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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DE JUSTIÇA DO MEIO

AMBIENTE, PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL, ÍNDIOS E OUTRAS


POPULAÇÕES INDÍGENAS.
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rancho Folclórico Vilas de Portugal,  Rua  Antonio  Gonçalves  Campos,  440,  bairro 
V. Cachoeira/ SP, fone: 2953-9867, CNPJ nº 61.847.877/0001-07, representante legal: 
Paulo Cesar Gomes da Costa, Rg.: 33.024.709-8, Av. Profª Virgília Rodrigues Alves 
de Carvalho Pinto, 718 – ap. 04 – Palmas do Tremembé, fone.: 2953-9867 e 7250-6336
SOLI – Associação Unidos na Luta pela Igualdade CNPJ:  07.928.139/0001  –  49, 
Rua  Judith  Zumkeller,  29,  Mandaqui,    fone:  2309  –  3497,  representante  legal:  Carlos
Eduardo Coin Gomes,  RG.:  22.938.137  –  Rua  Pena  Forte,  121,  V.  Paulistana; 
Associação Cultural e Esportiva de Cachoeira,  Rua  3  Cruzes,  715,  Bairro  de 
Cachoeira/SP  –    CNPJ.  nº  02.298.000/0001-45,  fone:  9113.9599,  representante  legal: 
Carlos Takashi Inoue, Rg – 7.486.259, Rua Domélia – nº. 84,Vila Mazzei / SP; Elisa
Puterman  -  R.  Itabira,  411  ap  42,  Pedra  Branca  -  São  Paulo,  SP  F.  8913  0262  RG 
12.693.248;  Adriane Aparecida Bernardes de Mattos,  RG.  21.312.275-3 Rua  João 
Leite,  31  -  Jd.  Vila  Rica,  fone:  2993-9211;  Luiz Chiarantano Pavão,  Rg.  5280.540- 
Av. Sen. José Ermírio de Moraes, 850 V. Albertina, fone: 2953-5818 e 6512-9110; José
Ramos de Carvalho - Rg. 8.746.065-8, Rua Heitor Iglésias Cambaúva, 38-B - Pq. Edu 
Chaves, fone: 11.2093474  e 7282.7991; - Jaime Melim de Menezes, Rg: W 261984 S 
Rodovia Fernão Dias km 81 - número 20 - Três Cruzes, fone: 8138 9630;  Eduardo de
Freitas Fernandes, Rua Manoel de Araujo numero 05 – Cachoeira, Rg.: 9.408.314-9, 
fone: 9932-9513; Carlos Gonçalves Fernandes, RG.: 2.619.937-3, Rua Voluntários da 
Pátria,  3811  –  ap.  131,  Santana,  Fone.:  9914.6468;  Maria Cristina Greco,  OAB/SP 
177.320 - Rua Voluntários da Pátria, 3811 – ap. 131, Santana, Fone.: 9786-6877, vem à 
presença  de  V.Exa.  apresentar  REPRESENTAÇÃO  em  face  da  DERSA
Desenvolvimento Rodoviário S/A  situada  a  Rua  Iaiá,  126,  Itaim  Bibi,  São  Paulo/SP 
com base no art. 1º da Lei 7.347/1985 e art. 5º da LACP, com alteração dada pela Lei nº 
11.448/2007; na Lei Federal 10.257/2001, art. 2º caput e incisos II, VI alíneas d, g, XII, 
XIII, arts.36 e 37; art. 256 § 4º da Lei Municipal 13.430/2002; art. 127, caput, art. 129 
inciso  III  e  art.  225,  caput  e  inciso  VII  da  Constituição  Federal,  relatar os fatos que
ensejam a atuação do Ministério Público Federal,  quanto  a  ação  civil  pública 
ambiental  com  pedido  de  liminar,  requerendo,  desde  já,  que  seu  digno 
representante  tome  as  providências  necessárias,  em  caráter  de  urgência,  para  que  as 
Audiências Públicas  relativas  ao  TRECHO NORTE DO RODOANEL DE SÃO
PAULO, sejam adiadas por apresentarem irregularidades, a seguir especificadas:  
 
 
 
 
1)- DA NECESSIDADE DE ADIAMENTO DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
 
 
1.  -  É  fato  que  no  Trecho Leste,  com  43,5 km  de  extensão,  foram  realizadas 07
audiências: 02/06/09 em Mauá; 09/06/09 em Ribeirão Pires; 18/06/09 em Suzano; 14/
07/09  em  Poá;  16/07/09  em  Itaquaquecetuba;  23/07/09  em  Arujá  e  28/09/09  em  São 
Paulo.
-As  Audiências  Publicas  sobre  o  Trecho  Norte  do  Rodoanel  de  São  paulo,  foram 
marcadas  para  os  dias:    1ª)  07/12/ 2010,  às  17  horas,  no  Clube  União  Arujaense, 
Avenida  Amazonas,  nº.  100  -  Centro,  Arujá/SP.  2ª)  dia  15/12/2010,  às  17  horas,  no 
Anfiteatro da Universidade de Guarulhos, Rua Soldado Brasílio Pinto de Almeida, nº. 
132  (antigo  82)  -  Anfiteatro  F,  Entrada  da  Reitoria  -  Centro,  Guarulhos/SP.  3ª)  dia 
16/12/2010,  às  17  horas,  na  Casa  de  Portugal,  Avenida  Liberdade,  nº.  602  -  Centro, 
São Paulo/SP.  Portanto,  no  Trecho Norte,  com  44 km  de  extensão,  apenas  03( três)
audiências foram marcadas.
- No Trecho Leste, o menor intervalo entre as audiências foi de 02(dois) dias, no Trecho 
Norte,  duas  serão  seguidas,  sem  deixarmos  de  observar  a  data  próxima  às  festas  de 
Natal, com as conseqüências típicas da época que dificultarão o acesso às mesmas.
Evidencia-se que:
a) Quanto ao número de audiências:  De acordo com a Resolução nº 09/87 do Conama 
art.  2º  §  5º  “Em  função  ........    da  complexidade  do  tema,  poderá  haver  mais  de  uma 
audiência pública sobre o mesmo projeto e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - 
RIMA.”
b)  Quanto  à  informação  e  publicidade:  É  desconsiderado o art. 1º caput da Resolução 
nº 09/87 do Conama que especifica a finalidade de uma audiência pública, ou seja, “A 
Audiência  Pública  referida  na  resolução  Conama  1/86,  tem  por  finalidade  expor  aos 
interessados  o  conteúdo  do  produto  em  análise  e  do  seu  referido  RIMA,  dirimindo 
dúvidas  e  recolhendo  dos  presentes  as  críticas  e  sugestões  a  respeito.”  Devido  à 
complexidade da Obra em questão, afasta-se a possibilidade de esclarecimento razoável 
a  ser  dado  aos  presentes,  considerando-se  a  duração  média  de  uma  audiência  pública, 
sendo,  portanto,  limitado  seu  direito  a  críticas  e  sugestões  e  o  exercício  da  cidadania 
assim como o respeito ao princípio do devido processo legal em sentido substantivo. 
 
2) - DA PUBLICIDADE E INFORMAÇÃO
 
2. A Constituição Federal arrola vários princípios a serem seguidos pela Administração 
Pública,  dentre  eles,  o  da publicidade.  Este  direito  é  garantido  para  que  sejam 
divulgados  pela  imprensa  todos  os  pedidos  de  licenciamento  para  diversos  fins, 
destacando-se obras potencialmente poluidoras, a fim de que a população possa tomar 
conhecimento  das  mesmas,  apresentando,  caso  haja  necessidade,  críticas  e  sugestões. 
Na Carta Magna também é reconhecido o direito do cidadão à informação, previsto no 
art. 5º XXXIII – “ Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse  particular  ou  de  interesse  coletivo  ou  geral,  que  serão  prestadas  no  prazo  da 
lei, sob pena de responsabilidade,...” Busca-se com estas garantias preservar os cidadãos 
da  surpresa  de  uma  decisão  consumada  do  Poder  Público  e  garantir  que  os  órgãos 
ambientais  forneçam  informações  de  interesse  particular  ou  coletivo,  a  fim  de  que  o 
cidadão participe da tomada de decisões como é seu direito.
O  fato,  na  questão  do  Trecho  Norte  do  Rodoanel,  que  demonstra  contrariedade  aos 
princípios  acima  evidencia-se  pela  dificuldade  de  acesso  à  informação  sobre  o  EIA/
RIMA,  com  arquivos  difíceis  de  serem  acessados  pela  internet,  limitando  o  número 
de  pessoas  que  possam  consulta-lo  via  eletrônica.  Contraria-se  assim  o  conceito  da 
informação e a garantia de sua acessibilidade. Além disso, nos postos disponíveis para 
consulta, muitos não encontraram nos atendentes um apoio compatível, que esclarecesse 
de forma clara o trajeto, pois o mapa apresentado no EIA/RIMA apresenta vários erros, 
com bairros de localização trocada; escalas incorretas que apresentam imagens menores 
 
do que as reais, dando a impressão que as áreas afetadas são menores do que realmente 
se apresentam; número de habitações no bairro de Vila Rica inferior ao real. Na página
90 do RIMA (DOC. 01) em que se lê 20 edificações residenciais, na realidade
são mais de 106, conforme planta da Subprefeitura Jaçanã/ Tremembé.  Como 
informação:  O  Loteamento  V.Rica,  situado  na  Av. Coronel Sezefredo Fagundes, 
Subprefeitura  da  Região  Norte ocupa  um  terreno  com  70.533,12  m²  .  Estima-se  que 
existam  aproximadamente  256  Lotes.  A  regularização  deste  loteamento  está  sendo 
tratada através do processo(s) administrativo(s) número 199700058280.
 
Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre a divulgação e informação do EIA/RIMA

-OS DETALHES ESTÃO À DISPOSIÇÃO
Postado em Fri, 12 Nov 2010 17:30:39 por ZNnaLinha

Em todas as subprefeituras da ZN foram montados postos de atendimento para dar detalhes


do trecho Norte do Rodoanel. Pelo menos na subprefeitura Casa Verde/ Cachoeirinha, na
tarde do dia 08/11, encontramos dois jovens com a camiseta da Dersa e dez grossos volumes
impressos, com o EIA-RIMA. Mais fácil do que consultá-los, foi olhar os dois mapas impressos
com grande definição. Lá diversos detalhes ficaram claros.
A pista vai passar logo atrás do Jardim Damasceno. Um grande trevo está proposto no final
da av. Inajar de Souza. Todo o trecho na várzea da Pedra Branca, antes de entrar em túnel ao
lado do cond. Itatinga, será em viaduto. Haverá um curto espaço com viaduto entre dois túneis,
sobre os lagos do Clube da Sabesp na Vila Rosa. Depois vem um grande trecho em superfície,
atrás da Fazenda Santa Maria, passando pela Vila Rica e pelo Corisco, até chegar a um mega-
trevo na Fernão Dias. A partir daí entra em Guarulhos, seguindo por uma longa reta ao Norte
do aeroporto de Cumbica, passando aparentemente por áreas semi-rurais. Entre o parque
Santos Dumont e o Jardim Lenise está proposta saír uma ligação ao aeroporto.
Tudo isso está bem detalhado nos mapas. Em 18 dias funcionando, nem 10 pessoas passaram
lá para se informar. Como não pudemos fotografar nada, sequer os atendentes, fotografamos a
entrada da praça de atendimento da subp Casa Verde/ Cachoeirinha, o que não era proibido.
 
 
Esperamos, caso seja o entendimento de V.Exa., que as audiências sejam adiadas
pelos fatos acima enumerados e marcadas em maior número, a fim de que:

I - Os cidadãos afetados do Trecho Norte possam, através da informação correta 
e clara exercer conscientemente seus direitos.
II  –  Não  sejam  descaracterizados  o  princípio  participativo  e  o  conceito  de 
democracia  social  que  regem  a  democratização  das  relações  do  Estado  para  com  o 
cidadão, legitimado para o controle comunitário sobre as ações administrativas.
III – Seja respeitado o objetivo básico de uma audiência pública que é o de ser 
um  instrumento  de  participação  popular  na  função  administrativa,  inerente  ao  Estado 
Social  e  Democrático  de  direito,  direcionado,  também,  para  o  controle  da  atividade 
administrativa.
IV – O exercício dos direitos coletivos dos afetados pelas obras do Rodoanel não 
seja centralizado e afetado pela atuação do agente público, contrariando o direito que é 
dado à sociedade de fiscalizar a qualidade dos estudos de impacto ambiental.
V - Não seja minimizada a atuação do Ministério Público quanto ao instrumento 
da  Audiência  Pública  no  tocante  a  sua  missão  institucional,  considerando-se  nesta  a 
forma de controle judicial nas ações protetivas ao meio ambiente. 
VI  -  O  EIA/RIMA  da  obra  que  apresenta  irregularidades  com  informação 
incorreta  tornada  pública  aos  cidadãos,  apresente  as  devidas  alterações,  a  fim  de  que 
seja  possível  a  clara  análise  pela  população  que  será  direta  e  indiretamente  afetada, 
impedindo que as conclusões se baseiem em dados inexatos.
 
 
 
 
 
 
  
QUANTO A OBRA DO RODOANEL E SEU ATUAL TRAJETO

 
Segundo a DERSA responsável pela sua implantação na cidade de São Paulo seu 
posicionamento é:
 
1.  O  Rodoanel  de  São  Paulo  é  empreendimento  com  função  de  desviar  e  distribuir  o 
tráfego de passagem para o entorno da Região Metropolitana de São Paulo;
2.  A  viabilidade ambiental do  empreendimento  é  aspecto  fundamental  da  tomada  de 
decisão, de forma conjunta com os critérios econômico, técnico e social;
3. O Rodoanel age no sentido de substituir as ocupações de baixa qualidade ambiental 
(especialmente  ocupações  irregulares  de  terrenos)  por  outras  de  melhor  qualidade 
(empreendimentos formais, condomínios, etc);
4.Em 2020, o Rodoanel absorverá cerca de 50% do tráfego comercial com origem/
destino  fora  da  Região  Metropolitana,  proporcionando  uma  economia  de  custos  em 
transportes da ordem de R$ 2 bilhões anuais.
   Serão cerca de 123 mil caminhões e 18 mil ônibus rodoviários que sairão das ruas e 
avenidas da Região Metropolitana e utilizarão o Rodoanel em viagens locais, regionais 
e  de  transposição.  E  mais  585  mil  automóveis,  sendo  que,  18%  terão  origem/destino 
fora da metrópole; 
5. O Rodoanel reduzirá em 6% a emissão de monóxido de carbono (CO) e em 8% 
a  de  hidrocarbonetos  (HC)  na  Região  Metropolitana.  Os  veículos  deslocados  pelo 
Rodoanel irão atravessar regiões com menor população, de modo que cerca de 890 mil 
pessoas  serão  beneficiadas  no  entorno  das  vias  metropolitanas  por  onde  hoje  circula 
esse tráfego.
  6.  Por onde o Rodoanel passar a qualidade da água deve melhorar.  Não  só  pela 
redução  do  risco  de  acidentes  com  produtos  perigosos,  mas  também  pelo  efeito  de 
proteção  contra  a  carga  difusa  diariamente  descarregada  nos  reservatórios  e  cursos 
d’água por ele atravessados.
 
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL
 
Devido  ao  posicionamento  da  DERSA,  para  o  empreendimento  do  Rodoanel,  aqui 
apresentar-se  com  diversas falhas técnicas,  tanto  de  pesquisa  (EIA/RIMA)  quanto 
de  viabilidade  em  relação  ao  trajeto  apresentado  para  o  Trecho  Norte,  desatendendo 
aos  anseios  reais  da  comunidade  e  tornando  irrelevantes  as  características  ímpares 
da  Região  da  Serra  da  Cantareira  e  sua  importância  ambiental,  apresentamos  nosso 
posicionamento  e  considerações,  assim  como  documentos  que  ensejam  a  atuação 
do  MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL frente à DERSA Desenvolvimento
Rodoviário S/A na questão de graves danos socioambientais que ocorrerão com o atual 
trajeto do Rodoanel – Trecho Norte,  proposto pela mesma.
 
I – DA RESERVA DA BIOSFERA – CINTURÃO VERDE
 
1)Em  09/06/1994  foi  criada  a  Reserva  da  Biosfera  da  Mata  Atlântica  e  Cerrado 
abrangendo uma superfície de 1.611.710 há com certificado conferido pela UNESCO.
A  figura  de  reserva  da  biosfera  pretende  abrigar  uma  rede  de  áreas,  no  globo,  de 
relevante  valor  ambiental  para  a  humanidade.Representa  um  forte  compromisso  do 
Governo  local,  perante  seus  cidadãos  e  a  comunidade  internacional  que  realizará 
os  esforços  e  atos  de  gestão  necessários  para  preservar  essas  áreas  e  estimular  o 
Desenvolvimento Sustentável, dentro do espírito da solidariedade universal. 
Segundo  os  preceitos  do  Programa  da  UNESCO,  o  zoneamento  das  Reservas  da 
Biosfera  preconiza  três  categorias  de  zoneamento  para  o planejamento  da  ocupação  e 
 
uso do solo e de seus recursos ambientais: 
ZONAS  NÚCLEO:  Representam  áreas  significativas  de  ecossistemas  específicos.  No 
caso da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, estas áreas 
são  em  sua  maioria  compostas  por  Unidades  de  Conservação  Estaduais,  englobando 
principalmente  remanescentes  da  Mata  Atlântica  e  algumas  áreas  de  Cerrado.  A 
maior parte destas Zonas Núcleo está sob a administração direta do Instituto Florestal, 
órgão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. As áreas foram assim 
estabelecidas:  Parque Estadual Albert Löfgren, Parque Estadual da Cantareira, 
Parque  do  Jaraguá,  Reserva  Florestal  do  Morro  Grande,  Parque  Estadual  do  Jurupará, 
Parque Estadual da Serra do Mar e Estação Ecológica de Itapeti. 
ZONAS  TAMPÃO:  São  constituídas  pelas  áreas  subjacentes  às  Zonas  Núcleo.  Nestas 
áreas,  todas  as  atividades  desenvolvidas,  sejam  econômicas  ou  de  qualquer  outra 
natureza, devem se adequar às características de cada Zona Núcleo de forma a garantir 
uma  total  preservação  dos  ecossistemas  envolvidos.  As  Zonas  Tampão  da  Reserva  da 
Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, abrigam outros espaços possuídos 
ou  não  pelo  Estado,  como  Áreas  de  Proteção  de  Mananciais,  Parque  Nascente  do  Rio 
Tietê,  Área  Tombada  da  Serra  do  Japi,  e  inúmeras  outras  APAs-Áreas  de  Proteção 
Ambiental. 
ZONAS  DE  TRANSIÇÃO:  São  constituídas  pelas  áreas  externas  às  Zonas  Tampão 
e  permitem  um  uso  mais  intensivo,  porém  não  destrutivo,  do  solo  e  seus  recursos 
ambientais. São nestas áreas que os preceitos do Programa estimulam práticas voltadas 
para o Desenvolvimento Sustentável.
-  O  trajeto  apresentado  pela  DERSA  que  atravessa  a  Serra  da  Cantareira  contraria  e 
ignora  explicitamente  a  condição  de  Reserva  da  Biosfera  do  Cinturão  Verde  em  que 
estão inseridas áreas de preservação.
-  A  DERSA  afirma  que  o  impacto  ambiental  sobre  a  Serra  da  Cantareira  e  seu 
entorno  não  irá  afetá-los,  porém,  isto  não  se  confirma,  pois  serão  atingidas  áreas  de 
amortecimento como exemplo: o Parque Estadual da Cantareira. 
No  plano  de  manejo  do  Parque  Estadual  Alberto  Loefgren  temos,  reconhecida  pela 
Fundação  Florestal do  Estado  de  São Paulo  a importância do  Parque  inserido na  zona 
núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e o respeito 
ao  reconhecimento  pela  UNESCO.  A  unidade  como  se  constata  é  protegida  pelo 
Instrumento  Histórico,  Arqueológico,  Artístico  e  Turístico  (CONDEPHAAT).  Tal 
instrumento classifica a unidade como Reserva Estadual da Cantareira e Horto Florestal, 
tendo  sido  incluídas  no  tombamento  a  Pedra  Grande  e  a  bomba  d’água  localizada  na 
Barragem do Engordador.
A  DERSA  afirma  que  não  haverá  impacto  sobre  o  Parque.  Mas  é  fato  que  o  reflexo 
de tal obra, nos outros trechos, tem causado sérios danos nos perímetros adjacentes ao 
empreendimento.  
 
IMPACTOS AMBIENTAIS
 
 
Estes são alguns dos impactos que ocorrerão com a obra:
• Impacto 1: Alteração no Sistema de Drenagem
• Impacto 2: Erosão e Assoreamento
• Impacto 3: Alteração de Condições de Estabilidade 
• Impacto 4: Alteração na Qualidade do Ar 
• Impacto 5: Alteração na Qualidade da Água 
• Impacto 6: Contaminação do Solo 
• Impacto 7: Ruído e Vibrações 
• Impacto 8: Alteração no Transporte de Cargas Perigosas 
• Impacto 9: Alteração em Área Fora da Faixa de Domínio
• Impacto 10: Perda e Fragmentação de Vegetação
• Impacto 11: Interferência em Áreas de Preservação Permanente (APP) 
 
• Impacto 12: Alteração nos Habitats e Corredores de Fauna
• Impacto 13: Interferência em Unidades de Conservação 
• Impacto 14: Alteração de Atividades Econômicas 
• Impacto 15: Insegurança da Comunidade
• Impacto 16: Alteração de Valores Imobiliários 
• Impacto 17: Alteração na Estrutura Metropolitana 
• Impacto 18: Impactos Decorrentes da Relocação Compulsória 
• Impacto 19 : Alteração na Estrutura da Ocupação Local
• Impacto 20: Incômodo à População e Atividades no Entorno
• Impacto 21 : Alteração em Operação de Sistema de Transportes 
• Impacto 22: Impactos no Patrimônio Arqueológico, Histórico-Cultural e  
Paisagístico
 
Quanto  ao  RIMA,  na  pág.  92  (DOCs. 02 a 04 ) são  apresentados  e  reconhecidos 
vários  impactos  nos  terrenos,  nos  recursos  hídricos  superficiais,  nos  recursos  hídricos 
subterrâneos,  na  qualidade  do  ar,  na  vegetação,  fauna,  infraestrutura  viárias,  tráfego  e 
transportes,  na  estrutura  urbana,  atividades  econômicas,  infraestrutura  física  e  social, 
qualidade de vida da população, finanças públicas e patrimônio arqueológico e cultural.
Tais  documentos  mostram  claramente  as  contradições de  postura  técnica  da  própria 
DERSA.
 
