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boletim

SBGf Publicação da Sociedade Brasileira de Geofísica


Número 112– Janeiro/Fevereiro/Março 2020 ISSN
2177-9090
FOTO: segredosdomundo.r7.com

O USO DA GEOFÍSICA
NO MONITORAMENTO
DE BARRAGENS
E D I TO R IA L
ADMINISTRAÇÃO DA SBGf
Presidente
Ação e reação Ellen de Nazaré Souza Gomes
Vice-presidente
Por Alan Cunha Luiz Fernando Santana Braga
Secretário-Geral
Marco Antonio Pereira de Brito
No primeiro boletim lançado após o rompimento da Barragem de Corrego do Feijão (Bru-
Secretário de Finanças
madinho-MG), a SBGf publicou uma entrevista do Professor Dr. Marco Antônio Braga,
Guilherme Sidou Canha
referência na área, sobre o uso de tecnologias geofísicas para investigação de Barragens
Secretário de Relações Institucionais
de rejeito de mineração, e consequentemente, para evitar desastres como os ocorridos Ricardo Augusto Rosa Fernandes
nas “Minas Gerais”, todos massivamente noticiados na grande mídia naquele momento. Secretário de Relações Acadêmicas
Tal como todos os assuntos que chegam a grande mídia, e especialmente pelos contornos Carolina Barros da Silva
trágicos que o fato trazia, recorrentemente (após Fundão), sua discussão veio recoberta Secretário de Publicações
de sensacionalismos e incorreções propagados a uma velocidade incontrolável que não Alan de Souza Cunha

reservava espaço aos que deveriam ser ouvidos prioritariamente: Os diversos especialistas Conselheiros
Adalene Moreira Silva
da área de Engenharia e Geosciências sobre o tema. Na referida entrevista ficaram claras Adriana Perpetuo Socorro da Silva
as limitações dos métodos tradicionais de monitoramento e como a Geofísica despon- Carolina Barros da Silva
tava para ter uma papel chave no incremento de conhecimento sobre as estruturas do Eliane da Costa Alves
Franciane Conceição Peters
Barramento, especialmente, por se valer de investigações não destrutivas e com grande
Mário Sérgio Costa
capacidade de investigação. Pouco mais de um ano depois e já com algum distanciamento Marco Antonio Cetale Santos
do “calor da tragédia”, este Boletim pretende relatar os diversos avanços das Tecnologias Pedro Mário Cruz e Silva
Geofísicas no sentido de tornar nossas barragens mais seguras. Uma resposta técnica, rá- Renato Cordani
Rui Pinheiro Silva
pida e precisa que nosso setor dá a sociedade, as empresas e ao país. Diferente de outros
Secretários Regionais
Boletins, este não terá apenas dois artigos técnicos, mas quatro artigos, para demonstrar
Cícero Régis (Norte)
como um assunto eminentemente técnico deve ser tratado com “responsabilidade me- Roberta Vidotti (Centro-Oreste)
todológica” e “lucidez científica”. Pelas vidas perdidas e pelos imensos danos causados, Francisco José Fonseca Ferreira (Regional Sul-
temos a ação de nosso sistema Judicial que decidirá se houve erros, omissões ou crimes Sudeste)
Manilo Soares Marques (Regional Nordeste)
e punirá adequadamente cada um deles. Já ao nosso setor, cabe trabalhar duro e propor
soluções técnicas e gerenciais para este grande problema nacional e reduzir drasticamente Editor-chefe da Revista Brasileira de Geofísica
Silvia Rolim
as chances de uma nova tragédia, prevenindo também sofrimentos futuros das famílias de
Assistente de Diretoria
nossos trabalhadores e comunidades impactadas pelas diversas operações mineiras país a Luciene Victorino de Carvalho
fora. Nossa resposta, em parte está aqui, muito consistente e de muito valor. Boa leitura. Assistente Administrativo
Ivete Berlice Dias
Coordenadora de Eventos
Renata Vergasta

