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O RISCO PARA A PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS: A

CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA DA VENEZUELA E A


PROBLEMÁTICA DA IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL

THE RISK TO THE PREVALENCE OF HUMAN RIGHTS: THE


POLITICAL AND ECONOMIC CRISIS OF VENEZUELA AND THE
PROBLEM OF IMMIGRATION TO BRAZIL

RESUMO
Expoente da produção petrolífera na América Latina, a República Bolivariana da Venezuela
convive com a instabilidade política e econômica causada pela rivalidade polarizada entre os
apoiadores do governo de Nicolás Maduro e seus oposicionistas, pondo em risco a
prevalência dos Direitos Humanos no país. Como resultante dessa problemática, evidencia-se
um fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil, que adentram o país por meio das
disposições fronteiriças localizadas no estado de Roraima. Desse modo, com base em uma
pesquisa de natureza qualitativa pura, o presente artigo tem como objetivos localizar os
possíveis motivos ensejadores da crise socioeconômica na qual o país venezuelano está
inserido, dissertar acerca dos pedidos de refúgio dos imigrantes venezuelanos e a concessão
de vistos humanitários por parte do governo brasileiro, além de verificar a posição legal
instaurada no Brasil para o tratamento da questão.

Palavras-chave: ​Venezuela. Brasil. Imigração. Refúgio. Visto humanitário.

ABSTRACT
The Bolivarian Republic of Venezuela, exponent of oil production in Latin America, lives
with the political and economic instability caused by the polarized rivalry between the
supporters of Nicolás Maduro’s government and its opposers, putting at risk the prevalence of
Human Rights in the country. As a result of this issue, there is a notorious migratory flux to
Brazil of venezuelans, whom enter the country by the border areas in the state of Roraima.
Thereby, based on a purely qualitative research, this article’s objectives are to pinpoint the
possible causing reasons of the socio-economic in which venezuelan country is in, discuss the
refuge requests of the venezuelan immigrants and the permit of humanitarian visas by the
brazilian government, as well to verify the legal position established in Brazil for dealing with
the matter.

Keywords:​ ​Venezuela. Brazil. Immigration. Refuge. Humanitarian visa.

INTRODUÇÃO
Exponencial da produção petrolífera global e uma das principais exportadoras de
petróleo cru na América Latina (CEPAL, 2016), a Venezuela se encontra assolada por uma
extensiva instabilidade política e econômica causada, essencialmente, pela rivalidade
polarizadora dos apoiadores do governo de Nicolás Maduro, reeleito em maio de 2018, e seus
opositores.
Como resultado do caos inflacionário que atinge a economia venezuelana,
proporcionando crises no abastecimento alimentício, e as denúncias de violações aos Direitos
Humanos, como o uso ostensivo da força repressiva do Estado contra manifestantes, um
processo de migração para países fronteiriços, como o Brasil e a Colômbia, foi iniciado,
pondo em risco a estabilidade das relações diplomáticas entre Estados-soberanos.
Submetidos a uma realidade social que não promove uma adaptação e vivência
concisa, a onda migratória da Venezuela para o Brasil consiste em um movimento social de
desadaptação, no qual os deslocados não saem do seu país por vontade própria, mas sim para
seguir o instinto mais básico da natureza humana: a sobrevivência.
Desse modo, o presente escrito tem entre seus objetivos verificar os motivos
ensejadores da instabilidade política na Venezuela, como, por exemplo, a dependência da
economia venezuelana com o mercado externo. Ademais, busca-se analisar a veracidade das
denúncias de violações aos Direitos Humanos, realizadas nos protestos contrários ao governo
de Nicolás Maduro em fevereiro de 2014.
Não obstante, o ensaio busca compreender a visão brasileira acerca dos pedidos de
refúgio de venezuelanos no território nacional, suplantada pela concessão de vistos
humanitários por parte do governo brasileiro, além de verificar a aplicabilidade das
disposições legais e medidas públicas instauradas no Brasil acerca da problemática migratória
que atinge o estado de Roraima.
Este trabalho desenvolver-se-á por meio de metodologia qualitativa e quantitativa,
descritiva, bibliográfica, na forma de livros, e documental, com fontes fornecidas por
instituição federal representada por documentos divulgados pelo Poder Executivo e
Legislativo.
2 A CRISE ECONÔMICA E POLÍTICA VIGENTE NA VENEZUELA
Com o surgimento de redes econômicas entrelaçadas e perpetradas pelo fenômeno da
1
Globalização , a problemática migratória internacional se faz presente na realidade política,
econômica e social dos Estados-soberanos. A criação de novos meios de comunicação e de
transporte, flexibilizadores das distâncias, outrora intransponíveis, tornaram mais tênue a

