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14/04/2015

2. Origens das águas subterrâneas


1. Águas meteóricas: águas superficiais que se infiltram com as
características químicas do ambiente de circulação.

2. Águas Juvenis: águas de origem vulcânica, magmática, mista


e de reações químicas.
Vulcânicas – formadas na fase final da atividade vulcânica,
pela exalação dos gases.
Magmáticas – acumuladas de magmas e ocorre com
constituintes voláteis.
Mistas – mistura da água meteórica com a juvenil.
Reações químicas – liberada de reações químicas da crosta.

3. Águas fósseis:
Conatas: águas marinhas aprisionada em sedimentos
antigos.
Estagnadas: em equilíbrio com a rocha.

Porque realizamos análises


químicas da água (elementos,
isotópicas, biológicas e
radiológicas)?

OBJETOS DA HIDROQUÍMICA

• Qualidade química para fins de uso da água


• Caracterização da constituição dos aqüíferos (fácies
hidroquímica)
• Interpretação de direções de fluxo
• Estudo de fluxos interaqüíferos
• Idade das águas  fluxos sub-superficiais/profundos
• Origem da água (atmosférica, evaporada)
• Poluição natural/antrópica
• Geologia médica

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1. ESTRUTURA E PROPRIEDADES FÍSICO-


QUÍMICAS DA ÁGUA

1.1 Estrutura
Feições da estrutura da água – molécula polar

Fonte: adaptado de Pytkowciz, 1983, in: Domenico, 1990

Conseqüências da estrutura.....

 elevada tensão superficial (72,75 dina/cm) a 20o C;


 extensa fase líquida (0o C – 100o C);
 elevada constante dielétrica, proporcionando maior capacidade
solvente:
K = 1 . e+.e-
D d2
K: força que o solvente precisa vencer para dissolver um sal;
e+.e-: produto de cargas elétricas do soluto;
d2: distância entre elétrons do soluto;
D: constante dielétrica do solvente

UNIDADES DE MEDIDA

a) Unidades de peso por peso: ppm e ppb

b) Unidades de peso por volume: mg/L e µg/L

c) Unidades de peso equivalente


Meq/L = m (mg/L) / [PM (mg)/Valência]

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EXEMPLO: Peso Atômico (mg) / Peso de 1 meq (mg):


Ca2+: 40,1 20,00
Fornecer em meq/L as Mg2+: 24,3 12,15
seguintes concentrações Na+: 23,0 23,00
moleculares em mg/L: K+: 39,1 39,10
Cl-: 35,5 35,50
Ca2+: 30 SO42- 48,00
Mg2+: 15 HCO3- 61,00
Na:+ 20 CO32- 30,00
K+: 2 NO3- 62,00
H: 1
HCO3-: 150 C: 12,0
CO32-: 10 O: 16,0
Cl-: 8 S: 32,0
SO42-: 40 N: 14,0

1.2 Propriedades físicas


 Temperatura
 Cor (Unidade de Hazen – UH = mg/L de Pt-Co): normalmente:
< 5 mg/L Pt-Co
 Turbidez (UNT - Unidade Nefelométrica de Turbidez)
 Odor e Sabor

Odor e Sabor: dependem do tipo e teor de STD. Principais gases


que dão sabor à água subterrânea:
- Cloreto, Sulfato, Bicarbonato e Carbonato - de SÓDIO
- Cloreto e Sulfato – de CÁLCIO
- Cloreto e Sulfato – de MAGNÉSIO
- Gás carbônico

1.3 Propriedades Iônicas

 Condutividade Elétrica - CE - (mho/cm a 25 oC ou S/cm)

Tipo de água Condutividade elétrica


( S/cm)
Pura 0,055
Destilada 0,5 – 5,0
Chuva 5,0 – 30,0
Oceano 4.500 - 55.000
Subterrânea 30,0 – 2.000

SCHOELLER, 1962)

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1.3 Propriedades Iônicas...

•  Alcalinidade - (mg/L CaCO3): capacidade de uma água


neutralizar ácidos pela presença de carbonatos e bicarbonatos (de
Na, K, Mg e Ca).

Determinação:
- TAC (Titulação Alcalinimétrica completa) = OH- + CO32- + HCO3-
- TA (Titulação Alcalinimétrica) = OH- + CO32-

• [HCO3-] = [Alcalinidade HCO3-] . 1,22 (ppm)


• [CO32-] = [Alcalinidade CO32-] . 0,60 (ppm)

Distribuição das espécies de carbono inorgânico a 20oC

Fonte: in Fetter, 1994

1.3 Propriedades Iônicas...

 Resíduo Seco - RS (mg/L)


Definição: peso dos sais resultantes da evaporação de
1L de água após filtragem do material em suspensão
RS  cátions + ânions + colóides - ½ HCO3-

 Sólidos Totais Dissolvidos - STD (mg/L)


Definição.: peso total dos constituintes minerais
(voláteis e não voláteis) em 1L de água
STD  RS + ½ HCO3-
STD  CE x fator (0,55 - 0,75)

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1.3 Propriedades Iônicas...

