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SADC

HISTÓRIAS
DE SUCESSO DA
MOÇAMBIQUE
978-99968-448-5-0 ISBN
Visão SADC
A visão da SADC é a de um Futuro Comum, um futuro dentro de uma comunidade regional que irá garantir o
bem-estar económico, a melhoria dos padrões de vida e qualidade de vida, a liberdade e a justiça social, e paz e a
segurança para os povos da África Austral.
Mensagem do Presidente da CONSADC
Como membro da SADC, Moçambique trabalhou arduamente com vista aos seus objetivos comuns para benefício do
seu povo e dos povos na região. É importante que os nossos cidadãos compreendam como Moçambique beneficia da
integração regional bem como Moçambique contribui para o bem regional.
Esta brochura capta alguns dos muitos resultados reais na produção, energia, transportes, saúde, preservação, gestão de
catástrofes, recursos hídricos e comércio.
Por exemplo, ao contar a história do Corredor da Beira, reconhecemos que construir uma rede de infraestruturas que se
estende desde a Costa Leste da África Austral até ao extremo ocidental do continente é um dos objetivos principais das
prioridades de integração regional da SADC.
O Corredor da Beira é uma parte importante da história de sucesso da SADC, porque sem a instalação de uma
infraestrutura adequada, os empresários na região têm perspetivas limitadas. Adicionalmente ao Protocolo dos
Transportes, os líderes da comunidade aprovaram o Plano Principal do Desenvolvimento de uma Infraestrutura
Regional.
O progresso está em desenvolvimento. Em breve iremos assinar o Memorando de Entendimento revisto do Corredor
de Desenvolvimento da Beira, o qual integra a industrialização a par com a integração dos transportes e expande a
adesão do corredor para além dos membros fundadores de Moçambique e do Zimbábue para incluir a RDC, o Malauí e a
Zâmbia.
O Plano do Setor Energético de Moçambique (ESP) está alinhado com o Protocolo acerca da Energia da SADC e a região
avança em direção a uma autossustentabilidade no que se refere às necessidades energéticas. A nossa história da energia
ilustra como a SADC realizou passos significativos com vista a uma abordagem abrangente em termos de energia,
baseada no reconhecimento que o acesso à energia é essencial para a industrialização da região como um trampolim
para o crescimento económico e a minimização da pobreza. O plano de desenvolvimento industrial da SADC está a
começar a dar frutos com a criação de emprego por parte de novas fábricas. Mas os benefícios da integração regional não
são apenas nos transportes, comércio e infraestrutura. Houve igualmente um sucesso social significativo.
Os nossos esforços regionais e coletivos para enfrentar o VIH reconhecem que as pessoas na região são móveis e apenas
uma abordagem regional e integrada modificará as nossas metas relativas à saúde. Moçambique registou sucessos
significativos ao enfrentar e reduzir o VIH e continuamos a trabalhar em parceria com os nossos países vizinhos.
Os esforços da SADC para implementar sistemas de alerta precoces beneficiou a região costeira de Moçambique a qual
está particularmente em perigo de inundação dos rios e de um aumento dos níveis do mar devido ao aquecimento global.
Os esforços regionais na preservação são barreiras a demolir - literal e figurativamente. À medida que o Parque
Transfronteiriço do Grande Limpopo toma forma, as fronteiras entre a África do Sul e Moçambique estão a desvanecer-
se e em termos práticos está acontecer uma integração regional.
Não é apenas a preservação que beneficia do Protocolo acerca da Preservação da Vida Selvagem e da Aplicação da
Lei. De acordo com o Protocolo acerca do Desenvolvimento do Turismo, a SADC considerou uma prioridade trazer
mais turistas para a região o que, por sua vez, ajuda a assegurar que as comunidades locais beneficiem do turismo. O
Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo emprega milhares de moçambicanos como guardas-florestais, seguranças,
administradores e numa variedade de outras funções.
O nosso compromisso com os protocolos da SADC sublinha os verdadeiros impactos dos mesmos na região tal como
ilustrámos nesta edição de Histórias de Sucesso da SADC com os cidadãos de Moçambique a demonstrarem como
beneficiam da integração regional. A brochura e os produtos de multimédia que a suportam foram produzidos através
dos esforços de colaboração da Comissão Nacional de Moçambique da SADC (CONSADC), da frayintermedia e o
“Reforço das Ligações Nacionais-Regionais na SADC “ (SNRL), um programa de parceria entre a SADC e o Ministério
Federal Alemão para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento (BMZ). A contribuição alemã para o programa foi
implementada pelo Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação


José Condugua António Pacheco
Abril de 2018

i| intro
Mensagem do Secretário Executivo da SADC
Uando pela primeira vez embarcámos na iniciativa Histórias de Sucesso SADC em 2015, isso tinha a finalidade de
aumentar a visibilidade pública da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Então acreditávamos que a região não era suficientemente compreendida em termos do respetivo mandato, dos
programas, atividades e impactos. A resposta esmagadoramente positiva a essa primeira edição demonstrou que
estávamos certos na nossa avaliação.
A nossa decisão focou-se então em países individuais de modo que pudéssemos mostrar como a comunidade beneficia da
integração regional a nível nacional.
A história de Moçambique ilustra de forma adequada os desafios e o progresso feito no âmbito da região da SADC. É uma
história que confirma que a região tem infraestrutura suficiente para alargar as perspetivas dos empresários e oferece a
oportunidade para o comércio em toda a região.
Libertar estas fases de implementação prática são protocolos, acordos e planos importantes. Estes incluem, por exemplo,
o Protocolo acerca do Comércio, o Protocolo acerca dos Transportes e o Plano Principal do Desenvolvimento de
Infraestrutura Regional que promove o Corredor da Beira em Moçambique o qual posteriormente, por sua vez, beneficia
os países vizinhos sem litoral. Esta é uma das muitas histórias contadas nesta edição moçambicana das Histórias de
Sucesso SADC.
Moçambique era um participante crucial quando a SADC teve início em 1980, como a Conferência de Coordenação do
Desenvolvimento da África Austral (SADCC) em Lusaca, na Zâmbia. Desde então fizemos uma longa viagem. A partir
desta fundação sólida, foi feito um progresso significativo para reforçar a cooperação nas diversas áreas temáticas,
incluindo o desenvolvimento de instrumentos legais e os acordos institucionais para suporte do programa de integração
regional.
Como esta brochura evidencia, transformámo-nos lentamente numa comunidade coesa que coletivamente foi capaz de
melhorar a vida dos cidadãos.
Isto é em grande medida devido ao progresso na prossecução da agenda de integração regional. Desde a sua formação
os Estados-Membros da SADC assinaram 27 protocolos e diversas declarações, cartas e memorados de entendimento
referentes a diversas questões. Até esta data 24 destes protocolos já entraram em vigor. Apesar de existir ainda um
longo caminho a percorrer, acreditamos que estas e outras iniciativas melhoraram o nível de vida dos cidadãos da
SADC. Partilhamos objetivos comuns numa diversidade de questões incluindo o comércio, a exploração de minérios,
infraestruturas, género, água e saúde.
Todas estas questões asseguram que avançamos em direção à visão da SADC de um futuro comum que assegurará
um bem-estar económico, uma melhoria dos padrões de vida e na qualidade de vida, liberdade e justiça social e paz e
segurança para os povos da África Austral.
Agradecemos à República Federal Alemã através do Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ)
GmbH pelo seu apoio na recolha destas histórias importantes.

Dr. Stergomena Lawrence Tax


Secretária Executiva da SADC
Abril de 2018

intro |ii
1|conteúdo
conteúdo
Transportes: O Corredor da Beira atinge a maioridade 3
Energia: Gás, eletricidade e energia alternativa em Moçambique 8

VIH/SIDA: Sinais e sucesso na batalha contra o VIH/SIDA 13


Indústria: A agregação de valor leva à criação de novos postos de trabalho e
de novas exportações 18

Prevenção de catástrofes: Compensação dos sistemas de alerta precoce de 22


Moçambique

Preservação: A preservação funciona como vedações em parques 27

Comércio: Surgem pequenas empresas em Moçambique 34

As Histórias de Sucesso da SADC em Moçambique são co-publicadas pelo Secretariado da


Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Comissão Nacional da SADC
em Moçambique (CONSADC), e Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
(GIZ) GmbH em nome do Ministério Federal Alemão da Cooperação Económica e Desen-
volvimento (BMZ). O conteúdo da publicação não reflecte necessariamente as opiniões dos
autores ou co-editores.
 
A informação contida nesta publicação pode ser reproduzida, usada e partilhada para fins
de sensibilização com pleno reconhecimento dos co-editores. A publicação está disponível
em Inglês e Português.

conteúdo|2
O Corredor da Beira
atinge a maioridade
Uma das prioridades de integração regional da SADC é con-
struir uma rede de infraestruturas que se estenda desde a costa
leste da África Austral até ao extremo ocidental do continente.

