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RESTEC - Especialização em Gestão Pública 

Introdução à Educação a Distância 


Aula 1 – Concepções de educação 
a distância. Evolução histórica 
Prof. Carlos Alberto Godoy 

Objetivos de Aprendizagem 
1. Refletir sobre as possibilidades e limites da educação a distância (EaD).
2. Compreender  as  concepções  de  educação  a  distância  de  acordo  com  sua  evolução
histórica.
3. Analisar as perspectivas atuais da educação a distância.

Roteiro de Estudos 
Caro cursista, nesta semana você estudará os conceitos de educação a distância, as gerações 
da EAD com base no método de entrega e na tecnologia predominante em cada uma delas, 
além de contextualizarmos com a evolução histórica dessa modalidade. 

Para isso siga o seguinte roteiro: 

1. Assista a videoaula de apresentação do curso.


2. Realize a leitura do material de apoio da Unidade 1.
3. Responda o questionário avaliativo.
4. Realize a Leitura do texto: Entrevista Especial: Educação a Distância no Brasi l- situação e
perspectivas, disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
5. Assista o vídeo: Educação a distância cresce aceleradamente no Brasil
6. Participe do Fórum Avaliativo


Apresentação 
O  contínuo  avanço  da  tecnologia  e  o  surgimento  de  novas  Tecnologias  de Informação e 
Comunicação  (TICs)  proporcionaram  mudanças  em  diversas  áreas  do  conhecimento,  tais  como, 
Engenharia,  Ciências  Agrárias,  da  Saúde  e  da  Educação.  Esta  última,  em  especial,  teve grandes 
benefícios com o surgimento de uma nova modalidade: a Educação a Distância (EAD). 

Segundo  a  UNESCO  (  Patru  et  al.  (2003))  “​educação  a  distância pode ser definida como 


um processo educacional e um sistema em que toda ou uma proporção significativa do ensino é 
realizada  por  alguém  ou  algo  removido  no  espaço  e  no  tempo  do  aluno​”.  Para  isso  ocorrer  a 
educação  a  distância  exige  um  planejamento  estruturado,  cursos  bem  desenhados,  técnicas 
especiais  de  instrução  e  métodos  de  comunicação  mediados  pela  tecnologia  e  pelas  mídias, 
bem como acordos organizacionais e administrativos específicos. 

Diante  disso,  a  educação  à  distância  com  o  passar  do  tempo,  sofreu  alterações, 
passando  por  atualizações  em  seu modelo de ensino, o qual requer uma metodologia adequada 
à  sua  natureza  e  finalidade,  assim  o  conceito  e  os  modelos  evoluíram  ao  longo  do  tempo, 
influenciados pelo avanço das tecnologias da informação e da comunicação (TICs).  

Diante  disso  o  objetivo  desta  unidade  é  expor  os  conceitos  de  educação  a  distância, 
discutindo  as  gerações  com  base  no  método de entrega e na tecnologia predominante em cada 
uma delas, além de contextualizarmos com a evolução histórica dessa modalidade. 

Conceitos de Educação a Distância 


A  educação  à  distância  -  EAD  não  é  um  novo  método  de  ensino,  mas  sim  uma 
modalidade  de  educação  que  está  em  constante  atualização  e  requer  uma  metodologia 
adequada  à  sua  natureza  e  finalidade.  Devido  a  isso,  o  conceito  evoluiu  ao  longo  do  tempo, 
influenciado pelo avanço das tecnologias da informação e da comunicação (TICs).  

Para  Peters  (1973),  a  educação/ensino  a  distância  é  um  método  racional  de  partilhar 
conhecimentos,  habilidades  e  atitudes,  através  da  aplicação  da  divisão  do  trabalho  e  de 
princípios  organizacionais  industriais  com  o  uso  extensivo  de  meios  de  comunicação,  tornando 
possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo. 

Moore  (1972),  afirma  que  o  ensino  à  distância  compreende  a  família  de  métodos 
instrucionais  nos  quais  as  ações  dos  professores  são  executadas  à  parte  das  ações  dos 


estudantes,  podendo  incluir  momentos  presenciais.  A  comunicação  é  facilitada  por  meios 
impressos, mecânicos, eletrônicos, entre outros. 

Segundo  Holemberg  (1977),  o  termo  educação  a  distância  é  evidenciada  sob  várias 


formas,  realizada  em  vários  níveis,  sob  a  contínua  e  imediata  supervisão  de  tutores,  presentes 
com seus alunos, nas salas de leitura ou em outros locais. 

