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boletim

SBGf
Publicação da Sociedade Brasileira de Geofísica
Número 113 – Abril/Maio/Junho de 2020
ISSN 2177-9090

Drones na
Geofísica
E D ITO R I AL
ADMINISTRAÇÃO DA SBGf
Presidente
Nas asas da Geofísica Ellen de Nazaré Souza Gomes
Vice-presidente
Por Alan Cunha Luiz Fernando Santana Braga
Secretário-Geral
Marco Antonio Pereira de Brito
Mais um Boletim SBGf é editado e publicado em meio a Pandemia do Novo Corona Vírus. O Secretário de Finanças
segundo nessas condições, porém, o único na fase mais aguda da pandemia, em meio ao que Rui Pinheiro Silva
as autoridades acreditam ser o pico da doença nas metrópoles brasileiras. A temática relacio- Secretário de Relações Institucionais
Pedro Mário Cruz e Silva
nada a Drones não poderia ser mais propícia: Veículos autônomos que substituem o trabalho
Secretário de Relações Acadêmicas
humano na fase de aquisição de dados, quando os humanos, por precaução ou por medo, estão Carolina Barros da Silva
impedidos de executar esta tarefa. Sendo assim, torna-se muito fácil a conclusão sobre como Secretário de Publicações
os drones substituirão posições humanas na cadeia de valor da Geofísica: Aquisições terrestres, Alan de Souza Cunha
lentas e perigosas, e aquisições por aviões, arriscadas e custosas, tem seus dias contados com o Conselheiros
horizonte tecnológico apresentado neste Boletim. Não se trata de uma “Revolução dos Robôs” Adalene Moreira Silva
Adriana Perpetuo Socorro da Silva
imediata, mas sim de uma evolução de médio e longo prazos. Apesar de termos avançado muito, Eliane da Costa Alves
com aquisições de dados magnetométricos e Lidar com drones, outros métodos ainda demandam Franciane Conceição Peters
melhoramentos expressivos para alcançar a qualidade de uma aquisição Aerogeofísica clássica, José Jadsom Sampaio de Figueiredo
Mário Sérgio Costa
como é o caso da Gravimetria e da Eletromagnetometria. Os depósitos minerais explorados a Marco Antonio Cetale Santos
profundidades cada vez maiores, demandam especificações muito rígidas para garantia de inves- Renato Cordan
tigação à grandes distâncias do sensor e retorno do investimento feito em tecnologias geofísicas. Rosangela Corrêa Maciel
Simplício Lopes de Freitas
Temos mais uma revolução tecnológica apresentada em nosso Boletim e temos os atores desta
Secretários Regionais
revolução provendo suas perspectivas sobre como ela se processará no mundo e em território Cícero Régis (Norte)
brasileiro. Deixe sua mente VOAR pelos rincões do Brasil. Boa Leitura. Roberta Vidotti (Centro-Oreste)
Francisco José Fonseca Ferreira (Regional Sul-
Sudeste)
Manilo Soares Marques (Regional Nordeste)
Coordenador de Mídias Sociais
George Sand
Editor-chefe da Revista Brasileira de Geofísica
Silvia Beatriz Alves Rolim
Assistente de Diretoria
CO NF I R A NES TA EDI Ç ÃO Luciene Victorino de Carvalho
Assistente Administrativo
Ivete Berlice Dias
3 NOTÍCIAS 14 ARTIGO TÉCNICO I Coordenadora de Eventos
• Anuidade 2020 Renata Vergasta
• UAV MAGNETICS – THE NEXT GENERATION OF
MAGNETIC SEARCH Editora de publicações científicas
Adriana Reis Xavier

6 EVENTOS 18 ARTIGO TÉCNICO II Técnico de Informática


Gabriel Nunes Dias
• I Workshop de Monitoramento Geofísico de • MAGNETOMETRIA COM VANT COMO APOIO Técnico em Manutenção de Equipamentos de
Barragens ÀS OPERAÇÕES PÓS COLAPSO DE BARRAGEM: Informática
SUPORTE À DRAGAGEM E BUSCA POR OBJETOS Daniel dos Santos da Conceição
METÁLICOS
BOLETIM SBGf
9 ENTREVISTA Editor-chefe
• Francesco Antonelli, Luana Cunha, César Félix e Alan Cunha
Stefan Burns Jornalista Responsável
Juliana Lima de Souza
Edição gráfica
Juliana Lima de Souza

Tiragem: 1.000 exemplares


Distribuição restrita
Também disponível no site www.sbgf.org.br
Sociedade Brasileira de Geofísica - SBGf
Av. Rio Branco, 156 sala 2.509
20040-901 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Tel./Fax: (55-21) 2533-0064
sbgf@sbgf.org.br | www.facebook.com/sbgf.org

F U ND O S B G f

DIAMANTE OURO PRATA BRONZE


Boletim
Boletim SBGf número97
SBGf| |número 113 33

INSTITUCIONAL
NOTÍCIAS

Anuidade 2020 Faça parte do projeto


“Divulgue sua defesa!”

Fique de olho nos valores atualizados para 2020.


Aproveite para efetuar o pagamento.
Se você defendeu sua tese de Mestrado ou Dou-
torado e deseja que a apresentação seja divulga-
Estudantes – R$75,00
da pela SBGf, envie a sua gravação para o e-mail
Efetivos – R$150,00
imprensa@sbgf.org.br e divulgaremos no nosso canal
do YouTube.
Mantenha-se em dia com a Sociedade.
Não esqueça de anexar seu documento de autori-
zação e do seu orientador.

Comunicado – RBGf e
YouTube Comunicado sobre acesso
ao acervo digital da SBGf

Caros Associados,

Informamos a que a nova Editora-Chefe da Revista


Brasileira de Geofísica é a Profª. Drª. Silvia Beatriz Al-
A SBGf, juntamente com os autores, está disponi-
ves Rolim (UFRGS). A Revista encontra-se em fase de
bilizando gratuitamente alguns de seus títulos em for-
reformulação e dentro em breve serão disponibilizadas
mato digital. O acesso é permitido somente aos asso-
no formato .doc e .tex.
ciados adimplentes, sendo intransferível para terceiros.
A primeira edição começou a ser publicada em
A consulta ao acervo deverá ser feito exclusivamen-
“previews”, utilize o link para acessar.
te através da Área do Associado.
Submissões podem ser feitas no link.

Informamos também que o Canal SBGf no Youtu-


be encontra-se em plena atividade e apresentado uma
série de vídeos sobre a Geofísica e áreas afins.
A Coordenação do Canal SBGf é do Prof. Dr. Ge-
orge Sand Leão Araújo de França (UnB) com a colabo-
ração da Profª. Drª. Cintia Rocha da Trindade (UFOPa).
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Visite o Canal!
@sbgeofisica
Junte-se a nós! Inscreva-se!
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NOTÍCIAS

Nota aos associados que leve a redução de investimento por parte das em-
presas petroleiras. Esperamos que esta situação seja
momentânea e nos manteremos atentos aos fatos para
ajudar nossos associados naquilo que for possível.
Cuidem-se.

