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XLV CONGRESSO DA SOBER

"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

EXPLORAÇÃO DE RECURSO AMBIENTAL: VIABILIDADE DO TURISMO


SUSTENTÁVEL NO RECIFE DE CORAIS DE PORTO DE GALINHAS/PE

LUIZA MONTOYA RANIERO; PAULA BERNASCONI; JULIANA AMORIM DA


COSTA; MARCIA DE SOUZA KAGOHARA; RICARDO SHIROTA.

USP/ESALQ, PIRACICABA, SP, BRASIL.

rshirota@esalq.usp.br

APRESENTAÇÃO ORAL

AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Exploração de recurso ambiental: viabilidade do turismo sustentável no


recife de corais de Porto de Galinhas/PE

Grupo de Pesquisa:

6 - Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Resumo

O turismo uma das atividades que mais cresce atualmente no Mundo. No Brasil, a
modalidade de turismo associado com belezas naturais desenvolve-se rapidamente em
diversas regiões. Por um lado, ele atende a necessidade de uma significativa quantidade de
pessoas que busca lazer em contato com as mais diversas formas de recursos ambientais.
Para as pessoas envolvidas com a atividade, o turismo pode se tornar um importante
mecanismo de desenvolvimento regional, gerando renda e emprego para um grande
número de pessoas. Entretanto, quando feito de maneira inadequada, o turismo pode
provocar diversos impactos negativos, podendo colocar em risco a sobrevivência da
própria atividade. Na região de Porto de Galinhas/PE, a visitação dos turistas aos corais na
orla marítima, tem provocado sua degradação, colocando em risco a atividade no futuro. O
presente estudo aplicou o método de análise benefício-custo para uma alternativa de
visitação – sustentável – dos corais. Os resultados indicam que a opção considerada é
altamente viável e desejável, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

Palavras-chaves: benefício-custo, análise de investimento, sustentabilidade,


desenvolvimento regional

Abstract

Worldwide, tourism is one of the fastest growing economic activities. In Brazil, the
tourism associated with natural beauties is developing rapidly in several regions. It fulfills
the need of those looking for several forms of contacts with nature. To those involved with
the activity, tourism may become an important mechanism for regional development,
generating income and employment for a large number of people. However, if not
properly conducted, tourism may cause several negative impacts and jeopardize its own
survival in the future. In Porto de Galinhas/PE region, tourism on Coral Reefs has caused
serious damages, threatening its development. This study used cost-benefit analysis to
estimate whether an alternative Coral Reef visitation scheme is viable. The results indicate
that the option considered is highly profitable and environmentally desirable.

Key Words: benefit-cost, investment analysis, sustainability, regional development

1. Introdução

Recifes de corais são tipos especiais de ecossistemas marinhos, ricos em


biodiversidade. Eles fornecem uma variedade de bens e serviços como proteção do litoral
contra a ação das ondas, berçário para espécies marinhas, uso recreativo e turístico e,
potencialmente, fonte de compostos medicinais (MOBERG & FOLKE, 1999). Estima-se
que a soma dos bens e serviços ecológicos providos pelos ambientes recifais ao homem
estejam na ordem de U$ 375 bilhões. (LIMA et al., 2006)

Particularmente, os corais são importantes atrativos turísticos. Em muitas


localidades, a atividade turística tem apresentado significativo crescimento, gerando renda
e emprego e estão se tornando a principal atividade econômica (PRADO et al., 2003).

Este é o caso da região de Porto de Galinhas, na cidade de Ipojuca, estado de


Pernambuco. Nessa localidade, os recifes de corais estão espalhados por cerca de 4
quilômetros. As áreas de visitação, conhecidas como “piscinas naturais”, correspondem à
cerca de 800m de extensão. Atualmente, o uso turístico desse ambiente garante o sustento
da economia local (LIMA et al., 2006) e da região de Ipojuca (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, 2006).

Além de gerar emprego e renda, a atividade turística também contribui para a


melhoria da distribuição de renda. A infra-estrutura montada nas regiões pobres atrai
turistas das regiões mais desenvolvidas e com maior renda, fazendo com que ocorra
migração de renda para aquelas áreas (CASIMIRO FILHO, 2002).

Entretanto, o desenvolvimento rápido e descontrolado do turismo em localidades


com recursos naturais únicos, de excepcional beleza, tem provocado excesso de demanda
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que acabam descaracterizando a paisagem e provocando a sua deterioração (PRADO et


al., 2003). No caso dos corais de Porto de Galinhas o turismo intenso e sem cuidados
adequados – pisoteio dos corais e uso de âncoras pelos jangadeiros - têm provocado
acentuada degradação.