 DBO - (mg/L O2) - < 0,1 mg/L O2


Definição: mede a quantidade de oxigênio necessária para
consumir matéria orgânica contida na água mediante
processos aeróbios

 DQO - (mg/L O2) - 1 - 5 mg/L O2 em água subterrânea


Definição: capacidade de uma água consumir oxigênio
durante processos químicos – indica o teor de matéria
orgânica oxidável + substâncias consumidoras de O2

 Dureza (mg/L CaCO3 ), ou Grau Francês (o F)

Definição: capacidade de precipitar sabão pelo efeito do Ca, Mg, Fe,


Mn, Cu sob a forma de carbonatos e bicarbonatos.
Tipo Teor de CaCO3 (mg/L)
Branda < 50
Pouco dura 50-100
Dura 100-200
Muito dura >200
(Fonte: Custódio e Lhamas, 1983)
1o Francês = 10 mg/L CaCO3

Dureza Temporária = 2,5[Ca2+] + 4,1[Mg2+]


Dureza Permanente (ou de não carbonatos): nitratos, cloretos sulfatos
Portaria MS 2914/2011 = máx 500 mg/L CaCO3

1.4 Propriedades elétricas


 pH
A água sofre dissociação em duas espécies iônicas:

H2O  H+ + OH-

H+ = OH-  solução neutra; pH=7


H+ > OH-  solução ácida; pH<7
H+ < OH-  solução básica; 7<pH<14

Águas subterrâneas: 5,5<pH<8,5 (excepc, 11<pH<3)

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1.5 Propriedades químicas


Solubilidade
A solubilidade é a concentração de saturação a uma dada temperatura –
f(temperatura, pH, Eh, tempo de contato)

• Solução: sistema disperso, energicamente estável, homogêneo.


Constituição: um solvente (substância em excesso) + um soluto.

• Suspensão: >10-4 mm, tendência à decantação.

• Solução verdadeira ou molecular: partículas < de10-6mm.

• Solução coloidal: caráter intermediário; partículas de10-4mm a 10-6mm,


em suspensão.

• Capacidade de dissolução: > quando a concentração da dissolução


está distante do ponto de saturação. Uma solução saturada não
necessariamente está concentrada, dependendo da solubilidade do
soluto.

2. PROCESSOS GEOQUÍMICOS QUE DETERMINAM


A COMPOSIÇÃO QUIMICA DAS ÁGUAS NATURAIS
Fatores Externos:
 Clima
 Qualidade H2O
recarga  Hidratação e hidrólise
 Poluição  Troca iônica
Fatores Internos
 Dissolução
 Profundidade do NA  Precipitação
 Permeabilidade  Redução-oxidação
 Circulação e comprimento
do percurso
 Tempo de contato
 Composição das rochas
 Interação água-rocha

2. PROCESSOS GEOQUÍMICOS QUE DETERMINAM


A COMPOSIÇÃO QUIMICA DAS ÁGUAS NATURAIS...

CaCO3 (calcita - carbonato de cálcio)

Sais mais importantes CaCO3.MgCO3 (dolomita)

em contato com as  MgCO3 (magnesita)


 NaCl (halita)
águas naturais
 CaSO4 (anidrita - sulfato de cálcio)
 CaSO4.2H2O (gipsita)

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2. PROCESSOS GEOQUÍMICOS QUE DETERMINAM


A COMPOSIÇÃO QUIMICA DAS ÁGUAS NATURAIS..

íons predominantes nas constituintes secundários


águas naturais (99%):
• Cátions: B3+; Mn2+; Fe2+; Sr2+; Li+;

Ca2+ Cl- • Ânions: Br-; PO43-; NO2-; S2-; SH-; F-;


I -;
Mg2+ SO42-
Na+ HCO3- • Traços: Al3+; Cu2+ Zn2+; Ti4+; Pb2+;
Ni2+; Cr3+
K+ NO3 -

CO32- • gases dissolvidos. O2; SH2; CO2

Passagem das soluções do solo para a água subterrânea


a. Diluição do NO3- (uso pela vegetação) e K+ (fixação no solo);

b. Água da chuva é diferente da água do solo, exceto para o teores de


Cl- e Na+ e, às vezes SO42-;

c. Ca2+, Mg2+, Na+, NO3-, Cl-, SO42-, CO32-- alteração das rochas;

d. NO3-, CO2 - provenientes da água do solo;

e. Cl- - proveniente da água de chuva;

f. HCO3- e CO32- provenientes da atmosfera e do solo;

g. HCO3-,NO3- - origem biológica

h. SiO2 – minerais do solo

2. PROCESSOS GEOQUÍMICOS QUE DETERMINAM A


COMPOSIÇÃO QUIMICA DAS ÁGUAS NATURAIS..

2.1 Hidrólise

2.2 Dissolução e precipitação

2.3 Adsorção e troca Iônica

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2.1 Hidrólise

Decomposição mineral por ação de íons H+ e OH-.