Ellen Nazaré de Souza Gomes


Presidente da SBGf

Rio de Janeiro, 04 de maio de 2020 Campanha – Dia Nacional


Nota da SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOFÍSICA do Geofísico
Prezados associados e parceiros,

É de conhecimento de todos a grave situação de


saúde que passa a humanidade neste momento com
consequências na economia, nas pessoas e nas Insti-
tuições de uma forma geral. A Sociedade Brasileira de
Geofísica não está imune aos efeitos e consequências
desta crise, e vimos assim nos manifestar junto aos
associados e parceiros que nossa Associação está se-
Caros(as) Geofísicos(as)
guindo rigorosamente as recomendações das autorida-
des competentes e da comunidade científica pertinente
Concluímos a primeira parte da segunda etapa para
adotando para isso os seguintes procedimentos:
a escolha do Dia Nacional do Geofísico. Agradecemos a
Todos os empregados da SBGf continuam traba-
todos pelas contribuições.
lhando normalmente em home office, com seus vín-
culos empregatícios e salários mantidos integralmente;
Agora, iniciaremos o segundo escrutínio.
● A diretoria tem realizado suas reuniões semanais
A escolha será entre as três datas mais votadas. A
por videoconferência, utilizando as tecnologias dispo-
votação acontecerá de 7 a 12 de agosto de 2020.
níveis;
O resultado da votação será divulgado no dia 13 de
● Estudos estão em andamento para realização em
agosto de 2020.
formato virtual de eventos programados para 2020;
O seu voto é muito importante. Não deixe de votar!
● A SBGf continua com seu atendimento aos as-
sociados através do número telefônico 021 2533-0064;
Estão convidados a participar alunos, professores/
● Um grupo de análise está sendo formado para
pesquisadores e profissionais de Geofísica, indepen-
avaliar os impactos da situação no médio e longo pra-
dente de ser associado ou não da SBGf.
zos;
● A produção Bibliográfica: Boletim, Revista e
Atenciosamente,
a publicação de livros encontra-se em ritmo normal,
com mínimo impacto gerado pela pandemia;
Ellen Gomes
Presidente
Se você, associado da SBGf, tem ideias para contri-
buir com a Associação, por favor, compartilhe conosco
através dos nossos diversos canais: Telefone, e-mail,
site e redes sociais. Sua contribuição é importantíssi-
ma nesse período crítico para sociedade, academia e Inscreva-se no nosso canal do
indústria.
A SBGf espera que a situação se normalize em YouTube
curto prazo, mas se mantém atenta a possibilidade de
extensão da situação e possíveis impactos em nossos
eventos futuros. Todas as decisões serão comunicadas
à comunidade por todos os meios de comunicação dis-
poníveis. Atualize seu cadastro no site
Temos ciência de que a questão sanitária e suas
consequências não são os únicos motivos de preocu-
pação da comunidade geofísica do Brasil, percebemos www.sbgf.org.br
a presente crise dos preços de petróleo como um fator
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acessado através do nosso canal no YouTube, criado
especialmente para facilitar suas pesquisas, estudos e
propagar o conhecimento.
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Participe do sorteio da
SBGf!

A SBGf irá sortear a 2ª Edição do livro Análise do


Sinal Sísmico de André Romanelli, junto com uma mo-
chila do 16º CISBGf.
Para participar você deve:
1. Se inscrever no canal do YouTube da SBGf.
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O sorteio será feito através do facebook quando


atingirmos o número de 1.000 inscritos no YouTube.
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EVENTOS

O “I Workshop de Monitoramento Geofísico de Barragens” será realizado on-line nas manhãs dos dias 10, 11 e
12 de agosto de 2020. Esse evento contará com a participação da Indústria (Empresas de Mineração, Companhias
de Base Tecnológica em Engenharia, Geofísica e Geotecnia, Companhias Prestadoras de Serviços da área mineral,
Empresas de Consultoria, entre outras); de Órgãos dos Governos Federal e Estadual e da Academia.

Na oportunidade, especialistas abordarão a importância do desenvolvimento de tecnologias de aquisição, pro-


cessamento e análise de dados geofísicos para o monitoramento de barragens, sua integração com dados de enge-
nharia e geotecnia e o Estado da Arte das práticas de monitoramento nas mineradoras. Neste workshop estarão em
foco tecnologias relacionadas à Microssísmica, aos Métodos Elétricos e Eletromagnéticos, ao Radar de Penetração
de Solo, aos Métodos de Sensoriamento Remoto, à Integração de Dados e a outros de alta relevância relacionadas
com o tema do evento.

REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL PATROCINADORES

Clique nos ícones para acessar

Inscrições Programa técnico Patrocínio

EVENTO ADIADO - IX Simpósio Brasileiro de Geofísica


A Sociedade Brasileira de Geofísica comunica que
diante desse cenário que estamos vivenciando da Pan-
demia do COVID-19, a Diretoria, juntamente com o Co-
mitê Organizador, decidiu ADIAR o IX Simpósio Brasi-
leiro de Geofísica que seria realizado nos dias 15 a 17
de setembro de 2020, para o ano de 2022. Fique atento
aos novos prazos.

Contamos com a presença de todos em 2022!

Informações adicionais pelo e-mail:


eventos@sbgf.org.br.
Boletim SBGf
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17th International Congress 2nd Joint SBGf/SEG


of the Brazilian Geophysical Workshop on Machine
Society & Expogef Learning

Com a evolução da pandemia pelo COVID-19 no


Brasil, a SBGf e a SEG decidiram realizar no formato
O 17º Congresso Internacional da Sociedade Brasi- on-line, a 2ª edição do Workshop Machine Learning,
leira de Geofísica, 17º CISBGf, está programado para o nos dias 10 e 11 de novembro de 2020.
período de 16 a 19 de agosto de 2021. Inscreva-se aqui.
Devido à pandemia do COVID-19 e visando a segu- Mais informações no site.
rança de todos, estamos planejando um Congresso com
um número menor de participantes e estrutura híbri-
da presencial e/ou virtual que possibilitará uma maior
participação de congressistas e expositores no evento.

Em breve, divulgaremos informações sobre a cha-


mada para trabalhos.

Visite nosso site.


Make Better Decisions
on Brazil Exploration Opportunities
First EAGE/SBGf Online
Symposium on Reservoir
Monitoring

Data over 17th Round blocks


A SBGf, junto com a EAGE, organiza o I Simpósio Contact to view: nsa.info@pgs.com
ON-LINE de Monitoramento de Reservatório nos dias
17, 18 e 19 de novembro. O programa preliminar será A Clearer Image | www.pgs.com/Campos
divulgado em breve.
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INSTITUCIONAL
ENTREVISTA

Entrevista
Por Juliana Lima e Alan Cunha

Boletim SBGf - Fale um pouco sobre você e sua expe- gerou um dos artigos que o leitor pode acessar neste
riência com Drones na Geofísica. boletim.
Meu nome é Francesco
Antonelli, sou geofísico forma- Meu nome é Stefan Burns,
do pela Universidade Federal do sou geofísico de formação e
Pampa (Unipampa) e Mestre em trabalho para a multinacional
Geologia pela Universidade Fe- geofísica Geometrics Inc. Nós
deral do Paraná (UFPR) com ên- somos os criadores e fabricantes
fase em geofísica aplicada para do magnetômetro MagArrow, o
exploração mineral. Atualmen- primeiro magnetômetro cons-
te sócio-fundador e geofísico truído para aplicações em
nas empresas DETECT e SIGNAL veículos aéreos não tripulados
– Soluções em Geofísica. (VANT’s ou UAV’s).
A minha atenção sobre o tema se voltou em 2016. Anteriormente à minha car-
Fui acompanhando a evolução da tecnologia enquanto reira na Geometrics, participei de diversas aquisições
desenvolvia projetos paralelos. Sempre vi um potencial geofísicas UAV durante o meu trabalho como co-apre-
muito grande nessa área. Hoje, através da DETECT tra- sentador na série Secrets of the Underground, especi-
balho com aquisição e processamento de dados mag- ficamente na segunda temporada da série de TV apre-
netométricos em RPAS (Remotely Piloted Aircraft sentada no Science Channel, em 2017. Nós executamos
System) com planos para expandir para outros métodos diversos levantamentos UAV nesse programa, entre os
em um futuro próximo. quais o LiDAR, termal FLIR, fotogrametria e outros.

