem de zero a um nível de significância de 1%.
22
O percentual é determinado mediante aplicação da fórmula 𝑒𝑥𝑝[𝛽] − 1 ∗ 100 conforme sugerido por
Anderson, Larch e Yotov (2018).
54
Com base nas estimativas dos efeitos fixos e nos dados de produção e dos gastos
dos países, são estabelecidas as resistências multilaterais IMR (interna) e OMR (externa)
a partir das equações (8) e (9) conforme indicado nos procedimentos calculados os
indicadores do cenário base de acordo com os procedimentos de construção do cenário
base detalhado na sessão 3.3.1.
Gráfico 07 – Comparativo entre o PIB observado e o PIB calculado para o cenário base
18
16
14
PIB observado - ln(gdp)
12
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
PIB calculado - ln(rgdp_bsln)
mantidas fixas em seus valores do cenário base. Apenas os efeitos fixos e o vetor de notas
do transporte são alterados e, por isso, recebem o sobreíndice “c” para informar que são
valores contrafactuais, conforme mostrado na equação (20).
dada a maneira como o modelo foi estruturado. Além disso, ressalta-se que a magnitude
das mudanças depende da grandeza da elasticidade do comércio, convencionada em
1-σ = 1-7= -6.
Tabela 05 – Resumo dos efeitos do cenário de dotação total (longo prazo) de uma
infraestrutura de transporte com qualidade perfeita
No longo prazo, os ganhos em termo de renda bruta dos países variam de -11,83%
a 79,34% relativamente à Alemanha, país adotado como parâmetro. Em média, há um
acréscimo de bem-estar de 8,89%, enquanto os preços médios contrariam-se em 3,17%.
Já as exportações tiveram um incremento de 9,54%De uma forma geral, os achados
sugerem que um sistema de transporte de excelência é capaz de empreender um maior
57
Tabela 06 – Efeitos do cenário condicional (curto prazo) e de dotação total (longo prazo)
de uma infraestrutura de transporte com qualidade perfeita, por continente - %
Qualidade Índices condicionais Índices de dotação total
Continente média do Exportação PIB OMR IMR Exportação PIB OMR IMR
transporte (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
África 3,03 0,30 4,31 49,64 20,16 12,56 11,09 46,13 30,23
América Central 3,55 0,31 3,58 43,70 20,23 9,58 9,85 41,66 28,48
América do Norte 5,06 0,04 1,36 25,77 20,39 5,81 5,50 25,12 28,75
América do Sul 3,06 0,29 4,14 47,90 20,30 9,93 12,45 46,68 28,44
Ásia 3,80 0,26 3,14 40,23 20,30 9,22 9,36 39,57 28,18
Europa 4,45 0,07 2,20 32,42 20,38 7,23 7,17 31,29 28,70
Oceania 4,98 0,00 1,46 26,32 20,39 6,62 5,67 25,32 28,75
Nota: Essa tabela reporta os resultados obtidos com a adoção de uma infraestrutura de transporte com
qualidade perfeita. As colunas de (1) a (4) referem-se aos valores do cenário condicional com os efeitos de
curto prazo, enquanto as de (5) a (8), os do cenário de dotação total que estimam os ganhos de longo prazo.
As colunas (1) e (5) mostram as variações percentuais obtidas nas exportações para os cenários condicional
e de dotação total, respectivamente. As colunas (2) e (6) referem-se as variações percentuais condicionais
e de dotação total, nessa ordem, obtidas no PIB dos países. As colunas (3) e (7), por sua vez, medem a
mudança percentual nas resistências multilaterais externas, enquanto as de número (4) e (8) as internas.
Fonte: Elaboração própria.
23
Os resultados detalhados por país estão disponíveis no Apêndice B.
58
14,00
África
Variação percentual de dotação total nas
12,00
América Central
10,00
Ásia
exportações - %
América do Sul
8,00
Oceania
Europa
6,00
América do Norte
4,00
2,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7
Qualidade média da infraestrutura do transporte
1 (pior) e 7 (melhor)
Os achados estão alinhados com a proposição feita por Egger (2005) em que o
autor defende que as reduções do custo de transporte são mais eficientes para relações
econômicas onde há uma maior diferença de dotação, pois, nesses casos, os efeitos
marginais dos custos transacionais são maiores, o que leva a um maior impacto sobre as
trocas internacionais.
