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Sentido culturalista
• Nesse sentido, pode-se dizer que a Constituição é produto de um fato cultural,
produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir. Ou, como destacou J. H.
Meirelles Teixeira, trata-se de “...uma formação objetiva de cultura que encerra, ao
mesmo tempo, elementos históricos, sociais e racionais, aí intervindo, portanto,
não apenas fatores reais (natureza humana, necessidades individuais e sociais
concretas, raça, geografia, uso, costumes, tradições, economia, técnicas), mas
também espirituais (sentimentos, ideias morais, políticas e religiosas, valores), ou
ainda elementos puramente racionais (técnicas jurídicas, formas políticas,
instituições, formas e conceitos jurídicos a priori), e finalmente elementos
voluntaristas, pois não é possível se negar o papel de vontade humana, da livre
adesão, da vontade política das comunidades sociais na adoção desta ou daquela
forma de convivência política e social, e de organização do Direito e do Estado”6.
• Grande parte dos publicistas vem destacando a ideia de uma Constituição aberta,
no sentido de que ela possa permanecer dentro de seu tempo e, assim, evitar risco
de desmoronamento de sua “força normativa”.
• Nesse sentido, Canotilho observa que, dentro da perspectiva de uma Constituição
aberta, “relativiza-se a função material de tarefa da Constituição e justifica -se a
‘desconstitucionalização’ de elementos substantivadores da ordem constitucional
(Constituição econômica, Constituição do trabalho, Constituição social,
Constituição cultural). A historicidade do direito constitucional e a indesejabilidade
do ‘perfeccionismo constitucional’ (a Constituição como estatuto detalhado e sem
aberturas) não são, porém, incompatíveis com o caráter de tarefa e projecto da lei
constitucional. Esta terá de ordenar o processo da vida política fixando limites às
tarefas do Estado e recortando dimensões prospectivas traduzidas na formulação
dos fins sociais mais significativos e na identificação de alguns programas da
conformação constitucional”7
6 J. H. Meirelles Teixeira, Curso de direito constitucional, p. 58-59, e importante discussão do tema nas páginas 58 -
79.
7 J. J. Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituição, 7. ed., p. 1339