Garcia  Aretio  (1987)  considera  a  EAD  um  sistema  tecnológico  de  comunicação 
bidirecional,  entre  professores  e  estudantes,  substituindo  a  interação  pessoal  em  sala  de  aula, 
como  meio  preferencial  de  ensino,  pela  presença  de  diversos  recursos  tecnológicos  e  o  apoio 
de tutoria, propiciando aprendizagem independente e flexível. 

A  partir  da  análise  destes  conceitos,  Keegan  (1996),  identifica  alguns  elementos 
essenciais dos processos educacionais à distância, tais como: 

● Distância física entre professores e alunos, distinto do ensino presencial;


● Influência  de  uma  organização  educacional,  um planejamento, um sistema a ser seguido,
com  a  preparação  do  material  de  ensino  e  a provisão de serviços de suporte aos alunos,
diferenciando da educação individual;
● Uso  da  mídia para interligar, mediar e transmitir os conteúdos e ações educacionais entre
professores e alunos;
● Troca  bidirecional  de  comunicação,  de  forma  a  proporcionar  ao  aluno  um  diálogo  mais
restrito com o professor; e
● Quase  total  ausência  de  grupos  presenciais,  com  a  possibilidade  de  encontros
ocasionais,  face  a  face  ou  através  de  meios  eletrônicos,  sendo  os  estudos  individuais
responsáveis por completar as necessidades e propósitos de socialização.

Seguindo  a  evolução  desses  conceitos,  alguns  autores  definem  a  EAD  como  uma
modalidade  de  educação  em  que  professores  e  alunos  estão  separados  fisicamente  e  é 
planejada  por  instituições  que  utilizam  diversos  recursos  provenientes  das  tecnologias  de 
comunicação e informação ( KEEGAN (1996) Maia; Mattar (2008)). 

A  educação  a  distância  é,  portanto,  uma  modalidade  de  educação  que  permite  a 
comunicação  e  interação  entre  professores e estudantes, sem a necessidade de presença física, 
no  ambiente  formal  da  sala  de  aula.  Assim,  são  superadas  as  barreiras  de  tempo  e  espaço, 
através da utilização de recursos tecnológicos. 


História da Educação a Distância 
Atualmente,  a  educação  a  distância  vem  se  popularizando,  passando  a  ser  conhecida 
como  ensino  através  da  internet.  Devido  a  isso,  muitos  consideram  que  seja  algo  recente.  Ao 
contrário, existe uma longa história de sucessos e fracassos. 

A  origem  da  educação  a  distância  remete  as  primeiras  tentativas  das  pessoas  de  se 
comunicarem,  sem  estarem  face  a  face,  através  da  escrita (RODRIGUES, 2012). Sabe-se que nas 
antigas  Grécia  e  Roma,  já  existia  uma  rede  de  comunicação  por  meio  de  textos  escritos.  Nesse 
contexto,  as  mensagens  trocadas  pelos  cristãos,  com  o  propósito  de  educar  e  difundir  a  fé 
podem ser consideradas formas de educação a distância. 

Para  Landim  (1997),  a  educação  a  distância  teve  origem  na publicação de um anúncio na 


Gazeta  de  Boston  em  1728,  de  aulas  por  correspondência.  Já  para  Alves  (1994)  a  primeira 
experiência  de  ensino  a distância foi em 1833, na Suécia com a oferta de um curso de taquigrafia 
via correspondência. 

Após  isso,  com  o  acesso  por  grande  parte  da  população  ao  material  impresso  e  aos 
correios,  muitos  cursos  foram  surgindo  em  todo  o  mundo  e  o  ensino a distância não parou mais 
de  crescer.  Em  1858,  a  Universidade  de  Londres  começa  a  emitir  certificados  a  alunos  que 
estudavam  por  correspondência.  No  final  do  século  XIX  muitas  instituições  de  ensino  superior 
passam a oferecer cursos por correspondência. 

Com  essa  crescente  demanda  pelo  ensino  a  distância,  começou-se  a  pensar  em  formas 
de  utilizar  os  meios  de  comunicação  em  massa  a  fim  de  facilitar  o  acesso  ao  ensino.  Neste 
cenário,  em  1922,  a  Universidade  da  Pensilvânia  ministra  os  primeiros  cursos  via  rádio 
(DEGREEINFO, 2005). 

Esses  primeiros  cursos  universitários  por  correspondência  ensinavam  ofícios  de  pouco 
reconhecimento  social  e  eram  dirigidos,  em  sua  maioria,  a  trabalhadores  sem  condições  de 
estudar de forma regular. (LITWIN, 2001 apud SARAIVA, 2010, p.30). 

A  utilização  do  rádio  no  ensino  a  distância  alcançou  grande  sucesso,  sendo  bastante 
explorado na América Latina, em países como Brasil e México. 