59
Em termos de crescimento do PIB, fato que pode ser interpretado como melhoras
no bem-estar social dos países, o padrão de distribuição dos ganhos segue a intuição
evidenciada na análise das exportações. Dentre os 15 (quinze) países com as maiores
variações percentuais na produção de dotação total em relação a do cenário base,
encontram-se apenas países com inadequada condição de infraestrutura de transporte e,
em sua maioria, localizados em continentes considerados subdesenvolvidos (Tabela 07).
Tabela 07 – Países com as maiores variações percentuais no PIB no cenário de dotação total
Nesse cenário, a Venezuela se apresenta como o país que irá mais se beneficiar de
um panorama marcado pela existência de um sistema de transporte que ofereça condições
perfeitas de qualidade aos seus usuários a nível mundial. Os ganhos estimados para esse
país devem alcançar 31,45% em relação a produção do cenário base.
Tabela 08 – Países com as menores variações percentuais no PIB no cenário de dotação total
24
O desvio de comércio é um termo econômico que identifica as modificações nos padrões de trocas
internacionais decorrentes de mudanças nos custos transacionais que reduzem a quantidade de exportações
de um determinado país. O seu oposto é denominado criação de comércio.
61
Figura 02 – Distribuição geográfica dos ganhos de longo prazo no PIB obtidos pela
adequação da infraestrutura mundial
Nota: Representação das estimativas de longo prazo resultantes do modelo agrupadas segundo o critério de
intervalos de classe pelo método de quebras naturais de Jenks. Os mapas são coloridos de acordo com as
respectivas faixas do valor do ganho de longo prazo na variável de interesse apresentadas na legenda.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 03 – Distribuição geográfica dos ganhos de longo prazo nas exportações obtidos
pela adequação da infraestrutura mundial
Nota: Representação das estimativas de longo prazo resultantes do modelo agrupadas segundo o critério de
intervalos de classe pelo método de quebras naturais de Jenks. Os mapas são coloridos de acordo com as
respectivas faixas do valor do ganho de longo prazo na variável de interesse apresentadas na legenda.
Fonte: Elaboração própria.
64
Tabela 11 – Resumo dos efeitos do cenário condicional (curto prazo) de uma melhora de
10% na qualidade da infraestrutura de transporte
Variáveis Média Desvio padrão Mínimo Máximo
rgdp_bsln 100.389 233.383 10,80 2.003.853
rgdp_cndl 100.262 233.159 10,77 1.999.616
rgdp_cndl_ch (%) -0,30 0,17 -0,81 0,06
tot_exp_bsln 107.155 247.741 43,11 1.806.692
tot_exp_cndl 107.156 247.756 42,85 1.811.211
tot_exp_cndl_ch (%) -0,02 0,50 -3,46 1,84
Pj_bsln 1,16 0,10 0,93 1,74
Pj_cndl 1,16 0,10 0,93 1,75
Pj_cndl_ch (%) 0,30 0,17 -0,06 0,82
omr_bsln 104.341 58.151 4.793 397.164
omr_cndl 113.258 63.920 5.084 436.404
omr_cndl_ch (%) 8,22 1,10 4,92 10,53
imr_bsln 0,49 0,26 0,04 1,59
imr_cndl 0,48 0,26 0,04 1,59
imr_cndl_ch (%) -1,77 1,00 -4,77 0,33
Nota: A tabela reporta as estatísticas descritivas sobre as variações percentuais verificadas no PIB
(rgdp_cndl_ch); nos preços dos produtores (Pj_cndl_ch); nas resistências multilaterais externas
(omr_cndl_ch) e internas (imr_cndl_ch) do cenário condicional em relação ao cenário base decorrentes da
implementação de uma melhora de 10% na qualidade da infraestrutura de transporte, assim como os valores
base e condicional dessas variáveis.