Este estudo analisa a viabilidade de implantar um sistema alternativo de turismo


nesta região, tornando-a mais sustentável do ponto de vista econômico e social, aliado à
preservação ambiental.

2. Justificativa

A literatura técnico-científica é relativamente escassa em relação ao papel dos


corais para a economia local. Menor ainda, é o número de trabalhos sobre os impactos de
sua degradação sobre a população. Não é surpresa, portanto, a quase inexistência de
projetos contendo propostas técnica e cientificamente embasadas que visam a conciliar o
desenvolvimento dessa atividade e a conservação ambiental. O presente trabalho pretende
contribuir para o preenchimento dessa lacuna.

3. Objetivo

O objetivo geral deste estudo é a análise da viabilidade econômica da implantação


de um sistema alternativo de exploração turística dos corais localizados em Porto de
Galinhas. O sistema de utilização proposto é um avanço em relação ao utilizado
atualmente na medida em que promove menor impacto sobre os corais.

Como objetivos específicos, esta pesquisa busca: (a) identificar os principais


fatores de degradação dos corais; (b) analisar os principais impactos econômicos da
atividade atualmente desenvolvida; e, (c) analisar a viabilidade de alteração na atividade
atual com o objetivo de reduzir os impactos ambientais.

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Recifes de corais

Os recifes de corais são encontrados em regiões de águas quentes e claras,


formados pela deposição do esqueleto calcário de organismos como corais, algas e
moluscos. Constituem-se em importantes habitats para peixes e outros recursos pesqueiros,
dando suporte a diversas espécies e abrigo para tartarugas e mamíferos marinhos (MMA,
2005). Especificamente, são definidos como colinas de calcário, cobertas por milhões a
bilhões de animais invertebrados extremamente simples – os corais – formados

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basicamente por uma boca com tentáculos e uma cavidade única responsável pelas trocas
gasosas, digestão e excreção (ZORZETTO et al., 2004),

A sua importância econômica é significativa. Associados aos manguezais,


representam fonte de recursos pesqueiros para muitas comunidades. Além de prover
quantidade significante de alimento, protegem o litoral contra a ação das ondas,
proporcionam empregos por meio do turismo e recreação. Entre outros benefícios, podem
ser fontes de substâncias medicinais (Ministério do Meio Ambiente – MMA, 2006).

Esses ambientes estão distribuídos ao longo de, aproximadamente, 3.000 km na


costa brasileira, desde o sul do Estado da Bahia até o Estado do Maranhão. Trata-se dos
únicos ecossistemas recifais do Atlântico Sul (PRATES, A.P.L; 2003). Das mais de 350
espécies de corais existentes no mundo, 18 delas ocorrem no Brasil. Destas, oito são
endêmicas, ou seja, encontram-se apenas nos mares brasileiros. Essa é a maior proporção
de endemismo de corais do mundo. (MMA, 2005).

Porém, os recifes de corais estão sofrendo ameaças em escala mundial. Estudos


publicados na revista Science de 15 de agosto de 2003 (citado por ZORZETTO et al.,
2004) detalham a gravidade da situação internacional dos recifes de corais, protegidos
desde 1975 pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da
Flora e da Fauna Silvestres. Acredita-se que os ecossistemas dos recifes de corais não
sobreviverão mais que umas poucas décadas se não forem imediatamente protegidos da
exploração humana.

Em um dos artigos, o biólogo marinho Terence Hughes, da Universidade James


Cook, na Austrália, estima que 30% dos recifes já estejam seriamente danificados e outros
60% devam se perder até 2030. Esses efeitos são provocados por um processo de mudança
no delicado equilíbrio desses ambientes marinhos. Pesca excessiva, poluição, agricultura
mal feita, alteração das florestas litorâneas e as mudanças climáticas do planeta são alguns
exemplos. Dentre os sinais que despertaram a atenção de grupos internacionais de
pesquisadores para o estado de conservação dos corais é o fenômeno chamado
branqueamento, facilmente identificável por fazer os corais desbotarem.

Donald Potts, professor de Biologia, diretor do programa Education Aboard e


responsável pela Iniciativa Internacional da Biodiversidade Marinha do Departamento de
Ciências Terrestres e Marinhas da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, afirma que
“mudanças excepcionalmente rápidas estão acontecendo, por exemplo, nas áreas onde
ocorre a maior parte da população de corais do mundo. Nos países em desenvolvimento,
onde muitas pessoas vivem da economia costeira, esses ecossistemas estão mudando
rapidamente devido ao impacto humano, crônico e local”.