1
Processo de homogeneização de fronteiras e culturas nacionais com aporte no livre mercado e na
desterritorialização da produção. (HENDERSON ​et al.​ 2011, p. 152-153)
linha fronteiriça existente entre as nações, permitindo a troca de influências étnico-culturais, a
realização de transações econômicas e aspirações por vidas melhores.
Dessa forma, o efeito do fenômeno global promove não só a maleabilidade de
distâncias, mas também a dependência de países com desenvolvimento tardio, como os
latino-americanos, para com os índices econômicos do mercado externo. Dentre os mais
variados exemplos, observa-se com maior relevância o da Venezuela, caracterizada por sua
intensa atividade petrolífera.
Segundo dados de 2013, a exportação de petróleo cru promovida pela Venezuela
correspondeu a 85,1% do total de todas as suas exportações, com base em informações
divulgadas pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL, 2016).
Destarte, a excessiva dependência da exportação venezuelana aos incentivos do mercado
externo promove a instabilidade da vida política e social no país, assim como de suas
instituições democráticas, em virtude do temor de oscilações do preço do barril de petróleo.
Conforme preceituado pela Constituição da República Bolivariana da Venezuela,
promulgada em 1999, seria dever das instituições públicas do país aderirem aos princípios
constitucionais, que tinham como base proteger a inviolabilidade dos menos favorecidos,
além de desenvolver abordagens para assegurar seus direitos. (ANISTIA, 2014)
Artículo 299. El régimen socioeconómico de la República Bolivariana de Venezuela
se fundamenta en los principios de justicia social, democracia, eficiencia, libre
competencia, protección del ambiente, productividad y solidaridad, a los fines de
asegurar el desarrollo humano integral y una existencia digna y provechosa para la
2
colectividad. [...] (VENEZUELA, 1999)

Entretanto, após uma tentativa de golpe de estado realizada ainda no governo do


então presidente Hugo Chávez, a falta de cumprimento ao texto constitucional,
principalmente nas matérias pertinentes aos direitos humanos, acabou por ser evidenciada
internacionalmente, promovendo o comprometimento das instituições que constituem o
Estado Democrático e Social de Direito e Justiça, previsto na Constituição da Venezuela em
3
seu art. 2º . É importante destacar que o país integrava o Mercado Comum do Sul