Fonte: Elaboração própria.
No longo prazo, a renda bruta dos países experimenta um ganho médio de 1,26%,
variando de uma perda de 19,96% até um acréscimo de 52,79%. Nas exportações, o valor
das trocas bilaterais apresenta uma variação média positiva de 3,80%, podendo atingir
um máximo de 38,14%, conforme os dados apresentados na Tabela 12.
66
Tabela 12 – Resumo dos efeitos do cenário de dotação total (longo prazo) de uma melhora
de 10% na qualidade da infraestrutura de transporte
Variáveis Média Desvio padrão Mínimo Máximo
rgdp_bsln 100.389 233.383 10,80 2.003.853
rgdp_ge 100121.5 232401.8 1.305.119,00 1.964.475
rgdp_ge_ch (%) 1,26 5,12 -19,96 52,79
tot_exp_bsln 107.155 247.741 43,11 1.806.692
tot_exp_ge 110.214 255495.2 52.631 1.891.352
tot_exp_ge_ch 3,80 4,46 -15,37 38,14
Pj_bsln 1,16 0,10 0,93 1,74
Pj_ge 1,16 0,69 0,85 1,74
Pj_ge_ch (%) 0,12 4,14 -33,38 27,93
omr_bsln 104.341 58.151 4.793 397.164
omr_ge 111.175 63.322 5.347 429.797
omr_ge_ch (%) 6,27 5,30 -24,66 32,19
imr_bsln 0,49 0,26 0,04 1,59
imr_ge 0,50 0,28 0,04 2,64
imr_ge_ch (%) 3,99 43,70 -77,19 1.044,01
Nota: A tabela reporta as estatísticas descritivas sobre as variações percentuais verificadas no PIB
(rgdp_cndl_ch); nos preços dos produtores (Pj_cndl_ch); nas resistências multilaterais externas
(omr_cndl_ch) e internas (imr_cndl_ch) do cenário de dotação total em relação ao cenário base decorrentes
da implementação de uma melhora de 10% na qualidade da infraestrutura de transporte, assim como os
valores base e de dotação total dessas variáveis.
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 13 – Efeitos do cenário condicional (curto prazo) e de dotação total (longo prazo)
de uma melhora de 10% na qualidade da infraestrutura de transporte, por continente - %
Qualidade Índices condicionais Índices de dotação total
Continente média do Exportação PIB OMR IMR Exportação PIB OMR IMR
transporte (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
África 3,03 -1,15 -16,70 7,44 -1,76 5,44 0,73 4,33 5,04
América Central 3,55 -0,35 -4,16 7,89 -1,76 3,24 1,09 6,18 3,91
América do Norte 5,06 -0,01 -0,40 9,28 -1,77 2,11 1,63 8,94 4,02
América do Sul 3,06 -0,34 -4,82 7,54 -1,77 3,01 2,27 6,23 3,81
Ásia 3,80 -0,97 -11,58 8,17 -1,77 3,34 1,49 7,24 3,56
Europa 4,45 -0,28 -9,10 8,74 -1,77 2,63 1,40 7,76 3,99
Oceania 4,98 0,00 -0,29 9,21 -1,77 2,78 1,53 8,28 4,02
Nota: Essa tabela reporta os resultados obtidos com a adoção uma infraestrutura de transporte com
qualidade perfeita. As colunas de (1) a (4) referem-se aos valores do cenário condicional com os efeitos de
curto prazo, enquanto as de (5) a (8), os do cenário de dotação total que estimam os ganhos de longo prazo.
As colunas (1) e (5) mostram as variações percentuais obtidas nas exportações para os cenários condicional
e de dotação total, respectivamente. As colunas (2) e (6) referem-se as variações percentuais condicionais
e de dotação total, nessa ordem, obtidas no PIB dos países. As colunas (3) e (7), por sua vez, medem a
mudança percentual nas resistências multilaterais externas, enquanto as de número (4) e (8) as internas.
Fonte: Elaboração própria.