Meu nome é Luana Cunha, Boletim SBGf - Atualmente, quais dados geofísi-
sou formada em geofísica pela cos podem ser levantados através de Drones? Quais
Universidade Federal Fluminen- desses métodos estão maduros comercialmente no
se e atuo como geofísica de pro- Brasil e no mundo?
jetos na Seequent trabalhando Luana Cunha - Os métodos geofísicos adquiridos
com o processamento de dados com drones mais conhecidos incluem a magnetome-
geofísicos, principalmente mag- tria, gamaespectrometria e o método eletromagnético,
netométricos. No final do ano especificamente, o VLF. No entanto, observamos que
passado tive a oportunidade algumas empresas já estão testando outros métodos
através da Seequent de ministrar geofísicos com drones como, por exemplo, a gravimetria.
o minicurso de extensão UAV
Geophysics para o I MagArrow Workshop & Demons-
tration, organizado pela UFPR em Curitiba - PR.

Eu me chamo César Félix,


sou oceanógrafo, tenho 10 anos
no mercado e venho desenvol-
vendo minha carreira em geo-
ciências aplicadas a hidroam-
bientes. Tenho experiência em
projetos de telecomunicações,
de infraestrutura costeira, de
óleo e gás e de meio ambiente.
Minha experiência na apli-
cação de métodos geofísicos
com drones é recente, e se iniciou há pouco mais de 1
ano quando encontrei um desafio tecnico-profissional:
a identificação de objetos soterrados de grandes di-
mensões para alimentar uma grande base de dados do
Corpo de Bombeiros, de forma a se correlacionar com
a eventual localização de vítimas. O trabalho citado
10 Boletim
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ENTREVISTA

A magnetometria é o método mais utilizado para Francesco Antonelli - Acredito que os maiores
esse tipo de aquisição no Brasil e no mundo e, conse- desafios de uma aquisição geofísica em drones giram
quentemente, é o método geofísico mais consolidado em torno da operação dos próprios drones. Para exe-
na aquisição com drones. Atualmente, é possível en- cutar um voo de forma perfeita primeiramente deve-
contrar magnetômetros próprios para esse tipo de le- -se levar em conta os condicionantes naturais, como
vantamento tais como o MagArrow (Geometrics) e o clima, relevo e vegetação, e as características do drone,
DRONEmag (GEM Systems). como alcance do sinal de telemetria e autonomia (ou
tempo de voo) com carga acoplada, que normalmen-
Stefan Burns - Os dados mais comumente adqui- te é constituída pelo sensor, case, data logger e bate-
ridos com UAV’s são os de topografia, medidos com o rias. Tem também a questão do planejamento de voo,
LiDAR. Mapas topográficos precisos do LiDAR e mo- ou pré-processamento, que é uma etapa incomum na
delagem 3D usando aerofotogrametria nos permitem aquisição geofísica tradicional (terrestre) e que pode ser
modelar o estado atual do nosso ambiente em alta re- bastante complexa. Também, é necessário adequar toda
solução, de forma autônoma. À medida que essas tec- a logística de voo para atender a legislação brasileira
nologias amadureceram, esses dados se mostraram ex- e as normativas da Anatel, ANAC, DECEA e Ministério
cepcionalmente úteis, coletados por sistemas movidos da Defesa.
com energia limpa. As pesquisas de espectroscopia de Em relação à tecnologia envolvida na criação dos
raios grama em UAV são úteis para certas aplicações, sensores geofísicos, os desafios consistem em tornar os
fornecendo importantes dados geológicos e do conteú- equipamentos cada vez mais compactos, de forma a
do de minerais radioativos no solo ou em rochas aflo- reduzir o peso e a operar em baixa energia. Cada mé-
rantes. todo possui suas particularidades. É sabido, por exem-
As pesquisas com magnetômetros de UAV nos per- plo, que a contagem de raios gama diminui conforme
mitem modelar o campo magnético da Terra em alta o distanciamento da fonte radioativa, entre outros fa-
resolução em grandes áreas, e suas aplicações são inú- tores. O problema pode ser compensado aumentando o
meras. Os levantamentos de GPR em UAV podem for- tamanho do cristal, mas em contrapartida irá acarretar
necer dados de alta resolução e baixa penetração em sobrecarga.
profundidade do subsolo, de forma completamente não Além disso, leva-se em conta o tempo morto, que é o
invasiva. Vejo pesquisas de GPR em UAV sendo espe- tempo que o detector necessita para registrar e que deve
cialmente úteis para aplicativos industriais 3D quando ser considerado no cálculo da velocidade do voo já que,
casados ao LiDAR. Por fim, as pesquisas eletromagnéti-
cas em UAV foram realizadas com algum sucesso e são
promissoras, devido ao fato deste campo estar na fase
conceitual.
Essas tecnologias estão em vários estados de uso
e em diversos locais do planeta. Atualmente, o LiDAR
e a fotogrametria estão sendo praticados em todo o
mundo, o gamespectrômetro é frequentemente adicio-
nado como um sensor secundário e os levantamentos
magnetomtricos com UAV têm sido utilizados aqui e
no exterior com grande sucesso. No Brasil e na maior
parte do mundo, a geofísica em drones tem sido utili-
zada de forma restrita. Um forte impulso por parte de
qualquer grupo, seja ele público ou privado, pode se
estabelecer como líder mundial da geofísica em VANT.
Com as grandes empresas compreendendo cada vez
mais o valor da magnetometria em um universo cada
vez mais digital, as oportunidades tendem a crescer. A
integração de sensores geofísicos com drones continua
sendo um fator limitante. Pequenas aeronaves de deco-
lagem e aterrissagem vertical (VTOL) que podem viajar
além da linha visual do local (BVLOS) com recursos de
integração geofísica é o necessário para que um líder
comercial surja e que as pesquisas geofísicas em UAV
se tornem frequentes e sem fronteiras.

Boletim SBGf - Poderia citar os desafios técnicos es-


pecíficos para cada método geofísico em relação a
sua viabilidade tecnológica de aquisição por Drone? See the energy at TGS.com