2
“O regime socioeconômico da República Bolivariana da Venezuela se fundamento nos princípios de justiça
social, democracia, eficiência, livre competência, proteção do meio ambiente, produtividade e solidariedade,
com os fins de assegurar o desenvolvimento humano integral e uma existência digna e proveitosa para a
coletividade.” (Tradução livre realizada pelos autores do presente artigo)
3
Artigo 2.° Venezuela se constitui em um Estado democrático e social de Direito e de Justiça, que propugna
como valores superiores de seu ordenamento jurídico e de sua atuação, a vida, a liberdade, a justiça, a igualdade,
a solidariedade, a democracia, a responsabilidade social e, em geral, a preeminência dos direitos humanos, da
ética e do pluralismo político.” (VENEZUELA, 1999).
(MERCOSUL), mas devido às reiteradas violações aos direitos humanos, teve a sua
participação suspensa em 2017.
Em virtude de uma polarização que já dura há mais de uma década, o país, liderado
desde 2013 por Nicolás Maduro, se vê assolado por uma instabilidade política, iniciada em
fevereiro de 2014, causada pelo embate entre apoiadores e opositores do governo. De acordo
com dados do mesmo ano, os protestos deixaram, entre 4 de fevereiro e 27 de março de 2015,
pelo menos 37 mortos e mais de 550 pessoas feridas. (ANISTIA, 2014)
Entre os relatos, encontrou-se a denúncia de uso excessivo de força coercitiva por
parte da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e do Serviço Bolivariano de Inteligência
Nacional (SEBIN), assim como casos de tortura. Os episódios de violência e tortura, que
abrangeram desde manifestantes até jornalistas e ativistas dos Direitos Humanos,
aconteceram no momento de suas detenções e no período de custódia pelas forças da
segurança nacional da Venezuela. (ANISTIA, 2014)
Ademais, a condução dos meios necessários para o fornecimento do devido processo
legal aos acusados, garantia básica de defesa que deve ser fornecida ao réu submetido ao
processo, foram suprimidos, como a divulgação de informações sobre o motivo de suas
prisões, segundo relatório elaborado pela Anistia Internacional.
Para Amnistía Internacional resulta alarmante que se haya, al parecer, vulnerado el
derecho de los detenidos a ser informados inmediatamente de los motivos de su
detención para permitirles impugnar la legalidad de la misma y comenzar a preparar
su defensa. Resulta preocupante también que se haya negado a los detenidos el
acceso a asistencia jurídica de su elección y el disponer del tiempo y los medios
adecuados para comunicarse con un abogado, Como ha establecido el Comité de
Derechos Humanos y el Relator Especial de las Naciones Unidas sobre la Tortura, el
acceso inmediato y periódico a un abogado es una importante salvaguardia contra la
4
tortura, los malos tratos y las confesiones hechas bajo coacción y otros abusos.
(ANISTIA, 2014)
Os ânimos da contenda entre oposicionistas e aliados de Nicolás Maduro se tornaram
ainda mais inflamáveis em razão da prisão do líder do partido ​Voluntad Popular​, Leonardo
5
López , acusado de incentivar atos de violência nas manifestações de 2014, e mais outros dois

4
“​É alarmante para a Anistia Internacional que o direito dos detidos a serem informados imediatamente das
razões de suas detenções parece ter sido violado a fim de não permitir o questionamento da legalidade da prisão
e a preparação de suas defesas. Também é preocupante que tenha sido negado aos detidos o acesso a assistência
legal de sua escolha e que eles tivessem tempo e meios adequados para se comunicar com um advogado,
conforme estabelecido pelo Comitê de Direitos Humanos e pelo Relator Especial das Nações Unidas para
Direitos Humanos. O acesso imediato e regular a um advogado é uma salvaguarda importante contra a tortura,
maus-tratos e confissões cometidas sob coação e outros abusos.” ​(Tradução livre realizada pelos autores do
presente artigo)
5
Leonardo López foi condenado em 2015 a 13 anos e 9 meses de prisão, mas recebeu o privilégio de
cumprimento de pena domiciliar em 2017 após intensas negociações entre seu partido, o ​Voluntad Popular​, e o
dirigentes, como o coordenador político Carlos Veechio e Antonio Riveiro, dirigente nacional
do partido.
Nos diversos comunicados emitidos, a versão utilizada pelo governo venezuelano
para explicar a crise consiste em acusações de ordens advindas dos Estados Unidos em forma
de represália ao atual sistema econômico vigente no país, caracterizado com uma versão do
socialismo, ambientada no século XXI. ​Na visão de seus opositores, a crise econômica e
política deriva de sucessivos erros do governo de Nicolás Maduro, como a intransigência para
se moldar aos diálogos internacionais, de natureza capitalista.
De fato, a opinião internacional não parece favorável ao governo de Nicolás Maduro.
Por meio do seu secretário de Estado, Mike Pompeo, os Estados Unidos classificaram as
eleições da Venezuela, que reelegeram Nicolás Maduro em 2018, como fraudulentas,
afirmando sua pouca efetividade para a alteração da conjuntura social do país, conforme
noticiado no jornal G1. ​(online,​ 2018).
A represália internacional contra a reeleição de Maduro decorre de críticas materiais
à condução do processo eleitoral no país, marcado por elevado índice de abstenção e suspeitas
de fraudes. Entretanto, analisando formalmente o texto da Constituição Venezuelana, o
mandato do presidente reeleito não apresenta irregularidades, já que o seu art. 6º prevê que o
“seu governo nacional e das entidades que o compõem será democrático, participativo,
eletivo, descentralizado, alternativo, pluralista e de mandatos passíveis de revogação”
(VENEZUELA, 1999).
Apesar da transição de governos de Hugo Chávez para Nicolás Maduro e os esforços
do Estado venezuelano em efetivar o cumprimento de direitos relativos ao acesso a serviços
de saúde e educação, a situação econômica do país, que vivencia crises de abastecimento de
produtos alimentícios, propulsiona a onda migratória para Estados fronteiriços, como o Brasil
e a Colômbia.

