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Publicado originalmente pela Organização Mundial da Saúde em 2007 sob o título Global age-friendly cities: a guide
© Organização Mundial da Saúde 2007
O Director Geral da Organização Mundial da Saúde garantiu os direitos de tradução para a edição em língua
portuguesa à © Fundação Calouste Gulbenkian 2009, a qual é a única responsável pela presente obra.
Todos os direitos reservados. As publicações da Organização Mundial da Saúde podem ser obtidas através da:
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(Tel: +41 22 791 3264; fax: +41 22 791 4857; e-mail: bookorder@who.int). Os pedidos de autorização para
reprodução ou tradução das publicações da OMS – para venda ou para distribuição não comercial - devem ser
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As denominações utilizadas nesta publicação e a apresentação do material nela contido não significam, por parte da
Organização Mundial da Saúde, nenhum julgamento sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, cidade ou
zona, nem de suas autoridades, nem tampouco sobre questões de demarcação de suas fronteiras ou limites. As linhas
ponteadas nos mapas representam fronteiras aproximativas sobre as quais pode ainda não existir acordo completo.
A menção de determinadas companhias ou do nome comercial de certos produtos não implica que a Organização
Mundial da Saúde os aprove ou recomende, dando-lhes preferência a outros análogos não mencionados. Com
excepção de erros ou omissões, uma letra maiúscula inicial indica que se trata dum produto de marca registado.
A OMS tomou todas as precauções razoáveis para verificar a informação contida nesta publicação. No entanto, o
material publicado é distribuído sem nenhum tipo de garantia, nem expressa nem implícita. A responsabilidade pela
interpretação e uso deste material recai sobre o leitor. Em nenhuma circunstância a OMS poderá ser responsabilizada
por qualquer prejuízo resultante da sua utilização.
iI
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
Índice
Agradecimentos iv
Parte 6. Transportes 20
Parte 7. Habitação 30
Referências 76
iII
Agradecimentos
Este projecto foi concebido em Junho de 2005, na sessão inaugural do XVIII Congresso da Associação Internacional
de Gerontologia e Geriatria (AIGG) que decorreu no Rio de Janeiro, Brasil, tendo imediatamente despertado
um interesse entusiástico, traduzido em generosas contribuições de muitos parceiros. Manifestamos o nosso
agradecimento pelo financiamento e pelo apoio técnico prestado pela Agência de Saúde Pública (Public Health
Agency) do Canadá, que desempenhou um papel fundamental na implementação da investigação, na participação
de várias cidades e na publicação deste Guia.
Estendemos também os nossos agradecimentos ao Ministério da Saúde da Colúmbia Britânica, pelo apoio ao primeiro
encontro entre cidades participantes, em Maio de 2006, em Vancouver, Canadá; à organização 2010 Legacies Now,
pelo financiamento de um panfleto promocional; à organização Help the Aged, por tornar possível a participação
de duas cidades e por apoiar o segundo encontro de cidades participantes, em Londres, no Reino Unido, em Março
de 2007; e à cidade de Otava, no Canadá, por testar o protocolo de investigação. A implementação do projecto
de investigação e a participação em encontros para debate do projecto foram possíveis graças ao financiamento
governamental e local, na maioria das cidades participantes.
O projecto contou, em todas as fases, com a orientação de um grupo consultivo, a cujos membros expressamos os
mais sinceros agradecimentos: Margaret Gillis, Agência de Saúde Pública do Canadá; James Goodwin, Help the Aged,
Reino Unido; Tessa Graham, Ministério da Saúde da Colúmbia Britânica, Canadá; Gloria Gutman, Universidade Simon
Fraser, Canadá; Jim Hamilton, Secretaria do Envelhecimento (Healthy Aging Secretariat) de Manitoba, Canadá; Nabil
Kronful, Associação Libanesa de Gestão dos Cuidados de Saúde, Líbano; Laura Machado, Consulta Intergeracional de
Gerontologia, Brasil; e Elena Subirats-Simon, Acción para la Salud, México.
O projecto global Cidades Amigas das Pessoas Idosas foi desenvolvido por Alexandre Kalache e Louise Plouffe, na
sede da OMS em Genebra, Suíça, e o relatório foi elaborado sob a sua direcção geral. Contribuíram substancialmente
para a análise de dados e para a preparação do relatório Louise Plouffe; Karen Purdy, Gabinete para os Interesses e
Voluntariado dos Cidadãos Séniores (Office for Seniors Interests and Volunteering), Governo da Austrália Ocidental;
Julie Netherland, Ana Krieger e Ruth Finkelstein, Academia de Medicina de Nova Iorque; Donelda Eve, Winnie Yu e
Jennifer MacKay, Ministério da Saúde da Colúmbia Britânica e Charles Petitot, da sede da OMS.
O protocolo de investigação foi implementado nas 33 cidades seguintes, graças aos esforços de governos,
organizações não governamentais e grupos académicos:
Amã, Jordânia Bay (em parceria), Jamaica Nova Deli, Índia San José, Costa Rica
Cancún, México La Plata, Argentina Ponce, Porto Rico Xangai, China
Dundalk, Irlanda Londres, Reino Unido Portage la Prairie, Canadá Sherbrooke, Canadá
Genebra, Suíça Mayaguez, Puerto Rico Portland, Oregon, Estados Tóquio, Japão
Halifax, Canadá Melbourne, Austrália Unidos da América Trípoli, Líbano
Himeji, Japão Melville, Austrália Rio de Janeiro, Brasil Tuymazy, Federação Russa
Islamabad, Paquistão Cidade do México, México Região metropolitana do Udaipur, Índia
Istambul, Turquia Moscovo, Federação Russa Ruhr, Alemanha Udine, Itália
Kingston e Montego Nairobi, Quénia Saanich, Canadá
Por último, um agradecimento especial aos idosos de todos os locais em que decorreu a investigação, bem como
aos prestadores de cuidados e prestadores de serviços que também foram consultados em muitos locais. Através de
discussões de grupo, e com base nas suas próprias experiências, estas pessoas conceberam o modelo de uma cidade
amiga das pessoas idosas que constitui o núcleo deste Guia. Estas pessoas e todos aqueles que interagem com elas
de forma significativa continuarão a desempenhar um papel fundamental como representantes da comunidade e
supervisores de acções que tornem as suas cidades mais amigas das pessoas idosas.
iV
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
Em termos práticos, uma cidade amiga das • A parte 4 contém indicações acerca da
pessoas idosas adapta as suas estruturas e forma como o Guia deve ser utilizado,
serviços de modo a que estes incluam e sejam quer por indivíduos quer por grupos, com
acessíveis a pessoas mais velhas com diferentes o objectivo de estimular a acção nas suas
necessidades e capacidades. próprias cidades.
1
social; participação cívica e emprego; ticas principais da cidade amiga dos idosos
comunicação e informação; apoio comuni- considerada “ideal” e mostram como a
tário e serviços de saúde. Em cada uma das mudança de um aspecto da cidade pode ter
partes, a descrição dos resultados termina efeitos positivos nas vidas das pessoas mais
com uma lista de verificação das caracte- velhas, em outras áreas. Inspirados pela pro-
rísticas principais de uma cidade amiga messa de mais comunidades amigas dos ido-
das pessoas idosas, elaborada com base na sos, os colaboradores da OMS encontram-se
análise dos relatórios de todas as cidades. neste momento a desenvolver iniciativas
que permitam traduzir a investigação em
• A parte 13 integra os resultados no âmbito acção a nível local, alargar a intervenção para
da perspectiva de envelhecimento activo da além das cidades e fazer com que abranja
OMS e realça as fortes ligações existentes mais comunidades. Este Guia é o ponto
entre os tópicos da cidade amiga das pessoas de partida para um crescente movimento
idosas. Estas ligações revelam as caracterís- comunitário amigo das pessoas idosas.
2
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
35 34
2006
30 2050
27
24 25
25 24
Percentagem
21
20
17
15 14
10
10 9 9
9
5
0
África Ásia Europa América América Oceânia
Latina do Norte
e Caraíbas
3
Figura 2. Percentagem de população urbana em zonas principais
100 2005
87 2030
84.3
78.3 77.4 80.8
80 73.8
72.2 70.8
Percentagem
59.9
60 54.1
48.7 50.7
38.3 39.8
40
20
0
Mundo África Ásia Europa América América Oceânia
Latina do Norte
e Caraíbas
Fonte: Departamento das Nações Unidas para os Assuntos Económicos e Sociais, Divisão da População (6).
4
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
A ideia de cidade amiga das pessoas idosas pre- • antecipar e dar respostas flexíveis às neces-
sente neste Guia integra-se no enquadramento sidades e preferências relacionadas com o
da OMS para o envelhecimento activo (10). envelhecimento;
Numa cidade amiga das pessoas idosas, as po- • promover a sua inclusão e contribuição em
líticas, os serviços, os cenários e as estruturas todos os aspectos da vida comunitária.
apoiam as pessoas e permitem-lhes envelhecer
activamente, ao: O envelhecimento activo depende de uma série
de influências ou determinantes que rodeiam
• reconhecer que as pessoas mais velhas os indivíduos, as famílias e as nações, entre
representam um alargado leque de capaci- os quais se incluem condições materiais, bem
dades e recursos; como os factores sociais que afectam os tipos
5
de comportamento e os sentimentos de cada do declínio pode ser influenciada e que este
indivíduo (11). Todos estes factores, bem pode ser reversível em qualquer idade, através
como a interacção existente entre eles, desem- de medidas individuais e públicas, tais como a
penham um papel importante no que diz res- promoção de um meio envolvente amigo do
peito à influência exercida sobre a forma como idoso. Na medida em que o envelhecimento
os indivíduos envelhecem. Muitos aspectos activo é um processo contínuo, uma cidade
dos cenários e serviços urbanos reflectem estes amiga dos idosos não é simplesmente amiga das
determinantes e estão incluídos nas caracterís- pessoas mais velhas. Edifícios e ruas sem obstá-
ticas das cidades amigas dos idosos (Fig. 3). culos aumentam a mobilidade e a independên-
cia de pessoas com incapacidades, tanto jovens
Estes determinantes têm de ser encarados como idosas. Uma vizinhança segura permite
segundo uma perspectiva de ciclo de vida, que que crianças, mulheres jovens e pessoas mais
reconheça que as pessoas idosas não são um velhas se sintam confiantes para sair à rua e
grupo homogéneo e que a diversidade indivi participar em actividades de lazer fisicamente
dual aumenta com a idade. Esta ideia encontra- activas e em actividades sociais. As famílias são
‑se expressa na figura 4, que mostra que a capa- menos afectadas pelo stresse quando os seus
cidade funcional (tal como a força muscular e o membros mais velhos têm o apoio comunitário
rendimento cardiovascular) aumenta na infân- e os serviços de saúde de que necessitam. Toda
cia, atinge o máximo no início da idade adulta e a comunidade beneficia da participação de
a determinada altura entra em declínio. O grau pessoas mais velhas em trabalho voluntário ou
de declínio é determinado essencialmente por remunerado. Por último, a economia local lucra
factores relacionados com o estilo de vida, bem com a clientela constituída pelos consumidores
como com factores externos sociais, ambientais adultos mais velhos. A palavra-chave, no que
e económicos. Sob uma perspectiva individual diz respeito a cenários urbanos sociais e físicos
e social, é importante relembrar que a rapidez amigos das pessoas idosas, é capacitação.