(Magnetometria, Gravimetria, Radiometria, e Eletro-


magnetometria).
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11

por consequência, afetará a estatística dos dados. Ain- drones com baterias que podem durar de 20 minutos
da há o fenômeno de atenuação de energia pela ve- até 4 horas de voo, no caso de drones mais robustos. A
getação, solo e água. Nos métodos eletromagnéticos, escolha do equipamento adequado é fundamental para
em geral a preocupação é com o ruído e com a carga o sucesso da aquisição de dados e, consequentemente,
total (payload), pois são muito sensíveis e normalmente da qualidade dos dados gerados. Além disso, percebo
pesados. Para o radar de penetração de solo (GPR), é que o planejamento da aquisição de dados geofísicos
importantíssimo voar baixo e sem variações significa- com drones não pode ser negligenciado, a aquisição de
tivas de altura, pois elas afetam o tempo de emissão dados é uma etapa decisiva para os projetos e, portan-
e registro da onda EM. O VLF é muito afetado pela to, precisa ter todos os parâmetros de voo muito bem
mudança na direção do sensor e os de looping pelas controlados diante da automação do voo. A falta de
oscilações, principalmente. conhecimento da área a ser levantada e todo o entor-
no desse polígono de interesse também é fundamental
Stefan Burns - O tempo de voo também é uma para evitar eventuais colisões e perda de equipamento.
limitação para todos os métodos. Cada um deles exige
um certo intervalo para o registro da medida durante César Félix - Entendo que os principais diferen-
a aquisição. Um drone que só pode voar por 20 minu- ciais desta aplicação estão associados à logística de
tos e, portanto, inspecionar por volta de 10-15 minutos acesso às áreas de estudo e à produtividade alcançada
adotando precauções de segurança, não será de grande para os serviços, dada a possibilidade de se adquirir
utilidade. dados a uma alta velocidade, causando grande impac-
Por fim, o tamanho do equipamento e os requisitos to positivo na alocação de recursos financeiros. Além
de alimentação de energia ainda exigem a redução para disso, destaco a possibilidade de realizar levantamentos
os sistemas VTOL (Veículos de Decolagem e Aterragem em ambientes terrestres e aquaviários em simultâneo,
Vertical). A maioria dos sensores geofísicos ainda tem sem que haja necessidade de mudar a configuração de
dimensões muito grandes. Magnetômetros como o aquisição do conjunto de equipamentos utilizado.
MFAM da Geometrics são pequenos o suficiente para o
uso eficaz em UAV. Stefan Burns - Os levantamentos em drones apre-
sentam vantagens importantes sobre os métodos tra-
Boletim SBGf - Poderia citar as vantagens operacio- dicionais de pesquisa, onde tudo depende da missão/
nais do uso de drones na aquisição geofísica e como objetivo e do ambiente-alvo. Como exemplo de caso de
tais vantagens foram importantes em algum desafio estudo, uma pesquisa foi concluída com o MagArrow
real, por exemplo, algum projeto executado? nas Montanhas Rochosas do Colorado a 4000m acima
Francesco Antonelli - O uso de drones fornece do nível do mar. As assinaturas magnéticas dos picos
muitas vantagens no nosso campo. Entre as principais montanhosos foram investigadas, na esperança de de-
estão a qualidade dos dados por conta da alta taxa de tectar depósitos minerais. As encostas dessas cordilhei-
amostragem e a precisão da leitura, a velocidade no ras impossibilitavam o acesso tornando muito perigosa
processo de aquisição, a economia de custos e a segu- a pesquisa dos terrenos, e a elevação e a topografia
rança para o operador. O drone contorna as dificulda- íngreme tornavam impraticável a aquisição por heli-
des causadas pelos padrões topográficos e geomorfoló- cópteros e impossível o percurso terrestre. Ao longo de
gicos de modo a fornecer cobertura completa da área. três dias, doze levantamentos com o MagArrow foram
Em inúmeras ocasiões na geofísica terrestre tivemos concluídos usando um M600 da DJI, e os dados apre-
que reprogramar a malha devido à periculosidade ou sentaram resultados de excelente qualidade. O drone
características árduas do terreno que impossibilitaram foi programado para acompanhar a elevação do local
a chegada em um ou mais pontos. Cito, como exem- de modo a garantir que todos os dados de magnetomé-
plo o último trabalho realizado na região da Amazônia, tricos fossem coletados com a mesma distância entre o
onde enfrentamos diversos riscos, entre os quais, de nível do solo e a aeronave.
ataques de animais selvagens, alagamentos e quedas A capacidade dos UAV's de navegar por terrenos difí-
de árvores. Foram gastos mais de dez dias do projeto ceis, acidentados e perigosos é uma enorme vantagem
apenas abrindo caminho na selva. Não teríamos essas em comparação aos sistemas geofísicos tradicionais.
preocupações se a aquisição fosse feita de forma remo-
ta e aérea.

Luana Cunha - Percebo que o uso de UAV´s para


geofísica é extremamente vantajoso, permitindo profis-
sionais levantarem dados de áreas que eram até então
inacessíveis, incluindo aquelas de topografia acidenta-
da. Os drones, além disso, contribuem para a otimiza-
ção do trabalho e segurança da equipe. Por outro lado,
a capacidade de autonomia de voo do drone, ou seja,
a duração da bateria é um fator determinante para o
levantamento. Hoje é possível encontrar no mercado
12 Boletim
Boletim SBGf número97
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ENTREVISTA

A questão sempre foi "como", e os instrumentos risco, são muito relevantes e servem de subsídio para
geofísicos dos VANTs responderam a essa pergunta, qualquer desenvolvimento.
pelo menos para o nosso atual ciclo de macro mercado.
Stefan Burns - A indústria de geofísica dos VANT’s
Boletim SBGf - Como você ou sua organização enxer- está começando a florescer. Nos próximos vinte anos,
gam o futuro da aquisição geofísica através de Dro- o setor crescerá significativamente. Importantes ava-
nes? Quais métodos amadurecerão a curto, médio e liações serão alcançadas à medida que as informações
longo prazo? geofísicas coletadas com a próxima onda de instru-
Francesco Antonelli - Vejo um futuro repleto de mentação geofísica cresçam. Como exemplo, pense nas
oportunidades, sendo essa, na minha opinião, a área consequências sociais que resultarão de uma previsão
mais promissora da geofísica. Os fabricantes de equi- de terremoto relativamente precisa (se isso acontecer).
pamentos geofísicos já investem em pesquisa e desen- A escala de detalhe que a geofísica de VANT’s oferece
volvimento nessa área há muitos anos. É só questão de é o que precisamos se quisermos entender e monitorar
tempo para conseguirem adaptar os sensores já exis- melhor nosso planeta Terra, para a saúde e segurança
tentes em RPAS Classe III (peso máximo de decolagem de todos.
de até 25 kg, de acordo com as normas da ANAC). A Métodos em UAV como o LiDAR já estão maduros,
maioria dos métodos não-sísmicos disponibilizarão al- e o levantamento de magnetometria está amadurecen-
ternativas para essa finalidade. do. Em cinco anos, a magnetometria do UAV parece-
rá completamente diferente. As pesquisas em UAV de
César Félix - Maior produtividade é algo benéfico GPR, gravimetria e de EM levará mais tempo para evo-
para qualquer tipo de aquisição, e o acesso a locais luir e atualmente são fortes oportunidades para fins de
difíceis, especialmente por não expor uma pessoa ao pesquisa privada e governamental.

Atualize seu cadastro no site


www.sbgf.org.br
Boletim SBGf | número 97 13

Foto: Instituto Minere


I Workshop de Monitoramento
Geofísico de Barragens
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A R TI G O TÉC NI C O I

UAV MAGNETICS – THE NEXT GENERATION OF MAGNETIC


SEARCH
Written by: Stefan Burns – Geometrics, Kevin Hurley – Geometrics, Naiema Jackson – Geometrics
Edited by: Francesco Antonelli - Geophysicist, BSc.; MSc. in Geology,
Data provided by: Ron Bell – International Geophysical Services, LLC

INTRODUCTION

Total field magnetic surveying is evolving into a new frontier. Rapid developments in autonomous vehicles,
ten-fold size reductions in magnetometers (ZHANG. R., SMITH, K., & MHASKAR, R., 2016), and advances in battery
technology have transformed the field of magnetics. Traditional surveying methods, of walking with a heavy ba-
ckpack system over arduous terrain or towing a delicate system behind a boat in shallow waters, are fraught with
technical difficulties and dangers. Unexpected events can sometimes cost a company more than just money. With
integrated Unmanned Aerial Vehicles (UAV), the geophysicist relocates the perimeter of the survey where they can
observe and monitor survey progress safely.

ADVANTAGES OF UAV MAGNETIC SURVEYS

With the addition of lightweight autonomous vehicle technology to the geophysicist’s equipment arsenal, mag-
netic survey possibilities are greatly expanded. One of the main advantages over traditional survey methods is time.
An operator for a typical backpack magnetometer survey can walk 10 kilometers in a day (SHELDON BREINER,
1999). With backpack systems being heavy and cumbersome, this is tiring work. For a survey requiring 100 kilome-
ters to be walked, this would take 10 days of operator time and significant operational expenses would add up. A
UAV magnetic survey can fly 100 kilometers in a day, with areas a few square kilometers in size being reasonably
surveyed in a day depending on the line spacing.

