CREA

REVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA ISSN 1679-2866

v. 28, n. 74,
Quarto trimestre
de 2021

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Logística na Bahia Economia Criativa

Polo vai abrigar 40 empresas
Destaques e entraves de criativas em Salvador
um setor primordial para
os negócios no estado Salvador Submersa
Aumento na temperatura
do planeta ameaça inundar
cidades litorâneas
Foto: Clara Feliciano

ISSN 1679-2866
v. 28, n. 74,
quarto trimestre de 2021

PRESIDENTE
Eng. Agrimensor Joseval Costa Carqueija

CHEFE DE GABINETE
João Bosco Ramalho

DIRETORIA
1ª Vice-Presidente: Geógrafa Aline Correia da Silva
2º Vice-Presidente: Eng. Civil Diogenes Oliveira Senna
1ª Diretora Administrativa: Eng. Eletr. Cristina de Abreu Silveira
2º Diretor Administrativo: Eng. de Seg. Marcelo da Silva Miranda
1ª Diretora Financeira: Eng. Florestal Izabel Cristina Ceron de Paula
2º Diretor Financeiro: Eng. de Minas Pedro Augusto Lemos de Souza

EDITORIAL 3º Diretor Financeiro: Eng. Mecânico Jair Carlos Bertoldi

CONSELHO EDITORIAL
Vanessa Costa – Coordenadora de Comunicação
Ubiratan Félix – Engenharia Civil
Olá, profissionais, Jorge da Silva Júnior – Agronomia
José Francisco Ramalho – Engenharia de Segurança do Trabalho
Quase dois anos enfrentando às restrições da pandemia da Covid-19 com Leonardo Cotrim – Engenharia Mecânica
muita resiliência e trabalho, podemos dizer que o ano de 2021 foi marcado Aline Correia – Agrimensura
por significativas conquistas. Os feitos cumprem os objetivos da gestão, que Luiz Rogério Bastos – Geologia e Minas
é valorizar às profissões da Engenharia, Agronomia e Geociências, além da Eduardo de Brito Silva – Engenharia Elétrica
Édler Lins de Albuquerque – Engenharia Química
desburocratização dos serviços oferecidos pelo Conselho. A compensação
dos boletos de pagamento de ART, certidões, anuidades e demais cobranças Supervisão de Jornalismo
Nadja Pacheco
relacionadas à dívida ativa, em até uma hora, é um dos exemplos da dedicação
da gestão Um Só Crea. Elaboração
Comunicativa Associados
Para 2022 as expectativas são as melhores. Retomamos com muito cuidado
– atendendo todas as exigências das autoridades de saúde – os eventos Redatores
Lívia Montenegro, Lugana Olaiá,
presenciais. Assim como as profissões da área tecnológica foram eficientes Moisés Brito e Vivianne Ramos
no período mais crítico da pandemia, não tenho dúvida de que continuarão
com seu protagonismo no futuro pós-pandemia, desenvolvendo soluções Revisão
Moisés Brito
e fomentando a retomada do crescimento do Brasil, pois a expertise dos
engenheiros, agrônomos e geocientistas é fundamental para termos um Impressão
Gráfica Edigráfica
mundo seguro, produtivo e sustentável.
Projeto gráfico
Nesta edição da revista, direcionamos nossas atenções para a logística baiana, Autor Visual/Perivaldo Barreto
responsável pelo escoamento da nossa produção e, consequentemente,
para a melhoria da economia do Estado. Além disso, a publicação traz uma Diagramação
Carla Piaggio Design
matéria sobre a relação da engenharia com a moda, reportando a história
de sucesso de uma empresa do Sul do país. Este ano, atendendo a um
pedido dos profissionais, aprovamos no Colégio de Presidentes realizado em
Manaus-AM, a proposta da Bahia de retirar a obrigatoriedade do Livro de
Ordem. O documento era uma das exigências para emissão de CAT. A matéria
segue agora para apreciação do Plenário do Confea. Destacamos ainda as Nosso endereço
propostas da Bahia de alteração das Resoluções 1066/2015 e 1025/2019, que Av. Professor Aloisio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas
flexibilizam cobranças do Sistema e beneficiam os profissionais registrados CEP: 40243-620 – Salvador/Bahia
Tels.: (71) 3453-8989/Telecrea: (71) 3453-8990
e ainda publicamos um material sobre as boas práticas do reúso da água E-mail: revista@creaba.org.br
para o enfrentamento da crise hídrica brasileira. Traçamos também um www.creaba.org.br
panorama da cirurgia robótica na Bahia e lançamos uma editoria especial
com texto sobre o polo de economia criativa. As opiniões emitidas nas matérias e artigos
são de total responsabilidade de seus autores.
Estamos animados por ter tido a oportunidade de sobreviver à pandemia
e também pela possibilidade que se desenha em 2022 de ajudarmos a
construir o novo. A Bahia precisa da tecnologia para se reerguer e nós do Revista Crea-BA/Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia da Bahia. Nº 74 (Quarto trimestre de 2021).
Crea-BA estaremos firmes e fortes para viabilizar um novo e feliz capítulo Salvador: Crea-BA, 2021 – ISSN 1679-2866
para nossa história. Trimestral
Boa leitura! 1.Engenharia. I. Conselho Regional de Engenharia e
Joseval Carqueija Agronomia da Bahia
joseval.carqueija@creaba.org.br CDU 72:63 (813.8)
Engenheiro agrimensor, empresário e presidente do Crea-BA CDD 720
 04
Polo de Economia Criativa
Espaço vai abrigar 40 empresas criativas em Salvador

06
Envie sua mensagem com nome completo, e-
Envie sua mensagem com nome completo,
-mail e telefone para o endereço eletrônico:
Nova Lei de Licitações
e-mail e telefone para o endereço eletrônico:
O combate à corrupção e a importância dos Programas
revista@creaba.org.br. de Integridade
revista@creaba.org.br.
Lembramos que as mensagens poderão ser
Lembramos
resumidasque as mensagens
ou adaptadas poderão
ao espaço ser
da revista.

07
resumidas ou adaptadas
Siga o Crea-BA nas redesaosociais:
espaço da revista.
www.facebook.com/creabahia
Siga o Crea-BA nas redes sociais
Twitter: @CreaBahia
www.facebook.com/creabahia,
Instagram: @creaba
Twitter: @CreaBahia
Youtube: Crea BA
Mudança do clima
Instagram: @creaba Papel das Engenharias, Agronomia e Geociências
Edição on-line no site: www.creaba.org.br
ou noon-line
Edição no site:
aplicativo www.creaba.org.br
Crea-BA.
ou no aplicativo Crea-BA.
 Ilustração: upklyak | freepik
18
Matéria de Capa
Destaques e entraves da logística na Bahia

26
Engenharia metalúrgica
Escassez de curso superior dificulta mercado

28
Moda e engenharia
Conheça marca com foco em moda sustentável

31
Risco de deslizamento
Alerta sobre falésias em Morro de São Paulo

08 34
Salvador Submersa
Impactos do aumento na temperatura do planeta Reúso da água
Soluções para enfrentamento da crise hídrica brasileira

12 38
Flexibilização de cobranças
Crea-BA sugere alterações nas Resoluções
1066/2015 e 1025/2019
Câmaras Especializadas
Balanço anual de atividades das câmaras do Crea-BA

14 43
Cirurgia robótica SENGE-BA
Procedimento completa dois anos na Bahia Há 84 anos lutando pela engenharia
 #ECONOMIA CRIATIVA

POLO DE
S
alvador é a mais
nova sede de
uma platafor-

ECONOMIA
ma de negócios
única no Nor-
deste, que tem como obje-
tivo fomentar o desenvol-

CRIATIVA SERÁ
vimento de empresas e a
produção e distribuição de
bens e serviços que usam
o capital intelectual, a cria-

INAUGURADO
tividade e a cultura como
insumos primários. O polo
físico de negócios, conheci-
do como Doca 1, está loca-

EM SALVADOR
lizado no Comércio e tem
previsão de inauguração
no início do próximo ano.

Confira mais detalhes sobre o espaço que vai

abrigar 40 empresas criativas na capital baiana
Foto: divulgação

4 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021


O equipamento está sendo construído
pela Prefeitura de Salvador com o apoio
do consórcio formado pelas empresas
LightHouse, Agogô, Califórnia Filmes, MS
Decorações e Esc Participações. O lugar
conta com uma estrutura de 2.468 m²
de área e poderá abrigar ao menos 40
empresas criativas da capital baiana
de setores como cultura, música, entre-
tenimento, design, mídia e conteúdos
digitais. Além disso, a estrutura contará
com espaço gastronômico, estúdios,
ateliês, restaurante escola, uma praça
de eventos e loja conceito.
O Prefeito Bruno Reis aposta no em-
preendimento para contribuir com a
retomada da economia em Salvador
após todos os prejuízos causados pela
pandemia da Covid-19 nos diversos se-
tores. O avanço nas obras e a abertura
do empreendimento fazem parte de
um pacote de ações e investimentos
lançado pela Prefeitura de Salvador com
o objetivo de promover a retomada eco-
nômica, aquecendo o setor e garantindo
a geração de emprego e renda.
De acordo com o prefeito, o desejo da
administração municipal é mudar a ma-
triz econômica de Salvador, e a área de
tecnologia e inovação tem sido uma das
prioridades. Nesse cenário, a nova pla-
taforma de negócios que vai fomentar
o desenvolvimento de empresas que
usam o capital intelectual, a criatividade
e a cultura como insumos primários,
será um diferencial para Salvador.
“Nosso desejo é de produzir soluções.
Queremos ter uma cidade inteligente e
inovadora e não há outro caminho que
não seja o investimento nesse setor,
que pode gerar milhares de empregos”,
declarou Bruno Reis.
Como vai funcionar
O Doca 1 será operado, gerido e manti-
do pelo vencedor, que deverá também
promover serviços de coworking, capa-
citação, cursos, consultoria e oficinas.
Sobretudo, deverá investir na base da
pirâmide do setor em Salvador, dispo-
nibilizando cursos gratuitos e espa-
ços para artistas com potencial de se
desenvolverem, promovendo desde a
gravação de um clipe ou uma consul-
toria direta.
Como contrapartida da Prefeitura, o
consórcio irá recepcionar no Doca 1
ECONOMIA CRIATIVA
Fotos: divulgação
programas municipais como o Casa
Salvador, ambiente que estimula a
produção de conteúdos com foco em
música, entretenimento, humor e estilo
de vida, e o Salvador Filmes, iniciativa
que visa a implantação de uma agên-
cia de fomento e uma film commission
para trabalhar estímulo e articulação na
produção de filmes.
Arquitetura
diferenciada
De acordo com o projeto arquitetônico, o
Doca 1 terá um pé direito de dez metros
de altura e utilizará contêineres, em re-
ferência à atividade portuária. O projeto
do Polo de Economia Criativa apresenta
traços arquitetônicos que promovem
identidade com a história local, como a
cobertura que foi inspirada numa rede
sendo jogada ao mar. Segundo a pre-
feitura, estão sendo utilizados vidros e
materiais translúcidos, valorizando a
vista para a Baía de Todos-os-Santos. A
construção funciona de forma integrada
com todo o bairro do Comércio, criando
uma área de convivência que poderá ser
visitada pela população.
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 5
 #ARTIGO
NOVA LEI DE LICITAÇÕES
O COMBATE À CORRUPÇÃO E A IMPORTÂNCIA
DOS PROGRAMAS DE INTEGRIDADE
Os últimos 2 anos têm sido desafiadores
para o combate à corrupção. A operação
Lava Jato, símbolo maior deste ide-
al, sofreu alguns reveses importantes
como a reversão da prisão em segunda
instância, o reconhecimento da parcia-
lidade do juiz Sérgio Moro em alguns
casos e mais recentemente a alteração
da Lei de Improbidade Administrativa,
que passou a responsabilizar agentes
públicos apenas por atos dolosos que
causem prejuízo ao erário.
Estes retrocessos podem, em um pri-
meiro momento, trazerem a impressão
de que a impunidade está de volta e que,
com o pêndulo da justiça direcionado
para o outro lado, o crime compensará, o
que fatalmente implicaria na conclusão
de que o investimento em integridade
passa a ser desnecessário e até mesmo
supérfluo.
Contudo, o microssistema legal de com-
bate à corrupção e aos atos lesivos à
administração pública permanece hí-
gido e foi reforçado com o advento da
Lei 14.133/2021, nova Lei de Licitações
e Contratos Administrativos que previu
expressamente a existência do Progra-
ma de Integridade como um dos pilares
para a celebração de contratos com a
administração pública, especialmente
para os contratos de grande vulto que
usualmente trazem um risco maior
de desvio.
O termo Integridade como sinônimo
de um conjunto de mecanismos es-
truturados para prevenir, detectar e
remediar possíveis desvios de conduta
foi introduzido no ordenamento jurídico
brasileiro pela primeira vez a partir da
Lei 12.846/2013, também conhecida
como Lei Anticorrupção ou Lei da Em-
presa Limpa.
6 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
Posteriormente, com o advento da regula-
mentação da referida lei por meio do De-
creto Federal 8.420/2015, foi consagrada
a expressão programa de integridade e
fixados quais os requisitos para que este
seja considerado efetivo e, portanto, possa
beneficiar as empresas que eventualmente
sejam envolvidas em situações de desvios
de conduta nas suas operações.
Para que um Programa de Integridade seja
considerado efetivo, faz-se necessária a
demonstração de que este conjunto de me-
didas é eficiente e adequado para prevenir,
detectar e corrigir desvios de condutas.
O artigo 42 do Decreto Federal 8.420/ 2015
menciona os parâmetros pelos quais um
Programa de Integridade pode ser conside-
rado efetivo, dentro os quais destacamos o
comprometimento da alta direção, código
de conduta ética e políticas de integridade,
treinamentos periódicos, análise periódica
de riscos, canal de denúncias, controles in-
ternos e adoção de medidas disciplinares,
entre outros de igual importância.
Nesse contexto, vale ressaltar que um dos
parâmetros assinalados no inciso VIII do
mencionado artigo 42, diz respeito à ado-
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al
Bruno Brasil é advogado
especialista em compliance
ção de procedimentos específicos para
prevenir fraudes e ilícitos no âmbito de pro-
cessos licitatórios e na execução de con-
tratos administrativos.
Com efeito, a nova lei de licitações, conforme
mencionado acima, assimilou a atenção que
as empresas íntegras devem ter em relação
a procedimentos licitatórios, prevendo não
só a existência do Programa de Integridade
para a celebração de contratos com a ad-
ministração pública de grande vulto, como
também dispôs que Programas de Integrida-
de podem ser considerados como critério de
desempate entre propostas, estabelecendo
também que a existência de Programa de
Integridade em uma empresa pode ser le-
vado em consideração caso eventualmente
ela venha a sofrer alguma sanção.
Assim, apesar dos últimos reveses relacio-
nados às operações de combate à corrupção,
especialmente a Lava Jato, o arcabouço le-
gal existente, reforçado com as novas regras
da nova Lei de Licitações, torna a existência
de programas de integridade efetivos um
diferencial competitivo e uma ferramenta
fundamental para aqueles que vão licitar
ou contratar com a administração pública.
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Foto: master1305 | freepik
Hugo Alencar é advogado
especialista em compliance

