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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 42

05/02/2019 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


AGTE.(S) : ITAIPU BINACIONAL
ADV.(A/S) : RAPHAELA NEVES DE CAVALCANTI DOMINGUES
E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO
PARANÁ - SENGE/PR
ADV.(A/S) : ADRIANA FRAZÃO DA SILVA E OUTRO(A/S)

SALÁRIO MÍNIMO – PARÂMETRO – SALÁRIO-BASE – VERBETE


VINCULANTE Nº 4 DA SÚMULA DO SUPREMO – OFENSA –
INEXISTÊNCIA. A utilização do salário mínimo como parâmetro para a
fixação de salário-base não viola o verbete vinculante nº 4 da Súmula do
Supremo.

AGRAVO – MULTA – ARTIGO 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 2015. Se o agravo é manifestamente inadmissível
ou improcedente, impõe-se a aplicação da multa prevista no § 4º do artigo
1.021 do Código de Processo Civil de 2015, arcando a parte com o ônus
decorrente da litigância protelatória.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal em desprover o agravo
regimental no recurso extraordinário, nos termos do voto do relator e por
unanimidade, em sessão presidida pelo Ministro Luiz Fux, na
conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas.

Brasília, 5 de fevereiro de 2019.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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Ementa e Acórdão

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RE 1077813 AGR / PR

MINISTRO MARCO AURÉLIO – RELATOR

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Relatório

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11/09/2018 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


AGTE.(S) : ITAIPU BINACIONAL
ADV.(A/S) : RAPHAELA NEVES DE CAVALCANTI DOMINGUES
E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO
PARANÁ - SENGE/PR
ADV.(A/S) : ADRIANA FRAZÃO DA SILVA E OUTRO(A/S)

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Adoto, como relatório,


as informações prestadas pela assessora Dra. Vívian Cintra Athanazio
Leal:

Em 11 de outubro de 2017, Vossa Excelência proferiu a


seguinte decisão:

PISO SALARIAL – SALÁRIO MÍNIMO –


LEI Nº 4.950/66 – PRECEDENTES –
NEGATIVA DE SEGUIMENTO.

1. O Tribunal Superior do Trabalho julgou


improcedente a ação rescisória, ante fundamentos assim
resumidos:

AÇÃO RESCISÓRIA. LEI Nº 13.105/2015. ART.


966, V, DO NCPC. ENGENHEIRO. PISO SALARIAL.
LEI Nº 4950-A/66. BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO
MÍNIMO. CONSTITUCIONALIDADE. Hipótese em
que não se extrai da decisão rescindenda a existência
de vinculação entre a remuneração dos substituídos
e os reajustes concedidos ao salário mínimo nacional
durante a execução do contrato de trabalho, tendo as

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Relatório

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RE 1077813 AGR / PR

normas da Lei n.º 4950-A/66 servido apenas como


baliza para fixação de piso salarial. Como se sabe, é
firme a jurisprudência desta Corte Superior no
sentido de que o salário profissional da categoria dos
engenheiros, estabelecido na Lei 4.950-A/66, foi
recepcionado pela Carta Magna e não configura
ofensa ao art. 7º, IV, da Constituição Federal ou
contrariedade à Súmula Vinculante n.º 4/STF, desde
que a referida norma infraconstitucional não seja
utilizada como mecanismo de reajuste automático,
nos mesmos índices aplicados ao salário mínimo.
Nessa direção, a Orientação Jurisprudencial n.º 71 da
SBDI-2/TST e precedentes da SBDI-1/TST. Também, a
posição que vem sendo firmemente adotada nesta
Corte Superior é a mesma que prevalece em ambas
as turmas do E. STF, quem vêm decidindo no sentido
de ser possível a aplicação do piso salarial previsto
na Lei n.º 4.950-A/1966, desde que não se utilize
salário mínimo como indexador da remuneração dos
empregados. Ação rescisória que se julga
improcedente. Prejudicado o julgamento do agravo
regimental.

No extraordinário, a recorrente alega a violação do


artigo 7º, incisos IV e XXX, da Constituição Federal. Diz
contrariado o verbete vinculante n° 4 da súmula do
Supremo. Sustenta a impossibilidade de vinculação do
piso salarial da categoria ao salário mínimo.

2. De inicio, observem o momento da interposição,


para fins de incidência da norma processual. A publicação
da decisão atacada pelo extraordinário é posterior a 18 de
março de 2016, data de início da eficácia do Código de
Processo Civil de 2015, sendo a protocolação do recurso
regida por esse diploma legal.

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O acórdão recorrido está em consonância com a


jurisprudência do Supremo. Confiram com as seguintes
ementas:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO.


LEI 4.950-A/66. SALÁRIO FIXADO EM MÚLTIPLOS
DO SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA VINCULANTE
4. ADPF 53 MC. 1. Não há vedação para a fixação de
piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde
que inexistam reajustes automáticos. 2. O ato
reclamado, ao aplicar a OJ 71, da SBDI-2 do TST, não
afrontou a Súmula Vinculante 4, nem a ADPF 53 MC.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(agravo regimental na reclamação nº 9951,
relatado pelo ministro Edson Fachin na Primeira
Turma, acórdão publicado no Diário da Justiça de 28
de setembro de 2015).

RECLAMAÇÃO. PISO SALARIAL. LEI 4950-


A/1966. ENGENHEIROS. BASE DE CÁLCULO EM
MÚLTIPLOS DE SALÁRIO-MÍNIMO. REAJUSTES
POR OUTROS ÍNDICES. DESRESPEITO À SÚMULA
VINCULANTE 4. NÃO CONFIGURAÇÃO.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.
(agravo regimental na reclamação nº 9674,
relatado pelo ministro Teori Zavascki na Segunda
Turma, acórdão publicado no Diário da Justiça de 19
de outubro de 2015).

3. Nego seguimento ao extraordinário. Fixo os


honorários recursais no patamar de 5% do valor da causa,
nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil
de 2015.

4. Publiquem.

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Itaipu Binacional, em agravo interno, ressalta que a


conclusão adotada no acórdão recorrido diverge da
jurisprudência do Supremo, violando o inciso IV do artigo 7º da
Constituição Federal, especialmente se interpretado em
conjunto com o inciso XXX do mesmo dispositivo. Assevera
pacífico o entendimento do Tribunal no sentido da proibição da
indexação ao salário-mínimo, mesmo quando em discussão
piso salarial. Articulando com confusões na interpretação das
decisões do Supremo, busca o reconhecimento da repercussão
geral da matéria, para que seja examinada de forma definitiva e
com eficácia vinculante, propondo a seguinte tese: “A proibição
de vinculação ao salário mínimo (art. 7º, IV, da CF) se aplica às
hipóteses de piso salarial, uma vez que, nesses casos, a
irradiação dos efeitos da indexação é consectária do princípio
da isonomia remuneratória (art. 7º, XXX, da CF).”

O agravado, em contraminuta, aponta o acerto do ato


atacado. Sustenta a ausência de repercussão geral do tema e a
inexistência de afronta à Constituição Federal.

O processo é eletrônico e está concluso.

É o relatório.

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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11/09/2018 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Atendeu-


se aos pressupostos de recorribilidade. A peça, subscrita por advogado
regularmente credenciado, foi protocolada no prazo legal.
Não assiste razão à agravante. Colho do acórdão recorrido os
seguintes fundamentos:

[…]
Com efeito, pela simples leitura da decisão rescindenda,
tal como exigido na Súmula 410/TST, não se divisa nenhuma
determinação de reajuste automático de salários dos
empregados engenheiros, mas tão somente a fixação de piso
salarial a ser observado pela então reclamada.
[…]
Como se sabe, é firme a jurisprudência desta Corte
Superior no sentido de que o salário profissional da categoria
dos engenheiros, estabelecido na Lei 4.950-A/66, foi
recepcionado pela Carta Magna e não configura ofensa ao art.
7º, IV, da Constituição Federal ou contrariedade à Súmula
Vinculante nº 4/STF, desde que a referida norma
infraconstitucional não seja utilizada como mecanismo de
reajuste automático, nos mesmos índices aplicados ao salário
mínimo. Nessa direção, a Orientação Jurisprudencial n.º 71 da
SBDI-2/TST:
[…]
É bem de ver que nem mesmo o órgão jurisdicional ao
qual cabe precipuamente a guarda da Constituição Federal dá
guarida à tese exposta na peça incoativa.
[…]

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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RE 1077813 AGR / PR

Conforme fiz ver no pronunciamento atacado, a óptica adotada pelo


Tribunal Superior do Trabalho não diverge da jurisprudência do
Supremo, no que assentada a inexistência de contrariedade ao verbete
vinculante nº 4 quando o salário mínimo é utilizado não como fator de
indexação, mas como parâmetro para a fixação de salário-base. O quadro,
considerado o artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal, não revela a
inadmitida vinculação do salário mínimo. Confiram os seguintes
precedentes:

RECLAMAÇÃO – SALÁRIO MÍNIMO – PARÂMETRO –


SALÁRIO-BASE – VERBETE VINCULANTE Nº 4 DA
SÚMULA DO SUPREMO – OFENSA – INEXISTÊNCIA. A
utilização do salário mínimo como parâmetro para a fixação de
salário-base não viola o teor do Verbete Vinculante nº 4 da
Súmula do Supremo.
(Agravo na reclamação nº 20.037, de minha relatoria,
Primeira Turma, acórdão publicado no Diário da Justiça em 18
de agosto de 2015)

Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo.