II – DO CONCEITO DE RODOANEL
 
1)Segundo a DERSA Desenvolvimento Rodoaviário S.A. responsável pela obra -
O Rodoanel é estrada ou auto-estrada construída no perímetro de grandes cidades a fim 
de interligar importantes vias de circulação para evitar que o tráfego afete vias de menor 
escoamento.  Para  a  empresa,  o  Rodoanel  objetiva  a  retirada  das  Marginais  e  do 
perímetro urbano do fluxo saturado de caminhões.
- Porém, de acordo com o EIA/RIMA isto não ocorrerá com o traçado apresentado no 
EIA/RIMA  do  projeto,  pois,  no  mesmo,  destaca-se  uma  ligação  com  a  AV. INAJAR
DE SOUZA,  ligando  a  Marginal  do  Tietê  ao  trecho  norte.  Esta  via  tem  um  córrego 
canalizado  em  toda  a  sua  extensão  no  canteiro  central,  já  passou  por  muitas  obras 
de  expansão  de  galerias  sobre  o  corredor  de  ônibus,  para  minimizar  os  problemas  de 
enchentes,  as  quais  ainda  ocorrem  em  vários  pontos  de  sua  extensão.  É,  também,  via 
de  escoamento  intenso  de  tráfego  de  veículos  e  ônibus,  vindos  de  região  densamente 
povoada da Zona Norte, Lapa e Barra Funda.
Haverá,  também,  uma  ligação  com  a  AV. RAIMUNDO PEREIRA DE
MAGALHÃES. Portanto,  tais  ligações  contrariam  expressamente  a  finalidade  de  um 
Rodoanel,  pois  fazem  ligação  direta  da  estrada  com  vias  de  acesso  a  áreas  urbanas. 
(DOC. 05)
 
 
III - MELHOR OPÇÃO DE TRAJETO PARA O TRECHO NORTE

O  atual  traçado  apresentado  pela  DERSA  desconsidera  uma  outra  opção  mais  viável, 
muito  menos  onerosa  (em  torno  de  1/3  do  custo  atual  apresentado  pela  DERSA)  e 
menos impactante ao meio ambiente e à sociedade.
Existe  outro  traçado,  que  não  foi  levado  em  consideração,  alternativa  prevista  pelo 
consórcio JCP – Prime – Engenharia.
 
- Início: No ponto final do Trecho Oeste junto à Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 
em  Pirituba,  indo  no  sentido  Norte  até  encontrar  a  SP  332,  atualmente  com  muitos 
vazios urbanos existentes, seguindo até a SP 023, Rodovia também com baixa ocupação 
lateral, até a cidade de Mairiporã, encontrando com a Rodovia Fernão Dias – BR 381, 
 
pois  esta  rodovia  tem  ligação  com  a  Dutra  e  Ayrton  Senna,  que  por  sua  vez  se  ligam 
com o futuro Trecho Leste do Rodoanel. (DOCs. 06 e 07 ).
 
Destacamos que os mapas apresentados no EIA/RIMA foram obtidos no Google e são 
de 2007. Não foram atualizados.

 
IV - DO POSICIONAMENTO DO GOVERNO DO ESTADO

Em  matéria  publicada  no  jornal  o  Estado  de  São  Paulo  dia  27  /11/2010  (DOC. 08)  o 
atual  governador  de  São  Paulo  Alberto  Goldman  afirmou,  em  relação  ao  Rodoanel, 
categoricamente  que  “  embora  o  traçado  do  licenciamento  ambiental  esteja em
tramitação, o traçado do Trecho Norte já está definido” – Pois bem, esta declaração, 
contraria  as leis  do licenciamento  ambiental;  cerceia  o direito constitucional garantido 
ao  cidadão  de  se  manifestar  quanto  à  obras  que  causem  impactos  socioambientais; 
desconsidera  totalmente  o  valor  das  Audiências  Públicas  e  a  participação  popular 
em  que  é  exercida  a  cidadania;  demonstra  desconhecimento  do  direito  do  cidadão 
de  representar  junto  ao  Judiciário.  Ao  declarar  que  “não  se  pode  executar  obra  de  tal 
envergadura  sem  mexer  com  as  pessoas”,  deprecia  vários  posicionamentos  técnicos 
apresentando alternativas ao traçado atual. 
Ironicamente ao se referir a nossa sociedade e seu modo de vida coloca aqueles que são 
contrários ao trajeto atual como moradores de caverna, interessante conceito sobre os 
cidadãos!
Seu  posicionamento  demonstra  alguém  em  fim  de  mandato  que  não  quer  se 
comprometer com a sociedade, pois para o mesmo, é mais fácil a acomodação de quem 
não se preocupa com a realidade.
 
V - DA ATUAÇÃO IRREGULAR DA EMPRESA CONSORCIADA
 
Aos  proprietários  de  casas  ou  terrenos  em  áreas  em  que  passará  o  Rodoanel    Trecho 
Norte  a  Dersa  está  apresentando  os  seguintes  documentos  ( DOCs 09 a 11).  A  Carta 
de  Credenciamento  da  empresa  Engevix/Planservi  que  em  consórcio  é  detentora  de 
contrato  com  a  DERSA  e  a  Autorização  para  Entrada  na  referida  residência  ou  área. 
Nas  duas  há  incongruências  e  informação  que  gera  dúvidas  pois  seu  texto  indica  que 
pretendem desenvolver trabalhos de estudos ambientais para subsidiar a elaboração do 
EIA/RIMA, efetuar serviços de sondagem e topografia onde serão avaliadas alternativas 
ao traçado do Rodoanel – Trecho Norte.
Pois  bem,  se  o  próprio  governador  Alberto  Goldman  afirma  que  o  trecho  norte  ainda 
está em tramitação porém seu traçado é definitivo, em quem acreditar?
O texto da Carta de Credenciamento e da Autorização para Entrada induzem o cidadão
a erro a fim de que assine o documento, a Empresa credenciada leva o proprietário a 
acreditar na possibilidade da avaliação de alternativas de traçado para o Trecho Norte. 
Se o conteúdo do EIA/RIMA atual será discutido em Audiências Públicas e é este que 
está sendo colocado à disposição da sociedade, como entender a pretensão da empresa 
em  subsidiá-lo.  O  estudo  não  é  definitivo?  Se  tais  subsídios  forem  acrescentados 
após  as  audiências  públicas,  serão  convocadas  outras  para  avaliação  desses  estudos 
complementares?
A  conclusão  é  de  que  está  sendo  usado  um  artifício  para  que  o  cidadão  baseado 
em  informação  errônea  assine  de  livre  e  espontânea  vontade  um  documento  que 
irá  comprometê-lo,  pois  a  real  intenção  de  ter  seu  consentimento  para  um  objetivo 
contraditório está mascarada. 
 
VI – DO FLUXO DE TRÂNSITO, PEDÁGIO E FUGA DE CAMINHÕES

O benefício para o trânsito paulistano, em função do que será recolhido por essa obra, 
 
e que deixaria de adentrar a cidade para a contorná-la, é discutível, pois há estudos que 
mostram que esse benefício seria irrisório,( segundo estudo do Engº Horário Augusto
Figueira,  (DOC. 12)  apenas  5,9%  nos  dois  sentidos)  se  comparado  aos  transtornos 
ambientais e ao custo financeiro. 
Segundo o engenheiro “seria de suma importância que o Ministério Público requeresse 
os dados de demanda detalhados de viagens, por pares de Origem/Destino, por tipo de 
veículo, para os picos e para o dia todo (2014, 2020, 2025 e 2030), que deverão carregar 
o  Tramo  Norte, para  desmistificarmos  a  idéia  que  é  para  atender  o  "Tráfego  de 
Passagem", ou seja, o Rodoviário. Isto poderia ter sido há 20, 30 ou 40 anos atrás, mas 
hoje não é mais a realidade. Obviamente os percentuais variam por tipo de veículo, ou 
seja,  para  os  automóveis  a  porcentagem maior  é  para  viagens  urbanas/metropolitanas, 
enquanto para os caminhões a parcela rodoviária, deve ser maior. 
Tramo Oeste: 20 a 30 % das viagens do Tramo com O/D Rodoviária (Origem e destino 
além de 50 km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano. 
Tramo Sul: 60 a 70 % das viagens do Tramo, com O/D Rodoviária (Origem e destino 
além de 50 km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano. 
Tramo Leste: 50 a 60 % das viagens com O/D Rodoviária (Origem e destino além de 50 
km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano.
Tramo Norte: 10 a 20 % das viagens com O/D Rodoviária (Origem e destino além de 50 
km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano. 
 A  demanda  de  tráfego  nesse  trecho  já  foi  assumida  como  menor  do  que  nos  outros 
trechos,  pelo  governo.  Assim  não  se  justificam  os  enormes  custos  ambientais 
anunciados para as obras. Em termos de mobilidade urbana, é discutível a prioridade do 
investimento inicial de R$ 5,5 bilhões nessa obra, e não na construção de mais metrô, 
ou  corredores  de  ônibus.  Nos  outros  trechos  em  que  há  pedágio,  muitos  caminhões 
procuraram escapar do mesmo, causando enormes transtornos em bairros próximos. As 
obras de 9 bi só irão reduzir 6 km de lentidão.”
 
VII - DAS ILHAS DE CALOR
 
A  preservação  da  Serra  visa  a  sua  função  de  reguladora  do  clima,  mantendo-o 
equilibrado  para  a  manutenção  da  vida.  A  auto-regulação  promovida  pela  natureza 
nesta região se afetada com a interferência de obra de tamanho porte poderá ser atingida 
de  forma  a  causar  impactos  que  levem  ao  aumento  de  temperatura  e  criação  de  mais 
ilhas  de  calor,  negativas  para  a  preservação  ambiental  ao  intensificarem  o  fenômeno 
do  aquecimento  global.  São  Paulo  já  é  uma  cidade  considerada  como  exemplo  de 
ilha  de  calor  pela  grande  concentração  de  asfalto  e  concreto.  A  pouca  quantidade  de 
verde (árvores e plantas) e alto índice de poluição atmosférica, da cidade, favorecem a 
elevação da temperatura.
-  O  Trecho  Norte  passará  em  trechos  com  apenas  12  km  em  relação  ao  centro  da 
cidade,  enquanto  em  outras  regiões  está  a  mais  de  20  km  do  centro.  O  seu  trajeto  se 
dá  praticamente  só  por  área  de  mata  e  terrenos  livres,  significando  impermeabilização 
de  uma  enorme  área,  cujo  recalque  de  água  causará  enchentes  em  diversos  pontos, 
sobrecarregando  córregos  que  afluem  ao  rio  Tietê.  Portanto,  o  concreto  e  o  asfalto 
estarão mais perto das áreas verdes que ainda restam.
-  A  elevação  de  apenas  1º  C  pode  aumentar  de  forma  expressiva  os  riscos  sobre  os 
ecossistemas,  acima  de  2º  C  levam  a  escassez  de  água  e  à  fome,  devido  a  danos  às 
plantações,  com  colheitas  de  baixa  produtividade.  Somando  à  escassez  de  água  ao 
desaparecimento de rios, cursos d’água e aos assoreamentos à poluição hídrica e todos 
os  danos  que  há  muito  estão  sendo  causados  à  natureza,  o  dano  seria  socioambiental, 
pois devido às mudanças climáticas muitas doenças encontrariam campo fértil para sua 
disseminação.
Sua extensão de 44 km e obra com largura de 150 metros não considerará as áreas de 
canteiros de obras, passando por áreas semi-rurais e verdes de São Paulo, Guarulhos e 
Arujá, causando sérios danos à qualidade de vida de toda a grande São Paulo.
 
O fenômeno de mudança do clima das cidades tem mudado radicalmente com o passar 
dos  anos,  pois  ele  começa  a  mudar  desde  o  momento  que  uma  cidade  começa  a  ser 
implantada.
O  primeiro  fator  de  modificação  do  clima  é  o  desmatamento,  pois  o  homem  para 
construir  as  cidades,  derruba  as  matas  e  a  vegetação  indiscriminadamente  e  muitas 
vezes mais que o necessário.
A  vegetação  na  manutenção  do  clima:  As  árvores  têm  máxima  importância  na 
manutenção do equilíbrio climático, primeiro pela sombra refrescante que produzem e 
segundo  porque  a  cor  verde  das  folhas  das  árvores  absorve  do  ambiente  uma  enorme 
quantidade  de  radiações  quentes  produzidas  pelo  sol.  A  clorofila  tem  uma  função  de 
filtro  ao  recolher  as  luzes  de  cor  avermelhada,  que  são  quentes  e,  deixar  as  de  cor 
esverdeada, que são mais frias.
As plantas funcionam como bombas de sucção quando extraem de modo contínuo água 
do solo para devolvê-la ao ar. A devolução é feita por transpiração através das folhas, 
que é um processo de evaporação. Quando há evaporação há consumo de calor e, assim, 
ocorre o resfriamento do ambiente. Um exemplo é o da água mais fresca contida em um 
pote de barro por causa da evaporação por meio da porosidade de suas paredes.
Uma grande quantidade de árvores, arbustos e até a grama podem refrescar muito uma 
rua, um bairro ou uma cidade.
Sendo  as  cidades  grandes  centros  consumidores  de  energia,  que  utilizada  gera  uma 
sobra  de  calor,  que  no  caso,  poderia  ser  chamado  de  lixo  da  energia,  como  um 
subproduto do uso de energia. Porém tal lixo não pode ser reciclado permanecendo no 
ambiente e se for dissipado irá se espalhar no mesmo de forma prejudicial.
Ônibus,  caminhões,  mais  do  que  os  automóveis,  eletrodomésticos,  sistemas  de 
refrigeração,  indústrias,  altos-fornos  de  siderúrgicas  e,  muito  mais  sistemas  produzem 
enorme  quantidade  de  calor  devendo  haver  em  contrapartida  mais  vegetação  para  um 
equilíbrio maior na manutenção da temperatura.
A significativa diferença de temperatura registrada entre seus arredores forma a ilha de 
calor. Algumas  vezes  constatamos  fenômenos  estranhos  e  que  agora  se  tornam 
comuns,  como  a  diferença  de  temperatura  entre  duas  áreas,  digamos,  separadas  por 
menos  de  20  Km  e  a  diferença  de  temperatura  entre  elas  ser  de  5º  a  10º  graus 
centígrados.
Tal  ocorrência  não  se  limita  às  cidades  e  pode  se  apresentar  em  locais  onde  há  maior 
altitude,  e  onde  a  conformação  da  superfície  ou  a  proximidade  de  uma  grande  massa 
de água variam em uma pequena distância. Mesmo que o topo de uma montanha esteja 
separado de sua base por apenas 2 a 3 quilômetros, a diferença de temperatura pode ser 
substancial entre os mesmos.
Uma cidade pode ter um clima marinho, recebendo influência sobre a sua temperatura 
através  dos  ventos  marítimos  e  as  áreas  onde  as  vastas  massas  de  água  não  causam 
influência, teremos um clima continental. 
    Por  estes  fatores  os  climas  das  cidades  diferem  uns  dos  outros,  mas  os  climas 
circunvizinhos das cidades podem variar muito influenciados pelo seu desenvolvimento, 
muitas  vezes  desordenado.  As  cidades  freqüentemente  devastam  a  sua  vegetação  e 
prejudicam  o  solo,  com  o  crescimento  da  impermeabilização  pelo  asfalto  e  concreto, 
que  absorvem  calor  mais  eficientemente  que  o  solo  e  a  vegetação.  Grandes  edifícios 
construídos  muito  próximos,  podem  causar  obstrução  de  passagem  de  ar  e,  daí,  tais 
modificações  criam  um  clima  local  significativamente  diferente  daquele  da  paisagem 
circundante.
Portanto, as ilhas de calor manifestam-se quando detectamos ser o clima de uma cidade 
tão diferente do clima de sua vizinhança como o clima de uma ilha o é da água em que 
está situada. A radiação solar incide sobre uma cidade e sobre as suas áreas vizinhas 
em quantidades iguais. No campo, há um equilíbrio normal entre a energia absorvida e 
aquela  que  se  irradia  novamente.  Porém,  nas  cidades,  tal  situação  está  muito  alterada, 
pois o concreto exposto e o asfalto respondem por uma maior absorção e capacidade de 
armazenamento  de  calor  dentro  da  cidade.  Portanto,  as  cidades  desenvolvem  uma 
 
capacidade maior de re-irradiar o calor como radiação de grande comprimento de onda.
A superfície de concreto causa um maior escoamento da água que o solo e a vegetação, 
causando  menos  evaporação  e  diminuindo  a  umidade  da  cidade  em  relação  à  outras 
regiões com menos impermeabilização. 
O  calor  úmido  é  mais  saudável  que  o  calor  seco,  quando  comparamos  uma  região 
úmida  com  uma  região  árida  na  mesma  temperatura.  A  evaporação  exige  energia, 
que é absorvida da  energia  solar. Basicamente, o calor é removido de um sistema por 
evaporação;  é  por  isto  que  as  pessoas  se  sentem  mais  refrescadas  em  um  dia  quente 
quando estão suando. Sem a disponibilidade do suprimento de água para a evaporação, 
a  maior  parte  da  energia  solar  incidente  sobre  uma  cidade  é  absorvida  pelo  concreto, 
resultando numa temperatura da cidade, mais elevada por mais tempo.
Conclusão:  Nitidamente  podemos  avaliar  que  uma  das  soluções  para  tais  fenômenos 
nocivos  ao  homem  e  à  Terra,  seria  procurar  manter  ou  restaurar  a  vegetação  das 
cidades,  adaptando-as  às  características  das  áreas  urbanas  que  por  sua  vez  teriam  seu 
desenvolvimento em justo equilíbrio com o meio ambiente.

 
VIII – DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
 
Chegada de enorme quantidade de fumaça, materiais particulados e ruído urbano a uma 
região de preservação ambiental e de mananciais.
A  cidade  que  mantém  um  bom  número  de  árvores  com  a  transpiração  transportando 
continuamente  água  do  solo  para  o  ar,  terá  também    mais  umidade  atmosférica  que 
evitará uma secura maior do ar. A existência de vegetação também influi no regime dos 
ventos, tornando-os mais brandos, mais frescos e menos carregados de poeira.
A  elevação  da  temperatura  em  todo  o  mundo  causada  pelo  excesso  de  gás  carbônico 
na atmosfera, o famoso – efeito estufa – é causado pelo gás carbônico produzido pela 
combustão de vários materiais, o que provoca um aquecimento excessivo do ar. Quando 
as plantas iniciam o processo de fotossíntese, consomem gás carbônico e devolvem ao 
ar significativas quantidades de oxigênio.
Assim  vemos  que  o  único  meio  de  reverter  o  efeito  estufa  é  manter  ou  aumentar  a 
quantidade  de  vegetação  das  cidades,  é  a  manutenção  dos  jardins,  ruas  arborizadas, 
grandes parques e áreas verdes.
A expulsão anual de milhões de toneladas de monóxido de carbono, dióxido de carbono, 
combustíveis fósseis, poluentes e dioxinas para o ar, altera a química local da atmosfera, 
afetando a quantidade de calor retida nas cidades pela absorção e posterior re-irradiação 
de calor.
Em 2007 o Brasil já estava fora dos padrões de qualidade do ar segundo a
Organização Mundial de Saúde:
OMS  divulga  novos  padrões  de  qualidade do  ar e cidades  brasileiras  ficam  acima dos 
níveis recomendados: (2007)
    Todos os grandes centros urbanos do Brasil estão fora dos novos padrões mundiais 
de  qualidade  do  ar,  anunciados  no  último  dia  5  de  outubro  de  2007  pela  Organização 
Mundial de Saúde (OMS). A constatação é do Prof. Paulo Hilário Nascimento Saldiva, 
diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina 
da USP. “O que a gente imaginava que fosse uma qualidade de ar boa, na verdade não é 
mais”, alerta o médico patologista.  
     O  Prof.Paulo  Saldiva  e  o  Prof.  Nélson  da  Cruz  Gouveia,  do  Departamento 
de  Medicina  Preventiva  da  FMUSP,  foram  os  únicos  pesquisadores  brasileiros, 
especializados em poluição atmosférica, a participar do comitê da Organização Mundial 
de Saúde, que alterou os níveis mínimos recomendados para a poluição do ar em todo 
o mundo. A reunião do comitê foi realizada em outubro do ano passado, em Bonn, na 
Alemanha, mas somente agora a OMS divulgou os novos índices.  
     Pelos  novos  índices  estabelecidos  pela  OMS,  a  média  diária  recomendada 
para  partículas  inaláveis  (PM10)  foi  reduzida  a  um  terço:  passou  de  150  µg/m3  
 