MUDANÇA DO CLIMA:
ENGENHARIAS, AGRONOMIA E GEOCIÊNCIAS
Até alguns dias atrás o mundo estava
reunido na 26ª Conferência das Partes
da Convenção Quadro das Nações Uni-
das para Mudança do Clima, a COP26.
Nunca antes, uma conferência de clima
(e essa foi a 26ª), teve tanta cobertu-
ra da mídia e tanto espaço nos deba-
tes. Em um planeta assolado por uma
pandemia que não dá sinais de que se
encerrará tão cedo, com novas varian-
tes surgindo sem parar, as atenções e
energia de chefes de Estado, cientistas,
ativistas e lideranças internacionais
estavam naquele momento dedicados
a buscar consensos para frear o avanço
da emergência climática.
E não foi fácil. Consenso entre mais de
100 representações, com economias e
perspectivas distintas é um desafio e
tanto. E, no final, as perguntas de sem-
pre são: quem vai pagar a conta? Como
os países mais ricos compensarão os
países mais pobres? Como fazer com
que a mudança do clima não seja mais
uma forma de aprofundar as desigual-
dades? Que mecanismos econômicos
ajudarão esses objetivos?
A mudança do clima já é um fato. Não
se trata mais de pensar em como será
no futuro, pois já acontece. Incêndios
florestais cada vez mais agressivos, po-
tencializados por períodos de estiagem
mais longos, já passam a mensagem
do pantanal, no Brasil, a Califórnia, nos
Estados Unidos. Cidades ao redor do
planeta que antes recebiam pouca in-
tensidade de chuvas, agora são atingi-
das por temporais com força. No último
ano, causou estragos físicos e perda de
vidas em cidades como Nova York que
enfrentou o ano mais chuvoso da sua
história. Em Vancouver choveu tanto
André Fraga é engenheiro ambiental, pós-graduado em Gerenciamento de Pro-
jetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), está no doutorado pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), é Vice-Presidente da Sociedade
Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), Vereador no Município de Salvador e
Presidente da Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação na Câmara.
que a cidade ficou isolada por inunda-
ções. Na Alemanha e Bélgica, em 2021,
quase 200 pessoas morreram. Chuvas
acima da média na província de Shan-
xi, no norte da China, fizeram com que
120.000 pessoas fossem evacuadas de
suas casas. Enquanto a chuva inunda
cidades, no Brasil vivemos uma crise
hídrica sem precedentes em mais de
90 anos, reduzindo drasticamente a
geração de energia, forçando a opera-
ção de termelétricas poluentes e caras,
e pressionando a inflação, que corrói a
renda dos mais pobres.
O colapso da biodiversidade é mais um
efeito colateral da emergência climática,
mas esse pode ser fatal e causar o que
cientistas têm chamado de “a sexta
extinção em massa do planeta Terra’’.
Em uma análise a partir de 73 estudos
de longo prazo sobre o declínio de inse-
tos ao redor do mundo, pesquisadores
australianos e chineses perceberam
que os insetos estão caminhando para
a extinção, o que nos levaria a um “co-
lapso catastrófico dos ecossistemas da
natureza”. A conclusão é de que mais
de 40% das espécies de insetos estão
sofrendo quedas populacionais em um
ritmo constante e a uma velocidade
oito vezes maior, em média, do que a
dos mamíferos, aves e répteis. Estudo
publicado na Science analisando dados,
desde 1989, de pesquisas de campo na
Alemanha, constatou que a biomassa de
insetos que fica presa em equipamentos
de captura diminuiu 80%.
De acordo com a Organização das Na-
ções Unidas para Alimentação e Agri-
cultura (FAO), abelhas ou outros insetos
são necessários na polinização de cerca
de 84% das plantas que comemos.
#ARTIGO
Diversas são as causas apontadas desse
declínio: a urbanização, a agricultura in-
tensiva, o uso de pesticidas e as mudan-
ças climáticas que alteram, por exemplo,
os períodos de sincronia entre a floração
das plantas e a chegada ou a eclosão dos
insetos. Sem eles, o colapso da cadeia
alimentar, causado por uma cascata tró-
fica de baixo para cima, atingirá desde
predadores até as plantas, aniquilando
ecossistemas inteiros, com prejuízos
econômicos incalculáveis.
Os desafios são inúmeros e eles poderão
ser vencidos se soubermos explorar a
exponencial capacidade que a inovação
possui de gerar soluções. E aqui, as en-
genharias, a agronomia e as geociências
têm papel de destaque. Pensar siste-
mas alimentares de alta produtividade
que não prejudiquem o solo ou a biodi-
versidade, projetar equipamentos que
integrem algoritmos e IOT, promover
mais conhecimento dos sistemas que
mantêm a vida no planeta, escalar no-
vas formas de energia renováveis, são
apenas alguns dos caminhos possíveis.
Nos últimos séculos a engenhosidade
humana nos permitiu avançar em di-
versas frentes, e isso é inegável. Essa
engenhosidade agora é fundamental
para nos salvar.
F oto: Ac
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Foto: Matt Palmer | Unsplash
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 7
 #MEIO AMBIENTE

SALVADOR
SUBMERSA
Estudo relata que aumento na
temperatura do planeta poderá
inundar cidades litorâneas

8 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 Fotos: Matheus Seiji Goto, Daniel Sinoca | Unsplash
 MEIO AMBIENTE

E
m outubro desde ano,
uma pesquisa publica- Previsões simuladas Fonte: Climate Central
da na revista científica
Environmental Research
Letters, identificou as
regiões do mundo que podem
sofrer inundações “sem prece-
dentes”, caso as políticas para
combater as mudanças climá-
ticas não sejam colocadas em Panorama
atual de
prática imediatamente pelos
Salvador
países. O estudo foi conduzido
pela Climate Central, organiza-
ção sem fins lucrativos sediada
nos Estados Unidos, em parce-
ria com a Universidade Prince-
ton, e o Instituto Potsdam de
Pesquisa de Impacto do Clima,
na Alemanha. Aumento
de 1,5ºC na
temperatura
Entre as cidades citadas, cinco são brasi-
leiras: Salvador, Recife, Fortaleza, Porto
Alegre e Rio de Janeiro. A capital baiana
é a primeira da lista, e demostra que um
aumento de 1,5°C faria o mar avançar
sobre parte do centro e outros bairros da

Imagens: Climate Central | Divulgação

Cidade Baixa. Caso o planeta atinja os
3ºC, a previsão é ainda mais alarmante
as áreas onde ficam o Mercado Modelo
até o início do Elevador Lacerda seriam
totalmente alagadas.
Segundo o geógrafo e doutor em geo-
logia e oceanografia, José Rodrigues,
esse cenário é possível devido à locali-
zação da região, associado a elevação da
temperatura do planeta, chuvas fortes,
ventos e aumento do nível da maré.
“Não é simplesmente uma pequena
elevação no nível do mar, aumentar 10
centímetros, por exemplo, não significa
que a água irá subir somente isso na
linha da costa. Pois, também entrará
nesse cenário as mudanças climáticas,
as marés maiores, chuvas e ventos, o
que empurrará ainda mais a água. Dessa
forma, se pensarmos em uma tempes-
tade com ventos e coincidindo com a
maré alta, isso poderá causar um ala-
gamento ainda maior. Em razão disso,
Aumento
de 3ºC na
temperatura
cidades como Salvador, com regiões
como a Peninsula de Itapagipana, que
já é uma área de aterro, ou seja, mais
baixa e com poucas colinas, e que já
alaga normalmente, se somasse esses
outros fatores, grande parte ou qua-
se toda, pode ser inundada”, explicou
Rodrigues.
Outras
consequências
Entre as principais consequências oriun-
das dessas inundações estão a migra-
ção populacional para áreas mais ele-
vadas, a desabastecimento dos recur-
sos hídricos potáveis, dado que a água
dos rios será contaminada pelo mar,
tornando-a inapropriada para consu-
mo humano.
As famílias ribeirinhas soteropolitanas,
por exemplo, que sobrevivem da pesca
também serão prejudicadas, dado que
as áreas de preservação serão atingidas
e afogarão os mangues e corais, modi-
ficando a vida marinha.
Além disso, modificará toda a fauna e
flora dos locais atingidos. Grandes ve-
getações serão perdidas e os animais,
assim como os moradores precisaram
deslocar-se, mas segundo o Doutor em
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 9
 #MEIO AMBIENTE
geologia, esse é um processo complica-
do “pois eles entraram em contato com
outros ecossistemas e espécies, muitas
vezes com atividades antropogênicas
(interferência humana)”.
Mas, não haverá outra solução, será ne-
cessário a adaptação de todo o planeta.
Contudo, José Rodrigues alerta “será
necessário que o planeta se adapte, mas
isso nem sempre é fácil, afinal haverá
diversas perdas, sejam elas matérias,
financeiras, ou até mesmo a própria
vida. Pois, no caso dos seres humanos,
existirão aqueles que não poderão se
deslocar por falta de recursos ou ou-
tros fatores”.
Previsões
Apesar do estudo da Climate Central
apontar o período de 2030 a 2100 para
que esta previsão se concretize, de acor-
do com Rodrigues, não é possível ter
certeza, visto que os modelos de estudo
se baseiam na perspectiva de que não
haja mudanças referentes a emissão
do CO2 e matriz industrial.
“Porém, existe essa preocupação, esta-
mos observando a criação de comitês
internacionais, a divulgação de informa-
ções para a sociedade, e isso fará com
que possamos mudar nossa relação
com o meio ambiente e o consumo,
diminuindo a emissão desses gases e
consequentemente da temperatura.
Além disso, existem as diversas mu-
danças climáticas que não nos permi-
tem prever exatamente quando esse
aumento aconteceria”, comentou.
Então, o principal agora é a mudança
no comportamento social, e isso é
muito difícil, não existe uma resposta
única e fácil. Mas, diria que o caminho
está na ciência e na união dos povos em
busca de um denominador comum.
José Rodrigues, Doutor em geologia e oceanografia
10 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
COP 26
No dia 13 de novembro, após duas semanas de negociações, os quase
200 países presentes na conferência das Nações Unidas sobre mudanças
climáticas, assinaram um acordo para tentar garantir o cumprimento da
meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
O texto estabelece a necessidade de redução global das emissões de dióxido
de carbono em 45% até 2030, na comparação com 2010, e de neutralidade
de liberação de CO2 até 2050 (quando emissões são reduzidas ao máximo
e as restantes são totalmente compensadas por reflorestamento e tecno-
logias de captura de carbono da atmosfera).
Porém, devido à pressão da Índia e da China, o trecho que falava em aban-
dono gradual do uso de carvão e subsídios a combustíveis fósseis, foi mo-
dificado. Em vez delimitarem a eliminação, o acordo aborda a diminuição
do uso dessas fontes. Contudo, José Rodrigues avalia de forma positiva o
resultado, afinal a sociedade ainda depende muito dos combustíveis fosseis.
Contudo, o Doutor em geologia e ocea- zando os recursos renováveis. Mas,
nografia ressalta a importância do pla- principalmente é preciso que haja uma
nejamento, principalmente entre as na- transformação no padrão de consumo
ções pobres e em desenvolvimento. Ele da sociedade, pois se as nações con-
diz “Salvador, por exemplo, publicou há tinuarem visando atingir o nível dos
algumas semanas, 50 propostas para países desenvolvidos, isso aumentará
adaptação das atividades econômicas, o número de mecanismos poluido-
do turismo, transporte e moradia. Isso res como carros, indústrias, ar-condi-
é muito importante, principalmente, cionados, entre outros. Dessa forma,
para os países pobres ou em desenvol- mesmo que as energias limpas sejam
vimento, como é o caso do Brasil, pois, utilizadas, ainda impactarão o planeta
esses lugares não têm recursos para negativamente.
uma adaptação imediata. “Então, o principal agora é a mudança no
Mudanças comportamento social, e isso é muito
difícil, não existe uma resposta única e
Para garantir que planeta não atinja fácil. Mas, diria que o caminho está na
o aumento na temperatura de 1,5ºC, ciência e na união dos povos em busca
é necessário que mudanças ocorram de um denominador comum”, finalizou
na matriz energética mundial, priori- José Rodrigues.
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 #LEGISLAÇÃO

PRESIDENTE DO CREA-BA
SUGERE ALTERAÇÕES
NAS RESOLUÇÕES
1066/2015 E 1025/2019
Mudanças têm como objetivo flexibilizar
cobranças do sistema e beneficiar registrados

N
o mês de outubro, o
Colégio de Presidentes
de Creas (CP), se reu-
niu na capital baiana
para sua 5ª reunião,
com debates voltados para solu-
ções digitais de aprimoramento
de prestação de serviços do Siste-
ma Confea/Crea aos profissionais
de Engenharia, Agronomia e Geo-
ciências. Na ocasião, o presiden-
te do Crea-BA, Joseval Carqueija,
sugeriu mudanças nas Resoluções
1066/2015 e 1025/2019.
Foto: katemangostar | freepik