2. Direito do Trabalho.
3. Salário profissional da categoria fixado em múltiplos do
salário mínimo. 4. Súmula Vinculante
4. Não há vedação, desde que inexistam reajustes
automáticos.
5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão
agravada.
6. Agravo regimental ao qual se nega provimento.
(Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo
nº 1.078.032, relator ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma,
acórdão veiculado no Diário da Justiça de 27 de março de 2018)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. INTERPOSIÇÃO EM
16.2.2017. LEI 4.950-A/66. PISO SALARIAL FIXADO EM
MÚLTIPLOS DO SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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RE 1077813 AGR / PR

VINCULANTE 4. ADPF 53 MC. INEXISTÊNCIA DE OFENSA.


INOVAÇÃO RECURSAL. INADMISSIBILIDADE.
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
1. Não há vedação para a fixação de piso salarial em
múltiplos do salário mínimo, desde que inexistam reajustes
automáticos.
2. O acórdão recorrido, ao aplicar a OJ 71, da SBDI-2 do
TST, não afrontou a Súmula Vinculante 4, nem a ADPF 53 MC.
3. A inovação em agravo regimental é incabível.
4. Agravo regimental a que se nega provimento, com
previsão de aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, CPC.
Verba honorária majorada em ¼ (um quarto), nos termos do art.
85, § 11, do CPC, devendo ser observados os §§ 2º e 3º do
referido dispositivo.
(Agravo em recurso extraordinário com agravo nº 922.319,
relator ministro Edson Fachin, Segunda Turma, acórdão
publicado no Diário da Justiça em 2 de maio de 2017)

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Trabalhista. Salário profissional. Piso salarial fixado na Lei nº
4.950-A/66. Múltiplos do salário mínimo. Inexistência de
reajustes automáticos. Violação da Súmula Vinculante nº 4. Não
ocorrência. Precedentes.
1. A fixação da base de cálculo do piso salarial em
múltiplos do salário mínimo, nos termos da Lei nº 4.950-A/66,
não configura ofensa à Súmula Vinculante nº 4, haja vista a
ausência de reajustes automáticos com base nesse mesmo
índice.
2. Agravo regimental não provido.
(Agravo em recurso extraordinário com agravo nº 914.780,
relator ministro Dias Toffoli, Segunda Turma, acórdão
publicado no Diário da Justiça em 7 março de 2016)

AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. LEI Nº


4.950-A/1966. OFENSA À SÚMULA VINCULANTE Nº 4 E À
ADPF 53. INEXISTÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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RE 1077813 AGR / PR

NEGA PROVIMENTO.
1. A decisão que aplica o piso salarial estabelecido no art.
5º da Lei 4.950/1966, mas ressalva a vedação de vinculação aos
futuros aumentos do salário mínimo, está em consonância com
o enunciado da Súmula Vinculante 4 e com a decisão proferida
na ADPF 53 MC. Precedente do Tribunal Pleno: Rcl 14.075
AgR/SC, Rel. Min. Celso de Mello (DJe de 16/9/2014).
2. agravo regimental desprovido.
(Agravo na reclamação nº 19.130, relator ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, acórdão publicado no Diário da Justiça
em 20 março de 2015)

Conheço do agravo e o desprovejo. Imponho à agravante, nos


termos do artigo 1.021, § 4º, do Código de Processo Civil, a multa de 5%
sobre o valor da causa devidamente corrigido, a reverter em benefício do
agravado.
É como voto.

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Extrato de Ata - 11/09/2018

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813


PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
AGTE.(S) : ITAIPU BINACIONAL
ADV.(A/S) : RAPHAELA NEVES DE CAVALCANTI DOMINGUES (44479DF/DF) E
OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO PARANÁ -
SENGE/PR
ADV.(A/S) : ADRIANA FRAZÃO DA SILVA (31413/PR) E OUTRO(A/S)

Decisão: Após o voto do Ministro Marco Aurélio, Relator, que


negava provimento ao agravo, com imposição de multa, pediu vista
dos autos o Ministro Luiz Fux. Presidência do Ministro Alexandre
de Moraes. Primeira Turma, 11.9.2018.

Presidência do Senhor Ministro Alexandre de Moraes. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber
e Luís Roberto Barroso.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet


Branco.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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Voto Vista

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05/02/2019 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

VOTO – VISTA

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. DECISÃO DO
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
QUE RECONHECE A APLICAÇÃO DA
LEI 4.950-A/1966 DESDE QUE NÃO SEJA
UTILIZADA COMO MECANISMO DE
REAJUSTE AUTOMÁTICO NOS
MESMOS ÍNDICES APLICADOS AO
SALÁRIO MÍNIMO. SUPOSTA
VIOLAÇÃO AO ARTIGO 7º, IV, DA
CONSTITUIÇÃO E À SÚMULA
VINCULANTE 4/STF. INOCORRÊNCIA.
DECISÃO RECORRIDA EM
CONFORMIDADE COM A
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. PRECEDENTES.
AGRAVO DESPROVIDO.

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX: Senhor Presidente, egrégia Primeira


Turma desta Corte, ilustre representante do Ministério Público,
advogados e demais presentes.

No caso sub examine, ITAIPU BINACIONAL ajuizou ação rescisória


em face do SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO
PARANÁ - SENGE/PR pretendendo a rescisão do acórdão proferido pela
8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que não conheceu do recurso
de revista interposto pela ora recorrente.

O Tribunal Superior do Trabalho julgou improcedente a ação

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Voto Vista

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RE 1077813 AGR / PR

rescisória, ante os seguintes fundamentos:

“AÇÃO RESCISÓRIA. LEI Nº 13.105/2015. ART. 966, V,


DO NCPC. ENGENHEIRO. PISO SALARIAL. LEI Nº 4950-
A/66. BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO MÍNIMO.
CONSTITUCIONALIDADE. Hipótese em que não se extrai da
decisão rescindenda a existência de vinculação entre a remuneração
dos substituídos e os reajustes concedidos ao salário mínimo nacional
durante a execução do contrato de trabalho, tendo as normas da Lei
n.º 4950-A/66 servido apenas como baliza para fixação de piso
salarial. Como se sabe, é firme a jurisprudência desta Corte Superior
no sentido de que o salário profissional da categoria dos engenheiros,
estabelecido na Lei 4.950-A/66, foi recepcionado pela Carta Magna e
não configura ofensa ao art. 7º, IV, da Constituição Federal ou
contrariedade à Súmula Vinculante n.º 4/STF, desde que a referida
norma infraconstitucional não seja utilizada como mecanismo de
reajuste automático, nos mesmos índices aplicados ao salário mínimo.
Nessa direção, a Orientação Jurisprudencial n.º 71 da SBDI-
2/TST e precedentes da SBDI-1/TST. Também, a posição que vem
sendo firmemente adotada nesta Corte Superior é a mesma que
prevalece em ambas as turmas do E. STF, quem vêm decidindo no
sentido de ser possível a aplicação do piso salarial previsto na
Lei n.º 4.950-A/1966, desde que não se utilize salário mínimo
como indexador da remuneração dos empregados. Ação
rescisória que se julga improcedente. Prejudicado o julgamento do
agravo regimental.”

Contra essa decisão ITAIPU BINACIONAL ajuizou recurso


extraordinário, no qual alega violação ao art. 7º, IV, da Constituição
Federal. O Ministro Vice-Presidente do TST, ao dar seguimento ao
recurso, assentou, in verbis:

“A jurisprudência firmada no âmbito da SBDI-2 do TST,


consubstanciada na O.J. nº 71, segue no sentido de que decisão que
determina a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do
salário mínimo afronta o art. 7º, IV, da Constituição Federal.