No Brasil, o estado de conservação dos recifes costeiros é preocupante. Mesmo em


áreas protegidas como a Costa dos Corais, uma longa seqüência de praias com areias
brancas cercadas por coqueiros e um mar azul-piscina, impactos negativos podem ser
identificados. À frente dessas praias fica a mais extensa formação de recifes brasileira, que
se estende por 130 quilômetros, desde o município de Tamandaré, sul de Pernambuco, até
Paripueira, norte de Alagoas.

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Estudos desenvolvidos em cinco das sete maiores formações de recifes brasileiras,


todas na região Nordeste, mostram que a situação mais grave é a dos recifes situados a
menos de um quilômetro da costa, como na região de Porto de Galinhas. "Ali, o estado dos
corais nos recifes mais próximos à praia é péssimo", observa o oceanógrafo Jacques
Laborel, da Universidade de Marselha, na França, autor de uma das mais completas
descrições dos recifes brasileiros (ZORZETTO et al., 2004).

Do ponto de vista econômico, essa situação é causada, em parte, pelo fato de que os
serviços promovidos pelos recifes não serem totalmente incluídos no mercado
(RANDALL, 1987). Além disso, é largamente sabido que a maioria das decisões políticas
dá pouco peso a esse tipo de recurso. Essa negligência pode, em último caso, comprometer
a sustentabilidade da humanidade na biosfera. (COSTANZA, 1989)

Apesar disso, estudos mostram que os bens econômicos e serviços advindos do


ecossistema de recifes de corais não são desprezíveis. Muitos países que possuem recifes
de corais em sua costa geram parcelas significativas de sua renda com o turismo. Estima-se
que, na média, países com indústrias de turismo em recifes de corais obtêm mais do que a
metade de seu PIB bruto dessas atividades. Bonaire, uma pequena ilha do Caribe, é um
exemplo ilustrativo. Anualmente, as suas receitas com as atividades relacionadas com os
recifes de corais é de aproximadamente US$ 23 milhões. Enquanto isso, os gastos
relacionados com a administração do parque marinho são de apenas US$1 milhão
(TALBOT, 2001). No Mundo, estima-se que os recifes geram cerca de US$375 bilhões
anuais (COSTANZA, 1997).

Pela sua beleza, variedade de vida marinha e suas praias protegidas, os recifes de
corais são um convite para turistas, banhistas, mergulhadores livres e mergulhadores
autônomos. Para os habitantes locais, que dependem da renda do turismo, a destruição do
recife cria uma perda significativa de emprego no turismo, na recreação marinha e nas
indústrias de pesca.

Os recifes de corais são também uma significativa fonte de proteína de alta


qualidade para milhões de pessoas. Para muitos povos que vivem nessas áreas, os recifes
de corais são partes de suas vidas, participando de seus valores tradicionais, espirituais e
culturais.

Uma outra fonte de benefícios potenciais é a possibilidade da bioprospecção de


princípios químicos entre os animais e plantas do recife. Diversas drogas têm sido
desenvolvidas através de substâncias ativas encontradas em organismos presentes em
recifes de corais. O mais famoso destes é o AZT, baseado nos produtos químicos extraídos
de uma esponja do recife do Caribe e utilizado no tratamento de pessoas portadoras do
HIV com infecções (THE CORAL REEF ALLIANCE, 2006).

Diversos outros compostos são originários dos recifes de corais e renderam


tratamentos para doenças cardiovasculares, úlceras, leucemia e câncer de pele.
Surpreendentemente, mais da metade de todas as pesquisas das novas drogas contra o
câncer são focadas em organismos marinhos (THE CORAL REEF ALLIANCE, 2006).

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Os recifes são responsáveis, também, pela proteção das áreas costeiras. Eles
amortecem os impactos das ondas, protegendo as áreas costeiras da força das ondas vindas
do oceano. Sem recifes de corais, muitas praias e edifícios ficariam vulneráveis às
tempestades. Nas Ilhas Maldivas, a mineração dos corais obrigou a construção de uma
estrutura de proteção da costa que custou US$10 milhões por quilômetro (TALBOT,
2001).

Nas Filipinas, estimou-se que os benefícios econômicos gerados pelos recifes de


corais (diretos e indiretos) atingem US$113.000,00 por ano por quilômetro quadrado
(WHITE, 1998). Neste valor, estão incluídos os benefícios advindos da pesca feita de
maneira sustentável, da pesca para exportação de peixes ornamentais, do turismo, da
proteção da costa e o valor estético, intrínseco da biodiversidade (Tabela 1).