12 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021


O foco das alterações está nos critérios
de cobranças das anuidades, serviços
e multas pagos pelos profissionais e
empresas registradas no Sistema. As
mudanças foram aprovadas com una-
nimidade pelos participantes do evento,
e o próximo passo é passar pela apro-
vação no plenário do Confea.
O texto exposto sugere modificação
dos artigos 7º, incisos I e II, e 20º, da
Resolução 1.066/2015, com o objetivo
de flexibilizar as formas de pagamento
no atual contexto de crise econômica
nacional. “Vivemos um momento de
instabilidade econômica, muitos pro-
fissionais perderam seus empregos ou
estão com dificuldade de ingressar no
mercado de trabalho. Por isso estamos
propondo alternativas de flexibilização
desses pagamentos”, esclarece o presi-
dente do Crea-BA, Joseval Carqueija.
A proposta visa a concessão de descon-
tos de até 90% no valor da anuidade em
dois casos. Um deles prevê o abatimen-
to nas duas primeiras anuidades dos
recém-formados, caso seja solicitada
até 180 dias após a data de conclusão
do curso. Esse benefício é concedido
atualmente apenas no primeiro ano. A
segunda proposta abrange as Socieda-
des Limitadas Unipessoais (SLU), que
poderão ser incluídas no inciso II do
artigo 7º, caso o assunto seja aprovado
Confira os benefícios aos profissionais:
• 2 anuidades com desconto para recém-formados
• Login e senha presentes na ART equivalentes
a uma assinatura virtual
• Parcelamento da anuidade em até 10x
• Retirada da obrigatoriedade
do laudo técnico da CAT
• Inclusão das empresas do
segmento Sociedade Limitada
Unipessoal (antiga eireli)
no desconto para as
empresas individuais
LEGISLAÇÃO
Foto
pelo plenário federal. Foi proposto ainda, : Di
vu
lga
çã
a ampliação do parcelamento dos valo- o|
Cr
res das anuidades de pessoas físicas e
ea
-B
A
jurídicas de seis para dez vezes.
A modificação do artigo 5º e revogação
do artigo 58º e seu parágrafo único,
constantes da Resolução 1.025/2009,
que dispõe sobre Anotação de Res-
ponsabilidade Técnica (ART) e Acervo
Técnico Profissional, também foram
sugeridas pelo Regional baiano. Com
isso, o cadastro da ART poderá ser efe-
tivado pelo profissional mediante pre-
enchimento de formulário eletrônico,
e senha pessoal e intransferível, que
funcionará como assinatura eletrônica,
dispensando assim rubrica de termo de
responsabilidade, como hoje determina
o artigo 5º do normativo. Vivemos um
Caso o conselho federal acate a suges-
tão, a revogação do artigo 58º dispen-
momento de
sará, por exemplo, a exigência de laudo instabilidade
técnico emitido por profissional do Sis-
tema Confea/Crea quando a empresa econômica, muitos
contratante não possuir profissional
para assinar o atestado técnico. “A pro- profissionais
posta visa coibir o acobertamento pro-
fissional já identificado em ações de
perderam seus
fiscalização”, esclarece Carqueija. empregos ou estão
Nas redes sociais do Crea-BA os segui-
dores apoiaram as alterações propos- com dificuldade
tas, que agora podem ser apreciadas e
votadas no plenário do Confea. de ingressar
no mercado de
trabalho. Por isso
estamos propondo
alternativas de
flexibilização desses
pagamentos.
Joseval Carqueija,
presidente do Crea-BA
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 13
 #TECNOLOGIA

DOIS ANOS DE CIRURGIA

ROBÓTICA NA BAHIA
Procedimento é considerado o futuro da medicina, e traz
à tona a importância da engenharia na área de saúde
14 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
 TECNOLOGIA

Foto: Denes Farkas | iStock

Através da cirurgia
robótica é possível
ter uma melhor
visualização e
realizar cirurgias
com maior
conforto, precisão
e segurança.
À medida que o
cirurgião move as
mãos e os dedos, o
robô reproduz seus
movimentos no
corpo do paciente.
Dr. Nilo Jorge Carvalho Leão Barreto,
coordenador do núcleo de uro-oncologia
das Obras Sociais Irmã Dulce e do Instituto
Baiano de Cirurgia Robótica

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á pouco mais de dois anos acontecia a primei-

ra cirurgia robótica na Bahia. A técnica é a mais
moderna em procedimentos minimamente in-
vasivos, e é conduzida por cirurgiões com a as-
sistência do robô Da Vinci. Referência em inves-
timento em ciência e tecnologia, o Hospital Santa Izabel foi
pioneiro na realização do procedimento no estado, em 2019,
e a técnica vem se consolidando como padrão de tratamen-
to em muitas especialidades médicas.

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 15

 #TECNOLOGIA
Fo
to
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ce
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op
ess
oal
Entre as áreas que mais operam com
esta tecnologia destaque para a urolo-
gia, ginecologia e a cirurgia bariátrica.
E em Salvador, além do Hospital Santa
Izabel, os Hospitais São Rafael e Aliança
também já realizam cirurgias médicas
com o apoio de robôs.
O Dr. Nilo Jorge Carvalho Leão Barreto,
Coordenador do núcleo de uro-oncologia
das Obras Sociais Irmã Dulce e do Ins-
tituto Baiano de Cirurgia Robótica, es-
clarece que nesta modalidade cirúrgica,
o médico opera através de um console,
espécie de joystick, com uma série de
recursos que incluem a visualização
em três dimensões e a ampliação da
imagem do campo cirúrgico em alta
definição, o que permite a visualiza-
ção de microestruturas e a filtragem
de tremores das mãos, fundamental
para procedimentos de longa duração.
“Através da cirurgia robótica é possí-
vel ter uma melhor visualização das
estruturas intra cavitárias e acessar e
realizar cirurgias com maior conforto,
precisão e segurança. À medida que
o cirurgião move as mãos e os dedos,
o robô reproduz seus movimentos no
corpo do paciente”, complementa.
Para o engenheiro mecânico Leonar-
do Cotrim, conselheiro do Crea-BA, os
avanços em saúde sempre estão atre-
lados às pesquisas de engenharia. “O
desenvolvimento da engenharia den-
tro do campo hospitalar é gigantesco
e faz parte da história da evolução da
16 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
O desenvolvimento da engenharia
dentro do campo hospitalar é
gigantesco e faz parte da história
da evolução da medicina.
Tais avanços vão desde o uso de
novos materiais, nanotecnologia,
equipamentos de imagem e
diagnósticos, tratamentos contra
o câncer até as cirurgias robóticas.
Leonardo Cotrim, engenheiro mecânico e conselheiro do Crea-BA
medicina. Tais avanços vão desde o uso
de novos materiais, nanotecnologia,
equipamentos de imagem e diagnós-
ticos, tratamentos contra o câncer até
as cirurgias robóticas”, diz.
Robô em ação
Os benefícios na utilização do robô são
muitos. Entre eles, além de maior preci-
são e percepção de profundidade, exis-
tem menos riscos quando comparados
a procedimentos mais complexos, além
de cortes menores e menor tempo de
recuperação do paciente. Além disso,
o conforto para o cirurgião e a redução
do tempo das cirurgias.
“Hoje, no âmbito privado, 100% das
minhas cirurgias para tratamento de
câncer de próstata e rim são feitas
através da cirurgia robótica. Cerca de
70% das cirurgias para malformações
congênitas renais e hérnias inguinais
também”, sinaliza Barreto.
Isso demonstra que existe muito es-
paço no mercado para engenheiros
mecânicos e clínicos, que se mostram
altamente capacitados para exercer
esse papel. Sendo assim, um possível
mercado em expansão para quem se
especializar. Cotrim esclarece que o En-
genheiro Clínico participa dos processos
de gestão dos equipamentos e infraes-
trutura tecnológica e de um hospital,
mantendo-os em operação, atrelado ao
Plano de Manutenção, Operação e Con-
trole (PMOC), garantindo a segurança e
Mais de 55 mil
cirurgias
feitas no Brasil até 2020
821 cirurgias
desde a chegada do Da Vinci
em Salvador
disponibilidade dos equipamentos para
os profissionais de saúde e pacientes.
“O profissional de Engenharia precisa
garantir que os equipamentos e a in-
fraestrutura tecnológica a ser usada
para cirurgias e tratamentos estejam
em plenas condições de uso, calibradas,
com PMOC devidamente realizado e que
ofereçam segurança para os seus usuá-
rios passivos e ativos”, completa Cotrim.
Nos últimos anos, a demanda tem au-
mentado de forma significativa, mas a
popularização da cirurgia robótica ainda
é uma realidade iminente, e só depende
da maior oferta de produtos por parte
da indústria. “Com a quebra da patente,
além do Da Vinci, da Intuitive-Strattner,
marca que reinou no mercado sozinha
por mais de 20 anos, empresas como
a Medtronic, CMR e Google prometem
novos robôs. Com novos robôs, os insu-
mos deverão ficar mais baratos e mais
pacientes terão acesso à tecnologia”,
finaliza Barreto.

Como surgiu a
cirurgia robótica?
A prática médica da cirurgia robótica
começou em 1999, com o lançamen-
to do robô Da Vinci, que auxiliava as
operações médicas. A técnica che-
gou ao Brasil em 2008.
Para que serve a
cirurgia robótica?
A cirurgia robótica pode ser feita
para tratar diversas doenças. Tra-
tamentos como a Prostatectomia,
que é a retirada total ou parcial da
próstata, e a cistectomia, que é a
retirada total ou parcial da bexiga,
podem, por exemplo, ser realizados
utilizando o robô.
Entre as especialidades médicas que
mais fazem uso da cirurgia robótica
estão a urologia, a ginecologia e a
cirurgia bariátrica.
O preço da cirurgia robótica e as in-
dicações variam de acordo com cada
caso e somente o médico é capaz de
orientar se a estratégia de aborda-
gem cirúrgica com robô é a melhor
alternativa para o paciente.
Ilustração: macrovector | freepik
Como é realizada? Quais as
Na cirurgia robótica, o robô é contro- vantagens?
lado por um médico, que faz os pro-
cedimentos com o auxílio da imagem
de uma câmera 3D, através dos bra-
ços mecânicos. A câmera 3D permite
que o médico veja a área da cirurgia
com maior definição e profundidade,
o que facilita a realização das ações
do robô, controladas pelo médico por
meio de um console estilo “joystick”,
similar ao de um videogame.
O robô utilizado para cirurgias ro-
bóticas permite que o médico mo-
vimente os equipamentos por meio
dos braços mecânicos em até 360°,
permitindo uma liberdade de movi-
mento maior até do que a que ele
teria com seu punho. Os braços me-
cânicos do robô são capazes de dar
mais estabilidade ao movimento da
mão do profissional de saúde, remo-
vendo, por exemplo, possíveis tre-
mores que a mão humana pode ter.
TECNOLOGIA
A cirurgia robótica possui muitas
vantagens em comparação à tra-
dicional. Por ser feita com um robô,
ela é a garantia de precisão e é bem
menos invasiva do que o procedi-
mento tradicional.
Além disso, o procedimento facilita o
acesso a diversas estruturas do cor-
po, possibilitando maior amplitude
de movimento, maior visão da área
a ser tratada e a redução da perda
de sangue, do tempo de cirurgia, do
desconforto no pós-operatório e do
risco de infecção. Outra vantagem é
o tempo de recuperação do paciente
reduzido em relação ao tratamento
tradicional.
• Menos sangramento do paciente
• Menor tempo de internação
• Menos dor
• Retorno precoce às atividades la-
borais
• Melhor visão por parte do médico
• Movimentos mais precisos e sem
tremor
• Melhor ergonomia para o cirurgião
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 17
 #MATÉRIA DE CAPA

LOGÍSTICA
NA BAHIA
Destaques e entraves de
um setor primordial para
os negócios no estado

A
Bahia já nasceu industrial. Durante décadas, o
estado foi líder no Nordeste em número de in-
dústrias. Nos últimos anos, passou a ocupar a
nona posição em número de unidades locais, fi-
cando atrás apenas do Ceará, que assumiu a li-
derança desse indicador na região. Sediamos o Polo Indus-
trial de Camaçari, que abriga algumas das maiores empre-
sas do mundo, e em todo o estado, indústrias de diversos
segmentos movimentam a economia e geram milhares de
empregos. Além disso, a Bahia é um dos maiores produto-
res de soja do país e se destaca na produção agropecuária,
alcançando relevantes posições e ocupando a liderança na-
cional na produção de diversos produtos agrícolas.

18 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

Ilustrações: upklyak | freepik MATÉRIA DE CAPA

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 19

 #MATÉRIA DE CAPA

Esse cenário favorável para o cresci-
mento industrial e agrícola é discre-
pante em relação aos investimentos
realizados na área de logística e às atu-
ais condições das estradas e de outras
formas de escoamento da produção
do estado. De acordo com a Pesquisa
CNT de Rodovias 2021, divulgada pela
Confederação Nacional do Transporte,
as estradas baianas se encontram em
situação de bastante desgaste. Apesar
de alguns avanços como a inauguração
de pontes e da Ferrovia de Integra-
ção Oeste-Leste (FIOL), além da futura
construção da Ponte Salvador-Itapa-
rica, ainda há muito a se investir para
promover melhorias efetivas, gerando
assim investimentos para a região e
geração de emprego e renda.
A pandemia da Covid-19 trouxe à tona
7,5% do território nacional, e se distribui
por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco,
Alagoas, Goiás e Distrito Federal.
Nos trilhos da FIOL
Com aproximadamente 1527 km de ex-
tensão, a Ferrovia ligará o futuro porto
de Ilhéus, no litoral baiano, a Figueiró-
polis, no estado do Tocantins, ponto em
que se conectará com a Ferrovia Norte-
-Sul. A FIOL é um corredor logístico es-
sencial, de interesse regional e nacional
para a mineração, para o agronegócio e
todos os demais setores que precisam
escoar seus produtos e receber insumos,
máquinas e implementos agrícolas.
Eduardo Ledsham, CEO da BAMIN, acre-
dita que a FIOL é um empreendimento
de importância vital para a empresa,
para o agronegócio, além de outras ca-
deias produtivas. “A BAMIN poderá atin-
gir nos próximos cinco anos a produção
de 18 milhões de toneladas anuais de
minério de ferro. A BAMIN utilizará ape-
nas um terço da capacidade da ferrovia,
que é de 60 milhões de toneladas por
ano. Os outros dois terços do potencial
de transporte serão disponibilizados ao
mercado”, completa.
A estimativa do Ministério da Infraes-
trutura é que mais de 55 mil empregos
sejam gerados direta e indiretamente.
A ferrovia também trará oportunidades
para cargas regionais, alavancando
as cadeias produtivas instaladas no
percurso.

Foto: Divulgação
diversas discussões sobre esse tema,
por isso hoje trouxemos alguns desta-
ques do nosso estado, além dos gargalos
que nos fizeram perder a liderança nor-
destina em número de indústrias para o
estado do Ceará, e pode nos fazer perder
muito mais se o alerta não for feito.