(microgramas por metro cúbico) para 50 µg/m3. O ozônio (O3) baixou de 160 µg/m3  
para 100 µg/m3 a média de 1 hora máxima. O dióxido de enxofre (SO2) teve a média 
diária reduzida de 100 µg/m3 para 20 µg/m3. O dióxido de nitrogênio (NO2) não sofreu 
alterações,  permanecendo  o  índice  de  200  µg/m3  para  a  média  de  1  hora  máxima. 
Outros poluentes não foram avaliados.  
    Na  avaliação  do  Prof.  Paulo  Saldiva,  a  poluição  do  ar  já  deixou  de  ser  apenas  um 
problema  ambiental  e  passou  para  a  esfera  da  saúde  pública.  “A  má  qualidade  do 
ar  comprovadamente  reduz  a  expectativa  de  vida,  aumenta  a  mortalidade,  leva  ao 
abortamento e eleva os riscos de doenças cardíacas e de câncer”, afirma o patologista. 
    Os novos padrões de qualidade do ar definidos pela Organização Mundial de Saúde, 
porém,  dependem  de  decisões  de  cada  governo  para  serem  implementados.  “A  OMS 
estabelece os critérios de qualidade do ar e sugere que cada país vá se adaptando para 
chegar  a  esses  valores.  No  Brasil,  é  necessário  que  o  governo,  os  empresários  e  a 
indústria  automobilística  se  reúnam  e  discutam o  que  fazer para  diminuir  os  níveis de 
poluição”, afirma o Prof. Nélson da Cruz Gouveia. 
    O  Prof.  Paulo  Saldiva  aponta  como  as  principais  fontes  de  poluição  em  São  Paulo 
o  diesel  e  a  motocicleta.  “Uma  moto  com  um  motor  pequeno  polui,  atualmente,  sete 
vezes  mais  do  que  um  carro”,  atesta  o  patologista.  A  seu  ver,  as  principais  medidas 
que  deveriam  ser  adotadas,  em  curto  prazo,  seriam  melhorias  nos  veículos  diesel  e 
um  programa  eficaz  de  inspeção  e  manutenção  de  veículos.  “E,  em  longo  prazo,  uma 
estratégia  para  favorecer  o  transporte  coletivo  de  melhor  qualidade,  como  o  metrô”, 
conclui Paulo Saldiva.  
Poluentes  que  tiveram  os  níveis  de  padrões  de  qualidade  do  ar  reavaliados  pela 
Organização Mundial de Saúde: 
Ø      As  partículas  inaláveis  são  partículas,  de  diâmetro  inferior  a  10  micrôns, 
que  penetram  no  aparelho  respiratório  podendo  atingir  os  brônquios  e  os  alvéolos 
pulmonares e causar alergias, asma, irritação crônica das mucosas, bronquite, enfisema 
pulmonar e pneumoconiose, definida como o acúmulo de pó nos pulmões e as reações 
do tecido pulmonar à presença desse pó. 
Ø     O ozônio é um gás invisível, que quando presente nas altas camadas da atmosfera 
nos protege dos raios ultravioletas do sol, e quando formado próximo ao solo comporta-
se  como  poluente.  Ele  penetra  profundamente  nas  vias  respiratórias,  afetando 
essencialmente os brônquios e os alvéolos pulmonares.  
Ø      O  dióxido  de  enxofre  é  emitido  para  a  atmosfera  principalmente  pela  queima  de 
combustíveis fósseis  para aquecimento e produção  de energia.  É um gás irritante para 
as mucosas dos olhos e das vias respiratórias podendo ter, em concentrações elevadas, 
efeitos agudos e crônicos na saúde. 
Ø     O dióxido de nitrogênio é emitido por escapamentos de veículos, plantas geradoras 
de  energia  térmica  e  indústria  de  fertilizantes.   Pode  provocar  irritação  da  mucosa  do 
nariz manifestada através de coriza e danos severos aos pulmões. 
 
IX- FAUNA E FLORA – (CF – art. 225, § 1º, VII )

Fauna e flora únicas presentes em todo o maciço do Parque Estadual da Cantareira serão 
afetadas,  principalmente  em  suas  áreas  de  amortecimento,  preconizadas  em  seu  Plano 
de Manejo, gerando mortandades que não podem ser desconsideradas em um momento 
em que todo o planeta advoga a adoção de medidas de sustentabilidade. Todo o bioma 
da região metropolitana, já tão frágil, sofreria tremendamente com essa obra. 
 
De acordo com o EIA do trecho norte do Rodoanel, a própria DERSA reconhece os
impactos sobre a fauna:
 
“Considerando  as  diretrizes  interna  e  intermediária  e  as  áreas  levantadas  no  interior 
do  Parque  Estadual  da  Cantareira,  foram  registradas  22  espécies  com  algum  grau  de 
ameaça  na  AID  do  Trecho  Norte  do  Rodoanel.  Deste  total,  quatro  espécies  constam 
 
na  Instrução  Normativa  MMA  N°  06/2008,  oito  na  Resolução  SMA  Nº  48/2004  nas 
categorias  em  perigo  e  vulnerável,  e  15  são  citadas  na  lista  da  IUCN,  com  variados 
graus  de  ameaça  de  extinção.(Trecho  Norte  do  Rodoanel  Mario  Covas  Estudo  de 
Impacto Ambiental Volume VI Pág. 61)”
 
“A  implantação  de  uma  nova  rodovia  induz  à  criação de um corredor que  se 
configura  como  uma  barreira  física  linear  a  vários  dos  elementos  que  compõem  a 
biota,  principalmente  através  do  fracionamento  de  formações  vegetais,  naturais  ou 
antrópicas,que  atuam  na  manutenção  da  conectividade  dos  elementos  da  paisagem.  O 
fracionamento  de  habitats  contínuos,  principalmente  formações  florestais  naturais  ou 
antrópicas,  pode segregar populações animais e vegetais  e,  inclusive,  interromper 
fluxosgênicos,  em  decorrência  do  “efeito  barreira”  (FORMAN;  GODRON,  1986; 
FINDLAY;HOULAHAN,  1997;  FORMAN  et  al.,  1997;  FORMAN;  ALEXANDER, 
1998;  JACKSON,2000;  SEILER,  2001).(Trecho  Norte  do  Rodoanel  Mario  Covas 
Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 63)”
 
“Risco  de  alteração  da  estrutura  e  diversidade  das  florestas  do  PEC  adjacentes  à 
Rodovia  -  Devido  aos  vários  ajustes  de  traçado  e  à  opção  pela  construção  de  túneis  e 
viadutos, em acordo com o Plano de Manejo do Parque Estadual da Cantareira (PEC), 
não  haverá  necessidade  de  supressão  de  vegetação  em  áreas  dentro  dos  limites  do 
Parque Estadual da Cantareira. No entanto, alguns trechos da rodovia ficarão próximos 
às  suas  matas,  o  que  poderá  causar  o  afugentamento  da  fauna  principalmente  durante 
as  obras  e,  potencialmente,  na  operação  da  rodovia,  devido  aos  ruídos  originados 
com  a  movimentação  de  máquinas/veículos/pessoal  (Impacto  6.02).  Dada  a  estreita 
relação  existente  entre  fauna  e  vegetação,  com  relação  à  polinização  e  dispersão  de 
espécies vegetais, o potencial afugentamento da fauna poderá causar alterações na
estrutura e diversidade destas matas  em  longo  prazo.  (Trecho  Norte  do  Rodoanel 
Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 72)”
O  tatu  classificado  como  Dasypodidade,  o  Bugio  (em  perigo  crítico  de  extinção), 
o  Mico-Leão-Dourado  e  a  Suçuarana  (atual  símbolo  da  fauna  de  São  Paulo)  são 
encontrados na Serra da Cantareira e correm sério risco de extinção.
“O  plano  de  manejo  do  PEC  (Fundação  Florestal,  2009)  registrou  97  espécies  de 
mamíferos na área do PEC...” (pág. 43 do RIMA)

De acordo com o EIA do trecho norte do Rodoanel, a própria DERSA reconhece os


impactos sobre a flora:

“A  implantação  do  empreendimento,  tal  como  proposta,  intervirá diretamente


em 70 remanescentes florestais mapeados....  E  61  remanescentes  florestais  terão 
efetivamente  algum  tipo  de  redução  ou  seccionamento  de  sua  área  total.  Destes, 
30  encontram-se  em  estágio  inicial  de  regeneração,  8  em  estágio  inicial  a  médio  de 
regeneração,  14  em  estágio  médio  de  regeneração  e  9  estão  mais  preservados,  em 
estágio  médio  a  avançado  de  regeneração.  Trecho  Norte  do  Rodoanel  Mario  Covas 
Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 64.”
“Os efeitos da fragmentação florestal decorrentes da implantação da rodovia poderão 
atuar  tanto  sobre  os  remanescentes  que  terão  sua  área  total  ainda  mais  reduzida  como 
sobre  os  novos  fragmentos  que  serão  criados  e,  também,  sobre  as  novas  bordas  que 
serão  criadas  em  florestas  contínuas  ao  maciço  florestal  da  Cantareira.  Estes  efeitos 
poderão ocorrer principalmente através da intensificação da segregação de habitats para
a  fauna,  da  interrupção  de  fluxos  gênicos  e  da  prospecção  de  efeitos  de  borda  para 
ambientes  que  antes  estavam  distantes  dos  limites  florestais  ou  mesmo  protegidos. 
Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 
68.”
 
“Podem  ser  destacados  os  seguintes  pontos  mais  críticos  relacionados  à  fragmentação 
 
florestal decorrentes da implantação da rodovia: o isolamento dos fragmentos existentes
na  Fazenda  Santa  Maria  e  no  Parque  do  Aterro  da  Vila  Albertina  em  relação  ao 
contínuo  florestal  da  Serra  da  Cantareira;  a  segmentação  em  áreas  menores  de 
um  grande  fragmento  florestal  em  sua  maior  parte  preservado  (estágio  médio  de 
regeneração,  entre  as  estacas  12.055  e  12.140);  um  grande  remanescente  preservado 
(estágio médio de regeneração) que deverá ser interceptado em dois trechos (altura das 
estacas  12.780  e  12.825),  ocasionando  a  criação  de  03  fragmentos  menores;  e  outros 
fragmentos  a  serem  criados  na  altura  das  estacas  13.060  e  12.985  (estágio  médio  e 
médio  a  avançado  de  regeneração),  os  quais  terão  sua  conectividade  anulada  com  os 
grandes remanescentes florestais ao norte como o Parque Estadual de Itaberaba. (Trecho 
Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 70)”
 
“Após o desemboque do túnel cinco, há um viaduto de 300 m seguido de trecho extenso
em corte e aterro (aproximadamente da estaca 11750 até a 12215). Esse trecho poderá 
interferir na conectividade entre a Fazenda Santa Maria e o Parque Jaçanã – Tremembé,
e  interceptará  a  área  da  APA  Cabuçu  –  Tanque  Grande,  criando  uma  nova  barreira 
física.  Esse  trecho  pode  ser  considerado  um  dos  pontos  que  demandará  estudo  de 
medidas  de  mitigação  para  circulação  de  fauna  silvestre,  devido  à  diminuição  na 
conectividade entre o maciço florestal da Cantareira e os fragmentos remanescentes ao 
sul  do  futuro  traçado.  O  traçado  do  Rodoanel,  no  entanto,  afetará  diretamente,  nesta 
gleba,  áreas  predominantemente  recobertas  por  agricultura,  vegetação  secundária  em 
estágio  inicial  de  regeneração  e  arvoredos.  De  qualquer  maneira,  neste  trecho  deverá 
ser avaliada a necessidade de implantação de passagens de fauna subterrâneas. (Trecho 
Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI  Pág. 75)”
Em estudo realizado por Paulo César Gomes da Costa – Gestor Ambiental ressaltamos 
alguns aspectos:
“INSERIR ESTE SISTEMA  VIÁRIO  PARA  INTERLIGAR  DIFERENTES  CIDADES  UTILIZANDO-O PARA  O 
ESCOAMENTO  DE  PRODUÇÃO  SOMENTE  COM  CAMINHÕES  É  FORTALECER  UM  MODELO  INSUSTENTÁVEL, 
ALÉM  DO  MAIS,  LEMBRANDO QUE  ESTE  TRAÇADO  TERÁ SEU  TRÁFEGO  DE  CAMINHÕES  MENOR  QUANDO 
COMPARADO    COM  OS  DEMAIS  TRECHOS  DO  LESTE  ,  OESTE  E  SUL,    INVIABILIZANDO  O  INVESTIMENTO  DE 
RECURSOS NESTE SETOR ,QUANDO COMPARADO AOS IMPACTOS AMBIENTAIS EM JOGO . 
OS  IMPACTOS  NEGATIVOS  SÃO  INÚMEROS  COMEÇANDO  POR  :  POLUIÇÃO  SONORA,  DESCARACTERIZAÇÃO 
DA  PAISAGEM,  REDUÇÃO  DAS  OPÇÕES  DE  ACESSO  PARA  OS  LOCAIS  ILHADOS  ,  DESVALORIZAÇÃO 
IMOBILIÁRIA  DE  REGIÕES ADJACENTES  À  PISTA,   ACESSOS  AO  RODOANEL  EM  MEIO  À  FAIXA  URBANIZADA, 
A INTERCEPTAÇÃO DOS TRONCOS DE ABASTECIMENTO DA ETA DO GUARAÚ NA PEDRA BRANCA , ESTA QUE 
É  A  MAIOR  ESTAÇÃO  DO  PAÍS  ,  A  DISTÂNCIA  DESTE  TRECHO  (  ATÉ  O  MARCO  ZERO  É  O  MENOR  DE  12  KM  E 
OS DEMAIS TRECHOS OS QUAIS ALCANÇARÃO EM MÉDIA 20 KM ) QUE SENDO TÃO PRÓXIMO  INFLUENCIARÁ 
A  DRENAGEM  DE  ÁGUA  DESTA  ÁREA  QUE  SERÁ  IMPERMEABILIZADA,  SOBRECARREGANDO  OS  CURSOS  DE 
ÁGUA  QUE  EVACUAM  AS  PRECIPITAÇÕES  DA  ZONA  NORTE  PARA  O  RIO  TIETÊ  IMPACTANDO  ASSIM  OUTRAS 
REGIÕES DA RMSP. 
TAMBÉM  DEVEM  SER  CONSIDERADOS:  A  CONTAMINAÇÃO  DO  LENÇOL  FREÁTICO,  REMOÇÃO  E 
REVOLVIMENTO  DE  SOLOS,  AFUNGENTAMENTO  E  PERTURBAÇÃO  DE  ESPÉCIES  AMEAÇADAS  DE  EXTINÇÃO, 
EFEITO  DE  BORDA  NAS  ÁREAS  QUE  TERÃO  CONTATO  COM  A  LARGA  PISTA  -  130MTS,  RPPN COM  SUAS 
RESERVAS  AFETADAS,  ÁREAS  DE  APP  DESRESPEITADAS  ,  TRANSFERÊNCIA  DOS  ÍNDICES  DE  MONÓXIDO  DE 
CARBONO PARA A REGIÃO DA CANTAREIRA , AUMENTO NO ÍNDICE DAS ILHAS DE CALOR NA ZONA NORTE , 
AUMENTO DE MATERIAL PARTICULADO NA REGIÃO.”

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte


- VILA RICA INICIA MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE
Postado em Mon, 25 Oct 2010 12:18:49 por ZNnaLinha
 
Dos 340 imóveis da Vila Rica, 106 vão desaparecer sob o traçado do Rodoanel Norte,
conforme verificou a comissão de moradores observando em detalhes os mapas. Mas a
reunião comunitária realizada em uma praça do bairro, com mais de 200 moradores, deixou
claro que "será ruim não só para quem vai sair, mas também para quem vai ficar".
O tamanho e a qualidade das casas surpreendeu quem não conhecia esse loteamento, na
altura do nº 7000 da av. Cel. Sezefredo Fagundes. Fica uns 300 metros adiante da rua Kotinda.
A melhor referência é o motel que tem um grande número "7.000" colocado na sua frente. O
mapa diz que o Rodoanel vai passar exatamente ali.
Vai passar também no Jardim Corisco, cerca de um quilômetro adiante, exatamente sobre a
EMEF Cel. Hélio Franco Chaves, que vai desaparecer do mapa. Por isso essa reunião tinha a
participação de muitos moradores desse bairro.

 
É uma população simples, de gente que luta por sua moradia, mas não está só preocupada só
com suas casas, mas também com a cidade e com o planeta. "É um milagre a cidade ainda ter
uma serra da Cantareira. Será que a cidade vai existir daqui a 20 anos, se esse rodoanel sair?
" perguntou uma participante da reunião “

X - TERMO DE COMPROMISSO DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

Em  documento  apresentado  (DOC. 13 a 15)  constata-se  o  Termo  de  Compromisso 


de  Recuperação  Ambiental  assumido  e  realizado  pela  Fonte  Nova  Mineração  Ltda. 
Processo nº 78245/2006.
Pois  bem,  como  entender  a  obrigatoriedade  desta  recuperação  ambiental  e  sua 
realização  pela  compromissária  que  agora  terá  toda  esta  área  devastada  pelo  atual 
trecho? 

XI - RISCO AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Gravíssimo:  Enorme  risco  ao  abastecimento  de  água  a  55%  de  toda  a  população 
da  Grande  São  Paulo,  uma  vez  que  o  traçado  proposto  intercepta  os  troncos  de 
abastecimento  que  saem  da  ETA  GUARAÚ,  na  Pedra  Branca,  a  maior  estação  de 
tratamento de água do Brasil.
A  escassez  de  água  e  a  diminuição  dos  níveis  dos  lençóis  freáticos  interferem  na 
agricultura,  na  indústria  e  na  vida  doméstica,  pois  cada  vez  mais,  com  o  aumento  da 
população mundial, a necessidade de água aumenta na mesma proporção. Aumentando 
a extração das águas subterrâneas, os lençóis freáticos sofrem um rebaixamento e com 
isto tornam-se mais salinos, demandando cada vez mais investimentos para que possam 
ser  explorados.  Segundo  técnicos  do  Ministério  do  Meio  Ambiente,  a  despoluição 
de  um  lençol  freático,  contaminado  por  atividades  humanas,  leva  mais  de  300  anos. 
A  contaminação  envolve  desde  os  organismos  patogênicos  até  elementos  químicos, 
como o mercúrio. E, também, além do lixo outros fatores contribuem para agravar esta 
situação,  tais  como:  cemitérios;  agrotóxicos;  fertilizantes,  aterros  industriais,  obras 
impactantes.
Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte
- NA PEDRA BRANCA, MUITA ÁGUA NO EIXO DO TRAÇADO
Postado em Mon, 01 Nov 2010 10:32:05 por ZNnaLinha
Após cortar um morro na saída do Jardim Antárctica, o traçado proposto do Rodoanel entra na
várzea da Pedra Branca, entre a av. Santa Inês e o condomínio Itatinga.
É uma extensão de quase um quilômetro, no qual existe uma grande área verde intacta e a
passagem do córrego Guaraú, que ali é represado, formando um lago.
O traçado indica que o túnel ficará exatamente ao lado das casas do condomínio que estão na

 
foto abaixo.

Essa área fica exatamente ao lado da ETA - Estação de Tratamento de Água Guaraú, a maior
do Brasil.

Certamente em algum ponto dessa rota o Rodoanel vai cruzar com as tubulações de
água que saem da ETA. Isso torna a operação no local extremamente delicada, pois esses
tubos simplesmente abastecem de água 55% da população da Grande São Paulo.

Na foto que segue veja o lago e, acima, a ETA Guarau.

XII - PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS

Considerando  o  patrimônio cultural  contemplado  na  Constituição  do  Brasil  em  seu 
art.  216  –  “  Constituem  patrimônio  cultural  brasileiro  os  bens  de  natureza  material 
e  imaterial,  tomados  individualmente  ou  em  conjunto,  portadores  de  referência  à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, 
nas quais se incluem: V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, 
artístico,  arqueológico,  paleontológico,  ecológico  e  científico.”  Temos  as  seguintes 
comunidades históricas e escolas:
 
COMUNIDADE TRÊS CRUZES E SUA CAPELA HISÓRICA

Na  comunidade  das  Três  Cruzes,  existe  um  verdadeiro  patrimônio  histórico.  A  capela 
 
Santa  Cruz  das  Três  Cruzes  foi  erguida  pela  primeira  vez  no  início  do  século  19.  Na 
época nem mesmo a rodovia Fernão Dias existia.Com a possível obra do trecho norte 
do  rodoanel,  esse  patrimônio  histórico  também  irá  desaparecer.Por  volta  de  1889,  a 
região da altura do km 81 da Rodovia Fernão Dias era praticamente despovoada. Onde 
hoje existe a estrada era o caminho de acesso para os bandeirantes que desbravavam a 
mata desse Brasil. (DOC. 16 A 23).As trilhas desses  bandeirantes tornaram-se estradas 
e também local onde os tropeiros paravam para descansar. Conta-se que em uma dessas 
paradas  por  conta  de  uma  briga,  três  pessoas  morreram.  Em  homenagem  aos  mortos, 
uma  capela  foi  construída  e  ganhou  o  nome  de  “Três  Cruzes”.  O  ano  era 
aproximadamente 1910.Com a chegada dos imigrantes, principalmente dos portugueses, 
nasce  a  “Comunidade  das  Três  Cruzes”.  Os  sacerdotes  tinham  muita  dificuldade  de 
chegar ao local  , por isso os  Capelães, tomaram conta do serviço religioso no local. A 
Rodovia Fernão Dias começou a ser construída, e  o projeto coincidiu com o local onde 
havia  a  Capelinha.  Na  década  de  50,  a  comunidade  decidiu  construir  então  uma  nova 
Capela.E  em  1954  foi  inaugurada  oficialmente  a  Capela  Santa  Cruz  da  Comunidade 
Três  Cruzes,  na  Estrada  das  Três  Cruzes  numero  172,  bairro  das  Três  Cruzes  em  São 
Paulo. O evento contou com a participação das fadistas portuguesa Amália Rodrigues e 
da  Irene  Coelho,  natural  de  Rio  Claro  interior  de  São  Paulo,  conhecida  como 
a  “Princesinha  da  Canção  Portuguesa”.Mais  uma  vez  lembramos  das  palavras  do 
Governador de São Paulo Alberto Goldman (Item IV) que resume idéias contrárias ao 
Rodoanel como próprias de pessoas das cavernas, talvez por isso, até hoje a região de 
Três Cruzes tenha sistema de transporte coletivo totalmente deficitário, talvez porque os 
responsáveis  pelas  benfeitorias  tenham  a  mesma  opinião  do  governador.  Esta  falta  de 
transporte,  com  certeza,  também  irá  prejudicar  a  ida  das  pessoas  às  Audiências 
Públicas.      