Nível
dos in funcional
divíd
uos
Limiar de incapacidade
Reabilitação e garantia
da qualidade de vida
Idade
6
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
Cidades em todas as regiões da OMS das cidades envolveram as pessoas idosas como
participantes no projecto. Os responsáveis pelo
No total, o projecto da OMS que deu origem ao projecto procuraram a experiência em primeira
Guia contou com a participação de 35 cidades mão das pessoas idosas. Quais são as caracte-
de todos os continentes, tendo 33 destas cidades rísticas amigas dos idosos da cidade em que
participado em investigação baseada em grupos vivem? Com que problemas se deparam?
de discussão, graças à cooperação de elementos O que falta à cidade para que possa ser melho-
governamentais e de grupos não governamen- rada a sua saúde, participação e segurança?
tais e académicos1. Estas cidades representam
um leque alargado de países desenvolvidos e em Foram organizados grupos de discussão for-
desenvolvimento (Fig. 5) e reflectem a diversi- mados por pessoas com mais de 60 anos, com
dade de cenários urbanos contemporâneos, in- rendimentos baixos e médios. Foram criados
cluindo seis das actuais mega-cidades com mais 158 grupos com estas características, num
de 10 milhões de habitantes (Cidade do México, total de 1485 participantes, entre Setembro
Moscovo, Nova Deli, Rio de Janeiro, Xangai e de 2006 e Abril de 2007. Os idosos foram a
Tóquio), cidades que podem ser consideradas principal fonte de informação em todas as 33
“quase mega-cidades”, como Istambul, Londres cidades em que foram organizados grupos de
e Nova Iorque, e também capitais nacionais, discussão. De modo a possibilitar o conheci-
centros regionais e pequenas cidades. mento das opiniões de pessoas que seriam in-
capazes de participar nos grupos de discussão
Abordagem participativa devido a incapacidades f ísicas ou mentais, a
de baixo para cima maioria das cidades organizou também grupos
de discussão com prestadores de cuidados que
A abordagem participativa de baixo para cima falavam acerca das experiências das pessoas
(13) envolve as pessoas idosas na análise e idosas de quem cuidavam.
comunicação da sua situação para que esta
seja incluída nas políticas governamentais. No sentido de complementar a informação
Esta abordagem é recomendada pelas Nações fornecida pelos idosos e pelos prestadores de
Unidas, tendo por finalidade dar às pessoas cuidados, a maioria das cidades organizou
mais velhas a capacidade de contribuírem para também grupos de discussão compostos por
a sociedade e participarem em processos de prestadores de serviços do sector público, vo-
tomada de decisão. Considerando que os idosos luntário e comercial. Em termos globais, foram
são os melhores especialistas nas suas próprias incluídos nas consultas 250 prestadores de
vidas, a OMS e os seus parceiros em cada uma cuidados e 515 prestadores de serviços.
Edimburgo contribuiu com informação acerca das características amigas das pessoas idosas existentes na
1
cidade, com base num vasto inquérito e em entrevistas individuais realizados alguns meses antes do projecto
da OMS. A informação de Edimburgo, obtida através da utilização de um método diferente mas complemen-
tar, forneceu confirmação adicional dos resultados obtidos através dos grupos de discussão. A cidade de Nova
Iorque envolveu-se com empenho na análise de dados e no desenvolvimento das próximas fases do projecto
das Cidades Globais Amigas das Pessoas Idosas.
7
Figura 5. Mapa mundial das cidades parceiras amigas do idoso
As designações utilizadas e a apresentação dos materiais neste mapa não implicam, por parte da Organização
Mundial da Saúde, a expressão de qualquer opinião acerca do estatuto legal de qualquer país, território, cidade
ou zona ou acerca das respectivas autoridades, ou ainda relativamente à delimitação das suas fronteiras ou li-
mites. As linhas a tracejado representam fronteiras relativamente às quais poderá ainda não haver acordo total.
Estas pessoas deram as suas opiniões com base Tópicos para discussão
na sua interacção com pessoas idosas. Os pres-
tadores de cuidados e os prestadores de servi- Os grupos de discussão exploraram um total
ços forneceram algumas vezes informações não de oito tópicos, tendo por finalidade verifi-
mencionadas pelos idosos, mas a informação car até que ponto uma cidade é amiga das
de ambos os grupos foi sempre coerente com pessoas idosas, em termos globais. Os tópicos
as opiniões expressas pelos idosos. abrangiam as características das estruturas,
8
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
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9
Tal como sucede com os determinantes do A figura 6 representa os tópicos associados à
envelhecimento activo, estes oito aspectos da cidade amiga das pessoas idosas.
vida na cidade sobrepõem-se e interagem.
O respeito e a inclusão social reflectem-se Identificação das características
na acessibilidade aos espaços ao ar livre e aos
amigas das pessoas idosas
edif ícios e no leque de oportunidades que a
cidade oferece às pessoas idosas, em termos de Para cada um dos tópicos, as informações relati-
participação social, entretenimento e emprego. vas aos aspectos amigos das pessoas idosas exis-
A participação social, por sua vez, influencia a tentes na cidade, os obstáculos e as lacunas, bem
inclusão social, bem como o acesso à infor- como as sugestões de melhoramentos dadas
mação. A habitação afecta a necessidade de pelos participantes nos grupos de discussão em
serviços comunitários de apoio, enquanto que todas as cidades foram transcritos e agrupados
a participação social, cívica e económica de- segundo temas. Os temas mencionados em cada
pende em parte da acessibilidade e segurança uma das cidades foram registados, no sentido de
dos espaços ao ar livre e dos edif ícios públicos. permitirem uma visão do que era mais impor-
Os transportes, a comunicação e a informação, tante em termos gerais e em diferentes regiões e
em especial, interagem com as restantes áreas: cidades. Com base nos temas, foi elaborada uma
sem transportes ou sem os meios adequados lista de verificação das características fundamen-
para a obtenção de informação que permita tais de uma cidade amiga das pessoas idosas,
que as pessoas se encontrem e estabeleçam para cada um dos aspectos da vida na cidade.
ligações, as outras infra-estruturas e serviços A lista de verificação consiste num resumo fiel
urbanos que poderiam apoiar o envelhecimen- das opiniões expressas pelos participantes nos
to activo são pura e simplesmente inacessíveis. grupos de discussão em todos os continentes.
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
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Parte 5. Espaços exteriores e edifícios
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
As sugestões para resolução destes problemas 4. Passeios amigos das pessoas idosas
são diferentes. Em Halifax, os prestadores de
As condições em que se encontram os passeios
cuidados consideram haver necessidade de
têm um impacto óbvio sobre a possibilidade
espaços verdes pequenos, mais tranquilos e de
de as pessoas andarem na sua zona de residên-
acesso restrito, nas zonas menos centrais da
cia. Passeios estreitos, desnivelados, rachados,
cidade, em vez de enormes parques cheios de
com bermas altas, congestionados ou com
movimento, frequentados por crianças e por
obstáculos representam perigos potenciais e
utilizadores de pranchas de skate. Em Amã, os
afectam a capacidade dos idosos para se movi-
idosos recomendam a existência de jardins es-
mentarem.
peciais para o seu grupo etário, enquanto que
em Nova Deli os idosos sugerem a existência
de zonas reservadas a idosos, nos parques. Caí por causa do passeio. Parti o ombro.
Em vários locais é chamada a atenção para
Idoso, Dundalk
a necessidade de uma melhor manutenção
dos parques.
O estado inadequado dos passeios é referi-
3. Um local para descansar do como um problema quase universal. Em
muitas cidades, como na Cidade do México,
A existência de áreas em que as pessoas pos- no Rio de Janeiro e em cidades na Jamaica, os
sam sentar-se é geralmente considerada pelos peões são obrigados a partilhar os passeios
idosos uma característica urbana necessária: com os vendedores de rua. Noutras cidades,
para muitos idosos, é dif ícil andar nas zonas como La Plata, Moscovo, Ponce e na região
onde vivem se não houver locais em que pos- metropolitana do Ruhr, os automóveis esta-
sam descansar. cionados no passeio obrigam os peões a andar
na estrada. As condições climatéricas podem
Há poucos locais em que possamos sentar- aumentar as dificuldades sentidas pelos idosos
‑nos…; quando ficamos cansados, precisamos na utilização dos passeios. Em Sherbrooke,
de nos sentar. por exemplo, foi manifestada preocupação
pelo facto de a neve não ser removida dos
Idoso, Melville passeios e, em Portage la Prairie, o risco de
quedas é considerado superior após a queda
Os idosos e os prestadores de cuidados em de neve.
Xangai apreciam as relaxantes zonas de
descanso da sua cidade. Em Melbourne, a As melhorias que algumas cidades efectuam
remodelação de zonas ao ar livre em que as no traçado e na manutenção dos passeios são
pessoas possam sentar-se é vista de forma bem acolhidas. As seguintes características
13
para que os passeios sejam amigos das pessoas truídas pontes e túneis para ajudar os peões
idosas são frequentemente sugeridas: a atravessar a estrada.
• uma superf ície lisa, nivelada e antiderra- Num número razoável de cidades, foi referido
pante; que os semáforos das passadeiras para peões
mudam demasiado depressa. Em Melville,
• largura suficiente para a circulação de ca- sugeriu-se que os semáforos das passadeiras
deiras de rodas; tenham um “contador” visual que permita aos
peões saberem de quanto tempo dispõem para
• passeios rebaixados, inclinados até ficarem atravessar a estrada. Os sinais sonoros são
ao nível da rodovia; muito apreciados em Istambul e, em Portland
e Udine, recomenda-se a utilização tanto de
• remoção de obstáculos tais como vende- sinais sonoros como de sinais visuais, nas pas-
dores de rua, automóveis estacionados e sadeiras para peões.
árvores; e
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
6. Acessibilidade
Não saímos à noite. Eu não vou a lado
Tanto em países desenvolvidos como em nenhum… podem matar-nos.
países em desenvolvimento, as pessoas consi- Idoso, Tuymazy
deram que a sua cidade não foi concebida
para idosos.
Reconhece-se que algumas cidades tomaram
medidas com a finalidade de melhorarem a
Só vou à cidade quando tenho alguma coisa segurança. Por exemplo, é mencionado o facto
específica para fazer. Vou, faço o que tenho a de Genebra e Sherbrooke terem instalado
fazer e volto directamente para casa. Porque é câmaras de vigilância.
que havia de querer andar pela cidade?
Não sou um jovem. Em La Plata, foi feita uma sugestão para
Idoso, Nairobi melhorar a segurança, que consiste no envol-
vimento da comunidade através, por exemplo,
da organização de grupos de idosos para uma
Em muitas cidades, são mencionadas as maior segurança no exterior, ou da existência
barreiras ao acesso f ísico, que podem desen- de mais policiamento. Em Dundalk, foi sugeri-
corajar os idosos de saírem de casa. No Rio de da a atribuição de um subsídio do Estado que
Janeiro, as pessoas salientam que as escadas permitisse aos idosos melhorar a sua seguran-
de cimento de acesso às favelas são de dif ícil ça pessoal.
utilização pelos idosos. Em Sherbrooke, a au-
sência de rampas em algumas zonas constitui Os terramotos são frequentes na Turquia e
um problema. A recomendação comum face a as pessoas idosas em Istambul preocupam-se
estas preocupações consiste na sensibilização, com o facto de a cidade não ter sido concebida
em especial dos urbanistas e arquitectos, para para minimizar o risco de danos decorrentes
as necessidades das pessoas idosas. desse tipo de incidentes.