As hidrovias
brasileiras
Esse modal de transporte tem diver-
sas vantagens, com destaque para os
baixos impactos ambientais e meno-
res custos de deslocamento. Porém,
a lentidão ainda é uma grande des-
vantagem. De acordo com a CNT, este
modal está sendo cada vez mais usado,
muito por conta dos custos mais bai-
xos do que o transporte por rodovias
e ferrovias.
A hidrovia do São Francisco é importan-
te para o transporte de cargas, sobre-
tudo, derivadas do agronegócio, como
os grãos, além de fazer a conexão com
outros modais, facilitando o escoamen-
to dessas mercadorias para o exterior.
Ela se destaca como a via mais econô-
mica de ligação entre o Centro-Sul e
o Nordeste do País. Com 2.354 km de
extensão, se estende pelos rios São
Francisco, Paracatu, Grande e Corrente.
A Bacia do Rio São Francisco, com 641
mil km² de área, representa cerca de Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL)
20 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
 MATÉRIA DE CAPA

Você sabe como os trilhos
da FIOL chegaram até aqui?
As mais de 20 mil toneladas de
trilhos destinadas ao trecho II da
ferrovia desembarcaram no Ter-
minal de Contêineres do Porto de
Salvador. Vindos da China, os navios
trouxeram 20.035 trilhos para a
ligação da FIOL entre Caetité e Bar-
reiras. O terminal tem expertise na
operacionalização das chamadas
cargas de projeto, com medidas de
proporções gigantes e que exigem
equipe especializada e infraestru-
tura de ponta.
“O nosso know-how foi conquistado
através da experiência com projetos
similares e de grande relevância
para a população, ocorridos em anos
anteriores, tais como o recebimento
dos trilhos do metrô de Salvador
e peças para grandes parques de
energia solar e eólica localizados
em diferentes pontos do país. A
economia da Bahia ganha quando
temos modais eficientes e que se
A economia da
Bahia ganha
quando temos
somam para promover o maior e
mais seguro escoamento de cargas, modais eficientes
cujo resultado é o desenvolvimento
sustentável que reverbera para toda
e que se somam
a sociedade”, ressalta Demir Lou- para promover
renço, diretor executivo do Tecon
Salvador, unidade de negócios da o maior e mais
Wilson Sons. seguro escoamento
O terminal da capital baiana está
em fase de nova expansão, com de cargas, cujo
duplicação de cais e retroárea adi-
cional de 30.000m² já concluídos.
resultado é o
Parte dos trilhos da FIOL será arma- desenvolvimento
zenada nesse espaço até que sejam
completamente transportados ao sustentável que
seu destino final. O Tecon Salvador
conta com infraestrutura similar
reverbera para
às dos maiores portos do mundo, toda a sociedade.
com logística 4.0 e equipamentos
com alta tecnologia, que inclui 3 Demir Lourenço,
diretor executivo do Tecon Salvador
STS New Panamax, 3 Super Post-
-Panamax, 3 STS Panamax e 16
RTGs elétricos, todos com sistema F ot
o:
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regenerativo de energia. er
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p e

ss
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CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 21

 #MATÉRIA DE CAPA

Contribuindo com

Foto: Divulgação
o desenvolvimento
da economia local
O Tecon é hoje um dos mais importan-
tes instrumentos de atração de novos
negócios e de investimentos para o es-
tado da Bahia. Dispondo da Via Expressa
Baía de Todos os Santos, que garante
acesso exclusivo à BR-324, principal
rodovia federal que liga Salvador aos
demais estados brasileiros, opera uma
área de 163.200 m² e tem capacidade
para movimentar 552 mil TEU por ano.
Possui 03 guindastes de cais STS (Ship- Terminal de Contêineres do Porto de Salvador (Tecon)
-to-Shore) New Panamax e 03 guindas-
tes STS Panamax, 16 guindastes de pá-
tio RTG (Rubber-Tyred Gantry),05 reach a escalar a costa brasileira em futuro New Panamax e siga posicionada estra-
stackers, 03 side loaders e 44 terminal próximo, com 366 metros de compri- tegicamente entre as principais rotas
tractors. Conta ainda com o sistema mento e capacidade para transportar comerciais do mundo. Com os novos
operacional Navis N4, líder global em até 14 mil TEU. parâmetros, importadores e exportado-
gestão de terminais portuários. Os navios de grandes dimensões são res dos estados da Bahia, Minas Gerais,
Com as obras de expansão, o terminal uma tendência mundial e, em breve, Tocantins, Maranhão, Piauí, Pernambu-
passa a contar com 800m de cais linear, serão padrão na navegação mundial. co e Sergipe passam a ter mais opções
podendo atender, simultaneamente, “Os investimentos em infraestrutura para receber ou enviar mercadorias ao
dois navios New Panamax, os maiores no Tecon Salvador são fundamentais mercado internacional pelo porto da
porta-contêineres que deverão começar para que a Bahia integre o itinerário dos capital baiana”, destaca Lourenço.

22 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

 MATÉRIA DE CAPA

Transporte Entre janeiro e junho deste ano, o Cor-

redor Minas-Bahia movimentou cerca
F ot
o:
Ac
er
vo

de cargas via
p e
de 4 milhões de toneladas. O volume

ss
oa
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é 32% maior do que o mesmo período
rodovias baianas de 2020. Além disso, a VLI ampliou em
A logística de integração para distri- 25% o número de clientes atendidos
buição de itens da Bahia para outros via Corredor Minas-Bahia nos últimos
estados acontece basicamente por dois anos.
meio das estradas baianas. De acordo
Ainda temos

com informações da CNT, 61,2% da
malha rodoviária pavimentada ava-
liada do estado apresenta algum tipo
de problema, sendo consideradas re-
gulares, ruins ou péssimas; e 38,8%
da malha são consideradas ótimas
ou boas.
A VLI, uma das empresas que atua no
transporte de cargas via Corredor Mi-
nas-Bahia, ramal integrante da Ferrovia
Centro-Atlântica (FCA), conta que as
operações regulares se dão principal-
mente com a movimentação de deriva-
dos de petróleo, cal, químicos, minério
de ferro, minério de cromo, minério de
magnesita, cimento e contêineres. A
circulação de cargas no estado regis-
trou um crescimento no volume de
cerca de 20% entre 2019 e 2020.
muito a melhorar
Os dados da pesquisa da CNT mostram
ainda que o custo operacional devido
às condições do pavimento no estado
geram um aumento de custo operacio-
nal do transporte de 29,4%. Isso aca-
ba refletindo na competitividade do
Brasil e no preço dos produtos. Para
recuperar as rodovias na Bahia, com
ações emergenciais, de manutenção
e de reconstrução, são necessários R$
5,4 bilhões.
Outra informação relevante da pesqui-
sa alerta sobre um impacto que está
diretamente ligado à nossa qualidade
de vida: o meio ambiente. Somente em
2021, a estimativa é que haverá um con-
Aroldo Cecílio,
Gerente Comercial de
Industriais e Minerais​da VLI
sumo desnecessário de 79,3 milhões de
litros de diesel devido à má qualidade
do pavimento da malha rodoviária no
estado. Esse desperdício custará R$
349,26 milhões aos transportadores,
além de trazer inúmeras consequên-
cias para a nossa população, animais,
fauna e flora.

Foto: Divulgação

Trem da VLI
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 23
 #MATÉRIA DE CAPA
Pontes
para o futuro
Salvador-Itaparica
A Ponte Salvador-Itaparica é uma das
maiores obras estruturantes do estado
da Bahia e, quando inaugurada, será um
novo setor logístico para Salvador. Com
quase 12,5 quilômetros de extensão,
o equipamento terá investimento de
R$ 5,4 bilhões e aporte total do Estado
de R$ 1,5 bilhão, sendo destinado a ser
a maior ponte sobre lâmina d’água da
América Latina.
Cerca de 24 municípios serão benefi-
ciados com o encurtamento da distân-
cia com Salvador, reduzindo o tempo
de viagem em mais de 40%, por não
mais ser necessário realizar o contorno
de 100 quilômetros pela BR-101 para
acessar a capital baiana.
“Essa é mais uma importante e estrutu-
rante obra para o crescimento econômi-
co do nosso estado, para a geração de
emprego e para a integração do desen-
volvimento com as cidades do interior”,
afirma João Leão, Vice-Governador e
24 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
Secretário de Planejamento da Bahia.
O Consórcio responsável pela obra é
formado pelas empresas China Railway
20 Bureau Group Corporation - CR20;
CCCC South America Regional Company
S.Á.R.L e China Communications Cons-
truction Company Limited - CCCCLTD,
vencedor da licitação.
Ponte
Barra - Xique-Xique
No início do mês de dezembro, o Gover-
no do Estado inaugurou a Ponte Barra
- Xique-Xique. Com seus mais de mil
metros de extensão sobre o Rio São
Francisco, a obra transforma, definiti-
vamente, o cenário na ligação entre o
oeste e o centro-norte do estado, be-
neficiando diretamente cerca de 2,5
milhões de baianos.
Até a chegada da ponte, balsas e barcos
cumpriam o dever de transportar veí-
culos e pessoas entre os dois lados do
rio, percurso que, considerando o tempo
de espera, poderia durar mais de 1 hora.
Essa realidade se tornou passado com
a chegada da obra estruturante com
investimentos de R$ 133 milhões.
“Essa ponte não é apenas uma obra de
concreto. É uma importante ligação
entre duas regiões com forte vocação
agrícola, que são o Oeste e a região
de Irecê. Também estamos integran-
do essas duas regiões com o norte da
Bahia. Presenciaremos, no futuro breve,
o impacto econômico dessa obra no
desenvolvimento dessa região. É um
momento de alegria, investimentos que
transformam a atividade econômica e
transformam a vida das pessoas”, afirma
o governador Rui Costa.
Para o vice-governador João Leão, “essa
obra representa muita coisa boa e um
futuro muito grande. Estão construindo
aqui na região usinas de açúcar, gran-
des projetos de irrigação, e ainda virão
muitas obras que vão se complementar
com essa ponte”, complementou.
Além da ponte, outras obras de me-
lhorias foram realizadas na BA-160,
integrante do Sistema Viário BA-052,
como restauração de 28 quilômetros,
implantação de baias de emergência e
pontos de parada de ônibus, correções
na geometria da rodovia e melhoria de
acessos locais.
Foto: Divulgação
Ponte Salvador-Itaparica

A ponte As intervenções geraram cerca de 350
empregos diretos e 50 indiretos, e são
Salvador- fruto da Parceria Público-Privada (PPP)
entre a Secretaria de Infraestrutura
Itaparica é mais do Estado (Seinfra) e a Concessioná-
uma importante ria Estrada do Feijão (Concef), com a
participação da Agência Estadual de
e estruturante Regulação de Serviços Públicos de
obra para o Energia, Transportes e Comunicações
da Bahia (Agerba) como agente fisca-
crescimento lizador. “A ponte vai integrar duas regi-
ões produtivas na área da agricultura
econômico do e do agronegócio, permitindo não só a
nosso estado, interação entre essas regiões como o
escoamento da safra nos dois sentidos,
para a geração de para o leste e para o oeste da Bahia. Foi
um compromisso do Governo do Esta-
emprego e para do, que entregou uma obra desta mag-
a integração do nitude em tempo recorde”, destacou o
secretário estadual de Infraestrutura,
desenvolvimento Marcus Cavalcanti.
com as cidades O futuro já chegou
do interior. Diante de tantos pontos a serem me-
lhorados, resta a esperança de que
João Leão,
Vice-Governador e Secretário esses novos meios de circulação e es-
de Planejamento da Bahia coamento no nosso estado sejam al-
ternativas de ponta para acompanhar
Fo
to
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sco
m|
SD E
MATÉRIA DE CAPA
o crescimento de nossa produtividade,
gerando emprego e renda, diretamente
ligados ao desenvolvimento da econo-
mia local. Especialistas apontam que
rodovias, ferrovias, hidrovias, aeropor-
tos e portos são fatores chaves de su-
cesso para uma integração social, cul-
tural e econômica de qualquer região,
Estado ou País.
De acordo com a Secretaria de Infra-
estrutura da Bahia (Seinfra), a Bahia
é um dos estados pioneiros na busca
de soluções para os entraves logísti-
cos, contando com programas como o
PAC (Programa de Aceleração do Cres-
cimento) e o PNLT (Plano Nacional de
Logística e Transportes).
“O Estado da Bahia está longe de ser
benchmark em infraestrutura logística
e certamente necessita de importan-
tes intervenções nesse setor, porém,
é fato também que possui diferenciais
relevantes em relação a outros Esta-
dos da União, constituindo-se em um
ponto forte para atração de novos e
importantes empreendimentos”, con-
clui o engenheiro mecânico Leonardo
Sanches, gerente do SENAI Cimatec.
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 25
 #PROFISSÃO: ENGENHARIA METALÚRGICA Foto: Kateryna Babaieva | Pexels

ENGENHARIA
METALÚRGICA:
ESCASSEZ DE
CURSO SUPERIOR
DIFICULTA MERCADO
DE TRABALHO
Empresas necessitam recorrer
a outras engenharias para
suprir demanda