O
s proprietário da Beira, ele pode testemunhar
de uma das mais os benefícios do corredor.
experientes “Vivo para os transportes”, disse Protocolo SADC acerca
empresas de ele. Continuando a conduzir dos Transportes,
transportes de Moçambique semirreboques diariamente, Comunicação e
em frente do seu gigante faz os trajectos do Malawi e Meteorologia
de 18 rodas. Victor Miguel do Zimbabwe e está a pensar
Os estados-membros
está optimista em relação ao futuramente em expandir para a pretendem estabelecer
crescimento do seu negócio. Zâmbia. sistemas de transportes,
“Não nos podemos referir à Beira O funcionamento adequado do comunicações e meteorologia
que ofereçam operações e
sem falar acerca do Corredor Porto e do Corredor da Beira é uma infraestrutura eficiente,
da Beira”, afirma o Sr. Miguel. crucial para Moçambique e para económica e totalmente
Como proprietário de uma a sua economia, especialmente integrada, os quais deem a

pequena empresa de transportes porque serve as necessidades


de cargas industriais sedeada no de países vizinhos sem acesso
movimentado porto da cidade ao mar, como a República

3| transportes
Democrática do Congo, o
Malawi, a Zâmbia e o Zimbabwe.
O Corredor da Beira é muito
mais do que uma estrada. O
Corredor da Beira é muito mais
do que uma via rodoviária.
O seu sucesso é resultado da
integração do porto, caminho-
de-ferro e autoestrada que ligam
outros estados-membros. É uma
parte importante da história de
sucesso da SADC, porque sem
a instalação de infra-estruturas
adequada, os empresários da
região teriam as suas perspectivas
limitadas. Em face a devastadora
seca causada pelo El Nino
sentida na região, transformou-
se na tábua de salvação para o Um trabalhador da segurança a trabalhar com tráfego
transporte de carga de ajuda
intenso na Beira
humanitária crítica para
comunidades em desespero no de investimentos internacionais. viva na qual vários órgãos
Malawi e no Zimbabwe. Como referido acima, a estrada funcionam simultaneamente”,
“O Acesso ao Porto continua N6 que liga o porto da Beira com afirmou ele. Cada órgão tem o
a ser um grande desafio, visto a fronteira de Moçambique com o seu papel ou tem uma função
que, o ponto de entrada a cidade Zimbabwe está neste momento a específica a qual de uma forma
da Beira é a mesma Porta de ser totalmente reabilitada. integrada contribui para o
entrada que os transportadores Os referidos investimentos são funcionamento saudável das
usam para o acesso ao fundamentais para os esforços várias economias nacionais.” Os
Porto, criando assim grande da SADC no que se refere à produtos que são transportados
congestionamento. Expandir melhoria de infra-estruturas. ao longo das estradas e das
a possibilidade de acesso Adicionalmente ao protocolo linhas férreas incluem o granito,
permitirá aos transportadores dos Transportes, os líderes da fertilizantes, madeira, cereais e
despenderem menos tempo e comunidade aprovaram um Plano sementes oleaginosas, tabaco,
aumento na eficiência do Porto, Principal do Desenvolvimento minérios - nomeadamente
bem como o melhoramento na de uma Infra-estrutura Regional. carvão e cobre - e gás natural
qualidade na mobilidade na O plano para 15 anos inclui condensado. Tudo isto é
cidade da Beira”, disse Augusto investimentos em infra-estruturas transportado através do
Ferro, Gestor de Projetos do de cerca de 500 mil milhões porto da Beira. Uma outra
Corredor Desenvolvimento de dólares em toda a região da mercadoria transportada ao
da Beira no Ministério dos SADC. Isto inclui o Corredor da longo deste trajecto e que é vital
Transportes e Comunicações, Beira onde já foram investidos para a economia regional é o
acrescentando que a infra- mais de 500 milhões de dólares ao combustível.
estrutura para facilitar o acesso longo da última década nas linhas Existe apenas um pipeline que
ao porto é uma das áreas em que férreas existentes ao longo do serve o Zimbabwe a partir do
mais investimentos necessita. mesmo. O Sr. Ferro destacou que porto da Beira, administrado
Investidores de todo o mundo o Corredor de Desenvolvimento conjuntamente pelos dois
depositaram suas esperanças é mais do que apenas objectos a governos. Mas a RDC, o Malawi
no crescimento contínuo da movimentarem-se ao longo de e a Zâmbia dependem em parte
economia moçambicana. O uma estrada ou de uma linha dos camiões e dos tanques que
Porto da Beira beneficiou da férrea. “Temos que encarar o distribuem combustível através
modernização como resultado corredor como uma estrutura do Corredor.

transportes|4
“Além do posto de abastecimento, dispomos de
um restaurante, uma loja de conveniência e um
parque de estacionamento para camiões. Podem
ser estacionados 150 camiões. Os parques oferecem
aos motoristas a possibilidade de tomarem banho,
lavar a roupa e comer. É muito importante para os
motoristas.” Rachel Magalhães
Diretora da Estação de Nkomazi, Dondo

Os Corredores de de novos proprietários de estacionamento e lavagem de


desenvolvimento constituem Postos de abastecimento de viaturas ligeiras e camiões”,
o ponto fulcral para iniciativas combustível e oficinas - uma explicou ela. “As nossas lojas de
de desenvolvimento regional. classe de empresários que conveniência incluem a pastelaria
Inicialmente, baseados em rotas até esta altura não existia em que produzimos na nossa própria
de transporte, os corredores são Moçambique. Estes postos padaria”. As várias necessidades
importantes para o alcance dos de combustível podem ser dos transportadores nacionais
objectivos económicos e políticos encontrados em todo o percurso e regionais também estiveram
da região, particularmente devido desde a Beira até à cidade na origem das indústrias de
ao facto de que quase metade fronteiriça do Machipanda. serviços de recauchutagem.
dos Estados membro da SADC Enquanto o número total de Dado que Moçambique é uma
serem do interior e requererem postos é difícil de calcular, economia em desenvolvimento,
ligações regionais eficientes de alguns proprietários estão a as pessoas são adeptas dos pneus
transporte para terem acesso ao preparar-se para uma situação recauchutados e até a cortarem
mar. O Corredor de Maputo em virtualmente desconhecida na as suas próprias peças. As peças
Moçambique é um exemplo líder Beira - fornecimento excessivo de sobressalentes, por vezes, têm de
pela sua implementação com combustível. “Estamos a crescer vir da África do Sul ou de outros
sucesso na região da SADC. rapidamente mas recentemente fornecedores internacionais,
O Corredor da Beira e outros houve uma diminuição das portanto está a crescer um
que ligam o país com os países receitas relativas ao combustível,” negócio local da indústria de
vizinhos representam um papel disse Rachel Magalhães. produção de peças sobressalentes.
importante no fortalecimento Ela é originária de uma “Estamos satisfeitos por notar
da economia da região. Os família que pretende gerir que a estratégia dos transportes
proprietários de empresas de uma cadeia de estações de nacionais de Moçambique
transportes de cargas referem serviço ao longo do corredor. é baseada, entre outras, na
que várias outras iniciativas de “A diminuição foi parcialmente necessidade de fornecer o acesso
acordo com os protocolos da compensada pelas actividades ao comércio e ao transporte aos
SADC melhorariam ainda a o paralelas que realizamos”, ela mercados globais para os países
desenvolvimento económico. estava a referir- se às suas vizinhos sem litoral através
As prioridades por eles actividades à saída de Maputo. dos portos e dos corredores de
mencionadas incluem a melhoria “Começámos na Matola e esta é Moçambique,” afirma Lovemore
do fluxo de tráfego e uma o nosso segundo Posto. É a mais Bingandadi, Consultor Principal
ação concreta para reduzir completa porque oferecemos do Secretariado SADC.
as barreiras não pautais. Até vários serviços que vão desde o “Isto melhora a segurança
este momento uma parte do fornecimento de gasolina, gasóleo nos transportes e as opções
sucesso tem sido o surgimento e óleos bem como restaurantes, concorrenciais para o Malawi, o

5| transportes
anos atrás. Viu desenvolverem-se
internamente várias empresas de
transportes que compreenderam
as necessidades dos negócios
locais e que promoveram um
grupo regional de empresários
qualificados. As mulheres e
os homens de negócios atuais
têm um alcance mais vasto
que os seus antecessores e
Locomotivas na Beira pensam em termos regionais e
até internacionais. São céleres
Zimbabwe, a RDC e a Zâmbia. Memorando de Entendimento do a explicar como os padrões de
No processo de construção Corredor de Desenvolvimento qualidade podem ser diferentes
de uma tal infraestrutura da Beira revisto, o qual foi de país para país e o modo como
e os serviços de logística e aprovado pelos ministros dos lidam com isso. Longe vai o
de transportes exigidos, o transportes da SADC em 2016. tempo em que o combustível era
desenvolvimento espacial é O memorando revisto integra a transportado por camiões através
catalisado ao longo do corredor, industrialização conjuntamente de Moçambique por empresas
beneficiando as comunidades com a integração do transporte estrangeiras. Há agora uma vaga
locais,” afirmou o Sr. Bingandadi. e expande a adesão ao corredor de histórias de sucesso todas elas
“É uma situação vantajosa para para além dos membros ligadas à intervenção da SADC
Moçambique e para os seus fundadores de Moçambique e e ao efeito do planeamento de
países vizinhos.” O Sr. Bingandadi Zimbabwe para incluir a RDC, o integração regional. E pouco
descreveu-o como a essência da Malawi e a Zâmbia. Moçambique estão mais cientes disso do
integração regional, o qual seria mudou consideravelmente em que Rachel Magalhães e Victor
marcado com a assinatura do relação ao país que era há vinte Miguel.

transportes |6
7| energia

Fogões Poupa Lenha para venda na Beira


Gás, eletricidade e
energia alternativa
em Moçambique
Moçambique está a transformar-se rapidamente para se
tornar autossustentável em todas as suas necessidades en-
ergéticas. A descoberta do gás no norte do país terá efeitos
positivos em toda a região da SADC.