6,00
Variação percentual de dotação total
África
5,00
nas exportações - %
4,00
América Ásia
3,00 do Sul
América Oceania
Central Europa
2,00 América
do Norte
1,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6
Qualidade média da infraestrtura do transporte
1(pior) e 7(melhor)
25
Os resultados completos estão disponíveis no Apêndice C.
69
Figura 04 – Distribuição geográfica dos ganhos de longo prazo no PIB obtidos pela
adequação de 10% na nota da qualidade da infraestrutura de transporte mundial
Nota: Representação das estimativas de longo prazo resultantes do modelo agrupadas segundo o critério de
intervalos de classe pelo método de quebras naturais de Jenks. Os mapas são coloridos de acordo com as
respectivas faixas do valor do ganho de longo prazo na variável de interesse apresentadas na legenda.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 05 – Distribuição geográfica dos ganhos de longo prazo nas exportações obtidos
pela adequação de 10% na nota da qualidade da infraestrutura de transporte mundial
Nota: Representação das estimativas de longo prazo resultantes do modelo agrupadas segundo o critério de
intervalos de classe pelo método de quebras naturais de Jenks. Os mapas são coloridos de acordo com as
respectivas faixas do valor do ganho de longo prazo na variável de interesse apresentadas na legenda.
Fonte: Elaboração própria.
72
Para aferir o efeito dos benefícios obtidos por meio da transformação exclusiva da
condição da infraestrutura brasileira de transporte, desenha-se uma estratégia semelhante
à anterior, porém, nesse caso, a nota máxima é concedida apenas ao país de interesse,
enquanto a dos demais permanece inalterada. No cenário teórico traçado, é possível isolar
o impacto que a hipótese gera sobre o fluxo de exportações e sobre o PIB.
26
A nota 7 corresponde a nota máxima a ser alcançada por um país na avaliação de qualidade da
infraestrutura de transporte do FEM.
27
Nota-se que a nota média do cenário hipotético de melhora da qualidade da infraestrutura de transporte
apenas para o Brasil (7,79), é inferior a alcançada no contexto de condição ideal para todos os países, que
é de 14,00.
73
Nota: A tabela reporta as estatísticas descritivas sobre as variações percentuais verificadas no PIB
(rgdp_cndl_ch); nos preços dos produtores (Pj_cndl_ch); nas resistências multilaterais externas
(omr_cndl_ch) e internas (imr_cndl_ch) do cenário condicional em relação ao cenário base decorrentes da
implementação de uma infraestrutura de transporte perfeita para o Brasil, assim como os valores base e
condicional dessas variáveis.
Fonte: Elaboração própria.
74
Tabela 18 – Resumo dos efeitos do cenário de dotação total (longo prazo) de uma
infraestrutura de transporte brasileira com qualidade perfeita
Variáveis Média Desvio padrão Mínimo Máximo
rgdp_bsln 100.389 233.383 10,80 2.003.853
rgdp_ge 100.317 232.619 13,10 1.967.223
rgdp_ge_ch (%) 0,46 5,18 -20,55 55,37
tot_exp_bsln 107.155 247.741 43,11 1.806.692
tot_exp_ge 107.897 249.918 51,70 1.847.118
tot_exp_ge_ch 1,87 4,62 -15,77 34,68
Pj_bsln 1,16 0,10 0,93 1,74
Pj_ge 1,15 0,10 0,83 1,73
Pj_ge_ch (%) -0,32 4,13 -34,75 27,29
omr_bsln 104.341 58.151 4.793 397.164
omr_ge 103.813 57.856 5.302 396.522
omr_ge_ch (%) -0,15 6,08 -29,74 42,65
imr_bsln 0,49 0,26 0,04 1,59
imr_ge 0,51 0,28 0,04 2,99
imr_ge_ch (%) 6,83 46,89 -76,49 1.195,97
Nota: A tabela reporta as estatísticas descritivas sobre as variações percentuais verificadas no PIB
(rgdp_cndl_ch); nos preços dos produtores (Pj_cndl_ch); nas resistências multilaterais externas
(omr_cndl_ch) e internas (imr_cndl_ch) do cenário de dotação total em relação ao cenário base decorrentes
da implementação de uma infraestrutura de transporte perfeita para o Brasil, assim como os valores base e
de dotação total dessas variáveis.