26 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021


A
engenharia metalúrgica apresenta um cenário promis-
sor na Bahia, devido ao crescimento do setor na região.
Somente no primeiro semestre deste ano a minera-
ção baiana atingiu um aumento superior a 53% em
sua produção, proporcionando ao estado conquistar
o terceiro lugar no ranking dos maiores produtores de minerais
do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
“A engenharia metalúrgica tem um pa-
pel importante no estado da Bahia, dado
que as indústrias de grande porte de
mineração e metalurgia fazem parte
do mix industrial do estado. Podemos
citar empresas que são referências e
dependem da engenharia metalúrgica
como USIBA - Gerdau, Grupo Parana-
panema, Ferbasa, Magnesita, Bamin,
Atlantic Nickel dentre outras”, destaca
o conselheiro da Câmara Especializada
de Engenharia Mecânica e Metalúrgica
do Crea-BA, Leonardo Cotrim.
Além disso, esta profissão também
colabora com o setor siderúrgico do
estado, que atualmente apresenta pers-
pectivas promissoras. A Bahia Minera-
ção (Bamin), por exemplo, exportará
até o final de 2021, 490 mil toneladas
de minério de ferro, alavancada pela
construção do Trecho 1 da Ferrovia de
Integração Oeste Leste – FIOL, fator que
contribui diretamente para o fortaleci-
mento da economia da região.
Mercado
de trabalho
Porém, apesar desse cenário otimista,
as oportunidades de trabalho para o
engenheiro metalúrgico na Bahia ain-
da são escassas. Situação ocasionada
principalmente devido à falta desse
curso nas instituições de ensino supe-
rior do estado. Leandro Cotrim explica
“talvez não exista interesse das ins-
tituições de ensino público e privada
em ofertar um curso tão específico no
estado. Contudo, os profissionais com
formação em engenharia mecânica e
engenharia de materiais tendem a su-
prir parte da falta desse profissional”,
disse Leandro Cotrim.
#PROFISSÃO: ENGENHARIA METALÚRGICA
Sem a oferta
razoável desses
profissionais no
estado, as empresas
não conseguem
captar esse tipo
Essa adesão por engenheiros mecâni- de mão de obra,
cos e de matérias, para preencher as
funções pode ser explicada segundo
dessa forma as
Cotrim, devido à engenharia metalúr- oportunidades
gica ser uma perfeita fusão entre os
dois primeiros cursos. Todavia, ela exige tornam-se mais
conhecimentos específicos nos proces-
sos de fabricação dos metais e das pro-
escassas.
Leonardo Cotrim,
priedades físicas, químicas, mecânicas,
Conselheiro do Crea-BA
estruturais para produção e processa-
mento dos materiais metálicos.
Porém, segundo o conselheiro Leonardo, F ot
o:
Ac
er
vo
a profissão possui potencial para ser p e
ss
mais explorada no estado, mas para isso,
oa
l
é necessário que primeiro haja uma ofer-
ta de cursos de engenharia metalúrgica.
Ele afirma “sem a oferta razoável desses
profissionais no estado, as empresas
não conseguem captar esse tipo de mão
de obra, dessa forma as oportunidades
tornam-se mais escassas”.
Além disso, Cotrim ainda ressalta que
estas graduações precisam possuir uma
carga horária compatível com os cursos
de mecânica e materiais. Pois, depen-
dendo da instituição que o profissional
cursar, o mesmo poderá adquirir habili-
tações muito restritas para o mercado Como consequência, nos próximos será
de trabalho da Bahia. necessária a ampliação da extração, be-
“Dado que, se comparados o curso de neficiamento, transformação, produção e
metalúrgica ofertado atualmente pela conformação dos metais, produtos e sub-
USP, com os cursos de engenharia me- produtos. O que resultará no crescimento
cânica ofertados pela UFBA e UFRB, o da industrial siderúrgica e metalúrgica,
primeiro possui uma carga horária mí- perspectiva que implica diretamente na
nima de 2475 horas, enquanto os outros ampliação do mercado de trabalho para
possuem carga horária mínima superior os engenheiros metalúrgicos.
a 4000 horas” explicou o conselheiro. “Creio que nos próximos anos, prin-
Expectativas cipalmente após a crise gerada pela
Covid-19, ocorrerá a retomada do cres-
A demanda por matéria-prima para a cimento industrial, o que aumentará a
fabricação de ferro, ligas metálicas, ba- demanda e tratará grandes oportunida-
terias e diversos componentes metáli- des para os engenheiros metalúrgicos”,
cos está crescendo consideravelmente. finaliza Leonardo Cotrim.
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 27
 #MODA

MODA E
ENGENHARIA:
UM ENCONTRO
DE SUCESSO
Conheça a marca Flee, criada por
um engenheiro civil e que tem
como foco a moda sustentável

Fo
to
s:
fre
ep
ik

28 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

 MODA

A
moda e a engenharia
parecem áreas com-
pletamente diferen-
tes, não é mesmo?
Mas desse encon-
tro inusitado podem resultar
experiências únicas. Um exem-
plo disso é a marca Flee, nasci-
da em Fortaleza (CE), no ano de
2014. Criada por uma educado-
ra, três jovens engenheiros do
Instituto Tecnológico de Aero-
náutica (ITA) e um designer, a
marca conseguiu unir compe-
tências de design e tecnologia
para construir uma moda em
conjunto com as suas clientes.
O engenheiro civil Orlando Lustosa é
um dos criadores e conta que a sus-
tentabilidade é o elemento central da
marca. “Buscamos trazer um olhar sobre
a moda de forma mais sustentável não
só na utilização de materiais ambien-
talmente corretos, mas do processo
como um todo: na gestão dos resíduos
que a gente aplica, na sustentabilidade
econômica, cuidados na aquisição das
matérias-primas utilizadas”, diz.
Ele acredita que a sua formação em
engenharia fez toda a diferença na
criação e atuação da marca. “A moda é
um mercado complexo, e acredito que
tem muito espaço para engenheiros.
Temos uma alta capacidade resolutiva
que se encaixa em diversos mercados”,
completa.
E já são milhares de consumidoras im-
pactadas em todo o país com uma moda
praia que busca celebrar a sustentabili-
dade e a liberdade do corpo da mulher. A
mobilidade dos biquínis, maiôs e roupas
de praia da Flee é resultado de um tra-
balho realizado em conjunto. Atuando
diretamente no mercado online com o
varejo, a frequência e a quantidade das
produções acontecem de forma coleti-
va, com designers de todo o Brasil, por
meio de parcerias.
Trabalho
transdisciplinar
Durante sua formação no ITA, o enge-
nheiro Orlando Lustosa não imaginou
aplicar os seus conhecimentos na área
de moda. A moda surgiu na sua vida
por influência da sua mãe e como uma
oportunidade de empreender no mer-
cado digital, usando tecnologia, proces-
sos e, assim, atingindo mercados que
ainda estavam inexplorados. No seu
negócio, a engenharia é o centro do
processo, tanto na parte de processos
fabris como em processos tecnológicos.
O tempo todo, buscamos caminhos
de otimização em material, custos e
sobretudo processos.
‘’O e-commerce é um tipo de mercado
em que se trabalha muito com números,
e a nossa aposta sempre foi em efici-
ência operacional. A forma de tornar
aquele design escalável e acessível às
pessoas passa por um processo indus-
trial que dominamos. É um mercado
analítico, sendo um grande trabalho de
engenharia de dados”, avalia Lustosa.
E tem muito mais sinergia entre En-
genharia e moda do que muita gente
pode imaginar. “Quando você coloca o
problema de tecnologia (e-commerce),
surgem várias oportunidades de otimi-
zação. Existem as questões de frete e
outras da própria tecnologia de plata-
formas, de marketing digital, que é a
engenharia pura. Independentemente
da área que o profissional es-

Engenharia Têxtil
A indústria têxtil brasileira é uma das que mais cresce no mundo. Segundo a
Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o Brasil ocupa a posição de 4º
maior parque produtivo de confecções e o 5º maior produtor têxtil do mundo.
O mercado de trabalho em Engenharia Têxtil é amplo, principalmente nas
regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país. Existem polos localizados no Agreste
Pernambucano, no Ceará, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e o polo têxtil
em Americana, São Paulo. De acordo com a Abit, o setor só tende a crescer,
afinal são mais de 20 mil indústrias na cadeia têxtil brasileira.

Mercado brasileiro
4º maior parque produtivo
de confecções do mundo

5º maior produtor têxtil do mundo

20 mil indústrias na cadeia têxtil nacional

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 29

 #MODA

F ot
o:
Ac
er
vo
p e

ss
oa
l

teja mais focado, seja Engenheiro Civil, 5. Mecânica aplicada;

de Computação etc, as competências
que a gente têm são interdisciplinares,
o que nos permite tratar problemas
de qualquer natureza que envolva da-
6. Mecânica dos fluidos;
7. Fenômenos de transporte;
8. Termodinâmica aplicada;

Independentemente dos: gestão e otimização, por exemplo”,

finaliza Orlando.
9. Tecnologia do tingimento
10. Controle de qualidade na confecção;
da área que o
O Curso de 11. Fibras têxteis;
profissional esteja 12. Processos e sistemas formadores
Engenharia Têxtil de fios;
mais focado, seja O curso de bacharelado em Engenharia 13. Processos e sistemas formadores
Engenheiro Civil, Têxtil tem duração de cinco anos e as de tecidos;
disciplinas variam a depender da facul-
de Computação etc, dade. O engenheiro têxtil não lida só
14. Tecidos não tecidos;
15. Cálculo;
as competências com tecido/roupas voltadas para moda,
mas com qualquer tipo de produto que 16. Tecidos técnicos;
que a gente têm são precise de fios, fibras ou estruturas em 17. Processos e sistemas de enobreci-
forma de tecido para ser produzido. Al- mento têxtil;
interdisciplinares, guns exemplos: cintos de segurança; 18. Controle de qualidade têxtil;
o que nos permite roupas esportivas; cobertura de estu-
fas; cordas; esteiras; redes de pesca;
19. Gestão ambiental;

tratar problemas de isolamento acústico; mantas geotér-

20. Tecnologia da confecção;
21. Gestão da cadeia têxtil de supri-
micas e até fraldas descartáveis.
qualquer natureza De acordo com o Ministério da Educação
mentos;

que envolva dados: (MEC), as disciplinas que os alunos vão 22. Instalações industriais têxteis;
encontrar na faculdade de Engenharia 23. Matemática;
gestão e otimização, Têxtil são: 24. Física;
por exemplo. 1. Ciência dos materiais; 25. Ética e meio ambiente;
2. Lavanderia industrial; 26. Ergonomia e segurança do trabalho;
Orlando Lustosa,
engenheiro civil e empreendedor 3. Química orgânica; 27. Relações ciência, tecnologia e so-
4. Química analítica; ciedade (CTS).

Conheça mais
sobre a marca:
www.useflee.com
usefleebr @useflee

30 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

 #GEOLOGIA

ALERTA PARA RISCO

DE DESLIZAMENTO
DE FALÉSIAS EM
MORRO DE SÃO PAULO
Aviso foi emitido após vistoria técnica realizada
na zona costeira de Gamboa e Morro de São Paulo

Foto: Sudec | Divulgação CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 31
 #GEOLOGIA
A
s falésias de Morro de São
Paulo são um ponto turís-
tico muito procurado pe-
los turistas que chegam
ao local, situado a 292 km
de Salvador. O cenário belíssimo tira
o fôlego de quem frequenta a região,
mas é preciso ter muito cuidado pa-
ra evitar possíveis acidentes.
No final do mês de outubro, o Crea-BA
divulgou uma nota oficial alertando
para riscos de deslizamentos dessas
falésias situadas na ilha de Tinharé, que
abriga Morro de São Paulo, na região do
município de Cairu.
O alerta foi emitido após vistoria rea-
lizada no local pela Superintendência
de Proteção e Defesa Civil (Sudec), e
Ministério Público Federal (MPF), atra-
vés da Ação Civil Pública nº 1000397-
32 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
33.2021.401.3301, que resultou em
algumas ações solicitadas ao município
visando alertar os frequentadores do
local sobre os riscos de deslizamentos.
Além disso, a Ação solicita a tomada de
algumas providências, entre elas a ofi-
cialização da Embasa, Coelba e Crea-BA
para informar aos seus engenheiros que
está proibida a realização de qualquer
obra, ou instalação de energia elétrica,
fornecimento de água, ou tratamento de
esgoto nas áreas indicadas no relatório
geológico. O relatório completo está
disponível para acesso da população
no site da Prefeitura de Cairu.
O geólogo Edival Lopes, explica que a
zona litorânea entre a Gamboa e a 2ª
Praia em Morro de São Paulo é de alto
risco de escorregamentos, deslizamen-
tos e quedas de blocos rochosos. No
local, estão presentes pousadas, bares,
restaurantes e condomínios de médio e
alto padrão. Essas edificações ocuparam
essa zona de risco devido, sobretudo, à
paisagem magnífica dada pelo litoral.
“Em Morro de São Paulo, as ocupações
sempre ocorreram dentro da ilegalidade,
pois grande parte desses estabeleci-
mentos não possui licenças ambientais
ou alvarás de construção. Atualmente,
está proibido construir no local, bem
como estão buscando alternativas para
as construções já existentes”, completa.
O comunicado emitido pelo Crea-BA,
pontua ainda que “A situação mais pre-
ocupante e urgente em termos de me-
didas ambientais e estruturais refere-se
à zona de muito risco, caracterizada
aqui nesse relatório como de Áreas Ex-
tremamente Críticas, Muito Crítica e
Moderadamente Crítica, representada
pela faixa de praia entre a Gamboa e a
1ª Praia de Morro de São Paulo”.
De acordo com o geólogo, o processo de
desgaste das falésias ocorre de forma
natural e é esperado que ele aumente a
cada ano. “A população de baixa renda
ocupa essas áreas de riscos, que são
Fotos: Sudec | Divulgação
 GEOLOGIA

áreas com elevado gradiente topográ- Após o acidente, os estabelecimentos F ot

o:
Ac
er
fico, assentadas sobre um substrato no topo das falésias foram interditados vo
p e
geológico instável, acelerando os riscos

ss
na Praia de Pipa. Atualmente, tudo fun-

oa
l
de acidentes naturais. Um outro fator
ciona normalmente.
adicional é a mudança climática pela
qual passa o planeta terra, fazendo com
que, muitas vezes, ocorram precipita-
De quem é a
ções pluviométricas acentuadas, num
curto espaço de tempo”, esclarece.
responsabilidade?
A Sudec recomendou que a Prefeitura
Tragédia anunciada Municipal de Cairu interdite o acesso à
Em dezembro de 2020, houve um des- falésia. Além do alerta, a Defesa Civil da
moronamento nas falésias da praia de Bahia pediu para que o Serviço Geoló-
Pipa, localizada no estado do Rio Grande gico do Brasil (CPRM) elabore o Mapa
do Norte. A tragédia matou um casal de Risco do município de Cairu para que
e seu filho de apenas sete meses. “Por
a prefeitura passe a ter conhecimentos
isso, é importante que profissionais e
aprofundados das áreas inadequadas
sociedade estejam atentos a essas re-
giões e evitem a proximidade”, alertou para a construção de imóveis residen- A população de
o Crea em nota. ciais e comerciais. baixa renda ocupa
essas áreas de riscos,
Como essas significativas do avanço das águas
do mar sobre o continente ao longo que são áreas com
estruturas são do tempo geológico.
elevado gradiente
formadas? A importância das falésias com-
preende também a preservação topográfico,
As falésias são formações ocorridas ambiental, por se tratarem de for-
no litoral. Geralmente, a causa des- mações com elevado grau de fragi- assentadas sobre
se fenômeno é o encontro abrupto
ou o choque entre as águas do mar e
lidade e que demandam cuidados
específicos no seu processo de uso e
um substrato
a terra firme, somado à ação do ven-
to, que vai moldar a região ao longo
ocupação quando permitidos, além
de algumas delas abrigam espécies
geológico instável,
de milhares de anos. São constitu-
ídas por barro e areia e lembram
animais e vegetais, em especial as acelerando os
falésias inativas.
verdadeiros penhascos esculpidos riscos de acidentes
pelo decurso do tempo. Cuidados ao estar
naturais. Um outro
As falésias no Brasil ocorrem prin-
próximo de uma
cipalmente nas regiões Nordeste
e Sudeste, onde se alternam com falésia fator adicional é a
praias, dunas, mangues, recifes, ba- • Sempre se informe com as autori- mudança climática
ías e restingas. dades locais sobre a falésia.
pela qual passa o
Qual a importân- • Analisar a variação da tábua das

cia das falésias?