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RE 1077813 AGR / PR

A matéria já foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal por


meio da Súmula Vinculante nº 4, cujo teor é o seguinte: ‘salvo nos
casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado
como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial’.
[…]
Diante desse contexto e visando prevenir possível ofensa ao art.
7º, IV, da Constituição Federal, o seguimento do recurso é medida que
se impõe.
Ante o exposto, dou seguimento ao recurso extraordinário
determinando a sua remessa para o excelso Supremo Tribunal
Federal.”

Em 11 de outubro de 2017, o relator, Ministro Marco Aurélio, em


decisão monocrática, negou seguimento ao pedido formulado no recurso
extraordinário, uma vez que o “acórdão recorrido está em consonância com a
jurisprudência do Supremo”. A parte recorrente interpôs agravo
regimental.

Consoante assentado na decisão agravada, não se vislumbra, in casu,


afronta ao artigo 7º, IV, da Constituição nem à Súmula Vinculante 4 desta
Corte, pois o ato reclamado não determinou a utilização do salário
mínimo como indexador, mas apenas e tão somente reconheceu a
possibilidade de aplicação do piso salarial previsto na Lei 4.950-A/1966
desde que seja vedada a sua utilização como fator de correção da
remuneração.

Exsurge da norma constitucional a função social do salário mínimo,


que busca assegurar ao trabalhador condições mínimas de subsistência,
para que, por meio desse provento, ele possa “atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”. Nesse contexto, o
reajuste anual do salário mínimo deve considerar, além da correção
monetária, o crescimento percentual do PIB dos últimos anos para

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garantir um aumento real desta remuneração, uma vez que o aumento


gradual do valor do mínimo visa a preservar o poder aquisitivo da
população na busca pela garantia de subsistência digna.

Ao vedar, de forma expressa, em sua parte final, a vinculação do


salário mínimo para qualquer fim, o artigo 7º, IV, da Constituição Federal
visa, primordialmente, a manter a independência do salário mínimo,
evitando que a sua vinculação a outras variáveis econômicas constitua
óbice para o aumento substancial de seu valor monetário, o que
prejudicaria, essencialmente, os cidadãos que recebem apenas a
remuneração mínima e dependem dela para sua subsistência cotidiana.

A teleologia da desindexação do salário mínimo, como forma de


garantia da independência dessa remuneração básica, coaduna-se com a
função basilar do instituto do salário mínimo nos moldes instituídos em
1988. É como bem representa a doutrina:

“Os contratos e obrigações comerciais, em bom número, bem


como outros pagamentos, como salários profissionais, por exemplo,
estavam atrelados ao mínimo, de modo que, com a sua elevação, esses
outros pagamentos automaticamente se elevavam também, situação
que foi considerada inconveniente na medida em que essas vinculações
se tornavam um fator de inibição para a livre fixação do salário
mínimo.
Assim, diante dos reflexos dessa situação e para que o mínimo
pudesse experimentar elevações maiores sem provocar efeitos em
outros tipos de pagamentos, chegou-se à conclusão sobre a sua
desindexação, ideia que está agora reproduzida na Constituição de
1988, quando veda a vinculação do salário mínimo a outros
pagamentos. O que se pretende dizer é que o salário mínimo não pode
servir de índice ou fator de reajuste de outros pagamentos. Não é
lícito, por exemplo, contrato de honorários de serviços autônomos
estipulados com base em um determinado número de salários
mínimos, pois haveria assim uma vinculação, proibida pela Carta
Magna.” (NASCIMENTO, Amauri Mascaro. O Direito do

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RE 1077813 AGR / PR

Trabalho na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 118-


119)

A preocupação com a desindexação do salário mínimo na nova


ordem constitucional também foi muito patente na Assembleia
Constituinte. Sem a pretensão de revolver argumentos originalistas,
convém transcrever alguns trechos dos debates constituintes sobre o
tema, in verbis:
“O SR. CONSTITUINTE JOSÉ SERRA: – Sr. Presidente e
Srs. Constituintes, não obstante estar de acordo com as intenções do
nobre Constituinte Chagas Rodrigues, realmente, queria manifestar-
me em desacordo com a sua emenda, por vários motivos: em primeiro
lugar, a emenda do Senador Constituinte exclui um dispositivo que o
Relator incluiu na Constituição que me parece extremamente
importante, que é a vedação da vinculação do salário mínimo a outras
variáveis dentro da economia. Essa é uma questão que me parece
fundamental, porque um dos maiores obstáculos que se coloca,
sistematicamente, ao aumento do poder aquisitivo do salário mínimo,
é a sua vinculação a outras coisas que terminam, a cada momento em
que se discute o reajuste do mínimo, colocando um obstáculo político e
aumentando muito a resistência, para que o salário mínimo receba
aumentos substanciais. Creio, portanto, que é fundamental manter
essa idéia da proibição constitucional da vinculação do salário mínimo
a outras variáveis dentro da economia.”

“O SR. RELATOR (José Fogaça): – (…) E por fim, no art. 6º,


no item nº IV, estabelece claramente a desindexação do salário mínimo:
‘Salário mínimo nacionalmente unificado, capaz de satisfazer as suas
necessidades básicas e às de sua família, com reajustes periódicos, de
modo a preservar o seu poder aquisitivo, vedada sua vinculação para
qualquer fim.’ O ilustre Constituinte Ademir Andrade, no momento
em que propõe uma vinculação do salário mínimo, está criando um
verdadeiro instrumento de bloqueio, para a elevação dos salários mais
baixos e principalmente para o ganho dos trabalhadores que percebem
somente o salário mínimo.
A desvinculação é saudável e positiva, porque é a única forma de

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permitir que avancem os ganhos dos baixos salários. E toda forma de


vinculação significa bloqueio aos pequenos assalariados.”

Assim, a vinculação de piso salarial a múltiplos do salário mínimo


não viola o dispositivo constitucional caso não se utilize o mínimo como
indexador, para evitar a correção automática do salário recebido pelas
categorias profissionais contempladas pela lei. É como dispõe a
Orientação Jurisprudencial 71 da SDI-II do Tribunal Superior do
Trabalho, in verbis:

“AÇÃO RESCISÓRIA. SALÁRIO PROFISSIONAL.


FIXAÇÃO. MÚLTIPLO DE SALÁRIO MÍNIMO. ART. 7º, IV, DA
CF/88. A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário
mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de
1988, só incorrendo em vulneração do referido preceito constitucional
a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário
mínimo.”

Nesse sentido, a correta aplicação do artigo 5º da Lei 4.950-A/1966


impõe que se deva utilizar o salário mínimo vigente no momento da
contratação como parâmetro para estabelecer o piso salarial e, a posteriori,
apenas reajustar os recebimentos dos empregados conforme os acordos
coletivos e os índices de reajustes naturais das categorias profissionais.

In casu, verifica-se que a decisão reclamada está em perfeita


consonância com o mencionado dispositivo constitucional, na medida em
que adotou o entendimento na linha da possibilidade de fixação do
salário profissional em múltiplos do salário mínimo desde que seja
vedada a correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal adotou, em casos


idênticos aos destes autos, esse mesmo entendimento, de acordo com as
seguintes decisões unânimes, proferidas em reclamações de minha
relatoria: Rcl 20.898 (DJe de 16/2/2016), Rcl 17.910 (DJe de 18/6/2015), Rcl

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RE 1077813 AGR / PR

17.891 (DJe de 26/3/2015) e Rcl 19.130 (DJe de 20/3/2015). Ressalta-se,


ainda, que a Segunda Turma desta Corte também esposou tal
entendimento ao apreciar o agravo regimental na Rcl 18.356/PE, rel. min.
Cármen Lúcia (DJe de 20/11/2014).

