Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rio de Janeiro
2014
Valéria de Carvalho Souza
Rio de Janeiro
2014
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/ REDE SIRIUS /CTC/D
CDU 530.145
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese,
desde que citada a fonte.
___________________________________________________ ____________________________
Assinatura Data
Valéria de Carvalho Souza
µ potencial quı́mico
ΩR frequência de Rabi
Ωef f frequência efetiva de Rabi
|ν| desintonia
Uef f potencial efetivo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1 QUANTIZAÇÃO DE CAMPOS ESCALARES . . . . . . . . . . . 14
1.1 Amplitude de carrelação para campos bosônicos . . . . . . . . . . . 15
1.2 Funcional gerador para campos bosônicos . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.1 Teoria escalar livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.2 Teoria escalar interagente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3 Ação efetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3.1 O potencial efetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3.2 O potencial efetivo a um laço para teoria escalar interagente . . . . . . . . 28
2 TEORIA QUÂNTICA DE CAMPOS A TEMPERATURA FI-
NITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1 Formalismo de tempo imaginário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2 Potencial efetivo a temperatura finita . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3 Transição de fase e restauração de simetria . . . . . . . . . . . . . . 41
2.4 Condensação de Bose-Einstein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3 POTENCIAL EFETIVO PARA MISTURAS BINÁRIAS . . . . 49
3.1 Teoria quântica de campos para misturas binárias bosônicas com
acoplamento Josephson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2 Modelo O(2) com anisotropia Josephson . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3 Teoria de campo médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.4 Efeitos de flutuações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.5 Avaliação numérica das densidades dos condensados . . . . . . . . 61
CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
APÊNDICE A – Regularização dimensional do potencial efetivo a um
laço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
11
INTRODUÇÃO
temperatura finita. A idéia básica é que a temperaturas muito baixas, tanto as flutuações
quânticas como as térmicas são relevantes, então, elas têm que ser tratadas simulta-
neamente. A teoria de campos a temperatura e densidade finita formulada em tempo
imaginário é uma técnica que permite lidar com estes dois tipos de flutuações de forma
muito eficiente. Em particular decidimos estudar gases bosônicos interagentes a tempera-
turas muito baixas. Estes sistemas são muito interessantes devido a riqueza de fases que
apresentam (WILL, 2013). A pesquisa básica nesta área tem crescido muito nos últimos
anos (SOLTAN-PANAHI. et al., 2011).
Devido a capacidade de aprisionamento óptico a temperaturas extremamente bai-
xas, é possı́vel estudar uma grande variedades de fenômenos em sistemas compostos de
misturas bosônicas (ANDREWS. et al., 1997; GADWAY, 2010) como também fermiônicas
(ISKIN, 2011). Importantes efeitos quânticos, como condensação de Bose-Einstein e su-
percondutividade podem agora ser estudadas de forma controlada em sistema de múltiplos
componentes atômicos. Experiências interessantes com fluı́dos quânticos mistos têm sido
feitas com átomos de 87 Rb em dois estados hiperfinos diferentes (MYATT. et al., 1997;
HALL. et al., 1998; LIN, 2011). Estes estados podem ser induzidos por um feixe de laser
cuja frequência possui uma pequena defasagem em relação à diferença de energia entre
os nı́veis de dois estados hiperfinos. Desse modo é possı́vel a transferência de um estado
hiperfino para o outro produzindo uma interação do tipo Josephson.
Em geral, uma interação do tipo Josephson envolve interações de um grande
número de graus de liberdade bosônicos que podem ocupar dois estados quânticos di-
ferentes. Apesar de ter sido originalmente proposto em sistemas supercondutores ( JO-
SEPHSON, 1962) onde os bósons são os pares de Cooper, existem muitos outros sistemas,
onde estes efeitos aparecem. Uma análise detalhada de diferentes sistemas fı́sicos que
apresentam interações Josephson pode ser encontradas na referência (BARONE, 2000).
Existem dois tipos de efeito Josephson (LEGGET, 2001): o chamado ”externo”, onde
os dois estados hiperfinos são separados espacialmente, como por exemplo, em um CBE
preso em um poço duplo (ALBIEZ. et al., 2005; PAPP, 2008; GATI, 2007; LEVY. et al.,
2007) e o ”interno”, onde os dois estados quânticos bosônicos se interpenetram sem qual-
quer distinção geométrica. Um exemplo deste caso são os experimentos com átomos de
rubı́dio citados anteriormente (HALL. et al., 1998). Na presente tese, estamos interessados
principalmente neste último caso.
Propriedades estáticas e dinâmicas de misturas binárias bosônicas em diferentes ar-
madilhas geométricas foram estudadas teoricamente, utilizando essencialmente a equação
de Gross-Pitaeviskii (EGP) (SMERZI, et al., 1997; RAGHAVAN, 1999; SALERNO, 2005).
A EGP, nada mais é que uma equação de campo médio. Porém, para estudar as pro-
priedades de condensados uniformes, especialmente aquelas questões relacionadas com as
flutuações, como restauração de simetria, e reentrâncias de fase, é mais conveniente re-
alizar o estudo através da teoria quântica de campos a densidade e temperatura finita
13
(RAMOS, 2001; PINTO, 2005; PINTO, 2006; CHIEN, 2012). Modelos relacionados com
simetria O(N ) tem sido extensivamente estudados, usando aproximação de N grande e
grupo de renormalização (GR) (MOSHE, 2003; CHIEN, 2012). Estes modelos descrevem
sistemas de várias componentes, que conservam o número de partı́culas de cada uma das
espécies.
Motivados por esses resultados, decidimos abordar o efeito da interação Joseph-
son em misturas bosônicas uniformes, que em geral quebrão a conservação do número
de partı́culas de cada espécies, permanecendo apenas a conservação total de partı́culas
(ZIBOLD, 2010; ZAPATA, 1998). Para fazer isso, será considerado por simplicidade o
modelo O(2), e em seguida será perturbado com uma interação Josephson. Este modelo é
analisado através da aproximação de campo médio, mais flutuações gaussianas. Observa-
se que, num regime de temperatura bem definida, as duas espécies de átomos condensam
a uma mesma temperatura crı́tica Tc sendo que a fase relativa é determinada pela fase
de um parâmetro ν que mede a defasagem de frequências entre o laser e a diferença de
energia entre os estados (”detuning”).
A tese está estruturada da seguinte forma. No capı́tulo 2, fazemos uma introdução
à quantização de campos escalares dando ênfase à técnica de integral funcional e no
potencial efetivo. No seguinte capı́tulo 3, descrevemos a teoria quântica de campos a
temperatura finita, extendendo o estudo do potencial efetivo na presença de temperatura.
O capı́tulo 4 contém a contribuição original da tese (SOUZA, 2014), e trata do estudo
de misturas binárias de bósons na presença de interações tipo Josephson. Neste capı́tulo
são utilizadas as técnicas descritas nos dois capı́tulos anteriores. Finalmente discutimos
nossos resultados nas conclusões
14
De qualquer forma, existe um consenso entre os dois métodos. O método funcional conduz
aos mesmos resultados obtidos através da quântização canônica e ambas formulações da
teoria quântica de campos são equivalentes.
15
como uma generalização natural ao passar de um número finito de graus de liberdade (N)
na mecânica quântica para um número continuamente infinito de graus de liberdade na
teoria quântica de campos, fazendo N
P R 3
i=1 pi xi −→ d x (π(x)φ(x)).
Um outro conceito importante a ser lembrado são as relações de comutação canônica
entre campos e momentos conjugados, ou seja, as relações fundamentais de comutação,
16
Aqui, é importante ressaltar que o nosso principal objetivo nesta seção é obter
a expressão da amplitude de correlação do operador de campo para chegar à integral
funcional. A amplitude de correlação vai nos indicar o grau de semelhança entre dois
estados diferentes do sistema. Vamos supor a partir de agora que um dado sistema está em
um estado inicial | φ0 i no instante de tempo t = 0. A evolução temporal deste estado será
obtida aplicando o operador de evolução temporal Û , também conhecido como operador
de Dyson, que levará o estado inicial | φ0 i para um estado e−iĤ(tf ) | φ0 i, no instante de
tempo tf . Portanto, a expressão da amplitude de correlação, para ir do estado | φ0 i para
um outro estado | φf i depois de um tempo tf , será hφ0 | e−iĤtf | φ0 i.