A COMUNIDADE AGRÍCOLA JAPONESA

A  Associação  Cultural  e  Agrícola  Cachoeira  foi  fundada  em  1928.  Localizada 


numa área  rural  às  margens  da   Rodovia  Fernão  Dias,  ela  reúne  os  moradores  da 
comunidade  japonesa  para  atividades  culturais  e  esportivas. Os  responsáveis  pelo 
empreendimento  do  Rodoanel  Trecho  Norte  não  entraram  em  contato  com  a 
comunidade que será atingida. O acesso a respostas sobre o novo traçado é mínimo, os 
prazos  para  início  das  obras  não  estão  claros  e  esclarecimentos  oficiais  referentes  à 
documentação  exigida  não  são  suficientes.Nos  DOCs.24 a 28,  podemos  constatar  as 
atividades  da  escola  desde  o  século  passado.      Imagem  020  –  confraternização  da 
ACAC  em  1.952;  Imagem  014  –  confraternização  dos  jovens  da  ACAC  em  1.963; 
Imagem  015  –  confraternização  dos  associados  e  membros  da  diretoria  da  ACAC  em 
1.960;  Imagem  017  –  confraternização  dos  jovens  da  ACAC  em  1.960;Imagem  019  - 
confraternização da ACAC em 1.954.

A ASSOCIAÇÃO CULTURAL E AGRÍCOLA KIOWA

Foi  constituída  em  04  de  agosto  de  1969  (DOCs.29 e 30 )  e  seus  objetivos  são: 
Promover a elevação do nível cultural de seus membros; promover estudos e pesquisar 
para o aumento e melhoria das pesquisas agrícolas. Sua sede é na Rodovia Fernão Dias, 
km 80, Bairro da Cachoeira. Sua finalidade cultural e de fomento às pesquisas agrícolas 
também será prejudicada com o Trecho Norte do Rodoanel.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL E AGRÍCOLA DE CACHOEIRA

Situada  no  Bairro  de  Três  Cruzes,  715  –  no  Bairro  de  Cachoeira  tem  por  finalidade, 
dentre outras, o desenvolvimento cultural, moral, cívico e artístico de seus associados e 
 
dependentes; providenciar, conceder ou receber bolsas de estudos em benefício de seus 
associados e dependentes.

ESCOLA MUNICIPAL

No Jardim Corisco uma escola municipal EMEF Cel. Hélio Franco Chaves situada na 
Rua Kotinda altura do número 1300 será desapropriada, e deixara de formar cidadãos 
para dar passagem a caminhões e a poluição produzida por eles.
 

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte


 
 
 
 UMA ESCOLA COM OS DIAS CONTADOS? 
Postado em Mon, 18 Oct 2010 14:39:44 por ZNnaLinha

Foi com grande surpresa que os moradores do Jardim Corisco souberam que o traçado do
rodoanel passa exatamente em cima da EMEF Cel.Hélio Franco Chaves, que serve a região. A
reunião foi realizada na quadra de esportes da escola, e um grande mapa foi fixado na parede.
O traçado proposto vem da av. Cel. Sezefredo Fagundes, passa pelo loteamento Vila Rica,
pega um fundo de vale com bastante verde, até atingir a escola municipal . Logo após existe
uma grande área verde, que será terraplanada em direção à rodovia Fernão Dias.
 

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte


 
- UM SONHO DE CANTAREIRA
Postado em Fri, 22 Oct 2010 12:46:54 por ZNnaLinha

A foto abaixo é da revista Época São Paulo (Outubro 2010, p.65). A moradora Luiza Graça fala
da alegria e da qualidade de vida de morar na serra, no parque Petrópolis, sair com sua filha no
quintal, colher limão...

"Quem quer fugir para o campo", diz a matéria,vai para a serra da Cantareira.

A chegada do Rodoanel à serra vai colocar em xeque não só a qualidade de vida de quem
buscou refúgio nela. Vai afetar a qualidade de vida de toda a grande São Paulo. É a repetição
de um modelo já saturado, de privilégio ao transporte individual e ao transporte por pneus,
sobre asfalto, queimando combustivel fóssil. A serra da Cantareira, que era refúgio a esse
impacto, guardiã da qualidade do ar da cidade, vai ganhar um colar de asfalto e fumaça.

Onde fica a tal sustentabilidade, que propõe deixar um mundo melhor, ou pelo menos não pior,
para as futuras gerações?

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte

- FOTO-REALIDADE DA SERRA DA CANTAREIRA
Postado em Tue, 19 Oct 2010 18:29:57 por ZNnaLinha

 
O biólogo Wallace Málaga remeteu a foto de uma jaguatirica (Leopardus pardalis) atropelada
na estrada do Rio Acima, em Mairiporã. Ele reporta a ocorrência de diversos outros
atropelamentos de animais, e pede providências. O Rodoanel trecho Norte se propõe passar
exclusivamente sob (via túneis) a área do Parque Estadual da Cantareira. Contudo a própria
técnica responsável pela preparação do EIA - Estudo de Impacto Ambiental, reconheceu que
diversas áreas de amortecimento do parque serão atingidas pela estrada.

Os animais fazem parte de um bioma planetário, e transitam para fora das cercas que o ser
humano cria. Como um conquistador obstinado, por 200 anos a humanidade avançou sobre a
natureza, em nome do progresso. Hoje, século 21, está demonstrada a 3ª lei de Newton: toda
ação gera uma reação, com igual força e em sentido contrário. A natureza está reagindo, e a
humanidade não pode mais avançar da mesma forma, destruindo o bioma planetário.

 
 
 
 
 
 
 
Breve síntese de pesquisa realizada por professores da UNG – Universidade de
Guarulhos com informações ambientais sobre o Município de Guarulhos. Estando à
disposição a íntegra da mesma.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO


PAULO

Processo FAPESP: 05 / 57965 - 1


Junho de 2006 a Junho de 2009

UnG - SEMA-SDU-SG/PMG - EMURB/PMSP - IF/SP

 
BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a 
Junho de 2009.
 
RELATÓRIO CIENTÍFICO FINAL
1.  Título:  BASES  GEOAMBIENTAIS  PARA  UM  SISTEMA  DE  INFORMAÇÕES 
AMBIENTAIS  DO  MUNICÍPIO  DE  GUARULHOS  2.  Pesquisador  Responsável: 
ANTONIO MANOEL DOS SANTOS OLIVEIRA3. Instituição Sede: NIVERSIDADE 
GUARULHOS  –  UnG.4.  Equipe  de  Pesquisa:Prof.  Dr.  Antonio  Manoel  dos  Santos 
Oliveira.Prof.  MSc.  Márcio  Roberto  Magalhães  de  Andrade.Prof.  MSc.  Sandra  Emi 
Sato.Prof.  Esp.  William  de  Queiroz.5.  Número  de  Processo  da  FAPESP:  05/57965-1 
-  6.  Período  de  Vigência:  01/06/2006  a  15/06/2009.7.  Período  coberto  pelo  Relatório 
Científico: Idem. Relatório Final.
 
BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS.
 
1. Introdução
Este relatório apresenta os resultados finais do Projeto de Pesquisa, com o mesmo título,
conforme o Processo FAPESP 05/57965-1, desenvolvido no período de Junho de 2006 a
Fevereiro de 2009. O período inicialmente previsto era de 24 meses, de Junho de 2006 a
Maio  de  2008,  entretanto,  o  encerramento  foi  prorrogado  para  junho  de  2009, 
perfazendo um total de 36 meses.
2. Objetivos
O  principal  objetivo  deste  Projeto  é  o  de  elaborar  as  bases  geoambientais  para  um 
sistema  de  informações  ambientais  do  território  (cerca  de  320  km2)  do  município 
de  Guarulhos.  Estas  bases  referem-se  ao  meio  físico  –  solos  e  águas  de  superfície  – 
convergindo  para  uma  síntese  representada  pela  definição  de  unidades  geoambientais, 
ou  seja,  as  unidades  de  mesmo  comportamento  dos  processos  de  dinâmica  geológica 
superficial  (erosão,  movimentos  de  massa,  assoreamento  etc.)  especialmente  frente 
ao  uso  do  solo  urbano.  Este  objetivo  deve  avançar  futuramente  para  a  concepção  de 
um  Sistema  de  Informações  Ambientais  para  Guarulhos;  para  a  sistematização  de 
dados  visando  a  um  Atlas  Geoambiental  do  Município  de  Guarulhos  e,  ainda,  para  a 
determinação de temas de pesquisa para os diversos cursos da UnG, em especial para o 
seu curso de Mestrado em Análise Geoambiental.
Como perspectiva de aplicação há a expectativa de que a análise realizada e seus
resultados  fundamentem  cientificamente  as  ações  que  a  Prefeitura  vem  praticando 
quanto ao uso do solo e apontem para a formulação de políticas públicas que melhorem 
as condições geoambientais do município.
 
UnG - SEMA-SDU-SG/PMG - EMURB/PMSP - IF/SP
BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS
Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a 
Junho de 2009
Mapas Regionais
As regiões consideradas neste projeto, nas quais se insere a área objeto do município de
Guarulhos, são a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a Reserva da Biosfera 
do  Cinturão  Verde  da  Cidade  de  São  Paulo  (RBCV).  A  Figura  3.01  apresenta  a 
localização do município de Guarulhos em ambas as regiões.
Metodologicamente,  a  RBCV  foi  considerada  por  constituir  o  principal  alvo  da 
preocupação  regional  com  os  serviços  da  biosfera,  objetos  da  aplicação  do  método  de 
Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), segundo Alcamo et al. (2003). A RMSP, 
 
contida na RBCV, foi também considerada, porque constitui a principal expressão dos 
vetores  que  vem  alterando  tais  serviços,  ou  seja,  a  expansão  urbana,  com  importantes 
implicações para o bem estar da população de Guarulhos.
Avaliação Ecossistêmica do Milênio
A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) foi solicitada pelo Secretário Geral das 
Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000, mediante documento encaminhado à Assembléia 
Geral intitulado Nós, os Povos: O Papel das Nações Unidas no Século XXI.
Iniciada em 2001, a AEM teve por objetivo avaliar as consequências que as mudanças 
nos  ecossistemas  trazem  para  o  bem-estar  humano  e  as  bases  científicas  das  ações 
necessárias  para  melhorar  a  preservação  e  uso  sustentável  desses  ecossistemas  e  sua 
contribuição ao bem-estar humano.
Este trabalho envolveu 1350 cientistas de 95 países tendo sido concluído em 2005. Suas
conclusões  sobre  as  condições  e  tendências  dos  ecossistemas,  cenários  para  o  futuro, 
respostas possíveis e avaliações em escala sub-global estão disponíveis em publicações.
Técnicas  agrupadas  sob  estes  quatro  temas  principais.  Cada  parte  constituinte  da 
avaliação foi detalhadamente examinada por governos, cientistas independentes e outros 
especialistas  para  garantir  a  integridade  das  conclusões  apresentadas  (CEBD,  2007). 
No Brasil seus resultados foram apresentados em 01 de abril de 2005 pela Secretaria de 
Estado do Meio Ambiente no “Seminário Internacional sobre a Avaliação Ecossistêmica 
do Milênio”.
A AEM global está sendo seguida por avaliações sub-globais (ASGs) em vários países 
do mundo, mobilizando os cientistas locais. Em dezembro de 2002, o Instituto Florestal 
propôs que a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo fosse 
uma das ASGs da Avaliação do Milênio. Trata-se da primeira ASG no Brasil e a quarta 
na  América  do  Sul.  A  proposta  foi  aprovada  pela  Direção  da  AEM,  tendo  em  vista 
a  peculiaridade  da  região:  a  quarta  maior  metrópole  do  mundo,  rodeada  por  áreas  de 
altíssima  expressão  ambiental  e  social,  incluindo  desde  florestas  de  Mata  Atlântica, 
passando  por  reservatórios  que  abastecem  mais  de  20  milhões  de  pessoas,  até  regiões 
de  vocação  para  o  lazer  e  a  produção  agrícola.  O  Cinturão  Verde  é  fonte  de  serviços 
ambientais  para  as  metrópoles  de  São  Paulo,  Santos  e  regiões  adjacentes,  de  maneira 
que seu estudo é vital para a governança ambiental da região, para o aperfeiçoamento 
das políticas públicas e a gestão metropolitana e periurbana.
Já  foi  realizada  uma  Avaliação  Preliminar  da  RBCV  (São  Paulo  City  Green  Belt 
iosphere  Reserve,  2003)  e  neste  ano  de  2009  a  Coordenação  estará  iniciando  a  ASG 
final.  A  abordagem  da  Avaliação  Ecossistêmica  consiste  na  aplicação  de  um  método 
que  valoriza  o  aproveitamento  dos  serviços  da  biosfera  (ALCAMO  et  al.,  2003).  Este 
método compreende basicamente a elaboração de diagnósticos:
- diagnóstico dos serviços da biosfera,
- diagnóstico dos vetores de degradação,
- diagnóstico das tendências;
Sendo finalizado por mais dois estudos:
- elaboração de cenários futuros
- concepção das respostas necessárias para fazer frente aos aspectos indesejáveis de tais 
cenários.
Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a 
Junho de 2009.A seguir são apresentados os conceitos envolvidos na AEM.
Serviços
Quanto  aos  serviços  da  biosfera,  são  considerados  os  serviços  de  sustentação,  de 
provisão, de regulação, culturais e para a ciência.
a. Serviços de Sustentação
Os processos de sustentação compreendem todos aqueles que participam da dinâmica da
biosfera,  que  a  fazem  renovar,  mantendo  a  biodiversidade  e,  portanto,  constituem  a 
base de todos os outros serviços ambientais. Compreendem processos de intemperismo 
físico e químico, pedogenéticos e biológicos que, no âmbito da biosfera, não podem ser 
separados. Portanto, incluem a formação e evolução dos solos, a formação de habitats e 
 
de nichos, a ciclagem de nutrientes, a produção de oxigênio, de nitrogênio e de nitratos, 
a fotossíntese, a polinização, a dispersão de sementes, enfim, de uma multiplicidade de 
processos  que  são  vivenciados  pela  biosfera,  que  sustentam  a  vida  e  fundamentam  os 
demais serviços, de provisão, regulação e culturais.
 
b. Serviços de Provisão
Dentre os principais serviços de provisão ou de provisionamento de bens, destacam-se a
produção de água dos mananciais dos ecossistemas preservados e o ar enriquecido pelo 
oxigênio  produzido  e  purificado  pela  fixação  do  gás  carbônico,  através  dos  processos 
fisiológicos vegetais.
Incluem  também,  de  uma  forma  geral,  o  fornecimento  de  substâncias  para  a  indústria 
farmacêutica;  de  plantas  ornamentais;  de  alimentos  vegetais,  como  frutos  e  raízes; 
dealimentos  de  origem  animal,  como  peixes,  outros  animais  e  mel;  de  energia,  como 
lenha, carvão, óleos; de fibras, para cordas e tecidos; de madeiras etc.
c. Serviços de Regulação
Os  serviços  de  regulação  dizem  respeito  ao  clima,  incluindo  a  amenização  da 
temperatura  e.  O  frenamento  dos  ventos,  com  influência  importante  na  geração  de 
conforto térmico nas áreas sujeitas à influência dos ecossistemas preservados.
A  ação  da  regulação  também  se  faz  nos  escoamentos  superficiais  pelos  efeitos  das 
coberturas  florestais  preservadas  de  interceptação,  reservação  ou  armazenagem  na 
biomassa presente, atenuação das velocidades de escoamento, propiciando infiltração.
Desta  maneira,  o  serviço  de  regulação  do  comportamento  hídrico  reflete-se  na 
atenuação  dos  processos  geológicos  de  superfície  decorrentes,  ou  seja,  erosão, 
escorregamentos, assoreamento, enchentes, inundações e alagamentos.
d. Serviços Culturais
Os  serviços  da  biosfera  são  considerados  também  como  fatores  de  bem  estar  humano 
por se expressarem culturalmente com seus valores religiosos em práticas que valorizam 
a natureza; valores da educação ambiental, saúde mental (sentir-se bem por ter acesso à
água  e  ar  limpos).  Os  ecossistemas  também  conferem  identidade  cultural,  percepção 
territorial e ofertam valores espirituais, estéticos além de ecoturismo e lazer.
A  biosfera  reserva  ao  homem  várias  oportunidades  de  conhecimento  científico  da 
natureza, em especial o conhecimento de propriedades farmacêuticas dos componentes 
da  flora  e  fauna  e  aquele  que  conserva,  como  background  do  comportamento  natural, 
um  referencial  natural  para  que  sempre  se  possa  avaliar  a  intensidade  das  alterações 
antrópicas que lhe sucederam.
Vetores  -  Quanto  aos  vetores  de  degradação  dos  serviços  da  biosfera,  destaca-se, 
atualmente,  o  vetor  imobiliário,  que  se  expressa  como  loteamentos  regulares  ou 
ocupações  irregulares.  Há  também  outros  vetores  como:  mineração,  ausência  de 
governança  adequada,  especialmente  em  nível  municipal  devido  sua  importância  na 
ação local e falta de percepção dos moradores quanto aos problemas ambientais.
Cenários
Os cenários podem ser elaborados por diversos métodos, sendo os mais simples aqueles
que  levam  em  conta  apenas  dois  cenários  extremos,  ou  seja,  partindo-se  da  realidade 
atual  e  projetando  para  um  número  determinado  de  anos,  um  cenário  otimista,  em 
que  os  serviços  ambientais  são  valorizados  e  os  vetores  de  degradação  contidos  e  um 
pessimista, em que os vetores se intensificam e os serviços tendem a ser eliminados.
Uso do solo na RBCV
O mapa de uso do solo da RBCV foi elaborado pelo Instituto Florestal e Coordenação 
da  Reserva  da  Biosfera  do  Cinturão  Verde  da  Cidade  de  São  Paulo,  organizado  e 
encaminhado especialmente para este Projeto (HONDA; KANASHIRO, 2008).
Segundo  os  autores,  a  criação  do  banco  de  informações  georreferenciado  da  RBCV 
é  um  importante  instrumento  de  monitoramento  associado  à  utilização  de  novas 
tecnologias do Sistema de Informações Geográficas (SIG) na representação espacial das 
dinâmicas de uso e ocupação do solo na escala dos 73 municípios integrantes da RBCV.
Esta  ferramenta  é  fundamental  para  o  planejamento  de  ações  estratégicas  voltadas  à 
 
gestão  de  áreas  públicas  e  privadas,  mas  exige  atualização  e  monitoramento  anual/
bianual  na  avaliação  das  dinâmicas  de  construção  e  desconstrução  da  paisagem 
geográfica.
O procedimento de sua elaboração é detalhado e de elevado custo financeiro, além de 
exigir equipe técnica qualificada e capacitada em Sistema de Informações Geográficas 
(SIG),  programas  de  SIG  disponíveis,  equipamentos  de  softwares  e  hardwares 
específicos e tempo hábil para as análises.
A  criação  do  banco  de  informações  georreferenciadas  da  Reserva  da  Biosfera  do 
Cinturão  Verde  da  Cidade  de  São  Paulo  –  RBCV  foi  realizada  com  a  sistematização 
integrada e articulação das bases digitais já existentes disponíveis:
- Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo, realizado pela Coordenadoria 
de  Planejamento  Ambiental  Estratégico  e  Educação  Ambiental  da  Secretaria  do 
Meio  Ambiente  do  Estado  de  São  Paulo  –  Governo  do  Estado  de  São  Paulo,  projeto 
financiado pelo FEHIDRO em 2004 (SÃO PAULO, 2004).
- Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, realizado pelo
Instituto Florestal do Estado de São Paulo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado 
de São Paulo (IF, 2005).
- Indicadores Metropolitanos:  Região  Metropolitana  de  São  Paulo.  EMPLASA: 
Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Economia e Planejamento, com base 
em imagens Ikonos de 2002, com resolução de 1 m. (EMPLASA, 2007b).
O  ambiente  escolhido  para  a  representação  das  informações  georreferenciadas  é  o 
Sistemas  de  Informações  Geográficas  (SIG)  ArcView,  versão  3.2  desenvolvido  pela 
empresa  ESRI.  Ajustes  cartográficos,  projeções  e  sistemas  de  coordenadas  foram 
necessários  na  padronização  e  compatibilização  de  ambos  os  bancos  de  informações. 
A  projeção  adotada  no  banco  de  informações  da  RBCV  é  a  Universal  Transversa  de 
Mercator,  o  que  confere  melhor  precisão  as  representações  na  escala  municipal.  O 
sistema de coordenadas é UTM SAD (South American Datum) 1969 Fuso 23 Sul.
Para  a  digitalização  dos  limites  da  Reserva  da  Biosfera  do  Cinturão  Verde  da  Cidade 
de São Paulo foi utilizada a base cartográfica digital, na escala 1:50.000, do “Inventário 
Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo” (IF, 2005); realizado a partir 
das delimitações em cartas topográficas do trabalho manual realizado desde sua criação 
em 1994.
O cruzamento e sobreposição das diversas fontes de informações em formato .shp gerou
como  resposta  um  mosaico  de  feições  referentes  às  variadas  categorias  de  uso  e 
ocupação  do  solo,  onde,  sobrepostos  aos  limites  de  abrangência  da  RBCV,  atribuiu 
importante representação espacial das atividades de uso para a escala dos 73 municípios 
integrantes da Região Metropolitana de São Paulo, seu entorno e Região Metropolitana 
da Baixada Santista.
As categorias do banco de informações do “Inventário Florestal da Vegetação Natural 
do  Estado  de  São  Paulo”  foram  desenvolvidos  na  escala  1:50.000,  com  técnicas 
de  fotointerpretação  de  imagens  orbitais  dos  sensores  do  satélite  Landsat  TM  5  e  7 
referentes  ao  cenário  dos  anos  de  2000  e  2001  e,  de  fotografias  aéreas  decorrentes  de 
sobrevôo  Linescanner  em  escala  1:35.000  digitalizadas  –  ortofotos  -  realizado  durante 
os anos de 2000 e 2001 em toda a área do Parque Estadual da Serra do Mar, composta 
de  75  municípios  e  cobrindo  uma  área  aproximada  de  22.000  mil  km²-  Projeto  de 
Preservação da Mata Atlântica.
As seguintes categorias de uso e ocupação do solo gerado pelo projeto do
Inventário foram inseridas no banco de informações georreferenciado da RBCV:
-  Cobertura  Vegetal  Natural:  mata,  capoeira,  cerrado,  vegetação  de  várzea  e 
reflorestamento;  -  Drenagem:  cursos  d’água  e  represas;  -  Unidades  de  Conservação;  - 
Limites Municipais; - Vias de circulação; - Área Urbana; - Agricultura anual.
O projeto “Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo”  desenvolvido  na 
escala  1:50.000  sobreposto  com  as  composição  articulada  com  imagens  do  sensor  do 
satélite Landsat TM 7 referentes ao cenário de 2004, geraram um mosaico de diversas 
categorias  de  uso  e  ocupação  do  solo  a  partir  da  análise  digital  das  imagens  e  com  o 
 
