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-OS DETALHES ESTÃO À DISPOSIÇÃO
Postado em Fri, 12 Nov 2010 17:30:39 por ZNnaLinha
I - Os cidadãos afetados do Trecho Norte possam, através da informação correta
e clara exercer conscientemente seus direitos.
II – Não sejam descaracterizados o princípio participativo e o conceito de
democracia social que regem a democratização das relações do Estado para com o
cidadão, legitimado para o controle comunitário sobre as ações administrativas.
III – Seja respeitado o objetivo básico de uma audiência pública que é o de ser
um instrumento de participação popular na função administrativa, inerente ao Estado
Social e Democrático de direito, direcionado, também, para o controle da atividade
administrativa.
IV – O exercício dos direitos coletivos dos afetados pelas obras do Rodoanel não
seja centralizado e afetado pela atuação do agente público, contrariando o direito que é
dado à sociedade de fiscalizar a qualidade dos estudos de impacto ambiental.
V - Não seja minimizada a atuação do Ministério Público quanto ao instrumento
da Audiência Pública no tocante a sua missão institucional, considerando-se nesta a
forma de controle judicial nas ações protetivas ao meio ambiente.
VI - O EIA/RIMA da obra que apresenta irregularidades com informação
incorreta tornada pública aos cidadãos, apresente as devidas alterações, a fim de que
seja possível a clara análise pela população que será direta e indiretamente afetada,
impedindo que as conclusões se baseiem em dados inexatos.
QUANTO A OBRA DO RODOANEL E SEU ATUAL TRAJETO
Segundo a DERSA responsável pela sua implantação na cidade de São Paulo seu
posicionamento é:
1. O Rodoanel de São Paulo é empreendimento com função de desviar e distribuir o
tráfego de passagem para o entorno da Região Metropolitana de São Paulo;
2. A viabilidade ambiental do empreendimento é aspecto fundamental da tomada de
decisão, de forma conjunta com os critérios econômico, técnico e social;
3. O Rodoanel age no sentido de substituir as ocupações de baixa qualidade ambiental
(especialmente ocupações irregulares de terrenos) por outras de melhor qualidade
(empreendimentos formais, condomínios, etc);
4.Em 2020, o Rodoanel absorverá cerca de 50% do tráfego comercial com origem/
destino fora da Região Metropolitana, proporcionando uma economia de custos em
transportes da ordem de R$ 2 bilhões anuais.
Serão cerca de 123 mil caminhões e 18 mil ônibus rodoviários que sairão das ruas e
avenidas da Região Metropolitana e utilizarão o Rodoanel em viagens locais, regionais
e de transposição. E mais 585 mil automóveis, sendo que, 18% terão origem/destino
fora da metrópole;
5. O Rodoanel reduzirá em 6% a emissão de monóxido de carbono (CO) e em 8%
a de hidrocarbonetos (HC) na Região Metropolitana. Os veículos deslocados pelo
Rodoanel irão atravessar regiões com menor população, de modo que cerca de 890 mil
pessoas serão beneficiadas no entorno das vias metropolitanas por onde hoje circula
esse tráfego.
6. Por onde o Rodoanel passar a qualidade da água deve melhorar. Não só pela
redução do risco de acidentes com produtos perigosos, mas também pelo efeito de
proteção contra a carga difusa diariamente descarregada nos reservatórios e cursos
d’água por ele atravessados.
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL
Devido ao posicionamento da DERSA, para o empreendimento do Rodoanel, aqui
apresentar-se com diversas falhas técnicas, tanto de pesquisa (EIA/RIMA) quanto
de viabilidade em relação ao trajeto apresentado para o Trecho Norte, desatendendo
aos anseios reais da comunidade e tornando irrelevantes as características ímpares
da Região da Serra da Cantareira e sua importância ambiental, apresentamos nosso
posicionamento e considerações, assim como documentos que ensejam a atuação
do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL frente à DERSA Desenvolvimento
Rodoviário S/A na questão de graves danos socioambientais que ocorrerão com o atual
trajeto do Rodoanel – Trecho Norte, proposto pela mesma.
I – DA RESERVA DA BIOSFERA – CINTURÃO VERDE
1)Em 09/06/1994 foi criada a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Cerrado
abrangendo uma superfície de 1.611.710 há com certificado conferido pela UNESCO.
A figura de reserva da biosfera pretende abrigar uma rede de áreas, no globo, de
relevante valor ambiental para a humanidade.Representa um forte compromisso do
Governo local, perante seus cidadãos e a comunidade internacional que realizará
os esforços e atos de gestão necessários para preservar essas áreas e estimular o
Desenvolvimento Sustentável, dentro do espírito da solidariedade universal.
Segundo os preceitos do Programa da UNESCO, o zoneamento das Reservas da
Biosfera preconiza três categorias de zoneamento para o planejamento da ocupação e
uso do solo e de seus recursos ambientais:
ZONAS NÚCLEO: Representam áreas significativas de ecossistemas específicos. No
caso da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, estas áreas
são em sua maioria compostas por Unidades de Conservação Estaduais, englobando
principalmente remanescentes da Mata Atlântica e algumas áreas de Cerrado. A
maior parte destas Zonas Núcleo está sob a administração direta do Instituto Florestal,
órgão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. As áreas foram assim
estabelecidas: Parque Estadual Albert Löfgren, Parque Estadual da Cantareira,
Parque do Jaraguá, Reserva Florestal do Morro Grande, Parque Estadual do Jurupará,
Parque Estadual da Serra do Mar e Estação Ecológica de Itapeti.
ZONAS TAMPÃO: São constituídas pelas áreas subjacentes às Zonas Núcleo. Nestas
áreas, todas as atividades desenvolvidas, sejam econômicas ou de qualquer outra
natureza, devem se adequar às características de cada Zona Núcleo de forma a garantir
uma total preservação dos ecossistemas envolvidos. As Zonas Tampão da Reserva da
Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, abrigam outros espaços possuídos
ou não pelo Estado, como Áreas de Proteção de Mananciais, Parque Nascente do Rio
Tietê, Área Tombada da Serra do Japi, e inúmeras outras APAs-Áreas de Proteção
Ambiental.
ZONAS DE TRANSIÇÃO: São constituídas pelas áreas externas às Zonas Tampão
e permitem um uso mais intensivo, porém não destrutivo, do solo e seus recursos
ambientais. São nestas áreas que os preceitos do Programa estimulam práticas voltadas
para o Desenvolvimento Sustentável.
- O trajeto apresentado pela DERSA que atravessa a Serra da Cantareira contraria e
ignora explicitamente a condição de Reserva da Biosfera do Cinturão Verde em que
estão inseridas áreas de preservação.
- A DERSA afirma que o impacto ambiental sobre a Serra da Cantareira e seu
entorno não irá afetá-los, porém, isto não se confirma, pois serão atingidas áreas de
amortecimento como exemplo: o Parque Estadual da Cantareira.
No plano de manejo do Parque Estadual Alberto Loefgren temos, reconhecida pela
Fundação Florestal do Estado de São Paulo a importância do Parque inserido na zona
núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e o respeito
ao reconhecimento pela UNESCO. A unidade como se constata é protegida pelo
Instrumento Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT). Tal
instrumento classifica a unidade como Reserva Estadual da Cantareira e Horto Florestal,
tendo sido incluídas no tombamento a Pedra Grande e a bomba d’água localizada na
Barragem do Engordador.
A DERSA afirma que não haverá impacto sobre o Parque. Mas é fato que o reflexo
de tal obra, nos outros trechos, tem causado sérios danos nos perímetros adjacentes ao
empreendimento.
IMPACTOS AMBIENTAIS
Estes são alguns dos impactos que ocorrerão com a obra:
• Impacto 1: Alteração no Sistema de Drenagem
• Impacto 2: Erosão e Assoreamento
• Impacto 3: Alteração de Condições de Estabilidade
• Impacto 4: Alteração na Qualidade do Ar
• Impacto 5: Alteração na Qualidade da Água
• Impacto 6: Contaminação do Solo
• Impacto 7: Ruído e Vibrações
• Impacto 8: Alteração no Transporte de Cargas Perigosas
• Impacto 9: Alteração em Área Fora da Faixa de Domínio
• Impacto 10: Perda e Fragmentação de Vegetação
• Impacto 11: Interferência em Áreas de Preservação Permanente (APP)
• Impacto 12: Alteração nos Habitats e Corredores de Fauna
• Impacto 13: Interferência em Unidades de Conservação
• Impacto 14: Alteração de Atividades Econômicas
• Impacto 15: Insegurança da Comunidade
• Impacto 16: Alteração de Valores Imobiliários
• Impacto 17: Alteração na Estrutura Metropolitana
• Impacto 18: Impactos Decorrentes da Relocação Compulsória
• Impacto 19 : Alteração na Estrutura da Ocupação Local
• Impacto 20: Incômodo à População e Atividades no Entorno
• Impacto 21 : Alteração em Operação de Sistema de Transportes
• Impacto 22: Impactos no Patrimônio Arqueológico, Histórico-Cultural e
Paisagístico
Quanto ao RIMA, na pág. 92 (DOCs. 02 a 04 ) são apresentados e reconhecidos
vários impactos nos terrenos, nos recursos hídricos superficiais, nos recursos hídricos
subterrâneos, na qualidade do ar, na vegetação, fauna, infraestrutura viárias, tráfego e
transportes, na estrutura urbana, atividades econômicas, infraestrutura física e social,
qualidade de vida da população, finanças públicas e patrimônio arqueológico e cultural.
Tais documentos mostram claramente as contradições de postura técnica da própria
DERSA.
II – DO CONCEITO DE RODOANEL
1)Segundo a DERSA Desenvolvimento Rodoaviário S.A. responsável pela obra -
O Rodoanel é estrada ou auto-estrada construída no perímetro de grandes cidades a fim
de interligar importantes vias de circulação para evitar que o tráfego afete vias de menor
escoamento. Para a empresa, o Rodoanel objetiva a retirada das Marginais e do
perímetro urbano do fluxo saturado de caminhões.
- Porém, de acordo com o EIA/RIMA isto não ocorrerá com o traçado apresentado no
EIA/RIMA do projeto, pois, no mesmo, destaca-se uma ligação com a AV. INAJAR
DE SOUZA, ligando a Marginal do Tietê ao trecho norte. Esta via tem um córrego
canalizado em toda a sua extensão no canteiro central, já passou por muitas obras
de expansão de galerias sobre o corredor de ônibus, para minimizar os problemas de
enchentes, as quais ainda ocorrem em vários pontos de sua extensão. É, também, via
de escoamento intenso de tráfego de veículos e ônibus, vindos de região densamente
povoada da Zona Norte, Lapa e Barra Funda.
Haverá, também, uma ligação com a AV. RAIMUNDO PEREIRA DE
MAGALHÃES. Portanto, tais ligações contrariam expressamente a finalidade de um
Rodoanel, pois fazem ligação direta da estrada com vias de acesso a áreas urbanas.
(DOC. 05)
III - MELHOR OPÇÃO DE TRAJETO PARA O TRECHO NORTE
O atual traçado apresentado pela DERSA desconsidera uma outra opção mais viável,
muito menos onerosa (em torno de 1/3 do custo atual apresentado pela DERSA) e
menos impactante ao meio ambiente e à sociedade.
Existe outro traçado, que não foi levado em consideração, alternativa prevista pelo
consórcio JCP – Prime – Engenharia.
- Início: No ponto final do Trecho Oeste junto à Av. Raimundo Pereira de Magalhães,
em Pirituba, indo no sentido Norte até encontrar a SP 332, atualmente com muitos
vazios urbanos existentes, seguindo até a SP 023, Rodovia também com baixa ocupação
lateral, até a cidade de Mairiporã, encontrando com a Rodovia Fernão Dias – BR 381,
pois esta rodovia tem ligação com a Dutra e Ayrton Senna, que por sua vez se ligam
com o futuro Trecho Leste do Rodoanel. (DOCs. 06 e 07 ).
Destacamos que os mapas apresentados no EIA/RIMA foram obtidos no Google e são
de 2007. Não foram atualizados.
IV - DO POSICIONAMENTO DO GOVERNO DO ESTADO
Em matéria publicada no jornal o Estado de São Paulo dia 27 /11/2010 (DOC. 08) o
atual governador de São Paulo Alberto Goldman afirmou, em relação ao Rodoanel,
categoricamente que “ embora o traçado do licenciamento ambiental esteja em
tramitação, o traçado do Trecho Norte já está definido” – Pois bem, esta declaração,
contraria as leis do licenciamento ambiental; cerceia o direito constitucional garantido
ao cidadão de se manifestar quanto à obras que causem impactos socioambientais;
desconsidera totalmente o valor das Audiências Públicas e a participação popular
em que é exercida a cidadania; demonstra desconhecimento do direito do cidadão
de representar junto ao Judiciário. Ao declarar que “não se pode executar obra de tal
envergadura sem mexer com as pessoas”, deprecia vários posicionamentos técnicos
apresentando alternativas ao traçado atual.
Ironicamente ao se referir a nossa sociedade e seu modo de vida coloca aqueles que são
contrários ao trajeto atual como moradores de caverna, interessante conceito sobre os
cidadãos!
Seu posicionamento demonstra alguém em fim de mandato que não quer se
comprometer com a sociedade, pois para o mesmo, é mais fácil a acomodação de quem
não se preocupa com a realidade.
V - DA ATUAÇÃO IRREGULAR DA EMPRESA CONSORCIADA
Aos proprietários de casas ou terrenos em áreas em que passará o Rodoanel Trecho
Norte a Dersa está apresentando os seguintes documentos ( DOCs 09 a 11). A Carta
de Credenciamento da empresa Engevix/Planservi que em consórcio é detentora de
contrato com a DERSA e a Autorização para Entrada na referida residência ou área.
Nas duas há incongruências e informação que gera dúvidas pois seu texto indica que
pretendem desenvolver trabalhos de estudos ambientais para subsidiar a elaboração do
EIA/RIMA, efetuar serviços de sondagem e topografia onde serão avaliadas alternativas
ao traçado do Rodoanel – Trecho Norte.
Pois bem, se o próprio governador Alberto Goldman afirma que o trecho norte ainda
está em tramitação porém seu traçado é definitivo, em quem acreditar?
O texto da Carta de Credenciamento e da Autorização para Entrada induzem o cidadão
a erro a fim de que assine o documento, a Empresa credenciada leva o proprietário a
acreditar na possibilidade da avaliação de alternativas de traçado para o Trecho Norte.
Se o conteúdo do EIA/RIMA atual será discutido em Audiências Públicas e é este que
está sendo colocado à disposição da sociedade, como entender a pretensão da empresa
em subsidiá-lo. O estudo não é definitivo? Se tais subsídios forem acrescentados
após as audiências públicas, serão convocadas outras para avaliação desses estudos
complementares?
A conclusão é de que está sendo usado um artifício para que o cidadão baseado
em informação errônea assine de livre e espontânea vontade um documento que
irá comprometê-lo, pois a real intenção de ter seu consentimento para um objetivo
contraditório está mascarada.
VI – DO FLUXO DE TRÂNSITO, PEDÁGIO E FUGA DE CAMINHÕES
O benefício para o trânsito paulistano, em função do que será recolhido por essa obra,
e que deixaria de adentrar a cidade para a contorná-la, é discutível, pois há estudos que
mostram que esse benefício seria irrisório,( segundo estudo do Engº Horário Augusto
Figueira, (DOC. 12) apenas 5,9% nos dois sentidos) se comparado aos transtornos
ambientais e ao custo financeiro.