Para fins estatı́sticos é preciso considerarmos a situação em que o sistema volta
para o estado inicial depois de um tempo tf . Um meio prático para avaliar esta amplitude
consiste em dividirmos o intervalo de tempo [t, tf ] em N subintervalos iguais de duração
4t = t − tf /(N + 1). Em cada intervalo de tempo vamos inserir um conjunto completo
de autoestados do operador de campo e levando em consideração as expressões (1) à (3),
obtemos
Z "Y N
#
hφ0 | e−iĤtf | φ0 i = lim dπi dφi /2π
N →∞
i=1
1
Paul Maurice Dirac, é um dos fundadores da mecânica quântica. O formalismo matemático desenvol-
vido por ele consiste principalmente de uma álgebra não-comutativa para calcular propriedades dos
átomos. Dirac desenvolveu uma teoria relativı́stica para os elétrons, previu a descoberta do pósitron
em 1928, e fez importantes contribuições para a teoria quântica de campos. Ele recebeu o prêmio
Nobel em 1933 (GREINNER, 1998).
17
hφ1 | φ0 i = δ(φ1 − φ0 )
Z
3
hφi+1 | πi i = exp i d x (πi (x)φi+1 (x)) . (7)
R
onde Ĥi = d3 xH (πi (x)φi (x)). Agora, juntando os últimos passos,
Z "Y
N
#
hφ0 | e−iĤtf | φ0 i = lim dπi dφi /2π δ (φ1 − φ0 )
N →∞
i=1
( N Z
)
X
3
× exp −i4t d x [H(πi , φi ) − πi (φi+1 − φi )/4t] , (9)
i=1
Nosso objetivo nesta seção é a obtenção do funcional gerador das funções de cor-
relação. O funcional gerador se define a partir da amplitude de correlação (Eq. (10))
quando o tempo inicial t → −∞ e o final tf → ∞, i.e., a amplitude de correlação vácuo
a vácuo, em presença de uma fonte externa J. Dessa forma, temos que
O termo de fonte J serve para tirar o sistema do vácuo. Sendo assim, pode-se afirmar
que quando não há fontes, o sistema estará sempre no estado de vácuo.
No caso que a densidade hamiltoniana H seja uma função quadrática do momento,
a integral em π na expressão (10) é Gaussiana e pode, consequentemente, ser integrada.
Dessa forma, podemos definir o funcional gerador como sendo (RYDER, 1985),
Z R 4
Z[J] = Dφ ei d x[L(φ)+J(x)φ(x)] (12)
∝ h0, +∞ | 0, −∞iJ ,
1 1 δ n Z0 [J]
G(x1 , ..., xn ) = h0 | T (φ(x1 )...φ(xn )) | 0i = . (13)
in Z[0] δJ(x1 )...δJ(xn ) J=0
1 m2 2
L= (∂µ φ) (∂ µ φ) − φ, (14)
2 2
Vamos usar a notação Z0 para designar a teoria livre. Desenvolvendo o primeiro termo
na lagrangeana, Eq. (14), temos que,
Z Z Z
4 µ
d x(∂µ φ)(∂ φ) = d x∂µ (φ∂ φ) − d4 xφ∂µ ∂ µ φ
4 µ
Z Z
= (φ∂ φ) dS − d4 xφ∂µ ∂ µ φ,
µ
(16)
S
∂µ ∂ µ + m2 4F (x − y) = −δ 4 (x − y)
(20)
−1/2
e a constante de normalização N = det ((∂µ ∂ µ )2 + m2 ) .
20
Este funcional gerador vai ser utilizado para gerar as funções de Green, ou seja, o
valor esperado do vácuo do produto de ordenamento temporal dos operadores de campos,
na linguagem de quantização canônica, da seguinte forma
δlnZ0
hT φ(x)φ(y)i = = 4F (x − y). (21)
δJ(x)δJ(y) J=0
∂µ ∂ µ + m2 e−ikx = − k 2 − m2 e−ikx .
(24)
1 −ikx
− k 2 − m2 e−ikx 4(k) = −
e , (25)
(2π)4
1 1
4F (k) = . (26)
(2π)4 k 2 − m2
d4 k e−ikx
Z
4F (x) = . (27)
(2π)4 k 2 − m2 + i
√
Esta integral tem polos em k0 = ± k2 + m2 = ±wk , ( → 0). Note-se que temos
introduzido no denominador o termo i, que determina o caminho de integração em torno
dos polos. Esta maneira de contornar os polos é conhecida como prescrição de Feynman.
21
Definimos também
Dessa maneira, não tem nenhuma indeterminação, uma vez que os polos não estão mais
√
no eixo real, mas em k4 = ±i k2 + m2 = ±iwk .
No espaço euclideano, o funcional gerador Z0 [J], Eq. (15), torna-se (utilizando:
d4 x → −id4 xE e (∂ µ φ)2 → −(∂Eµ φ)2 )
Z
µ
Z0 [J] → Z0E [J] = Dφe− d xE { 2 [(∂E φ) +m φ ]−φJ } .
1
R 4 2 2 2
(32)
isto conduz a uma equação de campo não linear ou sistemas acoplados de equações de
campos que são difı́ceis de solucionar. Por outro lado, em teoria quântica de campos inte-
ragentes nos deparamos com problemas ainda maiores. Podemos citar como exemplo, as
flutuações quânticas que induzem misturas complicadas de diferentes tipos de partı́culas.
Vamos começar escrevendo a lagrangeana de uma teoria com interações com duas
componentes, a lagrangeana da teoria livre mais a componente da interação. Vamos usar
como exemplo uma teoria λφ4 ,
LT = L0 + Li
1 1 λ
= (∂µ φ) (∂ µ φ) − m2 φ2 − φ4 (33)
2 2 4!
onde L0 é a lagrangeana de Klein-Gordon para campos escalares livres, estudada na
seção anterior, e Li = − 4!λ φ4 é a componente de interação, sendo λ uma constante de
acoplamento adimensional.
Nestas condições, o funcional gerador se escreve
Z Z
4
Z[J] = Dφ exp i d x [LT (φ) + J(x)φ(x)] . (34)
Z " Z 4 # Z
4 4 λ 1 δ 4
exp i d x (LT + Jφ) = 1 − i d x + ... exp i d x (L0 + Jφ) .
4! i δJ(x)
(36)
δ n W [J]
G(n)
c (x1 ...xn ) = h0 | T [φ(x1 )...φ(xn )] | 0ic = (−i)
n−1
, (40)
δJ(x1 )...δJ(xn ) J=0
(n)
onde Gc é a função de Green de n pontos conectada (sem os diagramas de vácuo).
Alternativamente, fazendo a expansão funcional em potências de J, temos,
∞ Z
n−1
X 1
W [J] = (−i) d4 x1 ...d4 xn J(x1 )...J(xn )G(n)
c (x1 ...xn ). (41)
n=0
n!
δ δW
(−i ln Z[J]) = = h0 | φ(x) | 0iJ = φ̄(x), (42)
δJ(x) δJ(x)
onde a relação,
δΓ[φ̄]
= −J(x). (44)
δ φ̄(x)
define a equação de estado do sistema. Usando as definições anteriores, é simples ver que
Γ[φ̄] vira uma constante quando J(x) → 0. Sendo assim, temos que φ̄ é uma solução da
equação,
δΓ[φ̄]
= 0. (45)
δ φ̄
onde, S[φ, J] = d4 x(L[φ] + h̄Jφ) e L[φ] = 21 (∂µ φ)2 − V (φ) é a lagrangeana de Klein-
R
Gordon mais interações dadas pelo potencial V (φ). O termo de interação V (φ) poderia
ser, em particular, λφ4 .
O ponto de sela φ0 é aquele em que a ação S[φ, J] é estacionária, ou seja,
Z
δS[φ, J] δ 4 1 2
= d x (∂µ φ) − V (φ) + h̄Jφ = 0
δφ δφ 2
φ0 φ0
dV
= −∂µ ∂ µ φ0 − + h̄J = 0. (47)
dφ φ0
δ 2 S[φ, J]
Z
1
+ d4 xd4 y [φ(x) − φ0 (x)] [φ(y) − φ0 (y)] + · · · (48)
2 δφ(x)δφ(y) φ0
Fazendo uso da equação (47) é possı́vel escrever a equação (48) da seguinte forma,
δ2S
Z
1 4 4
S[φ, J] = S[φ0 , J] + d xd y [φ(x) − φ0 (x)] [φ(y) − φ0 (x)] + · · · (49)
2 δφ(x)δφ(y) φ0
δ2S
ô(x, y) = = − [∂µ ∂ µ + V 00 (φ0 )] δ 4 (x − y). (51)
δφ(x)δφ(y) φ0
Substituindo essa expressão no funcional gerador Z[J], Eq. (46) e descartando os termos
de ordem superior, iremos obter,
Z
i i −i
d4 x φ0 [∂µ ∂ µ +V 00 (φ0 )]φ0
R
e h̄
W [J]
=e h̄
S[φ0 ,J]
Dφ0 e 2h̄ (53)
2
Note-se que depois de ser feito esse reescalonamento, o desenvolvimento em h̄ será equivalente a uma
expansão em laços da ação efetiva.