cruzamento  das  informações  obtidas  por  meio  da  fotointerpretação.  Informações  que 
foram inseridas no banco de informações georreferenciados da RBCV como: 
- Uso Urbano: áreas urbanizadas;
- Uso Rural: culturas anuais, semi-perenes, perenes, pastagens;
- Outros Usos: mineração, industrial, zonas portuárias e aeroportos;
- Cobertura Vegetal Natural: mata, mata ciliar ou de galeria, mangues, restingas,
campos úmidos ou vegetação de várzea e cerrado;
- Drenagem: rios, represas, lagos e lagoas.
As  categorias  definidas  no  mapeamento  realizado  pela  EMPLASA  no 
relatório  “Indicadores  Metropolitanos:  Região  Metropolitana  de  São  Paulo  de  2007” 
foram  inseridas  no  banco  deinformações  georreferenciado  da  RBCV,  são:-  Favelas;  - 
Indústrias.
Com o cruzamento da base digitalizada 1:50.000 e as categorias de uso e ocupação do 
solo geradas pelos diferentes projetos a partir de fotointerpretações e análises digitais de
imagens  de  satélites  em  diferentes  cenas  e  datas  devidamente  padronizadas  e 
sistematizadas,  foi  realizada  a  sobreposição  das  informações  para  verificação  da 
resposta final do mapa de uso e ocupação do solo da RBCV.
As categorias adotadas para a elaboração do mapa final em programação ArcView em
formato .shp são: 
- Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo:  aeroportos,  zonas  portuárias, 
mineração,  pastagens,  cultura  anual,  cultura  perene,  cultura  semi-perene,  campos 
úmidos ou vegetação de várzea, mata ciliar ou de galeria, mangues e restingas.
- Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo:  drenagem, 
vias  de  circulação,  limites  municipais,  área  urbana,  agricultura cíclica,  mata,  capoeira, 
cerrado, vegetação de várzea e reflorestamentos.
- Mapa de Uso do Solo da EMPLASA: favelas e indústrias.
A representação das diferentes categorias inseridas no banco de informações da RBCV
exige  formatação  unificada  de  uma  legenda  padrão.  A  classificação  adotada  é  uma 
versão  simplificada  do  padrão  IBGE  para  classificação  da  vegetação  brasileira  e, 
as  demais  terminologias  temáticas  são  referentes  à  classificação  por  tipo  de  uso  e 
ocupação.
A  elaboração  do  banco  de  informações  georreferenciadas  da  Reserva  da  Biosfera  do 
Cinturão Verde da Cidade de São Paulo a partir da integração de trabalhos já realizados 
no  âmbito  do  Governo  do  Estado  de  São  Paulo  –  Secretaria  do  Meio  Ambiente 
do  Estado  de  São  Paulo  –  Instituto  Florestal  e  Coordenadoria  de  Planejamento 
Ambiental  Estratégico  e  Educação  Ambiental,  confere  credibilidade  as  informações 
produzidas  e  geradas  por  meio  de  tecnologias  de  processamento  de  imagens  digitais 
e  fotointerpretação  na  escala  regional  1:50.000,  desenvolvidas  e  sistematizadas  pelo 
Sistema  de  Informações  Geográficas  (SIG)  ArcView.  No  entanto,  as  informações 
geradas  são  vulneráveis  as  dinâmicas  de  alterações  de  usos  e  ocupações  do  solo  de 
regiões periurbanas na escala temporal, tornando-se defasadas ao longo dos anos.
Mapa termal da RBCV
O mapa termal, mapa de temperaturas aparentes de superfície, representa a cartografia 
de um dos fatores do bem estar humano relacionado ao serviço da biosfera que propicia 
o conforto térmico, serviço de regulação, segundo o método da Avaliação Ecossistêmica
(ALCAMO  et  al.,  2003).  Conhecer  a  distribuição  das  temperaturas,  por  meio  da 
aplicação  da  interpretação  de  imagem  de  satélite,  constitui  uma  das  formas  de  se 
analisar a distribuição desse fator que nas cidades produz as denominadas ilhas de calor 
(LOMBARDO, 1985).
Portanto,  para  cada  região,  dependendo  de  suas  condições  geoambientais,  resultam 
declividades específicas. Para Guarulhos, foi realizada pesquisa assim direcionada.
Neste sentido, a carta de risco produzida seguiu o modelo de carta geotécnica apontada 
por  Zuquette  et  al.  (1991)  como  aquela  dirigida  para  Zonas  Expostas  aos  Riscos  de 
Movimentos do Solo que podem ser elaboradas em várias escalas.
De  forma  complementar  foram  também  considerados  os  dados  disponíveis  de 
 
levantamento  de  áreas  de  risco  realizado  por  Rosa  e  Bindoni  Engenharia  Ltda  para  a 
Prefeitura de Guarulhos (Guarulhos, 2004).
Risco de inundação
A inundação é um processo resultante do extravasamento de canal das águas correntes 
por  vazões  excepcionais,  causadas  por  chuvas  torrenciais  ou  com  longo  período.  Em 
termos geomorfológicos, corresponde ao escoamento das águas fluviais pelo leito maior 
sazonal ou várzea, quando o volume das águas ultrapassam a capacidade limite do leito 
menor.
Embora  seja  um  processo  natural,  podemos  considerar  também  as  ocorrências 
observadas  em  Guarulhos  como  consequência  de  fatores  antrópicos,  haja  vista  que 
na  região  esta  influência  é  muito  marcante,  em  especial  com  respeito  a  mudanças  na 
seção dos canais, a intensa impermeabilização do solo e o assoreamento dos canais de 
drenagem natural.
O  risco  de  inundação  foi  avaliado  a  partir  do  mapa  das  inundações  mais  freqüentes 
elaborado  pela  PMG,  e  que  foi  desenvolvido  durante  os  estudos  para  elaboração  do 
Plano Diretor de Drenagem, cujas informações básicas são:
  Levantamento de campo realizado no período de setembro de 2002 e abril de 2003;
  Áreas indicadas pelos técnicos do Departamento de Obras da Administração Direta e
Manutenção (DOADM) e engenheiros das diversas regionais da PROGUARU, ainda
através de ocorrências registradas pela Defesa Civil;
  Entrevistas com munícipes que indicaram as áreas inundáveis e a sua intensidade em
um período de recorrência de 2 anos;
  As áreas de inundação foram delimitadas em campo através da base cartográfica em
escala 1:5.000;
  Auxílio de topógrafos em campo que determinou a cota de inundação;
  Conversão dos dados para uma base cartográfica digital em escala 1:1.000;
  Revisão por diversos técnicos da Secretaria de Obras e PROGUARU.
A  base  cartográfica  com  as  manchas  de  inundação  foram  convertidas  para  o  sistema 
ArcGIS
e assim puderam ser cruzadas com as informações de uso do solo.
4. As Regiões
Conforme  método  apresentado  no  item  3.1  duas  regiões  foram  consideradas  neste 
projeto:  a  Região  Metropolitana  de  São  Paulo  (RMSP)  e  a  Reserva  da  Biosfera  do 
Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV) (Figura 3.01).
Conforme  foi  exposto  nesse  item,  a  RBCV  foi  considerada  por  constituir  o  principal 
alvo  da  preocupação  regional  com  os  serviços  da  biosfera,  objetos  da  avaliação 
ecossistêmica  do  milênio  (AEM)  e  a  RMSP,  contida  na  RBCV,  porque,  incluindo 
Guarulhos, constitui a principal expressão dos vetores que vem alterando tais serviços, 
ou seja, a expansão urbana.
A RMSP
A  RMSP,  situada  no  Planalto  Paulistano,  com  uma  área  de  8.051  km2,  abrange  39 
municípios,  uma  população  estimada  em  16,3  milhões  de  habitantes,  sendo  que  10 
milhões moram no município de São Paulo. Sua área urbanizada é de 1.747 km2 e sua 
importância  econômica  reflete-se  num  PIB  que  corresponde  a  pouco  mais  de  50%  do 
total estadual e a 18,5% da riqueza nacional (SÃO PAULO, 2008).
A  intensa  atividade  econômica  desenvolvida  na  RMSP  provoca  sua  expansão 
ampliando continuamente a área urbanizada. Uma das medidas dessa atividade pode ser 
aquilatada considerando que, segundo pesquisa de 1997, na RMSP, são realizadas 30,9 
milhões  de  viagens  por  dia,  das  quais,  20,3  milhões  são  motorizadas.  Por  transporte 
coletivo, são 10,3 milhões/dia; por veículos particulares, 10 milhões/dia; e viagens a pé, 
10,6 milhões/dia.
(SÃO PAULO, 2008). Ainda segundo esta referência, o sistema de ônibus da Região
transporta  cerca  de  8  milhões  de  passageiros/dia,  deslocamento  efetuado  em  cerca  de 
650  linhas  locais  na  Capital,  457  linhas  locais  nos  demais  municípios  e  em  mais  300 
linhas que fazem ligações entre municípios da RMSP.
 
São  cerca  de  15  mil  ônibus  envolvidos  nesse  transporte,  aos  quais  somam-se  mais  10 
mil ônibus fretados pelas empresas ou pelos próprios empregados.
Além  do  transporte  público,  os  deslocamentos  na  Região  Metropolitana  são feitos por 
uma frota de 5 milhões de veículos particulares, mais que um quinto da frota nacional. 
Nas 46 mil ruas da capital circulam, por dia, 2,5 milhões de veículos. Nesse contexto, os
congestionamentos  são  um  problema  crescente,  considerando  que  94%  da  poluição 
do  ar  vem  de  carros,  ônibus  e  caminhões  e  que  os  congestionamentos  diários 
freqüentemente se estendem por mais 100km (SÃO PAULO, 2008).
O  crescimento  urbano  transforma  o  meio  ambiente  com  sensíveis  prejuízos  para  os 
serviços ambientais, imprescindíveis para a vida e ao bem estar humano. Esta perda se 
traduz  em  ônus  duplo  para  a  RMSP,  pois,  quando  a  expansão  urbana  se  faz  de  forma 
inadequada,  há  deflagração  de  processos  indesejáveis  de  erosão,  escorregamentos, 
assoreamento, alagamentos e inundações, com criação de áreas de risco.
Em  termos  de  serviços  ambientais  de  provisão  destaca-se,  na  RMSP,  a  perda  de 
mananciais  de  abastecimento  de  água.  Em  termos  de  perdas  de  serviços  ambientais 
de  regulação  destacam-se  as  alterações  climáticas  locais  que,  gerando  um  microclima 
urbano  na  RMSP,  provocam  a  perda  da  regulação  térmica,  criando  o  fenômeno  da 
ilha  de  calor  urbano,  intensificado  pelas  atividades  industriais  e,  especialmente,  pelas 
milhões de viagens de veículos urbanos, conforme acima descrito.
A RBCV
A RBCV inclui, além da RMSP, a Região Metropolitana da Baixada Santista - RMBS e 
vários outros municípios perfazendo um total de 73 municípios.
Segundo RBCV (2003), as reservas da biosfera são figuras criadas em 1976 no âmbito 
do  programa  O  Homem  e  a  Biosfera  (MaB  –  Man  and  Biosphere)  da  UNESCO  – 
Organização  das  Nações  Unidas  para  a  Educação,  a  Ciência  e  a  Cultura.  As  reservas 
da biosfera são definidas como “áreas reconhecidas pelo Programa MaB da UNESCO 
que  inovam  e  demonstram  abordagens  para  a  conservação  e  o  desenvolvimento 
sustentável”.
A  RBCV,  criada  em  1994,  tem  uma  área  total  de  aproximadamente  17.600  km2, 
onde  habitam  23  milhões  de  pessoas,  mais  de  10%  da  população  nacional  numa 
área  equivalente  a  2%  do  território  do  país  e  com  grande  importância  econômica  por 
representar quase 20% do PIB (RBCV, 2003). Sua área urbana é de cerca de 2 200 km2 
e a que possui cobertura vegetal de 6.140 km2.
Entretanto, a idéia de cinturão verde é antiga, pois Setzer (1955) se refere à necessidade 
de  sua  preservação,  tendo  iniciado  na  década  de  1940  um  reconhecimento  de  solos 
da  região  com  o  objetivo  de  avaliar  seu  potencial  para  a  agricultura  no  entorno  da 
cidade de São Paulo. Sua pesquisa estava então direcionada para valorizar o uso rural 
reconhecendo a  importância  do cinturão  verde no entorno da cidade em expansão. De 
fato, o referido autor comenta que a expansão urbana já era naquela época reconhecida 
como  principal  vetor  de  degradação  dos  serviços  ambientais  do  cinturão  verde,  mais 
especificamente como serviço de provisão de alimentos.
Segundo ele (SETZER, op. cit.) a denominação “cinturão verde” exprime “o desejo dos 
três milhões de habitantes do município de São Paulo e das áreas que se estendem pelos
municípios  vizinhos,  de  que  a  cidade  seja  circundada  por  uma  faixa  larga  e  densa  de 
hortas e chácaras, para que os paulistanos tenham diariamente legumes, verduras, flores, 
ovos, frutas etc, baratos, abundantes e frescos”.
E identifica o vetor de degradação: “um fator que parece agir poderosamente contra
o Cinturão Verde é o preço da terra, pois se trata sempre de terrenos loteados
ou loteáveis, que  se  vendem  a  metro  quadrado  e  não  por  alqueire.  A  cidade  cresce 
com  rapidez  espantosa,  atingindo  os  loteamentos  um  raio  de  60  km  pelas  estradas 
principais. Já se calculou que, se em cada terreno, dos já loteados e postos à venda, se 
construísse uma casa, por pequena que fosse, a cidade de São Paulo atingiria 30 milhões 
de habitantes.”
Atualmente a RBCV tem uma população de 23 milhões de pessoas.
Ao  equacionar  o  potencial  agrícola  das  terras  paulistanas  no  Cinturão  Verde,  Setzer 
 
(op.  cit.)  aponta  as  dificuldades  que  impedem  que  este  cinturão  se  desenvolva  e 
chama a atenção para os solos rasos do complexo cristalino geralmente em topografia 
acidentada,  difíceis  de  tratar,  “porque  encarecem  sobremaneira  o  controle  de  erosão”, 
confirmando que “os terrenos lavados e erodidos dos espigões e das lombadas de fralda 
de serra são muito mais freqüentes hoje em dia”.
Tendo em vista as severas limitações o autor considera que as piores terras (solos rasos)
devem ser reflorestadas com eucalipto. Considera que solos melhores, mais profundos, 
poderiam ser usadas como pomares.
Sua indicação de uma paisagem mais harmoniosa com a vegetação destaca o papel do
serviço  ambiental  como  regulador  climático  e  cultural,  conforme  suas  palavras:  “com 
isso  talvez  mais  de  50%  de  todas  as  terras  seriam  eucaliptais  e  quase  20%  seriam 
de  pomares,  mergulhando  as  habitações  em  arvoredo,  mas  isso  não  apresenta 
inconveniente e só favoreceria o clima e a paisagem”.
Atualmente,  a  RBCV  é  coordenada  pelo  Instituto  Florestal  da  Secretaria  de  Meio 
Ambiente  do  Estado  de  São  Paulo,  podendo-se  considerar  uma  de  suas  ações  mais 
importantes o Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social – (PJ – MAIS).
O PJ é um programa de educação ecoprofissional e formação integral de adolescentes 
entre  15  e  21  anos  de  idade,  habitantes  de  zonas  periurbanas  e  entorno  de  área 
protegidas da RBCV. A proposta do PJ é adequada ao conceito de reserva da biosfera, 
integrando  a  necessidade  de  sustentabilidade  econômica  de  jovens  em  situação 
socioeconômica  desfavorável  com  a  preservação  e  recuperação  ambiental,  mudando 
atitudes e paradigmas em relação ao seu ambiente e melhorando a qualidade de vida das 
comunidades envolvidas. Entre 1996 e 2006 foram atendidos mais de 1300 jovens em 
toda  a  RBCV,  sendo  que  um  dos  seus  Núcleos  de  Ação  corresponde  ao  município  de 
Guarulhos (IF, s.d.). Tendo em vista a perspectiva da RBCV realizar sua Avaliação Sub 
–  Global,  transcreve-se  a  seguir  os  principais  resultados  obtidos  na  AEM  do  Planeta, 
divulgados  pela  ONU  no  seu  “Relatório  da  Avaliação  Ecossistêmica  do  Milênio” 
em  2005,  “a  primeira  e  mais  ambiciosa  avaliação  global  dos  impactos  das  atividades 
antrópicas  sobre  a  capacidade  do  meio  ambiente  e  sua  biodiversidade  continuarem 
a  prover  os  bens  e  serviços  que  mantém  a  vida  na  terra  e  a  qualidade  de  vida  da 
humanidade” (DIAS, 2006).
De  fato,  de  2001  a  2005,  o  MA  envolveu  o  trabalho  de  1360  especialistas  de  todo 
mundo,  segundo  o  site  http://www.millenniumassessment.org/,  que  apresenta  as 
principais informações a respeito do processo de avaliação e seus resultados.
Com base no referido site pode-se sintetizar as principais conclusões do Relatório:
1.  Nos  últimos  50  anos  o  homem  alterou  os  ecossistemas  mais  rapidamente  e 
extensamente  do  que  em  qualquer  outro  período  da  história  humana,  resultando  em 
grandes perdas irreversíveis da biodiversidade na Terra.
2. As alterações contribuíram para o bem estar humano e o desenvolvimento econômico 
de alguns grupos humanos, mas a custo de degradação dos serviços ambientais e da
intensificação da pobreza de outros.
3. A degradação dos ecossistemas deve piorar durante a primeira metade deste século e
constituir  uma  barreira  para  as  Metas  da  ONU  para  o  Milênio  definidas  na  55a 
Sessão  da  Assembléia  Geral,  em  setembro  de  2000,  quando  os  países  membros 
se  comprometeram  a  priorizar  a  eliminação  da  pobreza  e  contribuir  para  o 
desenvolvimento sustentável
(http://www.un.org/millenniumgoals/).
4. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas, enquanto aumenta a demanda
pelos serviços ambientais, envolve mudanças significativas nas políticas, instituições e
práticas de desenvolvimento.
Com  base  no  site  http://www.millenniumassessment.org/,  pode-se  sintetizar  as 
principais conclusões:
1.  Nos  últimos  50  anos  o  homem  alterou  os  ecossistemas  mais  rapidamente  e 
extensamente  do  que  em  qualquer  outro  período  da  história  humana,  resultando  em 
grandes perdas irreversíveis da biodiversidade na Terra.
 