3 OS PEDIDOS DE REFÚGIO DE IMIGRANTES VENEZUELANOS E A


CONCESSÃO DE VISTOS HUMANITÁRIOS
Configurando como um dos líderes de desenvolvimento da América Latina, o Brasil
se tornou um dos principais destinos para imigrantes reconstruírem suas vidas por meio da

Governo Venezuelano. Disponível em:


https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/08/internacional/1499510421_745076.html. Acesso em: 24 jun. 2018.
obtenção de novas oportunidades de trabalho. Segundo dados do Comitê Nacional para
Refugiados (CONARE), órgão do Ministério da Justiça, o país recebeu mais de 30.000
pedidos de refúgio de imigrantes no ano de 2017, sendo 17.800 só da Venezuela. (IDOETA,
2018, ​online​)
Embora seja um dos principais problemas nas relações entre Estados-soberanos na
atualidade, a difícil tarefa de receber e fornecer meios de subsistência para àqueles que saíram
de seus países de origem por razões diversas já era debatida pela comunidade filosófica do
século XX, principalmente com os estudos de Hannah Arendt.
Segundo Arendt (2016, p. 372), os principais meios de coerção utilizados pelas
forças do Terceiro Reich para lidar com os opositores de seus ideais foi o processo de
desnacionalização, além da desintegração de diversos Estados-nacionais europeus, criando
uma condição jurídica nova, os chamados apátridas.
Essa condição atípica se refere aos indivíduos que perderam sua nacionalidade em
seu respectivo país de origem, não tendo seus direitos mínimos reconhecidos nos países para
os quais se destinavam. No caso, os apátridas haviam perdido os direitos resguardados por
cartas célebres, como as elaboradas durante a Revolução Americana e Francesa,
6
cessando-lhes os chamados Direitos do Homem. (BRITO, 2012, p. 13).
Ademais, os efeitos dos conflitos da Segunda Guerra Mundial acabaram por criar um
outro indivíduo igualmente peculiar nas relações internacionais, chamado de refugiado.
Conforme preleciona Hannah Arendt (2013, p. 7), “um refugiado costuma ser uma pessoa
obrigada a procurar refúgio devido a algum ato cometido ou por tomar alguma posição
política”.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, as potências consagradas vencedoras do
conflito, temerosas com o surgimento de um possível embate de proporções que poderiam
colocar em risco o futuro da humanidade, criaram, em 1945, a Organização das Nações
Unidas (ONU). Cientes da ineficiência dos Estados-soberanos em resguardar os Direitos dos
Homens, fato marginalizador de milhares de pessoas, países como os Estados Unidos e a

6
“As declarações dos Direitos do Homem, proclamadas no fim do século XVIII, resultantes das Revoluções
Americana e Francesa, serviram de fundamento para o Estado moderno, cuja legitimidade deixava de
fundamentar-se em motivos religiosos ou em hierarquias sociais que dividiam a população em estamentos
definidos pelos seus privilégios sociais.” (BRITO, 2012, p. 13)
então União Soviética demonstraram interesse na elaboração de mecanismos para
salvaguardar a condição de humano.
Para isso, em 1949, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada em
uma assembleia geral da ONU. No texto, os países signatários reconhecem os horrores dos
conflitos que serviram de base para sua criação, passando a resguardar, em seu art. 2º, a
invocação de seus direitos sem qualquer distinção:
“Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na
presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo,
de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de
fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita
nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou
do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob
tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania” (ONU, 1949, ​online)​ .