Protocolo SADC acerca da Energia


Os estados-membros esforçam-se para harmonizar as políticas energéticas regionais e nacionais,
as estratégias e programas em matérias de interesse comum baseados na equidade, no equilíbrio
e no benefício mútuo. Colaboram no desenvolvimento da energia e no agrupamento de recursos
energéticos para assegurar a segurança e a fiabilidade do fornecimento de energia e a minimização
dos custos. O protocolo também exorta à cooperação na investigação, desenvolvimento, adaptação,
disseminação e transferência das tecnologias de energia de baixo custo.

O
s moçambicanos afirmou ele. A descoberta é energética, acesso aos serviços
que se reuniram no um dos campos de gás natural energéticos modernos e atingir
Desfile do Dia da mais significativos que foram o investimento financeiro e a
Vitória em agosto descobertos nos últimos 10 anos sustentabilidade ambiental.
de 2016 não tinham qualquer e trará um benefício significativo Coletivamente, estes fatores
dúvida que a descoberta recente a Moçambique. Já apoiou os contribuem para o objetivo
de gás no norte do país deles esforços para o fornecimento energético da SADC de
estava a criar uma nova vaga de eletricidade uma vez que as atingir serviços energéticos
de receitas e de energia para empresas e o governo conjugam ambientalmente sustentáveis
toda a região da SADC. O as suas competências e as suas adequados, fiáveis, com o
habitante de Maputo Celso estratégias para facilitar o mais baixo custo com vista ao
Ernesto, de 24 anos de idade, desenvolvimento do país. Os crescimento económico e à
explicou como eram importantes investidores comprometeram-se erradicação da pobreza. Um dos
os novos recursos para o país a assinar acordos com o Governo primeiros projetos relacionados
dele. “O gás natural tem mais moçambicano para a exploração com o gás foi o Rompco, uma
influência na zona urbana dos recursos naturais, o que é joint-venture da Sasol, iGas e
porque as pessoas aqui usam um desenvolvimento interessante Companhia Moçambicana de
gás em garrafas para cozinhar. para a SADC como um todo. O Gasoduto. A joint-venture opera
Graças ao desenvolvimento desenvolvimento do gás faz o pipeline de gás transfronteiriço
posterior dos projetos Anadarko parte do Plano do Setor de 865 quilómetros que liga os
na zona do Rovuma, penso que Energético (ESP) destinado campos de gás Pande e Temane
o gás irá estender-se a todas as a abordar quatro objetivos em Moçambique às operações da
cidades e à população rural,” estratégicos principais: segurança Sasol na África do Sul.

energia |8
Já se encontra na sua segunda uma habitante de Maputo. energético regional e (Rompco)
fase no que é conhecido como Existe uma ligação direta entre representa um marco importante
o projeto Loop 2, que anuncia o Protocolo da SADC acerca da no desenvolvimento adicional
maiores fluxos de gás entre Energia e o movimento da região dos recursos naturais o que irá
Moçambique e a África do Sul. com vista à autossustentabilidade beneficiar significativamente
Num outro consórcio, a Empresa em termos de necessidades a África Austral,” disse ele. A
Nacional de Hidrocarbonetos, energéticas. O protocolo foi descoberta do gás no norte
E.P. (ENH), a empresa nacional orientado pelos princípios da de Moçambique tem um
de gás e petróleo de Moçambique utilização da energia para apoiar resultado secundário e menos
e um consórcio do setor privado o crescimento económico e o conhecido: Os ambientalistas
moçambicano colaboram com desenvolvimento, minimizar afirmam que este terá um efeito
parceiros da África do Sul e da a pobreza e promover a positivo e considerável nas
China. A ideia é ter condutas de autossuficiência entre os estados- florestas moçambicanas que
gás desde os campos do Rovuma membros. Um dos parceiros estão atualmente a ser cortadas
por mais de 2600 quilómetros internacionais de Moçambique para serem usadas como lenha
até Joanesburgo. No terreno as no acesso aos respetivos recursos neste país a ser rapidamente
alteração já estão a ser notadas naturais é a Sasol, uma empresa urbanizado. A SADC deu passos
pelos cidadãos que vivem em química e de energia da África do significativos com vista a uma
ambos os países. Sul que é acionista no projeto abordagem
“A energia é boa no nosso país, Rompco. O anterior CEO da abrangente acerca da energia
a água também é boa. O gás, sim, Sasol David Constable realçou baseada no reconhecimento que
está a chegar e nós queremo- o papel de moçambique como o acesso à energia é essencial
lo para nos ajudar a fornecer um líder no setor da energia na para a industrialização de uma
diretamente as cidades. Ainda região. “A indústria moçambicana região como um trampolim
não chegou mas está quase a do gás está a ter um papel cada para o crescimento económico
chegar,” afirmou Cândida Simeão, vez mais importante no cenário e a minimização da pobreza.

9| energia
“O fogão Poupa Lenha veio mudar a minha vida.
Não preciso de muita lenha para cozinhar, um
pouco de carvão e os fogões a lenha resolvem tudo.
Não tenho dinheiro todos os dias para comprar
carvão portanto este faz uma grande diferença.”
Txonia
Beneficiária do Poupa Lenha em Nhangau

Atualmente Moçambique partilha Este é o tipo de iniciativa que


o seu excesso de eletricidade a liderança da SADC tinha em
com os países vizinhos através mente quando elaborou o Plano
do Grupo de Energia da África de Desenvolvimento Estratégico
Austral. O SAAP foi criado Indicativo Regional (RISDP). O
com o objetivo principal de princípio do fornecimento de
prestar um fornecimento de soluções locais com parcerias
eletricidade económico e fiável conjuntas já está a ter resultados.
aos consumidores de cada A região da SADC está a criar
um dos membros do SAPP. um ambiente favorável através do
Os membros do SAPP estão fornecimento dos requisitos de
a criar um mercado comum em Nhangau, nos arredores da infraestruturas até 2027 de modo
para a eletricidade na região Beira, através de uma organização a facilitar um desenvolvimento e
da SADC que proporciona aos de desenvolvimento local LEDA uma integração socioeconómica
respetivos clientes um melhor que tem a aprovação do Governo regional sustentável no âmbito
acesso às fontes de energia. moçambicano e o apoio de uma da Visão de Infraestruturas 2027
Enquanto as autoridades série de parceiros internacionais. da SADC. Enquanto os objetivos
continuam a trabalhar nos O fogão Poupa Lenha é feito propostos são ambiciosos,
futuros sistemas de fontes de em barro que é depois cozido a região tem o potencial
energia da SADC, no terreno em fornos tradicionais e de suster os requisitos de
as pessoas estão a descobrir as endurecido. Estes fogões usam desenvolvimento previstos através
suas próprias soluções para o muito pouco carvão ou lenha de um compromisso e de uma
presente. Várias iniciativas em comparativamente com os colaboração contínua. Mas tudo
Moçambique estão a ajudar a grelhadores utilizados agora em isto faz parte de uma estratégia
colmatar as lacunas daqueles que Moçambique. “A introdução desta integrada - desde o Plano de
necessitam de eletricidade ou de tecnologia nesta comunidade Integração do Setor Energético
alguma forma de aquecimento trouxe ganhos no gasto do carvão de Moçambique até aos esforços
e de iluminação neste preciso e da lenha usada para cozinhar regionais como o SAPP até ao
momento. Uma solução nas famílias,” afirmou o ativista da Protocolo Energético - que levam
indígena combina o know-how comunidade Vengai Rufu. “Uma a energia à região. E isso são boas
de países desenvolvidos e em pequena quantidade de lenha já é notícias para os cidadãos em
desenvolvimento, são os fogões suficiente para cozinhar para toda Moçambique e para toda a região
“Poupa Lenha”. Fabricados a família.” da SADC.

energia |10
11| energia
“A introdução desta
tecnologia nesta
comunidade trouxe
ganhos no gasto do
carvão e da lenha
usada para cozinhar
nas famílias.”
Vengai Rufu
Ativista da Comunidade

energia |12
Sinais de
sucesso na
batalha
contra o
VIH/SIDA
Os compromissos a nível regional da SADC
para o combate ao VIH e à SIDA estão a dar
frutos a nível local.