Tendo em vista as especificidades do juízo reclamatório, importa


colacionar, ainda, os seguintes precedentes de recurso extraordinário,
julgados recentemente por ambas as turmas, que se referem
especificamente à Lei 9.450-A/1966, ora em questão. Confira-se:

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. TRABALHISTA. ENGENHEIROS E MÉDICOS
VETERINÁRIOS. FIXAÇÃO DO PISO SALARIAL INICIAL DE
CATEGORIA PROFISSIONAL EM MÚLTIPLOS DE SALÁRIO
MÍNIMO. LEI 4.950-A/1966. INOCORRÊNCIA DE OFENSA
AO ARTIGO 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO E À SÚMULA
VINCULANTE 4. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE OFENSA
AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. SÚMULA 636 DO STF.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA. ALEGAÇÃO DE FATO NOVO.
INEXISTÊNCIA. REITERADA REJEIÇÃO DOS ARGUMENTOS
EXPENDIDOS PELA PARTE NAS SEDES RECURSAIS
ANTERIORES. MANIFESTO INTUITO PROTELATÓRIO.
MULTA DO ARTIGO 1.021, § 4º, DO CPC/2015. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO.”(ARE 1.089.970, rel. min. Luiz Fux,
Primeira Turma, DJe de 15/10/2018)

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SALÁRIO
PROFISSIONAL. ENGENHEIROS. PISO SALARIAL FIXADO
PELA LEI 4.950-A/66 EM MÚLTIPLOS DO SALÁRIO MÍNIMO.
INEXISTÊNCIA DE REAJUSTES AUTOMÁTICOS. VIOLAÇÃO
DA SÚMULA VINCULANTE 4 E ADPF 53-MC. NÃO
OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I - Não há
vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do

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salário mínimo, desde que inexistam reajustes automáticos.


Precedentes. II - Não configurada afronta a Súmula Vinculante 4,
nem a ADPF 53 MC/PI. III - Agravo regimental a que se nega
provimento, com aplicação de multa (art. 1.021, § 4°, do CPC).”
(ARE 1.110.094 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, Segunda
Turma, DJe de 6/8/2018)

“DIREITO DO TRABALHO. SALÁRIO PROFISSIONAL.


DIFERENÇA SALARIAL. LEI Nº 4.950-A/66. ESTIPULAÇÃO
EM MÚLTIPLOS DE SALÁRIO MÍNIMO. AUSÊNCIA DE
INDEXAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO
SOB A ÉGIDE DO CPC/1973. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO
ART. 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E À
SÚMULA VINCULANTE Nº 4 DO STF. CONSONÂNCIA DA
DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA
CRISTALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/1973. 1. O
entendimento assinalado na decisão agravada não diverge da
jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal. Compreensão
diversa demandaria a reelaboração da moldura fática delineada no
acórdão de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à
Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do
recurso extraordinário. 2. As razões do agravo não se mostram aptas a
infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada,
mormente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da
Constituição da República. 3. Agravo regimental conhecido e não
provido.” (ARE 1.078.014 AgR, rel. min. Rosa Weber, Primeira
Turma, DJe de 17/11/2017)

“Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2.


Direito do Trabalho. 3. Lei 4.950-A/66. Súmula Vinculante 4 e ADPF
53 -MC/PI. 4. Salário profissional da categoria fixado em
múltiplos do salário mínimo. Não há vedação, desde que
inexistam reajustes automáticos. 5. Agravo regimental ao qual se
nega provimento.” (ARE 1.057.945 AgR, rel. min. Gilmar Mendes,
Segunda Turma, DJe de 10/10/2017)

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RE 1077813 AGR / PR

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. INTERPOSIÇÃO EM
16.2.2017. LEI 4.950-A/66. PISO SALARIAL FIXADO EM
MÚLTIPLOS DO SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA VINCULANTE
4. ADPF 53 MC. INEXISTÊNCIA DE OFENSA. INOVAÇÃO
RECURSAL. INADMISSIBILIDADE. IMPROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. 1. Não há vedação para a fixação de piso salarial em
múltiplos do salário mínimo, desde que inexistam reajustes
automáticos. 2. O acórdão recorrido, ao aplicar a OJ 71, da SBDI-2
do TST, não afrontou a Súmula Vinculante 4, nem a ADPF 53 MC. 3.
A inovação em agravo regimental é incabível. 4. Agravo regimental a
que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista
no art. 1.021, § 4º, CPC. Verba honorária majorada em ¼ (um
quarto), nos termos do art. 85, § 11, do CPC, devendo ser observados
os §§ 2º e 3º do referido dispositivo.” (ARE 922.319 AgR, rel. min.
Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 2/5/2017)

“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Trabalhista. Salário profissional. Piso salarial fixado na Lei nº
4.950-A/66. Múltiplos do salário mínimo. Inexistência de
reajustes automáticos. Violação da Súmula Vinculante nº 4. Não
ocorrência. Precedentes. 1. A fixação da base de cálculo do piso salarial
em múltiplos do salário mínimo, nos termos da Lei nº 4.950-A/66, não
configura ofensa à Súmula Vinculante nº 4, haja vista a ausência de
reajustes automáticos com base nesse mesmo índice. 2. Agravo
regimental não provido.” (ARE 914.780 AgR, rel. min. Dias Toffoli,
Segunda Turma, DJe de 7/3/2016)

Ex positis, acompanhando integralmente o relator, Ministro Marco


Aurélio, voto pela improcedência do pedido formulado no presente
agravo regimental.

É como voto.

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Inteiro Teor do Acórdão - Página 21 de 42

05/02/2019 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

VOTO

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES - Trata-se de


Agravo Interno contra decisão do eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
que negou seguimento ao Recurso Extraordinário da parte agravante, ao
fundamento de que o aresto proferido pelo Tribunal Superior do Trabalho
alinha-se à jurisprudência desta CORTE.
Em resumo, S. Exa. entendeu que inexiste vedação à fixação de piso
salarial em múltiplos do salário mínimo, nos casos em que não há
reajustes automáticos, de maneira que, em tais contextos, não há ofensa
ao enunciado da Súmula Vinculante 4 deste TRIBUNAL e aos termos da
medida cautelar proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental 53 – ADPF 53-MC.
Nas razões do agravo, a agravante, em síntese, aduz:
(a) a CARTA MAGNA rejeita, de modo amplo e incondicional, a
vinculação do salário mínimo a “preços, contratos, salários ou qualquer
outro custo de caráter alimentar”, o que seria deletério ao instituto;
(b) esta CORTE chancela somente o uso do termo “salário mínimo”
como figura de linguagem numérica a expressar condenação individual
em múltiplos de salários mínimos, o que não caracterizaria situação de
indexação;
(c) poucos julgados deste TRIBUNAL, em sede de agravo
regimental, acenam pela possibilidade de vinculação do piso salarial ao
salário mínimo; ao passo que a “proibição de vinculação ao salário
mínimo também na hipótese do piso salarial foi objeto de inúmeros
precedentes do próprio STF (...)”; e
(d) diante de tal quadra, é necessária a resolução definitiva e de
modo vinculante sobre a matéria, dada sua repercussão jurídica, política,
econômica e social.
Eis o breve resumo da controvérsia.

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Inteiro Teor do Acórdão - Página 22 de 42

RE 1077813 AGR / PR

Acompanho o eminente relator, o ilustre Ministro MARCO


AURÉLIO, pois, ao meu ver, o acórdão recorrido não contrariou o art. 7º,
IV, da CONSTITUIÇÃO FEDERAL, o enunciado da Súmula Vinculante 4
deste TRIBUNAL ou o que se decidiu na ADPF 53-MC.
O Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar a ação rescisória ajuizada
pela Itaipu Binacional em face do Sindicato dos Engenheiros no Estado
do Paraná – SENGE/PR, concluiu que:
(I) a Lei 4.950-A/66 serviu apenas como “baliza para
fixação de piso salarial” dos engenheiros empregados da ora
agravante, e
(II) da “leitura da decisão rescindenda, tal como exigido
na Súmula 410/TST, não se divisa nenhuma determinação de
reajuste automático de salários dos empregados engenheiros,
mas tão somente a fixação de piso salarial a ser observado
pela então reclamada.”,
(III) de maneira que “não se extrai a existência de
vinculação entre a remuneração dos substituídos e os reajustes
concedidos ao salário mínimo nacional durante a execução do
contrato de trabalho.” (e-DOC. 49, fls. 4/6) (g.n.).
Pois bem: recentemente, na sessão virtual encerrada em 6/9/2018, o
Plenário desta SUPREMA CORTE manifestou-se a respeito da questão em
debate, no julgamento dos Embargos de Divergência no AI 841.685-AgR-
ED-ED-EDv-AgR, firmando-se entendimento análogo ao da decisão ora
agravada.
O eminente Ministro GILMAR MENDES, ao negar
monocraticamente seguimento aos citados embargos, consignou:

“ (....)
A matéria de fundo trata da possibilidade de proceder-se a
reajustes automáticos ao piso salarial das classes profissionais
listadas na lei, cada vez que o salário mínimo sofrer alteração.
O Tribunal de origem fixou a tese de que a estipulação do
salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta
o art. 7º, inciso IV, da Constituição, só incorrendo em
vulneração do referido preceito constitucional a fixação de

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Inteiro Teor do Acórdão - Página 23 de 42

RE 1077813 AGR / PR

correção automática do salário profissional (fl. 1609-1617).