Another key advantage of UAV magnetic surveying is site accessibility. Areas where traditional airborne or ma-
rine magnetometers cannot safely operate, such as rugged terrain and shallow marine environments, are accessible
with UAV technology. High elevation areas 1000’s of meters above sea level with low oxygen levels can be surveyed
with UAV, and with no surveying or health risks to the geophysicist and flight operator.

UAV magnetics also is highly accurate. Using flight sof-


tware, survey routes can be preplanned down to cm accuracy,
and highly accurate GPS systems onboard UAV ensure survey
lines remain on course. When flying at 10 m/s and sampling at
1000 Hz, high precision GPS is critical.

TYPES OF UAV MAGNETOMETERS

The current field of UAV magnetics has three different


sensor types being widely used. Cesium, Potassium, and flu-
xgate magnetometer technologies have all successfully adap-
ted to the low weight and size requirements needed for UAV
surveying. These three different types of magnetometers have
their own unique advantages and disadvantages.
Optically pumped Cesium vapour magnetometers are a to-
tal field magnetometer, highly sensitive, and have been the
industry standard for decades. MFAM1 technology is the la-
test iteration of this, operating at a sample rate of 1000 Hz,
having no dead zones (with proper sensor orientations), being
fully autonomous, and having on-board orientation sensors
for magnetic compensation calculations. The biggest drawback
is the lack of altimeter integration, though UAV flight software
Figure 1 – Photo from a UAV magnetic survey performed over the mitigates this.
shallow waters off the coast of Florida. Optically pumped Potassium vapour magnetometers,
are another type of total field magnetometer. Potassium
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magnetometer technology has a high sensitivity, a low heading error, and current Potassium magnetomers for UAV
can integrate with a laser altimeter for accurate altitude measurements. Potassium magnetometers are heavy though,
and can experience significant dead zones, meaning parts of a survey might need to be flown again if dead zones
are encountered.
Fluxgate magnetometers are a type of vector magnetometer, which measures the three vector components of
the magnetic field. They are lightweight and have been in use for decades. However, Fluxgate magnetometers are
extremely susceptible to motion induced noises. Even with a multiple-sensor setup measuring the vector gradient
between sensors, additional data processing techniques are required to mitigate this issue. As a result, fluxgate mag-
netometers are only used to search for targets with large magnetic signatures in mobile applications. In addition,
fluxgate magnetometers are subject to temperature drift issues and may require calibration.

UAV INTEGRATION

One of the significant challenges with performing magnetic surveys using UAV technology is the question of
magnetometer and UAV integration. The physics of magnetometry dictate that the least amount of magnetic conta-
mination should be strived for when performing a magnetic survey.
Common UAV like the DJI Matrice 600 as shown in figure 2 are constructed from a variety of carbon fiber, plas-
tic, electronics, and lightweight metallic parts. The electronics and metallic components of commercially available
UAV create a sizable magnetic signature, a signature which can interfere with ata collected during a UAV magnetic
survey. Each UAV will have a different magnetic signature based on its materials, design, and working environment.
Permanent magnetism, induced magnetism, and eddy-current magnetism all contribute to the creation of a UAV’s
unique magnetic signature.
Currently, there are two strategies for working
around this integration limitation. If the magneto-
meter or UAV collects compass, gyroscope, and ac-
celerometer data, a traditional set of nineteen com-
pensation equations can be calculated to determine
the appropriate noise coefficients (P. LELIAK, 1961).
Otherwise compensation can be ignored altogether
if the magnetometer sensor is separated far enough
away from the UAV for the UAV’s magnetic signa-
ture to not be detectable.
There are two common methods of UAV and
magnetometer integration. The magnetometer can
be affixed to the UAV via a rigid frame, or the mag-
netometer can be suspended via flexible cables.
Each attachment methods has advantages and com-
plications.
Attachment of a magnetometer to a UAV via
a rigid frame has the advantages of simpler flight
dynamics and a consistent sensor orientation. Dra-
wbacks include added weight which decreases flight Figure 2 – Geometrics MagArrow Magnetometer affixed to a DJI M600 UAV with
time and magnetic contamination from the UAV, a rigid frame.
due to its closer proximity.
Suspension of a magnetometer under a UAV with a cable system has the advantages of being easy to imple-
ment, only adds a negligible amount of weight, and removes the magnetometer from the magnetic contamination of
the UAV. This suspension distance is typically 2-4 meters, and should be calculated before surveying. Disadvantages
of suspension include more challenging flight dynamics and a variable sensor orientation. For magnetometers that
have dead zones, this can prove highly problematic.

EXAMPLE MAGNETIC DATASETS

To understand the operational and data differences between a UAV magnetic survey and a land magnetic sur-
vey, Ron Bell of International Geophysical Services LLC performed both a walking and UAV magnetic survey over
Crestone Crater located in San Luis Valley, Colorado, USA.

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The area shown in figure 3 is 500 meters by 500 meters.


Survey lines were spaced 20 meters apart, with tie lines flown
every 100 meters. The altitude of the magnetometer sensor
was 16 meters above ground level, and the data was collected
during four sorties each 15 minutes in length. Total time to
collect this data via UAV was less than 4 hours.

During 2018, more UAV magnetic surveys were flown


over the Crestone Crater by International Geophysicsal Ser-
vices. With these surveys, it was determined by Ron Bell that
UAV magnetic data, if collected properly, will be of higher
quality than a typical ground magnetic survey.

Figure 3 – Total magnetic intensity map of Crestone Crater. The da-


shed section is data from a land magnetic survey overlaid on top of a
larger magnetic data set collected with a MagArrow and UAV. Data
collected 2017.

Figure 4 – High pass filtered reduced to pole total magnetic intensity map of
Crestone Crater. Data collected 2018.

CONCLUSION

The advent of unmanned aerial vehicle technology has


already started to transform a wide variety of industries glo-
bally, from delivery to geophysics. UAV technology offers
Figure 5 – UAV magnetic survey flight paths for the data from figure the promise of time savings, reduced risk, increased preci-
4. sion, and lower operational costs.

UAV magnetic surveys open up a wide range of new possibilities, and adventurous geophysicist have begun
exploring and surveying the world in ways never before done. The increased scale of UAV magnetics compared to
traditional land surveys, and also the ability to survey in remote inaccessible terrain, has opened the door for big
institutions interested in the promise of magnetics.
Large scale mineral exploration projects, surveys for legacy oil and gas infrastructure, geothermal projects, and
geologic reconnaissance are just some of the ways UAV magnetics is currently being put to use. The best applica-
tions for this technology, and the potential reward, are likely still undiscovered.

REFERENCES

1. ZHANG. R., SMITH, K., & MHASKAR, R. (2016). Highly sensitive miniature scalar optical gradiome-
ter. 2016 IEEE SENSORS. doi:10.1109/ic- sens.2016.7808768.

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2. SHELDON BREINER. Applications Manual for Portable Magnetometers. Technical Report ,1. Sunnyvale, CA
94066: Geometrics. 1999 ( tDAR id: 171768) ; doi:10.6067/XCV8DJ5JD6
3. P. LELIAK. Identification and Evaluation of Magnetic-Field Sources of Magnetic Airborne Detector Equipped
Aircraft. in IRE Transactions on Aerospace and Navigational Electronics, vol. ANE-8, no. 3, pp. 95-105, Sept. 1961,
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MAGNETOMETRIA COM VANT COMO APOIO ÀS OPERAÇÕES


PÓS-COLAPSO DE BARRAGEM: SUPORTE À DRAGAGEM E
BUSCA POR OBJETOS METÁLICOS
FELIX, C.A.; TESSLER, T.M.
Tessec Engenharia e Serviços Marítimos Ltda.