Fonte: Elaboração própria.
28
Os resultados completos estão disponíveis no Apêndice D.
75
Tabela 19 – Efeitos do cenário condicional (curto prazo) e de dotação total (longo prazo)
de uma infraestrutura de transporte brasileira com qualidade perfeita, por continente - %
Qualidade Índices condicionais Índices de dotação total
Continente média do Exportação PIB OMR IMR Exportação PIB OMR IMR
transporte (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
África 3,03 0,07 0,17 1,04 0,72 3,66 0,28 -0,84 7,88
América Central 3,55 0,05 0,16 0,98 0,73 1,43 0,47 0,31 6,71
América do Norte 5,06 0,00 0,00 0,00 0,75 -0,09 0,28 0,54 6,89
América do Sul 3,06 0,06 0,57 3,85 0,74 1,66 2,62 3,79 6,63
Ásia 3,80 0,05 0,11 0,66 0,73 1,42 0,68 0,72 6,37
Europa 4,45 0,01 0,01 0,07 0,75 0,49 0,24 0,04 6,86
Oceania 4,98 0,00 0,00 0,00 0,75 0,57 0,21 0,05 6,89
Nota: Essa tabela reporta os resultados obtidos com a adoção de uma infraestrutura de transporte brasileira
com qualidade perfeita. As colunas de (1) a (4) referem-se aos valores do cenário condicional com os efeitos
de curto prazo, enquanto as de (5) a (8), os do cenário de dotação total que estimam os ganhos de longo
prazo. As colunas (1) e (5) mostram as variações percentuais obtidas nas exportações para os cenários
condicional e de dotação total, respectivamente. As colunas (2) e (6) referem-se as variações percentuais
condicionais e de dotação total, nessa ordem, obtidas no PIB dos países. As colunas (3) e (7), por sua vez,
medem a mudança percentual nas resistências multilaterais externas, enquanto as de número (4) e (8) as
internas.
Fonte: Elaboração própria.
No que se refere aos ganhos para os países do Mercosul, bloco econômico do qual
o Brasil faz parte, a mudança sugerida acarreta ganhos de curto prazo apenas para o
próprio país. Já, no longo prazo, a melhora na qualidade da infraestrutura, ainda que
unilateral, incrementou o valor das trocas totais dos países que fazem parte dessa região
de integração econômica. Pela Tabela 20, verifica-se que Argentina e Uruguai aumentam
suas exportações em 1,77% e 1,76%, respectivamente, enquanto para o Paraguai esse
percentual é de 1,27%. Apenas a Venezuela perde em termos de receita proveniente do
comércio internacional, porém é a que mais ganha em crescimento de PIB.
76
Tabela 20 – Efeitos do cenário condicional (curto prazo) e de dotação total (longo prazo)
de uma infraestrutura de transporte brasileira com qualidade perfeita, para os países do
Mercosul - %
Qualidade Índices condicionais Índices de dotação total
País média do Exportação PIB OMR IMR Exportação PIB OMR IMR
transporte (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
Argentina 3,12 0,00 0,00 0,00 0,75 1,77 -0,31 -0,70 6,89
Brasil 2,81 0,03 5,71 39,58 0,75 6,81 10,50 37,44 6,89
Paraguai 2,59 0,00 0,00 0,00 0,75 1,27 0,61 0,23 6,89
Uruguai 3,65 0,00 0,00 -0,01 0,75 1,76 0,09 -0,67 6,89
Venezuela 2,58 0,00 0,00 0,01 0,77 -8,08 17,56 12,08 3,76
Nota: Essa tabela reporta os resultados obtidos pelos países do Mercosul com a adoção de uma
infraestrutura de transporte brasileira com qualidade perfeita. As colunas de (1) a (4) referem-se aos valores
do cenário condicional com os efeitos de curto prazo, enquanto as de (5) a (8), os do cenário de dotação
total que estimam os ganhos de longo prazo. As colunas (1) e (5) mostram as variações percentuais obtidas
nas exportações para os cenários condicional e de dotação total, respectivamente. As colunas (2) e (6)
referem-se as variações percentuais condicionais e de dotação total, nessa ordem, obtidas no PIB dos países.