Observo, ainda, que o acórdão embargado encontra-se
em estrita consonância com a jurisprudência consolidada deste
Tribunal. Nesse sentido, destaco os seguintes precedentes:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. LEI


4.950-A/66. SALÁRIO FIXADO EM MÚLTIPLOS DO
SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA VINCULANTE 4. ADPF
53 MC. 1. Não há vedação para a fixação de piso salarial
em múltiplos do salário mínimo, desde que inexistam
reajustes automáticos. 2. O ato reclamado, ao aplicar a OJ
71, da SBDI-2 do TST, não afrontou a Súmula Vinculante 4,
nem a ADPF 53 MC. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento”. (Rcl 9951 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
Primeira Turma, DJe 28.9.2015)

“Agravo regimental no recurso extraordinário com


agravo. Trabalhista. Salário profissional. Piso salarial
fixado na Lei nº 4.950-A/66. Múltiplos do salário mínimo.
Inexistência de reajustes automáticos. Violação da Súmula
Vinculante nº 4. Não ocorrência. Precedentes. 1. A fixação
da base de cálculo do piso salarial em múltiplos do salário
mínimo, nos termos da Lei nº 4.950-A/66, não configura
ofensa à Súmula Vinculante nº 4, haja vista a ausência de
reajustes automáticos com base nesse mesmo índice. 2.
Agravo regimental não provido”. (ARE 914.780 AgR, Rel.
Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, DJe 7.3.2016).” (g.n.).

Eis a ementa do julgado do Pleno, ratificadora dessa decisão


unipessoal (DJe de 6/11/2018):

“Agravo regimental em embargos de divergência em


embargos de declaração no agravo regimental em agravo de
instrumento. 2. Direito do Trabalho. 3. Piso salarial. Salário
mínimo. Lei 4.950-A/66. Reajuste do piso salarial indexado ao
salário mínimo. Impossibilidade. Jurisprudência desta Corte.

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Inteiro Teor do Acórdão - Página 24 de 42

RE 1077813 AGR / PR

Precedentes. 4. Ausência de argumentos capazes de infirmar a


decisão agravada. 5. Agravo regimental a que se nega
provimento.” (AI 841.685-AgR-ED-ED-EDv-AgR, Rel. Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, DJe de 6/11/2018).

E esta Turma, em 26/10/2018, julgou o ARE 1.145.305-AgR, enquanto


que a 2ª Turma, em 20/2/2018, debruçou-se sobre ARE 1.078.032-AgR,
ambos tratando de questão semelhante. Vejamos:

“DIREITO DO TRABALHO. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PISO
SALARIAL. LEI 4.950-A/66. FIXAÇÃO. MÚLTIPLOS DE
SALÁRIO MÍNIMO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O
acórdão do Tribunal de origem está alinhado à jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não há vedação
para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo,
desde que inexistam reajustes automáticos. Precedentes. 2.
Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não houve
prévia fixação de honorários advocatícios de sucumbência. 3.
Agravo interno a que se nega provimento.” (ARE 1.145.305
AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe de
12-11-2018).

“Agravo regimental em recurso extraordinário com


agravo. 2. Direito do Trabalho. 3. Salário profissional da
categoria fixado em múltiplos do salário mínimo. 4. Súmula
Vinculante 4. Não há vedação, desde que inexistam reajustes
automáticos. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a
decisão agravada. 6. Agravo regimental ao qual se nega
provimento.” (ARE 1.078.032-AgR, Rel. Min. GILMAR
MENDES, Segunda Turma, DJe de 27/3/2018).

Atento a esse entendimento fixado pela CORTE, julguei o ARE


1.175.580/PB, negando seguimento ao recurso da Companhia Estadual de
Habitação Popular – CEHAP, que buscava a reforma de acórdão do TST
versando sobre temática análoga à destes autos (DJe de 5/12/2018).

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Inteiro Teor do Acórdão - Página 25 de 42

RE 1077813 AGR / PR

Esses ilustrativos precedentes revelam que o SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL chancela a fixação de piso salarial em múltiplos do salário
mínimo; não se admitem, entretanto, reajustes automáticos das
remunerações atrelados à variação do salário mínimo, o que não se
constata na presente hipótese.
Ressalte-se, por fim, que o julgamento da ADPF 53 não tem o condão
de interferir no desate desta causa. Como muito bem observado pela
eminente Ministra ROSA WEBER no ARE 689.584/DF (DJe de 7/12/2018),
atual relatora da ADPF 53, “ausente determinação de indexação ao salário
mínimo”, nada obstava o julgamento do aludido recurso, tendo em vista
ser essa peculiaridade o fator determinante para o então Relator daquela
arguição de descumprimento de preceito fundamental, Ministro GILMAR
MENDES, deferir o pedido liminar no sentido de suspender as decisões
do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região e do Tribunal de Justiça
do Estado do Piauí reconhecendo o direito de servidores celetistas ao
reajustamento automático da remuneração com base no salário mínimo.
Em face de tais considerações, conclui-se pela manutenção da
decisão agravada. Assim, nego provimento ao Agravo Interno. É como
voto.

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

Inteiro Teor do Acórdão - Página 26 de 42

05/02/2019 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Presidente,


também estou acompanhando Vossa Excelência e os demais que o estão
seguindo, por entender que não há vedação na fixação do piso salarial em
múltiplos do salário mínimo, desde que não haja reajustes automáticos,
ou seja, a indexação.
Portanto, acompanho o Relator.

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05/02/2019 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813 PARANÁ

VOTO

A SENHORA MINISTRA ROSA WEBER - Eminente Presidente, da


mesma forma como Vossas Excelências compreenderam, entendo que não
houve qualquer determinação no sentido do reajuste automático de
salário, mas apenas a fixação de piso salarial a ser observado.
Acompanho o eminente Relator, negando provimento ao agravo, nos
termos dos fundamentos a seguir:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO
CONTRA ACÓRDÃO DO TST
PROFERIDO EM AÇÃO RESCISÓRIA
ORIGINÁRIA. ENGENHEIROS. PISO
SALARIAL. FIXAÇÃO EM SALÁRIOS
MÍNIMOS. LEI Nº 4.950-A/66. VIOLAÇÃO
DO ART. 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL1.

1 Pediu vista o Ministro Luiz Fux em sessão de 11.9.2018, após o voto do Ministro
Marco Aurélio, Relator, que negou provimento ao agravo, com imposição de multa. Há
pedido de vista do Ministro Roberto Barroso em processo de relatoria do Ministro Marco
Aurélio no mesmo tema: ARE 930279 AgR (vista em 5.9.2017 em razão da ADPF 151
distribuída para Relatoria ao Ministro Roberto Barroso). A propósito, transcrevo a ementa
do acórdão na Liminar da ADPF 151, Redator para o acórdão Ministro Gilmar Mendes, DJ
065.2011):Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Direito do Trabalho. Art.
16 da Lei 7.394/1985. Piso salarial dos técnicos em radiologia. Adicional de insalubridade.
Vinculação ao salário mínimo. Súmula Vinculante 4. Impossibilidade de fixação de piso
salarial com base em múltiplos do salário mínimo. Precedentes: AI-AgR 357.477, Rel.
Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 14.10.2005; o AI-AgR 524.020, de minha
relatoria, Segunda Turma, DJe 15.10.2010; e o AI-AgR 277.835, Rel. Min. Cezar Peluso,
Segunda Turma, DJe 26.2.2010. 2. Ilegitimidade da norma. Nova base de cálculo.
Impossibilidade de fixação pelo Poder Judiciário. Precedente: RE 565.714, Rel. Min.
Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe 7.11.2008. Necessidade de manutenção dos critérios

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RE 1077813 AGR / PR

A Senhora Ministra Rosa Weber: Trata-se de agravo regimental


interposto por Itaipu Binacional contra decisão monocrática em que
negado seguimento ao recurso extraordinário por se harmonizar o
acórdão recorrido à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Insiste
no cabimento do recurso por violação do art. 7º, IV e XXX, da
Constituição Federal.
O recurso extraordinário foi interposto pela Itaipu Binacional contra
acórdão da SDI2 do Tribunal Superior do Trabalho 2, em que julgado
improcedente o pedido formulado na ação rescisória (desconstituição do
acórdão proferido pela 8ª Turma do TST que não conheceu do recurso de
revista, por incidência da Súmula nº 333 do TST, afastada a violação do
art. 7º, IV, da Constituição Federal com base na Orientação
Jurisprudencial nº 71 da SDI23).
Transcrevo a decisão recorrida:

ENGENHEIRO. PISO SALARIAL. LEI Nº 4950-A/66.


BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO MÍNIMO.
CONSTITUCIONALIDADE.

estabelecidos. O art. 16 da Lei 7.394/1985 deve ser declarado ilegítimo, por não recepção,
mas os critérios estabelecidos pela referida lei devem continuar sendo aplicados, até que
sobrevenha norma que fixe nova base de cálculo, seja lei federal, editada pelo Congresso
Nacional, sejam convenções ou acordos coletivos de trabalho, ou, ainda, lei estadual, editada
conforme delegação prevista na Lei Complementar 103/2000. 3. Congelamento da base de
cálculo em questão, para que seja calculada de acordo com o valor de dois salários mínimos
vigentes na data do trânsito em julgado desta decisão, de modo a desindexar o salário
mínimo. Solução que, a um só tempo, repele do ordenamento jurídico lei incompatível com a
Constituição atual, não deixe um vácuo legislativo que acabaria por eliminar direitos dos
trabalhadores, mas também não esvazia o conteúdo da decisão proferida por este Supremo
Tribunal Federal. 4. Medida cautelar deferida.
2 Relatora a Ministra Maria Helena Mallmann
3 71. AÇÃO RESCISÓRIA. SALÁRIO PROFISSIONAL. FIXAÇÃO. MÚLTIPLO DE SALÁRIO
MÍNIMO. ART. 7º, IV, DA CF/88 (nova redação) - DJ 22.11.2004
A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da
Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido preceito constitucional a fixação
de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo.

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A autora defende que a Constituição Federal veda a


vinculação do salário mínimo para qualquer fim. Articula que,
embora esta corte tenha consagrado o entendimento de que
“não se pode falar em inconstitucionalidade de dispositivo legal
quando não se reajusta os salários de forma automatizada” (fl.
15/16), tal solução mostra-se equivocada. Ressalta que isso
implicaria “em admitir como possível situação em que um
engenheiro contratado em período posterior (01 ano depois),
TENHA REMUNERAÇÃO INICIAL SUPERIOR À DE UM
ENGENHEIRO CONTRATADO ANTES, o que é inadmissível
sob a ótica de todo o Direito do Trabalho” (fl. 16), uma vez que
os reajustes do salário mínimo normalmente são superiores à
correção inflacionária incidente sobre empregados antigos.
Defende que tal incoerência demonstra a inconstitucionalidade
da Lei n.° 4590-A/66.
Afirma que, com base na Súmula nº 06, VI, do TST, seria
possível a equiparação de empregados mais antigos com o
outros que se beneficiam do piso salarial indexado ao salário
mínimo. Diante disso, conclui que a decisão rescindenda
acaba por ofender os arts. 7º, XXX, da Constituição Federal e
461 da CLT. Alega violação do art. 7º, IV, da Constituição
Federal e contrariedade à Súmula Vinculante n.º 4/STF.
Registre-se, de logo, que na decisão rescindenda não se
emitiu tese acerca da matéria disciplinada nos arts. 7º, XXX, da
Constituição Federal e 461 da CLT, o que atrai, em relação a
tais normas, a incidência da Súmula 298/TST.
De outro norte, não há razão no pleito desconstitutivo da
autora.
Com efeito, pela simples leitura da decisão rescindenda,
tal como exigido na Súmula 410/TST, não se divisa nenhuma
determinação de reajuste automático de salários dos
empregados engenheiros, mas tão somente a fixação de piso
salarial a ser observado pela então reclamada. O acórdão da 8ª
Turma desta Corte Superior é do seguinte teor (fl. 50):

“A primeira Reclamada afirma que a vinculação de

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piso profissional ao salário mínimo é inconstitucional.


Indica violação do art. 7 º , IV, Constituição Federal,
contrariedade à Súmula Vinculante 04 do STF e transcreve
arestos para demonstração de divergência jurisprudencial.
Sem razão.
A Corte Regional negou provimento ao Recurso
Ordinário interposto pela primeira Reclamada quanto ao
tema. Adotou os seguintes fundamentos:
‘DIFERENÇAS SALARIAIS DA LEI 4950-A/66 -
APLICAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 4 DO E.
STF
(...)
Primeiramente, cumpre esclarecer que a matéria da
presente lide não se encontra abarcada no entendimento
jurisprudencial consignado pelo e. STF, na Súmula
Vinculante nº 4 (DJ 09/05/2008), que dispõe: Salvo nos
casos previstos na Constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de
vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.
Segundo a legislação brasileira, salário é o valor pago
como contraprestação dos serviços prestados pelo
empregado, enquanto a remuneração engloba este e
outras vantagens pecuniárias concedidas pelo mesmo
empregador; correspondem a verbas que se originam de
causas específicas, às vezes condicionantes, e até daquelas
que se revestem de cunho personalíssimo, como por
exemplo: os adicionais de insalubridade e de tempo de
serviço e gratificação de incentivo.
O cerne da presente lide é, claramente, a aplicação
do piso salarial dos engenheiros, prevista na Lei nº 4950-
A/66, donde se depreende que a questão versada nos
autos assume contornos peculiares, que a distanciam da
mera intelecção do referido texto sumular vinculante, já
que este, especificamente, trata de afastar o salário
mínimo como indexador de base de cálculo das

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vantagens, não versando em nenhum aspecto sobre


salários ‘stricto sensu’.
Releva notar que o precedente que resultou na
edição da Súmula Vinculante nº 4, do e. STF, cinge-se a
tratar da questão da aplicação do salário-mínimo sobre
adicionais pagos a servidores públicos, vedando também
a sua substituição por outro indexador a ser fixado em
sentença judicial, já que este deverá ser obtido através
do processo legislativo, com a edição de nova Lei
Estadual, e é no contexto dessa sistemática estadual de
administração de pessoal que foi editado o referido texto
sumular vinculante que alcança apenas as vantagens
pecuniárias.
Nesse contexto da distinção entre salário e
remuneração, segundo a Consolidação das Leis do
Trabalho é que se há de dirimir a lide, afastando-se a
simples discussão doutrinária e legal acerca da utilização
do salário-mínimo como base de apuração do piso
salarial da categoria dos engenheiros, somente vedada
pelo texto sumular vinculante às vantagens e não aos
salários.
Feita a delimitação da lide, convém avançar no
exame dos contornos peculiares da controvérsia que
demonstram ser incontroverso nos autos o
enquadramento profissional dos substituídos na categoria
de engenheiro, especificada na Lei nº 4950-A/66, a qual
determina o pagamento do salário profissional
equivalente a 06 (seis) salários mínimos para jornadas de
seis horas diárias, deixando aberta a possibilidade de
contratação por período superior, desde que remunerado
proporcionalmente ao piso profissional.
Meu posicionamento nesta matéria é de que a
existência do piso salarial para diversas categorias
profissionais não conflita com o disposto no artigo 7º,
inciso IV, da CF/88, que veda a vinculação do salário
mínimo para qualquer outro fim, haja vista que a

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expressão ‘qualquer fim’ para o Constituinte de 1988


identificava aquelas finalidades espúrias, que prejudicam
o trabalhador e a economia como um todo, enquanto
sistema produtivo.
Somente uma interpretação restrita e literal poderia
vislumbrar algum óbice à pretensão do Sindicato-autor,
eis que da análise conjuntural da elaboração da norma
constitucional denota-se que a proibição circunscreve-se,
tão-somente, a sua utilização como indexador de
obrigações destituídas de natureza salarial, por exemplo:
parâmetros em preços e serviços com vistas a contê-lo
como fator inflacionário da economia.
Tem-se, portanto, que a vinculação do salário
profissional ao salário mínimo de nenhum modo atrita
com o artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988,
que veda a indexação ‘para qualquer fim’, posto que aí
não se compreende toda e qualquer obrigação, restando
excluída a de natureza alimentar, como os parâmetros
salariais. Logo, conclui-se que Lei nº 4.950-A/66 foi
recepcionada pela a atual Ordem Constitucional.
Este entendimento também é adotado pela
jurisprudência majoritária no país, evidenciada pela
Súmula nº 370, do C. TST, ‘in verbis’:
(...)
No mesmo diapasão, temos os seguintes arestos,
corroboradores de nosso posicionamento:
(...)
Como a questão se restringe a diferenças sobre os
salários pagos, resta evidente que a apuração das
diferenças é sobre o salário fixo (como diz a recorrente) e
não sobre o salário englobando as demais vantagens
(remuneração).
MANTENHO, portanto, a r. sentença’ (fls. 1136/1138)
(sem grifos no original)
Verifica-se que a decisão regional está em
consonância com a OJ 71 da SBDI-2 do TST:

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‘A estipulação do salário profissional em múltiplos


do salário mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da
Constituição Federal de 1988, só incorrendo em
vulneração do referido preceito constitucional a fixação de
correção automática do salário pelo reajuste do salário
mínimo.’
Desse modo, não há de se falar em divergência
jurisprudencial, nem em violação do art. 7º, IV, da
Constituição Federal, por óbice da Súmula 333 do TST e
do art. 896, § 4º, da CLT.
Não conheço.”