Segundo o engenheiro “seria de suma importância que o Ministério Público requeresse
os dados de demanda detalhados de viagens, por pares de Origem/Destino, por tipo de
veículo, para os picos e para o dia todo (2014, 2020, 2025 e 2030), que deverão carregar
o Tramo Norte, para desmistificarmos a idéia que é para atender o "Tráfego de
Passagem", ou seja, o Rodoviário. Isto poderia ter sido há 20, 30 ou 40 anos atrás, mas
hoje não é mais a realidade. Obviamente os percentuais variam por tipo de veículo, ou
seja, para os automóveis a porcentagem maior é para viagens urbanas/metropolitanas,
enquanto para os caminhões a parcela rodoviária, deve ser maior.
Tramo Oeste: 20 a 30 % das viagens do Tramo com O/D Rodoviária (Origem e destino
além de 50 km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano.
Tramo Sul: 60 a 70 % das viagens do Tramo, com O/D Rodoviária (Origem e destino
além de 50 km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano.
Tramo Leste: 50 a 60 % das viagens com O/D Rodoviária (Origem e destino além de 50
km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano.
Tramo Norte: 10 a 20 % das viagens com O/D Rodoviária (Origem e destino além de 50
km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano.
A demanda de tráfego nesse trecho já foi assumida como menor do que nos outros
trechos, pelo governo. Assim não se justificam os enormes custos ambientais
anunciados para as obras. Em termos de mobilidade urbana, é discutível a prioridade do
investimento inicial de R$ 5,5 bilhões nessa obra, e não na construção de mais metrô,
ou corredores de ônibus. Nos outros trechos em que há pedágio, muitos caminhões
procuraram escapar do mesmo, causando enormes transtornos em bairros próximos. As
obras de 9 bi só irão reduzir 6 km de lentidão.”
VII - DAS ILHAS DE CALOR
A preservação da Serra visa a sua função de reguladora do clima, mantendo-o
equilibrado para a manutenção da vida. A auto-regulação promovida pela natureza
nesta região se afetada com a interferência de obra de tamanho porte poderá ser atingida
de forma a causar impactos que levem ao aumento de temperatura e criação de mais
ilhas de calor, negativas para a preservação ambiental ao intensificarem o fenômeno
do aquecimento global. São Paulo já é uma cidade considerada como exemplo de
ilha de calor pela grande concentração de asfalto e concreto. A pouca quantidade de
verde (árvores e plantas) e alto índice de poluição atmosférica, da cidade, favorecem a
elevação da temperatura.
- O Trecho Norte passará em trechos com apenas 12 km em relação ao centro da
cidade, enquanto em outras regiões está a mais de 20 km do centro. O seu trajeto se
dá praticamente só por área de mata e terrenos livres, significando impermeabilização
de uma enorme área, cujo recalque de água causará enchentes em diversos pontos,
sobrecarregando córregos que afluem ao rio Tietê. Portanto, o concreto e o asfalto
estarão mais perto das áreas verdes que ainda restam.
- A elevação de apenas 1º C pode aumentar de forma expressiva os riscos sobre os
ecossistemas, acima de 2º C levam a escassez de água e à fome, devido a danos às
plantações, com colheitas de baixa produtividade. Somando à escassez de água ao
desaparecimento de rios, cursos d’água e aos assoreamentos à poluição hídrica e todos
os danos que há muito estão sendo causados à natureza, o dano seria socioambiental,
pois devido às mudanças climáticas muitas doenças encontrariam campo fértil para sua
disseminação.
Sua extensão de 44 km e obra com largura de 150 metros não considerará as áreas de
canteiros de obras, passando por áreas semi-rurais e verdes de São Paulo, Guarulhos e
Arujá, causando sérios danos à qualidade de vida de toda a grande São Paulo.
O fenômeno de mudança do clima das cidades tem mudado radicalmente com o passar
dos anos, pois ele começa a mudar desde o momento que uma cidade começa a ser
implantada.
O primeiro fator de modificação do clima é o desmatamento, pois o homem para
construir as cidades, derruba as matas e a vegetação indiscriminadamente e muitas
vezes mais que o necessário.
A vegetação na manutenção do clima: As árvores têm máxima importância na
manutenção do equilíbrio climático, primeiro pela sombra refrescante que produzem e
segundo porque a cor verde das folhas das árvores absorve do ambiente uma enorme
quantidade de radiações quentes produzidas pelo sol. A clorofila tem uma função de
filtro ao recolher as luzes de cor avermelhada, que são quentes e, deixar as de cor
esverdeada, que são mais frias.
As plantas funcionam como bombas de sucção quando extraem de modo contínuo água
do solo para devolvê-la ao ar. A devolução é feita por transpiração através das folhas,
que é um processo de evaporação. Quando há evaporação há consumo de calor e, assim,
ocorre o resfriamento do ambiente. Um exemplo é o da água mais fresca contida em um
pote de barro por causa da evaporação por meio da porosidade de suas paredes.
Uma grande quantidade de árvores, arbustos e até a grama podem refrescar muito uma
rua, um bairro ou uma cidade.
Sendo as cidades grandes centros consumidores de energia, que utilizada gera uma
sobra de calor, que no caso, poderia ser chamado de lixo da energia, como um
subproduto do uso de energia. Porém tal lixo não pode ser reciclado permanecendo no
ambiente e se for dissipado irá se espalhar no mesmo de forma prejudicial.
Ônibus, caminhões, mais do que os automóveis, eletrodomésticos, sistemas de
refrigeração, indústrias, altos-fornos de siderúrgicas e, muito mais sistemas produzem
enorme quantidade de calor devendo haver em contrapartida mais vegetação para um
equilíbrio maior na manutenção da temperatura.
A significativa diferença de temperatura registrada entre seus arredores forma a ilha de
calor. Algumas vezes constatamos fenômenos estranhos e que agora se tornam
comuns, como a diferença de temperatura entre duas áreas, digamos, separadas por
menos de 20 Km e a diferença de temperatura entre elas ser de 5º a 10º graus
centígrados.
Tal ocorrência não se limita às cidades e pode se apresentar em locais onde há maior
altitude, e onde a conformação da superfície ou a proximidade de uma grande massa
de água variam em uma pequena distância. Mesmo que o topo de uma montanha esteja
separado de sua base por apenas 2 a 3 quilômetros, a diferença de temperatura pode ser
substancial entre os mesmos.
Uma cidade pode ter um clima marinho, recebendo influência sobre a sua temperatura
através dos ventos marítimos e as áreas onde as vastas massas de água não causam
influência, teremos um clima continental.
Por estes fatores os climas das cidades diferem uns dos outros, mas os climas
circunvizinhos das cidades podem variar muito influenciados pelo seu desenvolvimento,
muitas vezes desordenado. As cidades freqüentemente devastam a sua vegetação e
prejudicam o solo, com o crescimento da impermeabilização pelo asfalto e concreto,
que absorvem calor mais eficientemente que o solo e a vegetação. Grandes edifícios
construídos muito próximos, podem causar obstrução de passagem de ar e, daí, tais
modificações criam um clima local significativamente diferente daquele da paisagem
circundante.
Portanto, as ilhas de calor manifestam-se quando detectamos ser o clima de uma cidade
tão diferente do clima de sua vizinhança como o clima de uma ilha o é da água em que
está situada. A radiação solar incide sobre uma cidade e sobre as suas áreas vizinhas
em quantidades iguais. No campo, há um equilíbrio normal entre a energia absorvida e
aquela que se irradia novamente. Porém, nas cidades, tal situação está muito alterada,
pois o concreto exposto e o asfalto respondem por uma maior absorção e capacidade de
armazenamento de calor dentro da cidade. Portanto, as cidades desenvolvem uma
capacidade maior de re-irradiar o calor como radiação de grande comprimento de onda.
A superfície de concreto causa um maior escoamento da água que o solo e a vegetação,
causando menos evaporação e diminuindo a umidade da cidade em relação à outras
regiões com menos impermeabilização.
O calor úmido é mais saudável que o calor seco, quando comparamos uma região
úmida com uma região árida na mesma temperatura. A evaporação exige energia,
que é absorvida da energia solar. Basicamente, o calor é removido de um sistema por
evaporação; é por isto que as pessoas se sentem mais refrescadas em um dia quente
quando estão suando. Sem a disponibilidade do suprimento de água para a evaporação,
a maior parte da energia solar incidente sobre uma cidade é absorvida pelo concreto,
resultando numa temperatura da cidade, mais elevada por mais tempo.
Conclusão: Nitidamente podemos avaliar que uma das soluções para tais fenômenos
nocivos ao homem e à Terra, seria procurar manter ou restaurar a vegetação das
cidades, adaptando-as às características das áreas urbanas que por sua vez teriam seu
desenvolvimento em justo equilíbrio com o meio ambiente.
VIII – DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Chegada de enorme quantidade de fumaça, materiais particulados e ruído urbano a uma
região de preservação ambiental e de mananciais.
A cidade que mantém um bom número de árvores com a transpiração transportando
continuamente água do solo para o ar, terá também mais umidade atmosférica que
evitará uma secura maior do ar. A existência de vegetação também influi no regime dos
ventos, tornando-os mais brandos, mais frescos e menos carregados de poeira.
A elevação da temperatura em todo o mundo causada pelo excesso de gás carbônico
na atmosfera, o famoso – efeito estufa – é causado pelo gás carbônico produzido pela
combustão de vários materiais, o que provoca um aquecimento excessivo do ar. Quando
as plantas iniciam o processo de fotossíntese, consomem gás carbônico e devolvem ao
ar significativas quantidades de oxigênio.
Assim vemos que o único meio de reverter o efeito estufa é manter ou aumentar a
quantidade de vegetação das cidades, é a manutenção dos jardins, ruas arborizadas,
grandes parques e áreas verdes.
A expulsão anual de milhões de toneladas de monóxido de carbono, dióxido de carbono,
combustíveis fósseis, poluentes e dioxinas para o ar, altera a química local da atmosfera,
afetando a quantidade de calor retida nas cidades pela absorção e posterior re-irradiação
de calor.
Em 2007 o Brasil já estava fora dos padrões de qualidade do ar segundo a
Organização Mundial de Saúde:
OMS divulga novos padrões de qualidade do ar e cidades brasileiras ficam acima dos
níveis recomendados: (2007)
Todos os grandes centros urbanos do Brasil estão fora dos novos padrões mundiais
de qualidade do ar, anunciados no último dia 5 de outubro de 2007 pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). A constatação é do Prof. Paulo Hilário Nascimento Saldiva,
diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina
da USP. “O que a gente imaginava que fosse uma qualidade de ar boa, na verdade não é
mais”, alerta o médico patologista.
O Prof.Paulo Saldiva e o Prof. Nélson da Cruz Gouveia, do Departamento
de Medicina Preventiva da FMUSP, foram os únicos pesquisadores brasileiros,
especializados em poluição atmosférica, a participar do comitê da Organização Mundial
de Saúde, que alterou os níveis mínimos recomendados para a poluição do ar em todo
o mundo. A reunião do comitê foi realizada em outubro do ano passado, em Bonn, na
Alemanha, mas somente agora a OMS divulgou os novos índices.
Pelos novos índices estabelecidos pela OMS, a média diária recomendada
para partículas inaláveis (PM10) foi reduzida a um terço: passou de 150 µg/m3
(microgramas por metro cúbico) para 50 µg/m3. O ozônio (O3) baixou de 160 µg/m3
para 100 µg/m3 a média de 1 hora máxima. O dióxido de enxofre (SO2) teve a média
diária reduzida de 100 µg/m3 para 20 µg/m3. O dióxido de nitrogênio (NO2) não sofreu
alterações, permanecendo o índice de 200 µg/m3 para a média de 1 hora máxima.
Outros poluentes não foram avaliados.
Na avaliação do Prof. Paulo Saldiva, a poluição do ar já deixou de ser apenas um
problema ambiental e passou para a esfera da saúde pública. “A má qualidade do
ar comprovadamente reduz a expectativa de vida, aumenta a mortalidade, leva ao
abortamento e eleva os riscos de doenças cardíacas e de câncer”, afirma o patologista.
Os novos padrões de qualidade do ar definidos pela Organização Mundial de Saúde,
porém, dependem de decisões de cada governo para serem implementados. “A OMS
estabelece os critérios de qualidade do ar e sugere que cada país vá se adaptando para
chegar a esses valores. No Brasil, é necessário que o governo, os empresários e a
indústria automobilística se reúnam e discutam o que fazer para diminuir os níveis de
poluição”, afirma o Prof. Nélson da Cruz Gouveia.
O Prof. Paulo Saldiva aponta como as principais fontes de poluição em São Paulo
o diesel e a motocicleta. “Uma moto com um motor pequeno polui, atualmente, sete
vezes mais do que um carro”, atesta o patologista. A seu ver, as principais medidas
que deveriam ser adotadas, em curto prazo, seriam melhorias nos veículos diesel e
um programa eficaz de inspeção e manutenção de veículos. “E, em longo prazo, uma
estratégia para favorecer o transporte coletivo de melhor qualidade, como o metrô”,
conclui Paulo Saldiva.
Poluentes que tiveram os níveis de padrões de qualidade do ar reavaliados pela
Organização Mundial de Saúde:
Ø As partículas inaláveis são partículas, de diâmetro inferior a 10 micrôns,
que penetram no aparelho respiratório podendo atingir os brônquios e os alvéolos
pulmonares e causar alergias, asma, irritação crônica das mucosas, bronquite, enfisema
pulmonar e pneumoconiose, definida como o acúmulo de pó nos pulmões e as reações
do tecido pulmonar à presença desse pó.
Ø O ozônio é um gás invisível, que quando presente nas altas camadas da atmosfera
nos protege dos raios ultravioletas do sol, e quando formado próximo ao solo comporta-
se como poluente. Ele penetra profundamente nas vias respiratórias, afetando
essencialmente os brônquios e os alvéolos pulmonares.
Ø O dióxido de enxofre é emitido para a atmosfera principalmente pela queima de
combustíveis fósseis para aquecimento e produção de energia. É um gás irritante para
as mucosas dos olhos e das vias respiratórias podendo ter, em concentrações elevadas,
efeitos agudos e crônicos na saúde.
Ø O dióxido de nitrogênio é emitido por escapamentos de veículos, plantas geradoras
de energia térmica e indústria de fertilizantes. Pode provocar irritação da mucosa do
nariz manifestada através de coriza e danos severos aos pulmões.
IX- FAUNA E FLORA – (CF – art. 225, § 1º, VII )
Fauna e flora únicas presentes em todo o maciço do Parque Estadual da Cantareira serão
afetadas, principalmente em suas áreas de amortecimento, preconizadas em seu Plano
de Manejo, gerando mortandades que não podem ser desconsideradas em um momento
em que todo o planeta advoga a adoção de medidas de sustentabilidade. Todo o bioma
da região metropolitana, já tão frágil, sofreria tremendamente com essa obra.