C O N F I R A NESTA EDIÇÃO Editora de publicações científicas


Adriana Reis Xavier
Técnico de Informática
3 NOTÍCIAS 8 ARTIGO TÉCNICO I Gabriel Nunes Dias
• Anuidade 2020 • INTERFEROMETRIA SÍSMICA PASSIVA PARA O Estagiário de TI
MONITORAMENTO DE BARRAGENS Daniel dos Santos da Conceição

BOLETIM SBGf
4 EVENTOS SBGf 12 ARTIGO TÉCNICO II Editor-chefe
• Workshop Licenciamento Ambiental e Tecnologias • A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS GEOFÍSICOS NA Alan Cunha
para Aquisição Marítima INVESTIGAÇÃO DE UMA PEQUENA BARRAGEM Responsável
DE TERRA
Juliana Lima (Analista de Marketing)
Edição gráfica
5 ENTREVISTA 16 ARTIGO TÉCNICO III Juliana Lima (Analista de Marketing)
• Silvana Brandao Fontes Cembranelli, Leonardo • USO DA ELETRORRESISTIVIDADE NA INVESTIGAÇÃO
Santana e Igor Braga Tiragem: 1.000 exemplares
GEOFÍSICA DA BARRAGEM DE REJEITO BR, NO COM-
Distribuição restrita
PLEXO DE MINERAÇÃO DE TAPIRA, MINAS GERAIS
Também disponível no site www.sbgf.org.br
Sociedade Brasileira de Geofísica - SBGf
22 ARTIGO TÉCNICO IV Av. Rio Branco, 156 sala 2.509
• GEOFÍSICA APLICADA AO MONITORAMENTO DE 20040-901 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
BARRAGENS Tel./Fax: (55-21) 2533-0064
sbgf@sbgf.org.br | www.facebook.com/sbgf.org

F U N D O SB Gf

DIAMANTE OURO PRATA BRONZE


3 Boletim
BoletimSBGf
SBGf| |número
número97112 33

INSTITUCIONAL
NOTÍCIAS

Anuidade 2020 Prêmio SBGf de TCC/IC

A Anuidade de 2020 está com os valores diferen- Com objetivo de incentivar a formação de recursos
ciados. Aproveite para efetuar o pagamento até 31/03. humanos qualificados na área de Geofísica, a Socie-
dade Brasileira de Geofísica criou o prêmio de Traba-
Efetivos – R$120,00 lho de Conclusão de Curso (TCC) e Iniciação Científica
Estudantes – R$60,00 (IC), para premiar o melhor trabalho entre essas duas
modalidades que foram desenvolvidos nos Cursos de
Graduação em Geofísica. Este Prêmio é outorgado de
dois em dois anos, por ocasião do Simpósio Nacional
Livro “Geofísica: Uma breve da Sociedade Brasileira de Geofísica.
Introdução” ganha 1º lugar na Mais informações sobre o Edital no site https://
5º edição do Prêmio ABEU sbgf.org.br/noticias/2020/03/06/premio-sbgf-de-tcc-
-ic/.
O livro "Geofísica: Uma breve introdução" (Editora
da Universidade de São Paulo), de Eder Cassola Molina
e Fernando Brenha Ribeiro ganhou em 1º lugar a 5ª Touch the Invisible
edição do Prêmio ABEU, na categoria Ciências Natu-
rais e Matemáticas.
O Prêmio ABEU foi instituído por meio de reso-
lução interna em 26 de março de 2015, visando dis-
tinguir, anualmente, as melhores edições universitárias
no âmbito do conhecimento científico e acadêmico,
bem como a realçar o projeto gráfico mais acurado.
TECNOLOGIA GEOFÍSICA APLICADA
A ABEU objetiva, com essa premiação, fomentar Onshore
a produção técnico-científica, em relação tanto à ex-
celência dos conhecimentos veiculados pelos títulos Offshore
quanto à concepção estética das edições.
Este é um livro de apresentação e divulgação da
Universidades
ciência geofísica tendo como base o estudo do desen-
volvimento da teoria da tectônica de placas.
Mineração/Geotecnia
Processamento Caracterização Inversão Condicionamento Monitoramento
sísmico de reservatórios sísmica de dados Microssísmico