As falésias são importantes para o
estudo das dinâmicas oceânicas e
da maneira como o comportamen-
to das marés interfere no relevo
costeiro. Além disso, a análise de
sua evolução fornece evidências
marés para ter noção exata de
quanto tempo você tem para fi- planeta terra.
car diante do monumento. Edival Lopes,
• Analisar a escarpa e a base da fa-
geólogo
lésia: se perceber muitas falhas,
fissuras e blocos de rocha no chão,
indicando que ali já houve queda
de material, tenha certeza que o
local é de risco.

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 33

 #RECURSOS HÍDRICOS

BOAS PRÁTICAS DO REÚSO DA

ÁGUA PARA O ENFRENTAMENTO
DA CRISE HÍDRICA BRASILEIRA
Edição por Jaciana Bianck*
Autoria : André Luiz Sampaio da Silva Junior - Químico, Mestre em Química pela Universidade Estadual de Santa Cruz/BA;
Edson Serafim de Almeida Junior - Biólogo, Mestre em Ecologia pela Universidade Federal da Bahia/BA; João Bosco Caval-
canti Ramalho - Engenheiro Agrônomo e de Segurança do Trabalho, mestrando em Ecologia Aplicado à Gestão Ambiental
pela Universidade Federal da Bahia/BA; Lana Resende de Almeida - Bióloga, Mestre em Biologia Animal pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul/RS; Max Uhle Flores Muñoz - Engenheiro Ambiental e Sanitário pela Universidad Nacional de
Huancavelica/Peru, mestrando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz/
BA e Renan Borges de Jesus Junior - Arquiteto e Urbanista, Especialista em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano pela
Universidade Cândido Mendes /RJ. Revisão de texto: Erminda da Conceição Guerreiro - Doutora em Zoologia, Professora do
Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz/BA e Nadson Ressyé Simões - Professor Dou-
tor em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais, Professor da Universidade Federal do Sul da Bahia/BA.

A
água é o recurso natural limitado mais importante para o desenvolvimento e a
manutenção da qualidade da vida humana e da biodiversidade na Terra. Cerca
de 3% de toda água disponível no mundo é doce, mas apenas 1% está disponível
para consumo, distribuídos em rios, riachos, lagos e águas subterrâneas. A falta
de manejo adequado e do seu uso consciente, sustentável e equilibrado contribui
para o surgimento de crises hídricas e para a escassez de água no mundo. Somado a isso, os
recursos hídricos têm sido alvos de poluição, contaminação e degradação ambiental devido
ao crescimento populacional e em prol de um desenvolvimento econômico descontrolado.

Foto: Buwaneka Boralessa | Pexels

34 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
 RECURSOS HÍDRICOS

Segundo a Organização das Nações trolados. Felizmente, o Estado da Bahia em um projeto de irrigação de mudas
Unidas (ONU Água) a escassez de água tem avançado em boas práticas sobre para recuperação de áreas degradadas;
já afeta todos os continentes e o uso esta temática nos mais diversos seto- a ETE de Vitória da Conquista - BA que
deste recurso tem crescido anualmente res, sendo possível encontrar projetos, possui o maior potencial de reúso, em
em relação direta com o crescimento inovações e aplicações de técnicas para termos de quantidade e criticidade hí-
das áreas urbanas. Especialmente no um maior e melhor reúso da água. drica, vai reutilizar a água para irrigação
Brasil, a crise hídrica também afeta a na Agricultura Familiar, contemplando
geração de energia elétrica do país,
além de comprometer nossas prin-
Agropecuária o Projeto de Assentamento Amaralina
com mais de 2500 ha. E ainda, a ETE
cipais atividades agropecuárias, que Na agropecuária, um recente projeto Iraquara aplicará a água de reúso no
representam cerca de 30% do PIB de cooperação técnica entre a Empresa plantio de aproximadamente 30 ha
Nacional deste ano. No país, a água é Baiana de Água e Saneamento (EM- de bananeiras da Agricultura Familiar.
considerada um bem público (não pode BASA), o Instituto Interamericano de Com essas e outras inovações, o poten-
ser controlada por particulares) e um Cooperação para a agricultura (IICA) e a cial baiano de reúso da água passa para
recurso natural limitado, devendo ser Agência Brasileira de Cooperação (ABC) cerca de 1400 L/s (litros por segundo),
gerida de forma a proporcionar usos conduziu um Estudo de Avaliação das sendo 66% da água reaproveitada pas-
múltiplos (abastecimento, energia, ir- Potencialidades de Reúso de Efluentes sível de reúso na agricultura e 34 % na
rigação, indústria) e sustentáveis. No Sanitários Tratados no Estado da Bahia indústria, de acordo com resultados
entanto, como em outros países em para o reúso da água, considerando o preliminares do estudo.
desenvolvimento, o consumo de água uso intensivo na agricultura, no desen-
pela agropecuária ultrapassa 80%, en-
quanto as atividades industriais utili-
volvimento do semiárido e na indústria.
Algumas potencialidades destacadas Industrial
zam cerca de 10% dos estoques natu- da iniciativa já estão em fase de proje- Nas últimas décadas, a indústria mun-
rais brasileiros de água potável. tos como: a Estação de Tratamento de dial também passou a valorizar estra-
Esgoto (ETE) Luís Eduardo Magalhães - tégias de reúso de água, entretanto, a
Com isso, novos conceitos e iniciati-
BA - onde a água de reúso será aplicada implementação dessas estratégias ain-
vas de manejo e gestão ambiental das
águas têm sido pensados e adotados
em face da necessidade de um desen-
volvimento sustentável. O conceito de
reúso vem dos princípios da economia
circular e engloba a otimização e rea-
proveitamento de recursos. Aplicado
à água, por exemplo, significa otimizar
o seu uso, reaproveitando as águas
residuais e recuperando o lodo. Circu-
laridade significa que nada se perde,
tudo tem valor. Usando criatividade,
conhecimento e tecnologia, o recurso
pode ser capturado, transformado e
reutilizado como uma matéria-prima
secundária. O uso da água, sob o prin-
cípio da economia circular, permite
adaptar o conceito dos 6 R’s (Repensar,
Reduzir, Reutilizar, Reparar, Reciclar e
Reintegrar) da sustentabilidade, dei-
xando de lado o sistema linear clássico
(Figura 1). O reúso e reaproveitamento
da água a partir dessas novas perspec-
tivas pode ser chave para minimização
de desperdícios, visando alcançar uma
sustentabilidade, sobretudo em países
em desenvolvimento, onde a maioria A economia circular oferece uma alternativa sustentável de reúso da água enquanto
das estações de tratamento de águas o sistema tradicional de economia linear promove o escoamento de água residual
diretamente ou com baixa qualidade de tratamento para os rios.
residuais ainda emitem gases não con-
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 35
 #RECURSOS HÍDRICOS

da se mostram complicadas e muitas

vezes onerosas. Isto porque, o reúso de
água no setor industrial é determinado
por demandas específicas de qualidade
da água, benefício ecológico e econômi-
co, que muitas vezes visam o retorno
financeiro, gerando muitos níveis de
impactos ambientais. Para superar os
problemas e os custos onerosos do
reúso na indústria, as parcerias e sim-
bioses entre empresas é a estratégia
mais usual. Mesmo assim, experiências
como a da Braskem em conjunto com
a Central de Tratamento de Efluentes
Líquidos (CETREL), no polo industrial de
Camaçari, são promissoras. O projeto
Água Viva visa reduzir o uso de energia O modelo de Simbiose Industrial integra a gestão de água, energia e resíduos de
elétrica com a substituição de méto- empresas parceiras em um mesmo parque industrial. Esse modelo visa a redução de
dos antigos de tratamento de água e gastos, desperdícios desnecessários e uma melhor gestão ambiental das atividades.
efluentes por um processo único de
reaproveitamento. Segundo o Council
of Chemical Associations (ICCA), o sis-
tema consome seis vezes menos água
um ano serão reaproveitados 1768 m³
desse recurso natural, ampliando ainda
Potencialidades
do que a média das indústrias quími- mais a eficiência energética do sistema e desafios
cas internacionais. Essa cooperação de ar-condicionado do terminal. De fato, o reúso da água pode abran-
compreende uma Simbiose Industrial Especialmente nas cidades, as ques- ger diferentes potencialidades e fins
(Figura 2.), na qual o resíduo de uma tões relacionadas à gestão das águas nas mais diversas escalas e contex-
empresa se transforma no recurso da não podem ser dissociadas das de tos, como por exemplo, ser incorporado
outra através de um esquema de tubu- saneamento básico, um dos maiores na manutenção das vazões de cursos
lações, tratamento e gestão integrados. problemas sócio ambientais do mun- d’água, na gestão do efluente trata-
do. Incluído nos 17 Objetivos de De- do como uma menor carga poluidora
Urbano senvolvimento Sustentável (ODS) da sendo inserida nos fluxos dos riachos,
ONU, o saneamento básico quando para a produção e cultivo de peixes e
Dentre as inovações de reúso da água
ineficiente provoca impactos graves plantas aquáticas, ou ainda para recar-
em meio urbano, no começo deste ano
comprometendo a higiene pessoal ga de aquíferos, sendo uma alternativa
o complexo do Aeroporto Internacional
e a saúde pública pelo agravamento eficaz para auxiliar no aumento do ar-
de Salvador (Salvador Bahia Airport)
da disseminação de doenças. Nesse mazenamento de águas subterrâneas
ampliou o reúso de água através da
captação do recurso em máquinas de sentido, o reúso da água a partir da e no controle de salinização dessas
ar-condicionado. A mudança, além de diluição dos efluentes brutos (vindos reservas no país.
conferir uma temperatura mais agra- de esgoto não-tratado) podem não Na indústria, as mudanças podem ser
dável aos usuários do aeroporto, tor- cumprir corretamente parâmetros de definidas em três perspectivas futuras.
nou o sistema de ar-condicionado mais potabilidade da água, prejudicando o A primeira, é voltada para investimento
sustentável. A água usada dentro das meio ambiente e qualidade da saúde na infraestrutura com intuito de re-
vinte máquinas de ar-condicionado humana. Por outro lado, modelos de duzir o gasto de água, assim como,
para resfriar o ar extraído do ambiente reúso planejados que cumprem a reso- na produção industrial mais limpa. A
passou a ser armazenada em tanques lução do CONAMA nº 357/2005 con- segunda, é a integração de complexos
com capacidade de 5400 L cada e des- tribuem diretamente com a gestão das industriais e Simbiose Industrial, uti-
tinada ao abastecimento das torres de águas residuais visando a economia de lizando os resíduos de uma indústria
resfriamento do Aeroporto. Assim, de água e a disponibilidade de matéria como matéria prima de outra. E tercei-
acordo com o conceito de economia orgânica para adubo e energia, como ra, o uso de fontes alternativas como
circular, a água que poderia ser des- a oriunda do biogás que é produzido por exemplo (i) o Complexo Industrial e
cartada é reutilizada no sistema. Com durante o tratamento anaeróbio de Portuário do Pecém (CE) e o Complexo
a implantação da nova estrutura, em esgoto (Figura 3). Industrial de Cubatão (SP), que utilizam
36 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

a integração de reúso e dessalinização
de fontes salobras e de foz de rios, (ii)
a siderúrgica ArcelorMittal e seus es-
tudos em conjunto com a Cesan para
o reúso da água a partir dos esgotos
tratados na Estação de Tratamento
de Camburi (ES).
Apesar de grandes ideias, é preciso
tratar o tema com a devida cautela,
para que uma aparente solução não
se transforme em um novo problema
ambiental. Práticas inadequadas de
utilização de águas residuárias podem
causar danos à saúde humana e animal
e também ao meio ambiente. Como
exemplo, pode-se causar a saliniza-
ção de solos, promover a proliferação
de patógenos nos meios vegetais e
animais, bem como contaminar seres
humanos e animais.
Visando mitigar esses danos, alguns
países como China, Espanha, EUA, Is-
rael e Portugal já elaboraram legisla-
ções e regulamentações que definem
diretrizes e parâmetros com intuito de
incentivar e auxiliar a prática do reú-
so da água, sobretudo na agricultura,
por esta ser a maior fonte de consumo
e impacto à conservação das águas.
No Brasil, apesar de avanços legais de
regulamentação do reúso das águas,
como resoluções do CONAMA e proje-
tos de lei ainda em andamento, o país
ainda não possui uma norma específica
para os sistemas de reúso na agricultu-
ra e nos sistemas prediais, por exemplo.
(Para saber sobre a legislação vigente
de reúso brasileira, acesse o QR CODE).
Assim, evitar riscos e implementar uma
gestão responsável do reúso de água
ainda é um desafio a ser superado.
Mesmo assim, iniciativas de sucesso
como as descritas indicam que o reúso
das águas é um tema de extrema re-
levância e rico em possibilidades para
economia, sustentabilidade e preser-
vação do meio ambiente brasileiros.
De fato, boas práticas de reúso somado
ao uso consciente da água é a base
para a manutenção deste recurso tão
importante para todos nós.
O planejamento do saneamento básico
também tem seu papel no reúso da
água nos centros urbanos, abrangendo
não só a melhoria da qualidade de vida
da população, bem como economia e
sustentabilidade.
Fontes:
AECWEB (2021) Reúso da água é tendência
em edifícios e na construção civil. https://
www.aecweb.com.br/revista/materias/
reuso-da-agua-e-tendencia-em-edificios-
-e-na-construcao-civil/6308
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM
ECONOMIA APLICADA (2021) PIB do Agro-
negócio Brasileiro 2021. https://www.ce-
pea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-
-brasileiro.aspx
DELGADO, A.; RODRIGUEZ, D.J.; AMADEI,
C.A.; MAKINO, M. (2021) Water in circu-
lar economy and resilience, World Bank,
Washington, DC. © World Bank. https://
openknowledge.worldbank.org/hand-
le/10986/36254 License: CC BY 3.0 IGO.
EUROPEAN ENVIRONMENT AGENCY
(2016) Guidelines on Integrating Water
Reuse into Water Planning and Manage-
ment in the context of the WFD. June, 1–95.
HENDGES, L.T.; ANTES, B.S.; TONES, A.R.M.
(2018) Reúso da água na agricultura: a
realidade brasileira e experiências inter-
nacionais . Revista Científica de Inovação
e Tecnologia. v. 09, 94-109. https://pe-
RECURSOS HÍDRICOS
riodicos.utfpr.edu.br › recit › e-6709 › pdf
INSTITUTO INTERAMERICANO DE COO-
PERAÇÃO PARA AGRICULTURA (2020)
https://iica.int/pt/prensa/noticias/estu-
do-do-iica-embasa-ba-e-worley-apontam-
-potencial-de-reuso-de-esgotos-tratados
KAKWANI, N.S.; KALBAR, P.P. (2020) Re-
view of Circular Economy in urban water
sector: Challenges and opportunities in In-
dia. Journal of Environmental Management,
India, v. 271, https://doi.org/10.1016/j.jen-
vman.2020.111010.
KALUNDBORG SYMBIOSIS. http://www.
symbiosis.dk/en/
SALVADOR BAHIA AIRPORT (2021) Sal-
vador Bahia Airport amplia reuso de água
através da captação do recurso em má-
quinas de ar-condicionado. https://www.
salvador-airport.com.br/pt-br/salvador-
-bahia%C2%A0airport%C2%A0amplia-
-reuso-de-%C3%A1gua-atrav%C3%A9s-
-da-capta%C3%A7%C3%A3o-do-recurso-
-em-m%C3%A1quinas-de-ar?id=1
United Nations - UNWater (2021) Water
Scarcity. https://www.unwater.org/water-
-facts/scarcity/
*Esta matéria foi desenvolvida pelos au-
tores durante a disciplina “O sentido das
água: da nascente ao mar”, oferecida pelos
programas de pós-graduação PPGECO-TAV,
PPGECO, PGMICRO, PPGBIOEVO (IBIO-
-UFBA); PPGSAT (UESC/UFSB); PPGDMA
(Doutorado em Rede) e PPGDRMA (UESC);
PPGCTA (IFBA/UFSB); PPG BIOSSISTEMAS
(UFSB) em parceria com a TWRA Aliança
Tropical de Pesquisas da Água - sede Bahia.
Para saber sobre a legislação vigente
de reúso brasileira, acesse o qr code.
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 37
 #CÂMARAS