De acordo com o EIA do trecho norte do Rodoanel, a própria DERSA reconhece os
impactos sobre a fauna:
“Considerando as diretrizes interna e intermediária e as áreas levantadas no interior
do Parque Estadual da Cantareira, foram registradas 22 espécies com algum grau de
ameaça na AID do Trecho Norte do Rodoanel. Deste total, quatro espécies constam
na Instrução Normativa MMA N° 06/2008, oito na Resolução SMA Nº 48/2004 nas
categorias em perigo e vulnerável, e 15 são citadas na lista da IUCN, com variados
graus de ameaça de extinção.(Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de
Impacto Ambiental Volume VI Pág. 61)”
“A implantação de uma nova rodovia induz à criação de um corredor que se
configura como uma barreira física linear a vários dos elementos que compõem a
biota, principalmente através do fracionamento de formações vegetais, naturais ou
antrópicas,que atuam na manutenção da conectividade dos elementos da paisagem. O
fracionamento de habitats contínuos, principalmente formações florestais naturais ou
antrópicas, pode segregar populações animais e vegetais e, inclusive, interromper
fluxosgênicos, em decorrência do “efeito barreira” (FORMAN; GODRON, 1986;
FINDLAY;HOULAHAN, 1997; FORMAN et al., 1997; FORMAN; ALEXANDER,
1998; JACKSON,2000; SEILER, 2001).(Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas
Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 63)”
“Risco de alteração da estrutura e diversidade das florestas do PEC adjacentes à
Rodovia - Devido aos vários ajustes de traçado e à opção pela construção de túneis e
viadutos, em acordo com o Plano de Manejo do Parque Estadual da Cantareira (PEC),
não haverá necessidade de supressão de vegetação em áreas dentro dos limites do
Parque Estadual da Cantareira. No entanto, alguns trechos da rodovia ficarão próximos
às suas matas, o que poderá causar o afugentamento da fauna principalmente durante
as obras e, potencialmente, na operação da rodovia, devido aos ruídos originados
com a movimentação de máquinas/veículos/pessoal (Impacto 6.02). Dada a estreita
relação existente entre fauna e vegetação, com relação à polinização e dispersão de
espécies vegetais, o potencial afugentamento da fauna poderá causar alterações na
estrutura e diversidade destas matas em longo prazo. (Trecho Norte do Rodoanel
Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 72)”
O tatu classificado como Dasypodidade, o Bugio (em perigo crítico de extinção),
o Mico-Leão-Dourado e a Suçuarana (atual símbolo da fauna de São Paulo) são
encontrados na Serra da Cantareira e correm sério risco de extinção.
“O plano de manejo do PEC (Fundação Florestal, 2009) registrou 97 espécies de
mamíferos na área do PEC...” (pág. 43 do RIMA)
É uma população simples, de gente que luta por sua moradia, mas não está só preocupada só
com suas casas, mas também com a cidade e com o planeta. "É um milagre a cidade ainda ter
uma serra da Cantareira. Será que a cidade vai existir daqui a 20 anos, se esse rodoanel sair?
" perguntou uma participante da reunião “
Gravíssimo: Enorme risco ao abastecimento de água a 55% de toda a população
da Grande São Paulo, uma vez que o traçado proposto intercepta os troncos de
abastecimento que saem da ETA GUARAÚ, na Pedra Branca, a maior estação de
tratamento de água do Brasil.
A escassez de água e a diminuição dos níveis dos lençóis freáticos interferem na
agricultura, na indústria e na vida doméstica, pois cada vez mais, com o aumento da
população mundial, a necessidade de água aumenta na mesma proporção. Aumentando
a extração das águas subterrâneas, os lençóis freáticos sofrem um rebaixamento e com
isto tornam-se mais salinos, demandando cada vez mais investimentos para que possam
ser explorados. Segundo técnicos do Ministério do Meio Ambiente, a despoluição
de um lençol freático, contaminado por atividades humanas, leva mais de 300 anos.
A contaminação envolve desde os organismos patogênicos até elementos químicos,
como o mercúrio. E, também, além do lixo outros fatores contribuem para agravar esta
situação, tais como: cemitérios; agrotóxicos; fertilizantes, aterros industriais, obras
impactantes.
Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte
- NA PEDRA BRANCA, MUITA ÁGUA NO EIXO DO TRAÇADO
Postado em Mon, 01 Nov 2010 10:32:05 por ZNnaLinha
Após cortar um morro na saída do Jardim Antárctica, o traçado proposto do Rodoanel entra na
várzea da Pedra Branca, entre a av. Santa Inês e o condomínio Itatinga.
É uma extensão de quase um quilômetro, no qual existe uma grande área verde intacta e a
passagem do córrego Guaraú, que ali é represado, formando um lago.
O traçado indica que o túnel ficará exatamente ao lado das casas do condomínio que estão na
foto abaixo.
Essa área fica exatamente ao lado da ETA - Estação de Tratamento de Água Guaraú, a maior
do Brasil.
Certamente em algum ponto dessa rota o Rodoanel vai cruzar com as tubulações de
água que saem da ETA. Isso torna a operação no local extremamente delicada, pois esses
tubos simplesmente abastecem de água 55% da população da Grande São Paulo.
Considerando o patrimônio cultural contemplado na Constituição do Brasil em seu
art. 216 – “ Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material
e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
nas quais se incluem: V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.” Temos as seguintes
comunidades históricas e escolas:
COMUNIDADE TRÊS CRUZES E SUA CAPELA HISÓRICA
Na comunidade das Três Cruzes, existe um verdadeiro patrimônio histórico. A capela
Santa Cruz das Três Cruzes foi erguida pela primeira vez no início do século 19. Na
época nem mesmo a rodovia Fernão Dias existia.Com a possível obra do trecho norte
do rodoanel, esse patrimônio histórico também irá desaparecer.Por volta de 1889, a
região da altura do km 81 da Rodovia Fernão Dias era praticamente despovoada. Onde
hoje existe a estrada era o caminho de acesso para os bandeirantes que desbravavam a
mata desse Brasil. (DOC. 16 A 23).As trilhas desses bandeirantes tornaram-se estradas
e também local onde os tropeiros paravam para descansar. Conta-se que em uma dessas
paradas por conta de uma briga, três pessoas morreram. Em homenagem aos mortos,
uma capela foi construída e ganhou o nome de “Três Cruzes”. O ano era
aproximadamente 1910.Com a chegada dos imigrantes, principalmente dos portugueses,
nasce a “Comunidade das Três Cruzes”. Os sacerdotes tinham muita dificuldade de
chegar ao local , por isso os Capelães, tomaram conta do serviço religioso no local. A
Rodovia Fernão Dias começou a ser construída, e o projeto coincidiu com o local onde
havia a Capelinha. Na década de 50, a comunidade decidiu construir então uma nova
Capela.E em 1954 foi inaugurada oficialmente a Capela Santa Cruz da Comunidade
Três Cruzes, na Estrada das Três Cruzes numero 172, bairro das Três Cruzes em São
Paulo. O evento contou com a participação das fadistas portuguesa Amália Rodrigues e
da Irene Coelho, natural de Rio Claro interior de São Paulo, conhecida como
a “Princesinha da Canção Portuguesa”.Mais uma vez lembramos das palavras do
Governador de São Paulo Alberto Goldman (Item IV) que resume idéias contrárias ao
Rodoanel como próprias de pessoas das cavernas, talvez por isso, até hoje a região de
Três Cruzes tenha sistema de transporte coletivo totalmente deficitário, talvez porque os
responsáveis pelas benfeitorias tenham a mesma opinião do governador. Esta falta de
transporte, com certeza, também irá prejudicar a ida das pessoas às Audiências
Públicas.
Foi constituída em 04 de agosto de 1969 (DOCs.29 e 30 ) e seus objetivos são:
Promover a elevação do nível cultural de seus membros; promover estudos e pesquisar
para o aumento e melhoria das pesquisas agrícolas. Sua sede é na Rodovia Fernão Dias,
km 80, Bairro da Cachoeira. Sua finalidade cultural e de fomento às pesquisas agrícolas
também será prejudicada com o Trecho Norte do Rodoanel.
Situada no Bairro de Três Cruzes, 715 – no Bairro de Cachoeira tem por finalidade,
dentre outras, o desenvolvimento cultural, moral, cívico e artístico de seus associados e
dependentes; providenciar, conceder ou receber bolsas de estudos em benefício de seus
associados e dependentes.
ESCOLA MUNICIPAL
No Jardim Corisco uma escola municipal EMEF Cel. Hélio Franco Chaves situada na
Rua Kotinda altura do número 1300 será desapropriada, e deixara de formar cidadãos
para dar passagem a caminhões e a poluição produzida por eles.
Foi com grande surpresa que os moradores do Jardim Corisco souberam que o traçado do
rodoanel passa exatamente em cima da EMEF Cel.Hélio Franco Chaves, que serve a região. A
reunião foi realizada na quadra de esportes da escola, e um grande mapa foi fixado na parede.
O traçado proposto vem da av. Cel. Sezefredo Fagundes, passa pelo loteamento Vila Rica,
pega um fundo de vale com bastante verde, até atingir a escola municipal . Logo após existe
uma grande área verde, que será terraplanada em direção à rodovia Fernão Dias.
A foto abaixo é da revista Época São Paulo (Outubro 2010, p.65). A moradora Luiza Graça fala
da alegria e da qualidade de vida de morar na serra, no parque Petrópolis, sair com sua filha no
quintal, colher limão...
"Quem quer fugir para o campo", diz a matéria,vai para a serra da Cantareira.
A chegada do Rodoanel à serra vai colocar em xeque não só a qualidade de vida de quem
buscou refúgio nela. Vai afetar a qualidade de vida de toda a grande São Paulo. É a repetição
de um modelo já saturado, de privilégio ao transporte individual e ao transporte por pneus,
sobre asfalto, queimando combustivel fóssil. A serra da Cantareira, que era refúgio a esse
impacto, guardiã da qualidade do ar da cidade, vai ganhar um colar de asfalto e fumaça.
Onde fica a tal sustentabilidade, que propõe deixar um mundo melhor, ou pelo menos não pior,
para as futuras gerações?
- FOTO-REALIDADE DA SERRA DA CANTAREIRA
Postado em Tue, 19 Oct 2010 18:29:57 por ZNnaLinha
O biólogo Wallace Málaga remeteu a foto de uma jaguatirica (Leopardus pardalis) atropelada
na estrada do Rio Acima, em Mairiporã. Ele reporta a ocorrência de diversos outros
atropelamentos de animais, e pede providências. O Rodoanel trecho Norte se propõe passar
exclusivamente sob (via túneis) a área do Parque Estadual da Cantareira. Contudo a própria
técnica responsável pela preparação do EIA - Estudo de Impacto Ambiental, reconheceu que
diversas áreas de amortecimento do parque serão atingidas pela estrada.
Os animais fazem parte de um bioma planetário, e transitam para fora das cercas que o ser
humano cria. Como um conquistador obstinado, por 200 anos a humanidade avançou sobre a
natureza, em nome do progresso. Hoje, século 21, está demonstrada a 3ª lei de Newton: toda
ação gera uma reação, com igual força e em sentido contrário. A natureza está reagindo, e a
humanidade não pode mais avançar da mesma forma, destruindo o bioma planetário.
Breve síntese de pesquisa realizada por professores da UNG – Universidade de
Guarulhos com informações ambientais sobre o Município de Guarulhos. Estando à
disposição a íntegra da mesma.
BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS
Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a
Junho de 2009.
RELATÓRIO CIENTÍFICO FINAL
1. Título: BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS 2. Pesquisador Responsável:
ANTONIO MANOEL DOS SANTOS OLIVEIRA3. Instituição Sede: NIVERSIDADE
GUARULHOS – UnG.4. Equipe de Pesquisa:Prof. Dr. Antonio Manoel dos Santos
Oliveira.Prof. MSc. Márcio Roberto Magalhães de Andrade.Prof. MSc. Sandra Emi
Sato.Prof. Esp. William de Queiroz.5. Número de Processo da FAPESP: 05/57965-1
- 6. Período de Vigência: 01/06/2006 a 15/06/2009.7. Período coberto pelo Relatório
Científico: Idem. Relatório Final.
BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS.
1. Introdução
Este relatório apresenta os resultados finais do Projeto de Pesquisa, com o mesmo título,
conforme o Processo FAPESP 05/57965-1, desenvolvido no período de Junho de 2006 a
Fevereiro de 2009. O período inicialmente previsto era de 24 meses, de Junho de 2006 a
Maio de 2008, entretanto, o encerramento foi prorrogado para junho de 2009,
perfazendo um total de 36 meses.
2. Objetivos
O principal objetivo deste Projeto é o de elaborar as bases geoambientais para um
sistema de informações ambientais do território (cerca de 320 km2) do município
de Guarulhos. Estas bases referem-se ao meio físico – solos e águas de superfície –
convergindo para uma síntese representada pela definição de unidades geoambientais,
ou seja, as unidades de mesmo comportamento dos processos de dinâmica geológica
superficial (erosão, movimentos de massa, assoreamento etc.) especialmente frente
ao uso do solo urbano. Este objetivo deve avançar futuramente para a concepção de
um Sistema de Informações Ambientais para Guarulhos; para a sistematização de
dados visando a um Atlas Geoambiental do Município de Guarulhos e, ainda, para a
determinação de temas de pesquisa para os diversos cursos da UnG, em especial para o
seu curso de Mestrado em Análise Geoambiental.
Como perspectiva de aplicação há a expectativa de que a análise realizada e seus
resultados fundamentem cientificamente as ações que a Prefeitura vem praticando
quanto ao uso do solo e apontem para a formulação de políticas públicas que melhorem
as condições geoambientais do município.
UnG - SEMA-SDU-SG/PMG - EMURB/PMSP - IF/SP
BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS
Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a
Junho de 2009
Mapas Regionais
As regiões consideradas neste projeto, nas quais se insere a área objeto do município de
Guarulhos, são a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a Reserva da Biosfera
do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV). A Figura 3.01 apresenta a
localização do município de Guarulhos em ambas as regiões.
Metodologicamente, a RBCV foi considerada por constituir o principal alvo da
preocupação regional com os serviços da biosfera, objetos da aplicação do método de
Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), segundo Alcamo et al. (2003). A RMSP,
contida na RBCV, foi também considerada, porque constitui a principal expressão dos
vetores que vem alterando tais serviços, ou seja, a expansão urbana, com importantes
implicações para o bem estar da população de Guarulhos.
Avaliação Ecossistêmica do Milênio
A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) foi solicitada pelo Secretário Geral das
Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000, mediante documento encaminhado à Assembléia
Geral intitulado Nós, os Povos: O Papel das Nações Unidas no Século XXI.
Iniciada em 2001, a AEM teve por objetivo avaliar as consequências que as mudanças
nos ecossistemas trazem para o bem-estar humano e as bases científicas das ações
necessárias para melhorar a preservação e uso sustentável desses ecossistemas e sua
contribuição ao bem-estar humano.
Este trabalho envolveu 1350 cientistas de 95 países tendo sido concluído em 2005. Suas
conclusões sobre as condições e tendências dos ecossistemas, cenários para o futuro,
respostas possíveis e avaliações em escala sub-global estão disponíveis em publicações.
Técnicas agrupadas sob estes quatro temas principais. Cada parte constituinte da
avaliação foi detalhadamente examinada por governos, cientistas independentes e outros
especialistas para garantir a integridade das conclusões apresentadas (CEBD, 2007).
No Brasil seus resultados foram apresentados em 01 de abril de 2005 pela Secretaria de
Estado do Meio Ambiente no “Seminário Internacional sobre a Avaliação Ecossistêmica
do Milênio”.
A AEM global está sendo seguida por avaliações sub-globais (ASGs) em vários países
do mundo, mobilizando os cientistas locais. Em dezembro de 2002, o Instituto Florestal
propôs que a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo fosse
uma das ASGs da Avaliação do Milênio. Trata-se da primeira ASG no Brasil e a quarta
na América do Sul. A proposta foi aprovada pela Direção da AEM, tendo em vista
a peculiaridade da região: a quarta maior metrópole do mundo, rodeada por áreas de
altíssima expressão ambiental e social, incluindo desde florestas de Mata Atlântica,
passando por reservatórios que abastecem mais de 20 milhões de pessoas, até regiões
de vocação para o lazer e a produção agrícola. O Cinturão Verde é fonte de serviços
ambientais para as metrópoles de São Paulo, Santos e regiões adjacentes, de maneira
que seu estudo é vital para a governança ambiental da região, para o aperfeiçoamento
das políticas públicas e a gestão metropolitana e periurbana.
Já foi realizada uma Avaliação Preliminar da RBCV (São Paulo City Green Belt
iosphere Reserve, 2003) e neste ano de 2009 a Coordenação estará iniciando a ASG
final. A abordagem da Avaliação Ecossistêmica consiste na aplicação de um método
que valoriza o aproveitamento dos serviços da biosfera (ALCAMO et al., 2003). Este
método compreende basicamente a elaboração de diagnósticos:
- diagnóstico dos serviços da biosfera,
- diagnóstico dos vetores de degradação,
- diagnóstico das tendências;
Sendo finalizado por mais dois estudos:
- elaboração de cenários futuros
- concepção das respostas necessárias para fazer frente aos aspectos indesejáveis de tais
cenários.
Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a
Junho de 2009.A seguir são apresentados os conceitos envolvidos na AEM.
Serviços
Quanto aos serviços da biosfera, são considerados os serviços de sustentação, de
provisão, de regulação, culturais e para a ciência.
a. Serviços de Sustentação
Os processos de sustentação compreendem todos aqueles que participam da dinâmica da
biosfera, que a fazem renovar, mantendo a biodiversidade e, portanto, constituem a
base de todos os outros serviços ambientais. Compreendem processos de intemperismo
físico e químico, pedogenéticos e biológicos que, no âmbito da biosfera, não podem ser
separados. Portanto, incluem a formação e evolução dos solos, a formação de habitats e
de nichos, a ciclagem de nutrientes, a produção de oxigênio, de nitrogênio e de nitratos,
a fotossíntese, a polinização, a dispersão de sementes, enfim, de uma multiplicidade de
processos que são vivenciados pela biosfera, que sustentam a vida e fundamentam os
demais serviços, de provisão, regulação e culturais.
b. Serviços de Provisão
Dentre os principais serviços de provisão ou de provisionamento de bens, destacam-se a
produção de água dos mananciais dos ecossistemas preservados e o ar enriquecido pelo
oxigênio produzido e purificado pela fixação do gás carbônico, através dos processos
fisiológicos vegetais.
Incluem também, de uma forma geral, o fornecimento de substâncias para a indústria
farmacêutica; de plantas ornamentais; de alimentos vegetais, como frutos e raízes;
dealimentos de origem animal, como peixes, outros animais e mel; de energia, como
lenha, carvão, óleos; de fibras, para cordas e tecidos; de madeiras etc.
c. Serviços de Regulação
Os serviços de regulação dizem respeito ao clima, incluindo a amenização da
temperatura e. O frenamento dos ventos, com influência importante na geração de
conforto térmico nas áreas sujeitas à influência dos ecossistemas preservados.
A ação da regulação também se faz nos escoamentos superficiais pelos efeitos das
coberturas florestais preservadas de interceptação, reservação ou armazenagem na
biomassa presente, atenuação das velocidades de escoamento, propiciando infiltração.
Desta maneira, o serviço de regulação do comportamento hídrico reflete-se na
atenuação dos processos geológicos de superfície decorrentes, ou seja, erosão,
escorregamentos, assoreamento, enchentes, inundações e alagamentos.
d. Serviços Culturais
Os serviços da biosfera são considerados também como fatores de bem estar humano
por se expressarem culturalmente com seus valores religiosos em práticas que valorizam
a natureza; valores da educação ambiental, saúde mental (sentir-se bem por ter acesso à
água e ar limpos). Os ecossistemas também conferem identidade cultural, percepção
territorial e ofertam valores espirituais, estéticos além de ecoturismo e lazer.
A biosfera reserva ao homem várias oportunidades de conhecimento científico da
natureza, em especial o conhecimento de propriedades farmacêuticas dos componentes
da flora e fauna e aquele que conserva, como background do comportamento natural,
um referencial natural para que sempre se possa avaliar a intensidade das alterações
antrópicas que lhe sucederam.
Vetores - Quanto aos vetores de degradação dos serviços da biosfera, destaca-se,
atualmente, o vetor imobiliário, que se expressa como loteamentos regulares ou
ocupações irregulares. Há também outros vetores como: mineração, ausência de
governança adequada, especialmente em nível municipal devido sua importância na
ação local e falta de percepção dos moradores quanto aos problemas ambientais.
Cenários
Os cenários podem ser elaborados por diversos métodos, sendo os mais simples aqueles
que levam em conta apenas dois cenários extremos, ou seja, partindo-se da realidade
atual e projetando para um número determinado de anos, um cenário otimista, em
que os serviços ambientais são valorizados e os vetores de degradação contidos e um
pessimista, em que os vetores se intensificam e os serviços tendem a ser eliminados.
Uso do solo na RBCV
O mapa de uso do solo da RBCV foi elaborado pelo Instituto Florestal e Coordenação
da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, organizado e
encaminhado especialmente para este Projeto (HONDA; KANASHIRO, 2008).
Segundo os autores, a criação do banco de informações georreferenciado da RBCV
é um importante instrumento de monitoramento associado à utilização de novas
tecnologias do Sistema de Informações Geográficas (SIG) na representação espacial das
dinâmicas de uso e ocupação do solo na escala dos 73 municípios integrantes da RBCV.
Esta ferramenta é fundamental para o planejamento de ações estratégicas voltadas à
gestão de áreas públicas e privadas, mas exige atualização e monitoramento anual/
bianual na avaliação das dinâmicas de construção e desconstrução da paisagem
geográfica.
O procedimento de sua elaboração é detalhado e de elevado custo financeiro, além de
exigir equipe técnica qualificada e capacitada em Sistema de Informações Geográficas
(SIG), programas de SIG disponíveis, equipamentos de softwares e hardwares
específicos e tempo hábil para as análises.
A criação do banco de informações georreferenciadas da Reserva da Biosfera do
Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – RBCV foi realizada com a sistematização
integrada e articulação das bases digitais já existentes disponíveis:
- Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo, realizado pela Coordenadoria
de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental da Secretaria do
Meio Ambiente do Estado de São Paulo – Governo do Estado de São Paulo, projeto
financiado pelo FEHIDRO em 2004 (SÃO PAULO, 2004).
- Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, realizado pelo
Instituto Florestal do Estado de São Paulo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado
de São Paulo (IF, 2005).
- Indicadores Metropolitanos: Região Metropolitana de São Paulo. EMPLASA:
Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Economia e Planejamento, com base
em imagens Ikonos de 2002, com resolução de 1 m. (EMPLASA, 2007b).
O ambiente escolhido para a representação das informações georreferenciadas é o
Sistemas de Informações Geográficas (SIG) ArcView, versão 3.2 desenvolvido pela
empresa ESRI. Ajustes cartográficos, projeções e sistemas de coordenadas foram
necessários na padronização e compatibilização de ambos os bancos de informações.
A projeção adotada no banco de informações da RBCV é a Universal Transversa de
Mercator, o que confere melhor precisão as representações na escala municipal. O
sistema de coordenadas é UTM SAD (South American Datum) 1969 Fuso 23 Sul.
Para a digitalização dos limites da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade
de São Paulo foi utilizada a base cartográfica digital, na escala 1:50.000, do “Inventário
Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo” (IF, 2005); realizado a partir
das delimitações em cartas topográficas do trabalho manual realizado desde sua criação
em 1994.
O cruzamento e sobreposição das diversas fontes de informações em formato .shp gerou
como resposta um mosaico de feições referentes às variadas categorias de uso e
ocupação do solo, onde, sobrepostos aos limites de abrangência da RBCV, atribuiu
importante representação espacial das atividades de uso para a escala dos 73 municípios
integrantes da Região Metropolitana de São Paulo, seu entorno e Região Metropolitana
da Baixada Santista.
As categorias do banco de informações do “Inventário Florestal da Vegetação Natural
do Estado de São Paulo” foram desenvolvidos na escala 1:50.000, com técnicas
de fotointerpretação de imagens orbitais dos sensores do satélite Landsat TM 5 e 7
referentes ao cenário dos anos de 2000 e 2001 e, de fotografias aéreas decorrentes de
sobrevôo Linescanner em escala 1:35.000 digitalizadas – ortofotos - realizado durante
os anos de 2000 e 2001 em toda a área do Parque Estadual da Serra do Mar, composta
de 75 municípios e cobrindo uma área aproximada de 22.000 mil km²- Projeto de
Preservação da Mata Atlântica.
As seguintes categorias de uso e ocupação do solo gerado pelo projeto do
Inventário foram inseridas no banco de informações georreferenciado da RBCV:
- Cobertura Vegetal Natural: mata, capoeira, cerrado, vegetação de várzea e
reflorestamento; - Drenagem: cursos d’água e represas; - Unidades de Conservação; -
Limites Municipais; - Vias de circulação; - Área Urbana; - Agricultura anual.
O projeto “Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo” desenvolvido na
escala 1:50.000 sobreposto com as composição articulada com imagens do sensor do
satélite Landsat TM 7 referentes ao cenário de 2004, geraram um mosaico de diversas
categorias de uso e ocupação do solo a partir da análise digital das imagens e com o
cruzamento das informações obtidas por meio da fotointerpretação. Informações que
foram inseridas no banco de informações georreferenciados da RBCV como:
- Uso Urbano: áreas urbanizadas;
- Uso Rural: culturas anuais, semi-perenes, perenes, pastagens;
- Outros Usos: mineração, industrial, zonas portuárias e aeroportos;
- Cobertura Vegetal Natural: mata, mata ciliar ou de galeria, mangues, restingas,
campos úmidos ou vegetação de várzea e cerrado;
- Drenagem: rios, represas, lagos e lagoas.
As categorias definidas no mapeamento realizado pela EMPLASA no
relatório “Indicadores Metropolitanos: Região Metropolitana de São Paulo de 2007”
foram inseridas no banco deinformações georreferenciado da RBCV, são:- Favelas; -
Indústrias.
Com o cruzamento da base digitalizada 1:50.000 e as categorias de uso e ocupação do
solo geradas pelos diferentes projetos a partir de fotointerpretações e análises digitais de
imagens de satélites em diferentes cenas e datas devidamente padronizadas e
sistematizadas, foi realizada a sobreposição das informações para verificação da
resposta final do mapa de uso e ocupação do solo da RBCV.
As categorias adotadas para a elaboração do mapa final em programação ArcView em
formato .shp são:
- Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo: aeroportos, zonas portuárias,
mineração, pastagens, cultura anual, cultura perene, cultura semi-perene, campos
úmidos ou vegetação de várzea, mata ciliar ou de galeria, mangues e restingas.
- Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo: drenagem,
vias de circulação, limites municipais, área urbana, agricultura cíclica, mata, capoeira,
cerrado, vegetação de várzea e reflorestamentos.
- Mapa de Uso do Solo da EMPLASA: favelas e indústrias.
A representação das diferentes categorias inseridas no banco de informações da RBCV
exige formatação unificada de uma legenda padrão. A classificação adotada é uma
versão simplificada do padrão IBGE para classificação da vegetação brasileira e,
as demais terminologias temáticas são referentes à classificação por tipo de uso e
ocupação.
A elaboração do banco de informações georreferenciadas da Reserva da Biosfera do
Cinturão Verde da Cidade de São Paulo a partir da integração de trabalhos já realizados
no âmbito do Governo do Estado de São Paulo – Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo – Instituto Florestal e Coordenadoria de Planejamento
Ambiental Estratégico e Educação Ambiental, confere credibilidade as informações
produzidas e geradas por meio de tecnologias de processamento de imagens digitais
e fotointerpretação na escala regional 1:50.000, desenvolvidas e sistematizadas pelo
Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcView. No entanto, as informações
geradas são vulneráveis as dinâmicas de alterações de usos e ocupações do solo de
regiões periurbanas na escala temporal, tornando-se defasadas ao longo dos anos.
Mapa termal da RBCV
O mapa termal, mapa de temperaturas aparentes de superfície, representa a cartografia
de um dos fatores do bem estar humano relacionado ao serviço da biosfera que propicia
o conforto térmico, serviço de regulação, segundo o método da Avaliação Ecossistêmica
(ALCAMO et al., 2003). Conhecer a distribuição das temperaturas, por meio da
aplicação da interpretação de imagem de satélite, constitui uma das formas de se
analisar a distribuição desse fator que nas cidades produz as denominadas ilhas de calor
(LOMBARDO, 1985).
Portanto, para cada região, dependendo de suas condições geoambientais, resultam
declividades específicas. Para Guarulhos, foi realizada pesquisa assim direcionada.
Neste sentido, a carta de risco produzida seguiu o modelo de carta geotécnica apontada
por Zuquette et al. (1991) como aquela dirigida para Zonas Expostas aos Riscos de
Movimentos do Solo que podem ser elaboradas em várias escalas.
De forma complementar foram também considerados os dados disponíveis de
levantamento de áreas de risco realizado por Rosa e Bindoni Engenharia Ltda para a
Prefeitura de Guarulhos (Guarulhos, 2004).
Risco de inundação
A inundação é um processo resultante do extravasamento de canal das águas correntes
por vazões excepcionais, causadas por chuvas torrenciais ou com longo período. Em
termos geomorfológicos, corresponde ao escoamento das águas fluviais pelo leito maior
sazonal ou várzea, quando o volume das águas ultrapassam a capacidade limite do leito
menor.
Embora seja um processo natural, podemos considerar também as ocorrências
observadas em Guarulhos como consequência de fatores antrópicos, haja vista que
na região esta influência é muito marcante, em especial com respeito a mudanças na
seção dos canais, a intensa impermeabilização do solo e o assoreamento dos canais de
drenagem natural.
O risco de inundação foi avaliado a partir do mapa das inundações mais freqüentes
elaborado pela PMG, e que foi desenvolvido durante os estudos para elaboração do
Plano Diretor de Drenagem, cujas informações básicas são:
Levantamento de campo realizado no período de setembro de 2002 e abril de 2003;
Áreas indicadas pelos técnicos do Departamento de Obras da Administração Direta e
Manutenção (DOADM) e engenheiros das diversas regionais da PROGUARU, ainda
através de ocorrências registradas pela Defesa Civil;
Entrevistas com munícipes que indicaram as áreas inundáveis e a sua intensidade em
um período de recorrência de 2 anos;
As áreas de inundação foram delimitadas em campo através da base cartográfica em
escala 1:5.000;
Auxílio de topógrafos em campo que determinou a cota de inundação;
Conversão dos dados para uma base cartográfica digital em escala 1:1.000;
Revisão por diversos técnicos da Secretaria de Obras e PROGUARU.
A base cartográfica com as manchas de inundação foram convertidas para o sistema
ArcGIS
e assim puderam ser cruzadas com as informações de uso do solo.
4. As Regiões
Conforme método apresentado no item 3.1 duas regiões foram consideradas neste
projeto: a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a Reserva da Biosfera do
Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV) (Figura 3.01).
Conforme foi exposto nesse item, a RBCV foi considerada por constituir o principal
alvo da preocupação regional com os serviços da biosfera, objetos da avaliação
ecossistêmica do milênio (AEM) e a RMSP, contida na RBCV, porque, incluindo
Guarulhos, constitui a principal expressão dos vetores que vem alterando tais serviços,
ou seja, a expansão urbana.
A RMSP
A RMSP, situada no Planalto Paulistano, com uma área de 8.051 km2, abrange 39
municípios, uma população estimada em 16,3 milhões de habitantes, sendo que 10
milhões moram no município de São Paulo. Sua área urbanizada é de 1.747 km2 e sua
importância econômica reflete-se num PIB que corresponde a pouco mais de 50% do
total estadual e a 18,5% da riqueza nacional (SÃO PAULO, 2008).
A intensa atividade econômica desenvolvida na RMSP provoca sua expansão
ampliando continuamente a área urbanizada. Uma das medidas dessa atividade pode ser
aquilatada considerando que, segundo pesquisa de 1997, na RMSP, são realizadas 30,9
milhões de viagens por dia, das quais, 20,3 milhões são motorizadas. Por transporte
coletivo, são 10,3 milhões/dia; por veículos particulares, 10 milhões/dia; e viagens a pé,
10,6 milhões/dia.
(SÃO PAULO, 2008). Ainda segundo esta referência, o sistema de ônibus da Região
transporta cerca de 8 milhões de passageiros/dia, deslocamento efetuado em cerca de
650 linhas locais na Capital, 457 linhas locais nos demais municípios e em mais 300
linhas que fazem ligações entre municípios da RMSP.