INTRODUÇÃO

Colapsos de barragens são eventos resultantes de falhas estruturais, criando uma liberação abrupta do mate-
rial que originalmente foi concebido para se manter em elevação diferencial (e.g. água, solo, rejeitos). O que ficou
conhecido como o Desastre de Brumadinho, ocorreu em 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, Minas Gerais. Foi
um evento de grande proporção resultante de um rompimento abrupto de uma barragem de rejeitos, projetada para
apoiar uma exploração em larga escala de minério de ferro. Infelizmente, o evento resultou em centenas de fatali-
dades e suas causas ainda estão sendo investigadas.
A cerca de 6 km do local do rompimento, o Rio Paraopeba foi assoreado com os rejeitos oriundos da mineração,
compostos primordialmente por uma mistura de argila e minério. Uma rápida operação de dragagem foi projetada e
instalada pela empresa Allonda no local, para limpeza dos rejeitos do leito e das margens, buscando retornar o rio
à seu curso normal e evitar ao máximo impactos ambientais a jusante. A fim de otimizar a operação de dragagem
e evitar sua interrupção devido ao provável encontro da draga com os inúmeros detritos e objetos depositados após
o transporte pelo vale, foi realizado levantamento com magnetômetro próprio para a instalação em VANT (Veículo
Aéreo Não Tripulado) com o intuito de identificar e mapear objetos metálicos.
Foi executado levantamento aerofotogramétrico (com VANT) e topobatimétrico (com embarcação e a pé) nos
primeiros três quilômetros do Rio Paraopeba a partir da área de confluência do rejeito. Pelo resultado destes levan-
tamentos observou-se um estreitamento significativo do rio, e profundidades rasas (de 0,5 a 3 m), gerando assim
uma forte correnteza. Estas características limitam significativamente a operação de aquisição de dados magnéti-
cos aquáticos, uma vez que não há mínima condição para uma navegação paralela com equipamento a reboque
(condições essenciais para localização de objetos), bem como outros detalhes que diminuiriam muito a qualidade e
efetividade do levantamento. A aquisição de dados terrestres seria também muito limitada, uma vez que o mosaico
de fotos e o modelo digital de terreno, gerado a partir da composição dos dados levantados, mostraram que nas áreas
onde o rejeito se acumulou acima do nível das águas havia montes íngremes de rejeito e vegetação. Com isso, as
projeções pessimistas de acessibilidade e produtividade, em conjunto com a dificuldade de realizar um levantamento
em malha, eliminaram a possibilidade de um levantamento com magnetômetro terrestre convencional. Este estudo
mostra a primeira aplicação da magnetometria aérea para apoio a atividades de dragagem no Brasil
Dentro do mesmo contexto, as buscas por vítimas na área afetada pelo depósito do material do rompimento
eram efetuadas por grande efetivo do Corpo de Bombeiros. O mapeamento de objetos metálicos na área do desas-
tre apresentou-se com especial utilidade pela identificação de veículos e outros ativos metálicos de grande porte
soterrados, que poderiam estar associados a presença de vítimas. Nesta etapa os dados foram utilizados para alimen-
tar um banco de dados de inteligência multidisciplinar gerenciado pelo Corpo de Bombeiros. Os pontos com a loca-
lização das anomalias magnéticas eram combinados com outras informações levantadas para identificar o paradeiro
de um equipamento antes e depois do rompimento e, possivelmente, associar os locais das vítimas que poderiam
estar perto deste equipamento em particular. Neste aspecto, considerando a vasta dimensão das áreas de busca e
levantamentos (aproximadamente 280 ha), a experiência neste trabalho elucidou grandes vantagens de se utilizar
VANT para levantamentos geofísicos: sua agilidade, possibilidade de voo baixo e trabalho em locais de difícil acesso
(Malehmir et al., 2017).
Ao mesmo tempo, a rapidez da aquisição e processamento dos dados indica a magnetometria aérea como uma
metodologia dinâmica para atividades de resgate, pois fornece produtos eficientes e sistemáticos essenciais nestas
situações, reforçando a capacidade dos levantamentos com drone de apoiar a resposta a desastres naturais (Kim et
al., 2019).

Neste trabalho serão apresentados os métodos de planejamento e aquisição de dados, bem como os resultados
obtidos para o caso de Brumadinho. Não obstante, compreender o potencial da técnica no mapeamento de obstru-
ções incorpora-se aos objetivos deste artigo, uma vez que o histórico desta aplicação no ambiente terrestre ou águas

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ultra rasas no Brasil é incipiente, principalmente ao tratarmos de produtos científicos. Sendo assim, um histórico da
utilização deste método no mundo e sua comparação com o Brasil será realizado.

APLICAÇÕES E FUNDAMENTO DE MAGNETOMETRIA E SUA APLICAÇÃO NO BRASIL

O principal catalisador do desenvolvimento de métodos modernos de magnetometria foi sua aplicação militar,
iniciando-se na identificação de submarinos na Segunda Guerra Mundial e, atualmente, no mapeamento de relíquias
de guerra. Os chamados UXO (UneXploded Ordnance) são objetos de muita preocupação para o estabelecimento ou
manutenção de empreendimentos e demandam um constante desenvolvimento tecnológico para sua detecção, uma
vez que uma munição não deflagrada de qualquer tamanho apresenta risco à vida humana ou ao meio ambiente.
Em outras regiões, a arqueologia é também uma beneficiária de levantamentos detalhados de magnetometria, con-
figurando a procura por objetos ferromagnéticos antigos de grande porte, como embarcações (Schurmann et. al.,
2011) e construções, ou de pequeno porte como armas brancas ou quaisquer utensílios de civilizações do passado.
Não existem casos relevantes de utilização de magnetometria para mapeamento de UXO no Brasil, menos ainda
associados a projetos locais de infraestrutura. Em outras palavras, as obstruções existentes podem não significar
diretamente risco à vida humana, uma vez que o Brasil não participou de conflitos armados de grandes proporções
em seu território quando comparado a outros países.
As maiores demandas de identificação de obstruções no ambiente marinho no Brasil se dão em função de obje-
tos já conhecidos, como o mapeamento de cabos e dutos (quando enterrados); ou quando estes objetos são perdidos
e tornam-se obstruções, como os exemplos citados anteriormente. Ainda assim, neste mercado específico a magne-
tometria é aplicada muitas vezes de maneira qualitativa e secundária, uma vez que o país não conta com um corpo
técnico de profissionais especializados, o que invariavelmente rebaixa a credibilidade ou mesmo o conhecimento do
método no mercado. No ambiente marinho, ao tratarmos de obras de infraestrutura como a dragagem, não mapear
detritos como âncoras e cascos soçobrados pode trazer riscos e incertezas, uma vez que objetos pequenos (~0.5 m de
diâmetro) são potenciais agentes causadores de interrupções operacionais ou danos ao equipamento. Em operações
de resposta a emergências ou acidentes marítimos, como identificação de contêineres perdidos no mar após even-
tos de tempestade ou equipamentos extraviados em áreas de canal de navegação, a aplicação da magnetometria é
altamente recomendada desde que as metodologias sejam usadas corretamente. Sua aplicação pode ser discutida
inclusive para auxílio em casos de justiça, como ocultação de armas ou veículos no mar (Geofísica Forense).
Em terra, a magnetometria é muito utilizada para caracterização geológica na mineração, com pouca aplicação
em projetos de infraestrutura para mapeamento de ativos como tubulações (Parvar, 2016), ou verificação de ativos
previamente à construção de uma planta industrial. Uma aplicação sobre este último caso é o mapeamento de barris
metálicos com resíduos perigosos (Barrows & Rocchio, 1990).