26
i i −1/2
e h̄ W [J] = e h̄ S[φ0 ,J] [det (−(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φ0 ))] = Z[J]. (56)
Dessa maneira, reescrevemos o funcional gerador das funções de Green conectadas, Eq. (46),
como,
h̄
W [J] = −ih̄ ln Z[J] = S[φ0 , J] + i ln [det (−(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φ0 ))] , (57)
2
e usando a identidade3 , ln [det ô(x, y)] = tr ln[ô(x, y)], a expressão (57) fica,
h̄
W [J] = S[φ0 , J] + i tr ln [−(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φ0 )] . (58)
2
h̄
Γ[φ̄] = S[φ̄] + i tr ln −(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φ̄) .
(59)
2
Uma vez obtida a ação efetiva, Eq. (43), na presente seção vamos desenvolver um
método para calcularmos correções quânticas para algumas quantidades fı́sicas. Isto é
muito relevante, pois vai nos permitir o estudo da quebra de simetrias e a análise de
como estas correções quânticas atingem, por exemplo, o valor esperado do vácuo e da sua
3
Q P
Se αi ≡ autovalores de ô(x, y), então det[ô(x, y)] = i αi e ln det[ô(x, y)] = i ln αi = tr ln ô(x, y)
27
onde Z(φ̄) é uma função arbitrária do campo e Vef f não contém termos em derivadas.
Considerando φ̄ constante na expressão de Γ[φ̄], para ordem h̄, e usando a notação
φ̄ = φc por uma questão de conveniência, a equação (59) fica,
h̄
Γ[φc ] = S[φc ] + i tr ln [−(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φc )]
Z 2
h̄
= d4 x [−V (φc )] + i tr ln [−(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φc )] , (61)
2
4
Em relação aos formalismos de Heisenberg e Schrodinger, anteriormente desenvolvidos, o formalismo
introduzido por Feynman em 1948, seguindo idéias de Dirac (BARONE, 2003), é considerado a forma
mais elegante e com certeza a mais completa quando queremos descrever uma teoria quântica de
campos. Por muitos anos Richard Feynman, lecionou mecânica quântica no Califonia Technology
Institute - Caltech (FEYNMAN, 2010), usando o formalismo de integrais de trajetória. Feynman
propiciou um grande salto na mecânica quântica, na fı́sica estatı́stica e na teoria quântica de campos
ao introduzir esse formalismo.
28
h̄
Vef f (φc ) = V (φc ) − i tr ln [−(∂µ ∂ µ )E + V 00 (φc )] .
2Ω
h̄ X 2
ln kE + V 00 (φc ) .
Vef f (φc ) = V (φc ) − i (62)
2Ω k
d4 kE 2
Z
h̄ 00
Vef f (φc ) = V (φc ) + ln kE + V (φc ) . (64)
2 (2π)4
1 m2 2 λ 4
L[φ] = (∂µ φ)2 − φ − φ (65)
2 2 4!
m2 2 λ 4
V (φ) = φ + φ (66)
2 4!
29
λ
V 00 (φ) = m2 + φ2 . (67)
2
Usando a definição feita do potencial efetivo em uma aproximação gaussiana,
Eq. (64), temos, para este exemplo,
d4 kE
Z
1 λ 1 λ 2
Vef f (φc ) = m2 φ2c + φ4 + 2 2
ln kE + m + φc . (68)
2 4! 2 (2π)4 2
Esta expressão representa o potencial efetivo do modelo de um campo escalar com in-
teração quártica na aproximação a um laço ou flutuações gaussianas. O primeiro termo
desta expressão representa o potencial clássico, enquanto que o último termo contém
as flutuações quânticas gaussianas. Nesta seção, o potencial efetivo é calculado a T = 0.
Porém, para o estudo de transições de fase é preciso calculá-lo a temperatura finita, T 6= 0.
O próximo capı́tulo é dedicado a essa teoria.
Convenientemente, vamos destacar o termo logarı́tmico para escrevê-lo da seguinte
forma
d4 k d4 k
Z Z
2 2 λ 2 2 2
ln kE + m + φc = ln kE + m
(2π)4 2 (2π)4
d4 k λ φ2c
Z
+ ln 1 − , (69)
(2π)4 2 kE2 + m2
d4 kE λ φ2c
Z
1 λ 1
Vef f (φc ) = m2 φ2c + φ4c + ln 1 + . (70)
2 4! 2 (2π)4 2 kE2 + m2
P∞ n+1 −1 n
Usando a expansão em série do logaritmo, ln(1 + x) = n=1 (−1) n x , é
possı́vel escrever a Eq. (70) como uma série perturbativa em λ,
∞ Z
!n
λ 2
1 2 2 λ 4 1X d4 kE (−1)n+1 2
φc
Vef f (φc ) = m φc + φc +
2 4! 2 n=1 (2π)4 n kE2 + m2
Z 4
1 2 2 λ 4 λ 2 d kE 1
= m φc + φc + φc 2
2 4! 4 (2π) kE + m2
4
2 Z 4
1 λ 4 d kE 1
− φc 2
+ ... (71)
4 4 (2π) (kE + m2 )
4
Alternativamente, é possı́vel escrever a Eq. (71) como uma expansão a um laço em dia-
gramas de Feynman.
O potencial efetivo representado pela Eq. (71) possui integrais de momentos que
divergem na região ultravioleta, isto é, a medida que k → ∞ a integral torna-se infi-
30
nita. O primeiro passo é tornar a teoria finita, i.e., temos que regularizar. Isto é tı́pico
de cálculos em teoria quântica de campos onde sempre encontramos infinitos ao tentar
calcular correções quânticas.
Essas divergências afetam diretamente a massa e a constante de acoplamento.
Devido a isso são introduzidos contratermos de renormalização. Com a introdução desses
contratermos é possı́vel escrever a densidade lagrangeana da seguinte forma,
1 1 1 1 1 1
L[φ] = (∂τ φ)2 + (∇φ)2 + m2 φ2 + δm2 φ2 + λφ4 + δλφ4 (72)
2 2 2 2 4! 4!
onde,
1 1
m2 + δm2 φ2 + (λ + δλ) φ4
V (φ) = (73)
2 4!
d4 kE λφ2c
Z
1 2 2
V1−laço (φc ) = ln kE + m + (74)
2 (2π)4 2
Como foi citado anteriormente, esta integral diverge de forma logarı́tmica no regime ul-
travioleta. Para calculá-la teremos que fazer um corte na integral dos momentos, i.e.,
introduziremos um cut-off, em que kE2 = Λ2 . A introdução desse cut-off ultravioleta é o
mesmo que introduzir um corte em pequenas distâncias (KAPUSTA, 1989). Com essa
alteração a integral torna-se convergente.
Considerando a invariância rotacional, definindo η =| h |2 , podemos escrever
Λ2
π2
Z
1 2 λ 2
V1−laço (φc ) = dη η ln η + m + φc (75)
2 (2π)4 Γ(2) 0 2
Essa integral poderá ser solucionada com a ajuda5 da Ref. (GRADSHTEYN, 1965). Te-
2
5
σ ln(b + σ)dσ = 12 (σ 2 − b2 ) ln(b + σ) − 21 ( b2 − bσ)
R
Utilizando:
31
mos então,
4
1 4 4
2 2
1 Λ 2 2
V1−laço (φc ) = Λ − m φc ln Λ + m φc − − m φc Λ
64π 2 64π 2 2
1 4 2 m4 φc
ln Λ2
+ 2
m φc ln(m φc ) − 2
64π 64π
4 4 4
m2 φc
Λ 2 Λ m φc
= ln Λ − − ln 1 +
64π 2 128π 2 64π 2 Λ2
Λ4 m2 φc m4 φc m2 φc m2 φc Λ2
+ ln 1 + + ln + . (76)
64π 2 Λ2 64π 2 Λ2 64π 2
m2 φc
1 4 1 2 2 1 4 1
Λ ln 1 + −→ (m φc )Λ − m φc + O (77)
64π 2 Λ2 64π 2 128π 2 Λ2
e
m2 φc
1 4
1
− 2
m φc ln 1 + 2
−→ O . (78)
64π Λ Λ
Uma vez que chegamos à expressão anterior, temos interesse em obter as quantidades
renormalizadas da teoria, ou seja, as quantidades finitas. Para conseguirmos essas quan-
tidades finitas, escolhemos os contratermos de tal modo que o potencial independa do
cut-off, ou seja, vamos escolher
λ 2 λm2
2
2 m
δm = − Λ − ln ,
32π 2 32π 2 Λ2
3λ2
2
m 3λ2
δλ = − ln − . (81)
32π 2 Λ2 32π 2
Substituindo agora esses valores na equação (80), obtemos a expressão do potencial efetivo
32
renormalizado a um laço
m2 2 λ 4 3 λ2 4 λm2 2
Vef1−laço (φc ) = φc + φc − φ − φ
f
2 4! 16 32π 2 c 128π 2 c!