São cerca de 15 mil ônibus envolvidos nesse transporte, aos quais somam-se mais 10
mil ônibus fretados pelas empresas ou pelos próprios empregados.
Além do transporte público, os deslocamentos na Região Metropolitana são feitos por
uma frota de 5 milhões de veículos particulares, mais que um quinto da frota nacional.
Nas 46 mil ruas da capital circulam, por dia, 2,5 milhões de veículos. Nesse contexto, os
congestionamentos são um problema crescente, considerando que 94% da poluição
do ar vem de carros, ônibus e caminhões e que os congestionamentos diários
freqüentemente se estendem por mais 100km (SÃO PAULO, 2008).
O crescimento urbano transforma o meio ambiente com sensíveis prejuízos para os
serviços ambientais, imprescindíveis para a vida e ao bem estar humano. Esta perda se
traduz em ônus duplo para a RMSP, pois, quando a expansão urbana se faz de forma
inadequada, há deflagração de processos indesejáveis de erosão, escorregamentos,
assoreamento, alagamentos e inundações, com criação de áreas de risco.
Em termos de serviços ambientais de provisão destaca-se, na RMSP, a perda de
mananciais de abastecimento de água. Em termos de perdas de serviços ambientais
de regulação destacam-se as alterações climáticas locais que, gerando um microclima
urbano na RMSP, provocam a perda da regulação térmica, criando o fenômeno da
ilha de calor urbano, intensificado pelas atividades industriais e, especialmente, pelas
milhões de viagens de veículos urbanos, conforme acima descrito.
A RBCV
A RBCV inclui, além da RMSP, a Região Metropolitana da Baixada Santista - RMBS e
vários outros municípios perfazendo um total de 73 municípios.
Segundo RBCV (2003), as reservas da biosfera são figuras criadas em 1976 no âmbito
do programa O Homem e a Biosfera (MaB – Man and Biosphere) da UNESCO –
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. As reservas
da biosfera são definidas como “áreas reconhecidas pelo Programa MaB da UNESCO
que inovam e demonstram abordagens para a conservação e o desenvolvimento
sustentável”.
A RBCV, criada em 1994, tem uma área total de aproximadamente 17.600 km2,
onde habitam 23 milhões de pessoas, mais de 10% da população nacional numa
área equivalente a 2% do território do país e com grande importância econômica por
representar quase 20% do PIB (RBCV, 2003). Sua área urbana é de cerca de 2 200 km2
e a que possui cobertura vegetal de 6.140 km2.
Entretanto, a idéia de cinturão verde é antiga, pois Setzer (1955) se refere à necessidade
de sua preservação, tendo iniciado na década de 1940 um reconhecimento de solos
da região com o objetivo de avaliar seu potencial para a agricultura no entorno da
cidade de São Paulo. Sua pesquisa estava então direcionada para valorizar o uso rural
reconhecendo a importância do cinturão verde no entorno da cidade em expansão. De
fato, o referido autor comenta que a expansão urbana já era naquela época reconhecida
como principal vetor de degradação dos serviços ambientais do cinturão verde, mais
especificamente como serviço de provisão de alimentos.
Segundo ele (SETZER, op. cit.) a denominação “cinturão verde” exprime “o desejo dos
três milhões de habitantes do município de São Paulo e das áreas que se estendem pelos
municípios vizinhos, de que a cidade seja circundada por uma faixa larga e densa de
hortas e chácaras, para que os paulistanos tenham diariamente legumes, verduras, flores,
ovos, frutas etc, baratos, abundantes e frescos”.
E identifica o vetor de degradação: “um fator que parece agir poderosamente contra
o Cinturão Verde é o preço da terra, pois se trata sempre de terrenos loteados
ou loteáveis, que se vendem a metro quadrado e não por alqueire. A cidade cresce
com rapidez espantosa, atingindo os loteamentos um raio de 60 km pelas estradas
principais. Já se calculou que, se em cada terreno, dos já loteados e postos à venda, se
construísse uma casa, por pequena que fosse, a cidade de São Paulo atingiria 30 milhões
de habitantes.”
Atualmente a RBCV tem uma população de 23 milhões de pessoas.
Ao equacionar o potencial agrícola das terras paulistanas no Cinturão Verde, Setzer
(op. cit.) aponta as dificuldades que impedem que este cinturão se desenvolva e
chama a atenção para os solos rasos do complexo cristalino geralmente em topografia
acidentada, difíceis de tratar, “porque encarecem sobremaneira o controle de erosão”,
confirmando que “os terrenos lavados e erodidos dos espigões e das lombadas de fralda
de serra são muito mais freqüentes hoje em dia”.
Tendo em vista as severas limitações o autor considera que as piores terras (solos rasos)
devem ser reflorestadas com eucalipto. Considera que solos melhores, mais profundos,
poderiam ser usadas como pomares.
Sua indicação de uma paisagem mais harmoniosa com a vegetação destaca o papel do
serviço ambiental como regulador climático e cultural, conforme suas palavras: “com
isso talvez mais de 50% de todas as terras seriam eucaliptais e quase 20% seriam
de pomares, mergulhando as habitações em arvoredo, mas isso não apresenta
inconveniente e só favoreceria o clima e a paisagem”.
Atualmente, a RBCV é coordenada pelo Instituto Florestal da Secretaria de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, podendo-se considerar uma de suas ações mais
importantes o Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social – (PJ – MAIS).
O PJ é um programa de educação ecoprofissional e formação integral de adolescentes
entre 15 e 21 anos de idade, habitantes de zonas periurbanas e entorno de área
protegidas da RBCV. A proposta do PJ é adequada ao conceito de reserva da biosfera,
integrando a necessidade de sustentabilidade econômica de jovens em situação
socioeconômica desfavorável com a preservação e recuperação ambiental, mudando
atitudes e paradigmas em relação ao seu ambiente e melhorando a qualidade de vida das
comunidades envolvidas. Entre 1996 e 2006 foram atendidos mais de 1300 jovens em
toda a RBCV, sendo que um dos seus Núcleos de Ação corresponde ao município de
Guarulhos (IF, s.d.). Tendo em vista a perspectiva da RBCV realizar sua Avaliação Sub
– Global, transcreve-se a seguir os principais resultados obtidos na AEM do Planeta,
divulgados pela ONU no seu “Relatório da Avaliação Ecossistêmica do Milênio”
em 2005, “a primeira e mais ambiciosa avaliação global dos impactos das atividades
antrópicas sobre a capacidade do meio ambiente e sua biodiversidade continuarem
a prover os bens e serviços que mantém a vida na terra e a qualidade de vida da
humanidade” (DIAS, 2006).
De fato, de 2001 a 2005, o MA envolveu o trabalho de 1360 especialistas de todo
mundo, segundo o site http://www.millenniumassessment.org/, que apresenta as
principais informações a respeito do processo de avaliação e seus resultados.
Com base no referido site pode-se sintetizar as principais conclusões do Relatório:
1. Nos últimos 50 anos o homem alterou os ecossistemas mais rapidamente e
extensamente do que em qualquer outro período da história humana, resultando em
grandes perdas irreversíveis da biodiversidade na Terra.
2. As alterações contribuíram para o bem estar humano e o desenvolvimento econômico
de alguns grupos humanos, mas a custo de degradação dos serviços ambientais e da
intensificação da pobreza de outros.
3. A degradação dos ecossistemas deve piorar durante a primeira metade deste século e
constituir uma barreira para as Metas da ONU para o Milênio definidas na 55a
Sessão da Assembléia Geral, em setembro de 2000, quando os países membros
se comprometeram a priorizar a eliminação da pobreza e contribuir para o
desenvolvimento sustentável
(http://www.un.org/millenniumgoals/).
4. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas, enquanto aumenta a demanda
pelos serviços ambientais, envolve mudanças significativas nas políticas, instituições e
práticas de desenvolvimento.
Com base no site http://www.millenniumassessment.org/, pode-se sintetizar as
principais conclusões:
1. Nos últimos 50 anos o homem alterou os ecossistemas mais rapidamente e
extensamente do que em qualquer outro período da história humana, resultando em
grandes perdas irreversíveis da biodiversidade na Terra.
2. As alterações contribuíram para o bem estar humano e o desenvolvimento econômico
de alguns grupos humanos, mas a custo de degradação dos serviços ambientais e da
intensificação da pobreza de outros.
3. A degradação dos ecossistemas deve piorar durante a primeira metade deste século e
constituir uma barreira para as Metas da ONU para o Milênio definidas na 55a
Sessão da Assembléia Geral, em setembro de 2000, quando os países membros
se comprometeram a priorizar a eliminação da pobreza e contribuir para o
desenvolvimento sustentável (http://www.un.org/millenniumgoals/).
4. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas, enquanto aumenta a demanda
pelos serviços ambientais, envolve mudanças significativas nas políticas, instituições e
práticas de desenvolvimento.
Na RBCV a classe do uso do solo que se destaca é a ocupação urbana representada
pelas regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista, além de adensamentos
urbanos em várias regiões como Jundiaí, Atibaia e Bragança Paulista.
A RMSP, inserida em quase sua totalidade na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
apresenta uma complexa dinâmica de inter-relações com todos os municípios
integrantes da RBCV.
Na face norte, os limites da mancha urbana estão em contato direto com as vertentes
íngremes do maciço da Cantareira, importante fragmento florestal de Mata Atlântica
instituído na categoria de Parque Estadual no ano de 1963 pelo Decreto Lei No 41.626,
abrangendo os municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e Guarulhos totalizando
uma área de 7.618 ha.
No extremo norte do município de São Paulo, próximo à divisa de município com
Caieiras, algumas manchas de extração mineral são bem expressivas.
Nos municípios de Caieiras, a noroeste da RMSP, predominam as áreas de
reflorestamento (produção florestal para celulose), matas e áreas de pastagens / campo
antrópico.
No município de Mairiporã, as áreas predominantes são de mata, pastagens e
reflorestamentos, apresentando manchas consideráveis de extração mineral próximas
aos mananciais de abastecimento da RMSP.
A nordeste do município de São Paulo, na divisa com o município de Guarulhos, uma
grande área de extração mineral foi identificada associada ao maciço da Cantareira e
próximo aos limites do Parque Estadual da Cantareira – Núcleo Cabuçu. Mais duas
áreas de extração mineral são expressivas junto às grandes áreas industriais e todo o
complexo do aeroporto internacional de Guarulhos. O município se configura na face
sul predominantemente urbano e na face norte predominantemente coberto por mata e
pastagens, além de pequenas áreas e talhões de reflorestamentos.
Na face leste da RMSP o fenômeno de conurbação entre os municípios de Ferraz de
Vasconcelos, Poá, Suzano, Itaquaquecetuba, Arujá e Mogi das Cruzes é facilmente
notado à margem esquerda do Rio Tietê. Essa região apresenta um mosaico de áreas de
mineração associados diretamente a pequenos reservatórios e rios.
A APA da Várzea do Rio Tietê divide e cruza os municípios de Mogi das Cruzes e
Biritiba Mirim em meio a culturas semi – perenes. Os municípios de Mogi das Cruzes
e Arujá possuem manchas expressivas de áreas industriais e de pastagens / campo
antrópico; áreas de mata, reflorestamentos, grandes reservatórios e pequenas áreas de
cultura semi-perene compõem a face leste da RMSP.
Na face sudeste da RMSP predominam áreas de mata e grandes extensões de
reflorestamentos (Sul de Mogi das Cruzes e Bertioga, Santo André e Rio Grande da
Serra).
Na face sul, o município de São Bernardo do Campo apresenta o grande mananciais da
represa Billings e o extremo sul do município de São Paulo o manancial da
Guarapiranga; com grandes áreas de mata, pastagens e campos úmidos.
O município de Embu Guaçu possui grandes áreas de mata, pastagens / campo
antrópico, reflorestamentos e campos úmidos relacionados ao ecossistema da várzea
do Rio Embu Mirim, as cabeceiras e tributários de toda a bacia hidrográfica do
Guarapiranga.
O município de Itanhaém possue grande parte de seu município inserido no Parque
Estadual da Serra do Mar – Núcleo Curucutu, apresentando extensas áreas de mata,
pastagens e culturas anuais presentes ao longo dos vales dos Rios Branquinho e
Mambu.
A face sudoeste da RMSP, o município de Embu apresentou um mosaico de áreas de
extração mineral, mata, pastagens e reflorestamentos. O município de Cotia detém
da maior área de mata da região - Reserva Florestal do Morro Grande - importante
manancial de abastecimento regional.
A face oeste da RMSP também apresenta o fenômeno de conurbação ao longo da
Rodovia Presidente Castelo Branco, entre os municípios de Osasco, Carapicuíba,
Barueri, Jandira, Santana do Parnaíba e Itapevi.
Osasco, Barueri e Santana do Parnaíba apresentam grandes áreas industriais. Barueri e
Santana do Parnaíba possuem grandes extensões de extração mineral. O rio Tietê corta o
município de Santana do Parnaíba apresentando mata ciliar em parte de seu curso
sentido município de Pirapora do Bom Jesus.
A Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS, compreendendo uma faixa
litorânea da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, composta
de grandes áreas de adensamento urbano da toda a província costeira do estado,
apresenta uma dinâmica de uso e ocupação do solo complexa por abrigar o maior porto
marítimo da América Latina e toda sua estrutura de logística.
Na face norte da RMBS, o município de Cubatão é ocupado por uma extensa área
destinada ao uso industrial, abrigando o pólo Siderúrgico/Petroquímico de referência
internacional.
Apresenta grandes áreas de pastagens/campos antrópicos associados a uma herança
histórica de degradação ambiental dos ecossistemas. Áreas de extração mineral são
encontradas no vale do rio Mogi bem próximo as escarpas do Parque Estadual da Serra
do Mar – Núcleo Itutinga Pilões. O complexo estuarino, as áreas de mangues e os
campos úmidos completam o mosaico diversificado dos tipos de usos da terra.
A noroeste da RMBS, o município de Santos possui as mesmas feições de uso e
ocupação do solo, apresentando áreas de mineração no vale do Rio Quilombo,
zonas portuárias e extensas áreas de matas, campos úmidos, mangues e talhões de
reflorestamentos na parte continental, situados nas bases da serra do mar. Na parte
insular, o predomínio são das zonas portuárias (estruturas, logística e armazéns).
O município de Guarujá, na parte leste da RMBS, apresenta as mesmas categorias
de uso do solo na parte do complexo estuarino, possuindo áreas de mangues, campos
úmidos e aeroporto na face continente, aumentando as áreas de mata a medida
que seguem em direção ao município de Bertioga, divergindo das áreas altamente
urbanizadas e de pastagens/campos antrópicos na proximidade com o município de
Santos.
A oeste da RMBS, o município de São Vicente apresenta as mesmas variações de uso e
ocupação do solo para áreas do complexo estuarino continental, apresentando áreas
mais extensas de matas e reflorestamentos com o avanço em direção interior do
continente e, uma grande área de mineração localizada as margens do rio Branco junto a
simetria da mancha urbana.
Na parte insular, a área urbana domina toda a área, exceto o Morro José Menino,
importante testemunho / relíquia geoecológica litorânea. O município de Praia Grande é
resumido a área urbana, mangue e mata ainda protegida pelas escarpas da serra do mar.
A região de Jundiaí é reconhecida como pólo fruticultor de abastecimento da RMSP,
composta pelos municípios de Cabreúva, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista e
Jarinu inseridos nos limites da RBCV. Essa região é cortada por duas importantes vias
de ligação e escoamento entre interior – região de Campinas - e a capital São Paulo,
dividindo a região em duas faces: nordeste e sudoeste.