Benefícios econômicos anuais da sustentabilidade de recifes de corais (diretos e indiretos) por 1


km² típico recife de coral saudável na Filipinas com potencial turístico
Potencial anual de
Uso do recurso Escala de Produção
rendimento(US$) (Escala)
Sustentabilidade pesqueiraa (consumo local) 10 a 30 t 15.000 – 45.000
b
Sustentabilidade pesqueira (exportação de
0,5 a 1 t 5.000 – 10.000
peixe vivo)
Turismoc
100 a 1.000 pessoas 2.000 – 20.000
(no local de residência)
Turismod
500 a mil pessoas 2.500 – 5.000
(Fora do local de residência)
Proteção do litorale
5.000 – 25.000
(prevenção da erosão)
Estética/valor da biodiversidadef
600 a 2.000 pessoas 2.4000 – 8.000
(voluntariedade para pagar)
Total 31.900 – 113.000

Tabela 1. Quadro comparativo entre as atividades relacionadas à biodiversidade marinha


(WHITE, 1998)

Notas:
a
Preço médio de mercado de US$1,5/kg de peixes do recife
b
Preço médio de mercado para pescadores de US$ 10/kg de peixe vivo do recife
c
Média gasta de US$ 20/dia/turista que fica no local
d
Média gasta de US$ 5/dia/turista compras no local (A. White, observação pessoal).
e
Valor da proteção de medicamento de US$ 5.000-25.000km/ano de frente de praia do recife
f
Média gasta de US$4/dia para entrada no santuário maninho ou por doação para a manutenção da área ou
bóia ancorada.
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Devido a sua beleza natural, os recifes representam um importante atrativo turístico


e é na função mais específica de recreação marinha e suas conseqüências que se concentra
este estudo. O crescimento dessas atividades, combinado com o aumento da popularidade
das práticas de mergulho traz também alguns passivos ambientais que devem ser relevados
quanto à viabilidade sustentável das atividades ligadas a esses recursos.

4.2. Abordagem Econômica

O problema dos recifes de corais pode ser analisado utilizando a noção de Bens
Públicos1. Quando esse tipo de bem / serviço aparece, o mercado não é capaz de alocar os
recursos eficientemente e o sistema de preços não garante que a alocação ótima dos
recursos. Muitos recursos naturais apresentam esse tipo de característica e problema.

No que concerne à determinação do valor de um recurso ambiental, a atual


literatura econômica indica três fontes distintas de valor que compõem o valor econômico
total do ambiente: valor de uso, valor de opção e valor de existência. O primeiro é
resultado do seu uso direto e indireto. Os outros dois são de difícil conceituação e
mensuração (RANDALL, 1987; MARQUES & COMUNE, 1997).

O termo impacto recreativo é utilizado para identificar os distúrbios causados nos


corais pelo processo de visitação e lazer. A ocorrência de impactos nas áreas naturais é
conseqüência inevitável do uso, seja ele de caráter educacional, recreativo ou outro
qualquer. Mesmo os visitantes mais conscientes e cuidadosos deixam rastros ou marcas de
sua passagem. Muitas vezes, mesmo de maneira não intencional, perturbam o conjunto do
ambiente. Os impactos maiores ocorrem quando o número de visitantes é elevado,
agravado quando o comportamento é incorreto e quando as áreas não são manejadas de
maneira apropriada (COLE, 2000).

Estudos de impactos de visitação auxiliam os administradores e técnicos a


identificar os principais impactos, permitindo o entendimento das causas e efeitos e
colaborando para a busca de alternativas de manejo do se uso. Adicionalmente, o equilíbrio
entre os objetivos de conservação dos recursos e a oferta de experiência de qualidade aos
visitantes depende de decisões que aliem experiências de uso com qualidade pela
conservação dos recursos.

O conhecimento das características básicas dos visitantes permite melhor


compreensão de quem e de quantos eles são, quando e onde a visita ocorre, e de que forma
são recebidos os benefícios das áreas naturais (ROGGERBUCK & LUCAS, 1987). Um
primeiro passo em direção à conservação é entender as características dos visitantes,
aumentando-se assim, o profissionalismo do manejo e da qualidade de experiência do
público.

O monitoramento sistemático e técnico dos impactos do uso público permite avaliar


as condições atuais dos recursos e a identificação dos principais problemas. No decorrer
1
Causado por uma combinação de “não-rivalidade” e “não-exclusividade” no consumo (RANDALL, 1987).
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do tempo, o monitoramento permite avaliar eficiência dos programas e ações de manejo


assim como a identificação de locais em que ações de manejo sejam necessárias
(HAMMITT et al., 1998).

5. Caracterização da área de estudo: localização geográfica, contexto econômico,


social e ambiental

A cidade de Ipojuca localiza-se na região metropolitana da cidade de Recife, no


estado de Pernambuco. A área do município é de 527Km2, com população de 67.963
habitantes (IBGE, 2000). Um dos fatores que facilita o acesso para os turistas é sua
proximidade com a capital, Recife (GOVERNO DE PERNAMBUCO, 2005).