7. Um ambiente seguro
Devíamos ter um espaço vazio em que nos
O facto de se sentirem seguras no ambiente sentíssemos seguros em caso de terramoto,
em que vivem afecta bastante a vontade que as mas não nos dão um espaço assim, dizem-nos
pessoas têm de se movimentarem na comuni- para usarmos as ruas.
dade local, o que por sua vez afecta a sua inde- Idoso, Istambul
pendência, a saúde f ísica, a integração social
e o bem-estar emocional. Muitas cidades são
consideradas geralmente seguras, mas outras
8. Vias pedonais e ciclovias
evidentemente não o são. Independentemente
do verdadeiro grau de perigo, são manifestadas As vias pedonais e as ciclovias são conside-
preocupações acerca da segurança em prati- radas como parte de um ambiente promotor
camente todas as cidades, incluindo questões da saúde e amigo das pessoas idosas, embora
como a iluminação pública, violência, crimi- também lhes estejam associados perigos.
nalidade, drogas e existência de pessoas sem Em Genebra, algumas pessoas consideram os
abrigo em locais públicos. Sair à noite é um ciclistas um perigo para os idosos. Em Udine,
motivo especial de receio para muitos idosos. foi sugerida a existência de duas vias – uma
15
para ciclistas e outra para peões. Os idosos • sinalização adequada
em Cancún, Portland e Saanich dão valor aos
trilhos pedonais existentes nas suas cidades. • casas de banho públicas com acesso para
A necessidade de assegurar que as vias pedo- pessoas com deficiência.
nais tenham uma superf ície lisa é destacada
pelos prestadores de cuidados em Halifax, e Contudo, os obstáculos à utilização de eleva-
a necessidade de assegurar que são de fácil dores por parte dos idosos são mencionados
acesso, com suficientes pontos de acesso para em duas cidades. Em Nairobi, os idosos têm
cadeiras de rodas, é mencionada por idosos e receio de utilizar elevadores e precisam de ser
prestadores de cuidados em Portage la Prairie. acompanhados, enquanto que em Trípoli os
Os idosos em Udine recomendam a criação idosos mostram relutância em utilizar eleva-
de um sistema de vias pedonais para poderem dores por ser comum haver falhas de electrici-
movimentar-se na sua zona e em Halifax é dade e eles terem medo de ficar fechados.
solicitada a construção de vias pedonais nos
estacionamentos, para garantir a segurança Se, por um lado, é amplamente reconhecida a
dos peões. A construção de casas de banho importância da existência de edif ícios de fácil
públicas perto de vias pedonais foi outra acesso, é igualmente assinalado que muitos
ideia avançada em Saanich. edif ícios, especialmente quando se trata de
edif ícios mais antigos, não são de fácil acesso.
9. Edif ícios amigos das pessoas idosas Em alguns casos, não é possível tornar edi-
f ícios antigos mais acessíveis. A maioria das
Em muitas cidades, incluindo Himeji, Maya- cidades reconhece a necessidade de melhorar a
guez, Melbourne e Nova Deli, é feita referência acessibilidade dos seus edif ícios, especialmen-
ao facto de os novos edif ícios serem ou não te para facilitar o acesso a cadeiras de rodas.
acessíveis e à necessidade de serem feitas me-
lhorias para tornar os edif ícios mais acessíveis. São também mencionados alguns aspectos
Em termos gerais, as características conside- positivos e negativos de grandes superf í-
radas necessárias para que os edif ícios sejam cies comerciais. Em Dundalk e em Melville,
amigos das pessoas idosas são as seguintes: alguns centros comerciais disponibilizam ca-
deiras de rodas aos seus clientes e têm acessos
• elevadores adequados. Em Melbourne, a necessidade de
percorrer grandes distâncias é considerada
• escadas rolantes como um obstáculo à utilização das grandes
superf ícies comerciais. Em Istambul,
• rampas os centros comerciais têm escadas rolantes,
mas as pessoas idosas acham que são dif íceis
• portas e passagens largas de utilizar.
• escadas adequadas (não demasiado altas Considera-se que os edif ícios, incluindo as lo-
nem íngremes), com corrimãos jas, deveriam localizar-se perto dos locais onde
vivem pessoas idosas, de modo a garantir-lhes
• pavimentos antiderrapantes acesso fácil a estes serviços e instalações. Em
Tuymazy, os idosos gostam de viver perto de
• zonas de descanso com bancos confortáveis lojas e mercados. A aglomeração de estabele-
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
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Lista de verificação de espaços exteriores e
edif ícios amigos das pessoas idosas
Ambiente Rodovias
• A cidade é limpa, existem e são cumpridas • As rodovias têm passadeiras para peões
leis que limitam os níveis de ruído e os adequadas, antiderrapantes, colocadas a
cheiros desagradáveis ou prejudiciais, em intervalos regulares, de modo a garantir a
espaços públicos. segurança dos peões na travessia da rua.
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
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Parte 6. Transportes
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
podem ser utilizadas em serviços de transpor- noutras cidades com um nível de desenvol-
te privados, embora em Dundalk alguns servi- vimento semelhante. Este aspecto não foi
ços de autocarros privados aceitem passes de referenciado como uma característica amiga
transporte grátis. das pessoas idosas, em cidades em vias de
desenvolvimento. Em Amã, os autocarros não
Em algumas cidades, as pessoas sugerem têm horários fixos, o mesmo se passando em
que o transporte gratuito ou de tarifa redu- Islamabad com os veículos de serviço público.
zida seja fornecido ou passe a abranger Em La Plata, os autocarros não são fiáveis,
pessoas idosas. Na Cidade do México, é suge- em virtude de os percursos serem frequente-
rida a disponibilização de transporte gratuito mente alterados.
para que as pessoas possam participar em
eventos específicos. 4. Destinos de viagem
A possibilidade de utilização de transportes
3. Fiabilidade e frequência públicos depende bastante da capacidade
A existência de serviços de transportes que temos de chegar aos locais a que quere-
públicos frequentes e fiáveis é identificada mos ir. Num número razoável de cidades, os
como uma característica amiga das pessoas serviços de transporte público garantem uma
idosas. Algumas destas, em especial nos países boa cobertura de pelo menos algumas zonas,
desenvolvidos, referem que a frequência dos permitindo às pessoas chegar aos seus des-
serviços de transporte das suas cidades é boa. tinos de eleição. Mas noutras cidades, tanto
em países desenvolvidos como em desenvol-
No entanto, numa série de cidades com vários vimento, existem preocupações relativamente
níveis de desenvolvimento existe informação à adequação dos percursos dos transportes
de que os serviços de transporte público não públicos. As pessoas queixam-se de que várias
são suficientemente frequentes ou fiáveis. zonas da cidade não se encontram abrangidas,
Em Istambul, os idosos referem que as viagens ou de que é dif ícil atravessar toda a cidade, ou
em transportes públicos demoram demasiado da existência de ligações insuficientes entre
tempo e que estes não são frequentes. autocarros e outros meios de transporte.
Em Melbourne, é mencionado que algumas Além disso, alguns destinos importantes para
zonas não têm serviço de autocarros entre pessoas idosas não são bem servidos. Por
sábado à tarde e segunda-feira de manhã. exemplo, em Dundalk os autocarros não vão
Na região metropolitana do Ruhr, os idosos até um dos lares de terceira idade, e em
consideram que os transportes públicos para Mayaguez o transporte para os centros de ter-
as zonas limítrofes da cidade e à noite não são ceira idade é limitado. Em Tuymazy, o acesso
suficientemente frequentes. Em algumas cida- por transporte público aos jardins públicos é
des, foi sugerido que os transportes públicos considerado insuficiente.
fossem mais frequentes, em especial à noite e
aos fins-de-semana. O problema com os transportes públicos é que
existem grandes falhas… se queremos ir até à
Em algumas cidades, tais como Genebra, baixa, não há problema, mas se queremos ir
Londres, Moscovo e Tóquio, as pessoas refe- ao outro lado da cidade, é uma luta.
rem que os serviços de transporte público são
Idoso, Portland
fiáveis, mas a situação nem sempre é a mesma
21
5. Veículos amigos das pessoas idosas em países desenvolvidos, mas noutras exis-
tem à disposição poucas opções deste género.
Entrar e sair de veículos constitui outra das Recomenda-se a disponibilização de serviços
principais questões levantadas. Uma série a pessoas com incapacidades. Por exemplo,
de cidades é referenciada como tendo alguns no Rio de Janeiro os prestadores de cuidados
veículos de transporte público modificados de referem que os táxis são os únicos meios de
modo a permitirem um acesso mais fácil por transporte para pessoas idosas portadoras de
parte das pessoas idosas: em Xangai, existem deficiência, mas as cadeiras de rodas não ca-
lugares modificados; em Saanich, existem bem na bagageira do veículo porque nesse sítio
alguns autocarros modificados, e em Udaipur, fica o depósito de combustível. Na Cidade do
terá início em breve um serviço público de México, os prestadores de cuidados sugerem a
autocarros com veículos de piso baixo. Em criação de autocarros adaptados especialmente
Genebra, alguns autocarros têm plataformas para pessoas portadoras de deficiência e para
elevatórias e piso baixo. os respectivos prestadores de cuidados.
22
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
23
Em muitas cidades, os transportes públicos Em Xangai, as pessoas idosas e os prestadores
sobrelotados, em especial durante alturas em de cuidados reconhecem o valor dos ban-
que há maior afluência de passageiros (a “hora cos, do abrigo e da iluminação existente em
de ponta”), também representam problemas algumas paragens de transportes. Em Ponce,
de segurança para os idosos. Este aspecto é as paragens e os terminais de autocarros são
mais frequentemente identificado em cidades mantidos em boas condições. Em Portland,
de países em vias de desenvolvimento e em é vista com satisfação a existência de acesso
cidades da Rússia. Na Jamaica, por exemplo, os conveniente às paragens de autocarro.
empurrões são referenciados como um proble-
ma para os idosos, em paragens de autocarro A localização das paragens de autocarro re-
e aquando do embarque nos autocarros. Em presenta algumas dificuldades para as pessoas
Moscovo, é assinalado o facto de as multidões idosas. Existem problemas em Melbourne,
fazerem com que seja dif ícil respirar na esta- onde as paragens de autocarro são poucas e
ção de caminhos-de-ferro. a distância entre duas paragens é demasiado
grande. Em Melville, os idosos revelam preo-
Algumas cidades desenvolvidas como Dun- cupação pelo facto de terem de atravessar uma
dalk, Portland e Saanich também referem estrada principal de modo a poderem chegar
dificuldades relacionadas com transportes à paragem do autocarro. Em Saanich, alguns
públicos sobrelotados. idosos referem que as paragens de autocarros
ficam demasiado longe das suas casas.
Não se consegue respirar [no comboio de
Dublin]. Se uma pessoa caísse, ninguém o Em algumas cidades, existem problemas de
notaria – estamos entalados! segurança nas paragens de autocarros. Em
Moscovo, é referida a existência de carteiristas
Idoso, Dundalk
nas multidões junto às paragens de autocarros
e em Melbourne existem queixas de vandalis-
Em Nairobi, os idosos notam com satisfação mo nas paragens de autocarros. Em Melville,
que os problemas relacionados com a sobrelo- pensa-se que um programa de decoração das
tação melhoraram significativamente desde a paragens de autocarros por crianças terá con-
introdução de legislação, as Normas Michuki, tribuído para a redução do vandalismo.
destinada a garantir que a ocupação dos luga-
res sentados não seja ultrapassada. Em Tuyma- Em San José, a ausência de abrigos nas pa-
zy, foi sugerida a circulação de mais autocarros ragens de autocarros é encarada como uma
durante as horas de tráfego mais intenso, desvantagem, da mesma forma que o é a au-
enquanto que em Saanich se recomenda que as sência de bancos nas paragens de transportes
pessoas idosas sejam encorajadas a utilizar os em Xangai. Em Tóquio, no entanto, é referido
transportes públicos fora das horas de ponta. que a instalação de bancos nas paragens de
autocarro dificulta a passagem de pessoas
portadoras de deficiência, visto que as ruas são
10. Paragens e estações de
muito estreitas.
transportes
A concepção, localização e condições em que Em muitas cidades, as pessoas consideram
se encontram as paragens e estações de trans- que as estações de caminhos-de-ferro e os
portes são também elementos significativos. terminais de autocarros deveriam ser de
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
25
Himeji os automóveis são considerados uma código da estrada. Em Sherbrooke, os outros
necessidade para quem vive nos subúrbios. condutores são apontados como sendo fre-
Em Ponce, os automóveis são considerados quentemente agressivos.
necessários devido às limitadas opções de
transporte disponíveis. 15. Cortesia para com os condutores
idosos
Em algumas cidades, as pessoas referem que
é fácil conduzir na cidade, uma característica Para além dos obstáculos acima identificados,
com maior probabilidade de ser menciona- o desrespeito para com os condutores idosos é
da em países desenvolvidos. Em Portage la suficiente para desencorajar muitos deles.