Repise-se, do acórdão da 8ª Turma deste Tribunal Superior


não se extrai a existência de vinculação entre a remuneração
dos substituídos e os reajustes concedidos ao salário mínimo
nacional durante a execução do contrato de trabalho.
Como se sabe, é firme a jurisprudência desta Corte
Superior no sentido de que o salário profissional da categoria
dos engenheiros, estabelecido na Lei 4.950-A/66, foi
recepcionado pela Carta Magna e não configura ofensa ao art.
7º, IV, da Constituição Federal ou contrariedade à Súmula
Vinculante nº 4/STF, desde que a referida norma
infraconstitucional não seja utilizada como mecanismo de
reajuste automático, nos mesmos índices aplicados ao salário
mínimo. Nessa direção, a Orientação Jurisprudencial n.º 71 da
SBDI-2/TST:
“AÇÃO RESCISÓRIA. SALÁRIO PROFISSIONAL.
FIXAÇÃO. MÚLTIPLO DE SALÁRIO MÍNIMO. ART. 7º,
IV, DA CF/88 (nova redação) - DJ 22.11.2004 A estipulação
do salário profissional em múltiplos do salário mínimo
não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de
1988, só incorrendo em vulneração do referido preceito
constitucional a fixação de correção automática do salário
pelo reajuste do salário mínimo.”

A SBDI-1/TST também afirma o posicionamento plasmado

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no verbete transcrito:
(…)

A posição que vem sendo firmemente adotada nesta Corte


Superior é a mesma que prevalece em ambas as turmas do E.
STF, conforme se extrai dos seguintes precedentes:
“Agravo regimental em reclamação. 2. Piso salarial
de categoria profissional. Fixação em múltiplos de salários
mínimos. Alegação de descumprimento da ADPF 53 e
Súmula Vinculante 4. Inexistência. Ausência de
correspondência entre ato reclamado e entendimento
desta Corte. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento.” (Rcl 19275 AgR, Relator(a): Min. GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 16/02/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-039 DIVULG 01-03-2016
PUBLIC 02-03-2016)
“AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. LEI
Nº 4.950-A/1966. OFENSA À SÚMULA VINCULANTE Nº
4 E À ADPF 53. INEXISTÊNCIA. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A
decisão que aplica o piso salarial estabelecido no art. 5º da
Lei 4.950/1966, mas ressalva a vedação de vinculação aos
futuros aumentos do salário mínimo, está em consonância
com o enunciado da Súmula Vinculante 4 e com a decisão
proferida na ADPF 53 MC. Precedente do Tribunal Pleno:
Rcl 14.075 AgR/SC, Rel. Min. Celso de Mello (DJe de
16/9/2014). 2. agravo regimental desprovido”. (Rcl-AgR,
19.130 Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe-
20.3.2015)
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. LEI
4.950-A/66. SALÁRIO FIXADO EM MÚLTIPLOS DO
SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA VINCULANTE 4. ADPF
53 MC. 1. Não há vedação para a fixação de piso salarial
em múltiplos do salário mínimo, desde que inexistam
reajustes automáticos. 2. O ato reclamado, ao aplicar a OJ
71, da SBDI-2 do TST, não afrontou a Súmula Vinculante 4,

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nem a ADPF 53 MC. 3. Agravo regimental a que se nega


provimento”. (Rcl-AgR 9.951, Rel. Min. EDSON FACHIN,
Primeira Turma, DJe 28.9.2015)
“CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NA
RECLAMAÇÃO. PISO SALARIAL. LEI 4950-A/1966.
ENGENHEIROS. BASE DE CÁLCULO EM MÚLTIPLOS
DE SALÁRIO-MÍNIMO. REAJUSTES POR OUTROS
ÍNDICES. DESRESPEITO À SÚMULA VINCULANTE 4.
NÃO CONFIGURAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A
QUE SE NEGA PROVIMENTO”. (Rcl-AgR 9.674, Rela.
Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, DJe 19.10.2015)

É bem de ver que nem mesmo o órgão jurisdicional ao


qual cabe precipuamente a guarda da Constituição Federal dá
guarida à tese exposta na peça incoativa.
Por fim, convém registrar que o objeto da presente ação
desconstitutiva é o acórdão exarado no âmbito desta Corte
Superior. Conforme já se consignou, cuidando-se ação rescisória
fundada em violação de norma jurídica, todos os elementos
fáticos necessários ao corte rescisório pretendido pela parte
autora devem constar da decisão rescindenda. É essa a
inteligência da Súmula nº 410/TST. Por isso, é impertinente a
invocação de outras decisões do processo matriz que não foram
indicadas como rescindendas na petição inicial.
Considerando a improcedência da ação rescisória e,
principalmente, o fato de que a presente decisão está calcada
em jurisprudência firme da Suprema Corte, não remanesce o
“fumus boni juris” que antes, motivou o deferimento de tutela
de urgência para que fosse suspensa a execução no processo
matriz. Assim sendo, torno-a sem efeito (art. 296 do NCPC).
Diante disso, julgo improcedente a ação rescisória e torno
sem efeito a decisão liminar antes deferida.

No recurso extraordinário, a Itaipu Binacional aponta violação do


art. 7º, IV, da Constituição Federal. Aduz que a norma constitucional
“ampliou o espectro de abrangência da vedação da vinculação do salário mínimo,

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anteriormente estatuído no Decreto-Lei nº 2.513/87 – que se destinava, apenas, e


especificamente, à apuração dos pisos salariais”. Aponta, ainda, violação do
art. 7º, XXX4, da Constituição Federal. Aduz que “...a solução tomada pelo
Eg. Tribunal Superior do Trabalho foi a de considerar a formalização do contrato
de trabalho como ponto de nevrálgico para a análise da matéria. É dizer, portanto,
que o TST admite e proporciona situação em que um engenheiro contratado em
período posterior (01 ano depois, mais recente na empresa), tenha remuneração
inicial superior à de um engenheiro contratado antes dele (mais antigo na
empresa), o que é inadmissível sob a ótica de todo o Direito do Trabalho.”.
É o relatório.
Conforme relatado, trata-se de recurso extraordinário interposto
contra acórdão proferido pelo TST em ação rescisória originária, por sua
vez ajuizada pela Itaipu Binacional contra acórdão de Turma do TST que
não conheceu do recurso de revista, afastada a violação do art. 7º, IV, da
Constituição Federal com fundamento na Orientação Jurisprudencial nº
71 da SDI-2 daquele Tribunal.
Primeiramente, atente-se para a ausência de prequestionamento da
violação do art. 7º, XXX, da Constituição Federal a inviabilizar o
cabimento do recurso extraordinário nos termos das Súmulas nºs 282 e
356 do STF.
Com efeito, nas razões do recurso, apontada a violação do art. 7º,
XXX, da Constituição Federal ao argumento de que a) o TST teria
estabelecido a formalização do contrato de trabalho como referência para
a análise da matéria; b) sob essa premissa, o engenheiro recém-contratado
perceberia remuneração maior do que o profissional mais antigo,caso
contratado após a majoração do valor do salário mínimo, ensejando
ofensa ao princípio da isonomia.
O Tribunal a quo, entretanto, registrou expressamente a ausência
de prequestionamento da apontada violação do art. 7º, XXX, da
Constituição Federal. Transcrevo a fração de interesse:
“...Afirma que, com base na Súmula nº 06, VI, do TST,
seria possível a equiparação de empregados mais antigos com
4 XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

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o outros que se beneficiam do piso salarial indexado ao


salário mínimo. Diante disso, conclui que a decisão
rescindenda acaba por ofender os arts. 7º, XXX, da
Constituição Federal e 461 da CLT. Alega violação do art. 7º,
IV, da Constituição Federal e contrariedade à Súmula
Vinculante n.º 4/STF.
Registre-se, de logo, que na decisão rescindenda não se
emitiu tese acerca da matéria disciplinada nos arts. 7º, XXX, da
Constituição Federal e 461 da CLT, o que atrai, em relação a
tais normas, a incidência da Súmula 298/TST.”.