Figura 1. Localização geográfica do município de Ipojuca


Fonte: www.portodegalinhas.com.br (Adaptado)

Por conta dos turistas vindos de todas as partes do mundo, o turismo é uma das suas
principais atividades econômicas. Suas praias são conhecidas como um dos pontos mais
bonitos do Nordeste, com destaque para Porto de Galinhas, considerada uma das mais
belas praias do Brasil. Atualmente, com uma boa infra-estrutura, esta localidade tem
recebido destaque dentro da rota do turismo. (GOVERNO DE PERNAMBUCO, 2005).
Consistentemente, Porto de Galinhas tem sido eleita a melhor praia do Brasil de acordo
com critérios de beleza, acesso, infra-estrutura, limpeza e preço (VIAGEM E TURISMO,
2005)

O intenso turismo nos recifes de Porto de Galinhas começou em 1995


(MATTOSO, 2005), tornando-se a principal atividade econômica do local. Na maré baixa,
é possível alcançar os recifes andando e nadando.

Na alta estação, a população de Ipojuca chega a duplicar com os turistas,


impulsionando os negócios do município. A sua Associação de Hotéis estima que o
turismo da região responde por cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. É o setor que
mais emprega em Ipojuca, à frente do sucroalcooleiro, que na época de safra gera sete mil
postos de trabalho.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2003)

Porto de Galinhas apresenta muitas atrações para os turistas. Porém, a principal


atração e seu cartão-postal são as chamadas “piscinas naturais”. Para visitar as piscinas,

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jangadeiros locais realizam o percurso levando os turistas. Apenas essa atividade garante o
sustento de quase uma centena de famílias. Na baixa temporada, a Associação dos
Jangadeiros estima que sejam feitos cerca de 50 passeios, diariamente. Na alta estação,
esse número sobe para mais de 200 (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2000).

Na maré baixa, os turistas desembarcam e caminham nos recifes, pisando sobre


diversos animais e plantas marinhos. Acredita-se que, mesmo em baixa temporada, as
dezenas de pessoas que pisam nos recifes causam a mortandade de muitos corais, algas e
moluscos do banco de recifes. O impacto é ainda maior na alta temporada (O ESTADO DE
SÃO PAULO, 2000).

Esse impacto é observado em grande parte da costa de corais no Brasil. Estima-se


que a poluição e o turismo predatório poderão reduzir a biodiversidade dos recifes de
corais brasileiros em 50% até o ano de 2030 (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2003).

Além da destruição causada pelo pisoteio dos corais da superfície, há também o


impacto causado pelas âncoras usadas pelos jangadeiros. Sem cuidados adequados, eles
são lançados sobre os corais mais profundos que não são afetados pelo pisoteio. Deve-se
destacar que, por lei federal, é proibido ancorar sobre os recifes de coral ou retirar os
organismos da água (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2000).

Armando Ferreira da Silva, presidente da Associação de Jangadeiros de Porto de


Galinhas (AJPG) reconhece que a sua atividade depende da preservação dos recifes.
Entretanto, reclama da falta de apoio oficial e de informação. A entidade ensinou seus
associados a não remar sobre os recifes e a coibir a caça e pesca nas piscinas naturais.
Porém, reconhece que o impacto causado pela atividade é grande e os próprios jangadeiros
decidiram isolar uma área para tentar recuperar o ecossistema, seguindo conselhos de
“amigos biólogos” (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2000).

Uma alternativa para garantir a sustentabilidade dessa atividade econômica e


garantir a conservação ambiental desse importante recurso seria propor novas maneiras de
sua utilização, sem causar grandes impactos. Uma proposta é a prática de mergulho livre,
ao invés do pisoteio. Com isso, haveria a possibilidade de apreciar os corais embaixo
d’água, com uma visão muito melhor, além da possibilidade de observar também peixes,
moluscos, crustáceos e outros organismos, o que não é possível na forma tradicional,
caminhando sobre o recife.

6. Metodologia

As análises das características da região e dos impactos causados pelo turismo em


Porto de Galinhas mostram que o principal problema é pisoteio sobre os recifes de corais.
Visando à diminuição desses impactos, este estudo analisa uma forma alternativa de uso.

Atualmente é cobrado R$ 6,00 pelo passeio, que consiste em transporte via jangada
até os recifes de corais, onde se pode caminhar por um período de duas horas.

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Figura 2. Pisoteio dos corais em atividade de visitação em Porto de Galinhas.