SISTEMA DE MONITORAMENTO PERMANENTE PARA


BARRAGENS E ESTRUTURAS GEOTÉCNICAS

www.invisiongeo.com.br
Boletim
BoletimSBGf número97
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INSTITUCIONAL
ENTREVISTA

Entrevista
Por Juliana Lima e Alan Cunha

Silvana Brandao Fontes Boletim SBGf - Como a geofísica pode contribuir


Cembranelli, é Engenheira para monitoramento de barragens?
Geóloga formada pela Univer- Para Silvana Brandao, a inspeção e monitora-
sidade Federal de Ouro Preto, mento das barragens, feitos respectivamente por meio
possui mestrado e doutorado de inspeções visuais de campo e por equipamentos de
em Geotecnia pela Escola de auscultação, tem sido usada ao longo do tempo como
Engenharia de São Carlos – métodos convencionais para mapear o comportamento
USP. Atualmente é bolsista de das estruturas que compõe uma barragem (maciço, di-
pós-doutorado da Universidade ques, ombreiras e reservatório). Estes métodos são im-
Federal do Rio de Janeiro cujo portantes e necessários, porém devido à sua localização
tema está relacionado a estudos pontual, podem não abranger regiões que por algum
de geofísica em barragens de mineração. motivo estejam suscetíveis a falhas e fraquezas, como
por exemplo regiões que deveriam estar secas e se en-
Leonardo Santana é Gradu- contram úmidas ou até mesmo saturadas.
ado em Geologia pela Universi- É neste sentido que a geofísica chega como ferra-
dade Federal da Bahia (UFBA) é menta complementar. Por meio dos métodos elétricos
mestre em Engenharia Civil com e eletromagnéticos, é possível obter o modelamento da
foco em Geotecnia pela UFBA estrutura como um todo, em duas ou três dimensões,
e doutorando em Geologia pela identificando os fluídos existentes e pontos de atenção
Universidade Federal do Rio de que necessitem de uma investigação complementar ou
Janeiro (UFRJ), com foco em intervenção para garantir a estabilidade da estrutura.
geofísica aplicada; cuja pesqui- Associada aos métodos convencionais, as infor-
sa está relacionada a aplicação mações geofísicas nos dão elementos importantes para
do monitoramento microssís- que seja realizada a avaliação espacial da estrutura.
mico de barragem de rejeito. Leonardo é membro do Já para Igor Braga, os métodos geofísicos forne-
Centro de Pesquisa em Geofísica Aplicada (CPGA) da cem informações sobre as propriedades intrínsecas do
UFRJ. Atualmente é o Líder Técnico de Geotecnologias material sob análise ou investigação. Essas proprie-
da Tetra Tech América do Sul, em que atua principal- dades podem ser relacionadas com a resistência do
mente em projetos de geofísica aplicada e monitora- material, seu estado de tensão e sua condutividade.
mento microssísmico de estruturas geotécnicas e no É uma forma, não invasiva, de enxergar as condições
desenvolvimento de soluções com base em sistemas de dos constituintes de uma barragem e acompanhar suas
informações geográficas para mineração. variações. Qualquer variação nessas propriedades pode
ser um indicativo de enfraquecimento do material de-
Igor Braga é diretor-presi- vido ao aumento das forças desestabilizantes que atu-
dente da Invision Geophysics, am na estrutura.
empresa especializada na pres-
tação de serviços de processa- Boletim SBGf - Com base em sua experiência,
mento, análise e interpretação qual o nível de investimento em novas técnicas de
de dados geofísicos e desenvol- monitoramento de segurança de Barragens de Rejei-
vimento de estudos de explo- tos feito por empresas de mineração?
ração, caracterização e moni- Leonardo Santana relata que nos últimos 2 anos
toramento de reservatórios de algumas empresas de mineração vêm investindo na
hidrocarbonetos. A empresa foi adoção de métodos geofísicos para a caracterização
formada a partir do trabalho de das barragens e o monitoramento contínuo de sua in-
um grupo de pesquisa do Laboratório de Engenharia tegridade física. Observa-se um movimento favorável a
de Exploração e Produção de Petróleo, da Universidade utilização da geofísica em geotecnia.
Estadual do Norte Fluminense (LENEP/UENF). Essas iniciativas ainda são muito tímidas se com-
parado com a quantidade de estruturas com potencial
de aplicação dos métodos geofísicos.
Na concepção de Igor Braga, as mineradoras estão
constantemente investindo para melhorar sua seguran-
Atualize seu cadastro no site ça operacional, porém por falta de conhecimento ou
www.sbgf.org.br mesmo falta de cultura o investimento em tecnologia
de ponta ainda é baixo nesse setor. A relação risco/in-
vestimento é muito alta no que se refere as barragens.
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ENTREVISTA