Entretanto, a problemática dos refugiados, associada com os apátridas, acabou por


perdurar em decorrência da insuficiência da Declaração Universal dos Direitos Humanos
como meio tutelar de direitos. Para isso, conforme preceitua Hannah Arendt (2016, p. 382),
“o apátrida recebeu atenção e consideração tardias, quando sua posição legal também foi
aplicada aos refugiados, desnacionalizados por povos vitoriosos”.
De modo consequente, a Convenção de Genebra Relativa ao Status de Refugiado,
realizada em 1951, passou a definir como refugiado o imigrante submetido ao terror de
perseguições por raça, etnia, religião, nacionalidade, grupo social ou posicionamentos
políticos, que procura refúgio em outro Estado internacional (ACNUR, 1951). Contudo, em
razão da pluralidade de conflitos e crises no âmbito externo, o conceito ganhou múltiplas
ressignificações ou extensões ao longo das décadas.
Os países da América Latina, dentre eles o Brasil, por meio da Declaração de
Cartagena, elaborada em 1984, desenvolveram um conceito mais amplo da definição de
refugiado. Preceitua a Declaração:
“[...] a definição ou o conceito de refugiado recomendável para sua utilização na
região é o que, além de conter os elementos da Convenção de 1951 e do Protocolo
de 1967, considere também como refugiados as pessoas que tenham fugido dos seus
países porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido ameaçadas pela
violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a violação
maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que tenham perturbado
gravemente a ordem pública” (OEA, 1984, ​online)​ .

Desse modo, a complexa questão da entrada e permanência de imigrantes


venezuelanos no estado de Roraima evidencia a crise das relações diplomáticas entre Brasil e
Venezuela. Apesar de ter sido o país com o maior número de pedidos de refúgio no solo
nacional brasileiro em 2017, nenhum venezuelano recebeu esse ​status por parte do governo
brasileiro. (IDOETA, 2018, ​online)​
Dentre as possíveis justificativas para tal decisão, lista-se o fato de que muitos
desejam regressar ao seu país de origem, além de que a situação venezuelana, proveniente de
uma crise política e econômica, não estaria listada nos textos legais que servem de base para a
validade dos pedidos de refúgio.
Como meio para solucionar a problemática, o Brasil passou a conceder os chamados
vistos humanitários aos imigrantes venezuelanos, medida já utilizada anteriormente em 2013
com problemática parecida causada por uma massiva entrada de imigrantes haitianos no país.
Dentre os benefícios da concessão do visto humanitário, estão presentes a garantia de
residência no país por até dois anos, com a regularização de direitos como residentes.
Ademais, conforme medida válida para estrangeiros residentes no país, o imigrante
venezuelano teria acesso ao programa assistencial de renda básica do Governo Federal, o
chamado Bolsa Família, além de receber RG e Carteira de Trabalho ​para a procura de
empregos formais.
Entretanto, o lançamento da Medida Provisória nº. 820, posteriormente convertida na
Lei. 13.684, de 21 de junho de 2018, reacendeu as discussões acerca da concessão do ​status
de refugiado aos imigrantes interessados provenientes da Venezuela. Dispondo sobre medidas
de assistência de caráter emergencial para acolhimento de imigrantes decorrentes de crise
humanitária, o texto legal afirma:
[...]
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Medida Provisória, considera-se:
I - situação de vulnerabilidade - condição emergencial e urgente que evidencie a
fragilidade da pessoa, nacional ou estrangeira, no âmbito da proteção social,
decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária;
II - proteção social - conjunto de políticas públicas estruturadas para prevenir e
remediar situações de vulnerabilidade social e risco pessoal que impliquem em
violação dos direitos humanos; e
III - crise humanitária - desastre natural ou conflito causado pelo homem que resulte
em violação direta ou indireta dos direitos humanos. (BRASIL, 2018)
Conforme evidenciado no presente trabalho, é nítida a violação dos direitos humanos
por parte do estado venezuelano, seja pela quebra do fornecimento do devido processo legal
aos presos políticos das manifestações de 2014 ou pela ostensiva utilização de força
coercitiva pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN) e pela Guarda Nacional
Bolivariana (GNB).