Estima-se que o número de visitantes na alta estação seja de 120 mil pessoas
(DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2003). Alta estação é o período que cobre os meses de
janeiro, fevereiro, julho e dezembro. Nesses meses, o número de visitantes por mês é da
ordem de 30 mil pessoas ou, aproximadamente, 1000 por dia.

A proposta de uso alternativa para o turismo nos recifes considera a possibilidade


de duas modalidades de passeio (Tabela 2).

Tipo de visitação Tradicional (pisoteio) Alternativa (mergulho livre)


Preço (R$) 30,00 10,00

Tabela 2: Preços das duas possibilidades de turismo nos recifes de corais

Com o aumento sugerido nos preços, espera-se uma diminuição de 20% na


demanda, diminuindo de 1000 pessoas por dia na alta temporada para 800.

Com isso, utilizar-se-á o preço como vetor para a mudança de comportamento das
pessoas, incentivando a sustentabilidade do recurso e da atividade econômica a ele
associada.

Juntamente com esse mecanismo econômico, haverá um trabalho de educação


ambiental feito pelos próprios jangadeiros, que, conforme entrevista com os mesmos,
afirmam já terem percebido o impacto negativo que a destruição desse recurso têm sobre a
sua atividade. Um exemplo é o depoimento de Mauro José da Silva, de 35 anos, jangadeiro
há 16, que diz saber que o coral está sendo sacrificado. “Isso é uma vida”, afirma. “O que
pode acontecer é um dia isso ficar apagado”.E estes mesmos jangadeiros que levam o

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turista para andar sobre os corais fecharam uma parte do recife à visitação, por iniciativa
deles, com o objetivo de recuperar a área. “Como ninguém faz nada nós mesmos estamos
fazendo”, diz Armando Ferreira da Silva, de 24 anos, presidente da Associação de
Jangadeiros de Porto de Galinhas (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2000).

Para o cálculo dos custos do projeto, contabilizou-se os equipamentos de mergulho


(snorkel e máscara) e o de segurança, o colete “salva-vidas”. Os preços dos equipamentos
se encontram na tabela 3.

Material Valor cotado (R$)


Máscara de mergulho a 49,00
Respirador sem válvula b 16,00
Colete “salva-vidas” c 45,00

Tabela 3. Preços cotados dos materiais necessários para a implantação da atividade


alternativa

Fonte: página web submarino, acesso em 23 novembro de 2006.

Notas:
a
Máscara Dua preta com caixa; marca:SEASUB;
b
Respirador Prata sem válvula; marca: SEASUB;
c
Colete Coast (até 100kg); marca: Nautika.

Devido ao fato da necessidade de se usar o equipamento de mergulho com uma


freqüência muito alta, e de esse equipamento ficar exposto muito tempo ao sol, e à água do
mar, foi decidido que o equipamento seria renovado a cada ano para que não haja risco na
utilização de um equipamento danificado.

Para reduzir o número de visitas simultâneas, sugerimos dividir os 70 jangadeiros


cadastrados na AJPG em dois turnos de visitas, no período da manhã e no da tarde. Assim,
seriam consideradas 4 pessoas por passeio por jangada para que se possa alocá-las de modo
eficiente juntamente com os kits-mergulho. Foi escolhido utilizar para a atividade de
mergulho livre somente máscara e snorkel, evitando o uso de nadadeiras, pois elas causam
grande impacto nos corais e ao usá-las as pessoas se sentem mais protegidas e tem maior
tendência a “pisar” nos corais. Para facilitar a flutuação e compensar a retirada das
nadadeiras e aumentar o nível de segurança da atividade, os visitantes utilizarão coletes
salva-vidas.

Os outros custos incluídos serão de manutenção das jangadas. Por serem


embarcações muito simples, necessitam de pouca manutenção, e quando essa é feita,
utilizam apenas madeira e eventualmente pintura, e a mão-de-obra é feita pelo próprio
jangadeiro. Assim usamos para cálculo um valor de R$30,00 de manutenção por jangada
por mês.
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Consideramos importante também a contratação de um salva-vidas. De acordo com


a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, verificamos que o salário pago para
esse profissional é de R$740,00 mensais (BRIGADA MILITAR, 2006). Calculamos que o
valor no Nordeste não deve se distanciar muito, portanto nos basearemos nesse valor.

