Você está na página 1de 6

Programas de Saúde Mental

A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216/02, busca


consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base
comunitária. Isto é, mudança do modelo de tratamento: no lugar do
isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Garante a livre
circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade
e cidade, e oferece cuidados com base nos recursos que a comunidade
oferece.
Este modelo conta com uma rede de serviços e equipamentos variados
tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os
leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). O Programa
de Volta para Casa que oferece bolsas para egressos de longas internações
em hospitais psiquiátricos, também faz parte desta Política.

Unidades de Acolhimento (UA)

Instituída pela PORTARIA Nº 121, DE 25 DE JANEIRO DE 2012, as


Unidade de Acolhimento (UA) são serviços residenciais de caráter
transitório (com um tempo de permanência determinado) que, articulados
aos outros pontos de atendimento da RAPS, tem como objetivo oferecer
acolhimento e cuidados contínuos de saúde.
As UA funcionam 24 horas, 7 dias por semana, e são voltadas para
pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, de
ambos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou
familiar e precisam de acompanhamento terapêutico e proteção temporária.
O tempo de permanência na Unidade de Acolhimento é de até seis meses.
As Unidades de Acolhimento são divididas em: Unidades de
Acolhimento Adulto (UAA), destinada às pessoas maiores de 18 anos de
idade, e Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI), destinada às
crianças e adolescentes entre 10 e 18 anos incompletos.

Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral

O componente de Atenção Hospitalar da RAPS habilita Hospitais


Gerais, Maternidades e Hospitais de Pediatria para oferta de leitos de saúde
mental que funcionem como retaguarda para a RAPS. O principal objetivo
deste ponto de atenção é oferecer cuidado hospitalar para pessoas com
transtornos mentais e/ou com necessidades decorrentes do uso de álcool e
outras drogas, para que sejam realizadas a avaliação diagnóstica e a
discriminação de patologias somáticas e/ou psiquiátricas; manejo de
situações de crise e/ou vulnerabilidade extrema que apresentem risco de
vida para o usuário.
O acesso deve ser regulado a partir de critérios clínicos e as internações
devem ser de curta duração, priorizando a superação da lógica asilar
realizada pelos Hospitais Psiquiátricos.

Programa de Volta Para Casa (PVC)

Na história da atenção às pessoas com transtornos mentais no Brasil,


por muito tempo o tratamento foi baseado no isolamento das pessoas em
hospitais psiquiátricos. Isso acabou gerando um grande contingente de
pessoas afastados por longo tempo do convívio social e que precisam de
especial apoio para sua reinserção na sociedade.
A Lei  nº 10.708 de 2003 inaugura o Programa De Volta Para Casa
(PVC), que garante o auxílio-reabilitação psicossocial para a atenção e o
acompanhamento de pessoas em sofrimento mental egressas de internação
em hospitais psiquiátricos, inclusive em hospitais de custódia e tratamento
psiquiátrico, cuja duração tenha sido por um período igual ou superior a
dois anos.
O PVC visa a restituição do direito de morar e conviver em liberdade
nos territórios e também a promoção de autonomia e protagonismo do (a)
usuário (a). Dessa forma, assume papel central nos processos de
desinstitucionalização e reabilitação psicossocial das pessoas com história
de internação de longa permanência, conforme indicado pela Lei nº 10.216
de 2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica.
O PVC faz parte do processo de Reforma Psiquiátrica, que visa reduzir
progressivamente os leitos em hospitais psiquiátricos; qualificar, expandir e
fortalecer a rede extra-hospitalar – como os site, Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRTs) e leitos de saúde mental em Hospitais Gerais – e
incluir as ações da saúde mental na Atenção Básica.
Temos hoje mais de 4 mil pessoas advindas de longas internações em
Hospitais Psiquiátricos ou em Hospitais de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico recebendo o benefício do PVC, vivendo com seus familiares
ou nos serviços residenciais terapêuticos e acompanhadas pelos CAPS e/ou
Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família do SUS. Estas
pessoas fazem as coisas simples e complexas do dia a dia, realizam desejos,
cuidam de si, fazem compras, passeiam, retomam os estudos, resgatam
laços familiares ou encontram novas amizades, sonham e projetam o
futuro, entram e saem de casa com liberdade - plurais e singulares projetos
de vida, cidadãos presentes nas cidades e que têm múltiplas histórias para
contar.

Estratégias de Desinstitucionalização

Este Componente busca assegurar o disposto na Lei nº 10.216/01, a Lei


da Reforma Psiquiátrica, e está organizado na RAPS por iniciativas que
visam garantir às pessoas com transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em situação de
internação de longa permanência, o cuidado integral por meio de
estratégias substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a
promoção de autonomia, contratualidade e o exercício de cidadania,
buscando sua progressiva inclusão social.
A desinstitucionalização é compreendida como um processo complexo
que envolve não apenas a desospitalização de moradores de hospitais
psiquiátricos, mas fundamentalmente a construção de condições efetivas
para um cuidado comunitário contínuo e qualificado para todos,
promovendo atenção, tratamento e reabilitação psicossocial. O
Componente de Estratégias de Desinstitucionalização é uma ferramenta
para garantir efetivamente um modelo distinto, substituindo a atenção
centrada na custódia, pelo cuidado em liberdade pautado na emancipação e
protagonismo.