2021 DE ALTA
PRODUTIVIDADE
PARA AS CÂMARAS
ESPECIALIZADAS
DO CREA-BA
Realização de eventos online e visitas itinerantes
estão na lista de atividades dos colegiados

Foto: DCStudio | freepik

38 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

 CÂMARAS

O
ano, apesar de pandêmico, foi de alta produtividade
para as oito câmaras especializadas do Crea-BA. Os
colegiados promoveram além da apreciação, relato e
votação de processos, eventos online, reuniões itine-
rantes, encontros com instituições e participação no
Conselho Editorial da Revista, entre outras atividades. Listare-
mos aqui os principais trabalhos de 2021:

Civil | CEEC: 25 conselheiros e 21 suplentes

Em 23 reuniões, o colegiado relatou 2675 processos de

Fotos: Crea-BA | Divulgação

profissionais e 1659 de empresas, 20 registros de insti-
tuições de ensino superior, 5078 processos de multas,
26 éticos e 175 de regularização de obras.
Foram emitidas concessão de “ad referendum” do cole-
giado, por meio da decisão CEEC 005/2021, delegada
aos Analistas Técnicos para os registros de profissionais
e empresas, anotação de curso, regularização de obras
e serviços de engenharia sem a devida ART e cadastra-
mento de instituições.
Outras decisões foram aprovadas, como a 006/2021 – que
delega a Coordenação de Registro e Cadastro a concessão
de registro de profissionais e empresas “ad referendum”
nos casos de processos regulares; a decisão 007/2021
que delega a coordenação de fiscalização a concessão
para efetuar baixa, arquivamento ou cancelamento de
notificações e autos de infração nos casos específicos;
a decisão 8.618/2021, que delibera sobre a tramitação
de processos de anotação de cursos sem cadastro no
Crea de origem para efeito de definição de atribuições
profissionais e título; além da decisão 9235/2021, que
delibera sobre procedimentos para fiscalização de placas
em obras de construção civil.
Mobilidade – Entre os eventos propostos pela Câmara,
destaque para o webinar VLT/Monotrilho realizado em 24
de maio e para reunião com o secretário de Infraestrutura
da Bahia e os profissionais responsáveis pela execução
do projeto da Ponte Itaparica X Salvador. O colegiado
ainda se fez presente no 10º Encontro de Lideranças do
Sistema Confea/Crea, em Brasília e nas 04 reuniões na-
cionais das Coordenadorias de Câmaras Especializadas.
Participou ainda de 05 reuniões do Colégio de Coorde-
nadores de Câmaras do Crea, do 31º Congresso da ABES, de fiscalização para acompanhar a execução do Plano
em Curitiba, do 23º Congresso Nacional de Engenharia de Fiscalização do Conselho e os resultados relativos à
de Segurança de Trabalho e do 25º Congresso Brasileiro modalidade para esclarecimento sobre a exigência de
de Engenheiros Civis, em Curitiba. placa em obra e ações da Fiscalização. Vale lembrar que
A Câmara ainda participou da 1ª e 3ª edições do Enge- em razão da pandemia somente duas reuniões foram
nheire-se na Web, promovido pelo curso de Engenha- realizadas em formato híbrido, atendendo a todos os
ria Civil da UFRB e ainda reuniu-se com a coordenação protocolos sanitários.

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 39

 #CÂMARAS

Agronomia |
CEAGRO: 11 conselheiros e 06 suplentes
Em 21 encontros da especializada ao longo de 2021, apreciou
1035 processos de registros de profissionais e empresas e,
dentre eles, julgados 269 autos infração por infringência às
Leis 5194/66 e 6496/77. Os conselheiros tiveram oportuni-
dade de participar de todas as reuniões das Coordenadorias
de Câmaras Especializadas de Engenharia Agronômica e de
Engenharia Florestal, realizadas pelo Confea, bem como do quanto à possibilidade de assento no Plenário do Conselho,
Encontro de Lideranças do Sistema Confea/Creas. A Ceagro em consonância com a Res. 1070/15, do Confea, bem como
foi representada também, nas reuniões do Conselho Estadual eventuais dificuldades das IES nesse cadastramento. Foram
de Desenvolvimento Rural Sustentável do Estado da Bahia realizadas ainda palestras para profissionais e alunos de
e do Congresso Brasileiro de Agronomia, que aconteceu em cursos de agronomia, bem como evento comemorativo aos
Florianópolis/SC. dias dos engenheiros agrônomo e agrícola. Apoiou o Semi-
Cadastramento de Cursos – Realizou o I Encontro nário de Fiscalização da Agronomia, na região do Matopiba.
de Coordenadores de Cursos da Modalidade Agronomia Para 2022, além de uma nova edição do Seminário do Ma-
que reuniu 16 representantes de vários cursos do Estado topiba, estão previstos o Plano de Comunicação da Câmara
e onde foram apresentadas demandas tanto do Crea-BA, com os profissionais jurisdicionados e a sociedade civil, além
em relação ao cadastramento desses cursos no Regional, de uma reunião itinerante em alguma localidade da Bahia.

Elétrica | CEEE: 09 conselheiros e 04 suplentes

A Câmara de Elétrica realizou 12 reuniões ordinárias e duas

Fotos: Crea-BA | Divulgação

extraordinárias, sendo duas em formato híbrido. O colegiado
homologou 424 registros de profissionais e 180 de empresas,
fazendo 45 anotações de cursos, realizando 1325 decisões.
Conexões Elétricas – O colegiado promoveu a 2ª
edição do projeto Conexões Elétricas, que tem o objetivo
de promover o encontro com profissionais, estudantes e
sociedade, sobre assuntos que envolvam a Engenharia
Elétrica e modalidades correlatas, por meio da difusão de
conteúdo técnico em palestras online. Foram 10 palestras,
a maioria apresentada pelos conselheiros da Câmara, e
transmitidas pelo canal do Crea-BA no youtube, com uma
média de 300 visualizações por live.
O colegiado participou de vários eventos, como o Encontro
de Líderes do Sistema e reuniões nacionais da Coordenado-
ria das Câmaras Especializadas. Viabilizou o 1º Encontro de
Coordenadores de Cursos de Graduação e Pós-Graduação
da Modalidade Engenharia Elétrica e reunião com represen-
tantes da Anatel Bahia, além de promover encontro com
a Comissão Organizadora do Circuito Nacional do Setor
Elétrico – Cinase e com representantes da Anvisa.
A participação da CEEE/BA na elaboração e encaminhamen-
to de propostas nas reuniões nacionais das coordenações
de Câmaras Especializadas de Engenharia Elétrica fez com
que o Confea aprovasse muitas das sugestões elaboradas
pelo colegiado baiano. A Câmara apresentou seminário/
palestra envolvendo as melhores práticas com o apoio da
assessoria técnica.

40 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021

 CÂMARAS

Mecânica | CEEM: 09 conselheiros e 06 suplentes

A Câmara Especializada de Mecânica promoveu 12 reuni-

Foto: Crea-BA | Divulgação

ões ordinárias e 02 extraordinárias. Foi a única a realizar
reunião itinerante na cidade de Juazeiro, que contou com
a participação da Câmara de Mecânica do Estado de Per-
nambuco. Aprovou 584 registros de profissionais e 117
de empresas, anotou 62 cursos e realizou 2.168 decisões
e 1089 autos de infração.
Fiscalização e visitas técnicas – A CEEM par-
ticipou de cinco reuniões de coordenadores e também
se fez presente no 4º Encontro Nacional de Fiscalização
(Enafisc), onde tratou sobre os desafios e oportunidades
no âmbito da fiscalização dos regionais. Promoveu visi-
tas técnicas aos Creas de Goiás e do Distrito Federal, bem
como, ao Clube de Engenharia de Goiás e Senge de Goiás
e do Distrito Federal.
O colegiado participou do Colégio de Presidentes de Ma-
naus, do Encontro de Liderança do Sistema Confea/Crea
e das reuniões da Coordenação Nacional das Câmaras de Para 2022 o grupo pretende ampliar a participação de
Mecânica. Registrou presença no Congresso Internacional outros Creas nas reuniões Itinerantes com o objetivo de
da Copimera e no XXI Congresso Nacional de Engenharia unificar procedimentos e conhecer práticas e desafios
Mecânica e Industrial. comuns entre os estados situados na mesma região.

Agrimensura | CEAGRI: 04 conselheiros e 04 suplentes

Em 15 encontros realizados em 2021, a Câmara de Agri-

Foto: Crea-BA | Divulgação

mensura aprovou 18 registros profissionais e 28 de em-
presas, anotou 82 cursos e cadastrou outros 04, julgou
70 autos de infração e realizou 249 decisões.
O colegiado participou da reunião da Coordenadoria Na-
cional de Câmaras Especializadas de Agrimensura, quando
foi definida às atividades relacionadas ao Meio Ambiente,
vinculadas à modalidade de Engenharia de Agrimensura
e proposta de conteúdo mínimo para capacitar profissio-
nais para atuarem na área de Georreferenciamento de
Imóveis Urbanos.
Promoveu eventos alusivos ao dia do Cartógrafo, Geógrafos
e Engenheiros Agrimensores. Avaliou 18 ações propostas
ao plano de fiscalização e definiu as prioridades de acordo
com as demandas de atuação e realização de serviços e
Discutiu ainda as disciplinas obrigatórias e que deverão
discriminam quais atividades devem ser fiscalizadas pelo
ser pré-requisitos para a concessão de atribuições para a
setor de fiscalização em cada ação proposta.
atividade de georreferenciamento em imóveis urbanos,
Pesquisa – O colegiado promoveu levantamento com por meio da decisão CEAGRI 215/2021, bem como a su-
profissionais das Geociências sobre o mercado de trabalho gestão de definição fiscalização/conduta perante cartórios
para as modalidades. Viabilizou a inserção/disponibiliza- referente ao gerenciamento de imóveis urbanos (Reurb) e
ção de códigos de ART para os profissionais geógrafos e Rural por meio da decisão 216/2021 e apresentação à pre-
de agrimensura. Este último para área de meio ambiente. sidência do plano de fiscalização para o exercício de 2022.

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 41

 #CÂMARAS

Geominas |
CEGEM: 04 conselheiros e 04 suplentes

Foto: Crea-BA | Divulgação

Em 2021 a Câmara de Geologia e Engenharia de Minas
promoveu 12 reuniões, aprovou 88 registros de profissio-
nais e 45 de empresas, realizando 361 decisões. Discutiu
e aprovou a Decisão Normativa 059 que aprova a tabela
de horas técnicas por serviços para geólogos e engenheiro
de minas e o salário-mínimo profissional a essa categoria
conforme atividades desenvolvidas como responsáveis
técnicos de pessoa jurídica perante o Crea-BA.
Fiscalização – O colegiado aprovou ainda o plano de
fiscalização para Geologia e Engenharia de Minas; parti-
cipou de fóruns e debates e comissões temáticas como
a criação do GT de Barragens; Orientou e acompanhou
os procedimentos da fiscalização nas áreas de Outorga
e captação de águas subterrâneas, pesquisa e beneficia-
mento de bens minerais, emprego de explosivo e ativi-
dades técnicas relacionadas ao meio ambiente. Analisou
pedidos de Acervo Técnico e emitiu parecer sobre diversas
consultas de profissionais sobre atribuições nas modali-
dades de Geologia e Engenharia de Minas.
A Câmara participou das Reuniões da Coordenação Nacio-
nal e discutiu, entre muitos assuntos, ensino a distância
em cursos de especializações, análise curricular sob a ótica
das novas diretrizes curriculares de engenharia, levan-
tamento do funcionamento das câmaras na pandemia,
plano anual de fiscalização de acordo com as diretrizes
nacionais, levantamento das normas técnicas da ABNT e
Análise da Resolução 1073/2016 – Utilização da Resolu-
ção 1073/16 como ferramenta para concessão/restrição
de atribuições do profissional.

Segurança do Trabalho |
CEEST: 03 conselheiros e 03 suplentes

Em 12 reuniões ordinárias realizadas ao longo do ano,

foram aprovados 146 registros de profissionais e 50 de
empresas, de revisão de atribuições, 424 anotações de
cursos, 126 processos julgados à revelia e realizadas 1072
decisões. Dentre as ações previstas no seu Plano de Ação,
a CEEST participou de todas as reuniões da Coordenadoria
de Câmaras de Engenharia de Segurança do Trabalho, do
Confea, do Encontro de Lideranças do Sistema Confea/
Crea/Mutua e do 23º Congresso Nacional de Engenha-
ria de Segurança do Trabalho CONEST – em novembro,
no Paraná. No tocante à fiscalização, reuniu-se por duas
vezes com a gerência de fiscalização com o objetivo de
avaliar e redirecionar as ações.
pulados na NR 4, do Ministério do Trabalho e Emprego.
Trabalho e Norma Regulamentadora – A Es- Outra decisão relevante, foi adotada quanto à anotação
pecializada definiu ainda a possibilidade de inclusão de de cursos de especialização que foram realizados conco-
profissionais de segurança do trabalho, no quadro técnico mitantemente com a graduação, sendo definidos critérios
das empresas, desde que observados os critérios esti- para sua aceitação ou não.