Após  as  décadas  de  1960  e  1970,  ocorre  um  avanço  na  EAD,  ao  utilizar  os  recursos  de 
áudio  e  vídeo,  de  forma  integrada,  incorporando  ao  ensino  a  distância  o  videocassete,  a 
televisão  e  a  tecnologia  de  multimeios,  que  combinam  textos,  sons,  imagens,  vídeos,  tutoriais 
como mecanismos de geração de caminhos para a aprendizagem (SARAIVA, 2010). 


 

Ao  final  do  Século  XX,  com  o  surgimento  de  tecnologias  interativas  sofisticadas,  tais 
como  as  redes  de  computadores,  internet,  a  popularização  do  computador,  audioconferência, 
disponibilização  de  mecanismos  de  comunicação  de  forma  síncrona (salas de chat) e assíncrona 
(grupos  de  discussão  por  e-mail  e  fóruns)  passou-se  a  oferecer  cursos  a  distância  com 
avançados recursos de multimídia e ricos em conteúdos. 

Atualmente,  o ensino a distância está em expansão. Mais de 80 países em todo o mundo, 
adotam  o  EAD  como  modalidade  de  educação,  em  todos  os  níveis  de  ensino  (SARAIVA,  2010). 
Isso  se  deve  principalmente  a  crescente  expansão  da  internet  e  ao  surgimento  dos  ambientes 
virtuais  de  aprendizagem,  sistemas  voltados  para  a  internet  com  o  objetivo  de  serem  utilizados 
como ferramentas da EAD. 

Esse  aumento  de  tecnologias  trouxe  interatividade  para  o  mundo, deixando o aluno livre 


e independente, responsável pela sua educação, com acesso 24 horas por dia ao conhecimento. 

Gerações de EAD e as diferentes tecnologias 


À  medida  que  as  inovações  tecnológicas  foram  ocorrendo,  o  conceito  de  EAD  passou 
por  mudanças,  transformações  e  ao  final  do  Século  XX,  com  o  sensível  avanço  da  internet, 
ganhou popularidade.  

Segundo  Sherron  e  Boettcher  (1997),  a  partir  das  tecnologias  empregadas  ao  longo  dos 
anos,  existem quatro gerações de EAD. Na primeira geração, de 1850 a 1960, o principal meio de 
comunicação  utilizado  era  o  papel  impresso,  com  o  EAD  sendo  praticada  através  do  envio  de 
materiais  via  correspondência  pelos  correios,  tais como guias didáticos com tarefas e exercícios. 
Com  o  passar  dos  anos  foram  acrescentados  o  rádio  e  a  televisão.  A  principal  característica 
dessa geração é a existência de uma única tecnologia predominante. 

Na  segunda  geração,  de 1960 a 1985, além da utilização de materiais impressos, também 


foram  utilizados  fitas  de  áudio,  televisão,  telefone,  fitas  de  vídeo,  fax  e  computadores.  O uso do 
telefone  proporcionou  agilidade  no  contato  entre  professores  e  estudantes.  O  computador  se 
tornou  possível,  mas  ainda  com  custos  elevados.  Essa  geração  é  caracterizada  pela  utilização 
de múltiplas tecnologias. 

A  terceira  geração  de  EAD,  1985  a  1995,  caracterizou-se  pela  popularização  dos 
computadores  e  a  introdução  das  redes  de  computadores,  proporcionando  a  utilização  de 
sistemas  de  comunicação  bidirecional  entre  professores  e  alunos,  tais  como,  audioconferência, 
videoconferência, internet, correio eletrônico, sessões de chat, CD-ROM e papel impresso.  


 

A  introdução  destas  ferramentas  possibilitou  comunicação freqüente e rápida, facilitando 


o  contato  direto  não  só  entre  professores  e  alunos,  mas  também  com  outros  alunos.  Esta 
geração  de  EAD  teve  como  principais  características  a  utilização  de  múltiplas  tecnologias, 
incluindo as redes de computadores, fornecendo rapidez, flexibilidade e interação. 

A  quarta  geração,  1995  até  hoje,  é  marcada  por  multimídia  interativas,  providas  da 
transmissão  em  alta  velocidade  (internet  de  banda  larga),  favorecendo  aprendizagem  mais 
flexível do que das gerações anteriores.  

Esta  geração  utiliza  todas  as  tecnologias  mencionadas,  mas  focando  na  comunicação 
mediada  entre  computador  e  internet,  com  a  utilização  de  chat,  fóruns,  interações  ao  vivo  via 
vídeo,  além  do  surgimento  de  comunidades  virtuais  e  aulas  colaborativas,  sempre  tendo  a 
internet  como  mediadora  entre  os  vários  sujeitos  envolvidos.  Esta  geração  se  caracteriza  pela 
aprendizagem inteligente e com múltiplas tecnologias.  