2
m2 + λ2 φ2c
1 2 λ 2
+ m + φ ln . (82)
64π 2 2 c m2
6
Essa teoria também é chamada muitas vezes de teoria de Yang-Mills. Ela pode ser abeliana ou não-
abeliana (SAKURAI, 1994), isso vai depender do seu grupo de simetria, que pode ser comutativo ou
não-comutativo. Resumidamente, as teorias de Yang-Mills aparecem para descreverem certas interações
fundamentais da natureza, i.e., as forças nucleares e o eletromagnetismo (caso abeliano limite) (SO-
BREIRO, 2007). Como resultado da renormalizabilidade, as teorias de Yang-Mills obedecem também
ao grupo de renormalização (SOBREIRO, 2007; YANG, 1954; WILSON, 1974).
7
Em 1971, G. ’t Hooft et al., acabou com a dificuldade da renormalização das teorias de gauge.
33
Ao longo dos anos, pode ser percebido um grande interesse na pesquisa de vários
fenômenos usando teoria quântica de campos a temperatura finita. Em teoria quântica de
campos a temperatura finita, as partı́culas interagem com o reservatório térmico (banho
térmico) e os efeitos termodinâmicos tornam-se essencialmente importantes, ao contrário
do que ocorre em teorias de campos à temperatura zero, na qual os efeitos da tempera-
tura são negligênciados. Podemos definir esses reservatórios térmicos como sendo campos
elétricos ou magnéticos, ou seja, são os campos externos e caracterizam o meio. O desen-
volvimento desta teoria só foi possı́vel graças a união da mecânica estatı́stica e a teoria
de campos. A teoria de campos a temperatura e densidade finitas nasceu em 1950 (LE
BELLAC, 1996) e é conhecida também como teoria de campos térmica. Matsubara foi o
primeiro a estudá-la em uma aproximação não relativı́stica, com a qual podem-se descre-
ver fenômenos da matéria condensada e da matéria nuclear não relativı́stica.
No ano 1965, Fradkin foi o primeiro a estudar teoria de campos a temperatura
finita relativisticamente (LE BELLAC, 1996). No inicio dos anos 0 70, surge o interesse no
problema da restauração de simetrias em altas temperaturas, com isso, novos desenvol-
vimentos foram possı́veis. Kirzhnits e Linde (1972), Dolan e Jackiw (1974) e Weinberg
(1974), foram os primeiros a discutir a restauração da simetria espontâneamente quebrada
em altas temperaturas (KAPUSTA, 1989).
Podemos perceber portanto, que a teoria de campos a temperatura finita é uma te-
oria bastante abrangente, na qual é de extrema importância a presença de efeitos térmicos.
Esta teoria possui diversos desenvolvimentos formais e fenomenológicos, podendo ser es-
tabelecida por duas vias: através do formalismo do tempo imaginário ou pelo formalismo
de tempo real. O formalismo de tempo real é mais amplo e pode ser usado para pesquisar
fenômenos em equilı́brio e fora do equilı́brio. Este formalismo é dividido em outros dois.
O primeiro, introduzido por Schwinger e Keldysh, é desenvolvido através de integrais de
trajetória, também denominado de trajetória temporal fechada (SCHWINGER, 1961). O
outro é mais atual, foi desenvolvido por Takahashi e Umezawa (MATSUMOTO, 1984) e
utiliza o método de quantização canônica via operadores. Neste caso também é possı́vel
utilizar integrais de trajetória e é conhecido como dinâmica de campos térmicos (DCT).
A base para determinar qual formalismo utilizar depende do cenário fı́sico que
é descrito. Por exemplo, em sistemas quânticos que apresentam quebra espontânea de
simetria, a análise da transição de fase para uma fase simétrica pode ser feita examinando
o comportamento do sistema em equilı́brio, para uma gama de valores crescentes de
temperatura. Nesta situação, o formalismo de tempo imaginário é o mais indicado.
Nosso interesse é aplicar o formalismo de tempo imaginário para a descrição de
bósons não relativistas. Portanto começaremos fazendo uma breve introdução do método
34
Ĥ = Ĥ − µN̂ , (84)
1 1 λ
L= (∂µ φ) (∂ µ φ) − m2 φ2 − φ4 . (85)
2 2 4!
Se consideramos que este sistema está em equilibrio termodinâmico com um banho térmico
a temperatura T , a função de partição do sistema pode ser escrita de forma semelhante
ao funcional gerador. A diferença é essencialmente que a teoria deve ser escrita em tempo
imaginario e com condições de contorno apropriadas. Escrevemos então,
Z Rβ R 3
Z[β, J] = Nβ Dφ e−SE + 0 dτ d xJφ . (87)
φ(x,τ )=φ(x,τ +β)
Note que as integrações sobre o tempo imaginário são feitas no intervalo [0, β]. Ainda, a
integração funcional é realizada com as condições de periodicidade
λ β 4 4
Z Z
2
Z[β, J] = Nβ Dφ 1 − d zφ (z) + O(λ ) Z0 [β, J]
4! 0
" 4 #
λ β 4
Z
δ
= Nβ 1 − dz + O(λ2 ) Z0 [β, J]
4! 0 δJ(z)
( 4 )
λ β 4
Z
δ
= Nβ exp − dz Z0 (β, J) . (90)
4! 0 δJ(z)
36
β
∂2
Z Z
4 1 2 2
Z0 (β) = Dφ exp − d x φ(x) − 2 − ∇ + m φ(x) . (91)
0 2 ∂τ
Sendo esta integral funcional gaussiana pode ser integrada exatamente obtendo
Z β
1 4 4
Z0 [β, J] = Z0 (β) exp d xd yJ(x)4β (x − y)J(y) . (92)
2 0
−1
∂2 2 2
onde 4β (x − y) = − ∂τ
−∇ +m
2 é o propagador de Matsubara, que satisfaz a
seguinte equação diferencial
∂2
− 2 − ∇ + m 4β (x − y) = δ(τx − τy )δ 3 (x − y).
2 2
(93)
∂τ
δ 2 Z0 [β, J]
4β (x − y) = hT [φ(x)φ(y)]iβ = Z0−1 (β) . (94)
δJ(x)δJ(y) J=0
onde
d3 k ik(x−y)
Z
4β (x − y) = e 4β (k, τx − τy ), (98)
(2π)3
d3 k ik(x−y) ∂2 d3 k ik(x−y)
Z Z
2 2
e − + k + m 4 β (k, τx − τy ) = δ(τ x − τy ) e . (99)
(2π)3 ∂τ 2 (2π)3
37
∂2
2 2
− 2 + k + m 4β (k, τx − τy ) = δ(τx − τy ), (100)
∂τ
com
1
κ> [1 + n(wk )] e−wk (τx −τy ) + n(wk )ewk (τx −τy ) ,
k (τx , τy ) =
2wk
κk (τx , τy ) = κ>
<
k (τy , τx ), (102)
1
n(wk ) = . (103)
eβ|wk | − 1
Note que a distribuição de Bose-Einstein aparece como uma consequência de impor
condições de periodicidade no tempo imaginario com perı́odo β. Se tivessemos imposto
condições de anti-periodicidade, a distribuição seria a de Fermi-Dirac.
Então, para τ [0, β], temos que 4β (k, τ ) = κ>k (τ ) e 4β (k, τ ) = 4β (k, τ − β). Isto
implica que a transformada de Fourier de 4β (k, τ ) no tempo imaginário é definida por
+∞
X
4β (k, τ ) = T e−iwn τ 4β (k, wn ) (104)
n=−∞
onde ωn = 2πnβ são conhecidas como frequências de Matsubara para campos bosônicos.