Dito isso, a Medida Provisória, assinada por Michel Temer, presidente da república,
acaba por introduzir no texto da legislação infraconstitucional elementos semelhantes aos que
definem o ​status d​ e refugiado por parte dos textos da Declaração de Cartagena, assinada em
1984, ao conceber a crise humanitária como resultante, também, de conflito causado pelo
homem que resulte em violação direta ou indireta dos direitos humanos,

Portanto, a recusa automática do status de refugiado ao imigrante venezuelano


submetido à alcunha de perseguido político, como, por exemplo, os membros do partido de
oposição do governo de Nicolás Maduro, ​ou ao indivíduo que teve seus meios de defesa
cerceados durante a condução de seu processo, evidencia um flagrante descompasso entre o
Governo Federal e as cartas das quais o país é signatário.

4 DISPOSIÇÕES LEGAIS E MEDIDAS PÚBLICAS INSTAURADAS NO


BRASIL ACERCA DA IMIGRAÇÃO VENEZUELANA
No que tange à legislação, precipuamente nos termos da Constituição Federal, que
apresenta em seu preâmbulo a prevalência do Estado Democrático de Direito, pautado por
princípios como igualdade, liberdade e justiça, encontra-se presente, no art. 4º, os elementos
nos quais devem ser regidas as relações internacionais.
Na preocupação de resguardar os direitos de todos os indivíduos ingressos no
território nacional, o legislador constitucional prevê, no art. 5º, a salvaguarda de direitos e
garantias fundamentais, evidenciando, em seu ​caput,​ que o conteúdo contido no referido
artigo vale extensivamente tanto para brasileiros como para estrangeiros residentes
momentânea ou permanentemente no Brasil. (BRASIL, 1988)
Desse modo, salienta-se as recentes mudanças na legislação infraconstitucional que
regula a situação dos estrangeiros e imigrantes no Brasil. A legislação que vigorava até então
era o Estatuto do Estrangeiro, de 1980, característico da época em que o governo do país
estava sob o poderio militar. O referido Estatuto adotava uma postura de criminalização ao
estrangeiro, tendo uma ostensiva preocupação com a segurança nacional e uma política
repreensiva contrária a possíveis influências de doutrinas subversivas, como o Comunismo:
“O Estatuto do Estrangeiro, promulgado em 1980, reedita, em um contexto
nacional igualmente totalitário e centralizador, que coincide, em âmbito
internacional, com a Guerra Fria, as mesmas normas de caráter excepcional
editadas durante o Estado Novo: a defesa da segurança nacional e dos
trabalhadores brasileiros” (CARNEIRO, 2018, p 72).

De maneira subsequente, já em 1996, o Programa Nacional de Direitos Humanos foi


elaborado, passando a prever a criação de matéria legislativa para refugiados e a reformulação
do Estatuto do Estrangeiro. No ano seguinte, foi promulgada a Lei n° 9.474/97, legislação
pioneira no país, que passou a definir mecanismos para implementação do Estatuto dos
Refugiados, acordo aprovado pela Convenção de Genebra, realizada em 1951, com base nos
princípios da dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1997)
Quase duas décadas depois, foram notáveis os esforços para suplantar os paradigmas
excludentes e discriminatórios estabelecidos pela tradição normativa em relação aos
imigrantes:
“Nesse período (2010-2016), tais paradigmas foram flexibilizados com a
introdução, por meio de resoluções normativas, de critérios humanitários, no
trato conferido a imigrantes no Brasil. Foram, igualmente, desenvolvidas
políticas de estímulo à recepção digna de integração ao mercado de trabalho
e participação política em questões de seu interesse. Foi o que ocorreu com
as audiências públicas e consultas que culminaram com as conferências
realizadas no âmbito da COMIGRAR (CARNEIRO, 2018, p. 75)”