O último custo a ser contabilizado, e talvez o mais importante, é um curso para


conscientização dos jangadeiros sobre a gravidade do problema, o qual será oferecido no
primeiro e quinto ano do projeto (anos 0 e 4, respectivamente). Para tal, contrataríamos um
especialista da área, que mora em São Paulo. A passagem de avião até Recife, valor cotado
pela Gol Linhas Aéreas em 27/11/2006, é de R$595,00 para ida em 04/01/2007 e R$720,00
para retorno em 07/01/2007, totalizando R$1315,00. Após a chegada em Recife, torna-se
necessário o aluguel de um carro. Cotado pela empresa Loccar Rent a Car, temos o valor
de R$89,00 a diária, totalizando R$267,00. A hospedagem teve seus preços baseados pelos
do Hotel Solar Porto de Galinhas, cuja diária é de R$100,00, e para 3 diárias o custo é de
R$300,00. E, por último, o valor a ser pago para o palestrante, segundo pesquisa de
mercado, é de R$100,00 a hora. Considerando que seria necessário um curso de quatro
horas, dividido em dois períodos de duas horas, e separado para duas turmas de 35
jangadeiros cada, concluímos que o palestrante receberia no total R$800,00. No total, o
gasto com o curso seria de R$2.682,00.

Todo esse investimento inicial pode ser feito através de um empréstimo bancário,
dinheiro que teria um retorno muito rápido e poderia ser pago já antes do término do
primeiro mês. Dessa maneira, esse empréstimo não acumularia muitos juros, possibilitando
a realização do projeto.

Custos do Projeto
Máscara de mergulho R$ 49,00 anuais
Snorkel R$ 16,00 anuais

Colete salva-vidas
R$ 45,00 anuais
Manutenção das jangadas R$ 30,00 mensais
Salva-vidas R$ 740,00 mensais
Curso de conscientização – ano 0 R$ 2682,00
Curso de conscientização – ano 4 R$ 2682,00
Tabela 4. Custos do projeto

7. Resultados e Discussão

Para analisar a viabilidade do projeto, consideramos o cenário atual (sem a


implantação do projeto) e dois cenários possíveis, que se distinguem pela taxa de adoção
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dos turistas à nova atividade de mergulho em corais ao invés da atividade convencional


(pisoteio): adoção de 60% (cenário 1) e 90% (cenário 2).

O horizonte temporal considerado será de 10 anos. Para os cálculos vamos


considerar apenas o período de alta temporada em cada ano, pois é a época de maior
impacto ambiental na região, maior importância econômica e quando dobra o número de
sua população. Além disso, a baixa temporada apresenta uma demanda muito irregular ao
longo do ano e há variáveis que influenciam, como visibilidade da água e condições
climáticas.

CENÁRIO ATUAL:

Considerando que são 1000 pessoas na alta temporada e que as 70 jangadas


trabalham simultaneamente, então cada jangadeiro faz em média 3 passeios por dia e
levam 6 pessoas por passeio.

CENÁRIO ATUAL
Número de Visitantes 1000
Jangadeiros Disponíveis 70
Pessoa/Jangada 6
Passeios/Dia 3
Preço do Passeio $6,0
RECEITA/DIA R$6.000,0
RECEITA/TEMPORADA R$720.000,0
RECEITA/JANGADEIRO/TEMPORADA R$10.285,7
Custo Manutenção Jangada R$8.400,0
Lucro/Jangadeiro R$10.165,7
LUCRO TOTAL R$711.600,0

CENÁRIO 1: ADOÇÃO DE 60% DOS VISITANTES

CENÁRIO 1 - 60% ADOÇÃO


Número de Visitantes 480
Jangadeiros Disponíveis 70
Pessoa/Jangada 4
Passeios/Dia 3
Preço Passeio Tradicional R$30,0
Preço Passeio Alternativo R$10,0
RECEITA/DIA R$14.400,0
RECEITA (TEMPORADA) R$1.728.000,0
RECEITA/JANGADEIRO/TEMPORADA R$24.685,7
RECEITA BRUTA R$1.728.000,0
Manutenção Jangada R$8.400,0
Snorkel e Máscaras R$9.100,0
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Colete Salva-Vidas R$6.300,0


Curso Capacitação ano 0 R$2.682,0
Curso Capacitação ano 4 R$2.682,0
Salva-Vidas R$2.960,0
Custo Total R$32.124,0
Receita/Jangadeiro R$24.226,8
RECEITA LÍQUIDA ANO 0 R$1.698.558,0
RECEITA LÍQUIDA ANO 4 R$1.698.558,0
RECEITA LÍQUIDA DEMAIS ANOS R$1.725.040,0

FLUXO DE CAIXA

Ano 0: R$1.698.558,00
Ano 1: R$1.725.040,00
Ano 2: R$1.725.040,00
Ano 3: R$1.725.040,00
Ano 4: R$1.698.558,00
Ano 5: R$1.725.040,00
Ano 6: R$1.725.040,00
Ano 7: R$1.725.040,00
Ano 8: R$1.725.040,00
Ano 9: R$1.725.040,00

A taxa de desconto utilizada foi de 17% a.a.