Prairie, o tráfego é considerado pouco inten-
so e a condução fácil. Em Saanich, os idosos Não gosto de conduzir. As pessoas praguejam
apreciam os avisos prévios sobre a existência e fazem-nos sinais, se conduzimos devagar.
de um cruzamento. Em Tóquio, os idosos São indelicadas.
referem que as marcas nas rodovias e a sinali-
zação de trânsito são fáceis de ver. Em Trípoli, Idoso, Trípoli
as pessoas acham que as ruas estão bem
marcadas e em Xangai a gestão de tráfego é Em La Plata, é referido que os condutores
considerada boa. idosos são alvo de ofensas, por conduzirem
demasiado devagar. Em Cancún, os idosos
Em muitas mais cidades, em países em todas sentem-se inseguros quando conduzem por
as fases de desenvolvimento, as pessoas fazem causa dos seus problemas de visão e devido ao
referência à existência de obstáculos à condu- tráfego agressivo. Em Tuymazy, os prestadores
ção na cidade. Estes obstáculos incluem o de serviços afirmam que os idosos não se sen-
tráfego intenso, as más condições das rodo- tem confiantes para conduzir nas estradas.
vias, dispositivos de moderação do tráfego
ineficazes, iluminação pública deficiente, Em algumas cidades, tais como Portage la
sinalização inadequada por estar oculta ou Prairie, onde a condução constitui uma opção
mal situada e o incumprimento do código de transporte fundamental, existem preocupa-
da estrada. No Rio de Janeiro, por exemplo, ções acerca das dificuldades com que os ido-
o tráfego intenso é considerado um obstáculo. sos se deparam quando deixam de utilizar as
Em Cancún, os idosos queixam-se de que suas cartas de condução. Para garantir que os
as rodovias têm buracos e estão geralmente idosos são condutores confiantes, é recomen-
em más condições. Em Melville, foi manifes- dada a criação de cursos de reciclagem em
tada preocupação relativamente a dispositi- algumas cidades como Genebra e Portland.
vos de moderação do tráfego ineficazes, tais As lições especiais ministradas a idosos em
como rotundas, que ou são demasiado pe Himeji, quando estes têm de renovar a carta
quenas ou se situam em locais inadequados. de condução, é vista como uma vantagem
Em Mayaguez, os idosos referem que as ruas amiga das pessoas idosas.
não estão bem iluminadas. Em Halifax, a
sinalização das ruas é considerada demasia-
16. Estacionamento
do pequena, demasiado alta e por vezes está
oculta. Em Udine, os idosos fazem referência Os lugares de estacionamento prioritário
ao facto de os condutores não respeitarem o destinados a idosos e a pessoas portadoras de
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
deficiência, na proximidade de edif ícios, jun- enquanto que em Portage la Prairie é salienta-
tamente com os lugares de largada e recolha do que os lugares de estacionamento não são
de passageiros, foram considerados elementos suficientemente largos para a movimentação
amigos das pessoas idosas. Em Amã, os idosos de cadeiras de rodas. Em Saanich, a ausência
apreciam os lugares de estacionamento para de lugares de estacionamento para pessoas
pessoas com deficiência disponibilizados pe- portadoras de deficiência é considerada um
los estabelecimentos comerciais. Em Dundalk, problema. Em Melbourne, é manifestada preo-
é apreciada a existência de estacionamento cupação relativamente à impossibilidade de
gratuito. Em Portage la Prairie, a existência de encontrar estacionamento perto dos edif ícios.
parques de estacionamento de grandes dimen- Uma outra preocupação manifestada prende-
sões é considerada um aspecto positivo para ‑se com a falta de respeito pelos lugares de
os condutores e amigo das pessoas idosas. estacionamento prioritários para pessoas
portadoras de deficiência.
Em muitas cidades, no entanto, a existência
de estacionamento inadequado e caro é iden-
tificada como um obstáculo para as pessoas Constroem lugares de estacionamento para
idosas. São também mencionados outros pro- pessoas portadoras de deficiência que são
blemas. Em Mayaguez, é referida a inexistên- completamente ignorados.
cia de suficientes pontos de largada e recolha
Idoso, Londres
de pessoas idosas portadoras de deficiência,
27
Lista de verificação de transportes amigos
das pessoas idosas
Acessibilidade económica Serviços especializados
• Os transportes públicos têm um preço • Existem serviços de transporte especia
acessível a todas as pessoas idosas. lizados para pessoas portadoras de defi
ciência.
• Os preços dos transportes cobrados são
coerentes e estão bem visíveis. Lugares prioritários
• Os veículos são limpos e bem cuidados. • As estações são acessíveis, têm rampas,
escadas rolantes, elevadores, plataformas
• Os veículos dispõem de indicação clara acer- adequadas, casas de banho públicas e sinali-
ca do número e do local de destino do veículo. zação legível e bem localizada.
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
29
Parte 7. Habitação
2. Serviços básicos
Tenho a minha pensão de reforma, mas como
posso viver com tão pouco dinheiro? A pensão Num reduzido número de cidades, os servi-
entra em minha casa e desaparece em poucos ços básicos são considerados inadequados ou
segundos. demasiado caros. Em Islamabad, as casas das
zonas de baixos rendimentos não dispõem de
Idoso, Istambul
abastecimento de electricidade, gás ou água.
Em Moscovo, os serviços prestados pelas
Por exemplo, em Genebra alguns idosos empresas de serviço público são considera-
vivem em casas demasiado grandes para eles, dos caros.
30
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
31
Em Himeji, é recomendada a construção de remodelações necessárias. Em Sherbrooke, é
mais habitações amigas das pessoas idosas, feita referência à necessidade de adaptação das
enquanto que em Melbourne é sugerida a cria- casas de acordo com necessidades específicas.
ção de incentivos que levem os arquitectos e
empreiteiros a construir habitações amigas dos Para além de identificar a necessidade de garan-
idosos. Em Nova Deli, as pessoas recomendam tir aos idosos a informação sobre as possíveis
que a legislação sobre construção contemple as opções de modificação das suas casas, é referido
características amigas dos idosos. Em Saanich, em muitas cidades que os idosos precisam de ter
os construtores incluem aspectos adaptados acesso ao equipamento necessário. Em Tuymazy,
ou adaptáveis nos seus projectos, tais como a os prestadores de cuidados identificam a neces-
instalação de interruptores da luz em posi- sidade de informação sobre os diversos tipos de
ções mais baixas, instalação de chuveiros em equipamento e sobre as adaptações possíveis,
vez de banheiras e de escadas que possam ser bem como sobre o equipamento fácil de obter.
modificadas de modo a nelas ser instalada uma Em Udaipur, são mencionadas dificuldades em
cadeira elevatória. obter corrimãos, rampas e casas de banho.
4. Modificações 5. Manutenção
A incapacidade de fazer a manutenção da sua
A possibilidade de modificar a própria casa ou
própria casa é para alguns idosos um obstáculo
apartamento também influencia a capacida-
importante. Em Cancún, os idosos dizem ser
de que os idosos têm de continuarem a viver
incapazes de efectuar reparações, devido aos
confortavelmente em casa. Em Dundalk, os
custos implicados. Em Melbourne, as pessoas
prestadores de cuidados apreciam as cadeiras
mais velhas revelam-se igualmente preocupa-
elevatórias que foram instaladas para ajudar
das com os custos de manutenção e sugerem
os idosos. Em Mayaguez, os apartamentos
que os municípios assegurem serviços de
para pessoas idosas portadoras de deficiência
manutenção de residências, em troca de um
dispõem das adaptações necessárias. Num
pagamento simbólico. No Rio de Janeiro, os
reduzido número de cidades, como Himeji e
custos elevados da manutenção do condomí-
Dundalk, é prestada ajuda financeira para a
nio são considerados um obstáculo, embora
realização de modificações em casas.
seja salientado o facto de ser possível subalu-
gar condomínios, com a finalidade de ajudar a
Foram identificadas várias dificuldades
suportar os custos de manutenção.
relacionadas com modificações realizadas
em casas. Em Halifax, a remodelação de uma
Em Dundalk, os idosos valorizam os subsídios
casa é considerada cara e dif ícil de fazer. Em
atribuídos para a realização de reparações
Himeji e em Nova Deli, são referidas as res-
em casa, mas queixam-se de dificuldades em
trições à remodelação de habitações sociais.
organizar os serviços dos trabalhadores que
Em Portland, qualquer alojamento alugado
efectuam as reparações.
que tenha sofrido remodelações tem de ser
restituído ao estado original. Em Melbourne,
é salientado que não é utilizado equipamento Foram-se embora a meio do trabalho e passa-
de assistência porque este não cabe nas casas e ram-se meses até voltarem para terminar.
muitos prestadores de cuidados são incapazes
Idoso, Dundalk
de suportar os custos financeiros inerentes às
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
33
ligações com a família e com a comunidade. Em e não tinham bons conhecimentos acerca das
Himeji, existe a preocupação de que os idosos opções de habitação existentes na sua zona.
venham a perder a sua ligação à comunidade
quando se mudam para um local diferente. Em algumas cidades, existem opções de
habitação específicas para a terceira idade.