A
Sinais e sucesso na batalha contra o
Região da SADC é o estados-membros ao VIH e VIH/SIDA
epicentro da epidemia à SIDA nomeadamente para
1999 Protocolo da SADC
global de VIH. A impedir e começar a reverter a acerca da Saúde
região reconheceu o propagação do VIH e da SIDA Declaração de Abuja
impacto negativo do VIH e da até 2015 e para obter o acesso 2001
sobre o VIH e a SIDA
SIDA no desenvolvimento social universal ao tratamento do
e económico da região e acorda VIH e da SIDA para todos que Declaração de Maseru
2003
sobre o VIH e a SIDA
em responder de forma conjunta necessitem do mesmo. Prevenir
e enérgica aos desafios colocados novas infeções foi a prioridade Declaração de Abuja
2006 sobre a TB e outras
pela epidemia. Com esta principal e era expectável que os
doenças contagiosas
finalidade, a região concorda em Estados-Membros reduzissem a
abordar o VIH e a SIDA através taxa de novas infeções em 2015 2006 Acesso Universal à
prevenção, tratamento,
de vários compromissos globais a em 50%. Para os moçambicanos cuidados e apoio no
nível regional e continental (ver como Olga Alexandra, o impacto que se refere ao VIH e
caixa.) O Quadro Estratégico destes esforços foi tangível. A à SIDA, Declaração de
do VIH e da SIDA 2010-1015 Sra. Alexandra sobreviveu a uma Compromisso da ONU
é orientado pela visão de um tragédia nacional apenas para 2009 A SADC aprova o Quadro
futuro comum sem qualquer descobrir que era seropositiva. Estratégico do VIH e da
ameaça do VIH e da SIDA Mas o compromisso de SIDA 2010-2015
para a saúde pública e para um Moçambique no âmbito da SADC Metas de
2015
desenvolvimento socioeconómico para lidar com o VIH e a SIDA Desenvolvimento
sustentável na SADC. O quadro significa que ela não só está a Sustentável das Nações
regional orienta a resposta dos ultrapassar grandes desafios mas Unidas (SDGs)

13| VIH/SIDA
Olga Alexandra e os netos dela
está a prosperar. TA avó de 57 infeções por VIH tanto entre as Protocolo da SADC acerca da
Saúde
anos de idade vive no bairro de crianças como entre os adultos,
Chiango em Maputo com cinco apesar do declínio ser muito mais Os estados-membros irão cooperar na
filhos e dois netos. “Cheguei a esta pronunciado entre as crianças,”, abordagem dos problemas de saúde e dos
desafios para os enfrentar através de uma
zona em 2009 depois do acidente afirmou ele. As novas infeções
colaboração regional efetiva e do apoio
em 2007. Desde 2015 que sou a por VIH sofreram uma redução mútuo para alcançar os seguintes objetivos:
responsável de dez casas neste de 130.000 em 2010 para 81.000
bairro,” diz a Sra. Alexandra, que em 2015 afirma a UNAIDS. Além • dentificar, promover, coordenar e apoiar
aquelas atividades que têm o potencial
ficou ferida quando um antigo disso, a cobertura da prevenção para melhorar a saúde da população na
arsenal de armas explodiu nos da transmissão mãe-para-filho região
arredores de Maputo em Março aumentou significativamente.
• Coordenar os esforços a nível regional
de 2007. É uma das centenas de Catorze estados-membros acerca da preparação para a epidemia,
mulheres que foram deslocadas fornecem cobertura a mais de a prevenção do mapeamento, o controlo
para zonas seguras que oferecem 60% dos cidadãos que vivem e sempre que possível a erradicação de
doenças contagiosas e não contagiosas
proteção a pessoas seropositivas. com o VIH de acordo com o
“As pessoas que foram realojadas Relatório da Epidemia VIH • Promover e coordenar o desenvolvimento,
e nomeadamente as mães e SADC 2016.Moçambique estimou educação, formação e a utilização efetiva
do pessoal e das instalações de saúde
os jovens órfãos no início 1,5 milhões de pessoas a viverem
começaram a receber apoio com o VIH em 2015 com uma • Facilitar o estabelecimento de um
da Associação Reunion que taxa de prevalência de 115% mecanismo para o encaminhamento dos
pacientes para cuidados terciários
distribuía alimentos,” disse ela. entre os adultos com idades
Adicionalmente, a Sra. Alexandra compreendidas entre os 15 e os 49 • Fomentar a cooperação e a coordenação
apoia a família dela através da anos. O país tem uma estimativa no setor da saúde com organizações
compra e venda de produtos de 110.000 crianças com 14 anos internacionais e parceiros de cooperação

alimentares. A região da SADC e mais novas a viverem com VIH • Promover e coordenar os serviços de
fez enormes progressos na com mais 590.000 que são órfãos laboratório no setor da saúde
resposta à epidemia do VIH e da devido à epidemia. Em resposta,
• Desenvolver estratégias comuns para
SIDA, “ afirma o Dr. Alphonse o país desenvolveu políticas, abordar as necessidades das mulheres,
Mulumba, Funcionário Superior estratégias e planos que, entre os crianças e outros grupos vulneráveis
Responsável do Programa VIH e vários objetivos, têm a finalidade
• Alcançar progressivamente a equivalência,
SIDA no Secretariado da SADC. de contribuir para dar resposta a harmonização e a uniformização na
“Os esforços de prevenção à pandemia do VIH e da SIDA e prestação de serviços de saúde na região
do VIH começaram a gerar aumentar a consciencialização.
• Colaborar e cooperar com outros setores
resultados positivos com uma E parece estar a funcionar em
relevantes da SADC
declínio significativo nas novas muitas partes do país.

VIH/SIDA|14
Moçambique definiu metas
ambiciosas no que se refere à
redução da Transmissão mãe-
filho do VIH e da SIDAe focou-
se nas mulheres que sofrem as
consequências dos casos no
país e que são infetadas em
idade muito jovem. As mulheres
jovens entre os 15 e os 24 anos
são particularmente vulneráveis
a serem infetadas devido a
fatores económicos e sociais
e por razões biológicas. As
mulheres estão menos informadas
acerca da prevenção do VIH
e por conseguinte com menos
possibilidades de insistirem no
sexo seguro. Elas também têm
maior probabilidade de terem
parceiros sexuais mais velhos
que já se encontram infetados.
As iniciativas de prevenção do
VIH em Moçambique também
deram prioridade aos migrantes
e às populações itinerantes e à
integração da prevenção na saúde
reprodutiva e infantil. Desde
2000 que houve uma importante
melhoria no financiamento dos
programas nacionais de VIH
e SIDA: Isto transformou as
oportunidades para a expansão
dos programas. Através de

15| VIH/SIDA
“Com os motoristas de camiões, não é tão fácil
como trabalhar com as raparigas porque estes
estão sempre a deslocar-se de um lado para o
outro. Não é fácil aproximar-nos de um deles,
fazer-lhe análises e obter resultados.”
Sebastiana Cumbe
Supervisora do Apoio ao Doente dos Médicos Sem Fronteiras, Beira

campanhas de sensibilização Fronteiras (MSF), Sebastiana o seu compromisso na luta


do público, Moçambique Cumbe afirma que o programa contra o VIH e a SIDA no
obteve sucesso na redução da está a evidenciar resultados país. Em 2015, o novo Plano
transmissão mãe-filho para um positivos. “Ao conjugar as duas Estratégico Nacional para uma
número inferior a um em cada estratégias da análise e do Resposta Multissetorial ao VIH
20 recém-nascidos. Mais de 90% tratamento além da formação e à SIDA foi aprovado, ou o
dos moçambicanos que vivem proporcionada às mulheres, que é conhecido como o PEN
com VIH e com SIDA são agora a situação está a melhorar. IV. Isto está em paralelo com o
abrangidos por alguma forma As raparigas não estão a ficar compromisso de Moçambique
de tratamento além dos ARVs, infetadas,” afirmou ela. “E com para desenvolver políticas
de acordo com a UNAIDS. Em todo o trabalho que fazemos nacionais acerca do VIH e
2013, o Ministério da Saúde com os motoristas de camiões e da SIDA em paralelo com as
deu início ao acesso universal com os profissionais do sexo... estruturas regionais. A Sra.
para todas as crianças com Acredito que os bons resultados Alexandra, que fala abertamente
idade inferior a 5 anos e que estão a chegar.” Os camionistas do seu estado, aprecia o
se encontrassem infetadas. No são desde há muito tempo progresso do país e incentiva os
final do ano, 36% das crianças associados com a expansão do seus pares a fazerem análises.
elegíveis receberam tratamento. VIH em toda a África Austral. “A parte mais importante é o
Em 2014, quase metade estavam A Sra. Cumbe explica que o modo como cada um recebe
a ser tratadas e a tendência maior desafio que têm é que a mensagem e como procura
positiva continua. Globalmente, os camionistas se deslocam tratamento. É necessário ter
Moçambique reduziu as novas por toda a região. “Emitimos coragem para enfrentar a
infeções, que são agora em documentos de transferência de doença,” afirma ela. “Com
média de 440 por dia e melhorou modo a que possam ser tratados tantos hospitais em todo o país
a qualidade de vida das pessoas quando regressam a casa. Mas é mais fácil obter tratamento
que vivem com o VIH. Também o acompanhamento é muito e antirretrovirais.” Ela tem
implementou projetos de difícil porque estes podem grandes planos para o futuro.
tratamento e de cuidados, os deslocar-se muito e fazer trajetos Comprou algumas patas e estas
quais reduziram a mortalidade diferentes.” No seguimento da puseram ovos. “Aqui no meu
por SIDA para 20% em 2014. Na implementação de plataformas quintal crio patos e estou a fazer
Beira, a Supervisora do Apoio de orientação estratégica, o economias para construir uma
ao Doente dos Médicos Sem Governo renovou recentemente capoeira grande.”