Estratégia de Reabilitação Psicossocial

As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um


conjunto de práticas que visam promover o protagonismo para o exercício
dos direitos de cidadania de usuários e familiares da RAPS por meio da
criação e desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos do
território nos campos do trabalho/economia solidária, da habitação, da
educação, da cultura, da saúde, produzindo novas possibilidades de
projetos para a vida. Em outras palavras, a reabilitação psicossocial é
constituída de ações de emancipação junto aos usuários e familiares no
sentido da garantia de seus direitos e da promoção de contratualidade no
território. É importante ressaltar que as estratégias de reabilitação
psicossocial e de protagonismo não se restringem a um ponto de atenção ou
ações isoladas, mas envolvem a criação de novos campos de negociação e
formas de sociabilidade.

Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)


A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi instituída pela Portaria nº
3.088, de 23 de dezembro de 2011, que traz o modelo de atenção em saúde
mental a partir do acesso, na promoção de direitos das pessoas baseada na
convivência dessas pessoas dentro da sociedade.
Tem como objetivos gerais a ampliação do acesso à atenção
psicossocial da população em geral, a promoção de vínculos das pessoas
com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas e suas famílias aos pontos de atenção e a garantia da
articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no
território qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do
acompanhamento contínuo e da atenção às urgências.
Além de mais acessível, essa política apresenta melhores resultados,
inclusive na promoção dos direitos das pessoas que necessitam de cuidados
de saúde mental. A Rede ainda tem como objetivo articular ações e
serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade. Todos os serviços
da RAPS são públicos e ampliam o acesso da população à atenção
psicossocial através do acolhimento, acompanhamento contínuo e atenção
às urgências e emergências, de forma a promover vínculos e garantir os
direitos das pessoas que precisam de tratamento.
Na Atenção Básica, aqueles que têm necessidade de atendimento
devido a transtornos mentais e/ou uso decorrente de álcool e outras drogas
podem receber atendimento tanto nas Unidades Básicas de Saúde, como
nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Consultórios na Rua. Isso
permite um primeiro acesso ao sistema de saúde antes de um
encaminhamento para os demais serviços que compõe a Rede de Atenção.
Em situações de Emergência e Urgência, o SAMU 192, UPA 24 horas,
Prontos Socorros e portas de urgência hospitalares devem atender o
paciente que possui transtornos mentais e/ou sofrimentos decorrentes do
uso de álcool e outras drogas. Nesse caso não é necessário que o serviço
seja exclusivo para atendimento da RAPS. Isso significa que um hospital
público não pode recusar atendimento de emergência. Apesar das barreiras
de acesso das pessoas com transtorno mental e/ou usuário de drogas, todos
têm direito ao acolhimento em sua integralidade.

Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes


modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de
saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe
multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza
prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno
mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e
outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos
processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar.
Modalidades:
CAPS I – Atendimento a todas as faixas etárias, transtornos mentais
graves, cidades e regiões com pelo menos de 15 mil hab.
CAPS II – Atendimento a todas as faixas etárias, transtornos mentais
graves, cidades e regiões com pelo menos 70 mil hab.
CAPS i – Atendimento a crianças e adolescentes, transtornos mentais
graves, cidades e regiões com pelo 70 mil hab.
CAPS ad Álcool e Drogas – Atendimento a todas faixas etárias,
transtornos mentais devidos ao uso de álcool e outras drogas, cidades e
regiões com pelo menos 70 mil hab.
CAPS III – Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno,
todas as faixas etárias, transtornos mentais graves, atende cidades e regiões
com pelo menos 150 mil hab.
CAPS ad III Álcool e Drogas – Atendimento de 8 a 12 vagas de
acolhimento noturno e observação, funcionamento 24h, todas as faixas
etárias, transtornos causados pelo uso de álcool e outras drogas, cidade e
regiões com pelo menos 150 mil hab.
Bibliografia

http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/profissional-da-saude/homepage/grupo-
tecnico-de-acoes-estrategicas-gtae/saude-mental-alcool-e-drogas/legislacao-em-saude-
mental/legislacao_em_sm.pdf
http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/unidades-de-acolhimento-ua
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0121_25_01_2012.html
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/leitos-de-saude-mental-em-hospital-geral
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/programa-de-volta-para-casa-pvc
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/estrategias-de-desinstitucionalizacao
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/estrategias-de-reabilitacao-psicossocial
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/rede-de-atencao-psicossocial-raps
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-
mental/centro-de-atencao-psicossocial-caps

Você também pode gostar