Em 2013, um projeto de lei de iniciativa do senador Aloysio Ferreira Nunes


(PSDB-SP), o PLS 288/2013, foi concebido para substituir o Estatuto do Estrangeiro. O PL
previa que a nova lei passaria a regular os direitos e deveres do migrante e do visitante,
fiscalizando sua entrada e estada no país, estabelecendo princípios e diretrizes para o
imigrante e normas de proteção ao brasileiro no exterior. (BRASIL, 2013)
Promulgada em 24 de maio de 2017, a lei n° 13.445, chamada de Lei de Migração,
passou a flexibilizar o processo de obtenção de documentos para legalização da permanência
do imigrante no Brasil, bem como reforçar o acesso ao mercado de trabalho regular e serviços
fornecidos pelo Estado brasileiro, como o Sistema Único de Saúde (SUS), na medida em que
o art. 5º da Constituição Federal veda a desigualdade de tratamento entre brasileiros e
estrangeiros no território nacional. (BRASIL, 2017)
Como um dos primeiros desafios para a verificação da eficácia da nova lei, o surto
migratório em 2018 alterou significativamente o cotidiano brasileiro em estados como São
Paulo, que em abril de 2018 recebeu cerca de 300 venezuelanos, mas principalmente o de
Roraima, estado fronteiriço com a Venezuela. Submetidos à situação de vulnerabilidade no
país de Nicolás Maduro, a realidade no Brasil para os imigrantes não parece ser muito
diferente em virtude da insalubridade nos abrigos, da desnutrição e dos relatos xenofóbicos.
Conforme dados divulgados pela Organização Internacional para as Migrações
(OIM) com base em uma pesquisa que entrevistou mais de 3.000 venezuelanos, realizada com
apoio do Ministério de Direitos Humanos, os imigrantes que adentram o território brasileiro
geralmente chegam sem status regular de imigração ou com visto de turista. Passado o
período compreendido dentro de um mês, 77% das pessoas estão regularizadas como
solicitantes de refúgio ou de residência. (OIM, 2018)
Dentre os principais motivos para a saída dos venezuelanos de seu país de origem,
listam-se motivos econômicos ou em decorrência da baixa oportunidade de emprego e falta
de acesso à alimentação ou saúde. Segundo a pesquisa, 75% dos entrevistados são originários
de estados da Venezuela como Anzoategui, Monagas e Bolívar. (OIM, 2018)
No que tange à situação de trabalho e nível de escolaridade, 57% das pessoas
entrevistadas estão desempregadas, pouco importando o nível de escolaridade na obtenção de
emprego em Roraima. Dentre a margem restante que se encontra empregada, 82% possuem
postos de trabalhos informais. (OIM, 2018)
Para contornar a crise, a liberação de mais de 190 milhões para ajuda aos imigrantes
venezuelanos foi realizada por meio da Medida Provisória n° 823, de 9 de março de 2018, na
qual prevê a abertura de crédito extraordinário em favor do Ministério da Defesa (BRASIL,
2018). O recurso, aplicado para as medidas assistenciais de caráter emergencial, buscou
auxiliar a grande maioria presente no estado de Roraima.
No entanto, o atendimento tardio das reivindicações do estado frente ao Governo
Federal provocou estremecimento na relação entre Suely Campos (PP-RR), governadora de
Roraima, e o presidente Michel Temer. Dentre as principais reivindicações, encontra-se a
necessidade de fornecimento de energia de qualidade para os abrigos e de repasses
financeiros maiores para segurança, saúde e fornecimento de educação básica para crianças e
adultos.
Com o intuito de fornecer auxílio para os imigrantes, ONGs como o Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Fraternidade Sem Fronteiras se
reúnem com parcela da sociedade civil favorável à entrada dos venezuelanos no estado,
representada por grupos universitários e comunidades religiosas. (WLADIMILLA, 2018,
online​)
Dentre os frutos dessas ações, na busca de efetivar a celeridade na identificação dos
imigrantes venezuelanos, o Governo Federal, com apoio do Sistema ONU Brasil, inaugurou
um centro de recepção e documentação, localizado na cidade de Pacaraima, em Roraima.
Entre suas funções, o centro oferece informações, serviços sociais e de saúde para os
interessados em manter residência no Brasil.
Conforme informações divulgadas pela organização, “​até o dia 14 de julho de 2018,
o centro ofereceu assistência para mais de 2.800 venezuelanos, sendo 39% mulheres. Além
disso, 62% das pessoas registradas no centro de recepção e documentação solicitaram refúgio
e 37% solicitaram residência temporária​”. (​ ONU BRASIL, 2018, ​online​)
Com base na experiência de sucesso, o envolvimento do Governo Federal com
instituições interessadas em auxiliar na contenção e resolução da crise migratória venezuelana
promove benefícios aos imigrantes e ao Estado, na medida em que a prestação de serviços se
torna mais célere e, ao mesmo tempo, com redução de custos.