Taylor  (2001)  sugere  uma  complementação  à  abordagem  de  Sheron  e  Boettcher  (1997), 
considerando  uma  quinta  geração  que  engloba  tudo  que  a  quarta  geração  oferece,  mais  a 
incorporação  de  sistemas  de  respostas  automáticas,  portais  web  e  ferramentas  de  suporte 
acadêmico  e  institucional  para  os  estudantes.  Essa  quinta  geração,  denominada  de 
aprendizagem  flexível  e  inteligente,  permite  ao  aluno  obter  feedbacks e gerenciar seu processo 
de aprendizagem, de acordo com sua disponibilidade de tempo e lugar. Além de favorecer maior 
interação entre as partes envolvidas.  

Silva  e Campos (2016), destacam que os avanços tecnológicos seguem ritmos acelerados 
que  ultrapassam  limites  muitas  vezes  inimaginável,  o  que  torna  a  atualização  profissional  seja 
cada vez mais algo complexo e dinâmico.  

Destaca-se  que  em  todas  essas  gerações,  o  grande  desafio  foi  e  está  em  promover  as 
mudanças  nas  estruturas  organizacionais e nos modelos de ensino, colocando o aluno no centro 
do processo de ensino-aprendizagem. 

A  partir  do  estudo  das  gerações,  possibilita-se  refletir  sobre  os  modelos  e  ferramentas 
tecnológicas  na  EAD,  pois  essa  modalidade  de  educação,  de  maneira  geral, objetiva-se superar 
a  distância  física  entre  aluno  e  professor.  Para  que  aconteça  é  necessária  uma  boa  escolha  da 
infraestrutura  tecnológica  e  das  mídias  (ferramentas)  utilizadas.,  na  próxima  aula  discutiremos 
sobre as mídias na EAD, até lá! 


Referências 
ALVES, J. R. A Educação a Distância no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Avançadas 
em Educação. 1994. 

DEGREEINFO. A Distance Learning Timeline. 2005. Disponível em: < 


http://www.degreeinfo.com/timeline.html>. Acesso em: 14 mai. 2012. 

GARCIA ARETIO, L. Para uma definição de educação à distância. Tecnologia Educacional, v. 16, 
n. 78–9, p. 56–61, 1987.

HOLEMBERG, B. Educación a distancia: situación y perspectivas. Buenos Aires: Editorial 


Kapelusz, 1981. 

KEEGAN, D. Fundations of distance education. Londres: Routledge, 1996. 

MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD : a educação a distância hoje. Pearson Prentice Hall, 2008. 

MOORE, M.G. Learning autonomy: The second dimension of independent learning. Convergence, 
1972, 5 (2), p.76-88. 

PATRU; MARIANA; KHVILON; EVGUENI. Open and distance learning: trends, policy and strategy 
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<http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001284/128463e.pdf>. Acesso em: 1/9/2017. 

PETERS, O. A Estrutura Didática da Educação a Distância. São Paulo: Olho d´Água, 1973. 

RODRIGUES, C. A. F; SCHMIDT, L. M; MARINHO, H. R. B. Tutoria em Educação a Distância. 1. Ed. 


Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2012. 131p. 

SARAIVA, Karla; Educação a distância: outros tempos, outros espaços. Ponta Grossa: UEPG, 
2010. 246p. 

SHERRON, G. T.; BOETTCHER, J. A. Distance learning : the shift to interactivity. CAUSE 


professional paper series ; #17, p. iv, 39, 1997. Disponível em: 
<https://library.educause.edu/~/media/files/library/1997/1/pub3017-pdf.pdf>. Acesso em: 1/9/2017. 

SILVA, F. R. DA; CAMPOS, V. C. O ENSINO A DISTANCIA AO LONGO DAS GERAÇÕES EAD. 


Revista Compartilhando Saberes, v. 0, n. 4, p. 127–135, 2016. Disponível em: 
<http://www.sec.pb.gov.br/revista/index.php/compartilhandosaberes/article/view/69>. Acesso 
em: 1/9/2017. 


TAYLOR, J. C. Distance education technologies: The fourth generation. Australasian Journal of 
Educational Technology, v. 11, n. 2, 1995. Disponível em: 
<http://ajet.org.au/index.php/AJET/article/view/2072>. Acesso em: 1/9/2017. 

TAYLOR, J. C. Fifth generation distance education. , 2001. Disponível em: 


<http://www.c3l.uni-oldenburg.de/cde/media/readings/taylor01.pdf>. Acesso em: 1/9/2017. 

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