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Princípios – Aula 00 – Direito Administrativo - TJRJ

Ø Princípios EXPRESSOS (CF, art. 37, caput):


L I M P E > Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade, Eficiência.
Aplicáveis a toda Administração Pública, direta e indireta, de qualquer dos Poderes, da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e aos particulares no exercício de função
pública.

Legalidade

 A Administração só pode agir segundo a lei (em sentido amplo).


 Para a Administração: restrição de vontade; para os particulares: autonomia de
vontade.
 Legalidade (agir conforme a lei) X Legitimidade (observar também os demais
princípios).
 Restrições à legalidade: estado de defesa, estado de sítio e medidas
provisórias.
** Princípio da juridicidade:

  busca ampliar os conceitos de Legalidade


 legalidade + legitimidade + moralidade.

 
Impessoalidade

 Atos devem ser praticados tendo em vista o interesse público, e não os


interesses pessoais do agente ou de terceiros.
 Três aspectos: isonomia, finalidade pública e não promoção pessoal.
o 1) dever de isonomia por parte da ADM pública
 _ atos praticados tendo em vista o interesse Público
 _ isonomia
 Ex: concurso público, licitação...
o 2) dever de conformidade aos interesses públicos
 se confunde com o princípio da finalidade
 fim buscado pelo administrador público deve ser o fim legal,
de interesse geral e impessoal
 se algum ato for praticado com objetivo diverso deste,
será considerado nulo, por desvio de finalidade
** É possível aliar a pretensão do particular quando junta do interesse público.
o 3) vedação à promoção pessoal dos agentes públicos
 realizações governamentais devem ser vistas como manifestações
institucionais (servidor apenas como meio de manifestação da vontade estarão).
 proíbe nomes, símbolos ou imagens que caracterizam promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos em Publicidade de atos, programas,
obras, serviços e programas dos órgãos públicos.
 permite que se reconheça a validade dos atos praticados em nome da
administração por agentes cuja investidura no cargo venha a ser futuramente anulada
(agente de fato)** somente se praticados perante terceiros de boa-fé.
 

 Ato pode ser anulado, por desvio de finalidade.


 
Moralidade

 Necessidade de atuação ética dos agentes públicos (moral administrativa).


 Conceito indeterminado, mas passível de ser extraído do ordenamento
jurídico.
 Aspecto vinculado; permite a anulação dos atos administrativos.
 Nepotismo: não necessita de lei formal; não se aplica a agentes políticos.
Dispositivos relacionados:

o Lei de improbidade ADM


o Lei 12813 (conflito de interesses no Executivo Federal)
o Decreto 1171/94
o Súmula vinculante 13 (vedação do nepotismo)
 _ abrange também nepotismo cruzado
 _ STF entende que nepotismo ofende também a impessoalidade e
a eficiência
*** Não se aplica a agentes políticos (ministro de Estado, secretário estadual ou
municipal); mas a nomeação não pode ser objetivo meramente pessoal e o nomeado
deve possuir qualificações adequadas para o cargo.
*** Proibido ao servidor público manter sob sua chefia imediata cônjuge ou parente
até o 2° grau civil
*A plena efetividade da moralidade administrativa independe da existência de lei que
proíba a conduta reprovada.
Ação popular: meio disponível para o cidadão provocar o controle judicial da
moralidade administrativa

 
Publicidade

 A Administração deve dar transparência a seus atos.


 Permite o controle da legalidade e da moralidade dos atos administrativos.
 Restrições à publicidade: segurança da sociedade e do Estado; proteção à
intimidade ou ao interesse social.
 Publicidade (diversos meios) ≠ Publicação (divulgação em órgãos oficiais).
 Institutos jurídicos previstos pela CF: habeas data, mandado de segurança,
direito de petição, direito à obtenção de certidões em repartições públicas e ação
popular.
 

 Quando a Lei não define a forma de divulgação dos atos, o agente público deve
avaliar se o ato produz efeitos internos ou externos
 Externos: por alcançarem particulares, a regra é divulgação por meio
de publicação em diários oficiais
 Internos: não precisa ser feita em diário oficial; basta que seja
publicado em veículos de circulação interna, como boletins e
circulares.

§ Publicidade não é considerada elemento de formação do ato administrativo, e sim requisito


de eficácia.
§ O ato não publicado permanece válido, mas sem produzir efeitos perante terceiros.
§ STF permite a divulgação do nome, do cargo e da remuneração dos servidores públicos,
mas não do CPF, da identidade e do endereço, como medida de segurança. 
 