VIH/SIDA |16
17| indústria
A agregação de valor
leva à criação de novos
postos de trabalho e de
novas exportações
A criação de emprego por parte de novas fábricas e um plano para
desenvolver o setor de produção de Moçambique são sinais que o plano
de desenvolvimento industrial da SADC está a começar a dar frutos.

A
decisão de construir uma suas competências para Moçambique,
fábrica de pós-produção de definindo um exemplo para toda a
alumínio em Moçambique região. Em Moçambique, o Governo
junto à fundição Mozal levou e a Midal assinaram um acordo
a um sucesso notável do investimento. para localizar níveis de qualificação
Desde 1998, a Mozal recebeu bauxite superiores. Assim sendo, alguns dos
pura que era fundida em lingotes de primeiros técnicos que receberam
alumínio antes de ser exportada para formação no Barém estão neste
fora de África. Desde a sua construção momento em posições de supervisão
em 2014 , a Midal , um projeto de e partilham as suas competências e o
beneficiação junto à Mozal, começou know-how com os trabalhadores em
a receber 10% dos lingotes produzidos Moçambique. De pé, no meio da maior
pela Mozal, os quais eram fundidos em instalação de produção de cabos e fios
produtos de alumínio para venda em da Midal, Orlando Marques, o diretor de
toda a África. Isso porque a Midal - marketing da mesma, afirmou que está a
que está sedeada no Estado do Golfo, olhar para o futuro. “A primeira fase do
o Barém e que tem operações em todo produto foi apenas observar como é que
o mundo - selecionou Moçambique as linhas de produção de comportavam
como uma porta de entrada para e também para interagir com as
África e começou a produção de máquinas. Procurávamos um controlo
barras de alumínio, fios e condutores de qualidade básico e depois adquirimos
em 2014 para os mercados de África mais experiência. Conseguimos
e da Europa. A nova fábrica Midal comercializar os nossos produtos tanto
emprega diretamente moçambicanos internacionalmente como localmente e
que foram enviados para o Barém para agora a nossa fábrica trabalha 24 horas
receberem formação inicial. Alfredo por dia para dar resposta à procura, “
Mário foi um dos primeiros a trazer as relembrou ele.

indústria |18
“Sim, sentimos isso desde que começámos,
sentimos o crescimento porque na primeira
fase, na fase de arranque, a nossa produção
era apenas para verificar como é que as
linhas se comportavam.”
Alfredo Mario
Trabalhador da fábrica de alumínio, Midal

Se considerarmos o efeito da todos os países da SADC irão


Midal no mercado de trabalho crescer a médio e a longo prazo,”
local, foram criados mais de mil afirmou ele. “E isso reforça a
postos de trabalho. nossa posição estratégica em
“Indiretamente estamos a Moçambique.”
falar acerca dos serviços de Uma tal perceção positiva
segurança, catering, limpeza, do ambiente económico em
transportes e fornecedores dos Moçambique e na região é em
vários serviços de manutenção parte devido ao Protocolo da
industrial, fornecedores de SADC acerca das Finanças
paletes,” afirmou o Sr. Marques. e do Investimento. Uma das
“Fazendo parte da SADC é um
Estratégia de
benefício óbvio,” acrescentou Industrialização e Quadro de
ele. “Comercializamos os nossos Referência da SADC
produtos numa base livre de
A orientação principal da estratégia é
impostos em toda a SADC e
a necessidade de uma transformação
temos um grande mercado na estrutural da região da SADC por meio
região para os nossos produtos. da industrialização, modernização,
Depois há o mercado sul- atualização e de uma integração
regional mais próxima. O impulso
africano que por si só é muito estratégico tem de mudar da
grande. Também vendemos para dependência dos recursos e a mão-
o Zimbábue, Zâmbia, África de-obra barata para um investimento
do Sul, Namíbia (e) Botsuana. crescente e uma produtividade
aperfeiçoada tanto no que se refere à
Tem corrido tudo com muito mão-de-obra como ao capital.
sucesso.” “Acreditamos que

19| indústria
Instalações da Fábrica Midal, Matola
nossas metas é melhorar o
clima de investimento em cada
estado-membro e para catalisar
os fluxos de investimento
intrarregional e estrangeiro. Ao
mesmo tempo, autoriza todos os
membros a
Melhorar a gestão económica
e o desempenho através
da cooperação regional. A
Midal também beneficia das
iniciativas regionais que dão
prioridade à industrialização e
ao crescimento. O fornecimento
de energia para alimentar a
região, por exemplo, é um
objetivo essencial do Plano de
Desenvolvimento Estratégico sua vida baseado na localização fábrica local tendo em mente que
Indicativo Regional (RISDP), estratégica de Moçambique e a região tem um vasto potencial
afirmou o Sr. Marques, do seu compromisso para a de crescimento. A nova fábrica,
enquanto que a recente ênfase implementação de iniciativas que ficará concluída em menos
acerca da energia entusiasmou da SADC que beneficiam toda de dois
tanto os investidores como os a região. A Midal investiu mais anos, é provável que venha a
trabalhadores da Midal. Alfredo de quinhentos mil milhões ser uma fonte de emprego para
Mário encarou a mudança da de dólares americanos na sua centenas de moçambicanos.

indústria |20
“Temos visto um
enorme conjunto de
projetos relacionados
que irão crescer
e acontecer nos
próximos dois, três,
quatro, dez anos.”
Orlando Marques
Diretor Geral de Marketing, Midal

21| indústria
Projeto de reabilitação do estuário da Beira

Compensação dos sistemas de


alerta precoce de Moçambique
As zonas costeiras em Moçambique estão particularmente em perigo devido às
inundações dos rios e ao aumento do nível do mar em consequência do aquecimento
global mas a SADC tomou medidas para minimizar o efeito através de um sistema de
alerta precoce.

M
oçambique é e repentinas. Uma diversidade
propenso a ciclones de iniciativas regionais trata da
e a grandes necessidade de fazer a gestão das Protocolo acerca da
inundações com inundações e das emergências Cooperação na Política,
Defesa e Segurança
rios grandes e poderosos que relacionadas com as mesmas
correm para o Oceano Índico na região da SADC. Quando A parte do protocolo relacionada
com planícies de centenas chove nos planaltos de Angola, com a Redução do Risco de
Catástrofe encoraja os estados-
de quilómetros. O corte da por exemplo, e as chuvas fluem
membros a “melhorar a capacidade
vegetação para plantar culturas para rios como o Zambeze até regional no que se refere à gestão
e a construção de casas teve um Moçambique, uma série de alertas de catástrofes e à coordenação do
apoio humanitário internacional”.
impacto negativo na capacidade ao longo do trajeto permitem que
do meio ambiente de absorver os moçambicanos se desloquem
o choque de chuvas abundantes para terras mais altas.