Toda barragem é monitorada com a instrumentação com a geofísica aplicada em barragens de rejeitos.
padrão, indicador de nível d’água e piezômetro. O Dentro os diversos artigos que foram publicados em
monitoramento poderia ser muito beneficiado com a revistas e congressos especializados, destacam-se a de-
combinação da instrumentação padrão e os métodos fesa de dois trabalhos de graduação e dois mestrados,
geofísicos, pois os mesmos além de possuírem amos- além do desenvolvimento de uma tese de doutorado e
tragem espacial ampliada, medem outras grandezas uma dissertação de mestrado, todos relacionados com
que auxiliariam no cálculo do fator de risco com maior a aplicação dos métodos geofísicos em barragens de
precisão. rejeito.

Boletim SBGf - Você tem conhecimento ou já partici- Boletim SBGf - Quais são os métodos de monitora-
pou do desenvolvimento de algum método geofísico mento clássicos ou obrigatórios para barragens de
ou arranjo de sensores específico para aplicação no rejeito? Existe alguma legislação que obrigue a apli-
monitoramento de barragens? cação de técnicas geofísicas nas barragens e na área
Silvana Brandao afirma que nos últimos 3 anos do entorno delas? Deveria existir esta obrigação?
tem acompanhado projetos que envolvam avaliações Silvana Brandao explica que os métodos clássicos
geofísicas em barragem de rejeito de grande porte. Em normalmente são aqueles que fornecem informações
todos estes projetos os resultados mostraram-se satis- pontuais e são constituídos por: monitoramento de
fatórios. instrumentos instalados no maciço da barragem (in-
Leonardo Santana cita que “além da minha ativi- dicadores de nível de água, piezômetro, marco super-
dade como Líder de Geotecnologias da Tetra Tech Bra- ficial), réguas linimétricas instaladas no reservatório e
sil, sou aluno de doutorado em geologia pela UFRJ, no inspeções visuais de campo (quinzenais e semestrais)
Centro de Pesquisa em Geofísica Aplicada (CPGA). Meu com preenchimento e cadastro na ANM das fichas de
trabalho de pesquisa consiste na avaliação do monito- inspeção
ramento microssísmico por interferometria sísmica do Não existe legislação que obrigue as empresas ado-
ruído ambiente em uma barragem de rejeito. Os dados tarem a geofísica como método de monitoramento de
do monitoramento contínuo serão confrontados com barragens.
os resultados de eletrorresistividade e potencial espon- Pela minha experiencia tenho visto que a geofísica
tâneo, além dos dados obtidos do monitoramento con- é um excelente método de monitoramento das estru-
vencional.” turas, porém não deve ser considerado um monitora-
Igor Braga afirma e conclui que uma outra in- mento contínuo como é feito com os instrumentos do
formação valiosa, que é possível monitorar com esse monitoramento convencional. Para tal, o ideal é que a
sistema, é a variação da velocidade de propagação de prática da geofísica esteja associada à microssísmica,
ondas no meio (solo). A variação da velocidade de pro- que é uma técnica onde são instalados sensores que
pagação é um ótimo indicador em casos onde a perco- detectam alterações na estrutura em tempo real.