2. As alterações contribuíram para o bem estar humano e o desenvolvimento econômico 
de alguns grupos humanos, mas a custo de degradação dos serviços ambientais e da
intensificação da pobreza de outros.
3. A degradação dos ecossistemas deve piorar durante a primeira metade deste século e
constituir  uma  barreira  para  as  Metas  da  ONU  para  o  Milênio  definidas  na  55a 
Sessão  da  Assembléia  Geral,  em  setembro  de  2000,  quando  os  países  membros 
se  comprometeram  a  priorizar  a  eliminação  da  pobreza  e  contribuir  para  o 
desenvolvimento sustentável (http://www.un.org/millenniumgoals/).
4. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas, enquanto aumenta a demanda
pelos serviços ambientais, envolve mudanças significativas nas políticas, instituições e
práticas de desenvolvimento.
Na  RBCV  a  classe  do  uso  do  solo  que  se  destaca  é  a  ocupação  urbana  representada 
pelas regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista, além de adensamentos 
urbanos em várias regiões como Jundiaí, Atibaia e Bragança Paulista.
A  RMSP,  inserida  em  quase  sua  totalidade  na  Bacia  Hidrográfica  do  Alto  Tietê 
apresenta  uma  complexa  dinâmica  de  inter-relações  com  todos  os  municípios 
integrantes da RBCV.
Na  face  norte,  os  limites  da  mancha  urbana  estão  em  contato  direto  com  as  vertentes 
íngremes  do  maciço  da  Cantareira,  importante  fragmento  florestal  de  Mata  Atlântica 
instituído na categoria de Parque Estadual no ano de 1963 pelo Decreto Lei No 41.626, 
abrangendo  os  municípios  de  São  Paulo,  Caieiras,  Mairiporã  e  Guarulhos  totalizando 
uma área de 7.618 ha.
No  extremo  norte  do  município  de  São  Paulo,  próximo  à  divisa  de  município  com 
Caieiras, algumas manchas de extração mineral são bem expressivas.
Nos  municípios  de  Caieiras,  a  noroeste  da  RMSP,  predominam  as  áreas  de 
reflorestamento (produção florestal para celulose), matas e áreas de pastagens / campo 
antrópico.
No  município  de  Mairiporã,  as  áreas  predominantes  são  de  mata,  pastagens  e 
reflorestamentos,  apresentando  manchas  consideráveis  de  extração  mineral  próximas 
aos mananciais de abastecimento da RMSP.
A nordeste do município de São Paulo, na divisa com o município de Guarulhos, uma 
grande  área  de  extração  mineral  foi  identificada  associada  ao  maciço  da  Cantareira  e 
próximo  aos  limites  do  Parque  Estadual  da  Cantareira  –  Núcleo  Cabuçu.  Mais  duas 
áreas  de  extração  mineral  são  expressivas  junto  às  grandes  áreas  industriais  e  todo  o 
complexo  do  aeroporto  internacional  de  Guarulhos.  O  município  se  configura  na  face 
sul predominantemente urbano e na face norte predominantemente coberto por mata e 
pastagens, além de pequenas áreas e talhões de reflorestamentos.
Na face leste da RMSP o fenômeno de conurbação entre os municípios de Ferraz de
Vasconcelos,  Poá,  Suzano,  Itaquaquecetuba,  Arujá  e  Mogi  das  Cruzes  é  facilmente 
notado à margem esquerda do Rio Tietê. Essa região apresenta um mosaico de áreas de 
mineração associados diretamente a pequenos reservatórios e rios.
A  APA  da  Várzea  do  Rio  Tietê  divide  e  cruza  os  municípios  de  Mogi  das  Cruzes  e 
Biritiba Mirim em meio a culturas semi – perenes. Os municípios de Mogi das Cruzes 
e  Arujá  possuem  manchas  expressivas  de  áreas  industriais  e  de  pastagens  /  campo 
antrópico;  áreas  de  mata,  reflorestamentos,  grandes  reservatórios  e  pequenas  áreas  de 
cultura semi-perene compõem a face leste da RMSP.
Na face sudeste da RMSP predominam áreas de mata e grandes extensões de
reflorestamentos  (Sul  de  Mogi  das  Cruzes  e  Bertioga,  Santo  André  e  Rio  Grande  da 
Serra).
Na face sul, o município de São Bernardo do Campo apresenta o grande mananciais da
represa  Billings  e  o  extremo  sul  do  município  de  São  Paulo  o  manancial  da 
Guarapiranga; com grandes áreas de mata, pastagens e campos úmidos.
O  município  de  Embu  Guaçu  possui  grandes  áreas  de  mata,  pastagens  /  campo 
antrópico,  reflorestamentos  e  campos  úmidos  relacionados  ao  ecossistema  da  várzea 
do  Rio  Embu  Mirim,  as  cabeceiras  e  tributários  de  toda  a  bacia  hidrográfica  do 
 
Guarapiranga.
O  município  de  Itanhaém  possue  grande  parte  de  seu  município  inserido  no  Parque 
Estadual  da  Serra  do  Mar  –  Núcleo  Curucutu,  apresentando  extensas  áreas  de  mata, 
pastagens  e  culturas  anuais  presentes  ao  longo  dos  vales  dos  Rios  Branquinho  e 
Mambu.
A face sudoeste da RMSP, o município de Embu apresentou um mosaico de áreas de
extração  mineral,  mata,  pastagens  e  reflorestamentos.  O  município  de  Cotia  detém 
da  maior  área  de  mata  da  região  -  Reserva  Florestal  do  Morro  Grande  -  importante 
manancial de abastecimento regional.
A  face  oeste  da  RMSP  também  apresenta  o  fenômeno  de  conurbação  ao  longo  da 
Rodovia  Presidente  Castelo  Branco,  entre  os  municípios  de  Osasco,  Carapicuíba, 
Barueri, Jandira, Santana do Parnaíba e Itapevi.
Osasco, Barueri e Santana do Parnaíba apresentam grandes áreas industriais. Barueri e
Santana do Parnaíba possuem grandes extensões de extração mineral. O rio Tietê corta o
município  de  Santana  do  Parnaíba  apresentando  mata  ciliar  em  parte  de  seu  curso 
sentido município de Pirapora do Bom Jesus.
A  Região  Metropolitana  da  Baixada  Santista  –  RMBS,  compreendendo  uma  faixa 
litorânea da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, composta 
de  grandes  áreas  de  adensamento  urbano  da  toda  a  província  costeira  do  estado, 
apresenta uma dinâmica de uso e ocupação do solo complexa por abrigar o maior porto 
marítimo da América Latina e toda sua estrutura de logística.
Na  face  norte  da  RMBS,  o  município  de  Cubatão  é  ocupado  por  uma  extensa  área 
destinada  ao  uso  industrial,  abrigando  o  pólo  Siderúrgico/Petroquímico  de  referência 
internacional.
Apresenta  grandes  áreas  de  pastagens/campos  antrópicos  associados  a  uma  herança 
histórica  de  degradação  ambiental  dos  ecossistemas.  Áreas  de  extração  mineral  são 
encontradas no vale do rio Mogi bem próximo as escarpas do Parque Estadual da Serra 
do  Mar  –  Núcleo  Itutinga  Pilões.  O  complexo  estuarino,  as  áreas  de  mangues  e  os 
campos úmidos completam o mosaico diversificado dos tipos de usos da terra.
A  noroeste  da  RMBS,  o  município  de  Santos  possui  as  mesmas  feições  de  uso  e 
ocupação  do  solo,  apresentando  áreas  de  mineração  no  vale  do  Rio  Quilombo, 
zonas  portuárias  e  extensas  áreas  de  matas,  campos  úmidos,  mangues  e  talhões  de 
reflorestamentos  na  parte  continental,  situados  nas  bases  da  serra  do  mar.  Na  parte 
insular, o predomínio são das zonas portuárias (estruturas, logística e armazéns).
O  município  de  Guarujá,  na  parte  leste  da  RMBS,  apresenta  as  mesmas  categorias 
de  uso  do  solo  na  parte  do  complexo  estuarino,  possuindo  áreas  de  mangues,  campos 
úmidos  e  aeroporto  na  face  continente,  aumentando  as  áreas  de  mata  a  medida 
que  seguem  em  direção  ao  município  de  Bertioga,  divergindo  das  áreas  altamente 
urbanizadas  e  de  pastagens/campos  antrópicos  na  proximidade  com  o  município  de 
Santos.
A oeste da RMBS, o município de São Vicente apresenta as mesmas variações de uso e
ocupação  do  solo  para  áreas  do  complexo  estuarino  continental,  apresentando  áreas 
mais  extensas  de  matas  e  reflorestamentos  com  o  avanço  em  direção  interior  do 
continente e, uma grande área de mineração localizada as margens do rio Branco junto a 
simetria da mancha urbana.
Na  parte  insular,  a  área  urbana  domina  toda  a  área,  exceto  o  Morro  José  Menino, 
importante testemunho / relíquia geoecológica litorânea. O município de Praia Grande é 
resumido a área urbana, mangue e mata ainda protegida pelas escarpas da serra do mar.
A região de Jundiaí é reconhecida como pólo fruticultor de abastecimento da RMSP,
composta  pelos  municípios  de  Cabreúva,  Várzea  Paulista,  Campo  Limpo  Paulista  e 
Jarinu inseridos nos limites da RBCV. Essa região é cortada por duas importantes vias 
de  ligação  e  escoamento  entre  interior  –  região  de  Campinas  -  e  a  capital  São  Paulo, 
dividindo a região em duas faces: nordeste e sudoeste.
Na face sudoeste o município de Cabreúva e parte sul de Jundiaí a predominância das 
categorias  de  uso  do  solo  são  de  matas  associadas  as  APAs  de  Cabreúva  e  Jundiaí, 
 
pastagens/campo antrópico e talhões de reflorestamento e algumas manchas de culturas
semi-perenes. No município de Jundiaí, próximo as rodovias, o aeroporto regional e um
complexo  industrial  inserido  entre  as  duas  rodovias  (Anhanguera  e  Bandeirantes) 
demandam e concentram mão de obra de toda a região.
Na  face  nordeste  do  adensamento  urbano  de  Jundiaí,  a  área  de  contínua  expansão 
urbana  dos  municípios  de  Jundiaí,  Várzea  Paulista  e  Campo  Limpo  Paulista  estão 
associadas  a  antiga  estrada  de  ligação  Jundiaí  –  São  Paulo,  compondo  um  corredor 
intermunicipal.  A  medida  que  a  ocupação  segue  em  direção  a  nordeste,  as  atividades 
de uso e ocupação do solo são relacionadas a pastagens / campos antrópicos, pequenos 
áreas  de  reflorestamentos,  matas,  culturas  semi-perenes  e  anuais  e  pequenos  núcleos 
periurbanos.
A  região  de  Atibaia,  ligada  à  RMSP  pela  Rodovia  Fernão  Dias  que  a  divide  em  leste 
oeste  e  pela  Rodovia  Dom  Pedro  I  acompanhando  o  rio  Atibaia  e  o  reservatório  de 
Atibainha que a separa em norte sul. O município apresenta um mosaico homogêneo de 
uso do solo.
Na face sul encontra-se toda a área urbana do município, as áreas de mata, pastagens /
campos antrópicos, talhões de reflorestamentos e mata ciliar ao longo do rio Atibaia que 
se  apresenta  fragmentada  e  dispersa.  O  mosaico  de  pequenas  áreas  de  culturas  semi-
perenes  e  perenes  são  identificadas  nos  trechos  rurais  junto  a  pequenos  reservatórios 
e represas. Na face norte há o predomínio das áreas de pastagens / campos antrópicos, 
seguidas  de  áreas  fragmentadas  de  mata  e  pequenos  talhões  de  reflorestamentos. 
Diversos  núcleos  periurbanos  ocupam  a  área,  assim  como  pequenos  polígonos  de 
culturas semi-perenes e perenes junto a Rodovia Dom Pedro I.
O  município  de  Bragança  Paulista,  homônimo,  no  extremo  norte  da  RBCV,  é  o  de 
maior diversidade de usos e ocupações do solo. As áreas mais expressivas compõem um
mosaico de pastagens / campos antrópicos, mata e talhões de reflorestamentos. Áreas de
cultura perene e semi-perene apresentam grandes polígonos na face norte do município,
próximos aos cursos d´águas e aos meandros do rio Jaguari, que possui áreas contínuas 
de mata ciliar. O rio Jaguari é um divisor das duas manchas urbanas, a mais densa ao sul 
e um grande núcleo urbano mais ao norte.
Nas Zonas Núcleo verifica-se sempre a presença de temperaturas mais amenas em
correspondência  às  áreas  protegidas,  como  é  o  caso  da  Reserva  Estadual  do  Morro 
Grande, no município de Cotia.
De  fato,  as  temperaturas  mais  amenas  foram  verificadas  na  região  Sul-Sudoeste, 
nos  municípios  que  apresentam  importantes  serviços  ambientais  como  maciços 
florestais significativos e corpos d’água de grande porte, geralmente represas, em áreas 
correspondentes  aos  municípios  de  Itanhaém,  Mongaguá,  Juquitiba,  São  Lourenço  da 
Serra, Embu Guaçu, Ibiúna e Cotia.
Esta  distribuição  é  esperada,  tendo  em  vista  o  serviço  de  regulação  térmica 
proporcionado  pelas  áreas  cobertas  por  vegetação.  Assim,  pode-se  concluir  que  a 
imagem  termal  da  RBCV  constitui  uma  ferramenta  importante  para  a  identificação 
e  mapeamento  dos  serviços  ambientais,  servindo  dessa  maneira  como  método  de 
avaliação ecossistêmica.
Temperaturas e áreas urbanas
A  correlação  com  as  Áreas  Urbanas  mostra  que  as  regiões  mais  urbanizadas  estão 
sempre  associadas  a  altas  temperaturas.  Esta  correspondência  é  bastante  nítida, 
principalmente  na  mancha  urbana  da  Região  Metropolitana  de  São  Paulo,  indicando 
a  presença  do  fenômeno  conhecido  como  ilha  de  calor  (LOMBARDO,  1985).  Esta 
constatação  indica  que  o  mapa  termal  elaborado  alcança  grau  de  confiabilidade 
suficiente  para  uma  análise  do  uso  do  solo  e  suas  implicações  em  termos  de  radiação 
térmica.
Nos municípios vizinhos a São Paulo, com grande concentração de população e área
urbana  adensada,  verifica-se  a  existência  de  ilhas  de  calor  significativas,  que, 
interligadas, refletem a conurbação.
Destacam-se as ilhas de calor das áreas urbanas a oeste, de Barueri - Osasco -
 
Carapicuíba
- Taboão da Serra
A sul, as ilhas de calor das áreas urbanas dos municípios do ABCD (Santo André - São
Bernardo do Campo - São Caetano do Sul - Diadema, além de Mauá).
A leste: Ferraz de Vasconcelos - Poá - Itaquaquecetuba - Suzano - Mogi das Cruzes 
A norte: Arujá e Guarulhos.
Ainda de forma conurbada, foram verificadas também altas temperaturas associadas às 
manchas  urbanas  dos  municípios  da  Baixada  Santista  (Cubatão,  São  Vicente,  Santos, 
Guarujá e Praia Grande), e as ilhas de calor de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo 
Paulista.  Finalmente,  destacam-se  ilhas  de  calor  urbano,  relativamente  isoladas,  de 
Atibaia, Bragança Paulista, Piracaia, Jacareí, entre outras localidades.
Temperaturas e áreas rurais
Destacam-se  áreas  de  ocorrência  de  altas  temperaturas  situadas  nos  Feixes  Norte  e 
Nordeste,  que  não  correspondem  a  áreas  urbanas.  O  mapa  de  uso  do  solo  da  RBCV 
(Desenho 01 – Anexo 01) revela que tais áreas estão ocupadas por agricultura, pecuária 
e agropecuária, com tendência temperaturas mais elevadas nas áreas de agricultura.
Tem-se  por  hipótese,  a  ser  verificada  em  futuro  projeto  de  pesquisa,  que  estas  áreas 
poderiam,  no  momento  do  sensoriamento,  no  final  do  inverno  e  início  da  primavera, 
estar sendo preparadas para a semeadura, portanto sem cobertura vegetal. 
Destaca-se também o traçado da rodovia Régis Bittencourt cujo tom amarelo representa
mais calor, contrastante com o tom azul do entorno representado pela densa cobertura 
vegetal. Quando as rodovias encontram-se em áreas mais urbanizadas esse contraste não
aparece.
Destacam-se  por  outro  lado  as  temperaturas  mais  baixas  associadas  a  reservatórios 
como  é  o  caso  do  Jaguari,  Atibainha,  Cachoeira,  Paiva  Castro,  Itupararanga,  Pedro 
Beicht,  Billings,  Guarapiranga,  Taiaçupeba,  Jundiaí,  Ponte  Nova,  Santa  Branca, 
Paraibuna;  além  de  corpos  d’água  como  do  Parque  Ecológico  do  Tietê.  Deve-
se  ponderar  que  a  cor  azul  menos  intensa  do  reservatório  de  Paraibuna  seria, 
provavelmente, devido ao fato de corresponder a imagem de outra época.
O  mesmo  acontece  com  maciços  florestais  importantes,  em  geral  correspondentes 
a  áreas  protegidas  e  também  com  altitudes  mais  elevadas,  como  é  o  caso  da  Serra 
da  Cantareira  e  da  Serra  da  Mantiqueira,  onde  se  destaca  o  Pico  de  Itaberaba  em 
Guarulhos.
Entretanto,  os  fatores  água,  altitude  e  mata  podem  sofrer  a  interferência  de  outros 
fatores,  pois  verificou-se  que  a  escarpa  da  Serra  do  Mar  apresenta  uma  mancha  de 
leve  aumento  de  temperatura  em  relação  às  áreas  vegetadas  do  entorno,  indicando 
a  necessidade  de  se  pesquisar  causas  que  podem  estar  relacionadas  à  insolação 
incidente naquela face da escarpa, voltada para leste, devido ao horário de captura das 
informações pelo sensor termal do satélite LANDSAT 5.
 
Temperaturas e bacias hidrográficas

O mapa apresenta a distribuição das temperaturas nas bacias definidas como UGRHIs 
pelo  Plano  Estadual  dos  Recursos  Hídricos.  A  bacia  do  Alto  Tietê  é  a  que  apresenta 
áreas  mais  expressivas  de  temperaturas  mais  altas  já  que  é  bacia  que  abriga  a  RMSP, 
onde  se  revela  a  mais  forte  ilha  de  calor,  caracterizada  acima  como  a  da  Região  1  - 
Núcleo da RMSP. A bacia com maior distribuição de temperaturas amenas (azuis) é a 
do Ribeira de Iguape, onde já se destacou a conservação da cobertura vegetal.
 
As bacias hidrográficas no município de Guarulhos
O município de Guarulhos, com uma área territorial de cerca de 320 km², está inserido 
em  duas  Bacias  Hidrográficas  Regionais  ou,  de  acordo  com  o  Plano  de  Recursos  do 
Estado  de  São  Paulo,  em  duas  UGRHI  –  Unidades  de  Gerenciamento  de  Recursos 
Hídricos,  a  do  Alto  Tietê  –  UGRHI  6,  que  engloba  o  rio  Tietê  e  seus  afluentes,  e  a 
do Paraíba do Sul – UGRHI 2, onde se localiza a Área de Proteção de Mananciais do 
 
Jaguari,  tendo  como  principal  corpo  d’água  o  ribeirão  Jaguari,  um  dos  formadores  do 
rio Paraíba do Sul (Figura 7.01).
Em  correspondência  ao  Tietê,  Guarulhos  situa-se  na  Unidade  de  Gerenciamento  de 
Recursos Hídricos – UGRHI do Alto Tietê com uma área de aproximadamente 259 km², 
ou seja, 80,9% do município.
As  principais  sub-bacias  apresentadas  na  Figura  7.02,  inseridas  no  município  de 
Guarulhos, são:
  do Alto Tietê
Baquirivu-Guaçu (149,6 km²);
Cabuçu de Cima (48,7 km²);
Central (33,1 km²);
Tietê – Senna (27,6 km²)
  do Paraíba do Sul
Jaguari (61 km²)
Em correspondência ao Paraíba do Sul, o município situa-se na UGRHI Paraíba do Sul, 
com uma área de aproximadamente 61km², ou seja, 19,1% do município.
Estas sub-bacias apresentam diferentes relações ou compartilhamentos entre o território 
do município de Guarulhos e o dos municípios vizinhos. Os tipos de compartilhamentos 
indicam formas de gestão de recursos hídricos mais ou menos autônomas do município.
Guarulhos  tem  certa  autonomia  somente  em  10,3%  do  seu  território,  com  a  sub-
bacia  Central.  Todas  as  demais  compartilham,  de  alguma  forma,  o  funcionamento  da 
drenagem com outros municípios. Superimpõe-se a este quadro relativamente simples, 
a gestão por comitês de bacia. Todos os municípios estão representados no Comitê da 
Bacia  do  Alto  Tietê  (Sub-Comitê  Cabeceiras)  e  no  Comitê  do  Paraíba  do  Sul  (Sub-
Comitê  Jaguari).  Cada  sub-bacia  foi,  em  seguida,  compartimentada  em  microbacias, 
com  base  no  PlanoDiretor  de  Drenagem,  fornecido  pela  Prefeitura  e  em  Oliveira  et. 
al. (2005 a,b).  Para apresentar os principais afluentes das bacias hidrográficas do Alto 
Tietê e Paraíba do Sul de maneira sintética, foi elaborado o diagrama unifilar, conforme 
está apresentado.
Por outro lado, é importante considerar que a participação dos recursos hídricos locais 
no  abastecimento  de  Guarulhos,  é  de  apenas  cerca  de  13%,  providos  pelas  bacias  do 
Tanque Grande e do Cabuçu de Cima.
A legislação geoambiental
Foi  analisado  o  arcabouço  legal  pertinente  ao  Geoambiente  em  âmbitos  Federal, 
Estadual e Municipal, tendo-se considerado para tal os seguintes temas:
_ Bacias Hidrográficas - Águas Superficiais;
_ Solo;
_ Vegetação e
_ Áreas Protegidas.
Considerando-se  que  os  produtos  gerados  tem  um  caráter  orientativo  para  a  escala  de 
apresentação  adotada,  a  aplicação  efetiva  das  restrições  deve  ser  baseada  em  estudo 
específico local em base cartográfica adequada e medidas topográficas in situ.
Após algumas considerações sobre os temas selecionados, é apresentado um quadro das
situações de incompatibilidade legal no município.
Bacias Hidrográficas - Águas Superficiais
Tanto  a  Política  Nacional  de  Recursos  Hídricos  (Lei  nº  9.443/97)  quanto  a  Política 
Estadual  de  Recursos  Hídricos  –  SP  (Lei  nº  7.663/91)  tem  como  fundamentos  que 
a  água  é  bem  de  domínio  público,  recurso  natural  finito,  de  valor  econômico,  cujo 
consumo  deve  ser  assegurado  dentro  de  padrões  de  qualidade  satisfatórios.  Para  tal  é 
necessário  que  seu  gerenciamento  seja  feito  de  forma  descentralizada,  participativa 
e  integrada;  adotando  como  unidade  básica  para  sua  gestão,  assim  como  seu 
planejamento, a bacia hidrográfica.
Em  âmbito  estadual,  destaca-se  a  Lei  nº  898/75  que  delimitou  alguns  espaços 
territoriais,  denominados  Áreas  de  Proteção  dos  Mananciais  –  APMs,  e  os  protegeu 
legalmente  com  objetivo  de  disciplinar  o  uso  do  solo  para  proteção  dos  mananciais, 
 
