A ORIGEM DOS CÃES E PORQUE ISSO IMPORTA

Já é de conhecimento da grande maioria que os ancestrais do cão

doméstico são os lobos.

Porque é importante saber que os cães são parentes distantes dos

lobos?

Exatamente para que possamos reconhecer suas diferenças e evitar

interpretações erradas em relação aos seus comportamentos.

Grande parte da população (a maioria) acredita que o fato de os cães

terem descendido de lobos, é onde podemos encontrar as explicações
para os comportamento do cão moderno. Na verdade muitos crêem
que cães e lobos se comportam da mesma maneira em todos os
aspéctos.

Para confundir mais ainda a situação, a idéia de comportamento

atribuida aos lobos que é mais difundida na população, foi baseada no
estudo de lobos vivendo em cativeiro e portanto, distante da realidade
de uma alcatéia.

O objetivo aqui não é explicar o comportamento de lobos, mas algumas

observações se fazem necessárias para que possamos comparar e
mostrar as diferenças entre esses dois parentes canídeos.

A idéia que gera maior controvérsia nessa discução é a maneira como

cães e lobos se comportam em relação as suas relações sociais. Os
lobos vivem em grupos conhecidos como alcatéias, que são na maioria
pequenos e compostos de um casal e sua prole, lobos jovens e filhotes.
Os lobos trabalham juntos para criar os filhotes e a reprodução é
limitada aos dois lobos dominantes no grupo. Geralmente essa
dominância é diretamente ligada a idade dos indivíduos, sendo os mais
velhos aqueles que mantém o direito de reproduzir e se encarregam de
inibir a reproduão de outros indivíduos no grupo.

Lobos são onívoros e vivem do consumo tanto de plantas como de

carne, geralmente essa carne é fruto do que caçam, podendo agir de
maneira coordenada e grupal quando buscando presas maiores.

Cães são animais extremamente sociais e se crescem sem o contato

com humanos, de uma forma mais selvagem formam grupos chamados
de matilhas.

Raramente se observa a formação de matilhas em cães domésticos pois

estes tendem a preferir a companhia de pessoas.

Vivendo em matilhas cães não tem regras definidas em relação a

reprodução e as fêmeas podem cruzar com diversos machos diferentes.
A criação dos filhotes é feita de maneira independente sendo
responsabilidade das mães alimentar e proteger sua prole. Outros
indivíduos na matilha não participam da criação mas em casos raros
podemos ver machos que regorgitam comida para filhotes.

Ao procurarem por comida, cães encontram seus recursos em restos

encontrados no ambiente (principalmente deixado por humanos), não
caçam de maneira organizada e no geral tem pouco sucesso nas suas
tentativas, mesmo quando caçando individualmente.

Aparentemente o instinto de caça que resta nos cães não é o suficiente

para que consigam agarrar suas presas de maneira consistente.

Em matilhas também pode se observar formações hierarquicas mas isso

não é uma regra definida, podendo haver alterações nessa formação
dependendo do contexto.

Cães tendem a não confiar tanto em membros da matilha vistos como

agressivos e quando apresentados com a opção de seguir um indivíduo,
escolhem aqueles que tem mais amigos e melhores relações sociais.

Quando interagindo com pessoas também observamos que, cães

preferem aqueles que são mais generosos e divertidos.
Diferentemente dos lobos, cães tornam-se muito apegados e
dependentes de pessoas e confiam na ajuda delas para solucionar seus
problemas.

Lobos, mesmo quando criados por humanos, tendem a não se importar

com pessoas e no geral ingnorá-las.

Durante a evolução do cão, este desenvolveu e perdeu capacidades

que fazem com que a diferença entre ele o lobo sejam ainda mais
evidentes.

Cães são muito menos capazes de resolver uma série de problemas que
envolvem a busca de soluções alternativas e quando alcançam, quase
sempre é por sorte ou por tentativa e erro, até que algo funcione.

Por outro lado, cães tem um capacidade incomparável no reino animal

de reconhecer sinais humanos. Desde de os 45 dias de vida, filhotes
entendem sinais de apontar vindo de pessoas, e tem mais sucesso
quando apresentados com uma tarefa quando a mesma é demonstrada
por uma pessoa antes.

Quanto mais distante genéticamente do lobo, menos sinais associados

a agressividade são observados em cães. Não que cães genéticamente
mais parecidos com lobos sejam agressivos mas, observasse que sinais
como rosnar, mostrar os dentes, etc., são usados com mais frequência.
Vale ressaltar que a agressividade é resultado não somente da genética
mas de fatores ambientais também, sendo estes muito importantes.

Outra curiosidade importante é o fato de que cães são muito mais

imaturos do que lobos, como se tivessem tido seu desenvolvimento
interrompido. Observasse que quando mais distante fisicamente da
aparência do lobo, mais imaturo será o comportamento do cão.

Geneticamente falando, o King Charles Cavalier Spaniel é o cão mais

distante do lobo. Seu comportamento quando adulto se iguala ao de
um filhote de lobo de 20 dias. Isto mostra que a raça se mantêm no
que é chamado estado neotênico, carregando suas características
imaturas para o resto da vida.

Isso, sua destreza e habilidades físicas (audição aguçada, olfato e

resistência) e a capacidade de suprir necessidades emocionais em nós,
faz do cão o animal (mamífero) de maior sucesso no planeta depois de
nós humanos.

Existem diferentes teorias em relação a evolução do cão e como se

tornaram o que são hoje mas, o que sabemos é que estes animais
foram capazes de se fazer necessários e hoje em dia precisamos deles
tanto quanto ou até mais do que eles precisam de nós.

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