lação de água é indesejada em determinadas regiões da Igor Braga ainda acrescenta que a obrigatoriedade
barragem. O uso deste sistema poderá dar mais previsi- de métodos geofísicos no monitoramento de barragens
bilidade aos fatores que influenciam na integridade de vem sendo fortemente recomendada pela comunidade
uma estrutura. geofísica, porém ainda não foi incorporada na legis-
lação. Há uma conscientização recente por parte das
Boletim SBGf - Existem grupos de estudo em Univer- mineradoras que a integração de métodos indiretos e
sidades ou Centros de Pesquisa dedicados ao desen- métodos clássicos é o caminho a seguir para garan-
volvimento de técnicas geofísicas para aplicação no tir a segurança das barragens, porém a existência da
monitoramento de barragens? obrigatoriedade, através de legislação traria resultados
Silvana Brandao confirma. O Centro de Pesquisa mais concretos a curto e médio prazo.
em Geofísica Aplicada (CPGA) da UFRJ foi criado com
o objetivo de estudar e desenvolver a geofísica como Boletim SBGf - Em sua opinião, o que precisa ser
ferramenta de monitoramento e investigação das bar- mudado para que acidentes como os que ocorreram
ragens. É formada basicamente por professores, alunos recentemente não se reproduzam em outras barra-
de graduação, mestrado e doutorado da UFRJ. Possui gens?
convênios com empresas privadas onde são desenvol- Silvana Brandao destaca que este é um assunto
vidos projetos e capacitação do corpo profissional da que envolve não somente a empresa responsável pela
empresa. barragem, mas também os órgãos fiscalizadores.
Leonardo Santana destaca que a Tetra Tech Brasil As empresas devem manter uma equipe exclusiva,
possui um convênio técnico e científico com o CPGA, capacitada técnica e emocionalmente, para manter a
onde possui três profissionais envolvidos em pesquisas integridade e segurança da barragem, além de investir
sobre a aplicação de métodos geofísicos na caracteriza- em tecnologias que auxiliem na antecipação dos pro-
ção e monitoramento de barragens de rejeitos. blemas e conhecimento da estrutura como um todo,
O CPGA, por meio de um convênio técnico e cien- como por exemplo a geofísica.
tífico assinado com a Mosaic Fertilizantes, vem se des- Por outro lado, entendo que os órgãos fiscaliza-
tacando no desenvolvimento de estudos relacionados dores devem atuar de forma intensiva e com equipe
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qualificada, porém é necessário focar no que realmente


irá garantir a integridade da estrutura.
Na concepção de Leonardo Santana, a instrumen-
tação convencional é incapaz de medir espacialmente
Make Better Decisions
as mudanças internas das barragens, ou seja, conside- on Brazil Exploration Opportunities
rando todo o maciço. Este monitoramento é pontual
(medidores de nível de água, piezometria, inclinôme-
tros e marcos superficiais) e quando cobre toda a estru-
tura é superficial.
A adoção dos métodos geofísicos deveriam ser in-
cluídos na legislação vigente como complemento aos
tipos de monitoramentos convencionais exigidos, pois
darão uma visão do que está acontecendo no interior
da estrutura, antecipando possíveis problemas.