A inversa da equação (104) é
Z β
4β (k, wn ) = dτ eiwn τ 4β (k, τ ). (105)
0
Vemos então que o efeito da temperatura finita é produzir um espectro discreto para as
frequências, enquanto que a parte espacial dos momentos permanece contı́nua. Portanto,
a transformada de Fourier do propagador de Matsubara é dada por
1
4β (k, wn ) = . (107)
wn2 + wk2
38
F = −T ln Z0 (β). (108)
e utilizando
+∞
X 1 1
4β (0) = T = [1 + 2n(w)] , (114)
w2
n=−∞ n
+w 2 2w
obtemos
∂v(wk ) 1 1 1
=2 + βw (115)
∂wk T 2 e k −1
e
1 h wk i
v(wk ) = 2 + T ln 1 − e−βwk + termos indepedentes de wk . (116)
T 2
Descartando agora os termos constantes, temos
d3 k h w k
Z
−βwk
i
F =V + T ln 1 − e . (117)
(2π)3 2
39
d3 k
Z
ln 1 − e−βwk
F = VT 3
(2π)
Z ∞
VT 2
−β(k2 +m2 )1/2
= dkk ln 1 − e . (118)
2π 2 0
Ao fazer m = 0 a integral dos momentos pode ser realizada analiticamente, de modo que,
finalmente,
VT ∞ −πV T 4
Z
F = 2 dkk 2 ln 1 − e−βk = . (119)
2π 0 90
−∂F π2T 4
P = = , (120)
∂V 90
que é a pressão de um gás ideal ultra-relativı́stico (metade da radiação de um corpo
negro).
2nπ
onde wn = β
, e
d4 kE d3 k
Z Z
1X
−→ (123)
(2π)4 β n (2π)3
40
Dessa forma, pode-se escrever o termo a um laço da Eq.(121) a uma temperatura finita
∞ Z
d3 k
1 X 1 2
Vβ (φc ) = 2 2 2
ln wn + k + m + λφc . (124)
1−laço 2β n=−∞ (2π)3 2
resultando em
d3 k w 1
Z
Vβ −βw
(φc ) = + ln 1 − e . (127)
1−laço (2π)3 2 β
d3 k w
Z Z 4
1 d kE λ 2
= ln kE2 + m2 + φ (128)
(2π)3 2 2 (2π)4 2 c
onde a segunda integral coincide com a equação (74) que é a contribuição a um laço do
potencial efetivo a T = 0. Esta contribuição, como vimos no capı́tulo anterior, tem uma
divergência ultravioleta que deve ser regularizada e absorvida nas constantes renormali-
zadas do modelo.
A segunda integral, é a parte dependente da temperatura. Esta integral, embora
seja complexa de se resolver analiticamente, é perfeitamente definida já que ela é finita.
Esta é uma caracterı́stica geral das teorias de campo a temperatura finita. As divergências
ultravioletas sempre se encontram no setor de T = 0, sendo que a contribuição em T 6= 0
é sempre finita.
Dessa forma, ela pode ser resolvida numericamente, ou podem ser realizados di-
ferentes tipos de aproximações. É útil escrever esta integral em forma adimensional, em
2
termos de m(φc )β com m2 (φc ) = m2 + λφ2 c . Temos então que
d3 k
Z
1 −βw
1
ln 1 − e = JB [m(φc )β] (129)
β (2π)3 2π 2 β 4
Esta expressão pode ser útil para realizar diferentes tipos de expansões. Por exemplo para
altas temperaturas y << 1, obtendo-se a expressão (KAPUSTA, 1989; DOLAN, 1974)
π 4 π 2 2 π 2 3/2 1 y2
JB [y] = − + y − (y ) − y 4 ln
45 12 6 32 ab
∞ 2 l+2
X ζ(2l + 1) 1 y
− 2π 7/2 (−1)l Γ l+ (131)
l=1
(l + 1)! 2 4π 2
Uma transição de fase de segunda ordem é caracterizada por uma quebra es-
pontânea de alguma simetria. Isto é, sendo a lagrangeana simétrica, o estado funda-
mental do sistema quebra essa simetria. A transição esta caracterizada por uma tem-
peratura crı́tica Tc embaixo da qual a simetria é quebrada. Para temperaturas maiores
que a crı́tica, a simetria é re-estabelecida, fenômeno que é conhecido como restauração da
simetria em altas tempertaturas SU (3). O objetivo desta seção é mostrar como podemos
entender esta fı́sica a partir do potencial efetivo a temperatura finita, e como calcular a
temperatura crı́tica Tc .
Para isso, vamos considerar como exemplo uma teoria com interação λφ4 que se
encontra na fase com simetria quebrada a temperatura zero. Isto é, devemos escolher
m2 < 0. A pergunta é para que temperatura a simetria é restaurada. Para isto usaremos
a expressão do potencial efetivo
T 6=0
Vef f (φc ) = VefT =0
f (φc ) + Vef f (φc ) (132)
O ponto primordial para essa análise, é que o valor de equilı́brio do valor esperado
(parâmetro de ordem) do campo escalar φ, ou seja, φc = θ(T ) 8 não corresponde ao
mı́nimo do potencial efetivo VefT =0
f (φc ), mas sim ao mı́nimo do potencial efetivo Vef f (φc )
dado pela equação (132). Dessa maneira, mesmo que o mı́nimo de VefT =0 f (φc ) aconteça em
φc = θ0 6= 0 (T < Tc ), muitas das vezes, em altas temperaturas, o mı́nimo do Vef f (φc )
ocorre em φc = 0 (T > Tc ).
O valor do parâmetro de ordem φc é definido como sendo um mı́nimo de Vef f da
8
Onde, θ é a configuração do campo associado ao vácuo.
42
seguinte forma
∂Vef f (φc )
=0 (133)
∂φc
φc =θ(T )
Por outro lado, a temperatura crı́tica para restauração de simetria, Tc será definida
através da condição θ(Tc ) = 0, isto é
∂Vef f (φc )
=0 (134)
∂φc
φc =0,T =Tc
2
2 " 2 λ 2
#
m 2 λ 4 1 λ m + φ
2 c 3
VefT =0
f = φc + φc + 2
m2 + φ2c ln 2
− (135)
2 4! 64π 2 µ 2
| m2 | 2 λ 4 T 2 λ 2
Vef f (φc ) = − φc + φc + φ (137)
2 4! 24 2 c
Dessa forma, ao utilizar a expressão (133), conseguiremos obter o valor esperado do vácuo
para o campo escalar à temperatura finita como sendo,
24 | m2 |
2 1
θ (T ) = − T2 (138)
4 λ
λTc2 = 24 | m2 | (139)
43
Nota-se claramente que esta lagrangeana possui uma simetria global U (1). Pode-se dizer
que uma simetria é global, quando as equações de movimento, são invariantes em todos
os pontos do espaço-tempo. Podemos verificar isso, através da transformação de fase,
Φ −→ Φ0 = Φe−iα
Φ∗ −→ Φ∗0 = Φ∗ eiα (141)
onde, α é uma constante real que é independente das coordenadas espaciais. A in-
variância da densidade lagrangeana produz quantidades conservadas. Em teoria quântica
de campos, a relação entre simetrias e quantidades conservadas é descrita pelo teorema
de Noether. Este teorema impõe que as transformações de simetria contı́nua que deixa
a densidade lagrangeana invariante, acarreta no surgimento de uma corrente de Noether
conservada (PESKIN, 1995). No nosso caso, a densidade de corrente pode ser escrita da
seguinte maneira,
φ1 + iφ2 φ1 − iφ2
Φ= √ −→ Φ∗ = √ (144)
2 2
Agora, para escrever a densidade hamiltoniana, introduziremos os momentos conjugados
π1 = ∂φ1 /∂t = φ̇1 e π2 = ∂φ2 /∂t = φ̇2 . Dessa forma, por meio de uma transformação
de Legendre, pode-se escrever a seguinte densidade hamiltoniana canônica,
1 1 1 1 1 1
H = π12 + π22 + (∇φ1 )2 + (∇φ2 )2 + m2 (φ21 + φ22 ) + λ(φ21 + φ22 )2 (145)
2 2 2 2 2 4
A expressão para a carga conservada é,
Z
N = d3 x(φ2 π1 − φ1 π2 ) (146)
onde o ı́ndice P indica que a integração nos campos tem que ser realizada com condições
periódicas de contorno em um intervalo temporal de 0 à β. Agora, faremos a integração
sobre os momentos conjugados,
Z Z β Z " 2 2 #
1 ∂φ 1 1 ∂φ 2
Z = (N 0 )2 [dφ1 ][dφ2 ] exp dτ d3 x − − iµφ2 − − iµφ1
p 0 2 ∂τ 2 ∂τ
1 1 1 2 1
+ − (∇φ1 ) − (∇φ2 ) − (m φ1 + m φ2 ) − λ(φ21 + φ22 )2
2 2 2 2
(148)
2 2 2 4
onde !