EQUIPAMENTOS

Vários tipos de magnetômetros são disponíveis para medições a partir de um VANT, como sensores de potássio
ou césio bombeados opticamente, próton, overhauser e fluxgate. O sensor pode ser rebocado por um cabo ou haste a
uma distância adequada da aeronave, para evitar o ruído magnético dos motores, ou pode ser montado na aeronave
fornecendo o que pode ser chamado de campo magnético compensado.
Como em qualquer outra operação de geofísica, a escolha do equipamento é fundamental e deve ser direcionada
à resolução do problema ou da maioria dos problemas em questão. Cada sensor tem suas características e há razões
para se escolher entre uma solução rebocada ou montada. Neste trabalho, o objetivo principal era identificar objetos
grandes que poderiam representar um obstáculo para os serviços de dragagem a serem realizados e, posteriormente,
quaisquer objetos metálicos grandes na área de influência da barragem. Ao mesmo tempo, a mobilidade do VANT
era um fator decisivo para a escolha do equipamento, uma vez que no rio havia árvores empilhadas nas margens
e nas ilhas recentemente formadas ao longo do curso, atribuindo risco de colisão e exigindo, portanto, uma boa
manobrabilidade da aeronave. Mesmo com um levantamento aerofotogramétrico anterior, recente e preciso, havia
um alto risco de emaranhamento por um eventual sistema rebocado. Após todos os fatores considerados, um mag-
netômetro vetorial com dois sensores 3fluxgate 3D acoplados na aeronave foi utilizado.
O MagDrone R3, fabricado pela Sensys, equipado com dois sensores triaxiais, modelo FGM3D/75, separados
por um tubo de fibra de carbono de um metro, e um GPS interno que fornece precisão de 2 metros. Todo o sistema
pesa menos de um quilo e pôde ser operado pelas aeronaves Inspire 1, Inspire 2 e Matrice 200 da DJI. É necessário
ressaltar que esses dois sensores não constituem um gradiômetro, uma vez que são independentes e usados ​​para
melhoria da cobertura. Uma fotografia do sistema em operação pode ser observada na figura 1.

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A escolha da aeronave deve levar em consideração


algumas variáveis ​​importantes. No caso do presente tra-
balho, as mais importantes foram: capacidade de trans-
portar 1 kg de carga útil, leveza, autonomia e custo (espe-
cialmente devido ao risco de perda do sistema). O peso do
sistema e a capacidade de ser facilmente transportado foi
importante para o sucesso das operações. A facilidade em
transitar e coletar dados rapidamente através dos polígo-
nos pré-definidos foram fundamentais para os resultados
e a sinergia com a equipe de resgate. Para o suporte à
dragagem, em alguns trechos em que não havia área de
pouso e decolagem, o lançamento e recuperação do VANT
foram feitos a partir de uma pequena embarcação. O con-
junto Inspire 2 com o magnetômetro de 900 g permitiu 12
a 15 minutos de voo, o que resultou em menos de 1 km de
produção real por voo. Para atenuar a baixa autonomia,
o planejamento foi ajustado para disponibilizar baterias
carregadas continuamente.
Dado o fato de que o equipamento é montado à
aeronave, suas leituras resultam em um campo magnético
compensado, ou seja, sofrem influência da aeronave. Sen-
sores tipo fluxgate são historicamente considerados me-
nos precisos, porém são muito mais robustos que sensores
óticos por sua simplicidade operacional. O equipamento
em questão possui frequência de aquisição de 200 Hz, o
que torna possível a filtragem dos ruídos da aeronave, que
são em torno de 40 Hz. Esta filtragem é mais complexa Figura 1 - Equipamento utilizado em operação acoplado a um drone Ins-
para sensores óticos, uma vez que estes costumam operar pire 1, com indicações aos sensores e datalogger.
em frequências de aquisição próximas a 10 Hz.
Em sensores tipo fluxgate tridimensional, o sensor principal é composto por 3 sub-sensores, montados perpen-
segundo os eixos x, y e z, sendo cada um responsável pela medição do fluxo magnético em uma direção. Devido
às tolerâncias de fabricação, os eixos não são perfeitamente alinhados entre si, o que pode acarretar geração invo-
luntária de ruído por sua interação diferencial. Isso é compensado por uma calibração, realizada pela rotação dos
sensores em um ambiente controlado e coleta de registros dos desvios na leitura. Esses desvios são armazenados
em uma matriz de compensação e aplicado às leituras em tempo real. Os desvios em diferentes temperaturas tam-
bém são armazenados pela variação causada por este componente. Com avanços recentes em relação à calibração
e compensação, aliados à maior robustez se comparados aos sensores óticos, os sensores fluxgates configuram-se
atualmente como uma ferramenta muito interessante para diferentes propósitos (Gravazzi et al., 2016).
A partir dos valores compensados dos​​ vetores individuais calcula-se a intensidade magnética total. O valor
resultante contém a anomalia e o campo ambiente, este último deve ser removido para obtenção da anomalia do
campo magnético. Isso pode ser alcançado usando um magnetômetro de base, ou através da aplicação de mediana.
Como todas as anomalias de interesse neste trabalho têm comprimento muito menor em relação a estruturas geo-
lógicas. Além disso, com o rápido movimento do equipamento, e das pequenas dimensões do objeto causador da
distorção do campo, as anomalias são detectadas muito mais rapidamente do que o campo magnético pode mudar
com a interação com os raios solares (variação diurna). Assim, a aquisição de dados de magnetometro base, mesmo
benéfica, não é crucial. Além disso, todos os blocos de aquisição de dados são analisados separadamente e cada
campanha é finalizada em pouco tempo. Se todos os dados adquiridos fossem compor um grande mapa magnético
da área, a utilização de base e métodos de processamento mais robustos seriam necessários.

PLANEJAMENTO E TESTES DE DETECTABILIDADE

O estágio de planejamento é mais importante para o sucesso das operações com um magnetômetro quando
comparado aos sistemas ativos, como os sonares. Isso ocorre porque com um sonar, cabos de resistividade ou mesmo
câmeras de vídeo, a estimativa de cobertura é assertiva, pois depende do sinal emitido no ambiente e das variáveis
ambientais. Para técnicas de campo potencial, o sistema é passivo e a detecção e localização dos objetos desejados
depende de uma série de variáveis, como massa metálica, volume, forma, direção das linhas de levantamento, in-
tensidade do campo magnético local, entre muitos outros.
Para a pesquisa de apoio à operação de dragagem da Allonda, o conceito de obstrução significa qualquer ma-
terial que possa, uma vez atingido pela draga, resultar em tempo de inatividade. É complexo definir com precisão,
mas para a draga usada, foi feita a adoção de qualquer objeto maior que 0.3 m e mais pesado que 50 kg. Como
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não há definição do material dos objetos, o tamanho de um objeto detectável por anomalia magnética foi estimado
pela Equação de Hall (ΔM = 10 w / d³) (Breiner, 1999). A massa do objeto é definida por w, e a distância por d. O
coeficiente 10 é uma generalização da indução de campo local. A equação de Hall leva em consideração a forma do
objeto por meio da razão das dimensões a/b,, mas como não havia informações sobre objetos, se adotou uma esfera
(relação 1/1).
No entanto, estimar apenas o campo magnético indutor normalmente subestima a amplitude das anomalias
magnéticas, uma vez que os fatores de amplificação, como magnetização remanescente, volume do objeto e outros,
não são considerados, tornando complexa a estimativa da anomalia magnética.
Foram conduzidos dois testes principais para se avaliar os seguintes pontos: nível de ruído e influência dos
motores do VANT nos dados; detecção propriamente dita (amplitude das anomalias sobre objetos conhecidos) e
posicionamento das anomalias. Outros testes subjetivos, mas também muito relevantes, foram o comportamento do
drone e escolha da melhor forma de montagem e parâmetros de aquisição como velocidade e estabilidade. Testes
distintos foram feitos para o suporte à dragagem e às operações de resgate.
Para o suporte à dragagem, se utilizou um veículo utilitário. Para se observar o raio de influência da sua distor-
ção do campo, se utilizou também uma roda de fero fundido (~50 kg e 0.3 m de diâmetro) para se avaliar a capaci-
dade de detecção do sistema em diferentes alturas de voos e espaçamento entre linhas de levantamento.
Para o auxílio ao resgate, foram feitos testes sobre veículos íntegros e destruídos e outros ativos, como geradores
e torres de iluminação, para compreensão do nível de distorção do campo e forma das anomalias. O veículo íntegro
foi sobrevoado em diferentes alturas, para que se avaliasse o padrão de atenuação da amplitude da anomalia.
Os planos de voo seguiram a orientação do rio no projeto de apoio à dragagem, com raio de 100 m para sempre
manter o drone no visual (sistema VLOS). Para o apoio aos bombeiros, as orientações foram variadas: se não hou-
vessem obstruções aos voos, estes seriam feitos na direção N-S, porém, normalmente, os voos foram segmentados
em função do relevo acidentado (Stoll, 2013). Basicamente, o plano de voo foi segmentado toda vez que variações
de nível superavam os 10 m.