prevenção de catástrofes |22


Agricultor do rio Matola, Orlando Silvestre

O sistema de alerta precoce são elevados na barragem a sabe que no rio a montante há
permitiu uma sensibilização maior montante do rio, a Cufera, homens e mulheres como ele que
dos responsáveis e dos cidadãos portanto quando eles abrem neste momento estão a contar
ao longo dos rios na região o que as comportas retiramos as com a informação dos que se
é fundamental para a partilha nossas colheitas para reduzir os encontram a jusante. Este sistema
de informação. Os responsáveis prejuízos,” afirmou o Sr. Silvestre. de alerta precoce foi instituído
da SADC comunicam as Quando se refere a “eles” está a de acordo com os termos do
respetivas mensagens ao longo da referir-se aos responsáveis que Protocolo de Cooperação acerca
região, Moçambique tem assim estão a trabalhar sob a alçada da Política, Defesa e Segurança
possibilidade de tomar as medidas do Instituto Nacional de Gestão assinado pelos líderes da SADC
diretas e concertadas que têm de Catástrofes (INGC), o qual em 2001. Os esforços da região
permitido um sucesso notável. coordena o sistema de alerta foram renovados após grandes
A experiência de um grupo de precoce descentralizado em inundações que obrigaram
agricultores a viverem na zona Moçambique. O país, tem, por à deslocação de mais de um
rural a sul de Maputo confirma exemplo, estabelecidas comissões milhão de pessoas na África
a eficácia da implementação locais formadas de gestão de Austral em 2007, resultando na
dos esforços regionais em risco de catástrofes e desenvolveu formação de um Departamento de
Moçambique. O agricultor as respetivas capacidades. As Redução do Risco de Catástrofes
Orlando Silvestre tem visto muitas pessoas que vivem ao longo do rio no Secretariado da SADC. O
inundações ao longo dos seus não só beneficiam da informação departamento é responsável pela
muitos anos de trabalho na terra do INGC mas também partilham coordenação dos preparativos a
e ao longo do rio Matola e diz que ativamente esta informação. nível regional e pelos programas
as pessoas estão atentas ao nível “Recebo os meus avisos de de resposta a riscos e catástrofes
das chuvas. “Existem avisos que emergência de inundação através transfronteiriças. Ao longo
eles dão às pessoas, para aqueles do Twitter, Facebook e da rádio,” da Costa na Beira, o efeito da
que têm a sua habitação aqui afirmou o Sr. Silvestre. “Prefiro a inundação do rio e as tempestades
de modo a que possam retirar rádio, mas todos aqui,” disse ele no litoral estão a tornar-se
as respetivas bombas, tratores e apontando para as casas próximas, cada vez piores. Aqui o nível
colocá-los num lugar seguro. E “recebem do mar subiu e a violência das
também nos advertem quando os as notícias e transmitem-nas tempestades
volumes aos outros.” O Sr. Silvestre provocaram a erosão da praia e

23|prevenção de catástrofes
“Dado que a Beira é muito
plana e tem uma tão grande
variedade de marés, isso
em conjunto com chuva
intensa pode dar origem a
uma inundação e a vida
fica muito complicada para
os habitantes de casas
de baixo custo em zonas
baixas.”
David Rowe
Engenheiro interno, Trabalhos de Reabilitação da
Drenagem do rio Chiveve na cidade da Beira

o bater das ondas nos edifícios,


os quais, há uma década atrás,
estavam a mais de cem metros da
costa. Está em curso um extensivo
projeto de renovação da costa
para a reconstrução dos mangais
e dos pântanos que protegiam o
porto do pior que a mãe natureza
podia atirar contra as pessoas
que vivem na zona. Estes esforços
fazem parte das temáticas mais
importantes estabelecidas pela
SADC no sentido da gestão
dos riscos de catástrofe e para a
adaptação a uma rápida alteração
climática. David Rowe é um Projeto do Estuário da Beia, entrada da baía
engenheiro interno dos trabalhos
de reabilitação da drenagem do
rio Chiveve na cidade da Beira
e dedicou muitos anos a estudar
esta problemática. “A Beira é uma
cidade plana com dois sistemas
de drenagem, um para as águas
pluviais e outro para os sistemas
de esgotos,” afirmou ele. “No
porto, existe a questão das marés.”
A cidade costeira tem uma
das maiores diversidades de
marés em toda a costa leste

prevenção de catástrofes |24


africana. Durante as marés da
primavera, a diferença de nível
é de aproximadamente oito
metros. As vilas e as cidades
como a Beira - e o respetivo
enorme risco de inundação -
beneficiam nomeadamente dos
esforços regionais de gestão do
risco de catástrofe da SADC.
Atualmente cada pequena aldeia
ao longo dos sistemas fluviais de
Moçambique, está ligada através
dos meios de comunicação
social e dos telemóveis, bem
como através das emissões de
rádio e de televisão. Uma ação
concertada em Moçambique é
reforçada pelo Departamento de
Redução do Risco de Catástrofe
no Secretariado da SADC.
Revolucionou o planeamento
em relação às inundações e a
outras catástrofes naturais. O
departamento realiza reuniões
anuais antes da época das
chuvas para assegurar que os
planos regionais e nacionais
estão implementados e
atualizados. A resposta a uma
catástrofe como inundações
está também relacionada com
a saúde. “Geralmente depois de
inundações aparecem doenças
diarreicas,” afirmou o agricultor
Orlando Silvestre. “Portanto, o
Ministério da Saúde... tem uma
equipa que viaja para aqui de
helicóptero e também de barco. as inundações é altamente uma ação concertada em termos
O INGC também disponibiliza avançado. “Vimos muitas coisas de prontidão e de preparação
barcos para as crianças que estão melhorarem no que se refere para lidar com catástrofes e
na outra margem,” afirmou ele, à gestão de catástrofes,” afirmou com eventos meteorológicos
apontando para a outra margem Paulo Selemane, diretor rigorosos,” afirmou ele. Os
do rio Matola, “porque a escola do Departamento de obras estados-membros estão a
é lá. Beneficiamos muitas vezes Públicas de Moçambique. O partilhar informação acerca dos
e sentimo-nos felizes com isso, Sr. Selemane afirmou que a eventos meteorológicos rigorosos
e o apoio de facto ajudou.” Os alteração climática originou além-fronteiras, permitindo
responsáveis no terreno em uma reavaliação das medidas assim às respetivas autoridades
Moçambique estão a construir de resposta por parte da SADC. o tempo necessário para se
a sua experiência ao longo dos “Isto criou o desenvolvimento prepararem e para advertirem
últimos dez anos e dizem que o das relações entre os países os cidadãos que possam estar
plano de contingência nacional vizinhos. Atualmente existe uma na zona sujeita aos risco de
para lidar com a seca e com base muito boa que permite catástrofe.

25| prevenção de catástrofes


“Atualmente existe uma base muito boa que
permite uma ação concertada em termos de
prontidão e de preparação para lidar com
catástrofes e com eventos meteorológicos
rigorosos.” Paulo Selemane
Diretor de Obras Públicas de Moçambique, Maputo

prevenção de catástrofes |26


A preservação
funciona como
vedações em parques
Não é muito comum que os países retirem as vedações, mas isso é
precisamente o que aconteceu na fronteira entre a África do Sul e
Moçambique à medida que o Parque Transfronteiriço ia tomando
forma.

E
stá um dia frio em impressionante casa na vila a receber os
Massingir, na fronteira sul convidados. O Sr. Ringane tem um papel
do Parque Transfronteiriço importante a desempenhar no Parque
do Grande Limpopo perto Transfronteiriço do Grande Limpopo.
da Barragem de Massingir. O parque Como líder da comunidade Macavene,
transfronteiriço foi criado em 2002, ele convenceu os aldeões que
ligando o Parque Nacional Kruger representa a deslocarem-se das suas
na África do Sul, o Parque Nacional terras ancestrais dentro do Parque para
Gonarezhou no Zimbábue e o Parque uma zona protegida recentemente criada
Nacional Limpopo em Moçambique. pelo Governo moçambicano. “Temos
O perímetro ocidental das fronteiras falta de água”, disse o Sr. Ringane “mas
do Parque Nacional Limpopo tem pelo menos agora temos esta bomba
fronteiras na África do Sul e depois especial e estas condutas,” disse ele à
estende-se na direção norte-sul durante medida que apontava para os materiais
cerca de 200 quilómetros. No norte que estavam ali junto. “A seca tornou
confina com a fronteira do Zimbábue. O isto ainda mais difícil.” Uma das piores
grande rio Limpopo corre ao longo da secas de que há memória deixou as suas
fronteira leste enquanto o rio Olifants marcas na região da SADC. Quatro
e a barragem de Massingir formam anos de tempo seco criaram dificuldades
a fronteira a sul. É uma barragem graves para os cidadãos, apesar da
que faz a irrigação dos campos junto aceleração das medidas de emergência
à mesma. Está em andamento um pelo Governo moçambicano e pelos seus
projeto governamental de canais parceiros. De acordo com o Protocolo
abaixo da grande muralha que se acerca do Desenvolvimento do Turismo,
estende ao longo da paisagem. Perto a SADC considerou uma prioridade
está Jaime Jevias Ringane junto à sua trazer mais turistas para a região.

27| conservation
conservation |28
Protocolo da SADC acerca do
Desenvolvimento do Turismo

Em conformidade com este protocolo, os


estados-membros concordam em:

• Usar o turismo como um veículo para


alcançar desenvolvimento económico
e social sustentável através da total
realização do respetivo potencial para a
região.