Minerais máficos Minerais leucocráticos


• Olivina
• Piroxênios
• Feldspatos Ca
• Feldspatos Na
• Hornblenda
• Biotita
• Ortoclásio
• Microclínio
• Muscovita
• Quartzo

ESTABILIDADE

2.1 Hidrólise....

A hidrólise também pode contribuir para a formação de


novos minerais:

2NaAlSi3O8 + 2H+ + 9H2O  Al2 Si2O5 (OH)4 + 4H4SiO4 + 2Na+


(albita) (caulinita)

 anortita  caulinita
 biotita  vermiculita + ferro
 hornblenda  clorita + ferro
 olivina  serpentina + ferro

2.2 Dissolução e precipitação

Regra geral dos íons predominantes com a


concentração iônica (Ci) e o resíduo seco (Rs) da água
SHOELLER (1962)
a) Para Ci  60meq/L ou RS = 950-1090mg/L
(HCO3- + CO32-) > Cl- ou SO42-

b) Para Ci > 60meq/L


(HCO3- + CO32-) < Cl- ou SO42-

c) Para Ci > 180meq/L ou Rs = 5100mg/L


(HCO3- + CO32-) < Cl- < SO42-

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2.3 Adsorção e troca Iônica

Para detectar processos de adsorção


simples, usa-se às vezes a seguinte
relação:

I = (rCa2+ + rMg2+) – rHCO3-

I < 0: indica que a deficiência de íons Ca2+


provém em geral da troca do Ca2+ por Na+

2.3 Adsorção e troca Iônica - Exemplo

Troca iônica – riscos de salinidade

SAR = (rNa+) (Richards, 1954):


{[(rCa2+) + (rMg2+)] / 2}½

• 2-10 Baixo risco


• 7-18 Médio risco
• 11-26 Alto risco
• >26 Risco muito alto

3. RAZÕES IÔNICAS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

As razões iônicas podem indicar:


• Relação da água com o litotipo
• Sentido do fluxo
• Ação de fenômenos modificadores

Razões mais utilizadas (Custódio e Llamas, 1983)


 rMg2+/rCa2+
•  1 - provável influência de terrenos dolomíticos
• > 1 - litótipos ricos em silicatos magnesianos (gabros
e basaltos)

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3. RAZÕES IÔNICAS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS...

 rCl- / rHCO3-

• Útil para seguir o processo de concentração


de sais no sentido do fluxo

• Útil para caracterizar intrusão marinha

4. Análise dos resultados hidroquímicos

Cálculo do erro

Erro prático (Custódio & Llamas, 1983):


Ep(%) = {[rc- ra] / [½(r c + ra)]} x 100

Erro teórico:
CE (S/cm) 50 200 500 2000 >2000
Erro Permitido 30 10 8 4 <4
(%)

Cálculo do erro

Erro prático (Logan, 1965):


Ep(%) = {[rc- ra] / [(r c+ra)]} x 100

Erro teórico:

rc ou ra <1 1 2 6 10 30 >30


(meq/L)
Erro 15 10 6 4 3 2 1
Permitido(%)

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4.1 REPRESENTAÇÃO DAS ANÁLISES QUÍMICAS...


Diagrama de PIPER

Fonte: FREEZE & CHERRY, 1979

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4.1 REPRESENTAÇÃO DAS ANÁLISES QUÍMICAS...


Diagrama de STIFF

Fonte: in FETTER, 1994

4.1 REPRESENTAÇÃO DAS ANÁLISES QUÍMICAS...


Diagrama de SCHOELLER

Fonte: in FETTER, 1994

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Diagrama de
SCHOELLER-
BERKALOFF

Risco de salinidade do solo

Risco de salinidade do solo

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Como determinar o pHe do Carbonato de cálcio

1) Com os dados de temperatura e resíduo seco determinar a constante no gráfico da coluna (1);
2) A partir deste ponto, traçar uma reta até o ponto correspondente ao valor da concentração de Ca
na coluna (3) e determinar o ponto de intersecção na coluna (2);
3) Traçar uma nova reta, unindo o ponto da coluna (2) ao ponto correspondente ao valor de
alcalinidade, na coluna (5);
4) Ler o valor do pHe de intersecção desta reta com a linha da coluna (4)

Índice de atividade (índice de estabilidade de Ryznar):

I = 2pHe – pH
I = índice de estabilidade
pHe = pH de equilíbrio ou de saturação
pH = pH medido

Índice Característica da água


4a5 muito incrustante
5a6 moderadamente incrustante
6a7 pouco incrustante ou corrosiva
7 a 7,5 corrosiva
7,5 a 9 francamente corrosiva
>9 muito corrosiva

Índice de atividade de Langelier:

I = pH – pHe

I = índice de atividade
pH = pH da amostra
pHe = pH de equilíbrio ou de saturação

Se:
I > 0 – água incrustante
I = 0 – água neutra
I < 0 – água corrosiva

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