RESULTADOS
Detecção de Obstruções para Suporte à Dragagem

Para esta etapa a aeronave voaria a não mais de 4 m acima do nível da água com um espaçamento entre sen-
sores de 3 m. Portanto, na pior das hipóteses, os magnetômetros poderiam detectar uma anomalia de 2 nT causada
por um objeto de 100 kg que que estaria 3,5 m abaixo da linha d'água. Isso pode parecer baixo, mas situações em
que pelo menos um fator de amplificação não é aplicado são muito raros.
Para o suporte à dragagem, 31 km de dados aprovados foram adquiridos em 5 dias e cerca de 216 anomalias
foram assinaladas (várias potencialmente representavam o mesmo objeto). Como decorrência do grande número de
anomalias, foram determinados alvos prioritários e secundários. Os primeiros foram aqueles capturados em perfil
magnético com amplitudes iguais ou maiores que 40 nT e com claro padrão de dipolo em malha.
O processo de seleção das anomalias é
laborioso, uma vez que é necessário também
verificar se várias anomalias próximas não
são causadas por um mesmo objeto. Nem
sempre isso é possível e em algumas áreas o
campo magnético torna-se tão ruidoso pela
ocorrência de objetos que sua localização
individualizada se torna impraticável. Para
estas áreas são assinalados polígonos. Estes
polígonos também podem significar zona de
influência de grande anomalia magnética
que pode mascarar objetos menores próxi-
mos. Um exemplo de anomalia identificada
na região de dragagem pode ser observado
na figura 2.
Entretanto, ao analisar uma imagem de
satélite foi possível notar uma feição alonga-
da (como um tubo) que se estende do banco Figura 2 - A) Perfil de intensidade do campo magnético com destaque à anomalia magnéti-
até o rio, alinhando-se perfeitamente com as ca; B) localização do perfil mostrado sobre mapa interpolado de intensidade magnética; C)
anomalias mapeadas. Mais tarde, descobriu- material que causou a distorção do campo magnético, mostrado em a e b, sendo retirado
durante os serviços de dragagem.
-se que eram máquinas de uma atividade de
extração de areia que ocorreu na área. Como nota operacional, na margem do rio, foi identificado um grande
depósito de lama com árvores. Assim, e para completar a cobertura, foi realizado um levantamento terrestre segundo
linhas pré-determinadas.
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SUPORTE À EQUIPE DE RESGATE

Toda a área de barragem foi dividida pelo corpo de bombeiros em 469 polígonos quadrados de 125 m de lado,
perfazendo 7,4 km² definido como a área de interesse. Em adição, pesquisas magnetométricas foram realizadas
por demanda dos socorristas em áreas onde outras informações, como modelos de fluxo de lama, cães farejadores
ou qualquer outro tipo, pudessem indicar a ocorrência de vítimas. Estes fatores podem estar associados a grandes
anomalias magnéticas, como máquinas, carros, entre outros. A indicação de área a ser pesquisada foi feita com base
no código do polígono. Foram adquiridos 276,71 km de dados magnéticos com voos automáticos respeitando as di-
retrizes definidas. Foram também efetuados voos manuais e até mesmo aquisições terrestres para ajudar a restringir
as buscas e prover os pontos com melhor posicionamento possível. Estes não foram quantificados, mas seguramente
mais de 300 km de dados foram adquiridos para o suporte aos bombeiros. Imagens de satélite anterior ao evento fo-
ram analisadas para averiguar a eventual correspondência das anomalias magnéticas com trilhos de trem, ou outros
artefatos conhecidos. A fotogrametria recente foi crucial para selecionar anomalias, pois muito entulho era visível
e facilmente identificável por estas imagens. Além disso, as equipes de busca trabalhavam em ritmo muito acelera-
do, exigindo boas notas de campo, com coordenadas precisas, decorrentes da localização de caminhões, tratores e
outros maquinários durante os levantamentos.
Os relatórios também foram gerados com base no nome do código do polígono e da data. Um banco de dados
compatível com o Google Earth era alimentado semanalmente (após 4 semanas foram gerados 41 relatórios). Esse
banco de dados era interativo, fornecendo as coordenadas geográficas, as amplitudes das anomalias (nT) e a traje-
tória de voo.
Os alvos foram separados em 4 classes de anomalias: A - 0 a 10 nT; B - 10 a 100 nT; C - 100 a 250 nT e D -
maior que 250 nT. Um exemplo do produto final e comparação com dados de campo pode ser observado na figura 3.

Figura 3 - Exemplos de anomalias magnéticas verificadas, das quais se obtiveram os materiais ID 18 e ID 6, mostrados em b e c.

CONCLUSÕES

Levantamentos magnéticos com drones se mostraram eficazes, especialmente em locais de difícil acesso. Tam-
bém são muito versáteis e úteis para levantamentos de maior escala, em função da sua produtividade e e baixas
alturas de voo, quando comparados a levantamentos aéreos clássicos. Entretanto, para o sucesso de uma operação,
vários procedimentos devem ser adotados para garantir a qualidade dos dados. Por fim, o trabalho demonstrou o
bom desempenho de magnetômetros modernos do tipo fluxgate na identificação de objetos de várias dimensões.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Allonda, responsável pela dragagem no Rio Paraopeba, pelo apoio operacional e por
acreditar na aplicação inovadora de um método pouco conhecido no Brasil. Agradecemos também à todo o Corpo de
Bombeiros, não só pelo apoio durante as operações, mas pela dedicação no exercício de sua tão difícil e importante
função.

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I Workshop de Monitoramento
Geofísico de Barragens
10 a 12 de agosto - On-line
Informações: https://sbgf.org.br/wsbarragens/

2nd Joint SBGf/SEG Workshop on


Machine Learning

Foto: Instituto Minere


10 e 11 de novembro - On-line
Informações: https://seg.org/Events/Second-
-Workshop-on-Machine-Learning
I Workshop de Monitoramento
Geofísico de Barragens
First EAGE/SBGf Online Symposium on
Reservoir Monitoring
17, 18 e 19 de novembro - On-line

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Seja com os submarinos AUVs e ROVs, que atingem lugares impossíveis, com o uso de realidade
virtual para diminuir riscos ou com os nossos supercomputadores, que nos dão respostas instantâneas:
o que existe de mais avançado está na Petrobras.

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