Na face sudoeste o município de Cabreúva e parte sul de Jundiaí a predominância das
categorias de uso do solo são de matas associadas as APAs de Cabreúva e Jundiaí,
pastagens/campo antrópico e talhões de reflorestamento e algumas manchas de culturas
semi-perenes. No município de Jundiaí, próximo as rodovias, o aeroporto regional e um
complexo industrial inserido entre as duas rodovias (Anhanguera e Bandeirantes)
demandam e concentram mão de obra de toda a região.
Na face nordeste do adensamento urbano de Jundiaí, a área de contínua expansão
urbana dos municípios de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista estão
associadas a antiga estrada de ligação Jundiaí – São Paulo, compondo um corredor
intermunicipal. A medida que a ocupação segue em direção a nordeste, as atividades
de uso e ocupação do solo são relacionadas a pastagens / campos antrópicos, pequenos
áreas de reflorestamentos, matas, culturas semi-perenes e anuais e pequenos núcleos
periurbanos.
A região de Atibaia, ligada à RMSP pela Rodovia Fernão Dias que a divide em leste
oeste e pela Rodovia Dom Pedro I acompanhando o rio Atibaia e o reservatório de
Atibainha que a separa em norte sul. O município apresenta um mosaico homogêneo de
uso do solo.
Na face sul encontra-se toda a área urbana do município, as áreas de mata, pastagens /
campos antrópicos, talhões de reflorestamentos e mata ciliar ao longo do rio Atibaia que
se apresenta fragmentada e dispersa. O mosaico de pequenas áreas de culturas semi-
perenes e perenes são identificadas nos trechos rurais junto a pequenos reservatórios
e represas. Na face norte há o predomínio das áreas de pastagens / campos antrópicos,
seguidas de áreas fragmentadas de mata e pequenos talhões de reflorestamentos.
Diversos núcleos periurbanos ocupam a área, assim como pequenos polígonos de
culturas semi-perenes e perenes junto a Rodovia Dom Pedro I.
O município de Bragança Paulista, homônimo, no extremo norte da RBCV, é o de
maior diversidade de usos e ocupações do solo. As áreas mais expressivas compõem um
mosaico de pastagens / campos antrópicos, mata e talhões de reflorestamentos. Áreas de
cultura perene e semi-perene apresentam grandes polígonos na face norte do município,
próximos aos cursos d´águas e aos meandros do rio Jaguari, que possui áreas contínuas
de mata ciliar. O rio Jaguari é um divisor das duas manchas urbanas, a mais densa ao sul
e um grande núcleo urbano mais ao norte.
Nas Zonas Núcleo verifica-se sempre a presença de temperaturas mais amenas em
correspondência às áreas protegidas, como é o caso da Reserva Estadual do Morro
Grande, no município de Cotia.
De fato, as temperaturas mais amenas foram verificadas na região Sul-Sudoeste,
nos municípios que apresentam importantes serviços ambientais como maciços
florestais significativos e corpos d’água de grande porte, geralmente represas, em áreas
correspondentes aos municípios de Itanhaém, Mongaguá, Juquitiba, São Lourenço da
Serra, Embu Guaçu, Ibiúna e Cotia.
Esta distribuição é esperada, tendo em vista o serviço de regulação térmica
proporcionado pelas áreas cobertas por vegetação. Assim, pode-se concluir que a
imagem termal da RBCV constitui uma ferramenta importante para a identificação
e mapeamento dos serviços ambientais, servindo dessa maneira como método de
avaliação ecossistêmica.
Temperaturas e áreas urbanas
A correlação com as Áreas Urbanas mostra que as regiões mais urbanizadas estão
sempre associadas a altas temperaturas. Esta correspondência é bastante nítida,
principalmente na mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo, indicando
a presença do fenômeno conhecido como ilha de calor (LOMBARDO, 1985). Esta
constatação indica que o mapa termal elaborado alcança grau de confiabilidade
suficiente para uma análise do uso do solo e suas implicações em termos de radiação
térmica.
Nos municípios vizinhos a São Paulo, com grande concentração de população e área
urbana adensada, verifica-se a existência de ilhas de calor significativas, que,
interligadas, refletem a conurbação.
Destacam-se as ilhas de calor das áreas urbanas a oeste, de Barueri - Osasco -
Carapicuíba
- Taboão da Serra
A sul, as ilhas de calor das áreas urbanas dos municípios do ABCD (Santo André - São
Bernardo do Campo - São Caetano do Sul - Diadema, além de Mauá).
A leste: Ferraz de Vasconcelos - Poá - Itaquaquecetuba - Suzano - Mogi das Cruzes
A norte: Arujá e Guarulhos.
Ainda de forma conurbada, foram verificadas também altas temperaturas associadas às
manchas urbanas dos municípios da Baixada Santista (Cubatão, São Vicente, Santos,
Guarujá e Praia Grande), e as ilhas de calor de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo
Paulista. Finalmente, destacam-se ilhas de calor urbano, relativamente isoladas, de
Atibaia, Bragança Paulista, Piracaia, Jacareí, entre outras localidades.
Temperaturas e áreas rurais
Destacam-se áreas de ocorrência de altas temperaturas situadas nos Feixes Norte e
Nordeste, que não correspondem a áreas urbanas. O mapa de uso do solo da RBCV
(Desenho 01 – Anexo 01) revela que tais áreas estão ocupadas por agricultura, pecuária
e agropecuária, com tendência temperaturas mais elevadas nas áreas de agricultura.
Tem-se por hipótese, a ser verificada em futuro projeto de pesquisa, que estas áreas
poderiam, no momento do sensoriamento, no final do inverno e início da primavera,
estar sendo preparadas para a semeadura, portanto sem cobertura vegetal.
Destaca-se também o traçado da rodovia Régis Bittencourt cujo tom amarelo representa
mais calor, contrastante com o tom azul do entorno representado pela densa cobertura
vegetal. Quando as rodovias encontram-se em áreas mais urbanizadas esse contraste não
aparece.
Destacam-se por outro lado as temperaturas mais baixas associadas a reservatórios
como é o caso do Jaguari, Atibainha, Cachoeira, Paiva Castro, Itupararanga, Pedro
Beicht, Billings, Guarapiranga, Taiaçupeba, Jundiaí, Ponte Nova, Santa Branca,
Paraibuna; além de corpos d’água como do Parque Ecológico do Tietê. Deve-
se ponderar que a cor azul menos intensa do reservatório de Paraibuna seria,
provavelmente, devido ao fato de corresponder a imagem de outra época.
O mesmo acontece com maciços florestais importantes, em geral correspondentes
a áreas protegidas e também com altitudes mais elevadas, como é o caso da Serra
da Cantareira e da Serra da Mantiqueira, onde se destaca o Pico de Itaberaba em
Guarulhos.
Entretanto, os fatores água, altitude e mata podem sofrer a interferência de outros
fatores, pois verificou-se que a escarpa da Serra do Mar apresenta uma mancha de
leve aumento de temperatura em relação às áreas vegetadas do entorno, indicando
a necessidade de se pesquisar causas que podem estar relacionadas à insolação
incidente naquela face da escarpa, voltada para leste, devido ao horário de captura das
informações pelo sensor termal do satélite LANDSAT 5.
Temperaturas e bacias hidrográficas
O mapa apresenta a distribuição das temperaturas nas bacias definidas como UGRHIs
pelo Plano Estadual dos Recursos Hídricos. A bacia do Alto Tietê é a que apresenta
áreas mais expressivas de temperaturas mais altas já que é bacia que abriga a RMSP,
onde se revela a mais forte ilha de calor, caracterizada acima como a da Região 1 -
Núcleo da RMSP. A bacia com maior distribuição de temperaturas amenas (azuis) é a
do Ribeira de Iguape, onde já se destacou a conservação da cobertura vegetal.
As bacias hidrográficas no município de Guarulhos
O município de Guarulhos, com uma área territorial de cerca de 320 km², está inserido
em duas Bacias Hidrográficas Regionais ou, de acordo com o Plano de Recursos do
Estado de São Paulo, em duas UGRHI – Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, a do Alto Tietê – UGRHI 6, que engloba o rio Tietê e seus afluentes, e a
do Paraíba do Sul – UGRHI 2, onde se localiza a Área de Proteção de Mananciais do
Jaguari, tendo como principal corpo d’água o ribeirão Jaguari, um dos formadores do
rio Paraíba do Sul (Figura 7.01).
Em correspondência ao Tietê, Guarulhos situa-se na Unidade de Gerenciamento de
Recursos Hídricos – UGRHI do Alto Tietê com uma área de aproximadamente 259 km²,
ou seja, 80,9% do município.
As principais sub-bacias apresentadas na Figura 7.02, inseridas no município de
Guarulhos, são:
do Alto Tietê
Baquirivu-Guaçu (149,6 km²);
Cabuçu de Cima (48,7 km²);
Central (33,1 km²);
Tietê – Senna (27,6 km²)
do Paraíba do Sul
Jaguari (61 km²)
Em correspondência ao Paraíba do Sul, o município situa-se na UGRHI Paraíba do Sul,
com uma área de aproximadamente 61km², ou seja, 19,1% do município.
Estas sub-bacias apresentam diferentes relações ou compartilhamentos entre o território
do município de Guarulhos e o dos municípios vizinhos. Os tipos de compartilhamentos
indicam formas de gestão de recursos hídricos mais ou menos autônomas do município.
Guarulhos tem certa autonomia somente em 10,3% do seu território, com a sub-
bacia Central. Todas as demais compartilham, de alguma forma, o funcionamento da
drenagem com outros municípios. Superimpõe-se a este quadro relativamente simples,
a gestão por comitês de bacia. Todos os municípios estão representados no Comitê da
Bacia do Alto Tietê (Sub-Comitê Cabeceiras) e no Comitê do Paraíba do Sul (Sub-
Comitê Jaguari). Cada sub-bacia foi, em seguida, compartimentada em microbacias,
com base no PlanoDiretor de Drenagem, fornecido pela Prefeitura e em Oliveira et.
al. (2005 a,b). Para apresentar os principais afluentes das bacias hidrográficas do Alto
Tietê e Paraíba do Sul de maneira sintética, foi elaborado o diagrama unifilar, conforme
está apresentado.
Por outro lado, é importante considerar que a participação dos recursos hídricos locais
no abastecimento de Guarulhos, é de apenas cerca de 13%, providos pelas bacias do
Tanque Grande e do Cabuçu de Cima.
A legislação geoambiental
Foi analisado o arcabouço legal pertinente ao Geoambiente em âmbitos Federal,
Estadual e Municipal, tendo-se considerado para tal os seguintes temas:
_ Bacias Hidrográficas - Águas Superficiais;
_ Solo;
_ Vegetação e
_ Áreas Protegidas.
Considerando-se que os produtos gerados tem um caráter orientativo para a escala de
apresentação adotada, a aplicação efetiva das restrições deve ser baseada em estudo
específico local em base cartográfica adequada e medidas topográficas in situ.
Após algumas considerações sobre os temas selecionados, é apresentado um quadro das
situações de incompatibilidade legal no município.
Bacias Hidrográficas - Águas Superficiais
Tanto a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.443/97) quanto a Política
Estadual de Recursos Hídricos – SP (Lei nº 7.663/91) tem como fundamentos que
a água é bem de domínio público, recurso natural finito, de valor econômico, cujo
consumo deve ser assegurado dentro de padrões de qualidade satisfatórios. Para tal é
necessário que seu gerenciamento seja feito de forma descentralizada, participativa
e integrada; adotando como unidade básica para sua gestão, assim como seu
planejamento, a bacia hidrográfica.
Em âmbito estadual, destaca-se a Lei nº 898/75 que delimitou alguns espaços
territoriais, denominados Áreas de Proteção dos Mananciais – APMs, e os protegeu
legalmente com objetivo de disciplinar o uso do solo para proteção dos mananciais,
cursos e reservatórios de água e demais cursos d’água de interesse da Região
Metropolitana de São Paulo. Em Guarulhos foram delimitados os mananciais do
Cabuçu, Tanque Grande e Jaguari como APMs.
Em 1997, a Lei Estadual nº 9.866 trouxe um novo modelo de política de proteção aos
mananciais, valorizando a proteção e recuperação das condições ambientais
imprescindíveis para produção de água, com a criação e delimitação de Áreas de
Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRMs) e Áreas de Intervenção. As APMRs
poderão ser criadas a partir de Lei Especifica e contarão com o PDPA – Plano de
Desenvolvimento e Proteção Ambiental que é um dos instrumentos de Planejamento
e Gestão da APRM. Enfim, a proteção e recuperação das condições ambientais
necessárias para produção de água são importantes, tanto em quantidade quanto em
qualidade, de forma a garantir o abastecimento para atuais e futuras gerações.
Solo
Especificamente sobre o tema, existem as Leis nº 6.766/79 (Federal) e 6.253/07
(Municipal) que tratam de questões de Parcelamento e Uso do Solo Urbano. A
Lei Federal, também conhecida por Lei Lehman, estabelece que não pode haver
parcelamento do solo, entre outras condições, quando os terrenos apresentarem
declividades superiores a 30%, salvo se atendidas as exigências específicas das
autoridades competentes.
A Lei Municipal define como limite máximo para o parcelamento a declividade de 45%
(quarenta e cinco por cento), exigindo estudo geotécnico a partir de 30%.
O mapa de declividades legais, apresentado no Desenho 17 (Anexo 01), mostra que
há uma incidência notável destas restrições legais na porção norte do município,
correspondentes a áreas de morros e montanhas, onde se destacam as serras do Pirucaia,
Bananal e de Itaberaba.
No que se refere aos diferentes usos destaca-se o Decreto Federal nº 3.358/00 que
regulamenta a extração e emprego de substâncias minerais.
Quanto aos resíduos sólidos, o tema vem sendo amplamente discutido em todos
os âmbitos, sendo de responsabilidade do poder público municipal a gestão do
mesmo, existindo para tanto a resolução CONAMA nº 307/02 (Federal) que trata
exclusivamente dos resíduos inertes, incluindo os resíduos provenientes de obras de
movimentação de terra, e o Decreto Municipal nº 23.200/05 que regulamenta a coleta, o
Vegetação
Bastante diversificada e ampla, a legislação que trata do tema, vai desde o Código
Florestal (Lei Federal nº 4.771/65) com suas alterações até Leis, Decretos, Resoluções e
Portarias complementares em nível federal, estadual e municipal.
É no Código Florestal que se encontra um dos principais conceitos aplicados em todo o
território nacional que proíbe a supressão vegetal em diversas áreas definidas como
Áreas de Preservação Permanente, as APPs. Dado seu caráter de proteção, estas áreas
são consideradas no item seguinte.
Em nível municipal, a Lei nº 4.566/94 é a que dispõe sobre o manejo de vegetação de
porte arbóreo, assim como disciplina a supressão e o uso das áreas verdes no município.
Ainda em âmbito municipal destaca-se o Decreto nº 23.202/05 que regulamentou
o Código de Edificações e Licenciamento (Lei nº 6.046/04), tratando também da
compensação ambiental para os casos onde haja necessidade de supressão e/ou o
transplante de vegetação de porte arbóreo, para o licenciamento de obras e edificações.
É importante destacar a Lei da Mata Atlântica – Lei Federal nº 11.428 que, após 14 anos
de discussões, foi aprovada em 2006. Tal legislação se apresenta como um instrumento
de cidadania, permitindo o controle social de forma a assegurar a proteção dos
remanescentes de Mata Atlântica, além de regulamentar os critérios de uso e proteção
do bioma e de estabelecer uma série de incentivos econômicos e financeiros à produção
sustentável e restauração dos ecossistemas.
Áreas Protegidas
De forma geral, pode-se considerar dois grandes grupos de áreas protegidas. Aquelas
com definição e expressão cartográfica genérica e aquelas com definição específica, ou
seja, que estão delimitadas cartograficamente de forma especial.
No primeiro grupo situam-se as áreas que são definidas genericamente para todo o
território nacional, como as APPs.