cursos  e  reservatórios  de  água  e  demais  cursos  d’água  de  interesse  da  Região 
Metropolitana  de  São  Paulo.  Em  Guarulhos  foram  delimitados  os  mananciais  do 
Cabuçu, Tanque Grande e Jaguari como APMs.
Em 1997, a Lei Estadual nº 9.866 trouxe um novo modelo de política de proteção aos 
mananciais, valorizando a proteção e recuperação das condições ambientais
imprescindíveis  para  produção  de  água,  com  a  criação  e  delimitação  de  Áreas  de 
Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRMs) e Áreas de Intervenção. As APMRs 
poderão  ser  criadas  a  partir  de  Lei  Especifica  e  contarão  com  o  PDPA  –  Plano  de 
Desenvolvimento  e  Proteção  Ambiental  que  é  um  dos  instrumentos  de  Planejamento 
e  Gestão  da  APRM.  Enfim,  a  proteção  e  recuperação  das  condições  ambientais 
necessárias  para  produção  de  água  são  importantes,  tanto  em  quantidade  quanto  em 
qualidade, de forma a garantir o abastecimento para atuais e futuras gerações.
Solo
Especificamente  sobre  o  tema,  existem  as  Leis  nº  6.766/79  (Federal)  e  6.253/07 
(Municipal)  que  tratam  de  questões  de  Parcelamento  e  Uso  do  Solo  Urbano.  A 
Lei  Federal,  também  conhecida  por  Lei  Lehman,  estabelece  que  não  pode  haver 
parcelamento  do  solo,  entre  outras  condições,  quando  os  terrenos  apresentarem 
declividades  superiores  a  30%,  salvo  se  atendidas  as  exigências  específicas  das 
autoridades competentes.
A Lei Municipal define como limite máximo para o parcelamento a declividade de 45%
(quarenta e cinco por cento), exigindo estudo geotécnico a partir de 30%.
O  mapa  de  declividades  legais,  apresentado  no  Desenho  17  (Anexo  01),  mostra  que 
há  uma  incidência  notável  destas  restrições  legais  na  porção  norte  do  município, 
correspondentes a áreas de morros e montanhas, onde se destacam as serras do Pirucaia, 
Bananal e de Itaberaba.
No  que  se  refere  aos  diferentes  usos  destaca-se  o  Decreto  Federal  nº  3.358/00  que 
regulamenta a extração e emprego de substâncias minerais.
Quanto  aos  resíduos  sólidos,  o  tema  vem  sendo  amplamente  discutido  em  todos 
os  âmbitos,  sendo  de  responsabilidade  do  poder  público  municipal  a  gestão  do 
mesmo,  existindo  para  tanto  a  resolução  CONAMA  nº  307/02  (Federal)  que  trata 
exclusivamente  dos  resíduos  inertes,  incluindo  os  resíduos  provenientes  de  obras  de 
movimentação de terra, e o Decreto Municipal nº 23.200/05 que regulamenta a coleta, o 
Vegetação
Bastante  diversificada  e  ampla,  a  legislação  que  trata  do  tema,  vai  desde  o  Código 
Florestal (Lei Federal nº 4.771/65) com suas alterações até Leis, Decretos, Resoluções e 
Portarias complementares em nível federal, estadual e municipal.
É no Código Florestal que se encontra um dos principais conceitos aplicados em todo o
território  nacional  que  proíbe  a  supressão  vegetal  em  diversas  áreas  definidas  como 
Áreas  de Preservação  Permanente, as APPs. Dado seu caráter de proteção, estas  áreas 
são consideradas no item seguinte.
Em nível municipal, a Lei nº 4.566/94 é a que dispõe sobre o manejo de vegetação de 
porte arbóreo, assim como disciplina a supressão e o uso das áreas verdes no município.
Ainda  em  âmbito  municipal  destaca-se  o  Decreto  nº  23.202/05  que  regulamentou 
o  Código  de  Edificações  e  Licenciamento  (Lei  nº  6.046/04),  tratando  também  da 
compensação  ambiental  para  os  casos  onde  haja  necessidade  de  supressão  e/ou  o 
transplante de vegetação de porte arbóreo, para o licenciamento de obras e edificações. 
É importante destacar a Lei da Mata Atlântica – Lei Federal nº 11.428 que, após 14 anos 
de discussões, foi aprovada em 2006. Tal legislação se apresenta como um instrumento 
de  cidadania,  permitindo  o  controle  social  de  forma  a  assegurar  a  proteção  dos 
remanescentes de Mata Atlântica, além de regulamentar os critérios de uso e proteção 
do bioma e de estabelecer uma série de incentivos econômicos e financeiros à produção 
sustentável e restauração dos ecossistemas.
Áreas Protegidas
De  forma  geral,  pode-se  considerar  dois  grandes  grupos  de  áreas  protegidas.  Aquelas 
com definição e expressão cartográfica genérica e aquelas com definição específica, ou 
 
seja, que estão delimitadas cartograficamente de forma especial.
No  primeiro  grupo  situam-se  as  áreas  que  são  definidas  genericamente  para  todo  o 
território nacional, como as APPs.
No segundo estão aquelas que são objeto específico de lei, ou seja, conforme definição 
da  Convenção  da  Biodiversidade  “áreas  geograficamente  delimitadas  e  que  são 
destinadas  ou  regulamentadas  e  administradas  para  alcançar  objetivos  específicos  de 
conservação”.
As áreas assim delimitadas estão definidas seja no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação  (SNUC)  – Lei  Federal nº 9.985/00  como  Unidades de Conservação, seja 
em  legislações  específicas  que  criaram  áreas  legalmente  protegidas  como  bosques  e 
parques municipais.
Áreas de Preservação Permanente - APPs
A  legislação  garante  que  as  APPs  são  bens  de  interesse  nacional  com  função 
ambiental  de  preservar  os  recursos  hídricos,  a  paisagem,  a  estabilidade  geológica,  a 
biodiversidade,  sendo  importante  instrumento  de  interesse  ambiental,  integrante  do 
desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações.
Definidas  originalmente,  pelo  Código  Florestal,  destacam-se  para  o  território  do 
município  as  APPs  de  fundo  de  vale,  os  topos  de  morro  e  as  áreas  com  declividades 
superiores a 100%.
Para  a  maioria  dos  córregos  do  município,  as  APPs  de  fundo  de  vale  tem  30  m  em 
cada  margem  do  curso  d’água,  uma  vez  que  os  corpos  d’água  não  possuem  larguras 
superiores  a  10  m.  Entretanto,  trechos  dos  rios  Cabuçu  e  Baquirivu  Guaçu  atingem 
mais  de  10  m  de  largura  e  mesmo  mais  de  50  m,  nas  desembocaduras,  determinando 
APPs com, respectivamente, 50 e 100 m. Finalmente, o rio Tietê, com mais de 50 m de 
largura, determina uma APP também de 100 m.
As  APPs  de  topo  de  morro  referem-se  a  áreas  delimitadas  a  partir  da  curva  de  nível 
correspondente  a  dois  terços  da  altura  da  elevação  em  relação  à  base,  considerando-
se  morro  a  elevação  do  terreno  com  cota  de  topo  em  relação  à  base  entre  50  e  300m 
e  encostas  com  declividade  superior  a  30  %.  Estas  áreas  no  território  guarulhense, 
marcam fortes diferenças de relevo entre a porção norte e sul do município, destacando-
se as restrições na porção norte.
Finalmente,  definem-se  as  áreas  com  declividades  superiores  a  100%.  Como 
documentos legais mais recentes, destacam-se as Resoluções CONAMA nº 302/02, 303/
002 e 369/06, em especial esta última que dispõe sobre casos excepcionais de utilidade 
pública, de interesse social ou baixo impacto ambiental que possibilitam a intervenção 
ou supressão de vegetação em APP.
Unidades de Conservação - UCs
Foram  criadas  por  legislação  específica,  federal,  estadual  e  municipal,  Unidades  de 
Conservação das duas categorias previstas pela lei do SNUC.
Como  unidades  de  proteção  integral,  destaca-se,  em  nível  estadual,  o  Parque  Estadual 
da  Cantareira  (Estadual)  que,  em  Guarulhos,  se  expressa  por  seu  Núcleo  Cabuçu.  Em 
nível municipal, está implantada a Reserva Biológica Burle Marx e em projeto o Parque
Natural  Municipal  da  Cultura  Negra  Sítio  da  Candinha.  Em  cogitação  encontra-se  a 
proposta de se criar o Parque Natural do Ribeirão das Lavras.
Como  unidades  de  uso  sustentável,  citam-se,  em  nível  estadual,  a  Área  de  Proteção 
Ambiental  do  Paraíba  do  Sul  (Federal)  e  a  Área  de  Proteção  Ambiental  da  Várzea  do 
Tietê (Estadual).
Em  projeto,  municipal,  destaca-se  a  Área  de Proteção Ambiental Cabuçu -Tanque
Grande,  prevista  pela  Lei  de  Zoneamento  de  2007  (artigo  42),  com  Projeto  de  Lei 
em  tramitação.  Com  exceção  das  Unidades  de  Conservação  de  caráter  municipal,  no 
caso a APA do Cabuçu-Tanque Grande (3223,36ha) e a Reserva Biológica Burle Marx 
(19,61ha), todas as outras unidades estão representadas apenas em parte no território de 
Guarulhos,  como  são  as  Área  de  Proteção  Ambiental  do  Paraíba  do  Sul  (6097,35ha), 
Área  de  Proteção  Ambiental  da  Várzea  do  Tietê  (215,55ha),  Parque  Ecológico  do 
Tietê (547,55ha) e o Parque Estadual da Cantareira (2673,84ha), que se estendem pelo 
 
território de municípios vizinhos.
Outras Áreas Legalmente Protegidas – ALPs
Como  ALPs  existem,  no  âmbito  estadual,  o  Parque  Ecológico  do  Tietê  e  as  Áreas 
de  Proteção  dos  Mananciais  (APMs)  e,  no  âmbito  municipal,  os  Parques  Urbanos, 
Bosque  Maia,  Adriana,  Jardim  City,  Chico  Mendes,  Casa  do  Atleta,  Fracalanza  e 
Zoológico.  Tais  como  o  Bosque  Maia  e  o  Parque  Urbano.  Tais  áreas  também  são 
importantes espaços, na medida em que contribuem para a manutenção de um ambiente 
urbano  saudável  e  equilibrado,  tendo  o  papel  de  minimizar  os  aspectos  negativos  da 
urbanização, pela manifestação dos serviços ambientais, como analisado anteriormente 
no capítulo do Uso do Solo.
As Áreas de Proteção aos Mananciais do Rio Jaguari (60,97 km2), do Rio Cabuçu de 
Cima  (23,97  km2)  e  do  Tanque  Grande  (7,74  km2)  localizam-se  na  região  norte  do 
município onde ocorrem as cabeceiras das principais bacias hidrográficas.
Finalmente,  devem  ser  citadas  as  Leis  Municipais  de  nº  6.055/04  (Plano  Diretor)  e  nº 
6.253/07 (Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo) que constituem diretrizes que
consideram  todos  os  temas  analisados  anteriormente.  Assim  também  se  coloca  a 
Lei  nº  3.573/90  (Código  de  Posturas)  que  regulamenta  questões  importantes  dentro 
do  contexto  analisado,  tais  como:  lixo,  queimadas,  proteção  dos  cursos  d’água  e 
arborização urbana.
A Incompatibilidade Legal
O  cruzamento  das  informações  cartografadas  das  classes  de  uso  do  solo  existentes  no 
território  do  município,  com  base  na  interpretação  da  imagem  de  satélite  IKONOS  de 
março de 2007 e da legislação pertinente ao geoambiente permitiu a determinação das 
áreas deste território onde se configura incompatibilidade legal, conforme o mapa do 
A  análise  de  incompatibilidade  legal  permite  traçar  um  cenário  com  relação  ao  uso 
do  solo  em  áreas  de  preservação  permanente  e  em  encostas  onde  incidem  restrições 
previstas na legislação a partir de determinadas declividades.
Os resultados desta análise espacial apresentam limites técnicos decorrentes da precisão
estimada  para  os  métodos  aplicados  e  são  baseados  nas  informações  levantadas  com 
base na imagem IKONOS de março do ano de 2007. A discussão sobre estes resultados 
permite estabelecer um quadro geral da realidade, indicando a dimensão que atinge este 
problema a ser enfrentado por políticas de preservação e recuperação ambiental, assim 
como de regularização fundiária.
Nas áreas de preservação permanente de topo de morros e montanhas pode-se constatar 
que 84% destas áreas estão em conformidade florestal, 9% são passíveis de recuperação 
por  tratarem-se  de  vegetação  rasteira,  estando  o  restante  efetivamente  em  situação 
irregular  de  uso  do  solo  em  especial  decorrentes  de  assentamentos  residenciais.  O 
índice  relativamente  alto  de  preservação  deve-se  provavelmente  ao  fato  destas  áreas 
localizarem-se em regiões de difícil alcance, com escassez de acessos viários e a grande 
distância com relação as regiões onde as atividades econômicas são mais intensas.
A situação das áreas de preservação permanente marginais aos corpos d’água também é
apresentada  de  forma  sinótica  na  Figura  12.02  e  Tabela  12.07.  Pode-se  constatar  que 
57%  destas  áreas  estão  em  conformidade  florestal,  19%  são  passíveis  de  recuperação 
por  tratarem-se  de  vegetação  rasteira,  estando  o  restante  efetivamente  em  situação 
irregular de uso do solo em especial decorrentes de assentamentos urbanos e industriais, 
este último tratado como equipamentos expressivos em área.
O  índice  de  preservação  das  áreas  de  preservação  permanente  marginais  aos  corpos 
d’água  pode  ser  considerado  relativamente  baixo,  provavelmente  em  função  da 
conjunção de alguns fatores. Diferentemente das APPs de topos de morro e montanha, 
os  corpos  d’água  distribuem-se  de  forma  desigual,  mas  por  todo  o  território,  com 
destaque  para  as  regiões  onde  as  atividades  econômicas  são  mais  intensas,  nas  zonas 
urbanas e industriais.
Estes estão sempre associados aos fundos de vale onde a implantação de acessos viários
conta  com  terrenos  que  geralmente  possuem  declividades  baixas.  Também  ocorre 
que  os  fundos  de  vale  no  parcelamento  do  solo  são  muitas  vezes  destinados  como 
 
áreas  públicas  voltadas  ao  escoamento  das  drenagens.  Estas  áreas  públicas  quando 
abandonadas, são de fato invadidas por ocupações precárias, principalmente nas regiões 
intensamente  urbanizadas.  Neste  sentido,  os  limites  destas  APPs  são  mais  facilmente 
transgredidos sob a forte pressão da dinâmica de uso do solo.
A  ocupação  irregular  por  assentamentos  residenciais  em  encostas  com  declividades 
superiores  a  permitida  na  legislação  totaliza  cerca  de  1Km2.  Estas  áreas  localizam-se 
preferencialmente na região norte do território, resultado da franja de expansão urbana 
que avança em direção ao relevo formado de morrotes e morros. Tal situação deve-se 
provavelmente  a  proximidade  destas  áreas  com  a  região  mais  ativa  economicamente, 
como  apontado  resultante  da  expansão  lateral  da  urbanização  e  a  gradual  escassez  de 
áreas favoráveis para o parcelamento do solo, auxiliada pela malha viária existente.
Qualidade das águas dos mananciais de superfície
Os únicos mananciais de superfície pertencentes ao município de Guarulhos são os do 
Cabuçu e do Tanque Grande.
O  abastecimento  de  Guarulhos,  com  um  total  de  cerca  de  4.020  l/s,  é  realizado  pela 
importação  de  água  da  SABESP  (Sistema  Cantareira)  com  uma  média  recentemente 
medida  (agosto  a  outubro  de  2008)  de  cerca  de  3.500  l/s  (~  87%)  e  pela  produção 
de  poços  tubulares  profundos  que  extraem  água  do  aqüífero  Cumbica  (~  150  l/
s,  correspondente  a  cerca  de  3,7  %  do  total),  que  se  soma  à  produção  dos  dois 
reservatórios, do Cabuçu com cerca de 240 l/s (6,0%) e do Tanque Grande com cerca de 
130 l/s (3,2%) aproximadamente.
O Reservatório do Cabuçu
O reservatório do Cabuçu, com comprimento de 1.500 m e largura máxima de 400 m, 
tem uma área de cerca de 20 ha e um volume de armazenamento de 1.776 x 106 m3, no 
nível da soleira do vertedor de superfície. Sua bacia contribuinte, bacia do rio Cabuçu 
de Cima, tem 23,8 km2.
A barragem, construída em 1904 com concreto ciclópico, tem 15m de altura máxima e 
uma crista de 50 m de extensão.
O sistema funcionou até a década de 1970, quando foi desativado, devido à entrada em 
funcionamento do grande Sistema Cantareira. Em 2000, o sistema Cabuçu foi reativado 
para complementar o abastecimento de Guarulhos (LACAVA, 2007).
O IQA do Reservatório do Cabuçu
Os  resultados  obtidos  por  meio  do  Índice  de  Qualidade  da  Água  (IQA),  apontam 
para  uma  água  com  qualidade  predominantemente  boa.  Em  algumas  coletas  obteve-
se  o  resultado  ótimo,  em  contrapartida,  durante  duas  coletas  consecutivas  obteve-se  o 
resultado aceitável.
Esta  última  verificação  pode  ter  seu  esclarecimento  respaldado  na  variável  DBO 
(Demanda  Bioquímica  de  Oxigênio),  visto  que  tais  resultados  se  mostraram  muito 
superiores ao valor máximo estabelecido pela Resolução CONAMA n° 357/2005 para 
águas enquadradas na Classe I.
Tal verificação coincide com as conclusões expressas no Plano de Manejo do Parque da
Cantareira,  onde  se  destaca  o  valor  elevado  para  DBO  e  Fósforo  no  Núcleo  Cabuçu, 
especificamente dentro do reservatório.
A  própria  construção  da  barragem  pode  ser  uma  explicação  para  esses  valores 
anômalos,  na  medida  em  que  há  um  aumento  do  tempo  de  residência  da  água  que 
favorece  a  retenção  de  matéria  orgânica  nesse  local.  Outro  fator  a  ser  levado  em 
consideração  diz  respeito  à  presença  de  fezes  de  animais  no  entorno  da  represa,  que 
inclui o ponto de amostragem.
A presença do Fósforo, em valores anômalos, pode estar relacionado ao passado-recente
desse reservatório, onde durante os últimos 40 anos foi palco de intensa balneabilidade 
pela  população  do  entorno  do  Parque  da  Cantareira.  É  importante  ressaltar  que  o 
reservatório  foi  esvaziado  na  década  de  70,  sendo  utilizado  igualmente  como  área  de 
lazer.  Os  resíduos  resultantes  dessas  atividades  antrópicas  ficaram  retidas  no  fundo,  e 
hoje chegam à superfície na forma de bolhas de gases, afetando a qualidade da água.
Atualmente,  a  quantidade  de  trilhas  existentes  dentro  do  Parque  é  fonte  de  impacto 
 
ambiental para as águas do reservatório. Com efeito, verifica-se uma grande quantidade 
de macrófitas (fixas e flutuantes) no ponto de captação da água, como resposta a esse 
processo.
O Reservatório do Tanque Grande
Tendo  completado  50  anos  em  2008,  o  atual  reservatório  Tanque  Grande  nunca  foi 
desativado  até  hoje.  Santos  (2005)  cita  que,  em  11  de  maio  de  1958,  a  Prefeitura 
Municipal  de  Guarulhos  assinou  convênio  com  o  Governo  do  Estado  de  São  Paulo 
para fornecimento de água ao município, sendo então construído o reservatório Tanque 
Grande. A bacia contribuinte desse reservatório tem uma área total de km² e é composta 
por 4 subbacias principais. 
Atualmente o reservatório é operado pelo SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto 
deGuarulhos  com  outorga  da  Companhia  de  Saneamento  Básico  do  Estado  de  São 
Paulo (SABESP). Anteriormente à construção da barragem, este manancial já teria sido 
utilizado  para  o  abastecimento  da  Base  Aérea  de  Cumbica.  Entretanto,  seu  uso  pode 
ainda ser muito antigo, pois segundo o Professor e Engenheiro Plínio Tomaz, ex-diretor 
do  SAAE,  teria  havido  represamento  do  ribeirão  Tanque  Grande,  provavelmente  no 
século XVII para fornecer água para lavra do ouro na região.
Em  1989,  a  administração  do  reservatório  Tanque  Grande  ficou  a  cargo  do  Sistema 
Autônomo  de  Água  e  Esgoto  (SAAE)  para  abastecer  os  bairros  próximos,  sendo 
construída, em 1992, a ETA (Estação de Tratamento de Água) Tanque Grande.
Atualmente,  o  sistema  Tanque  Grande  faz  parte  do  Sistema  Autônomo  de 
Abastecimento do município de Guarulhos, contribuindo com 10% do abastecimento da 
cidade. Sua vazão é de 250.000 m³/mês entre os anos de 1999 e 2006 (AYRES, 2006), 
abastecendo os bairros de Fortaleza, São João, Bananal, Santos Dumont, Lenise, Jardim 
Bonança e Vila Rica.
Problemas e riscos geoambientais
Os problemas geoambientais respondem aos processos tecnológicos de uso do solo que
resultam  em  poluição,  degradação  ambiental  e  profundas  alterações  da  dinâmica  do 
meio  físico.  As  conseqüências  mais  importantes  destes  problemas  são  os  elevados 
custos  ambientais  e  sociais  envolvidos  que,  muitas  vezes,  se  traduzem  em  áreas  de 
risco.
O  desenvolvimento  do  método  aplicado  para  o  diagnóstico  dos  problemas 
geoambientais,  permitiu  o  reconhecimento  daqueles  que  ocorrem  de  forma  mais 
freqüente:
  Erosão linear induzida em áreas de aterro;
  Movimento de massa do tipo escorregamento de aterro em encostas íngremes;
  Inundação induzida pela ocupação do solo em fundo de vale;
  Áreas contaminadas por atividades poluidoras, industriais, comerciais e de serviços;
  Degradação da qualidade da água em mananciais de abastecimento;
  Formação de “ilhas de calor”.
O  painel  de  problemas  geoambientais,  apresentado  no  Desenho  19  (Anexo  01),  reúne 
informações  sobre  áreas  degradadas  expressas  na  forma  cortes,  aterros  e  erosões 
intensas, as áreas contaminadas e áreas sujeitas à inundação.
Erosão
A  erosão  desponta  como  um  dos  problemas  geoambientais  com  maior  expressão 
espacial em Guarulhos. A erosão em Guarulhos tem como características predominantes 
envolver grandes áreas e volumes, ocorrer especialmente na forma de ravinas profundas 
formadas,  com  maior  freqüência,  em  aterros,  com  destaque  daqueles  construídos  com 
solo siltoso de alteração de rocha, em geral metassedimentos, e baixa compactação, em 
locais que concentram o escoamento das águas pluviais.
As propriedades intrínsecas relacionadas aos processos erosivos e às características dos 
processos tecnológicos estão detalhadas no capítulo sobre Unidades Geoambientais.
Relatório  elaborado  pela  SEMA  indica  que  estas  áreas  são  “conseqüência  d 
desmatamento motivado pela crescente especulação imobiliária, que visa à incorporação 
de  novas  áreas  no  mercado  de  imóveis  a  serem  utilizadas  para  fins  de  atender  a 
 