VPL = R$ 9.211.860,27

Análise Benefício-Custo = 62,42

CENÁRIO 2: ADESÃO DE 90% DOS VISITANTES

CENÁRIO 2 - 90% ADOÇÃO


Número de Visitantes 720
Jangadeiros Disponíveis 70
Pessoa/Jangada 4
Passeios/Dia 3
Preço Passeio Tradicional R$30,0
Preço Passeio Alternativo R$10,0
RECEITA/DIA R$9.600,0
RECEITA (TEMPORADA) R$1.152.000,0
RECEITA/JANGADEIRO/TEMPORADA R$16.457,1
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RECEITA BRUTA R$1.152.000,0


Manutenção Jangada R$8.400,0
Snorkel e Máscaras R$9.100,0
Colete Salva-Vidas R$6.300,0
Curso Capacitação ano 0 R$2.682,0
Curso Capacitação ano 4 R$2.682,0
Salva-Vidas R$2.960,0
Custo Total R$32.124,0
Receita líquida/Jangadeiro/Temporada R$15.998,2
RECEITA LÍQUIDA ANO 0 R$1.122.558,0
RECEITA LÍQUIDA ANO 4 R$1.122.558,0
RECEITA LÍQUIDA DEMAIS ANOS R$1.125.240,0

- FLUXO DE CAIXA

Ano 0: R$1.122.558,00
Ano 1: R$1.125.240,00
Ano 2: R$1.125.240,00
Ano 3: R$1.125.240,00
Ano 4: R$1.122.558,00
Ano 5: R$1.125.240,00
Ano 6: R$1.125.240,00
Ano 7: R$1.125.240,00
Ano 8: R$1.125.240,00
Ano 9: R$1.125.240,00

A taxa de desconto utilizada foi 17% a.a.

VPL = R$ 5.979.111,51

Análise Benefício-Custo = 40,87

8. Conclusão

Esta pesquisa mostra que a alternativa de utilização turística de menor impacto


sobre os recifes de corais em Porto de Galinhas é altamente viável do ponto de vista
econômico. Nos dois cenários analisados foram obtidos VPLs consideravelmente altos, o
que indica investimentos de risco baixo. O Pay Back é de apenas alguns dias em ambos.

Assim, além de aumentar a renda dos moradores locais, a proposta analisada poderá
contribuir bastante para a conscientização ambiental. A renda adicional gerada pode
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contribuir para a aceitação desse projeto e auxiliar na divulgação da sua importância para a
preservação do ecossistema local. A diminuição do pisoteio dos corais contribuirá para a
redução dos danos provocados pelo turismo, assegurando a biodiversidade e a continuidade
da principal atividade econômica da cidade.

Por outro lado, é importante alertar que, em razão dos dados disponíveis, todos os
cálculos foram feitos considerando a alta temporada, de 4 meses durante o ano. É muito
provável que, considerando a baixa estação, o valor conseguido seria menor. Isso, em
razão dos custos nos mesmos níveis da alta estação, enquanto que a demanda pelo serviço
cairia significativamente. Apesar disso, muito possivelmente, isso não inviabilizaria o
projeto.

Esse estudo apresenta algumas limitações adicionais. Nele, não foram considerados
alguns custos como local para armazenagem dos equipamentos e construção de sanitários,
por exemplo. Além disso – em razão da ausência de fontes melhores – alguns dados foram
obtidos da mídia, órgãos governamentais e outras instituições não acadêmicas. Assim, os
resultados apresentados devem ser considerados como aproximados. Futuros estudos
devem considerar esses aspectos.

Um outro problema não abordado no estudo é a possibilidade da entrada de


terceiros no mercado, oferecendo o passeio por um preço diferente do sugerido nesta
pesquisa. Isso decorre do fato do recurso ser não-exclusivo. E, existe a possibilidade de
estar subestimando os custos de custo de manutenção das jangadas.

Dessa forma, como sugestão para futuras pesquisas, a determinação da viabilidade


econômica do uso alternativo dos recifes de corais de Porto das Galinhas, devem
considerar: i) estudo detalhado sobre o volume de turistas; ii) estimar a disposição a pagar
dos turistas pela visitação tradicional e pela alternativa proposta neste estudo; iii) incluir os
custos não considerados; e, iv) se implantado, monitorar e acompanhar os impactos
(possivelmente) causados pela modalidade de turismo proposto neste estudo.

Apesar dessas limitações, é alentador concluir que uma opção de turismo,


ambientalmente mais adequado, pode trazer benefícios sociais (manutenção do emprego e
melhoria da qualidade de vida dos jangadeiros) e ser economicamente viável.

9. Referências Bibliográficas

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