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Decidir bem é sinônimo de vencer

por Roberto Shinyashiki*

Uma das principais características comuns aos vencedores é a capacidade


de tomar decisões. Muito poucas pessoas sabem o grau de importância da
forma e dos critérios com os quais elas tomam decisões em sua vida.
Menos pessoas ainda percebem que são as pequenas decisões do dia-a-dia
que determinam seu sucesso ou seu fracasso.

Um dos piores erros que se pode cometer é tomar uma decisão para se
livrar de um problema. Exemplo disso é a pessoa que está fazendo o curso
de mestrado e, num determinado momento, se indispõe com o orientador,
que por sua vez está passando por uma situação difícil. Na emoção do
momento de mais rispidez, ela decide abandonar a pesquisa para não ter
de conversar com a pessoa que está tendo dificuldade. Resultado: acaba se
prejudicando por interromper algo que era importante para a sua carreira.
Tomar a decisão simplesmente para se livrar de um problema muitas vezes
pode desviar a pessoa do rumo que teria de seguir para conquistar seu
objetivo, impedindo, muitas vezes, um salto qualitativo na carreira
profissional.

Outras vezes, a pessoa obriga-se a agir e não se dá o tempo necessário


para pensar. É o caso da empresa que está passando por uma crise
financeira. O dono resolve fazer um empréstimo para saldar a dívida com
os credores, sem ponderar se terá condições de arcar com o peso
representado pelo empréstimo no futuro. Talvez nesse momento o melhor
fosse procurar alguém para conversar e ajudar a pensar e analisar antes de
decidir. Mas ele prefere agir intempestivamente. Uma decisão tomada pela
pressão do "tenho que fazer" é comum nas pessoas impulsivas. Olhando
mais profundamente, vemos que os que agem precipitadamente não
tomam uma decisão. Eles simplesmente são reativos. E a tendência é que,
no futuro, acabem se envolvendo num problema ainda maior.

Tanto as pessoas que tomam a decisão para se livrar do problema, quanto


as que tendem a agir por causa da pressão têm dificuldade de pensar para
encontrar a melhor solução. É necessário perceber que tudo feito sob a
pressão do estímulo, do problema e da necessidade de decisão é o que vai
determinar os resultados da empresa, os resultados da vida.

Grandes líderes são aqueles que conseguem pensar, independentemente do


tamanho da pressão a que estão submetidos, e conseguem fazer as
melhores escolhas, tomando decisões corretas, ponderadas e racionais.
Eles sabem que boa parte do que ganham em suas empresas corresponde
à sua capacidade de pensar e de resistir às chamadas "situações-limite".
Resolvi escrever esse artigo depois de um fato que aconteceu
recentemente. Fui chamado por um empresário para ajudá-lo a resolver um
problema. No começo da conversa percebi que ele estava extremamente
agitado. Ele me apresentou a situação e ficou claro para mim que o
problema inicial era o menor de todos. As maiores dificuldades começaram
a partir de suas atitudes impulsivas. A sua irritação levou-o a ofender seu
sócio e demitir o gerente geral. Seu medo levou-o a desfazer um contrato
importante que ele julgou prejudicial para a empresa. Sua agitação fez com
que falasse para toda a sua equipe do seu medo com o futuro. Tudo isso
porque não teve a disciplina para analisar a situação antes de começar a
agir. As suas perguntas nervosas em nossa conversa pareciam ter a
intenção de obter uma solução pronta para resolver seus problemas, mas,
na verdade, a maior dificuldade era a sua agitação, que o impedia de
refletir sobre suas opções.

Pense em quantas vezes complicamos uma problema fácil com ações


impulsivas. Como resolver e mudar esse hábito? Não existe fórmula mágica
para que isso aconteça. É preciso ter disciplina para organizar o seu
pensamento e analisar as causas e conseqüências das suas opções.
Iniciativas simples podem compor o método correto para ser bem sucedido
na tomada de decisões. Um exemplo é avaliar com calma a situação. Em
primeiro lugar, é preciso ter claros quais são os fatores de pressão que se
está enfrentando. Depois, quais são as opções viáveis. Se não conseguir
analisar tudo isso sozinho, peça ajuda. A pessoa não precisará,
necessariamente, ser um profundo conhecedor do assunto. Às vezes, basta
ser alguém que não esteja envolvido emocionalmente com o problema.

Nesses momentos de maior tensão, a emoção pode atrapalhar. Com o


diagnóstico claro da situação, as possíveis opções ordenadas na cabeça e o
parecer de alguém isento, as chances de tomar a decisão correta serão
infinitamente maiores.
*Roberto Shinyashiki é médico psiquiatra, com pós-graduação em Administração de Empresas
(MBA USP), escritor, consultor e presidente da Editora Gente e do Instituto Gente.

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