demanda  por  habitação.  Muitas  vezes  os  responsáveis  pelas  áreas  disponíveis  acabam 
interferindo  no  meio  físico  com  ou  sem  autorização  da  municipalidade,  realizando 
ações de terraplanagem, que deixam sérios resultados como: solo desnudo sem o devido 
aproveitamento dos terrenos, ou seja não implantando obras, pois a falta de projeto ou 
projeto inadequado compromete o solo, e esse material é transportado para os cursos d’ 
água causando sérios prejuízos. A movimentação de terra sem taludamentos e captação 
para  águas  pluviais  deixa  o  terreno  sujeito  ao  desenvolvimento  de  processos  erosivos 
por  ação  de  diversos  agentes  intempéricos  e  naturais,  que  causam  a  remoção  do  solo 
causando  ravinas  e  voçorocas  ao  longo  do  tempo”  (SEMA,  2002).  O  reconhecimento 
das  manchas  de  erosão  indica  que  boa  parte  destas  áreas  está  diretamente  associada 
à  implantação  de  atividades  de  parcelamento  do  solo  que  implicam  na  terraplenagem 
de  glebas  de  terras  extensas.  Muitas  áreas  podem  ser  encontradas  em  associação  com 
a  franja  periférica  da  expansão  urbana  irradiada  da  região  central,  destacando-se 
atualmente  grandes  glebas  localizadas  no  bairro  de  Cumbica  (em  torno  do  projeto  de 
ligação da rodovia Dutra com a av. Jacú-Pêssego) e no eixo Bonsucesso-Água Chata-
Aracília (próximo a rodovia Dutra, na região sugerida para implantação do trecho Leste 
do Rodoanel Metropolitano).
Outras  atividades  que  se  destacam  como  causadoras  de  erosão  estão  relacionadas  a 
aterros de resíduos sólidos inertes e mineração para agregados (areia e brita). Os aterros 
de resíduos encontram-se em grande parte associados às várzeas e, mais recentemente, 
destacam-se  as  cavas  de  mineração  abandonadas,  onde  são  dispostos  resíduos 
classificados  como  RCD  (Resíduos  da  Construção  e  Demolição)  pela  Resolução 
CONAMA 307/2002.
Nota-se  que  muitos  terrenos  utilizados  para  aterro  de  RCD  estão  sendo  preparados 
para  o  parcelamento,  como  no  caso  daqueles  localizados  em  torno  da  rodovia  Dutra, 
a  norte  do  aeroporto  e  no  bairro  das  Lavras.  Áreas  expressivas  com  estas  atividades 
estão concentradas no arco formado pelos bairros Lavras-Fortaleza-Capelinha-Mato das 
Cobras- Bonsucesso.
Os volumes de sedimentos liberados nestas áreas são muito elevados, sendo carreados 
pelas  águas  pluviais  para  os  fundos  de  vale  e  a  rede  de  drenagem,  causando  o 
assoreamento.  Este  problema  associa-se  de  forma  sistêmica  com  as  inundações 
que  afetam  o  município,  objeto  de  discussão  do  Plano  Diretor  de  Drenagem 
(GUARULHOS, 2008).
Ou seja, o controle da erosão é também o controle do assoreamento, sendo importante 
tratar esta questão através de medidas de combate à erosão que contemple a recuperação
de  áreas  degradadas  e,  especialmente,  o  disciplinamento  das  obras  de  terra,  limitando 
volumes  e  exigindo  a  proteção  das  superfícies  expostas  durante  e  após  as  obras. 
Completa  este  quadro  a  formação  de  áreas  intensamente  degradadas  onde  há  o 
impedimento da regeneração da vegetação natural, seja pela total depauperação do solo, 
seja  pela  colonização  por  espécies  invasoras.  A  associação  destas  áreas  com  descarte 
clandestino  de  resíduos  diversos  é  muito  comum,  gerando  focos  de  contaminação 
das  águas  superficiais  e/ou  subterrâneas,  além  disso,  estão  sempre  acompanhadas  da 
poluição visual resultante.
Escorregamentos de encostas e áreas de risco
O risco de escorregamento de encostas refere-se principalmente a processos induzidos 
relacionados  à  ocupação  urbana,  com  destaque  para  aterros  lançados  nas  encostas, 
mesmo  porque  são  raros  os  escorregamentos  naturais  e,  ainda  assim,  em  áreas  que  já 
sofreram algum tipo de desmatamento em encostas de elevadas declividades.
Os escorregamentos induzidos apresentam em geral rupturas do tipo planar e rasa que 
podem evoluir para corridas de lama e fluxo de detritos. Associam-se a estes a erosão de
atêrros construídos com solo siltoso de alteração de rocha e o escorregamento de solo e 
rocha em taludes de corte. Neste caso, destaca-se o desplacamento de metassedimentos, 
quando o plano do corte, interceptando os planos da foliação, favorece a instabilização. 
O  relevo  de  morros  e  montanhas,  com  altas  declividades,  e  os  solos  rasos  favorecem 
a  concentração  de  águas  pluviais  em  direção  as  drenagens  influenciando  os  processos 
 
erosivos e de escorregamentos.
A observação de diversos casos permitiu concluir que os escorregamentos de encostas 
em  Guarulhos  são  quase  que  exclusivamente  ocasionados  por  processos  tecnológicos, 
em especial em aterros.
Estudos  efetuados  em  situações  específicas  (GOMES,  2008)  demonstram  que  os 
escorregamentos analisados na ocupação do Novo Recreio em Guarulhos são em geral 
induzidos  por  ocupações  precárias,  com  cortes  e  aterros,  em  declividades  superiores  a 
60% (31°), mesmo com variação do substrato geológico e da cobertura pedológica.
Assim,  a  declividade  foi  definida  como  o  atributo  básico  desta  análise  e  o  valor  60% 
foi  adotado  como  limite  a  partir  do  qual  há  maior  suscetibilidade  de  ocorrência  de 
movimentos de massa.
O  método  utilizado  para  a  avaliação  de  risco  de  escorregamentos  foi  baseado  num 
modelo de declividade elaborado a partir da base topográfica digital (curvas de 10m) e 
através  do  módulo  spatial  analyst  no  ArcGIS,  que  foi  processado  com  ferramentas  de 
classificação, vetorização e suavização de contornos.
Os  polígonos  relativos  aos  setores  de  encostas  com  declividade  >  de  60%  foram 
cruzados  com  os  polígonos  de  uso  do  solo,  neste  caso  apenas  aqueles  relacionados  à 
ocupação residencial, sendo considerados de alto risco os casos de ocupação residencial 
não consolidada e de médio risco quando a ocupação residencial é consolidada.
Em resumo:
Risco  alto  de  escorregamento  =  decliv  >=60%  +  Ocupação  Residencial  Não 
Consolidada
Risco médio de escorregamento = decliv >=60% + Ocupação Residencial Consolidada. 
Há  níveis  de  risco  de  graus  mais  baixos  tanto  nas  ocupações  residenciais  não 
consolidadas  quanto  nas  consolidadas.  O  método  proposto  foi  dirigido  a  situações  de 
risco  generalizado  em  setores,  assim  resultando  num  zoneamento  de  risco  e  não  num 
levantamento de riscos localizados, menos ainda em nível de cadastro de risco.
Embora  uma  análise  mais  precisa  dependa  do  cruzamento  deste  modelo  com  um 
levantamento  detalhado  destas  áreas,  ou  seja,  através  de  um  cadastro  mapeado  em 
campo,  as  manchas  de  risco  resultantes  coincidem  em  grande  parte  com  as  áreas 
apontadas no respectivo levantamento da PMG.
Tal fato indica que o modelo gerado pode ser considerado um bom método de análise de
áreas  de  risco  (1º  nível  de  análise),  especialmente  em  situações  onde  não  há  qualquer 
informação  cadastral,  revelando  um  quadro  das  regiões  onde  é  provável  encontrar 
situações problemáticas.
As ocupações que apresentaram maior incidência de risco a escorregamentos são:
  Recreio São Jorge
  Novo Recreio
  Chácaras Cabuçu
  Sítio dos Morros
  Parque Primavera
  Parque Mikail
  Jardim Fortaleza
  Água Azul
  Jardim dos Cardosos
  Vila Operária
  Cidade Tupinambá
  Vila União
  Parque Santos Dumont
  Cidade Soberana
  Parque Continental
  Jardim São Rafael
  Jardim Palmira
Este  levantamento  permite  indicar  as  ocupações  mais  vulneráveis  e  assim  orientar  a 
execução  de  um  segundo  nível  de  análise  com  maior  detalhamento,  que  pode  se  dar 
 
na  forma  de  um  cadastramento  de  risco  em  escala  mais  adequada  (1:2.000  ou  maior), 
conforme metodologia proposta por Cerri et al (1990; 1995).
Inundações e áreas de risco
As áreas sob incidência de inundações foram delimitadas pela Prefeitura Municipal de 
Guarulhos através levantamentos de campo e assim, apresentam uma razoável precisão 
cartográfica.  Outro  aspecto  importante  de  se  considerar  é  o  fato  destas  áreas  sofrerem 
variação no tempo e espaço, pelas características intrínsecas dos processos de inundação
expostos na descrição do método.
Conforme  método  apresentado  no  capítulo  3,  a  sobreposição  das  informações  de 
eventos  de  inundação  com  o  uso  do  solo  permitiu  estabelecer  as  classes  de  alto  risco 
onde ocorrem ocupações residenciais não consolidadas, médio risco onde as ocupações 
residenciais são consolidadas, e o risco indeterminado onde ocorrem indústrias.
Este critério também é baseado na maior vulnerabilidade prevista para as ocupações não
residenciais.  Para  as  inundações  que  incidem  sobre  os  equipamentos  expressivos 
em  área,  o  risco  indeterminado  deve-se  a  existência  de  atividades  variadas,  cujos 
danos  possíveis  podem  ser  muito  diferentes.  Assim,  no  caso  de  indústrias  o  risco 
seria  alto  quando  o  dano  implicar  em  perdas  totais  de  produção  e,  por  outro  lado,  ser 
menor  quando  resultar  apenas  na  paralisação  da  produção.  Neste  caso,  a  avaliação 
mais  detalhada  do  risco  em  áreas  industriais  depende  de  uma  caracterização  de  cada 
atividade.
Risco alto de inundação = Inundação + Ocupação Residencial Não Consolidada
Risco médio de inundação = Inundação + ocupação Residencial Consolidada
Risco indeterminado = Inundação + Equipamentos expressivos em área
Este levantamento está sujeito a variações tanto relativo ao crescimento ou redução das 
manchas de inundações, quanto em relação ao surgimento ou desaparecimento de outras
áreas  de  inundação.  Isto  pode  ocorrem  em  função  da  rápida  transformação  do  uso  do 
solo  e  do  sistema  de  drenagem  urbana,  assim  como  pela  ocorrência  de  chuvas  com 
intensidades e períodos de retorno variáveis.
O  produto  gerado  permite  reconhecer  a  gravidade  que  este  problema  representa  em 
termos  de  gestão  da  drenagem  urbana,  envolvendo  certas  unidades  hidrográficas  de 
forma mais crítica.
As ocupações mais afetadas são:
  Cidade Satélite de Cumbica
  Parque São Luiz
  Vila Aeroporto
  Jardim Álamo
  Jardim Izildinha
  Vila Laurita
  Vila das Palmeiras
  Porto da Igreja
  Jardim Fátima
  Jardim Dinamarca
  Jardim Testai
  Jardim Guarulhos
  Jardim Santo Afonso
  Vila Galvão
  Vila Rosália
O risco indeterminado de inundações, relacionadas a equipamentos expressivos em área,
envolvem  em  sua  maior  parte  usos  industriais.  Esta  informação  pode  ser  mais  bem 
detalhada  a  partir  do  cadastramento  das  atividades  existentes,  resultando  numa 
informação mais apurada e uma nova discussão sobre a classificação de risco.
Áreas contaminadas
As  áreas  contaminadas  indicadas  no  levantamento  da  CETESB  (2008)  correspondem 
principalmente  a  postos  de  combustíveis  (65%),  seguida  de  indústrias  (17%), 
transportes  (8%),  restando  em  menor  proporção  as  relacionadas  a  comércio, 
 
empreendimentos imobiliários e a ocorrência de acidentes (Figura 14.02).
Com  respeito  as  fontes  de  poluição,  a  armazenagem  é  a  principal,  sendo  superior  a 
80% das ocorrências (Figura 14.03) e os principais contaminantes são os combustíveis 
líquidos,  solventes  aromáticos  e  os  PAHs  (hidrocarbonetos  aromáticos  policíclicos), 
quase 50% das vezes ocorrendo associados na mesma ocorrência.
Os principais meios impactados são as águas subterrâneas (acima de 90% dos casos), os
solos e os subsolos, muitas vezes todos estão em associação, com raras exceções. 
A  localização  da  maioria  das  ocorrências  de  contaminação  distribue-se  numa  faixa 
em  torno  da  rodovia  Dutra,  concentrando-se  na  região  central,  coincidindo  com  as 
áreas  mais  ocupadas  por  indústrias  e  abastecidas  por  serviços.  Fogem  a  esta  regra  as 
ocorrências  referentes  à  pedreira  Paupedra  e  a  empresa  AmBev  localizadas  na  região 
norte do município.
Percebe-se  que  estas  áreas  estão  ocorrendo  principalmente  nos  terrenos  formados  por 
sedimentos Quaternários e Terciários, indicando a necessidade de se conhecer frente aos
problemas  da  contaminação  das  águas  superficiais  e  subterrâneas.  Pode  ser  feito 
destaque para as áreas de risco a inundações e postos de gasolina, áreas de mananciais 
e  aquelas  localizadas  em  terrenos  mais  permeáveis.  Neste  sentido,  cabe  enfatizar 
que  estudos  específicos  de  vulnerabilidade  de  contaminação  das  águas  devem  ser 
estimulados,  podendo  partir  da  base  de  dados  gerada  e  através  de  levantamentos 
complementares.
Com  base  nos  laudos  técnicos  da  SEMA,  foram  relacionadas  aquelas  ocorrências  que 
envolvem  também  contaminação  por  disposição  irregular  de  resíduos  sólidos.  No 
entanto,  os  dados  são  pontuais  e  não  há  informações  mais  detalhadas.  No  geral,  os 
pareceres técnicos referem-se a ocorrências de aterros de resíduos sólidos diversos, com 
destaque para os RCDs, resíduos urbanos e de origem industrial, em volumes variados. 
Observa-se  que  a  maioria  destas  ocorrências  associam-se  a  terrenos  localizados 
preferencialmente  nas  margens  de  estradas,  em  terrenos  livres  de  uso  e  construção, 
muitos deles localizados na periferia urbana e em áreas rurais.
Cadastro dos riscos geohidrológicos da PMG
O  Mapa  de  Riscos  Geohidrológicos  de  Guarulhos  produzido  pode  orientar  estes 
mapeamentos  na  medida  em  que  destaca  as  situações  geoambientais  mais  críticas. 
Outros  mapas  como  os  de  declividade,  unidades  de  relevo,  unidades  geoambientais, 
podem subsidiar a análise de riscos potenciais.
Considerações sobre a base de dados de problemas geoambientais
O  diagnóstico  dos  problemas  geoambientais  permitiu  a  elaboração  de  uma  base 
cartográfica  que  reúne  as  várias  ocorrências  documentadas  de  contaminação  e  erosão. 
Como alternativa de continuidade deste levantamento, é possível incrementar algumas 
fontes  potenciais  de  risco  ambiental,  especialmente  de  contaminação  das  águas,  que 
poderiam  ser  acrescentadas  nesta  base  para  a  confecção  de  um  Mapa  de  Problemas  e 
Ameaças Geoambientais.
Assim,  além  de  reunir  as  principais  áreas  de  erosão  e  contaminação,  poderiam  incluir 
outros elementos que envolvem riscos tecnológicos tais como:
· Risco de contaminação por resíduos sólidos (Aterros de resíduos sólidos)
· Risco de contaminação e/ou incêndio/explosão por vazamento de combustíveis
(Tanques de abastecimento e redes tubulares de combustível)
· Risco de acidentes no transporte de cargas perigosas (Rodovias)
·  Atividades com alto  potencial de risco de degradação aos mananciais superficiais de 
abastecimento  (AmBev,  Portos  de  Areia,  ocupações  no  Tanque  Grande  e  Jaguari).A 
elaboração  de  um  cadastro  de  depósitos  volumosos  de  materiais  reciclados,  postos 
de  gasolina  e  indústrias  potencialmente  perigosas,  poderia  também  enriquecer  o 
levantamento  de ameaças, sendo de grande utilidade para o gerenciamento de riscos em 
Guarulhos.
 
ANEXOS

 
Em anexo temos:
• Documentos relativos ao Plano de Manejo do Parque estadual Alberto Lofgren 
(Horto  Florestal)  em  que  se  constatam  diversidade  de  fauna  e  flora,  as  quais 
serão expostas aos impactos do Trecho Norte do Rodoanel. (DOCs. 31 a 50)
• Análise de Terrenos como Ferramenta de Unidade de Conservação, São Paulo – 
Brasil: O Caso da Cantareira – Em que se evidencia o valor ambiental da Serra 
da  Cantareira.  (DOCs. 51 a 66) - trabalho  realizado  para  o  IV  Seminário  de 
Geografia Física.
• Impactos  Antrópicos  no  Clima  da  Região  Metropolitana  de  São  Paulo 
–  Trabalho  que  analisa  a  evolução  do  clima  na  Região.  Realizado  pela 
Universidade  de  São  Paulo  –  Instituto  de  Astronomia,  Geofísica  e  Ciências 
Atmosféricas. (DOCs. 67 a 81)
• Estudo, fotos e mapas de Paulo César Gomes da Costa sobre o Rodoanel Trecho 
Norte.(DOCs. 82 a 116)
• Ilhas  de  Calor  –  Vale  do  Rio  Cabuçu  –  de  José  Ramos  de  Carvalho  -  Gestor 
Ambiental – (DOCs. 117 a 120)
• 490 Listas de abaixo-assinado com aproximadamente 9.200 assinaturas.
 
 
 
 
DO PEDIDO
 
 
Requeremos  se  digne  V.Exa.  a  analisar  todo  o  exposto,  sendo  que 
estaremos  à  disposição  para  complementar  qualquer  documentação  que 
seja  necessária  e  da  qual  tenhamos  disponibilidade,  a  fim  de  que  sejam 
tomadas  as  medidas  judiciais  que  julgar  necessárias,  dentre  elas,  se  for 
de  seu  entendimento,  –  o  Adiamento  das  Audiências  Públicas,  em  caráter 
de  urgência  e  que  seja  movida  uma  Ação  Civil  Pública  Ambiental  –  com 
o  intuito  de  estudar  com  mais  profundidade  as  questões  socioambientais 
envolvidas nas obras do Trecho Norte do Rodoanel e analisando, caso não 
opte  pelo  cancelamento  das  obras,  a  possibilidade  de  um  novo  traçado, 
conforme  consta  nesta  representação  em  seu  item  III,  pág.  06,  a  fim  de 
impedir que, através da degradação dos impactos que se prenunciam com a 
referida obra, o meio ambiente, a qualidade de vida e os direitos essenciais 
de todos os cidadãos, sejam resguardados.
São Paulo, 01 de dezembro de 2010.
 
 
___________________________
Rancho Folclórico Vilas de Portugal     
R.L. - Paulo Cesar Gomes da Costa
 
 
 
_________________________________________
SOLI – Associação Unidos na Luta pela Igualdade
R.L.  - Carlos Eduardo Coin Gomes
 
 
_______________________________________
 
Associação Cultural e Esportiva de Cachoeira
R.L. - Carlos Takashi Inoue
 
 
______________
Elisa Puterman
 
 
 
_________________________________
Adriane Aparecida Bernardes de Mattos
 
 
______________________
Luiz Chiarantano Pavão
 
 
 
_______________________
Jaime Melim de Menezes
 
 
________________________
Eduardo de Freitas Fernandes
 
 
_______________________
Carlos Gonçalves Fernandes
 
 
_______________________
Maria Cristina Greco
 

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