Química | CEEQ: 04 conselheiros e 03 suplentes

Em 12 reuniões ocorridas em 2021, a Câmara liberou 70

Foto: Crea-BA | Divulgação

registros profissionais e de 10 de empresas. Foram julgados

70 processos à revelia e tomadas 251 decisões.
A coordenação participou do 23º Congresso Brasileiro de En-
genharia Química – COBEQ, em Gramado-RS e das reuniões
ordinárias da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de
Engenharia de Química – CCEEQ, promovidas pelo Confea.

42 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021


SENGE-BA
Há 84 anos lutando
pela engenharia
N
o dia 27 de setem-
bro, o Sindicato
dos Engenheiros
da Bahia (SENGE-
-BA) completou 84
anos. A entidade foi fundada em
1937, por 69 profissionais lidera-
dos pelo engenheiro Alfredo No-
gueira de Passos, com o objetivo
de garantir espaço para a enge-
nharia no mercado de trabalho,
pois naquela época as empresas
priorizavam a presença profis-
sionais leigos, como mestres de
obras e encarregados.
Nos anos seguintes, o sindicato lutou
ativamente pela valorização profissio-
nal, tornando-se uma das entidades fun-
damentais para a criação do projeto de
lei que deu origem à legislação do salário
mínimo profissional. Porém, durante a
década de 70, com a expansão do em-
prego privado no setor petroquímico,
a implantação do Centro Industrial de
Aratu e do Polo Petroquímico de Ca-
maçari, ocorreu uma mudança no perfil
profissional dos engenheiros e conse-
quentemente na luta sindical.
“Nesse período o engenheiro deixou de
ser responsável por todas as funções
e surgiram as especializações na área.
Devido a isso, as questões mudaram de
foco, já não lidávamos mais com a luta
contra os leigos, mas agora o sindicato
precisava garantir boas condições de
trabalho para esses profissionais”, disse
o Ubiratan Félix, conselheiro do Crea-BA
e diretor de comunicação do SENGE-BA.
Outro marco importante aconteceu no
período de 1980, quando o movimento
de renovação do sindicato, colaborou
diretamente para a instituição das elei-
ções diretas do Crea-BA, tornando-o o
#ENTIDADES
Foto: evening_tao | freepik
primeiro Conselho Regional a imple-
mentar esse tipo de eleição no país.
Na década de 90, a engenharia sofreu
um período de declínio devido as altas
taxas de desemprego. Em razão disso,
a entidade precisou atuar contra a pri-
vatização das empresas estatais. Além
disso, o SENGE-BA, lutou pela inclusão
da profissão no Supersimples Nacio-
nal, regime que permite ao profissio-
nal pagar menos impostos. Defendeu
o emprego, agiu contra a flexibilização
dos direitos trabalhistas e o governo
neoliberal de Fernando Henrique Car-
doso. Quanto às políticas públicas que
demandam a engenharia, a entidade
tornou-se protagonista nas discussões
sobre habitação com interesse social,
mobilidade urbana, engenharia pública,
desenvolvimento sustentável, entre
outras pautas.
Recentemente o sindicato garantiu a
implantação do Salário Mínimo Pro-
fissional para os engenheiros da Cerb,
Embasa, UFC, Conder, entre outras, e
conseguiu a sua implantação em alguns
municípios como Vitória da Conquista
e Salvador.
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 43
 #ENTIDADES
Se hoje, a Bahia possui indústrias, parque
tecnológico, cursos em universidades,
é devido a grande influência da entidade.
Pois, sempre estivemos presentes em
questões políticas, sociais e econômicas
do estado e do Brasil.
Ubiratan Félix, conselheiro do Crea-BA e diretor de comunicação do SENGE-BA
Outras lutas
A trajetória do Sindicato dos Engenhei-
ros da Bahia foi desenvolvida no decor-
rer de grandes momentos históricos
para o Brasil, a entidade já nasceu em
meio a um período político conturbado,
devido ao golpe do Estado Novo. Nos
anos 1960, participou intensamente da
campanha “Petróleo é nosso”, na defesa
das riquezas minerais, da soberania e
da tecnologia nacionais.
84 anos de SENGE-BA
44 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
O SENGE-BA também esteve presen-
te nas campanhas “Diretas Já” e “Fora
Collor”, além de atuar nas articulações
dos movimentos dos servidores públi-
cos municipais, estaduais e federais
por melhores condições de trabalho e
também contribuiu com as campanhas
salariais das empresas estatais e do
setor privado. No processo constituinte
estadual, a entidade foi uma das coor-
denadoras da campanha “A Bahia não
se divide”, que se opunha à proposta
Fo
to
:A
ce
rv
op
ess
oal
do então Deputado Fernando Gomes
(PMDB) de dividir o estado da Bahia para
criar o estado de Santa Cruz.
“Lutamos pela defesa da engenharia,
da democracia, soberania nacional e
industrialização. Se hoje, a Bahia possui
indústrias, parque tecnológico, cursos
em universidades, é devido aos esforços
da entidade. Pois, sempre estivemos
presentes em questões políticas, sociais
e econômicas do estado e do Brasil”,
finalizou Ubiratan Félix.
Fotos: Acervo SENGE-BA
 #COMPARTILHANDO CONHECIMENTO

Existem várias formas de se manter informado,

mas muitas vezes a correria da rotina nos impede
de termos um momento só para isso. Pensando
nisso, separamos três dicas para você aproveitar
o seu momento de lazer e transformá-lo também
em conhecimento. Pegue o seu smartphone,
salve essas dicas e aproveite!

PODCAST
SINTONIZA CREA
Agora o Crea-BA possuí seu próprio podcast! Com dois episódios men-
sais de 30 minutos, o Sintoniza Crea traz personalidades para explicar
e debater temas sobre engenharia, agronomia, geociências, e é claro,
sobre o próprio Conselho. O diferencial desse novo canal de comunicação
é a leveza e rapidez com que assuntos técnicos são tratados. Lançado
em dezembro, ele já está disponível para todos na plataforma Spotify.

PODCAST

ENGENHARIA AMBIENTAL EM CONTEXTO

Criado pela Liga Acadêmica de Saneamento e Cidades de Sergipe, o
assunto deste podcast é a engenharia ambiental, onde se dá um rápi-
do resumo sobre temas básicos da área. Com apenas seis episódios,
com duração que varia entre sete e 20 minutos, é leve e rápido ouvir
todas as discussões.

TÁ NO STREAMING

ISPIRATION4: VIAGEM ESTELAR (2021)

Em 2021 a primeira tripulação composta por civis foi ao espaço e o
trabalho dessa minissérie documental é explicar como ocorreu esse
processo. Dividida em cinco episódios, você poderá acompanhar a ex-
periência da tripulação desde o treinamento à decolagem. Original da
Netflix, a série estreou no mesmo ano do ocorrido.

CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 45

46 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021 47
 #INSPETORIAS DO CREA-BA
Alagoinhas
Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna
Shopping – Centro CEP: 48030-030
Tel: (75) 3421-5638
E-mail: creaba.alag@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Mecânico Frankly Antônio
Carvalho Santos
Barreiras
Rua Maria Mendes Ferreira, nº21, Sandra
Regina. CEP: 47.802-022
Tel: (77) 3611-2720 / 3612-3700 / 98115-6807
E-mail: creaba.barreiras@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Civil Maurício Spanemberg Mayer
Bom Jesus da Lapa
Avenida Manoel Novaes, nº 1586, Centro,
Edifício Avenida Center, Sala 6B, Bom Jesus
da Lapa-BA. CEP: 47.600-000
Tel: (77) 3481-0301
E-mail: creaba.bjlapa@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Civil Fábio Lucio Lustosa de
Almeida
Brumado
Praça Coronel Zeca Leite, 460, Centro
CEP: 46.100-000
Tel: (77) 3441-3326
E-mail: creaba.brumado@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agrônomo Sinval Xavier de
Aguiar
Camaçari
Av. Radial A, nº 67, Centro, Edfício Empresarial
Pacific Center, salas Q e R, 1º andar.
CEP: 42.807-000
Tel: (71) 3621-1456 / 3040-5871
E-mail: creaba.camacari@redecreaba.org.br
Inspetora: Engª. Ambiental Gildélia dos
Santos Reis
Cruz das Almas
Rua Cícero Nazareno, nº 172, Centro
Tel: (75) 3621-3324 / 98165-4644
E-mail: creaba.cruz@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agrônomo e Seg. Trabalho
Adson Barbosa Melo dos Santos
Eunápolis
Rua Dr. Gravatá, n° 46, Sala 104 – Centro,
Eunápolis, CEP. 45.820-060
Tel: (73) 3281-2806
E-mail: creaba.eunapolis@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Civil Murilo Carmo Almeida
Feira de Santana
Rua Prof. Geminiano Costa, 198, Centro
CEP: 44001-120
Tel: (75) 3623-1524
E-mail: creaba.fsa@redecreaba.org.br
Inspetora: Engª. Civil Maria do Socorro Silva
Guanambi
Av. Messias Pereira Donato, 495, Aeroporto
Velho. CEP: 46430-000
Tel: (77) 3451-1964
E-mail: creaba.guanambi@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Mecânico Franklin Guilherme
Prates Teixeira
48 CREA, Salvador, BA, v. 28, n. 74, quarto trimestre de 2021
Ilhéus
Praça Rui Barbosa, 32 – Centro. CEP 45.653-340
Tel: (73) 3634-1158
E-mail: creaba.ilheus@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Eletricista Hamilton Caldeira
Gomes Junior
Irecê
Rua Caetano Moreira, nº 48, Centro.
CEP: 44900-000
Tel: (74) 3641-3708 / 1957
E-mail: creaba.irece@redecreaba.org.br
Inspetor: Tec. Seg. Trab. José Bonifácio
Marques de Souza
Itaberaba
Praça Flávio Silvany , 130, sala 105,
Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas
Centro. CEP: 46880-000
Tel: (75) 3251-3213 / 1812
E-mail: creaba.itaberaba@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Civil Vanderlino de Oliveira
Moura Junior
Itabuna
Avenida Princesa Izabel, 395, Condomínio
Itabuna Trade Center, sala 202, bairro São
Caetano. CEP: 45.607-291
Tel: (73) 3211-9273 / 98118-4821
E-mail: creaba.itabuna@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agrim. Uallace Souza Xavier
Jacobina
Rua Duque de Caxias, 400A – Estação
CEP: 44.700-000
Tel: (74) 3621-5781
E-mail: creaba.jacobina@redecreaba.org.br
Inspetor: Geol. Rossini Barreto Concentino
Jequié
Rua Frederico Costa, 61 – Centro. CEP: 45203-630
Tel: (73) 3525-1293 / 98118-6081
E-mail: creaba.jequie@redecreaba.org.br
Inspetora: Engª. Civil Deusdete Souza Brito
Juazeiro
Rua do Paraíso, nº 97, Centro Médico e
Empresarial Dr. Olavo Balbino, sala 35,
Bairro Santo Antonio. CEP:48.903-050
Tel: (74) 3611-8186
E-mail: creaba.juazeiro@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agr. Sérgio Wasconcelos de
Carvalho
Lauro de Freitas
Av. Brigadeiro Mário Epighaus, 78, Ed.
Business Center, sala 115, Bloco B, Condomínio
Porto 3, Centro. CEP:42.703-640
Tel: (71) 3024-3517 / 99967-5251
E-mail: creaba.lf@redecreaba.org.br
Inspetora: Engª. Prod. Rebeca Cade do Valle
Nascimento
Luis Eduardo Magalhães
Av. JK, nº 1973, Salas 1 e 3, Centro
CEP: 47850-000
Tel: (77) 3628-6755 / 98117-9325
E-mail: creaba.lem@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agron. Paulo Roberto Gouveia
Paulo Afonso
Rua Carlos Berenhauser, 322, térreo,
Alves de Souza. CEP: 48.608-080
Tel: (75) 3281-4887
E-mail: creaba.pafonso@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Civil Edmilson da Cruz Ferreira
Ribeira do Pombal
Av. Oliveira Brito, 310, Ed. Bruna Center,
salas 09 e 10, Centro. CEP: 48.400-000
Tel: (75) 3276-3896 / 98244-5099
E-mail: creaba.rpombal@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Eletric. Gutemberg Menezes
Ribeiro
Santa Maria da Vitória
Rua 06 de Outubro, s/n, Centro.
CEP: 47.640-000
Tel: (77) 3483-1090 / 98118-6168
Fax: (77) 3483-1110
E-mail: creaba.smv@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agrônomo Danilo Alves Pereira
Santo Antônio de Jesus
Av. Roberto Santos, 88, Ed. Cruzeiro do Sul,
salas 103 e 104, Centro. CEP: 44572-060
Tel: (75) 3631-4404 / (71) 99967-7259
E-mail: creaba.saj@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agrim. Carlos Roberto Canuto
Ribeiro
Seabra
Rua Jacob Guanaes, 565, Centro
CEP: 46900-000
Tel: (75) 3331-1327
E-mail: creaba.seabra@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. de Computação Jacques
Jefferson Leão Lima
Teixeira de Freitas
Av. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Centro
Edificio Esmeralda, salas 203, 204 e 205
CEP: 45.985-200
Tel: (73) 3291-3647/ 3291-7444 / 98118-8362
E-mail: creaba.tfreitas@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Florestal Paulo Sérgio Santos
Valença
Rua Dr. Heitor Guedes de Melo, nº 111, Ed.
Argeu Farias Passos, Centro. CEP: 45400-000
Tel: (75) 3641-3111
E-mail: creaba.valenca@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Civil Lucas Farias Palma
Vitória da Conquista
Avenida Jorge Teixeira, nº 74, 3º andar, S/304,
Ed. Millenium, Candeias. CEP: 45028-050
Tel: (77) 3422-1569
E-mail: creaba.conquista@redecreaba.org.br
Inspetor: Eng. Agrônomo, Civil e de
Segurança Raoni da Silva Correia
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questões que ninguém ainda perguntou. Passa noites em claro para
o mundo acordar melhor. Transforma matérias-primas em produtos
e sonhos em realidade. Gente que aplica todo o seu conhecimento
em benefício da sociedade, em diversas especialidades, em busca do
equilíbrio entre a inovação e a sustentabilidade.

É isso que move a engenharia. É isso que move o mundo.

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