ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂ NSITO DO
ESTADO DE SÃ O PAULO- DETRAN/SP. À JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSOS DE INFRAÇÕ ES - JARI, Processo Administrativo para cassaçã o do direto de dirigir nº 99/2017 Nú mero do registro da habilitaçã o nº ___________ Egrégia Junta Administrativa de Recursos de Infraçõ es Ínclitos julgadores! SEU NOME, brasileiro, inscrito no CPF/MF sob o nº _____________, titular da carteira de identidade RG nº _______________ SSP/SP, nº de registro da CNH _____________, residente e domiciliado na Rua José Botinha Maciel, 510 - Cidade Planejada II, CEP 12922-600, Bragança Paulista/SP, com endereço eletrô nico e-mail _____________________, proprietá rio, devidamente identificado do veículo grafado no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo ora carreado, vem, à presença de Vossa Senhoria, com fundamento no Artigo 2º da Resoluçã o nº 182/2005 do CONTRAN, c/c a lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Có digo de Trâ nsito Brasileiro, interpor RECURSO ADMINISTRATIVO, contra o indeferimento exarado na decisã o anexa, o que o faz consubstanciado nos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: INICIALMENTE Autorizo o DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂ NSITO DO ESTADO DE SÃ O PAULO- DETRAN/SP, fulcro no Art. 282-A do CTB, enviar para o correio eletrô nico (e-mail), acima informado, os resultados de defesas/recursos de multa. I – DOS FATOS Segundo consta, fora instaurado contra o Recorrente, pela autoridade de trâ nsito do ó rgã o de registro da habilitaçã o, o procedimento administrativo para imposiçã o da penalidade de cassaçã o da Carteira Nacional de Habilitaçã o, por supostamente infringir o capitulado no Art. 263, inciso I do CTB, ou seja: Art. 263. A cassaçã o do documento de habilitaçã o dar-se-á : I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo; (...). II – DA REALIDADE FÁ TICA 1 – DA COMPROVAÇÃ O DO NÃ O COMETIMENTO DA IRREGULARIDADE O Recorrente vem, dentro do prazo legal, interpor Recurso Administrativo contra o indeferimento, pois a verdade real e que nã o cometera qualquer irregularidade enquanto cumpria as penalidades de suspensã o do direito de dirigir. Tanto é verdade que argumentou em sua defesa prévia, e foi inclusive confessado tal fato pela autoridade julgadora, de que o Recorrente rogou em sua defesa nã o ser ele o condutor do veículo de sua propriedade enquanto cumpria as penalidades de suspensã o do direito de dirigir. Senã o vejamos nos trechos da decisã o abaixo enxertados: O exame acurado dos fatos, vislumbra-se que nã o há falar-se na Infraçã o cometida no período em que cumpria pena de suspensã o do direito de dirigir -Infringência ao artigo 263, I, CTB. Esclarece que o recorrente nã o indicou administrativamente, no tempo devido, o condutor no momento da infraçã o. Percebe-se que o proprietá rio do veículo, NÃ O fora devidamente cientificado do procedimento administrativo, motivo pelo qual deixou transcorrer “in albis” o prazo de defesa, deixando de identificar o real condutor no momento da infraçã o que deu ensejo à instauraçã o do procedimento administrativo para imposiçã o da penalidade de cassaçã o da Carteira Nacional de Habilitaçã o. Assim nã o pode ser considerado o responsá vel pela infraçã o, presumindo-se que o mesmo dirigiu veículo em momento que se encontrava impedido, em razã o da pena de suspensã o, nos termos do art. 257, § 7º, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro. É cediço que a notificaçã o do autor sobre a infraçã o de trâ nsito se dá pela via postal, que é o meio previsto em lei e o seu envio com a correta identificaçã o do autuado e de seu endereço gera presunçã o relativa de que tenha ocorrido. Afasta-se, destarte, esta possibilidade, pois nã o há comprovaçã o da notificaçã o. No mais, quando da abertura do procedimento administrativo, NÃ O foi concedida outra oportunidade ao proprietá rio para indicaçã o do condutor, restando incontroverso seu inconformismo, de modo que a decisã o administrativa merece reforma. De rigor a constataçã o da violaçã o aos princípios do contraditó rio, da ampla defesa e do devido processo legal, cabendo, portanto, a reforma da decisã o ora carreada para julgar procedente o pleito autoral, afastando-se a penalidade imposta na esfera administrativa, pois nã o se amolda que determina o artigo 2º da resoluçã o 182/2005 do CONTRAN. 2 – DA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃ O DA DECISÃ O DE INDEFERIMENTO A garantia do contraditó rio e da ampla defesa nã o se esgota em assegurar o direito de recorrer. Será preciso que ele se conjugue com a publicidade e a motivaçã o dos julgamentos. Se a lei assegura o direito ao recurso administrativo e cria um ó rgã o para julgá -lo, é de rigor que ao recorrente seja dado o motivo pelo qual seu recurso fora INDEFERIDO, e inclusive conhecer o dia, hora e local onde o seu pleito será decidido. Ao administrado nã o pode ser suprimido o direito de, pelo menos, saber o motivo pelo qual sua defesa fora “recusada”. Assim, nula é a decisã o administrativa que limita-se a dizer laconicamente, que o recurso fora INDEFERIDO, nã o tecendo quaisquer outras consideraçõ es a respeito de mú ltiplas teses aviadas contra a aplicaçã o de penalidade imposta ao Recorrente. Nobre julgador, é cediço e notó rio que nas infraçõ es de trâ nsito, é essencial as fundamentaçõ es das decisõ es administrativas, notadamente as de cunho punitivo, devem conter em sua motivaçã o a exposiçã o das razõ es que levaram a adoçã o da medida. De outro importe, tal irregularidade, certamente será corrigido por esta douta junta administrativa de recursos de infraçõ es, por ter em seus quadros ínclitos julgadores, anulando o presente procedimento no pé em que se encontra, o que fica desde já requerido em preliminares de nulidade. III – FUNDAMENTAÇÃ O LEGAL O d. Julgador Administrativo adotou como razã o de decidir os argumentos utilizados pelo pró prio recorrente, Ora, a resoluçã o n.