CONCLUSÃO
Conforme exposto no presente artigo, apesar de ser um dos principais exponenciais
petrolíferos do mundo, a problemática da crise política na Venezuela, marcada por uma
rivalidade dicotômica partidária entre oposicionistas e apoiadores do governo de Nicolás
Maduro, promove uma ruptura na realidade socioeconômica no país.
Como consequência dessa instabilidade política, a onda migratória para países
fronteiriços como o Brasil promove uma crise nas relações diplomáticas entre
Estado-soberanos, na medida em que a complexa questão da entrada e permanência de
imigrantes venezuelanos no estado de Roraima acabou por revelar uma realidade xenofóbica,
insalubre e de clara vulnerabilidade na condução de políticas públicas por parte do Governo
Federal para a resolução da problemática.
Tendo como um de seus objetivos compreender a crise vivenciada na República
Bolivariana da Venezuela, o presente artigo obteve êxito ao esmiuçar os motivos propulsores
do contexto de desadaptação que o imigrante venezuelano sofreu em seu país de origem,
ocasionando em sua saída, dentre eles a dependência do mercado externo e a tentativa de
golpe sofrida por Hugo Chávez que acabou por ocasionar em vedações ao cumprimento do
texto constitucional do país.
Não obstante, com base nas denúncias de ostensivas violações aos Direitos
Humanos, verifica-se a promoção de meios de cerceamento da condução do devido processo
legal fornecido ao réu no processo. Ademais, o uso desmedido da força coercitiva do Estado
venezuelano, representada pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) e pela
Guarda Nacional Bolivariana (GNB), durante as manifestações compreendidas entre 4 de
fevereiro e 27 de março de 2014 revela o cerceamento da liberdade de manifestação política e
da insatisfação com o governo, reeleito sob suspeita de fraudes em 2018.
No que diz respeito às disposições legais e públicas adotadas pelo Brasil acerca da
questão migratória, a árdua tarefa de conceituação do indivíduo venezuelano que adentra a
fronteira do território nacional brasileiro promove questionamentos significativos acerca da
efetividade da legislação infraconstitucional que resguarda as medidas de assistência
emergencial para acolhimento de pessoas vulneráveis em razão de crise humanitária, apesar
dos avanços promovidos pela promulgação da Lei de Migração, que resguarda as medidas de
assistência.
Baseada em uma evidente incongruência entre a Lei n°. 13.684 e a Declaração de
Cartagena, da qual o Brasil é signatário, o presente artigo critica, em seus aspectos
conclusivos, a posição do Executivo em fornecer a concessão do visto humanitário para todos
os imigrantes venezuelanos residentes no país, principalmente em Roraima, resultantes de
uma crise humanitária.
Em virtude de tal decisão, a inexistência de análise prévia individual para a
verificação das hipóteses previstas no texto normativo referente à solicitação de refúgio põe
em risco possíveis perseguidos políticos no país de Maduro, que poderão retornar
contrariamente à sua vontade para a Venezuela após o fim do prazo de dois anos de residência
temporária no Brasil.
Sem o acompanhamento individualizado da situação do imigrante no Brasil, com a
ausência da compreensão dos motivos da saída de seu país, o Governo Federal adota uma
posição excludente ao colocar indivíduos que sofreram perseguições políticas ou violações
aos Direitos Humanos na mesma situação daqueles que saíram da Venezuela em razão da
crise econômica, vindo ao Estado brasileiro, por exemplo, apenas em busca de trabalho.
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