XX φ1 (n, p)
S = βV (µ2 − m2 )ϕ2 − (φ1 (n, p)φ2 (n, p))M
n p
φ2 (n, p)
com !
wn2 + w2 − µ2 −2µn w
M = β2
−2µwn wn2 + w2 − µ2
onde, M é uma matriz 2 × 2. Realizando as integrações obtemos,
1 XX 2 2
ln Z = βV (µ2 − m2 )ϕ2 − ln β [wn + (w − µ)2 ]
2 n p
1 XX 2 2
ln β [wn + (w + µ)2 ]
− (153)
2 n p
47
ln Z = βV (µ2 − m2 )ϕ2
d3 k
Z
−β(w−µ) −β(w+µ)
− V βw + ln(1 − e ) + ln(1 − e ) (154)
(2π)3
ln Z
F =− = V (m2 − µ2 )ϕ2
β
d3 k
Z
1 −β(w+µ) 1 −β(w−µ)
− V w + ln(1 − e ) + ln(1 − e ) (155)
(2π)3 β β
Com a expressão da energia livre, é possı́vel, analisar a possı́vel transição de fase do sis-
tema. Neste ponto é interessante fazer algumas considerações. A integral dos momentos,
só fará sentido, ou seja, só irá convergir se | µ |≤ m. Como é esperado, por causa da
simetria U (1), a energia livre depende do parâmetro ϕ, porém, esta independe da fase θ.
Como o parámetro ϕ não é predeterminado, ele deve ser considerado como sendo varia-
cional. Portanto, fixando µ e β, o valor de ϕ pode ser obtido extremizando ln Z, sendo
assim,
∂ ln Z
= 2βV (µ2 − m2 )ϕ = 0 (156)
∂ϕ
Para |µ| < m a única solução possı́vel é ϕ = 0. Quando | µ |= m, ϕ fica ainda indetermi-
nado.
Para obter o valor do parâmetro ϕ, quando | µ |= m, usamos a definição de
densidade de carga ρ = N /V , que deve ser constante devido a simetria U (1), temos então
que
1 ∂ ln Z
ρ= = 2mϕ2 + ρ∗ (µ = m) (157)
βV ∂µ µ=m
onde,
d3 k
Z
∗ 1 1
ρ (µ = m) = − (158)
(2π)3 eβ(w−m) − 1 e(w+m) − 1
Diante da Eq. (157), percebemos que existe claramente uma separação entre o conden-
sado de partı́culas, ou seja, o estado em que o momento é nulo e as excitações térmicas,
(flutuações) que são os modos de momento finito. Com a densidade ρ constante, enquanto
a temperatura diminui, o potencial quı́mico µ dos bósons aumentará, podendo alcançar,
para uma determinada temperatura, um valor máximo µ = m. A este ponto especı́fico,
48
ρ − ρ∗ (β, µ = m)
ϕ2 = (159)
2m
A partir desta equação, é facil deduzir uma expresão para a temperatura critica, já que
nesta temperatura ϕ = 0. Portanto, a temperatura crı́tica Tc é determinada implicita-
mente pela equação
ρ = ρ∗ (βc , µ = m) (160)
onde, βc é o inverso da temperatura crı́tica de equilı́brio. Esta equação pode ser resolvida
em dois limites. No limite não relativı́stico a temperatura crı́tica é dada por
2/3
2π ρ
Tc = , ρ << m3 (161)
m ζ(3/2)
Tem que ser levado em conta que estas equaçòes foram deduzidas usando um
modelo sem interação. A presença de interações, mesmo em gases diluidos, pode alterar
muitos aspectos discutidos nesta sesão. No proximo capı́tulo discutiremos em detalhe a
condensação de Bose-Einstein de dois gases na presença de diferentes tipos de interações.
49
onde Lψ e Lφ , são densidades lagrangeanas não relativı́sticas para cada uma das espécies,
∇2
∗
Lψ = ψ i∂t − + µψ ψ (164)
2m
∇2
∗
Lφ = φ i∂t − + µφ φ (165)
2m
LI = Lc + LJ (166)
então,
gψ ∗ 2 gφ ∗ 2
Lc = − (ψ ψ) − (φ φ) − gφψ ψ ∗ ψφ∗ φ (167)
2 2
onde as constantes de acoplamentos são, gψ = 4πaψ /m, gφ = 4πaφ /m e gφψ = 8πaφψ /m,
são escritas em termos de comprimento de espalhamento da onda s, ou seja, aψ , aφ de cada
espécie, e o comprimento de espalhamento entre as duas espécies, aφψ . Esta interação é
invariante sob transformações do grupo Uφ (1) ⊗ Uψ (1).
O segundo termo da Eq. (166), LJ , não conserva o número de partı́culas de cada
espécies individualmente, no entanto, conserva o número total de partı́culas. Este termo
quebra explicitamente a simetria da densidade lagrangeana, Eq. (167), tornando Uφ (1) ⊗
Uψ (1) → Uφ+ψ (1). Dessa forma, podemos descrever um gás em dois estados quânticos
diferentes, permitindo a transferência de partı́culas entre cada estado. Habitualmente,
chamamos este segundo termo de interação Josephson já que a interação deve acoplar as
fases dos dois campos complexos. Sendo assim, a forma mais simples para LJ pode ser
escrita como,
gJ ∗ ∗
LJ = νψ ∗ φ + ν ∗ φ∗ ψ − (ψ ψ φφ + φ∗ φ∗ ψψ) (168)
2
Na equação acima o termo quadrático (interação de um corpo) é proporcional a ν,
e o termo quártico é a interação de dois corpos. No geral, esses dois termos têm origens
diferentes. O primeiro termo na Eq. (168), pode ser obtido por meio de dois feixes de
laser de propagação oposta que acopla dois estados hiperfinos internos do mesmo átomo
bosônico. O laser é sintonizado a uma frequência levemende diferente da separação entre
os dos estados hiperfinos. Esta diferença, ou desintonia (”detunning”) é parametrizada por
ν. Considerando os dois estados hiperfinos como sendo um espaço de iso-spin, este termo
aparece como uma interação efetiva spin-órbita (EISBERG, 1979). O segundo termo na
Eq. (168), representa o espalhamento da onda s, onde o estado interno hiperfino dos
átomos não é conservado. Na ausência de ν, este tipo de processo é improvável, pois
ambos os estados hiperfinos são energéticamente bem separados. No entanto, na presença
de um laser com uma pequena desintonia entre as diferenças de frequências, uma pequena
constante de acoplamento poderia produzir resultados qualitativamente diferentes.
Aspectos do diagrama de fase do modelo das densidades lagrangianas não rela-
tivı́sticas Lψ , Lφ e Eq. (168), que não possuem o acoplamento Josephson (LJ = 0),
foram anteriormente estudadas na Ref. (PINTO, 2005). A análise de campo médio, em
temperatura zero, conduz a algumas restrições sobre as constantes de acoplamento. Por
exemplo, para que os dois campos possam condensar simultaneamente deve se cumplir
que
2
gφ gψ − gψφ >0 (169)
51
Se a condição, Eq. (169) for violada, os dois condensados não coexistem e tendem a
separar espacialmente.
Flutuações térmicas bem como quânticas, não altera este comportamento geral.
No entanto, a presença de acoplamento Josephson altera qualitativamente o diagrama de
fase do modelo. Por esta razão, abordamos os efeitos dos termos de interação como na
Eq. (168) no diagrama de fase.
Lν = νψ ∗ φ + ν ∗ φ∗ ψ ∝ ΩR (172)
Para simplificar, na Eq. (168), ignora-se o termo de interação entre as duas espécies
de condensados, já que em princı́pio é de ordem mais elevada do que o termo de auto-
acoplamento.
52
com
q
D = (Ωef f − ΩR )2 + | ν |2 (175)
∇2 ∇2
g
∗
L = ϕ1 i∂t − ∗
+ µ+ ϕ1 + ϕ2 i∂t − + µ− ϕ2 − (ϕ∗1 ϕ1 + ϕ∗2 ϕ2 )2 (176)
2m 2m 2
p
onde, µ± = µ ± Ω2R + | ν |2 .
Embora os termos proporcionais a ν e ΩR na Eq.(172) quebra a simetria O(2) e
Uφ (1) ⊗ Uψ (1), o sistema ainda possui uma simetria Uϕ1 (1) ⊗ Uϕ2 (1), nas novas variáveis.
Isto significa que o número de partı́culas associadas com cada uma das espécies en-
trelaçadas ϕ1 e ϕ2 são conservadas independentemente. Este comportamento é con-
sequência da simetria O(2), do termo de interação entre os dois campos (171). Não é
dı́ficil de perceber, que no caso de desequilibrio da interação quártica, gψφ 6= g, mediante
a rotação de iso-spin, um termo proporcional a ϕ1 ϕ1 ϕ∗2 ϕ∗2 , será gerado, quebrando desta
forma a simetria Uϕ1 (1) ⊗ Uϕ2 (1) → U (1).