Atente-se, ademais, para a expressa afirmação no acórdão recorrido


de inexistência de reajuste automático de salários, no particular, a atrair
também a incidência da Súmula nº 279 do STF:
Com efeito, pela simples leitura da decisão rescindenda,
tal como exigido na Súmula 410/TST, não se divisa nenhuma
determinação de reajuste automático de salários dos
empregados engenheiros, mas tão somente a fixação de piso
salarial a ser observado pela então reclamada.

Por outro lado, no que diz com a alegada violação do art. 7º, IV, da
Constituição Federal, a decisão recorrida, proferida em ação rescisória
originária ajuizada contra acórdão do Tribunal Superior do Trabalho que
não conheceu do recurso de revista por aplicação da Orientação
Jurisprudencial nº 71 da SDI-2, harmoniza-se com a jurisprudência desta
Suprema Corte.
Precedentes:
AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
COM AGRAVO. TRABALHISTA. ENGENHEIROS E MÉDICOS
VETERINÁRIOS. FIXAÇÃO DO PISO SALARIAL INICIAL DE
CATEGORIA PROFISSIONAL EM MÚLTIPLOS DE SALÁRIO
MÍNIMO. LEI 4.950-A/1966. INOCORRÊNCIA DE OFENSA
AO ARTIGO 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO E À SÚMULA
VINCULANTE 4. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE OFENSA
AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. SÚMULA 636 DO STF.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.

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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 38 de 42

RE 1077813 AGR / PR

INOCORRÊNCIA. ALEGAÇÃO DE FATO NOVO.


INEXISTÊNCIA. REITERADA REJEIÇÃO DOS
ARGUMENTOS EXPENDIDOS PELA PARTE NAS SEDES
RECURSAIS ANTERIORES. MANIFESTO INTUITO
PROTELATÓRIO. MULTA DO ARTIGO 1.021, § 4º, DO
CPC/2015. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.(ARE 1089970
ED-AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe-15-
10-2018)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SALÁRIO
PROFISSIONAL. ENGENHEIROS. PISO SALARIAL FIXADO
PELA LEI 4.950-A/66 EM MÚLTIPLOS DO SALÁRIO MÍNIMO.
INEXISTÊNCIA DE REAJUSTES AUTOMÁTICOS. VIOLAÇÃO
DA SÚMULA VINCULANTE 4 E ADPF 53-MC. NÃO
OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I - Não há
vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário
mínimo, desde que inexistam reajustes automáticos.
Precedentes. II - Não configurada afronta a Súmula Vinculante
4, nem a ADPF 53 MC/PI. III - Agravo regimental a que se nega
provimento, com aplicação de multa (art. 1.021, § 4°, do CPC).
(ARE 1110094 AgR, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe-06-08-2018)

Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo.


2. Direito do Trabalho. 3. Salário profissional da categoria
fixado em múltiplos do salário mínimo. 4. Súmula Vinculante 4.
Não há vedação, desde que inexistam reajustes automáticos. 5.
Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão
agravada. 6. Agravo regimental ao qual se nega provimento.
(ARE 1078032 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
Segunda Turma, DJe- 27-03-2018)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. INTERPOSIÇÃO EM

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RE 1077813 AGR / PR

16.2.2017. LEI 4.950-A/66. PISO SALARIAL FIXADO EM


MÚLTIPLOS DO SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA
VINCULANTE 4. ADPF 53 MC. INEXISTÊNCIA DE OFENSA.
INOVAÇÃO RECURSAL. INADMISSIBILIDADE.
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Não há vedação para a
fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde
que inexistam reajustes automáticos. 2. O acórdão recorrido, ao
aplicar a OJ 71, da SBDI-2 do TST, não afrontou a Súmula
Vinculante 4, nem a ADPF 53 MC. 3. A inovação em agravo
regimental é incabível. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no
art. 1.021, § 4º, CPC. Verba honorária majorada em ¼ (um
quarto), nos termos do art. 85, § 11, do CPC, devendo ser
observados os §§ 2º e 3º do referido dispositivo.
(ARE 922319 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Segunda
Turma, DJe-02-05-2017)

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Trabalhista. Salário profissional. Piso salarial fixado na Lei nº
4.950-A/66. Múltiplos do salário mínimo. Inexistência de
reajustes automáticos. Violação da Súmula Vinculante nº 4. Não
ocorrência. Precedentes. 1. A fixação da base de cálculo do piso
salarial em múltiplos do salário mínimo, nos termos da Lei nº
4.950-A/66, não configura ofensa à Súmula Vinculante nº 4, haja
vista a ausência de reajustes automáticos com base nesse
mesmo índice. 2. Agravo regimental não provido. (ARE 914780
AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, DJe-07-
03-2016)

DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL


EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO.
PISO SALARIAL. EXTENSÃO. ISONOMIA. SÚMULA
VINCULANTE Nº 37. VINCULAÇÃO. SALÁRIO MÍNIMO.
SÚMULA VINCULANTE Nº 4. 1. A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é firme no sentido da impossibilidade de o
Poder Judiciário, sob o fundamento da isonomia, aumentar

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RE 1077813 AGR / PR

vencimentos de servidores públicos. Incidência da Súmula


Vinculante nº 37. 2. O entendimento desta Corte é no sentido de
que o salário mínimo não pode ser usado como indexador de
base de cálculo de vantagem de servidor público ou de
empregado. Incidência da Súmula Vinculante nº 4. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento.
(AI 768938 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO,
Primeira Turma, DJe- 15-02-2016)

AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO.


AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA
DECISÃO AGRAVADA. INVIABILIDADE DO REGIMENTAL.
PISO SALARIAL DE CATEGORIA PROFISSIONAL. FIXAÇÃO
EM MÚLTIPLOS DE SALÁRIOS MÍNIMOS. INOCORRÊNCIA
DE DESCUMPRIMENTO DAS SÚMULAS VINCULANTES NS.
4 E 10 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DA MEDIDA
CAUTELAR NA ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL N. 53/PI. PRECEDENTES.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(Rcl 18356 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda
Turma, DJe-20-11-2014)

Registro, por relevante, que os precedentes que originaram a


Orientação Jurisprudencial nº 71 da SDI-2, em que alicerçada a decisão
recorrida, estão expressamente fundamentados no entendimento deste
Supremo Tribunal Federal manifestado no julgamento do RE 201297, 1ª
Turma, Relator Ministro Moreira Alves, DJ 05.29.1997, em que afirma: "...
a vedação da vinculação do salário mínimo contida na parte final do art. 7º, IV,
da Constituição não tem sentido absoluto, mas deve ser entendida como
vinculação de natureza econômica, para impedir que, com essa vinculação, se
impossibilite ou se dificulte o cumprimento da norma na fixação do salário
mínimo compatível com as necessidades aludidas nesse dispositivo, bem como na
concessão dos reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo."
Bem como ao julgamento do RE 170203, 1ª Turma, Relator Ministro
Ilmar Galvão, DJ 15.4.1994: "a vedação da vinculação do salário mínimo,

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Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 41 de 42

RE 1077813 AGR / PR

constante do inc. IV do art. 7º da Carta Federal, visa a impedir a utilização do


referido parâmetro como fator de indexação para obrigações sem conteúdo salarial
ou alimentar. Entretanto, não pode abranger as hipóteses em que o objeto da
prestação expressa em salários mínimos tem a finalidade de atender às mesmas
garantias que a parte inicial do inciso concede ao trabalhador e à sua família,
presumivelmente capazes de suprir as necessidades vitais básicas.".
É como voto.

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Extrato de Ata - 05/02/2019

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.077.813


PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
AGTE.(S) : ITAIPU BINACIONAL
ADV.(A/S) : RAPHAELA NEVES DE CAVALCANTI DOMINGUES (44479DF/DF) E
OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO PARANÁ -
SENGE/PR
ADV.(A/S) : ADRIANA FRAZÃO DA SILVA (31413/PR) E OUTRO(A/S)

Decisão: Após o voto do Ministro Marco Aurélio, Relator, que


negava provimento ao agravo, com imposição de multa, pediu vista
dos autos o Ministro Luiz Fux. Presidência do Ministro Alexandre
de Moraes. Primeira Turma, 11.9.2018.

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo,


com imposição de multa, nos termos do voto do Relator. Presidência
do Ministro Luiz Fux. Primeira Turma, 5.2.2019.

Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à Sessão os


Senhores Ministros Marco Aurélio, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso
e Alexandre de Moraes.

Subprocuradora-Geral da República, Dra. Cláudia Sampaio


Marques.

Cintia da Silva Gonçalves


Secretária da Turma

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