• Assegurar um desenvolvimento equitativo,


equilibrado e complementar da indústria do
turismo em toda a região

• Otimizar a utilização dos recursos e


aumentar o benefício da competitividade na
região em relação a outros destinos através
de esforços coletivos e da cooperação de
• uma forma ambientalmente sustentável

• Assegurar o envolvimento de pequenas


e micro empresas, das comunidades
locais, das mulheres e dos jovens no
desenvolvimento do turismo em toda a
região

• Contribuir com vista ao desenvolvimento


dos recursos humanos da região através da
criação de emprego e do desenvolvimento
de competências a todos os níveis na
indústria do turismo

• Criar um clima de investimento favorável


para o turismo em toda a região tanto para
o setor público como para o setor privado,
incluindo os estabelecimentos turístico de
pequena e média escala

• Melhorar a qualidade, a competitividade


e os padrões do serviço na indústria do
turismo na região

• Melhorar os padrões de segurança e de Os estados-membros tencionam selvagem e o estabelecimento de


proteção para os turistas nos estados-
membros e fazer as disposições adequadas utilizar o turismo como um programas de gestão bem como
para as pessoas com deficiência e os veículo para o desenvolvimento a criação de uma base de dados
cidadãos idosos no respetivos países
sustentável. O protocolo procura regional da vida selvagem. “Agora
• Promover de forma agressiva a região como otimizar o uso dos recursos da permitimos o movimento da
um único destino turístico multifacetado
capitalizando nos seus pontos comuns e
região e promover a indústria vida selvagem através do parque,
destacando as atrações turísticas únicas do turismo. Esta meta está incluindo os elefantes,” afirmou
individuais de cada membro
relacionada com o Protocolo o guarda do Parque Limpopo,
• Facilitar a viagem intrarregional para o acerca da Preservação da António Abacar. Através de
desenvolvimento do turismo através da Vida Selvagem e da Aplicação um programa de realojamento
facilitação ou da eliminação das restrições
de viagem ou de visto e a harmonização da Lei, o qual estabelece um voluntário, a zona principal do
dos procedimentos de imigração enquadramento comum para a parque está planeada ficar livre
• Melhorar o serviço no turismo e a preservação e o uso sustentável da da presença de seres humanos
infraestrutura de modo a promover uma vida selvagem na região. e do movimento dos mesmos
indústria de turismo mais dinâmica
A sua implementação ajudou para melhorar o movimento da
a harmonizar a gestão da vida vida selvagem entre os parques

29|preservação
Barragem do Massingir
dos estados-membros. Enquanto
alguns se estão a deslocar para
uma zona protegida dentro
do parque, outros como os
aldeões de Macavene estão a
reinstalar-se no exterior dos
limites do parque. Os aldeões Gabinetes governamentais - Massingir Jaime Ringane, Líder da Comunidade
deslocam-se para novas zonas
para terem um alojamento com
melhores condições e um melhor da vida selvagem. O Governo que estas coisas avançam no seu
acesso aos serviços de saúde e moçambicano solicitou apoio próprio passo.” Em Moçambique,
de educação. Também obtêm à Fundação dos Parques Peace são visíveis os primeiros sinais de
melhores pastagens para os no desenvolvimento do parque sucesso. Mais de 50 quilómetros
rebanhos, fazendo uso da caça transfronteiriço em paralelo de vedações que em tempos
de animais para obterem carne, com as iniciativas da SADC. O marcavam a fronteira entre o
uma passatempo tradicional dos coordenador local dos Parques Parque Kruger do lado da África
que vivem dentro do parque. Peace, Peter Leitner, está sedeado do Sul, e o Parque Nacional
Para o Governo moçambicano na sede do parque em Massingir. Limpopo em Moçambique, foram
é óbvio que o seu compromisso “É um processo de negociação,” retiradas.
com o Parque Transfronteiriço afirmou o Sr. Leitner. “É algo que Os guardas-florestais e os
do Grande Limpopo exige a todos temos que aprender. Leva vigilantes de ambos os lados da
proteção dos recursos da vida tempo e todos os envolvidos, fronteira estão agora a trabalhar
selvagem e para impedir a desde os chefes e líderes locais até conjuntamente no combate
exploração excessiva e a extinção às ONGs, todos têm de entender às associações criminosas

preservação|30
António Abacar, Vigilante do Parque
Limpopo

implicadas na caça furtiva e no “Estas foram todas construídas cuidam da fogueira para cozinhar
comércio ilegal de chifres de em 2011.” o almoço diário de vegetais e de
rinoceronte. “Temos tido alguns Enquanto o acesso à milho. Uma das metas principais
anos maus,” afirmou o Sr. Abacar, eletricidade e à água continua a da iniciativa da SADC para
o vigilante. Estes afetaram as ser um desafio, o Sr. Ringane está os parques transfronteiriços
populações de rinocerontes e de satisfeito com o apoio que foi dado é também permitir que as
elefantes mas “agora está pelo Governo moçambicano. O comunidades locais beneficiem do
melhor do que há dois anos seu ponto de vista é partilhado por turismo.
atrás - temos um avião e mais Philemon Ngobeni, presidente da Os incentivos de investimento
polícia e militares envolvidos associação de irrigação na aldeia do protocolo do turismo para
no projeto anti caça furtiva,” de Chibotile que está a cerca de o setor privado, por exemplo,
acrescentou ele. Cerca de 30 uma hora de carro no exterior do estão a ser considerados em
novos guardas-florestais fazem a parque. Em Chibotile, mais de 1 toda a região moçambicana do
vigilância de zonas mais propícias 400 famílias encontraram uma Parque Nacional do Grande
à caça furtiva e os resultados nova casa ao longo do rio Olifants. Limpopo, afirmou o Sr. Abacar.
são promissores. “Desde cerca Enquanto a seca em toda a região O protocolo também evidencia
de 2015 para cá começámos é um problema, o rio continua que as comunidades locais devem
a concluir que o movimento a fluir e o Governo forneceu ser utilizadas como fornecedoras
dos caçadores furtivos reduziu bombas para irrigar o milho, as de bens e serviços de modo a
bastante e começámos a ouvir couves, o tomate e o tabaco. “Há beneficiar o desenvolvimento
por parte dos responsáveis do cerca de 40 famílias que trabalham do turismo. Em Moçambique,
Parque Nacional Kruger que a aqui diretamente neste campo,” este é com toda a certeza o
deslocação dos caçadores furtivos disse o Sr. Ngobeni, à medida caso. O Parque Transfronteiriço
para essa parte do parque (do que se dirigia para a estação de do Grande Limpopo emprega
parque transfronteiriço) tem bombeamento no rio. “Estamos milhares de moçambicanos como
vindo a diminuir,” acrescentou muito satisfeitos com o apoio guardas-florestais, seguranças,
ele. Voltando a Massingir, o Sr. que obtivemos e compreendemos administradores e numa variedade
Ringane descreveu a deslocação o papel da biodiversidade,” de outras funções.
da sua casa original para a vila. acrescentou ele. Perto, as mulheres E à medida que a região
“Deram-nos dinheiro para as fazem sulcos de irrigação que desenvolve o seu setor de turismo
construções, os alimentos e os foram escavados ao longo de seis e se esforça para proteger
rebanhos. Olhe em volta dos hectares de campo, repletos de continuamente a biodiversidade
edifícios,” disse ele, apontando árvores de papaia e de moçambicana, muitos outros se
para a fila de casas organizadas. mangueiras. Outras mulheres lhes estão a juntar.

31| preservação
Muralha da barragem do Massingir

Projeto de irrigação do rio Olifants


preservação |32
“Estamos muito satisfeitos
com o apoio que obtivemos e
compreendemos o papel da
biodiversidade.”
Philemon Ngobeni
Presidente da Associação de Irrigação do Chibotile

Jardins do mercado nos arredores de Maputo servindo a crescente população de Moçambique


33| preservação
Surgem pequenas empresas
em Moçambique
Não são só as grandes empresas que impulsionam o crescimento como os
empreendedores em Moçambique estão a demonstrar com o crescimento do
comércio entre o país e os países vizinhos.