Curiosamente, a Eq. (176), não depende de ΩR e ν independentemente, mas
p
somente da frequência efetiva de Rabi, Ωef f = Ω2R + | ν |2 .
É interessante, saber a forma da matriz de rotação (174) em dois diferentes limites.
Se o parámetro ν é muito menor do que a frequência de Rabi ΩR , | ν | ΩR temos que
!
|ν| iαν
2ΩR
−e
M= |ν| (177)
e−iαν 2Ω R
∇2
∗ ∗
i∂t − + µ+ − g (ϕ1 ϕ1 + ϕ2 ϕ2 ) ϕ1 = 0
2m
∇2
∗ ∗
i∂t − + µ− − g (ϕ1 ϕ1 + ϕ2 ϕ2 ) ϕ2 = 0 (180)
2m
Buscando soluções estáticas e uniformes para ϕ1,2 (x, t) ≡ ϕ01,2 , achamos as seguintes
equações algébricas,
ϕ01 = 0 ←→ | ϕ02 |2 = µ− /g ou
ϕ02 = 0 ←→ | ϕ01 |2 = µ+ /g (182)
Ωef f − ΩR
φ0 = q ϕ01
2
(Ωef f − ΩR ) + | ν |2
ν∗
ψ0 = − q ϕ01 (183)
2
(Ωef f − ΩR ) + | ν |2
onde φ0 e ψ0 são as amplitudes dos condensados dos campos φ(x) e ψ(x) respectivamente.
A primeira observação é que as duas espécies φ e ψ condensam simultaneamente,
e a fase relativa entre estes condensados ∆α é fixada pela fase do parâmetro ν,
∆α = αν + π (184)
∆µ
ΩR = sin θ (185)
2
∆µ
|ν| = cos θ (186)
2
com 0 ≤ θ ≤ π/2. Usando esta parametrização, a relação entre os dois condensados toma
a seguinte forma,
Uma questão importante é como as flutuações térmicas afetam a estrutura geral
do modelo, isto é, do campo médio. Para isso, é considerado o potencial efetivo
onde U0 é o potencial despido, isto é, potencial clássico e ∆U contém os efeitos das
flutuações. Duas simetrias importantes restringem a forma geral deste potencial. De um
lado, a simetria U (1) ⊗ U (1), implica que o potencial efetivo é uma função de | ϕ01 |2
e | ϕ02 |2 . Por outro lado, uma vez que a simetria O(2) é quebrada pelos parâmetros ν
e ΩR , ou ∆µ = µ+ − µ− , o potencial deve ser uma função de, χs =| ϕ01 |2 + | ϕ22 |2
e χa =| ϕ01 |2 − | ϕ01 |2 , independentemente. O subı́ndice s e a define, simétrica e
antisimétrica, respectivamente. Temos então o potencial efetivo,
encontramos imediatamente
∂∆U ∂∆U
µ+ + − g | ϕ01 |2 + | ϕ02 |2 + = 0 (189)
∂χs ∂χa
∂∆U ∂∆U
µ− + − g | ϕ01 |2 + | ϕ02 |2 − = 0 (190)
∂χs ∂χa
Para estudar flutuações térmicas bem como quânticas, começamos por considerar
a teoria de campo a temperatura finita do modelo Eq. (176)
β
∇2 ∇2
Z Z
SE = dτ 3
dx ϕ∗1 ∂τ − ∗
− µ+ ϕ1 + ϕ2 ∂τ − − µ− ϕ2
0 2m 2m
g ∗
− (ϕ ϕ1 + ϕ∗2 ϕ2 )2 . (192)
2 1
A função de partição do modelo,
Z
~
R 3
Z(β) = Dϕ1 Dϕ∗1 Dϕ2 ϕ∗2 e−SE + d xdτ J.~ϕ
onde foi introduzida uma fonte J, ~ a fim de calcular funções de correlação. A medida de
integração funcional contém a condição de contorno bosônica implı́cita no tempo eucli-
deano ϕ(0, x) = ϕ(β, x). W [β, J] ~ = 1 ln Z é a chamada energia livre de Helmholtz do
βV
sistema.
O principal objetivo desta seção é calcular W [β, J], na aproximação a um laço ou
em campo médio mais flutuações gaussianas. Como discutido na última seção, esperamos
que pelo menos em uma certa região de temperaturas, as flutuações não modifiquem a
estrutura geral do campo médio. Com isto em mente, a fim de calcular W [β, J], substi-
tuimos na Eq.(193) a seguinte decomposição,
δSE
=J
δϕ1 ϕ1 =ϕ01 ,ϕ2 =0
δSE
=0
δϕ2 ϕ1 =ϕ01 ,ϕ2 =0
e o kernel quadrático,
(2) δ 2 SE
Sij = (199)
δϕ∗j δϕi ϕ1 =ϕ01 ,ϕ2 =0
W [J, β] = U0 + ∆W (200)
com,
1
∆W [J, β] = ln det Ŝ (2) (201)
2
Agora é possı́vel ir para o espaço dos momentos, para dessa forma calcular o determinante
da matriz. Com isso é possı́vel obter o seguinte resultado,
1
∆W = ln detŜ (2)
2
∞ Z
1 X d3 q 2 2
2 2
= ln w n + E1 w n + E2 (205)
2β n=−∞ (2π)3
58
e
q2
E2 = − µ− + g | ϕ01 |2 (207)
2m
Para calcular o somatório das frequências de Matsubara, é preciso fazer uso da seguinte
expressão,
1X 2
ln wn2 + Ei2 = Ei + ln 1 − e−βEi
(208)
β n β
obtemos,
d3 q X
Z
1 2 −βEi
∆W = Ei + ln 1 − e , (209)
2 (2π)3 i β
É interessante notar que, se substituimos o valor de campo médio para ϕ01 dado, pela
Eq.(182) nas Eqs. (206) e (207), obtemos imediatamente,
s 2
q2 q
Ẽ1 = + 2g | ϕ01 |2 (210)
2m 2m
e
q2
Ẽ2 = + Ω2R + | ν |2 (211)
2m
As equações, (210) e (211), são as energias de excitações habituais, calculadas na apro-
ximação de Bogoliubov. A Eq. (210) é o modo de Goldstone associado com a quebra de
simetria Uϕ1 (1), enquanto que a Eq. (211) é o modo correspondente às flutuações fora do
condensado.
É útil expressar a energia livre em termos do parâmetro de ordem,
" #
(2) 0
δW 1 1 δ Ŝ δϕ 1
ϕ̃ = = ϕ01 + T r (212)
δJ 2 Ŝ (2) δϕ01 δJ
onde, δΓ/δ ϕ̃ = J. Em Eq. (213), J é uma função do parâmetro de ordem ϕ̄, obtido
invertendo a Eq. (212). Fazendo explicitamente a transformada de Legendre a ordem
dominante nas flutuações, obtemos
g
Γ[β, ϕ̄] = µ+ | ϕ̄ |2 − | ϕ̄ |4
2
3
Z
1 dq X 2 −βEi
− Ei + ln 1 − e (214)
2 (2π)3 i β
A Eq. (214) é a energia livre de Gibbs, calculada em campo médio mais flutuações
gaussianas, ou na linguagem de teoria quântica de campos, a ação efetiva a um laço.
A amplitude do condensado ϕ̄m é calculada minimizando a energia livre,
∂Γ[β, ϕ̄]
= 0. (215)
∂ ϕ̄ ϕ̄=ϕ̄m
Usando a eq. (214) e definindo o potencial quı́mico efetivo µ̄+ = g|ϕ̄m |2 achamos uma
expressão µ̄+ em função do potencial quı́mico original µ+ e a temperatura:
d3 q
Z
1
µ̄+ = µ+ − ×
2 (2π)3
2
q
2 2m + µ̄+ (1 + 2n(E1 ))
× r (216)
q 2 q 2
2m
+ 2µ̄+ + 1 + 2n(E2 )
2m
d3 q q 2 /2m
Z
∂Γ µ+ 1
ρϕ1 = = − (1 + 2n(E1 ))
∂µ+ g 2 (2π)3 E1
d3 q
Z
1
− (1 + 2n(E2 )) (217)
2 (2π)3
d3 q
Z
∂Γ 1
ρϕ2 = = (1 + 2n(E2 )) (218)
∂µ− 2 (2π)3
Usando a relação entre µ+ e µ̄− , dada pela equação (216), finalmente chegamos,
q2
d3 q + µ̄+
Z
µ̄+ 1 2m
ρϕ1 = + coth (βE+ /2) (219)
g 2 (2π)3 E+
d3 q
Z
1
ρϕ2 = coth (βE− /2) (220)
2 (2π)3
60
com
s
q2 q2
E+ = + 2µ̄+ (221)
2m 2m
q2
E− = + µ̄+ − µ̄− (222)
2m
A partir da Eq. (221) fica evidente que o modo de Goldstone é preservado a uma tem-
peratura finita, como deve acontecer. Desde que ρϕ1 e ρϕ2 são constantes, as Eqs. (219),
(220), (221) e (222), são equações acopladas para as variáveis µ̄+ e µ̄− , como uma função
da temperatura.