º 182 de 09 de setembro de 2005, do Conselho Nacional de Trâ nsito - CONTRAN, que dispõ e sobre uniformizaçã o do procedimento administrativo para imposiçã o das penalidades de suspensã o do direito de dirigir e de cassaçã o da Carteira Nacional de Habilitaçã o, estabelece uma gradaçã o a ser fundamentada e considerada pelo Julgador Administrativo, na aplicaçã o da respectiva penalidade. Na decisã o referida, cuja có pia se encontra anexa, o Julgador limitou-se a dizer que a penalidade ocorreria pelos motivos constantes no instrumento tal, que o processo se revestia das formalidades legais, que a infraçã o estava corretamente capitulada. Evidentemente, motivaçã o desse gênero nã o se amolda à exigência legal e fere o direito constitucional do devido processo legal, do contraditó rio e da ampla defesa (art. 5º, incisos LVI e LV, respectivamente). Nessa esteira, a jurisprudência pá tria, trazida à colaçã o pelo Recorrente, firma-se no sentido de que a decisã o administrativa como a ora debatida nã o pode prosperar. É de notó rio conhecimento que a autoridade de trâ nsito, na esfera de sua competência estabelecida no Có digo de Trâ nsito Brasileiro, e dentro de sua circunscriçã o, julgará de forma fundamentada e motivada a fim de que se apliquem as penalidades estatuídas no CTB. Cabe dizer que, julgar é gênero da qual é espécie fundamentar. Pela Teoria dos Motivos Determinantes, a validade do ato administrativo está vinculada à existência e veracidade dos motivos apontados como fundamentos para a decisã o adotada, sujeitando o ente pú blico aos seus termos. Verificando que os fundamentos que culminaram no indeferimento do pedido administrativo nã o ocorreram, o ato é nulo à luz da Teoria dos Motivos Determinantes. O dever de fundamentaçã o alcança todas as esferas de expressã o do poder pú blico, nã o excluindo, daí, o ó rgã o executivo de trâ nsito DETRAN/SP. A necessidade de motivaçã o dos atos administrativos decisó rios, em decorrência direta dos princípios da administraçã o, elencados no caput do artigo 37 da Constituiçã o Federal, de modo que seja possível aferir a obediência aos princípios que regem a administraçã o pú blica. Pedimos vênia para consignarmos os elementos essenciais de uma decisã o. O Có digo de processo Civil, aqui aplicado supletiva e subsidiariamente. Senã o vejamos, ipsis litteris: “Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposiçõ es deste Có digo lhes serã o aplicadas supletiva e subsidiariamente.” (grifei) Diz que, sã o elementos essenciais da sentença/decisã o o relató rio, (...) com a suma do pedido (...), e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo. Do mesmo modo, consagra que ocorrerá falta de fundamentaçã o quando o julgador se limitar à indicaçã o, à reproduçã o ou à pará frase de ato normativo, sem explicar sua relaçã o com a causa ou a questã o decidida. Senã o vejamos, ipsis litteris: Art. 489. Sã o elementos essenciais da sentença: (...) § 1º Nã o se considera fundamentada qualquer decisã o judicial, seja ela interlocutó ria, sentença ou acó rdã o, que: I - se limitar à indicaçã o, à reproduçã o ou à pará frase de ato normativo, sem explicar sua relaçã o com a causa ou a questã o decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisã o; IV - nã o enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusã o adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de sú mula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta à queles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de sú mula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinçã o no caso em julgamento ou a superaçã o do entendimento. (grifei) No presente caso, a autoridade julgadora, limitou-se em dizer (indeferido), o que por evidente nã o é razoá vel, — o que dá azo à fragilidade em que goza a presunçã o de legitimidade e veracidade dos atos administrativos. Deste modo, é crível concluir pela ausência das condiçõ es do procedimento administrativo. E, por consequência, REQUER-SE com supedâ neo no que acima se delineou, o que segue: IV – DOS PEDIDOS Diante do exposto REQUER-SE digne-se Vossa Senhoria em determinar: a) A anulaçã o do Processo Administrativo para cassaçã o do direto de dirigir nº 99/2017, no pé em que se encontra, por tudo que fora alegado; b) Subsidiariamente REQUER-SE a reforma da decisã o primitiva, a fim de que seja oportunizada ao recorrente a indicaçã o do real condutor, b) Caso esse nã o seja o entendimento de Vossa Senhoria, o que o faz apenas por hipó tese, REQUER seja o julgamento realizado em até trinta dias, nos termos do Artigo Art. 285 do CTB, c/c § 3º, Se, por motivo de força maior, o recurso nã o for julgado dentro do prazo previsto neste artigo, REQUER-SE a concessã o do EFEITO SUSPENSIVO, a fim de impedir qualquer imposiçã o, enquanto passível de recursos; Requer-se por derradeiro que a resposta, devidamente fundamentada seja entregue por escrito diretamente ao Recorrente no endereço acima citado, no prazo de 05 dias, com a devida MOTIVAÇÃ O do julgador sob pena de nulidade, a fim de instruir a medida judicial cabível, por ser medida da mais LÍDIMA JUSTIÇA! Bragança Paulista/SP, 21 de maio de 2016. ____________ SEU NOME