No segundo estão aquelas que são objeto específico de lei, ou seja, conforme definição
da Convenção da Biodiversidade “áreas geograficamente delimitadas e que são
destinadas ou regulamentadas e administradas para alcançar objetivos específicos de
conservação”.
As áreas assim delimitadas estão definidas seja no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) – Lei Federal nº 9.985/00 como Unidades de Conservação, seja
em legislações específicas que criaram áreas legalmente protegidas como bosques e
parques municipais.
Áreas de Preservação Permanente - APPs
A legislação garante que as APPs são bens de interesse nacional com função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, sendo importante instrumento de interesse ambiental, integrante do
desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações.
Definidas originalmente, pelo Código Florestal, destacam-se para o território do
município as APPs de fundo de vale, os topos de morro e as áreas com declividades
superiores a 100%.
Para a maioria dos córregos do município, as APPs de fundo de vale tem 30 m em
cada margem do curso d’água, uma vez que os corpos d’água não possuem larguras
superiores a 10 m. Entretanto, trechos dos rios Cabuçu e Baquirivu Guaçu atingem
mais de 10 m de largura e mesmo mais de 50 m, nas desembocaduras, determinando
APPs com, respectivamente, 50 e 100 m. Finalmente, o rio Tietê, com mais de 50 m de
largura, determina uma APP também de 100 m.
As APPs de topo de morro referem-se a áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondente a dois terços da altura da elevação em relação à base, considerando-
se morro a elevação do terreno com cota de topo em relação à base entre 50 e 300m
e encostas com declividade superior a 30 %. Estas áreas no território guarulhense,
marcam fortes diferenças de relevo entre a porção norte e sul do município, destacando-
se as restrições na porção norte.
Finalmente, definem-se as áreas com declividades superiores a 100%. Como
documentos legais mais recentes, destacam-se as Resoluções CONAMA nº 302/02, 303/
002 e 369/06, em especial esta última que dispõe sobre casos excepcionais de utilidade
pública, de interesse social ou baixo impacto ambiental que possibilitam a intervenção
ou supressão de vegetação em APP.
Unidades de Conservação - UCs
Foram criadas por legislação específica, federal, estadual e municipal, Unidades de
Conservação das duas categorias previstas pela lei do SNUC.
Como unidades de proteção integral, destaca-se, em nível estadual, o Parque Estadual
da Cantareira (Estadual) que, em Guarulhos, se expressa por seu Núcleo Cabuçu. Em
nível municipal, está implantada a Reserva Biológica Burle Marx e em projeto o Parque
Natural Municipal da Cultura Negra Sítio da Candinha. Em cogitação encontra-se a
proposta de se criar o Parque Natural do Ribeirão das Lavras.
Como unidades de uso sustentável, citam-se, em nível estadual, a Área de Proteção
Ambiental do Paraíba do Sul (Federal) e a Área de Proteção Ambiental da Várzea do
Tietê (Estadual).
Em projeto, municipal, destaca-se a Área de Proteção Ambiental Cabuçu -Tanque
Grande, prevista pela Lei de Zoneamento de 2007 (artigo 42), com Projeto de Lei
em tramitação. Com exceção das Unidades de Conservação de caráter municipal, no
caso a APA do Cabuçu-Tanque Grande (3223,36ha) e a Reserva Biológica Burle Marx
(19,61ha), todas as outras unidades estão representadas apenas em parte no território de
Guarulhos, como são as Área de Proteção Ambiental do Paraíba do Sul (6097,35ha),
Área de Proteção Ambiental da Várzea do Tietê (215,55ha), Parque Ecológico do
Tietê (547,55ha) e o Parque Estadual da Cantareira (2673,84ha), que se estendem pelo
território de municípios vizinhos.
Outras Áreas Legalmente Protegidas – ALPs
Como ALPs existem, no âmbito estadual, o Parque Ecológico do Tietê e as Áreas
de Proteção dos Mananciais (APMs) e, no âmbito municipal, os Parques Urbanos,
Bosque Maia, Adriana, Jardim City, Chico Mendes, Casa do Atleta, Fracalanza e
Zoológico. Tais como o Bosque Maia e o Parque Urbano. Tais áreas também são
importantes espaços, na medida em que contribuem para a manutenção de um ambiente
urbano saudável e equilibrado, tendo o papel de minimizar os aspectos negativos da
urbanização, pela manifestação dos serviços ambientais, como analisado anteriormente
no capítulo do Uso do Solo.
As Áreas de Proteção aos Mananciais do Rio Jaguari (60,97 km2), do Rio Cabuçu de
Cima (23,97 km2) e do Tanque Grande (7,74 km2) localizam-se na região norte do
município onde ocorrem as cabeceiras das principais bacias hidrográficas.
Finalmente, devem ser citadas as Leis Municipais de nº 6.055/04 (Plano Diretor) e nº
6.253/07 (Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo) que constituem diretrizes que
consideram todos os temas analisados anteriormente. Assim também se coloca a
Lei nº 3.573/90 (Código de Posturas) que regulamenta questões importantes dentro
do contexto analisado, tais como: lixo, queimadas, proteção dos cursos d’água e
arborização urbana.
A Incompatibilidade Legal
O cruzamento das informações cartografadas das classes de uso do solo existentes no
território do município, com base na interpretação da imagem de satélite IKONOS de
março de 2007 e da legislação pertinente ao geoambiente permitiu a determinação das
áreas deste território onde se configura incompatibilidade legal, conforme o mapa do
A análise de incompatibilidade legal permite traçar um cenário com relação ao uso
do solo em áreas de preservação permanente e em encostas onde incidem restrições
previstas na legislação a partir de determinadas declividades.
Os resultados desta análise espacial apresentam limites técnicos decorrentes da precisão
estimada para os métodos aplicados e são baseados nas informações levantadas com
base na imagem IKONOS de março do ano de 2007. A discussão sobre estes resultados
permite estabelecer um quadro geral da realidade, indicando a dimensão que atinge este
problema a ser enfrentado por políticas de preservação e recuperação ambiental, assim
como de regularização fundiária.
Nas áreas de preservação permanente de topo de morros e montanhas pode-se constatar
que 84% destas áreas estão em conformidade florestal, 9% são passíveis de recuperação
por tratarem-se de vegetação rasteira, estando o restante efetivamente em situação
irregular de uso do solo em especial decorrentes de assentamentos residenciais. O
índice relativamente alto de preservação deve-se provavelmente ao fato destas áreas
localizarem-se em regiões de difícil alcance, com escassez de acessos viários e a grande
distância com relação as regiões onde as atividades econômicas são mais intensas.
A situação das áreas de preservação permanente marginais aos corpos d’água também é
apresentada de forma sinótica na Figura 12.02 e Tabela 12.07. Pode-se constatar que
57% destas áreas estão em conformidade florestal, 19% são passíveis de recuperação
por tratarem-se de vegetação rasteira, estando o restante efetivamente em situação
irregular de uso do solo em especial decorrentes de assentamentos urbanos e industriais,
este último tratado como equipamentos expressivos em área.
O índice de preservação das áreas de preservação permanente marginais aos corpos
d’água pode ser considerado relativamente baixo, provavelmente em função da
conjunção de alguns fatores. Diferentemente das APPs de topos de morro e montanha,
os corpos d’água distribuem-se de forma desigual, mas por todo o território, com
destaque para as regiões onde as atividades econômicas são mais intensas, nas zonas
urbanas e industriais.
Estes estão sempre associados aos fundos de vale onde a implantação de acessos viários
conta com terrenos que geralmente possuem declividades baixas. Também ocorre
que os fundos de vale no parcelamento do solo são muitas vezes destinados como
áreas públicas voltadas ao escoamento das drenagens. Estas áreas públicas quando
abandonadas, são de fato invadidas por ocupações precárias, principalmente nas regiões
intensamente urbanizadas. Neste sentido, os limites destas APPs são mais facilmente
transgredidos sob a forte pressão da dinâmica de uso do solo.
A ocupação irregular por assentamentos residenciais em encostas com declividades
superiores a permitida na legislação totaliza cerca de 1Km2. Estas áreas localizam-se
preferencialmente na região norte do território, resultado da franja de expansão urbana
que avança em direção ao relevo formado de morrotes e morros. Tal situação deve-se
provavelmente a proximidade destas áreas com a região mais ativa economicamente,
como apontado resultante da expansão lateral da urbanização e a gradual escassez de
áreas favoráveis para o parcelamento do solo, auxiliada pela malha viária existente.
Qualidade das águas dos mananciais de superfície
Os únicos mananciais de superfície pertencentes ao município de Guarulhos são os do
Cabuçu e do Tanque Grande.
O abastecimento de Guarulhos, com um total de cerca de 4.020 l/s, é realizado pela
importação de água da SABESP (Sistema Cantareira) com uma média recentemente
medida (agosto a outubro de 2008) de cerca de 3.500 l/s (~ 87%) e pela produção
de poços tubulares profundos que extraem água do aqüífero Cumbica (~ 150 l/
s, correspondente a cerca de 3,7 % do total), que se soma à produção dos dois
reservatórios, do Cabuçu com cerca de 240 l/s (6,0%) e do Tanque Grande com cerca de
130 l/s (3,2%) aproximadamente.
O Reservatório do Cabuçu
O reservatório do Cabuçu, com comprimento de 1.500 m e largura máxima de 400 m,
tem uma área de cerca de 20 ha e um volume de armazenamento de 1.776 x 106 m3, no
nível da soleira do vertedor de superfície. Sua bacia contribuinte, bacia do rio Cabuçu
de Cima, tem 23,8 km2.
A barragem, construída em 1904 com concreto ciclópico, tem 15m de altura máxima e
uma crista de 50 m de extensão.
O sistema funcionou até a década de 1970, quando foi desativado, devido à entrada em
funcionamento do grande Sistema Cantareira. Em 2000, o sistema Cabuçu foi reativado
para complementar o abastecimento de Guarulhos (LACAVA, 2007).
O IQA do Reservatório do Cabuçu
Os resultados obtidos por meio do Índice de Qualidade da Água (IQA), apontam
para uma água com qualidade predominantemente boa. Em algumas coletas obteve-
se o resultado ótimo, em contrapartida, durante duas coletas consecutivas obteve-se o
resultado aceitável.
Esta última verificação pode ter seu esclarecimento respaldado na variável DBO
(Demanda Bioquímica de Oxigênio), visto que tais resultados se mostraram muito
superiores ao valor máximo estabelecido pela Resolução CONAMA n° 357/2005 para
águas enquadradas na Classe I.
Tal verificação coincide com as conclusões expressas no Plano de Manejo do Parque da
Cantareira, onde se destaca o valor elevado para DBO e Fósforo no Núcleo Cabuçu,
especificamente dentro do reservatório.
A própria construção da barragem pode ser uma explicação para esses valores
anômalos, na medida em que há um aumento do tempo de residência da água que
favorece a retenção de matéria orgânica nesse local. Outro fator a ser levado em
consideração diz respeito à presença de fezes de animais no entorno da represa, que
inclui o ponto de amostragem.
A presença do Fósforo, em valores anômalos, pode estar relacionado ao passado-recente
desse reservatório, onde durante os últimos 40 anos foi palco de intensa balneabilidade
pela população do entorno do Parque da Cantareira. É importante ressaltar que o
reservatório foi esvaziado na década de 70, sendo utilizado igualmente como área de
lazer. Os resíduos resultantes dessas atividades antrópicas ficaram retidas no fundo, e
hoje chegam à superfície na forma de bolhas de gases, afetando a qualidade da água.
Atualmente, a quantidade de trilhas existentes dentro do Parque é fonte de impacto
ambiental para as águas do reservatório. Com efeito, verifica-se uma grande quantidade
de macrófitas (fixas e flutuantes) no ponto de captação da água, como resposta a esse
processo.
O Reservatório do Tanque Grande
Tendo completado 50 anos em 2008, o atual reservatório Tanque Grande nunca foi
desativado até hoje. Santos (2005) cita que, em 11 de maio de 1958, a Prefeitura
Municipal de Guarulhos assinou convênio com o Governo do Estado de São Paulo
para fornecimento de água ao município, sendo então construído o reservatório Tanque
Grande. A bacia contribuinte desse reservatório tem uma área total de km² e é composta
por 4 subbacias principais.
Atualmente o reservatório é operado pelo SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto
deGuarulhos com outorga da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (SABESP). Anteriormente à construção da barragem, este manancial já teria sido
utilizado para o abastecimento da Base Aérea de Cumbica. Entretanto, seu uso pode
ainda ser muito antigo, pois segundo o Professor e Engenheiro Plínio Tomaz, ex-diretor
do SAAE, teria havido represamento do ribeirão Tanque Grande, provavelmente no
século XVII para fornecer água para lavra do ouro na região.
Em 1989, a administração do reservatório Tanque Grande ficou a cargo do Sistema
Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) para abastecer os bairros próximos, sendo
construída, em 1992, a ETA (Estação de Tratamento de Água) Tanque Grande.
Atualmente, o sistema Tanque Grande faz parte do Sistema Autônomo de
Abastecimento do município de Guarulhos, contribuindo com 10% do abastecimento da
cidade. Sua vazão é de 250.000 m³/mês entre os anos de 1999 e 2006 (AYRES, 2006),
abastecendo os bairros de Fortaleza, São João, Bananal, Santos Dumont, Lenise, Jardim
Bonança e Vila Rica.
Problemas e riscos geoambientais
Os problemas geoambientais respondem aos processos tecnológicos de uso do solo que
resultam em poluição, degradação ambiental e profundas alterações da dinâmica do
meio físico. As conseqüências mais importantes destes problemas são os elevados
custos ambientais e sociais envolvidos que, muitas vezes, se traduzem em áreas de
risco.
O desenvolvimento do método aplicado para o diagnóstico dos problemas
geoambientais, permitiu o reconhecimento daqueles que ocorrem de forma mais
freqüente:
Erosão linear induzida em áreas de aterro;
Movimento de massa do tipo escorregamento de aterro em encostas íngremes;
Inundação induzida pela ocupação do solo em fundo de vale;
Áreas contaminadas por atividades poluidoras, industriais, comerciais e de serviços;
Degradação da qualidade da água em mananciais de abastecimento;
Formação de “ilhas de calor”.
O painel de problemas geoambientais, apresentado no Desenho 19 (Anexo 01), reúne
informações sobre áreas degradadas expressas na forma cortes, aterros e erosões
intensas, as áreas contaminadas e áreas sujeitas à inundação.
Erosão
A erosão desponta como um dos problemas geoambientais com maior expressão
espacial em Guarulhos. A erosão em Guarulhos tem como características predominantes
envolver grandes áreas e volumes, ocorrer especialmente na forma de ravinas profundas
formadas, com maior freqüência, em aterros, com destaque daqueles construídos com
solo siltoso de alteração de rocha, em geral metassedimentos, e baixa compactação, em
locais que concentram o escoamento das águas pluviais.
As propriedades intrínsecas relacionadas aos processos erosivos e às características dos
processos tecnológicos estão detalhadas no capítulo sobre Unidades Geoambientais.
Relatório elaborado pela SEMA indica que estas áreas são “conseqüência d
desmatamento motivado pela crescente especulação imobiliária, que visa à incorporação
de novas áreas no mercado de imóveis a serem utilizadas para fins de atender a
demanda por habitação. Muitas vezes os responsáveis pelas áreas disponíveis acabam
interferindo no meio físico com ou sem autorização da municipalidade, realizando
ações de terraplanagem, que deixam sérios resultados como: solo desnudo sem o devido
aproveitamento dos terrenos, ou seja não implantando obras, pois a falta de projeto ou
projeto inadequado compromete o solo, e esse material é transportado para os cursos d’
água causando sérios prejuízos. A movimentação de terra sem taludamentos e captação
para águas pluviais deixa o terreno sujeito ao desenvolvimento de processos erosivos
por ação de diversos agentes intempéricos e naturais, que causam a remoção do solo
causando ravinas e voçorocas ao longo do tempo” (SEMA, 2002). O reconhecimento
das manchas de erosão indica que boa parte destas áreas está diretamente associada
à implantação de atividades de parcelamento do solo que implicam na terraplenagem
de glebas de terras extensas. Muitas áreas podem ser encontradas em associação com
a franja periférica da expansão urbana irradiada da região central, destacando-se
atualmente grandes glebas localizadas no bairro de Cumbica (em torno do projeto de
ligação da rodovia Dutra com a av. Jacú-Pêssego) e no eixo Bonsucesso-Água Chata-
Aracília (próximo a rodovia Dutra, na região sugerida para implantação do trecho Leste
do Rodoanel Metropolitano).