As colunas (3) e (7), por sua vez, medem a mudança percentual nas resistências multilaterais externas,
enquanto as de número (4) e (8) as internas.
Fonte: Elaboração própria.
O padrão dos benefícios resultante das estimativas do modelo mostrado por meio
de mapas ajuda a visualizar a divisão entre os países arquitetada. Na Figura 06, são
exibidos os percentuais calculados de crescimento do produto bruto, enquanto a Figura
07 evidencia o aumento nas transações internacionais.
78
Figura 06 – Distribuição geográfica dos ganhos de longo prazo no PIB obtidos pela
adequação da infraestrutura do Brasil
Nota: Representação das estimativas de longo prazo resultantes do modelo agrupadas segundo o critério de
intervalos de classe pelo método de quebras naturais de Jenks. Os mapas são coloridos de acordo com as
respectivas faixas do valor do ganho de longo prazo na variável de interesse apresentadas na legenda.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 07 – Distribuição geográfica dos ganhos de longo prazo nas exportações obtidos
pela adequação da infraestrutura do Brasil
Nota: Representação das estimativas de longo prazo resultantes do modelo agrupadas segundo o critério de
intervalos de classe pelo método de quebras naturais de Jenks. Os mapas são coloridos de acordo com as
respectivas faixas do valor do ganho de longo prazo na variável de interesse apresentadas na legenda.
Fonte: Elaboração própria.
79
5 CONCLUSÃO
O Brasil, por ter adequado suas condições para dispor de um sistema de transporte
de qualidade ideal, percebe incremento de 6,81% em suas exportações em relação ao
cenário base, enquanto esse percentual é de 10,50% para o PIB. Isto é, se a infraestrutura
de transporte brasileira oferecesse aos seus usuários condições ótimas, então o país
poderia ter experimentado intensificado o seu crescimento econômico.
Deve-se mencionar que o estudo traz algumas limitações, uma vez que não
procura estabelecer se é factível financeiramente para os países atingirem o nível máximo
de qualidade da infraestrutura de transporte. Os ganhos são mensurados a partir do
aumento em uma unidade na nota de qualidade do transporte para os países sem, contudo,
considerar o quanto essas nações precisam desembolsar para atingir esse objetivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, J.E. A Theoretical Foundation for the Gravity Equation. The American
Economic Review, vol. 69, nº 1, pg. 106-116, 1979.
ANDERSON, J.E. e van WINCOOP, E. Gravity with Gravitas: A Solution to the Border
Puzzle. The American Economic Review, vol. 93, nº1, pg. 170-192, 2003.
ARROW, K.J. Path dependence and competitive equilibrium. In: GUINNANE, T.;
SUNDSTROM, W.A.; WHATLEY, W.C. History matters: essays on economic
growth, technology and demographic change. Stanford: Stanford University Press,
2003.
BAIER, S.L. e BERDSTRAND, J.H. Estimating the effects of free trade agreements on
international trade flows using matching econometrics. Journal of International
Economics, vol. 77, pg. 63-76, 2009.
EGGER, P. e LARCH, M. The Bilateral and Multilateral Trade Effects of Road and
Railway Transport Infrastructure. Working paper, Munich, Germany: Ifo Institute for
Economic Research, Ludwig-Maximilian University of Munich, 2014.
EGGER, P.H, e STAUB, K.E. GLM estimation of trade gravity models with fixed effects.
Empirical Economics, vol. 50, nº 1, pg. 137-175, 2015.
KRUGMAN, P. Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade. The
American Economic Review, vol. 70, nº5, pg. 950-959, 1980.
APÊNDICES
ANEXOS
Para economias onde não há serviço de trem regular ou onde a rede cobre apenas uma
parte desprezível do território, este indicador não é usado no cálculo, e nos perfis dessas
economias é usado o termo N/A para este indicador.