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Como ser aprovado no vestibular 2

O problema não é onde ser aprovado mas o que fazer para ser aprovado.

Estudar é importante, e muito necessário, mas monitorar seu desempenho também é


importante.

Os simulados mostram onde você está mais bem preparado e onde está deixando a
desejar. Descubra onde estão seus pontos fracos e fortaleça-os com mais estudo.

Entenda que um candidato para medicina, por exemplo, tem "paixão" por biologia e química e,
na maioria das vezes, "não morre de amores" por física e geografia.

Aí chega o dia da prova e ele "gabarita" biologia! (Gabaritar é acertar todas as questões da
disciplina na prova.)

Acontece que nas outras disciplinas o desempenho do aluno deixa a desejar.

O normal é que todos os candidatos a medicina fazem provas irrepreensíveis das disciplinas
que "amam" afinal TODOS OS CANDIDATOS gostam de biologia. "Ir bem em biologia" passa
a ser obrigação.

E as outras disciplinas?

Os aprovados em vestibulares muito concorridos sempre estão e sempre estarão entre os


candidatos que fazem a "obrigação de ir bem" nas disciplinas relacionadas ao curso e
também ir bem nas disciplinas que não tem muita ou nenhuma afinidade.

Isto torna tão ou mais importante saber onde se está precisando de reforço.

Afinal de contas, para que sejamos saudáveis, temos que comer cenoura também e não só
chocolate.

A palavra-chave que deve guiar a rotina dos estudantes até o vestibular é equilíbrio, de acordo
com orientadores pedagógicos e psicopedagogos ouvidos pela Folha. "Aprender a equacionar
o tempo é fundamental", diz Aloysio Costa, 47, coordenador pedagógico do Colégio Augusto
Laranja, em São Paulo.

"O estudo requer disciplina e organização. O tempo vai de cada um. Mas nossa sugestão é que
o aluno não ultrapasse quatro horas de estudo por dia, além das aulas", afirma Costa,
acrescentando que é necessário alternar as matérias e fazer intervalos regulares com duração
de dez a 15 minutos.

Eric de Oliviera Carlos, 20, que vai prestar vestibular para medicina e está no terceiro ano de
cursinho, tem uma rotina puxada. "Tem dia que chego a estudar por 14 horas. Mas não passo
noites em claro", diz.

Noites bem dormidas são fundamentais para o rendimento do aluno, afirma Vera Lúcia da
Costa Antunes, 58, orientadora pedagógica do Objetivo. "Aluno cansado não produz nada. É
preciso prestar atenção, também, na alimentação, na prática de esportes."

Os fins de semana, segundo Vera, devem ser dedicados ao lazer. No máximo, à leitura de
jornais e revistas que possam acrescentar informações.

Frustração
Para Maria Irene Maluf, 54, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psicopedagogia), não
dá para querer tirar o atraso de anos de estudo apenas quando o vestibular está se
aproximando. "Alunos que tentam fazer isso tendem a não fazer nada a não ser estudar. O
problema é que nem sempre eles são aprovados", afirma.

"Isso cria uma sensação ruim, de que a escolaridade não foi válida. Você pode estudar e
aprender muito. Mas pode não passar, porque tem alguém que sabe mais do que você. O
importante é não desanimar", diz.

Você vira a noite estudando. Não consegue dormir bem. Deixou de ver os amigos. Namoro?
Nem pensar. Esporte, só aquele que envolve papel e caneta. Se a rotina lhe parece familiar,
cuidado, você pode ser um "studentholic". Assim como os "workaholics", que só pensam em
trabalho, os "viciados em estudo" têm uma rotina cercada exclusivamente por aulas, livros,
apostilas e exercícios, além de simulados e revisões.

Para especialistas ouvidos pela Folha, dedicação exagerada pode resultar em frustração.
Mesmo assim, muitos estudantes ouvidos pela reportagem não se importam em sobrecarregar
os estudos, tudo em prol do mesmo objetivo: ser aprovado no vestibular.

É o caso de Flávia Credidio, 18, que chegou a estudar oito horas por dia durante as férias de
julho. "Estudei com uma prima as matérias específicas de veterinária, como física, química e
biologia, além de redação. Tudo para ganhar mais tempo", diz.

A vestibulanda se considera uma "studentholic", mas acha que já passou por períodos bem
mais intensos. "Eu estudava pela manhã, mas ficava no colégio até as 21h. Tive um
"piripaque", entrei em depressão e quase perdi o terceiro ano." Hoje, a estudante tenta
equilibrar as aulas no cursinho e o estudo em casa com algumas horas de academia.

O esporte também é a alternativa encontrada por Márcio Hideo Hariki, 17, para driblar o
excesso de horas dedicadas ao vestibular. "A gente deixa de fazer muita coisa, como sair com
os amigos. Balada também não dá para ir porque quebra a rotina de sono, interfere na energia
para estudar", detalha o estudante, que tentará uma vaga em engenharia de produção.

Thais Murta, 19, que quer cursar medicina, faz um esforço para recuperar o tempo de estudo
perdido. "Fico no cursinho o máximo de tempo que eu consigo, porque me concentro mais,
aproveito para tirar dúvidas com os professores", diz.

A estudante costuma aproveitar o fim de semana para ler obras literárias exigidas pelo
vestibular. "Nunca levei o colégio a sério, pois não sabia o que queria fazer. Depois que escolhi
medicina, resolvi me dedicar totalmente", diz. "Mas não sei se me considero uma "studentholic"
porque não estudei direito durante o colégio ou se estudo demais mesmo."

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