As mudanças na cidade afectam estes senti- Em Melville, os complexos residenciais para a
mentos de familiaridade com a comunidade. terceira idade proporcionam um conjunto de
Em Tóquio, a ausência de contacto pessoal serviços, condições especiais e actividades.
com os vizinhos decorrente da construção de
arranha-céus é vista como um obstáculo à vi- Temos muitas actividades sociais, podemos
vência de situações amigas das pessoas idosas. estar sempre ocupados ou simplesmente fe-
Em Sherbrooke, os idosos manifestam preo- char a porta e não participar nas actividades,
cupação pelo facto de não existirem espaços a escolha é nossa.
para a interacção multigeracional. Em Genebra,
Idoso, Melville
a ausência de contacto com pessoas mais jo-
vens nos edif ícios de apartamentos é encarada
como uma desvantagem. Em Udaipur, os pres- Em muitas cidades, parece haver escassez de
tadores de cuidados manifestam preocupação habitação específica para idosos e os tem-
pelo facto de os apartamentos modernos, sem pos de espera podem ser longos, tal como
varandas na fachada, não deixarem espaço à é referido em Halifax e Himeji. A habitação
interacção com a comunidade. A importân- para a terceira idade também tem de ser
cia de projectos que promovam a interacção economicamente acessível, para que possa
com a comunidade é também mencionada em ser considerada amiga dos idosos. As pessoas
Dundalk, onde se refere que as casas deveriam mais velhas em Saanich manifestam preocupa-
estar viradas para instalações comunitárias, a ção com o custo da habitação para idosos.
fim de reduzir o sentimento de isolamento. Verifica-se também uma preferência clara em
algumas cidades pela integração da habitação
8. Opções de habitação para idosos na comunidade local. Em Melville,
é sugerida a criação de pequenos aglomera-
A existência de um conjunto de opções de ha- dos habitacionais para idosos, com pequenos
bitação no mesmo bairro a fim de correspon- jardins espalhados por toda a cidade, para que
der à evolução das necessidades, constitui um os idosos não fiquem separados da comunida-
importante aspecto amigo das pessoas idosas. de, em especial das crianças. Em Portland, foi
Em algumas cidades, existem várias opções de identificada a necessidade de habitação multi-
habitação. Em Melville, por exemplo, os idosos geracional. Na região metropolitana do Ruhr e
têm a hipótese de escolherem mudar-se para em Sherbrooke, foi manifestada preocupação
um alojamento mais pequeno, para habitação pelo facto de estarem a ser criados guetos de
específica para idosos ou para lares de terceira idosos em grandes complexos residenciais
idade. Em muitos locais, contudo, os idosos para a terceira idade.
destacam a necessidade de mais opções de ha-
bitação para idosos. Em Halifax, por exemplo,
9. Ambiente em que vivem os idosos
foi referido que alguns idosos estavam preo-
cupados com o facto de não poderem encontrar Para os idosos, é importante disporem de es-
alojamento na sua zona de residência habitual paço suficiente e de privacidade em casa.
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
35
Lista de verificação de habitação amiga das
pessoas idosas
Acessibilidade económica • O equipamento necessário às modificações
da habitação encontra-se prontamente
• Existe habitação por um preço acessível disponível.
para todos os idosos. • É disponibilizada assistência financeira
para a realização de modificações
Serviços básicos em casa.
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
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Parte 8. Participação social
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
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de Cancún dizem beneficiar de um clube da 4. Informação sobre actividades e
“idade de ouro”, de aulas de trabalhos manuais eventos
no mosteiro local, bem como de palestras, mú-
sica e dança. Em todas as cidades de maiores É mencionada por vários inquiridos a neces-
dimensões, situadas nas regiões desenvolvidas sidade que os idosos sentem de informação
e na maioria das cidades nos países desen- sobre actividades e oportunidades de partici-
volvidos, é mencionada a existência de uma pação nas mesmas.
variedade de actividades.
Acho que o mais importante é a informação
As actividades religiosas e a socialização com – as pessoas têm de saber quais as opções
os elementos das comunidades que partilham existentes.
a mesma crença religiosa são uma importante
forma de participação das pessoas mais velhas Prestador de serviços, Saanich
na maioria das cidades. Os idosos podem ser
bastante conhecidos e estimados nas respec- Em Dundalk, as organizações divulgam as
tivas comunidades religiosas. Estas comuni- suas actividades através do envio de informa-
dades são por norma acolhedoras e inclusivas, ções aos idosos antes de estes se reformarem.
facilitando a participação de pessoas que pos- As pessoas que frequentam com regularidade
sam encontrar-se em risco de isolamento. Em serviços religiosos e outras actividades orga-
Halifax, por exemplo, as igrejas contribuem nizadas têm tendência para ter conhecimento
para as vidas dos idosos através de actividades de outras actividades de modo informal.
como jogos de cartas, jantares e almoços em Em San José, as associações profissionais
grupo, transporte para a igreja e contacto com fazem divulgação das suas actividades.
pessoas isoladas. Em Islamabad, as pessoas re- Um prestador de serviços em Xangai sugere
ferem que ir à mesquita mais do que uma vez que poderá haver mais pessoas envolvidas
por dia contribui para a participação social. se existir publicidade suficiente para atrair
participantes.
Na Igreja ouvem-nos por causa da nossa ex-
periência. As pessoas têm admiração por nós. 5. Encorajar a participação e lidar
Idoso, Jamaica com o isolmento
Uma mensagem comum a cidades em todo
As actividades culturais, educativas e tradi- o mundo é a de que a participação social é
cionais continuam a ser importantes para os mais fácil quando há muitas oportunidades e
idosos que vivem em vários locais. A educação estas se realizam perto do local de residência
contínua, através de Universidades da Terceira dos idosos. As pessoas em La Plata sentem-se
Idade ou de cursos ministrados em centros insatisfeitas com a ausência de centros co-
comunitários ou em centros para a terceira munitários em todas as zonas da cidade e em
idade, proporciona um envolvimento e uma Udaipur sugere-se a criação de centros comu-
aprendizagem contínua. As idas a casamen nitários a uma distância que os idosos possam
tos e funerais constituem oportunidades de percorrer a pé. Em Dundalk e em Xangai, os
socialização. Os idosos em Islamabad dizem participantes sugerem que estabelecimentos
gostar de participar em eventos tradicionais como escolas e centros recreativos sejam utili-
como casamentos. zados por todos os membros da comunidade,
40
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
41
a organização de mais actividades específicas à fraca oferta em termos de programação tele-
para homens, tais como oficinas de trabalho, visiva, com pouco que lhes interesse.
jogos de dominó ou de cartas.
42
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
43
Lista de verificação de uma participação social
amiga das pessoas idosas
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
45
Parte 9. Respeito e inclusão social
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
em Amã também se sentem criticadas pelos das pessoas idosas centram-se na formação
jovens por causa do seu vestuário ou forma dos prestadores de serviços para que saibam
de falar diferente. É referido que alguns como dar uma melhor resposta às suas
jovens não têm boas maneiras (Tóquio e necessidades.
Udine), não cedem os seus lugares nos auto-
carros (Portland) e são verbal ou fisicamente 2. Discriminação em função da
agressivos para com os idosos (Halifax,
idade e ignorância
Nova Deli e San José).
Numa sociedade cujo imaginário popular
glorifica a juventude e a mudança, as imagens
Olham para nós como se a nossa “data de
negativas da idade e do envelhecimento
validade” tivesse expirado e não querem
são frequentemente evocadas para explicar
atender-nos.
comportamentos desrespeitadores. Entre
Idoso, Melville os preconceitos relacionados com a idade
mencionados, os idosos são considerados
inúteis, menos inteligentes, mesquinhos e
Em algumas cidades, os serviços comerciais
um fardo. Como grupo, existe nos países
e profissionais também são referenciados
desenvolvidos a percepção de que os idosos
como desrespeitosos ou revelam falta de
são exigentes e um escoadouro de recursos
consideração para com as necessidades dos
públicos. Os idosos doentes ou portadores
idosos. Em Amã, um prestador de cuidados
de deficiência têm maior probabilidade de
referiu que a comida nos restaurantes não era
serem encarados negativamente do que os
apropriada para idosos. Em Melville constata-
idosos saudáveis.
‑se a existência de atendimento deficiente nas
lojas. Em La Plata e em Mayaguez, os funcio-
nários bancários e os funcionários públicos Somos muito mais respeitados se formos sau-
são acusados de não terem em consideração dáveis e não dependermos de ninguém, nem
as necessidades e as queixas dos idosos. Em mesmo dos próprios filhos.
San José, é referido o exemplo de médicos Idoso, Trípoli
que já têm as receitas prontas mesmo an-
tes de atenderem os pacientes idosos. Em
Nairobi, Ponce ou Saanich, por exemplo, são O comportamento desrespeitoso e a
referidas outras preocupações relativamente discriminação em função da idade exis-
a prestadores de serviços. tentes em algumas cidades são consi-
derados o resultado do desconhecimento
de boas maneiras, da impessoalidade de
Há idosos que passam o tempo de um gabi- cidades grandes e em crescimento cons-
nete para o outro sem obterem a informação tante, da falta de interacção entre gerações
que procuram, porque ninguém lhes dedica e da geral falta de conhecimento do pú-
tempo nem atenção. blico sobre o envelhecimento e os idosos.
Prestador de serviços, Mayaguez Em Melbourne e em Nova Deli, as pessoas
também reconhecem a existência de um
fosso entre as normas de individualismo
As sugestões apresentadas no sentido de contemporâneas e as expectativas
incentivar a existência de serviços amigos dos idosos.
47
3. Interacções intergeracionais e Muitas pessoas são de opinião que a educação
educação da sociedade da comunidade deveria ter início na escola
primária, para que as pessoas aprendessem
valores culturais e soubessem valorizar os
Hoje em dia existe uma enorme desvanta-
idosos. Segundo os participantes, a forma-
gem… os miúdos não beneficiam desse
ção sobre o envelhecimento deveria incluir
privilégio, da convivência com idosos…
a aquisição de uma melhor compreensão
o preço a pagar por isto é terrível.
relativamente às dificuldades causadas pelo
Idoso, Portland envelhecimento f ísico e pelas dificuldades
que lhe são normalmente associadas. Tal
como foi mencionado na Jamaica, esta forma-
Em quase todas as cidades envolvidas no
ção permitiria que as pessoas se preparassem
projecto, os inquiridos sublinharam a grande
para esse período da vida. Quase todos os
necessidade de facilitar e organizar encontros
grupos de trabalho insistem na importância
entre as várias gerações, a saber: o trabalho
de ser incutido respeito pelos idosos; em
em conjunto; a participação em eventos
Udaipur, sugere-se como forma de alcançar
intergeracionais planeados; a participação
este objectivo a criação de campos de férias
de idosos na educação cívica ou histórica em
que se dediquem à abordagem de valores
contexto escolar ou a possibilidade de toma-
sociais. É também proposta a formação sobre
rem conta de crianças em espaços públicos;
o envelhecimento através de campanhas
o auxílio prestado pelos jovens aos idosos,
amigas nos meios de comunicação social.
numa base de voluntariado. Todas as solu-
Em Melville, são apresentados os exemplos
ções que contemplam a organização de acti-
de um programa de televisão que mostra um
vidades intergeracionais são bem acolhidas
jovem a conviver com um idoso ou de jornais
na maioria das cidades. Em Genebra, os
que escrevem histórias de vidas de idosos
idosos referem que eles próprios deveriam
que fizeram muito pela comunidade. São
dar o primeiro passo ao encontro da geração
também mencionados anúncios e cartazes
mais jovem.
com imagens agradáveis do envelhecimento,
bem como representações de idosos de forma
Existe uma opinião comum de que o conheci- realista e não como caricaturas.
mento da sociedade relativamente ao envelhe-
cimento e às questões que lhe são inerentes
tem grandes lacunas e que a informação 4. Um lugar na comunidade
sobre o envelhecimento deveria ter início
numa fase inicial da vida e abranger todos Nas nossas sociedades a voz dos idosos não
os grupos sociais. é ouvida.
Prestador de cuidados, Sherbrooke
48
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
Contudo, na maior parte das vezes, os inquiri- utilizados na tomada de decisões. Os recursos
dos referem a perda destas responsabilidades que representam têm de ser valorizados pela
de liderança e inclusive a relutância em escutar comunidade, tal como é sugerido em Dundalk
os conselhos dos idosos, como sucede em e na Cidade do México. Em Portland, os pres-
Melville. Em Mayaguez, os participantes refe- tadores de serviços acrescentam que os idosos
rem que a comunidade já não está acostumada podem ter um papel importante como olhos e
a ter em consideração as opiniões dos idosos ouvidos de uma comunidade.
e que actualmente até as decisões que dizem
respeito aos jovens são tomadas sem que eles 5. Ajuda prestada pela comunidade
sejam consultados.
49
criação de bairros mais organizados através de serviços referem a existência de casos de
de, por exemplo, comissões de rua (San José e abandono e maus tratos de idosos.