H
á poucos lugares estão em pilhas muito altas ao maioria do que é vendido aqui
no mundo como o longo de um pequeno caminho é trazido para o país da África
grande mercado da através do qual os potenciais do Sul, mas outros produtos
fruta e dos vegetais compradores e vendedores são produzidos localmente. A
de Moçambique, Zimpeto, fazem o seu percurso sob o sol observar cuidadosamente o
situado nos arredores da capital, quente. Nozes de todos os tipos movimento está o Presidente
Maputo. Centenas de vendedores para venda. Em cada secção dos Comerciantes Informais de
ambulantes fazem o seu comércio do mercado, os especialistas Moçambique, Sudekar Novela.
aqui e negociam em produtos oferecem virtualmente qualquer “Hoje é tudo fácil, porque já
alimentares de todos os tipos. tipo de fruta ou vegetal não é necessário ter um visto, “
Muitas laranjas, maçãs e papaias encontrado localmente. A afirmou ele.

comércio |34
Sudekar Novela, Presidente dos Comerciantes Informais de Moçambique Cenas do mercado de Zimpeto

Agora com um carimbo no da região. O papel da SADC na Protocolo da SADC acerca do


facilitação da deslocação Comércio
passaporte, os comerciantes
podem viajar até Nelspruit de bens e serviços começou nos Em conformidade com este protocolo,
na África do Sul e regressar primeiros dias da comunidade. os estados-membros concordam em:
no mesmo dia. “Até para O Protocolo acerca do Comércio • Liberalizar ainda mais o comércio
Joanesburgo, (os comerciantes) da SADC permitiu a criação intrarregional de bens e serviços na
podem regressar no segundo da Zona de Comércio Livre da base de acordos de comércio justo,
mutuamente equitativo e benéfico,
dia a Maputo,” acrescentou o SADC e continua a mandatar complementados pelos Protocolos nas
Sr. Novela. “Não há problemas.” os estados-membros a tornar outras áreas.
Os colegas comerciantes que mais fácil que os bens e serviços
• Assegurar uma produção eficiente
estão a fazer negócios com o sejam comercializados além na SADC refletindo as vantagens
Malauí e o Zimbábue têm os fronteiras. O protocolo também comparativas dinâmicas e atuais dos seus
mesmos benefícios. Muitos dos procura melhorar a produção membros

negócios acontecem ao longo de uma variedade de produtos e


• Contribuir com vista à melhoria do clima
dos recentemente estabelecidos para criar um clima que facilite o para o investimento nacional, fronteiriço e
corredores rodoviários, que investimento enquanto melhora estrangeiro
ligam os centros costeiros de a diversificação económica. Doze
• Melhorar o desenvolvimento económico,
Moçambique com os países estados-membros da SADC já a diversificação e a industrialização da
vizinhos. Mandioca, coco, batatas fazem parte da Zona de Comércio regiãoRegion
doces e outros vegetais são Livre. O Malauí, a Tanzânia e o
• Estabelecer uma Zona de Comércio Livre
exportados para a África do sul, Zimbábue dispõem atualmente de na região da SADC
por exemplo, e os comerciantes proteções especiais para algumas
como o Sr. Novela trazem batatas, indústrias nacionais emergentes provêm de outros membros da
cebolas e outros produtos. através do reajustamento de SADC e mais de 20% do respetivo
Em Zimpeto, os camiões que tarifas. A Zona de comércio Livre comércio de exportação
descarregam produtos vêm de é um passo importante na agenda É destinado à região. A
tão longe como o Malauí e a de integração da região e visto alteração no desenvolvimento
Tanzânia, com os motoristas como um pilar para promover do comércio é facilmente visível
a estacionarem os respetivos o crescimento económico em Pemba, o centro da província
veículos e a esperarem que equitativo e sustentável e um de Cabo Delgado no norte de
os produtos sejam vendidos. desenvolvimento sócio-económico Moçambique, no qual a Tanzânia
O mercado para as pequenas a que a SADC aspira. A economia é a fonte principal de produtos
empresas em Moçambique está a moçambicana depende fortemente para os comerciantes informais
prosperar e tem tido sempre um dos países da SADC. Mais de locais. Os homens e as mulheres
papel importante na economia 50% das importações do país de negócios estão bem conscientes

35| comércio
“Os operadores podem fazer opções conscientes
para as respetivas operações de carga e
descarga, por conseguinte a eficiência está na
redução do tempo de paragem e do tempo para
o transporte.”
Jorge Tinga
Diretor do Projeto do Corredor de Maputo

do Acordo de Comércio Livre que Os homens e as mulheres que os níveis das tarifas baixassem
apoia as suas operações. Agora é de todas as idades têm zonas para o respetivo valor mais baixo
fundamental que as suas estradas, específicas para as bancas desde 1990. O seu conhecimento
caminhos de ferro e portos se atribuídas através de uma licença. das regulamentações da SADC
desenvolvam. Os compradores podem viajar permitiu ao Sr. Novela tirar o
Manter o ritmo com o desde as vilas e aldeias rurais máximo benefício das novas
crescimento no comércio e na para comprar bens a preços de oportunidades. “Desde que me
procura regionais, afirma Jorge grossista e depois regressar a casa licenciei (direito), temos menos
Tinga, o diretor do Projeto do para ganharem a vida a vender problemas na fronteira porque
Corredor de Maputo. O Corredor produtos frescos. À medida que os responsáveis sabem que eu
liga a capital moçambicana o ruído no mercado aumenta, entendo a lei.” ele riu-se. “Também
com Gauteng, centro do poder o Sr. Novela é constantemente me posso encontrar com os
económico da África do Sul. O contactado por possíveis meus membros e transmitir
porto de Maputo está atualmente a compradores dos seus produtos. alguns desses conhecimentos.”
ser dragado, explicou o Sr. Tinga, Especializou-se numa variedade O Sr. Novela está bem ciente de
“o que aumentará a capacidade de produtos, mas nesta época está como o comércio intra-regional
até três vezes de modo a receber mais focado nas cebolas. Parte do é importante para o seu negócio
navios de grande tonelagem.” A objetivo da SADC é melhorar a e para o seu país. Com base
fronteira de paragem única com diversificação do comércio entre na liberalização do comércio
a África do Sul, Ressano Garcia os estados-membros. A estratégia da SADC e das inciativas da
está igualmente a ser alargada. é aumentar o comércio intra- infraestrutura baseada no sucesso
O objetivo é processar maiores africano utilizando o modelo do Corredor de Maputo, o Sr.
quantidades de carga num tempo de integração em conjunto com Novela está a encarar o futuro
mais curto e tornar os portos a redução nas tarifas o que é com um grande otimismo.
de Maputo, Beira e Nacala mais verdadeiramente essencial. “Acreditamos que, no futuro,
competitivos. Esse é precisamente Apesar de algumas dificuldades iremos ter ainda melhores
o efeito que é evidenciado pelo na implementação, o protocolo condições do que estas,” afirmou
rebuliço no mercado de Zimpeto. do comércio da SADC garantiu ele.

comércio |36
Agradecimento a

Unidade de Relações Públicas do Secretariado da.SADC e Programa de


“Reforço das Articulações Nacionais-Regionais” (SNRL) Programme
António Abacar, Vigilante do Parque Limpopo GLTFP
Olga Alexandre - Residente em Maputo
Charles Chidamba - Assessor Técnico, EnDev
Celia Claudina - VIH/SIDA Monitorização dos Meios de Comunicação Social
Luis de Como - Manutenção de Camiões, Beira
David Constable - Antigo CEO da Sasol África do Sul
Pedro José Cossa - Chefe do Departamento de Documentação da CONSADC
Sebastiana Cumbe - Supervisora do Apoio ao Doente MSF, Beira
Augusto Ferro - Ministério dos Transportes e Comunicações Diretor do Projeto do Corredor da Beira
Jaime Jevias Ringane - Líder, Povo de Macavene
Peter Leitner - Coordenador dos Parques Peace GLTFP
Rachel Magalhães - Diretora, Posto de Abastecimento do Dondo
Alfredo Mário - Trabalhador da Midal Moçambique
Orlando Marques - DG da Midal Moçambique
Victor Miguel - Empresa de Carga, Beira
Philemon Ngobeni - Presidente, Associação de Irrigação de Chibotile
Benedito Ngomane - Conselho Nacional para o Combate ao VIH/SIDA Chefe das Comunicações
Sudekar Novella - Presidente dos Comerciantes Informais de Moçambique
Davide Rowe - Engenheiro interno do projeto de reabilitação do estuário da Beira
Vengai Rufu - Ativista Comunitário, Nyangau
Paulo Selemane - Diretor de Obras Públicas de Moçambique, Maputo
Orlando Silvestre - Agricultor
Jorge Tinga - Diretor do Projeto do Corredor de Maputo, Ministério dos Transportes e Comunicações
O povo de Moçambique

Equipa de Produção

Des Latham - Chefe do projeto


Luis Nhachote - Jornalista
Noe Nhantumbo - Jornalista
Campbell Easton - Videográfico
Keegan Latham - Videográfico
Samina Anwary - Design e Layout
Nasya Smith: Layout e Prova
Candice Wagener: Layout e Prova
Paula Fray - Supervisão editorial
Gerenciamento de Projetos- frayintermedia
Secretariado da SADC
Plot 54385 New Central Business District
(CBD)
Private Bag 0095,
Gaborone, BOTSWANA
Website:www.sadc.int
Registry@sadc.int or prinfo@sadc.int
Tel: 00267 3951863

CONSADC:
Exmo. Sr. Alfredo Nuvunga
Ponto de Contacto Nacional da SADC
Director de Integração Regional e
Continental
Director da CONSADC
Tel: +258 21485246
Fax: +258 21492285/21327029
Email: nuvunga2305@gmail.com
Email: consadc@yahoo.com

978-99968-448-5-0 ISBN

© SADC
www.sadc.int
República
Democrática do
Congo
Unido República
Da Tanzânia Seychelles

Angola
Malawi
Zâmbia
Moçambique
Madagáscar
Zimbabwe

Namíbia Botswana
Maurícia 

Suazilândia

África do Sul
Lesoto

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