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Nos últimos anos tem-se banalizado a expressão “sociedade de informação” para designar o
modelo de sociedade pós-industrial em que hoje vivemos. A banalização deve-se ao
reconhecimento do valor fundamental que a informação e as TIC adquiriram em todos os
setores de atividade social – economia, ensino, comunicação social, administração pública,
ciência, … . O novo modelo de sociedade assente nas TIC é caracterizado, segundo o sociólogo
Manuel Castells, por cinco traços dominantes:
a informação como matéria prima – as novas tecnologias são criadoras de informação e não
de bens materiais e é aquela que detém a função estratégica no crescimento e inovação;
a alta penetrabilidade das TIC – atravessam ou estendem-se a todos os domínios de atividade
social;
a lógica de rede – todos os tipos de organizações e processos tendem a funcionar segundo a
organização em rede permitida pelas TIC;
a flexibilidade – as TIC permitem a flexibilização, mudança e reorganização constante de
processos, produtos e organizações;
a convergência de tecnologias – a crescente articulação e integração das tecnologias
informáticas, audiovisuais e de telecomunicações.
O resultado mais visível deste quadro são as múltiplas redes de informação e comunicação que
formam o ciberespaço, de que o expoente máximo é a Internet e os recentes dispositivos de
comunicação (smartphones, tablets, e-readers, smart tv, consolas de jogos, GPS, …), através dos
quais temos acesso a todo o tipo de dados e de informações. De facto, a abundância de
informação é uma característica do nosso tempo e os media, antigos e novos, são
omnipresentes na nossa vida e acompanham-nos vinte e quatro horas por dia. Vivemos
rodeados de ecrãs e ficar sem acesso à Internet, ainda que momentaneamente, é motivo de
angústia.
À distância de um clique temos informação acerca de qualquer tema que nos desperte
interesse. Das preciosidades ao lixo, há de tudo na Internet e em enorme quantidade. Mesmo
quando já dominamos as funcionalidades de ferramentas que nos permitem selecionar e filtrar a
informação que recebemos, vemo-nos muitas vezes submersos e com a sensação de há
sempre algo que nos está a escapar. Muitos estudos atuais debruçam-se sobre este fenómeno
de sobrecarga de informação (information overload) e os seus efeitos, que são considerados
quase tão graves como os da falta de informação.
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8/15/2020 BIB_MOOC: | Aprender no Século XXI - que desafios?
A informação que, durante tanto tempo, foi um bem raro, privilégio de alguns, é hoje em dia um
bem comum de facílimo acesso. O valor superior, aquele que distingue os bem-sucedidos dos
excluídos é o conhecimento, razão pela qual se fala em sociedade do conhecimento. Mas o
conhecimento constitui o nível mais elevado de um processo de representação simbólica, que
se inicia no elemento mais simples, bruto e indivisível que é o dado.
Transformar a
informação em
conhecimento é,
assim, um processo
complexo mas
essencial à
aprendizagem.
Muitos dos modelos
de pesquisa que
conhecemos têm
como objetivo guiar
os alunos nesse
processo, em que
muitas competências
estão envolvidas.
Algumas podem
considerar-se mais
técnicas, como, por exemplo, saber usar os recursos disponíveis, conhecer estratégias de
pesquisa, avaliar a qualidade da informação, saber fazer uma citação e elaborar referências
bibliográficas. Outras têm a ver com a apropriação da informação, como por exemplo, identificar
as ideias fundamentais na informação encontrada e tomar notas. Outras ainda referem-se à
reflexão e questionamento da informação encontrada, à perceção de que, sobre um mesmo
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Construir novo conhecimento implica realizar uma série de conexões mentais a partir do
conhecimento prévio que cada um tem sobre um assunto e do olhar crítico sobre a informação
encontrada.
Torna-se então fulcral desenvolver competências, tanto a nível cognitivo como das atitudes,
para lidarmos com a informação e para a gerirmos criticamente, com vista à construção de
conhecimento. As escolas estão tecnologicamente apetrechadas, os alunos acedem facilmente
à informação nas bibliotecas escolares, mas isso, por si só, não significa que saibam mais ou
aprendam melhor. O treino das competências e atitudes acima referidas é crítico para a
preparação dos alunos e a escola é o local onde esse processo deve acontecer.
Do ponto de vista da
criação de
ambientes propícios
à aprendizagem, é
hoje impossível
concebê-los sem
recurso ao digital.
Por isso, a literacia
digital, a capacidade
de usar diferentes
programas,
plataformas e
aplicações web, tem
de atravessar o
desenvolvimento de
todas as literacias.
Este conceito
aproxima-se de outro também referido em muita bibliografia, o de transliteracia. Sue Thomas, do
Transliteracy Group, define-o assim: “Transliteracia é a capacidade de ler, escrever e interagir
através de uma diversidade de plataformas, ferramentas e media desde os signos e a oralidade
passando pela escrita, pela imprensa, TV, radio e filmes, até às redes sociais digitais.”
(http://transliteracyresearch.wordpress.com/ )
Ensinar e aprender no século XXI implica, pois, uma atenção especial às várias dimensões que a
imagem 2 apresenta.
Neste contexto, as bibliotecas escolares têm vindo a assumir um papel cada vez mais relevante
para o trabalho pedagógico. A sua função abrange domínios como o desenvolvimento da
literacia e das competências de informação, o apoio ao ensino e à aprendizagem ou o
desenvolvimento da consciência cultural e social. Desta forma, a articulação dos recursos
oferecidos pela biblioteca escolar com as atividades de sala de aula constitui hoje um aspeto
essencial ao serviço do sucesso dos alunos.
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