Tuymazy). A criação de locais para reuniões de
habitantes do bairro é sugerida em Istambul. 7. Exclusão económica
Em La Plata, já existe um local com esta fina-
lidade, pois uma parte do edif ício da Câmara
Sinto-me intimidado quando entro numa
Municipal é utilizada para reuniões de idosos.
loja porque não posso comprar aquilo de
que preciso.
6. Lugar na família Idoso, Tuymazy
50
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
• Os serviços públicos e comerciais têm para • Os idosos são incluídos de modo activo e
oferecer serviços e produtos adaptados às regular em actividades escolares, com as
necessidades e preferências dos idosos. crianças e com os professores.
51
Parte 10. Participação cívica e emprego
52
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
53
de trabalho rejeitam as políticas que deter- em Trípoli afirmam que existem muitas van-
minam a obrigatoriedade da reforma quando tagens em continuar a trabalhar, entre as quais
se atinge uma determinada idade. Em alguns se incluem o rendimento, o combate às atitu-
países existem políticas que determinam que des segundo as quais os idosos dependem de
os rendimentos auferidos após a “reforma” terceiros e a continuação das relações sociais.
sejam descontados dos programas de apoio Em Himeji existem muitos idosos dispostos a
ou das pensões atribuídos pelo Estado, o que trabalhar e que gostariam que houvesse mais
também constitui um obstáculo para os idosos oportunidades de emprego. Os idosos em
que pretendem continuar a trabalhar. Amã sugerem que o tempo e a experiência dos
idosos sejam utilizados enquanto eles tiverem
Em vários locais, os idosos declaram que são a capacidade de trabalhar e acham que deveria
simplesmente demasiado frágeis para traba- haver incentivos à sua participação.
lhar, que têm dificuldade nas deslocações de e
para o local de trabalho ou que não se sentem Alguns locais, maioritariamente em países
seguros durante o trajecto para o trabalho ou desenvolvidos, têm políticas que contemplam
no próprio local de trabalho. Em várias cidades esta questão e algumas pessoas fazem refe-
verifica-se que as únicas oportunidades de rência a empresas específicas que incentivam
trabalho disponíveis para os idosos são muitas e valorizam o trabalho dos idosos. Em Maya-
vezes servis, mal remuneradas ou indesejáveis, guez, os prestadores de serviços referem que o
em termos gerais. Em algumas áreas, os idosos absentismo entre os idosos é muito reduzido e
ajudam as famílias porque cuidam dos netos que estes são por norma pontuais. Em Melvil-
e na Cidade do México as pessoas acham que le, existe a noção de que os locais de trabalho
a realização deste tipo de tarefas impede os estão a mudar e que existe uma atitude mais
idosos de obterem um verdadeiro emprego. positiva quanto à manutenção de trabalhado-
res idosos.
Nos locais em que existem baixos rendimen-
tos e o apoio estatal é limitado, alguns idosos Os participantes indicam uma série de suges-
acham que têm de trabalhar, quer queiram tões relativamente à forma de melhorar e criar
quer não. Em algumas cidades (por exemplo, novas oportunidades de emprego para idosos.
em Moscovo, Nairobi e Ponce), os partici- Entre estas sugestões incluem-se a oferta de
pantes nos grupos de discussão referem que a incentivos a empregadores que contratarem
situação geral, em termos de desemprego e de idosos, a existência de programas de emprego
competição pelos empregos, influencia a sua subsidiados pelo Estado, a criação de parcerias
capacidade para encontrarem trabalho. entre empregadores do sector público e do
sector privado e a contratação de idosos para
Não posso pensar em trabalhar. Porquê? empregos da função pública.
Porque o desemprego é elevado até mesmo
na juventude, por isso como é que posso Nos locais em que se verifica a existência de
querer trabalhar? reforma obrigatória ou de restrições relativas
à idade, é sugerida a eliminação deste tipo de
Idoso, Istambul
legislação. Em Dundalk, sugere-se que seja
permitido aos idosos trabalhar para além da
Apesar destes obstáculos, os idosos continuam idade da reforma, e em Islamabad foi proposta
a trabalhar, numa série de cidades. Os idosos a abolição das restrições legais relativas à idade
54
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
para trabalhar. Os prestadores de serviços em Há quem aluda aos horários rígidos e algumas
Sherbrooke consideram que deveria haver uma pessoas consideram que os empregos volun-
maior flexibilidade na legislação e nas políti- tários se tornaram demasiado profissionaliza-
cas, de modo a permitir que os reformados dos. Os participantes sugerem que as oportu-
voltassem a trabalhar. Um idoso em Istambul nidades de trabalho remunerado e voluntário
sugere a abolição da reforma antecipada. deveriam ser estruturadas de forma a integra-
rem os trabalhadores idosos. A actividade de
Houve também várias sugestões no sentido voluntariado deveria ter uma maior flexibi-
de melhorar o tipo ou as condições de tra- lidade e deveria adaptar-se melhor às neces-
balho. Em alguns locais, os inquiridos con- sidades dos idosos. Em vários locais, foi feita
sideram que o problema reside no facto de referência a uma maior flexibilidade por parte
não serem disponibilizadas as informações e dos empregadores, em termos de horários
os instrumentos que permitiriam encontrar e de emprego sazonal ou temporário, bem
a correspondência entre as capacidades e como à necessidade de proceder a adapta-
necessidades dos trabalhadores idosos e as ções consoante as exigências do trabalho,
dos empregadores. As sugestões para encon- em termos f ísicos.
trar uma solução para esta situação incluem
uma melhor publicitação das vagas, a cria- Em Genebra, os idosos consideram que as
ção de bases de dados que permitam fazer a oportunidades de trabalho voluntário deve-
correspondência entre trabalhadores idosos riam ser flexíveis e adaptadas às capacidades
e empregos e a criação de um registo com dos voluntários, tendo em consideração as
as competências dos idosos, que poderia ser necessidades dos idosos, que se cansam mais
consultado por potenciais empregadores. Em rapidamente. Em Himeji, os prestadores de
Istambul, existe a noção de que deveria haver serviços consideram que as empresas deve-
mais apoio para as mulheres que trabalham riam criar contextos em que os idosos pudes-
em casa e em Nova Deli é sugerido que os sem trabalhar sem dificuldade, e na realidade
empregadores sejam informados sobre as muitas empresas já têm este objectivo.
necessidades dos idosos.
Em Halifax, foi sugerido que os funcionários
3. Flexibilidade para integrar traba- idosos deveriam ter um menor volume de
lhadores e voluntários idosos trabalho e que a baixa por doença deveria ser
mais flexível. Em Londres, os participantes
Não quero uma actividade que me obrigue sugerem a organização de pequenos projec-
a estar no mesmo local todos os dias da tos que sejam interessantes para os idosos
semana às 9:00; já tive a minha parte desse e que façam uso das suas capacidades. Em
tipo de trabalho. Nairobi, em Ponce e em Tuymazy, os parti
cipantes fazem referência a oportunidades
Idoso, Portland
de emprego a tempo parcial. Em Tóquio,
existe um serviço de recursos humanos que
A flexibilidade nas oportunidades para idosos, se ocupa do trabalho temporário, uma situa
no trabalho remunerado e voluntário, é apon- ção que poderia ajustar-se às necessidades
tada como uma forma de fazer uma melhor dos idosos. Os idosos de Tuymazy entendem
adaptação dessas oportunidades à situação que o trabalho de consultor é especialmente
dos idosos. indicado para idosos.
55
4. Incentivo à participação cívica com que houvesse maior participação. Em
Portland, foi sugerido que os idosos se envol-
A informação sobre o grau de envolvimento vessem nestas questões através da comunica-
nas questões cívicas é variável. Em termos ção das suas preocupações aos representantes
gerais, os idosos demonstram-se interessados do governo. Em La Plata, os idosos gostariam
e dispostos a participar em actividades cívicas. que houvesse mais oportunidades de partici-
Em alguns locais, os idosos já têm uma voz pação política por parte dos idosos e que estes
activa, por intermédio de conselhos comu- tivessem um papel na resolução dos problemas
nitários ou de conselhos de terceira idade. da comunidade. Em Tóquio, sugere-se que seja
Algumas culturas valorizam a experiência e atribuída aos idosos a função cívica específica
o conhecimento dos idosos e colocam-nos de se ocuparem dos problemas dos outros
frequentemente em posições de autoridade, idosos e em Saanich os participantes também
embora alguns considerem que estas posições sugerem que os idosos se ocupem do planea-
são na sua maioria posições simbólicas. Em mento de actividades para idosos.
Melville, os idosos participam em grupos de
interesses especiais e em Mayaguez existe uma
5. Formação
grande proporção de idosos na administração
da cidade. Os participantes de Trípoli mencio-
O voluntariado é uma coisa profissionalizada.
nam o facto de os idosos fazerem parte de con-
Para se ser voluntário é preciso ter formação.
selhos de administração e em Halifax os idosos
fazem parte da organização das eleições. Prestador de serviços, Londres
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
57
Lista de verificação de participação cívica
e emprego amigos do ambiente
Opções de voluntariado • As organizações de funcionários
(por exemplo, os sindicatos) apoiam
• Existe uma gama de opções em que os a existência de opções flexíveis, tais
voluntários idosos podem participar. como o trabalho a tempo parcial e o
trabalho voluntário, de modo a permi-
• As organizações de voluntários são bem tir uma maior participação dos traba-
organizadas, com infra-estruturas, progra- lhadores idosos.
mas de formação e uma força laboral que
integra voluntários. • Os empregadores são incentivados a con-
tratar e manter os trabalhadores idosos.
• As posições ocupadas estão em conformi-
dade com as competências e os interesses
Formação
dos voluntários (por exemplo, através de
registos ou base de dados). • É proporcionada aos trabalhadores
idosos formação sobre oportunidades
• Os voluntários recebem apoio para a pós-reforma.
realização do seu trabalho voluntário,
por exemplo através da disponibilização • Os trabalhadores idosos têm à sua disposi-
de transporte ou do reembolso do custo ção oportunidades de formação, tais como
do estacionamento. a formação na área das novas tecnologias.
58
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
• As organizações recebem apoio (por exem- • São divulgados junto dos empregadores os
plo, financiamento ou seguros de custo benef ícios inerentes à contratação de traba-
reduzido) para poderem recrutar, formar e lhadores idosos.
manter voluntários idosos.
Empreendedorismo
Participação cívica
• Existem apoios para os empreendedores
• Os conselhos consultivos, conselhos de idosos e oportunidades de emprego por
administração de organizações, etc. incluem conta própria (por exemplo, mercados para
idosos. vender produtos agrícolas e artesanato, for-
mação sobre pequenas empresas e micro-
• Existe apoio para permitir que os idosos crédito para trabalhadores idosos).
participem em encontros e eventos cívi-
cos, tais como lugares reservados, apoio a • A informação destinada ao apoio a peque-
pessoas portadoras de deficiência, aparelhos nas empresas e a empresas domésticas está
para pessoas com dificuldades de audição e em suportes adequados aos trabalhadores
transporte. idosos.
59
Parte 11. Comunicação e informação
60
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
61
3. Será que alguém vai falar comigo? factor bastante valorizado pelos idosos em
todo o mundo.
Os idosos ligam para os programas de rádio a
toda a hora. Há uma mesquita em todos os bairros.