As expressões, (219) e (220) possuem as divergências ultravioletas usuais de uma
teoria de campos em T = 0. Como é bem conhecido, as flutuações termicas são sempre
convergentes. A maneira usual de lidar com essas divergências é regularizar a integral e
depois renormalizar as constantes despidas, µ+ , µ− , g a fim de obter resultados finitos.
Um procedimento conveniente, no caso escalar não relativistico, é o método de cut-
off. Este método limita as integrais de momento fazendo uso de um cut-off ultravioleta,
0 ≤| ~q |≤ Λ. Os resultados são obviamente dependentes de Λ. No entanto, se começarmos
os cálculos com constantes renormalizadas µR ± = µ± + δµ± (Λ), pode-se ajustar δµ± (Λ)
para conseguir um resultado independente de Λ. No final pode-se realizar com segurança o
limite Λ → ∞. Após este procedimento, as expressões renormalizadas podem ser escritas
como segue,
2
q
µ̄+ (mµ̄+ )3/2 d3 q + µ̄+
Z
2m
ρϕ1 = + + (223)
g 3π 2 (2π)3 E+ (eβE+ − 1)
d3 q
Z
1
ρϕ2 = 3 βE
(224)
(2π) e − −1
1 ∆µ
ρϕ2 ∼ √ (mT )3/2 e T (226)
4 2π
Em termos de densidades constantes ρϕ1 e ρϕ2 e temperatura crı́tica Tc , dada pela
Eq. (225), obtemos a partir de Eq. (226)
" 3/2 #
ρϕ1 T
∆µ = T ln (227)
ρϕ2 Tc
Surpreendentemente, existe uma temperatura mı́nima TR = (ρϕ1 /ρϕ2 )2/3 Tc , onde, ∆µ(TR ) =
0 e a simetria O(2) é restaurada. Portanto, a nossa análise de campo médio não é válida
para temperaturas T ≤ TR . A fim de ter a estrutura do condensado dada por (183), pre-
cisamos fixar ρϕ2 /ρϕ1 < 1 e TR < T < Tc . Esta interessante reentrância de fase não é um
artifı́cio da aproximação clássica usada para calcular a integral na Eq. (224). Na verdade,
resolvendo a integral usando métodos numéricos, encontramos o mesmo comportamento
geral.
Na próxima seção, seram calculados numericamente as frações condensadas como
funções de temperatura para diferentes valores dos parâmetros.
ρϕ
ρcψ ∼ 1− 2 ρc (231)
ρϕ1
1 ρϕ2 ΩR
ρcψ0 ∼ 1− 1+ ρc (233)
2 ρϕ1 |ν|
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BARONE, F. A.; BOSCHI-FILHO, H.; FARINA, C. Three methods for calculating the
Feynman propagator. American Association of Physics Teacher, New York, v. 71, p.
483-491, 2003.
BROWN, L. H.; MACLAY, G. J. Phys. Rev. D, New York, v. 184, p. 1272, 1969.
DAS, A. Finite temperature field theory. Singapure: World Scientific, 1997. 775 p.
DOLAN, L.; JACKIW, R. Symmetry behavior at finite temperature. Phys. Rev. D, New
York, v. 9, n. 12, p. 3320, 1974.
EISBERG, R.; RESNICK, R.. Fı́sica quântica. Rio de Janeiro: Campus, 1979. 928 p.
69
FEYNMAN, R. P.; HIBBS, A. R. Quantum mechanics and path integrals. USA: Mac
Graw-Hill, 2010. 372 p.
FRADKIN, E. Field theories of condensed matter systems. 2ed. New York: Cambridge
University Press, 2013. 838 p.
GRADSHTEYN, I. S.; RYZHIK, I. M. Table of integrals, series and product . 7th ed.
USA: Academic Press, 1965. 1200 p.
GREINER, W.; REINHARDT, J. Field quantization. 2nd ed. Berlin: Springer, 1996.
458 p.
KAPUSTA, J. I. Finite temperature field theory. 1st. New York: Cambridge University
Press, 1989. 225 p.
LE BELLAC, M. Thermal field theory. UK: Cambridge University Press, 1996. 272 p.
LEVY, S. et al. The a.c. and d.c. Josephson effects in a Bose-Einstein condensate.
Nature, USA, v.449, p. 579-583, October 2007.
MOSHE, M.; ZINN-JUSTIN, J. Quantum field theory in the large N limit. A Review
Phys. Reports, USA, v. 385, p. 69-228, 2003.
PAPP, S. B.; PINTO, J. M.; WIEMAN, C. E. Studying a dual-species BEC with tunable
interaction. Phys. Rev. Lett., New York, v.101, p. 040402, February 2008.
RIVERS, R. J. Path integral method in quantum field theory. 1st ed. UK: Cambridge
University Press, 1987. 339 p.
RYDER, L. H. Quantum field theory. 2nd ed. UK: Cambridge University Press, 1985.
502 p.
71
SVAITER, N. F. Finite size effect in thermal field theory. Jornal of mathematical, USA,
v.45, p. 4521, 2004.
TSVELIK, A. M. Quantum field theory in condensed matter physics. 1st. New York:
Cambridge University Press, 1995. 348 p.
WILL, S. From atom optics to quantum simulation: interacting bosons and fermions in
three-dimensional optical lattice potentials. New York: Springer, 2013. 257 p.
WILSON, K. G. Confinement of quarks. Phys. Rev. D, New York, v.10, p. 2445, October
1974.
72
YANG, N. C.; MILLS, R. L. Conservation of isotopic spin and isotopic gauge invariance.
Phys. Rev. , New York, v. 96, n. 1, p. 96, october 1954.
ZINN-JUSTIN, J. Quantum Field theory and critical phenomena. 3rd ed. New York:
Claredon Oxford, 1996. 571 p.
73
d4 k dd k
Z Z
d
4
−→ (µ2 )2− 2 (234)
(2π) (2π)d
d
onde o fator (µ2 )2− 2 é introduzido para equilibrar a dimensão da medida de integração e
µ é uma escala arbitrária com dimensão de massa. Nosso objetivo, a partir de agora é,
calcular o potencial efetivo usando regularização dimensional. Nesse caso, a expressão do
potencial efetivo a um laço poderá ser reescrita da seguinte maneira,
dd k
Z
1 d
V1−laço = (µ2 )2− 2 ln k 2 + m2 (φc )
d
(235)
2 (2π)
9
A regularização dimensional é a técnica mais conveniente para estudar cálculos perturbativos (ZINN-
JUSTIN, 1996)
74
0
∂V1−laço1 d
Z
dd k 1
V1− laço = 2
= (µ2 )2− 2 (236)
∂m (φc ) 2 (2π) k + m2 (φc )
d 2
onde Γ(z) são as funções gamma. Com a expressão (237), é possı́vel reescrever a equação
(236) como sendo,
d
0 1 2 2− d π 2 2 d2 −1 d
V1− laço = (µ ) 2 m (φc ) Γ 1− (238)
2 (2π)d 2
ou
d d d −2
m4 (φc ) m2 (φc ) 2 Γ 2 − d2
1 2 2− d π 2 [m2 (φc )] 2
0 d
V1− laço = (µ ) 2 d
Γ 1− = d d
(239)
2 (2π)d 2
2 32π 2 4πµ 2
2
1 − 2
m4 (φc ) m2 (φc )
Γ()
V1−laço = 2 2
(240)
32π 4πµ (2 − )( − 1)
onde definimos d = 4 − 2. A função Γ() tem um pólo em = 0, esta é a divergência ul-
travioleta que queremos tratar. Para isto, se considerarmos como um número complexo,
podemos fazer um desenvolvimento em série de Laurent da função Gamma da seguinte
forma,
1
Γ(z) = − γE + O(z), z→0 (241)
z
m4 (φc ) m2 (φc ) 3
1
V1−laço = − − γE + ln(4π) + ln − + O() (242)
64π 2 µ2 2
λm2 1
2
δm = − γE + ln(4π) (243)
32π 2
3λ2 1
δλ = − γE + ln(4π) (244)
32π 2
m2 (φc ) 3
1 4
V1−laço = m (φc ) ln − (245)
64π 2 µ2 2