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Comportamento
Cristina Kashima/Superinteressante
Imagine que você e um conhecido são acusados de cometer um crime juntos. Cada um é colocado numa
cela individual e interrogado. As opções oferecidas pela polícia são simples. Se você delatar o seu suposto
comparsa, �ca livre na hora, enquanto o sujeito vai amargar anos no xilindró.
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do que passariam no ce
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Entenda de uma vez: o que é a Teoria dos Jogos?... https://super.abril.com.br/comportamento/enten...
para serem legais um com o outro, nem têm como negociar uma colaboração por estarem separados, você
sempre vai ganhar mais – ou, no mínimo, perder menos – passando a perna no outro. O risco de ser legal
e acabar virando o trouxa da história é alto demais.
O cenário que acabamos de ver é conhecido, por razões óbvias, como o Dilema do Prisioneiro, e é um dos
exemplos clássicos dos resultados trazidos pela Teoria dos Jogos, a área de pesquisa que tenta modelar o
comportamento* de indivíduos ou grupos que se defrontam para disputar certas coisas. É o ramo de
estudos que acabou rendendo a John Forbes Nash Junior, o matemático com esquizofrenia interpretado
pelo bonitão Russell Crowe no �lme Uma Mente Brilhante, o Prêmio Nobel em Economia de 1994, assim
como a outros dez especialistas em Teoria dos Jogos ao longo dos anos. (Dica: quer ganhar Nobel de
Economia? Estude Teoria dos Jogos.) Aliás, a solução “dedure sempre” é classi�cada como um tipo de
“equilíbrio de Nash*”, conceito que o matemático desenvolveu na Universidade de Princeton em 1950.
Não é preciso quebrar muito a cabeça para perceber como cenários similares ao Dilema do Prisioneiro
aparecem o tempo todo nos negócios, na diplomacia – ou mesmo no reino animal. Com efeito, outra
aplicação importantíssima da Teoria dos Jogos está na biologia evolutiva: os pesquisadores a utilizam para
entender por que certos comportamentos aparecem em grupos de seres vivos.
E é aqui que a coisa começa a �car interessante. Uma das premissas da formulação clássica do Dilema do
Prisioneiro é que só haverá uma única interação entre os participantes. Nesse caso, beleza, o “esperto” é
ser traíra. Mas e se a gente esticar o número de interações até ele se tornar inde�nido, como acontece
com animais sociais que estão mais ou menos condenados a conviver entre si por toda a vida?
Aí a coisa muda brutalmente de �gura, como mostraram competições entre programas de computador
criados exclusivamente para “jogar” o Dilema do Prisioneiro ao longo de incontáveis rodadas. Em
contextos de interação continuada entre os personagens, ganha mais quem adota variações de uma
estratégia conhecida como “olho por olho”. Resumindo, o sujeito começa a brincadeira “cooperando”, ou
seja, sem passar a perna no companheiro. Depois disso, ele aguarda como o outro vai se comportar – e
copia a ação desse jogador na rodada seguinte. Se o parceiro também cooperar, tudo ótimo, ambos saem
ganhando. Se resolver trairar, ao menos quem foi bonzinho da primeira vez não �ca engolindo sapo.
Acredita-se que essa matemática simples tenha estimulado o surgimento da cooperação dentro de grupos
de animais – basicamente porque pequenos grupos de cooperadores tendem a se dar melhor do que os
formados apenas por traíras egoístas. A Teoria dos Jogos mostra, portanto, que nossas noções de certo e
errado também têm um
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