Prestador de serviços, Mayaguez A palavra árabe para mesquita é um sinóni-
mo da palavra utilizada para fazer referência
ao local em que as pessoas se aproximam
Independentemente do nível de desenvol- umas das outras.
vimento da cidade, a transmissão verbal é
Idoso, Trípoli
o principal meio de comunicação utilizado
e preferido pelos idosos, tanto através dos
contactos com familiares e amigos como atra- A comunicação amiga das pessoas idosas tem
vés de clubes, associações, reuniões sociais, em comum o facto de reconhecer e utilizar
centros comunitários e locais de culto. A rádio estas vias informais para chegar até eles,
é uma fonte de informação muito popular independentemente do local. Uma das formas
em muitas cidades, com emissões em línguas consiste em fazer chegar informação rele-
vernáculas ou com programas em directo vante aos locais onde os idosos normalmente
em que os ouvintes podem fazer perguntas a se encontram; outra consiste na criação de
especialistas em várias áreas ou participar em ocasiões sociais para lhes transmitir informa-
debates em directo. A dimensão interpessoal ção que é do seu interesse. No Rio de Janeiro,
da comunicação é muito importante e muitas por exemplo, foi feita a proposta de utilização
pessoas declaram que a melhor forma de uma do auditório do centro de saúde para a rea-
pessoa se manter informada consiste em con- lização de palestras de natureza educativa.
tinuar activa e envolvida nas actividades da Uma terceira estratégia consiste em informar
comunidade. As pessoas lamentam a perda de algumas pessoas, que por sua vez irão trans-
oportunidades de interacção com os outros, mitir a informação a outras pessoas, indivi
decorrentes de mudanças como a construção dualmente. Estes “informadores fundamentais”
no bairro de edif ícios com muitos andares, do podem ser voluntários, como foi sugerido na
encerramento de postos do correio na comu- Jamaica, prestadores de serviços sociais ou de
nidade, da automatização de serviços ban- saúde ou pessoas que trabalham no sector dos
cários e de outros serviços. A comunicação serviços – agentes imobiliários, cabeleireiros,
verbal é especialmente importante para idosos funcionários dos correios ou os porteiros dos
invisuais e para os que não sabem ler. As taxas edif ícios de apartamentos no Rio de Janeiro,
de analfabetismo são muito elevadas na po- que conhecem todos os residentes e que são
pulação idosa dos países em desenvolvimento uma reconhecida fonte de informação e apoio.
e nos países desenvolvidos os idosos têm em
média um nível de literacia inferior ao dos A dificuldade em chegar até às pessoas so-
jovens. A transmissão “de boca em boca” tam- cialmente isoladas – idosos que perderam o
bém funciona devido ao facto de as pessoas contacto com o mundo exterior porque vivem
terem confiança na pessoa que lhes transmite sozinhos, são portadores de deficiências signifi-
a informação e porque podem fazer perguntas cativas e têm pouco apoio por parte das respec-
até obterem a informação pretendida. Ter a tivas famílias – surge igualmente em cidades
atenção de uma pessoa real que é prestável, ricas e pobres. O correio e a Internet são uma
fala com clareza e não está com pressa é um das soluções apresentadas, mas raramente.
62
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
63
e de documentação para a tecnologia dos
computadores aumenta os sentimentos de
exclusão. Nos países em desenvolvimento Lista de verificação
e na Federação Russa, os computadores
são demasiado caros para muitos idosos ou de comunicação e
simplesmente não se encontram disponí- informação amiga
veis na comunidade. Em outros locais, o
acesso f ísico a computadores é possível das pessoas idosas
mas os idosos desconhecem totalmente a
tecnologia e têm receio de não conseguir
aprender. Possibilitar aos idosos o acesso Informação disponível
público e a preços comportáveis a com-
putadores, em centros comunitários, • Um sistema básico e universal de meios
clubes de idosos, serviços públicos e biblio- de comunicação escritos, de radiodifusão
tecas, constitui um importante aspecto e telefónicos abrange todos os residentes.
facilitador. A formação em computadores,
de preferência adaptada às necessidades e • O governo e as organizações de volun-
ao ritmo de cada pessoa, ministrada por tários garantem a distribuição regular e
uma pessoa em quem os idosos confiam, fiável de informação.
é bastante recomendável. Em Halifax,
por exemplo, os idosos fazem referência • A informação é divulgada de forma a
a um técnico de Internet, disponível para poder chegar até aos idosos, perto das
ajudar os idosos de forma individualizada, respectivas residências e nos locais onde
fazendo visitas ao domicílio caso tal lhe realizam as suas actividades quotidianas
seja solicitado. normais.
64
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
65
Parte 12. Apoio da comunidade
e serviços de saúde
Análise dos resultados nível de acesso aos serviços que poderá não
existir noutras partes do mundo.
Os serviços de saúde e de apoio são fundamen-
tais para a manutenção da saúde e da indepen- Na maioria das cidades que colaboraram no
dência na comunidade. Muitas das preocupa- projecto, o fornecimento, organização e finan-
ções manifestadas por idosos, prestadores de ciamento de muitos serviços sociais e de saúde
cuidados e de serviços nos grupos de discussão são da responsabilidade do Estado ou governo e
prendem-se com a existência de cuidados não da responsabilidade da cidade. Além disso,
suficientes, de boa qualidade, apropriados e a contratação e formação de funcionários dos
acessíveis. Os participantes na consulta levada serviços sociais e dos serviços de saúde escapam
a cabo pela OMS relatam as suas experiências, ao controlo da cidade. Apesar disso, os serviços
que tiveram lugar em contextos diferentes, sociais e de saúde acessíveis numa cidade são
em sistemas diferentes e tendo como cenário prestados por habitantes da cidade, em edifí-
expectativas diferentes; contudo, os idosos em cios e instalações da cidade e as organizações
todos os locais manifestam um desejo eviden- com fins lucrativos e os grupos de voluntários
te de acesso a cuidados de saúde básicos e de baseados na comunidade desempenham um
apoio financeiro. Os custos dos cuidados de papel importante na prestação de apoio e de
saúde são considerados demasiado elevados cuidados. Os responsáveis pela tomada de deci-
em todo o lado e o desejo de acesso a cuidados sões públicas e os sectores privado e voluntário
abordáveis é manifestado de forma consistente. a nível da cidade têm de facto influência sobre o
número, diversidade e localização dos serviços,
bem como sobre outros aspectos da acessibi-
Já conheci muitos idosos que adiam a ida ao lidade de instalações e serviços dentro da sua
médico e a sua saúde continua a piorar cada área de acção. As entidades locais responsáveis
vez mais, porque não têm dinheiro. pelos serviços prestados também garantem a
Idoso, Portland formação de funcionários e definem os padrões
de qualidade de desempenho. A sociedade civil
também desempenha um papel na atribuição de
Em muitas cidades de países em desenvolvi- apoio financeiro e na organização de trabalho
mento, constata-se a falta de serviços e artigos voluntário. Ao analisar os resultados e ao criar
básicos e noutras é referido que os serviços uma lista de aspectos relativos aos serviços de
são distribuídos de forma deficiente. Alguns apoio comunitário e aos serviços de saúde numa
dos países mais desenvolvidos têm simultanea cidade amiga dos idosos, o Guia centra-se nos
mente uma enorme quantidade e variedade aspectos do apoio comunitário e dos serviços
de serviços de saúde e de apoio comunitário e de saúde que se encontram dentro da área de
o maior número de reclamações. Embora este influência de uma cidade amiga dos idosos.
facto seja um indicador claro de insatisfação
relativamente aos serviços existentes, revela As questões relacionadas com os serviços de
também que nestas cidades os idosos têm um saúde dominaram as discussões em grupo na
66
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
maioria das cidades, reflectindo a importância emergência por telefone a idosos que vivem
de que se revestem quando falamos de envelhe- sozinhos, como sucede em Himeji.
cimento activo. O acesso a cuidados de saúde,
assim como a uma diversidade de serviços de A existência de estruturas sem obstáculos e
saúde que não são exactamente de natureza mé- a mobilidade dentro dos estabelecimentos de
dica, constituem temas fundamentais. Embora, saúde são importantes, da mesma forma que
em termos gerais, seja dada menos atenção a segurança dos edif ícios. Entre os obstáculos
ao apoio comunitário e aos serviços sociais, assinalados contam-se os elevadores e as
as características fundamentais podem ser rampas com uma manutenção deficiente em
identificadas a partir dos comentários feitos Udaipur, as más condições de acessibilidade de
pelos participantes. pessoas portadoras de deficiência aos edif ícios
e a inexistência de cadeiras de rodas ou anda-
1. Cuidados acessíveis rilhos para os pacientes, em Cancún. Foram
também mencionados os estabelecimentos
A existência de serviços de saúde bem localiza- sobrelotados em muitas outras cidades. Em
dos e facilmente acessíveis reveste-se de uma Amã, La Plata e em Portage la Prairie existem
importância fundamental para os idosos em to- preocupações relacionadas com a segurança
das as cidades que colaboraram no projecto. Os ou com a falta de espaço.
idosos em cidades como Amã, Rio de Janeiro,
Sherbrooke e Tóquio gostam de ter serviços de Outro obstáculo frequentemente menciona-
saúde perto do local onde vivem e em Genebra do, no que se refere ao acesso aos cuidados de
e Xangai os idosos valorizam a existência de saúde, consiste no conhecimento insuficiente
bons transportes para os estabelecimentos de dos serviços de saúde existentes na cidade. Tal
saúde. Os serviços que ficam muito longe ou como foi referido em Melbourne, se os servi-
que são de difícil acesso são frequentemente ços não forem conhecidos, não são utilizados.
vistos como obstáculos. Em alguns locais, os As possíveis soluções apresentadas incluem
transportes públicos são considerados inade- a divulgação dos serviços de saúde prestados
quados e noutros como, por exemplo, Deli e a nível local, a educação dos idosos relativa-
a Cidade do México, o transporte de pessoas mente aos serviços e ao sistema de saúde, a
portadoras de deficiência é referido como um coordenação da informação e a criação de um
problema de relevo. O acesso a cuidados de serviço telefónico de informação médica.
saúde em situações de emergência constitui
uma preocupação frequente. Para além de re- Finalmente, as atitudes dos prestadores de
clamações específicas, tais como a inexistência serviços em relação aos idosos são referidas com
de serviços de urgência em algumas cidades, os frequência. Tuymazy é um dos poucos locais em
inquiridos também referiram que os serviços que é feita referência ao comportamento educa-
prestados pelas ambulâncias eram insuficientes do e simpático dos recepcionistas e enfermeiros.
(Ponce) ou demasiado lentos devido ao tráfego As atitudes negativas e a deficiente comunicação
intenso (Moscovo). As formas de minimização por parte dos prestadores de serviços de saúde
dos obstáculos geográficos incluem o desdobra- são queixas comuns no que toca à prestação de
mento ou a descentralização dos serviços para cuidados. Os problemas mencionados incluem
que estejam disponíveis em todos os bairros. a indiferença, o desrespeito, as atitudes pouco
Outras ideias prendem-se com a disponibiliza- afectuosas e o tratamento dos idosos como se
ção de transporte organizado por voluntários fossem um fardo ou um escoadouro de recur-
ou com a prestação de serviços médicos de sos. As sugestões geralmente apresentadas para
67
melhorar as atitudes e o comportamento dos melhoria. A lista de serviços importantes inclui
prestadores de serviços consistem em melhorar o rastreio de prevenção, a actividade física,
as suas competências comunicativas e em for- a educação relativa à prevenção de acidentes,
mar os profissionais de saúde para que passem a orientação nutricional e o aconselhamento
a tratar melhor os idosos. Em Amã, foi sugerido em termos de saúde mental. Os aspectos
que os jovens fossem incentivados a cuidar de referenciados na área metropolitana do Ruhr
idosos como trabalho voluntário. incluem grupos de auto-ajuda ou organizações
que proporcionam actividades para manuten-
Quando vinham lavá-la e mudá-la, tratavam- ção da forma física ou para reabilitação, bem
‑na como uma peça de mobília – sem dignida- como exames regulares em casa. Na Cidade
de, sem respeito. do México, os idosos manifestam-se satisfeitos
com as campanhas de vacinação específica e
Idoso, Londres com a distribuição gratuita de óculos.