Outras atividades que se destacam como causadoras de erosão estão relacionadas a
aterros de resíduos sólidos inertes e mineração para agregados (areia e brita). Os aterros
de resíduos encontram-se em grande parte associados às várzeas e, mais recentemente,
destacam-se as cavas de mineração abandonadas, onde são dispostos resíduos
classificados como RCD (Resíduos da Construção e Demolição) pela Resolução
CONAMA 307/2002.
Nota-se que muitos terrenos utilizados para aterro de RCD estão sendo preparados
para o parcelamento, como no caso daqueles localizados em torno da rodovia Dutra,
a norte do aeroporto e no bairro das Lavras. Áreas expressivas com estas atividades
estão concentradas no arco formado pelos bairros Lavras-Fortaleza-Capelinha-Mato das
Cobras- Bonsucesso.
Os volumes de sedimentos liberados nestas áreas são muito elevados, sendo carreados
pelas águas pluviais para os fundos de vale e a rede de drenagem, causando o
assoreamento. Este problema associa-se de forma sistêmica com as inundações
que afetam o município, objeto de discussão do Plano Diretor de Drenagem
(GUARULHOS, 2008).
Ou seja, o controle da erosão é também o controle do assoreamento, sendo importante
tratar esta questão através de medidas de combate à erosão que contemple a recuperação
de áreas degradadas e, especialmente, o disciplinamento das obras de terra, limitando
volumes e exigindo a proteção das superfícies expostas durante e após as obras.
Completa este quadro a formação de áreas intensamente degradadas onde há o
impedimento da regeneração da vegetação natural, seja pela total depauperação do solo,
seja pela colonização por espécies invasoras. A associação destas áreas com descarte
clandestino de resíduos diversos é muito comum, gerando focos de contaminação
das águas superficiais e/ou subterrâneas, além disso, estão sempre acompanhadas da
poluição visual resultante.
Escorregamentos de encostas e áreas de risco
O risco de escorregamento de encostas refere-se principalmente a processos induzidos
relacionados à ocupação urbana, com destaque para aterros lançados nas encostas,
mesmo porque são raros os escorregamentos naturais e, ainda assim, em áreas que já
sofreram algum tipo de desmatamento em encostas de elevadas declividades.
Os escorregamentos induzidos apresentam em geral rupturas do tipo planar e rasa que
podem evoluir para corridas de lama e fluxo de detritos. Associam-se a estes a erosão de
atêrros construídos com solo siltoso de alteração de rocha e o escorregamento de solo e
rocha em taludes de corte. Neste caso, destaca-se o desplacamento de metassedimentos,
quando o plano do corte, interceptando os planos da foliação, favorece a instabilização.
O relevo de morros e montanhas, com altas declividades, e os solos rasos favorecem
a concentração de águas pluviais em direção as drenagens influenciando os processos
erosivos e de escorregamentos.
A observação de diversos casos permitiu concluir que os escorregamentos de encostas
em Guarulhos são quase que exclusivamente ocasionados por processos tecnológicos,
em especial em aterros.
Estudos efetuados em situações específicas (GOMES, 2008) demonstram que os
escorregamentos analisados na ocupação do Novo Recreio em Guarulhos são em geral
induzidos por ocupações precárias, com cortes e aterros, em declividades superiores a
60% (31°), mesmo com variação do substrato geológico e da cobertura pedológica.
Assim, a declividade foi definida como o atributo básico desta análise e o valor 60%
foi adotado como limite a partir do qual há maior suscetibilidade de ocorrência de
movimentos de massa.
O método utilizado para a avaliação de risco de escorregamentos foi baseado num
modelo de declividade elaborado a partir da base topográfica digital (curvas de 10m) e
através do módulo spatial analyst no ArcGIS, que foi processado com ferramentas de
classificação, vetorização e suavização de contornos.
Os polígonos relativos aos setores de encostas com declividade > de 60% foram
cruzados com os polígonos de uso do solo, neste caso apenas aqueles relacionados à
ocupação residencial, sendo considerados de alto risco os casos de ocupação residencial
não consolidada e de médio risco quando a ocupação residencial é consolidada.
Em resumo:
Risco alto de escorregamento = decliv >=60% + Ocupação Residencial Não
Consolidada
Risco médio de escorregamento = decliv >=60% + Ocupação Residencial Consolidada.
Há níveis de risco de graus mais baixos tanto nas ocupações residenciais não
consolidadas quanto nas consolidadas. O método proposto foi dirigido a situações de
risco generalizado em setores, assim resultando num zoneamento de risco e não num
levantamento de riscos localizados, menos ainda em nível de cadastro de risco.
Embora uma análise mais precisa dependa do cruzamento deste modelo com um
levantamento detalhado destas áreas, ou seja, através de um cadastro mapeado em
campo, as manchas de risco resultantes coincidem em grande parte com as áreas
apontadas no respectivo levantamento da PMG.
Tal fato indica que o modelo gerado pode ser considerado um bom método de análise de
áreas de risco (1º nível de análise), especialmente em situações onde não há qualquer
informação cadastral, revelando um quadro das regiões onde é provável encontrar
situações problemáticas.
As ocupações que apresentaram maior incidência de risco a escorregamentos são:
Recreio São Jorge
Novo Recreio
Chácaras Cabuçu
Sítio dos Morros
Parque Primavera
Parque Mikail
Jardim Fortaleza
Água Azul
Jardim dos Cardosos
Vila Operária
Cidade Tupinambá
Vila União
Parque Santos Dumont
Cidade Soberana
Parque Continental
Jardim São Rafael
Jardim Palmira
Este levantamento permite indicar as ocupações mais vulneráveis e assim orientar a
execução de um segundo nível de análise com maior detalhamento, que pode se dar
na forma de um cadastramento de risco em escala mais adequada (1:2.000 ou maior),
conforme metodologia proposta por Cerri et al (1990; 1995).
Inundações e áreas de risco
As áreas sob incidência de inundações foram delimitadas pela Prefeitura Municipal de
Guarulhos através levantamentos de campo e assim, apresentam uma razoável precisão
cartográfica. Outro aspecto importante de se considerar é o fato destas áreas sofrerem
variação no tempo e espaço, pelas características intrínsecas dos processos de inundação
expostos na descrição do método.
Conforme método apresentado no capítulo 3, a sobreposição das informações de
eventos de inundação com o uso do solo permitiu estabelecer as classes de alto risco
onde ocorrem ocupações residenciais não consolidadas, médio risco onde as ocupações
residenciais são consolidadas, e o risco indeterminado onde ocorrem indústrias.
Este critério também é baseado na maior vulnerabilidade prevista para as ocupações não
residenciais. Para as inundações que incidem sobre os equipamentos expressivos
em área, o risco indeterminado deve-se a existência de atividades variadas, cujos
danos possíveis podem ser muito diferentes. Assim, no caso de indústrias o risco
seria alto quando o dano implicar em perdas totais de produção e, por outro lado, ser
menor quando resultar apenas na paralisação da produção. Neste caso, a avaliação
mais detalhada do risco em áreas industriais depende de uma caracterização de cada
atividade.
Risco alto de inundação = Inundação + Ocupação Residencial Não Consolidada
Risco médio de inundação = Inundação + ocupação Residencial Consolidada
Risco indeterminado = Inundação + Equipamentos expressivos em área
Este levantamento está sujeito a variações tanto relativo ao crescimento ou redução das
manchas de inundações, quanto em relação ao surgimento ou desaparecimento de outras
áreas de inundação. Isto pode ocorrem em função da rápida transformação do uso do
solo e do sistema de drenagem urbana, assim como pela ocorrência de chuvas com
intensidades e períodos de retorno variáveis.
O produto gerado permite reconhecer a gravidade que este problema representa em
termos de gestão da drenagem urbana, envolvendo certas unidades hidrográficas de
forma mais crítica.
As ocupações mais afetadas são:
Cidade Satélite de Cumbica
Parque São Luiz
Vila Aeroporto
Jardim Álamo
Jardim Izildinha
Vila Laurita
Vila das Palmeiras
Porto da Igreja
Jardim Fátima
Jardim Dinamarca
Jardim Testai
Jardim Guarulhos
Jardim Santo Afonso
Vila Galvão
Vila Rosália
O risco indeterminado de inundações, relacionadas a equipamentos expressivos em área,
envolvem em sua maior parte usos industriais. Esta informação pode ser mais bem
detalhada a partir do cadastramento das atividades existentes, resultando numa
informação mais apurada e uma nova discussão sobre a classificação de risco.
Áreas contaminadas
As áreas contaminadas indicadas no levantamento da CETESB (2008) correspondem
principalmente a postos de combustíveis (65%), seguida de indústrias (17%),
transportes (8%), restando em menor proporção as relacionadas a comércio,
empreendimentos imobiliários e a ocorrência de acidentes (Figura 14.02).
Com respeito as fontes de poluição, a armazenagem é a principal, sendo superior a
80% das ocorrências (Figura 14.03) e os principais contaminantes são os combustíveis
líquidos, solventes aromáticos e os PAHs (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos),
quase 50% das vezes ocorrendo associados na mesma ocorrência.
Os principais meios impactados são as águas subterrâneas (acima de 90% dos casos), os
solos e os subsolos, muitas vezes todos estão em associação, com raras exceções.
A localização da maioria das ocorrências de contaminação distribue-se numa faixa
em torno da rodovia Dutra, concentrando-se na região central, coincidindo com as
áreas mais ocupadas por indústrias e abastecidas por serviços. Fogem a esta regra as
ocorrências referentes à pedreira Paupedra e a empresa AmBev localizadas na região
norte do município.
Percebe-se que estas áreas estão ocorrendo principalmente nos terrenos formados por
sedimentos Quaternários e Terciários, indicando a necessidade de se conhecer frente aos
problemas da contaminação das águas superficiais e subterrâneas. Pode ser feito
destaque para as áreas de risco a inundações e postos de gasolina, áreas de mananciais
e aquelas localizadas em terrenos mais permeáveis. Neste sentido, cabe enfatizar
que estudos específicos de vulnerabilidade de contaminação das águas devem ser
estimulados, podendo partir da base de dados gerada e através de levantamentos
complementares.
Com base nos laudos técnicos da SEMA, foram relacionadas aquelas ocorrências que
envolvem também contaminação por disposição irregular de resíduos sólidos. No
entanto, os dados são pontuais e não há informações mais detalhadas. No geral, os
pareceres técnicos referem-se a ocorrências de aterros de resíduos sólidos diversos, com
destaque para os RCDs, resíduos urbanos e de origem industrial, em volumes variados.
Observa-se que a maioria destas ocorrências associam-se a terrenos localizados
preferencialmente nas margens de estradas, em terrenos livres de uso e construção,
muitos deles localizados na periferia urbana e em áreas rurais.
Cadastro dos riscos geohidrológicos da PMG
O Mapa de Riscos Geohidrológicos de Guarulhos produzido pode orientar estes
mapeamentos na medida em que destaca as situações geoambientais mais críticas.
Outros mapas como os de declividade, unidades de relevo, unidades geoambientais,
podem subsidiar a análise de riscos potenciais.
Considerações sobre a base de dados de problemas geoambientais
O diagnóstico dos problemas geoambientais permitiu a elaboração de uma base
cartográfica que reúne as várias ocorrências documentadas de contaminação e erosão.
Como alternativa de continuidade deste levantamento, é possível incrementar algumas
fontes potenciais de risco ambiental, especialmente de contaminação das águas, que
poderiam ser acrescentadas nesta base para a confecção de um Mapa de Problemas e
Ameaças Geoambientais.
Assim, além de reunir as principais áreas de erosão e contaminação, poderiam incluir
outros elementos que envolvem riscos tecnológicos tais como:
· Risco de contaminação por resíduos sólidos (Aterros de resíduos sólidos)
· Risco de contaminação e/ou incêndio/explosão por vazamento de combustíveis
(Tanques de abastecimento e redes tubulares de combustível)
· Risco de acidentes no transporte de cargas perigosas (Rodovias)
· Atividades com alto potencial de risco de degradação aos mananciais superficiais de
abastecimento (AmBev, Portos de Areia, ocupações no Tanque Grande e Jaguari).A
elaboração de um cadastro de depósitos volumosos de materiais reciclados, postos
de gasolina e indústrias potencialmente perigosas, poderia também enriquecer o
levantamento de ameaças, sendo de grande utilidade para o gerenciamento de riscos em
Guarulhos.
ANEXOS
Em anexo temos:
• Documentos relativos ao Plano de Manejo do Parque estadual Alberto Lofgren
(Horto Florestal) em que se constatam diversidade de fauna e flora, as quais
serão expostas aos impactos do Trecho Norte do Rodoanel. (DOCs. 31 a 50)
• Análise de Terrenos como Ferramenta de Unidade de Conservação, São Paulo –
Brasil: O Caso da Cantareira – Em que se evidencia o valor ambiental da Serra
da Cantareira. (DOCs. 51 a 66) - trabalho realizado para o IV Seminário de
Geografia Física.
• Impactos Antrópicos no Clima da Região Metropolitana de São Paulo
– Trabalho que analisa a evolução do clima na Região. Realizado pela
Universidade de São Paulo – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas. (DOCs. 67 a 81)
• Estudo, fotos e mapas de Paulo César Gomes da Costa sobre o Rodoanel Trecho
Norte.(DOCs. 82 a 116)
• Ilhas de Calor – Vale do Rio Cabuçu – de José Ramos de Carvalho - Gestor
Ambiental – (DOCs. 117 a 120)
• 490 Listas de abaixo-assinado com aproximadamente 9.200 assinaturas.
DO PEDIDO
Requeremos se digne V.Exa. a analisar todo o exposto, sendo que
estaremos à disposição para complementar qualquer documentação que
seja necessária e da qual tenhamos disponibilidade, a fim de que sejam
tomadas as medidas judiciais que julgar necessárias, dentre elas, se for
de seu entendimento, – o Adiamento das Audiências Públicas, em caráter
de urgência e que seja movida uma Ação Civil Pública Ambiental – com
o intuito de estudar com mais profundidade as questões socioambientais
envolvidas nas obras do Trecho Norte do Rodoanel e analisando, caso não
opte pelo cancelamento das obras, a possibilidade de um novo traçado,
conforme consta nesta representação em seu item III, pág. 06, a fim de
impedir que, através da degradação dos impactos que se prenunciam com a
referida obra, o meio ambiente, a qualidade de vida e os direitos essenciais
de todos os cidadãos, sejam resguardados.
São Paulo, 01 de dezembro de 2010.
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Rancho Folclórico Vilas de Portugal
R.L. - Paulo Cesar Gomes da Costa
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SOLI – Associação Unidos na Luta pela Igualdade
R.L. - Carlos Eduardo Coin Gomes
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Associação Cultural e Esportiva de Cachoeira
R.L. - Carlos Takashi Inoue
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Elisa Puterman
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Adriane Aparecida Bernardes de Mattos
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Luiz Chiarantano Pavão
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Jaime Melim de Menezes
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Eduardo de Freitas Fernandes
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Carlos Gonçalves Fernandes
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Maria Cristina Greco