Eficiência

 Atividade administrativa deve ser exercida com presteza, perfeição e


rendimento funcional, buscando-se maior produtividade e redução dos desperdícios de
recursos.
 Princípio ligado à Reforma do Estado (administração gerencial).
 Possui dois focos: conduta do agente público e organização interna da
Administração.
 § Ex: avaliação de desempenho; contratos de gestão com fixação de
metas; celeridade na tramitação dos processos administrativos e
judiciais.
 Não pode se sobrepor ao princípio da legalidade (deve ser buscada com
observância aos parâmetros e procedimentos previstos na lei).
 Desdobramentos desse princípio na CF
 Exigência de avaliação de desempenho para aquisição da
estabilidade pelo servidor público e perda do cargo de servidor estável
mediante avaliação periódica de desempenho, assegurada ampla
defesa;
 Exigência de que os servidores participem de cursos de
aperfeiçoamento para que possam ser promovidos na carreira;
 Necessidade de lei regulamentar a participação do usuário na ADM
pública direta e indireta, regulando as reclamações relativas às
prestações dos servidos públicos em geral;
 Possibilidade de se ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e
financeira dos órgãos e entidades da ADM direta e indireta mediante
celebração de contratos de gestão, com fixação de metas de
desempenho;
 Previsão de que lei da U, E, DF e M discipline a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em
casa órgão, autarquia e fundação para aplicação no desenvolvimento
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do
serviço público (inclusive sob forma de adicional ou prêmio de
produtividade)

Ø Princípios IMPLÍCITOS ou RECONHECIDOS: possuem a mesma relevância que os princípios


explícitos.

Supremacia do interesse público (BASILAR)

 Fundamenta as prerrogativas da Administração.


 Presente de forma direta nas relações jurídicas verticais; e de forma indireta
nas atividades-meio e quando esta atua como agente econômico. 
 Poderes

Indisponibilidade do interesse público (BASILAR)


 

 Fundamenta as restrições. Ligado ao princípio da legalidade. Também implica


que os agentes não podem deixar de exercitar as prerrogativas. Presente de forma
direta em toda e qualquer atividade administrativa.
 Deveres
- Interesses públicos primários: interesses diretos do povo.
- Interesses públicos secundários: (i) interesses do Estado de caráter patrimonial (aumentar
receitas ou diminuir gastos); e (ii) os atos internos de gestão administrativa.
O interesse público secundário só é legítimo quando não é contrário ao interesse público
primário.

Motivação
 Indicação dos pressupostos de fato e de direito. Atos vinculados e
discricionários. Permite o controle da legalidade e da moralidade.
 Assegura ampla defesa e contraditório.
 Dispensa motivação:  exoneração de ocupante de cargo em comissão.

Razoabilidade e proporcionalidade

 Razoabilidade: compatibilidade entre meios e fins (aferida pelos padrões do


homem médio)
 Proporcionalidade: conter o abuso de poder (ex: sanções proporcionais às
faltas).

Doutrina: proporcionalidade constitui um dos aspectos da razoabilidade.

 Três fundamentos:
 Adequação
 Exigibilidade ou necessidade: conduta deve ser necessária, não
havendo outro meio que cause menos prejuízo aos indivíduos a fim de
alcançar o fim público
 Proporcionalidade em sentido estrito: vantagens a serem
conquistadas devem superar as desvantagens
** Em regra, judiciário e órgãos de controle não podem interferir no critério Discricionário. 
Porém, se o ato administrativo implicar limitações inadequadas ou desproporcionais,
extrapolando os limites da lei, segundo os padrões de um homem médio, deverá ser anulado.
_ controle de legalidade ou legitimidade (será declarada nulidade)
* Incide sobre qualquer função Pública, inclusive a legislativa.

Contraditório e ampla defesa

 Deve haver em todos os processos administrativos, punitivos (acusados) e não


punitivos (litigantes).

Autotutela

 Anular atos ilegais e revogar atos inoportunos e inconvenientes.


 Pode ser mediante provocação ou de ofício.
 Não afasta a apreciação do Judiciário (atos ilegais).
 Os atos não podem ser revistos após o prazo decadencial (5 anos), salvo
comprovada má-fé.
Segurança jurídica

 Segurança jurídica (aspecto objetivo, estabilidade das relações) X Proteção à


confiança (aspecto subjetivo, crença de que os atos da Administração são legais).
 Veda a aplicação retroativa de nova interpretação.
 Limita a autotutela e a legalidade.
 decorre da necessidade de se estabilizar as situações jurídicas.
 "essencialidade do postulado da segurança jurídica é a necessidade de se
respeitar situações consolidadas no tempo, amparadas pela boa fé do cidadão, seja
servidor ou não. (STF)
* Também é aplicado:

o Decadência e prescrição;
o Súmula vinculante;
o Proteção do ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada

** Segurança jurídica: serve para limitar ou conter a aplicação do princípio da Legalidade,


mitigando a possibilidade de a ADM anular atos ilegais que tenham, todavia, gerado benefícios
favoráveis a terceiros.

 Súmula 249 – TCU - É Dispensada a reposição de importâncias indevidamente


percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de
erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de
autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão à vista da
presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas
salariais.

Especialidade

 Descentralização administrativa. Criação de autarquias, EP e SEM.

Hierarquia
 Forma como são estruturados os órgãos da Administração Pública, criando uma
relação de coordenação e subordinação entre uns e outros.

Precaução

 Adoção de medidas preventivas para proteger o interesse público dos riscos a


que se sujeita.

Sindicabilidade
 Possibilidade de se controlar as atividades da Administração (ser sindicável é ser
controlável)
 Controles: judicial, interno, externo (Legislativo e Tribunais de Contas) e autotutela.

Subsidiariedade

 Prega que o Estado deve intervir apenas nas atividades que os particulares não
consigam exercer por sua própria iniciativa ou com seus próprios recursos (ou seja, por
esse princípio, a atividade privada tem primazia sobre a atividade pública, sendo está
subsidiária daquela)
o é uma limitação da atividade estatal

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