Em Saanich, os inquiridos sugerem que os
centros de terceira idade passem a ser centros
2. Uma maior diversidade
de bem-estar da comunidade, e as pessoas em
de serviços de saúde
Tuymazy propõem que o acesso dos idosos aos
Em todas as cidades, as opiniões das pessoas re- spas seja subsidiado. Em Islamabad e na Cidade
flectem a necessidade de uma maior diversidade do México, as pessoas consideram ser uma boa
de serviços de saúde para idosos. A existência ideia que os serviços sejam prestados nos dife-
de diversos tipos específicos de cuidados para rentes bairros e não num ponto central.
idosos surge quer como uma vantagem quer
como uma deficiência na paisagem urbana: são
4. Cuidados ao domicílio
mencionados serviços clínicos de geriatria e
camas de hospital, centros de dia, cuidados para Um tema bastante consistente relaciona-se com
idosos com problemas mentais, serviços de saú- a necessidade de diversas formas de apoio ao
de mental, cuidados de repouso e formação para domicílio e de serviços no domicílio – desde
prestadores de cuidados, reabilitação e cuidados a ajuda com as compras ou na preparação de
paliativos. Juntamente com os serviços, é tam- refeições até visitas domiciliárias, médicas ou
bém recomendada a existência de mais equipa- de outros prestadores de serviços. Com poucas
mentos, tais como cadeiras de rodas, andarilhos excepções, os participantes nos grupos de
e aparelhos auditivos. Contudo, os serviços de discussão querem serviços que lhes permitam
saúde que são alvo de maior atenção em todo o receber cuidados de saúde e de higiene pessoal
mundo são a prevenção de doenças e a promo- nas suas próprias casas. Os obstáculos sentidos
ção da saúde, os cuidados domiciliários e os lares na obtenção de serviços de cuidados ao domicí-
de terceira idade (cuidados de longa duração). lio incluem uma falta generalizada deste tipo de
serviços, critérios de elegibilidade muito restri-
3. Serviços que promovem um bom tivos, custos elevados e uma elevada mobilidade
envelhecimento dos prestadores de cuidados ao domicílio. As
sugestões para melhorar os serviços de presta-
Os idosos e outras pessoas, em várias cidades, ção de cuidados ao domicílio dependem muito
fazem referência à falta de serviços ou progra- do contexto. Em várias cidades, especialmente
mas de prevenção de doenças e de promoção em países em desenvolvimento, a mensagem
da saúde ou incluem-nos nas suas sugestões de é simplesmente “prestação de cuidados ao
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
69
candidatura desnecessariamente complicadas e aos idosos em clínicas e hospitais, bem como
as lacunas nos serviços prestados são também prestar serviços sociais e cuidados ao domicílio,
frequentemente mencionadas como um pro- assegurar o transporte para idas às compras ou
blema. As sugestões para melhorar os serviços a consultas médicas, ou simplesmente para pas-
sociais comunitários são variadas. A melhoria da sear os animais de estimação de idosos que já
coordenação entre os vários serviços, o aumento não são capazes de o fazer sozinhos. As fontes
do número de gestores e a integração de equipas de voluntários sugeridas são as associações de
de prestação de serviços são ideias propostas reformados com mais de 50 anos, os estudantes
em cidades com redes de prestação de serviços das áreas de serviços sociais e de saúde e os alu-
solidamente estabelecidas, mas algo fragmen- nos das escolas. O voluntariado intergeracional
tadas. A redução ou simplificação das formali- é uma ideia que se repete em várias cidades. É
dades administrativas é mencionada na maioria mais fácil mobilizar redes fortes de voluntariado
das cidades, independentemente da região. A em comunidades estabelecidas, onde as pessoas
instalação de serviços sociais e de saúde em cen- sentem uma ligação social: um obstáculo men-
tros comunitários ou em centros para a terceira cionado em Islamabad tem a ver com o facto de
idade e a atribuição de mais financiamento aos a cidade ser demasiado nova e de as pessoas não
serviços são outras das recomendações. se conhecerem bem.
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ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
idosos. Embora a proposta não seja feita neste Melbourne é referida, de forma muito breve, a
contexto, em Dundalk foi apresentada uma su- inexistência de espaço suficiente no cemitério;
gestão útil em caso de emergência, que consiste como solução para o problema, os prestadores
na elaboração de um registo dos membros da de serviços de Melbourne sugerem a criação de
comunidade que vivem sozinhos. Em Cancún e um cemitério “vertical” ou por camadas.
71
Parte 13. Conclusão e perspectivas
de futuro
72
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
73
• Os serviços e as infra-estruturas de trans- da listas de verificação efectuadas com base
porte deverão sempre estabelecer a ligação nas opiniões dos idosos com os resultados da
com oportunidades de participação social, investigação e prática gerontológica.
cívica e económica, bem como ao acesso a
serviços de saúde básicos. Enquanto isso, muitas outras cidades manifes-
taram interesse na utilização do Guia e das lis-
• A inclusão social dos idosos deve contem- tas de verificação da OMS com o objectivo de
plar os cenários e funções sociais associados darem início ao desenvolvimento de projectos
a poder e estatuto na sociedade, tais como a amigos das pessoas idosas. Encontra-se actual
tomada de decisões na vida cívica, o traba- mente em estudo a criação de redes a nível
lho remunerado e a programação de meios nacional, por exemplo no Japão e em Espanha,
de comunicação social. assim como “centros de interface” regionais no
Médio Oriente, no Canadá, na América Latina
• Porque o conhecimento é fundamental e nas Caraíbas. De modo a facilitar a dissemi-
para o empowerment, a informação sobre nação das cidades amigas das pessoas idosas,
todos os aspectos da vida na cidade deverá está em curso a tradução do Guia para várias
estar sempre acessível a todos. línguas, em que se incluem o Mandarim, o
Francês, o Alemão, o Português e o Espanhol.
Para além do guia e da lista Como a ideia das cidades amigas das pessoas
de verificação de cidades amigas idosas tem bastantes aspectos em comum
das pessoas idosas com o bem sucedido e eficaz conceito das
Cidades Saudáveis, está a ser estudada a pos-
Este projecto é um ponto de partida para sibilidade de uma ligação activa e mutuamente
muitas mais actividades de desenvolvimento benéfica entre as duas redes. Na OMS, o pro-
e investigação da comunidade e também para grama sobre Envelhecimento e Ciclo de Vida
a criação de uma rede global mais alargada de continuará a proporcionar um “lar” institucio-
comunidades amigas das pessoas idosas. Os nal à iniciativa de cidades amigas das pessoas
próximos passos a serem dados pelas cidades idosas da OMS.
que colaboraram no projecto e pela OMS
consistirá em avaliar a validade das listas de Os participantes nos grupos de discussão rela-
verificação. Uma cidade já procedeu a visitas taram vários exemplos de práticas amigas das
aos locais para verificar quais os obstáculos pessoas idosas existentes nas respectivas cida-
existentes no ambiente natural e no ambiente des. Algumas destas práticas foram mencio-
construído, assim como nos serviços, relatados nadas de forma breve neste Guia. Outro passo
pelos idosos. Outras cidades estão a voltar aos importante consiste em obter informação
participantes nos grupos de discussão originais adicional sobre estas iniciativas junto dos líde-
para determinarem se os aspectos menciona- res do projecto e proceder à publicação de um
dos no Guia abrangem de forma precisa o que inventário destas boas práticas. Em Junho de
eles disseram, ou estão a constituir grupos de 2007 teve lugar uma conferência com a finali-
discussão com idosos noutros locais, de modo dade de trocar ideias de iniciativas amigas das
a avaliarem o nível de correspondência entre pessoas idosas, a nível local e internacional.
as suas opiniões e as listas de verificação. A conferência realizou-se na área metropoli-
Outra abordagem possível à validação poderá tana do Ruhr, com o patrocínio do Governo
envolver especialistas na área do envelheci- da Renânia do Norte-Vestefália, para marcar a
mento, os quais procederão à comparação escolha da cidade de Essen como Capital Euro-
74
ENVELHECIMENTO E CICLO DE VIDA, SAÚDE NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE
peia da Cultura em 2010. Está a ser organizado pel que os determinantes transversais género
um outro encontro para debate de melhores e cultura desempenham no envelhecimento
práticas, cuja realização está prevista para activo, embora os seus efeitos sejam esporadi-
Istambul, também relacionado com a selecção camente mencionados neste Guia. A título de
desta cidade como a outra Capital Europeia da exemplo, constata-se em muitas cidades que
Cultura em 2010. Com a finalidade de permitir os homens estão menos envolvidos em activi-
a criação de mais boas práticas inspiradas pela dades sociais e a situação de muitas mulheres
pesquisa da OMS, especialistas e prestadores idosas é descrita nos obstáculos com que os
de serviços serão convidados a identificar grupos economicamente desfavorecidos se
intervenções correspondentes a aspectos ami- deparam em muitas áreas da vida urbana.
gos das pessoas idosas mencionados nas listas Será realizada investigação mais focada nestes
de verificação. As actuais listas também serão determinantes específicos, contando com a
testadas em pelo menos um local, de modo a colaboração de cidades em diferentes regiões
ser verificada a sua utilidade para a criação de do globo, a começar por uma iniciativa da
intervenções amigas das pessoas idosas. Academia de Medicina de Nova Iorque, cujo
tema é “envelhecer num país estrangeiro”.
A pesquisa que deu origem ao Guia propor-
cionou a descoberta de grandes riquezas em Para finalizar, as comunidades não-urbanas
todo o mundo, assim como os contactos entre também têm de se tornar mais amigas das pes-
investigadores na área do envelhecimento e soas idosas. Em muitos países, os idosos consti-
do ambiente. Com o apoio do Instituto do tuem uma percentagem elevada da população
Envelhecimento, dos Institutos Canadianos em zonas rurais e remotas, em resultado da
de Investigação na Área da Saúde [Institute of emigração dos jovens. No Canadá, o governo
Aging, Canadian Institutes of Health Resear- federal e os governos das províncias encon-
ch], a colaboração entre investigadores está a tram-se a desenvolver um projecto com a fina-
ser incentivada, tendo por objectivo a divul- lidade de se proceder à identificação, em várias
gação de conhecimento relativo ao envelhe- aldeias e vilas, dos elementos da comunidade
cimento em cenários urbanos. Está prevista a que podem ser considerados amigos dos idosos
realização de artigos em que serão descritos de e os resultados serão numa fase posterior par-
modo mais detalhado o conceito e a metodolo- tilhados com a comunidade internacional.
gia da pesquisa realizada pela OMS, examina-
dos com maior detalhe os cenários amigos das Verifica-se já a existência de um grande entu-
pessoas idosas em relação ao envelhecimento siasmo relativamente à divulgação e adopção
activo, e revelados aspectos comprovativos deste Guia e desta lista de verificação. Novas
das convergências entre o envelhecimento, iniciativas e novos colaboradores serão bem-
a urbanização e a globalização – as principais ‑vindos. O envelhecimento activo em cidades
forças modeladoras do século XXI e que estão que prestam apoio e estimulam a capacitação
no centro deste projecto. constitui uma das mais eficazes abordagens,
tendo em vista a manutenção da qualidade de
Tal como anteriormente referido, a presente vida e a prosperidade num mundo cada vez
investigação não focou especificamente o pa- mais idoso e mais urbano.
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