Boletim SBGf - Poderia citar trabalhos de refe-


rência que tratam do assunto em específico?
Silvana Brandao diz que a UFRJ por meio do
CPGA desenvolveu no último ano uma série de artigos
que foram publicados no 49º Congresso Brasileiro de
Geologia e trabalhos de conclusão de curso. Estes tra-
balhos foram desenvolvidos em parceria com empresas
de mineração.
Data over 17th Round blocks
Por sua vez, Leonardo Santana nos conta que o Contact to view: nsa.info@pgs.com
monitoramento contínuo utilizando a interferometria
sísmica do ruído ambiente vem apresentando resul-
tados promissores que, aliados aos métodos elétricos, A Clearer Image | www.pgs.com
trazem uma visão tridimensional das condições de in-
tegridade física das barragens de rejeito.
O trabalho da Tetra Tech que foi publicado no
ICOLD 2019 é uma ótima referência a ser consultado,
assim como os trabalhos de Olivier at al. (2017) e as
dissertações de mestrado dos alunos do CPGA, Deme-
trius Rocha e Roberto Albuquerque em 2019.
Passive seismic interferometry’s state-of-art - a li-
terature review, Rodrigues et al. (2019).
Monitoring the stability of tailings dam walls with
Somos
ambient seismic noise, Olivier et al. (2017).
Geophysical methods for BR tailings dam research
energy
and monitoring in the mineral complex of Tapira - Mi-
nas Gerais, Brazil, Demetrius et al. (2019).
finders.
Caracterização de barragens de rejeito usando ge-
ofísica rasa: aplicação na barragem B1 de Cajati, São
Paulo, Albuquerque et al. (2019).
Igor Braga finaliza citando dois artigos bem re-
centes que abordam o tema de integração de métodos
geofísicos com aplicações em barragens e minas.
http://dx.doi.org/10.11137/2019_1_567_579 - CA-
RACTERIZAÇÃO DE BARRAGENS DE REJEITO USAN- Com o conhecimento de nossos
experts, revelamos a geologia de
DO GEOFÍSICA RASA: APLICAÇÃO NA BARRAGEM importantes bacias sedimentares
B1 DE CAJATI, SÃO PAULO, 2019. brasileiras.

DOI:10.1190/sbgf2017-129 - Geofísica Rasa na In- Dos estudos geológicos e geofísicos,


na exploração e desenvolvimento de
vestigação Geológica-Geotécnica de Cavidades Natu- diferentes prospectos, à produção em
rais Subterrâneas na Mina de Ferro N4E, Carajás, 2017 campos com características únicas.

São muitos os desafios que, desde o


começo, norteiam a trilha da nossa
história.

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Energia é o nosso norte.
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A R TIG O TÉCNICO I

INTERFEROMETRIA SÍSMICA PASSIVA PARA O


MONITORAMENTO DE BARRAGENS
Camilla Tavares Rodrigues – Tetra Tech, CPGA/UFRJ; Amanda Queiroz de Paula – Tetra Tech, Nugeo/UFOP;
Leonardo Santana de Oliveira Dias – Tetra Tech, CPGA/UFRJ; Marco Antonio Braga – CPGA/UFRJ

RESUMO

Barragens e diques podem ter diferentes finalidades e serem constituídos de diferentes materiais. Porém, todas
essas estruturas devem ter um sistema de monitoramento adequado e eficiente.
O monitoramento microssísmico surge como uma alternativa para o monitoramento contínuo. Ele conta com
duas abordagens (convencional e passiva). Na abordagem convencional, ele se apresenta como o monitoramento
sismográfico mais sensível, registrando eventos de menor magnitude (magnitude relativa a momento sísmico da
ordem de –2 a 0). Na abordagem passiva, ele se vale da técnica de interferometria sísmica passiva para, a partir do
ruído ambiente, obter a variação de velocidade de propagação de ondas em um determinado meio.
A velocidade de propagação de ondas sísmicas de um meio é uma propriedade física. Utiliza-se a região da
chamada Coda wave para o monitoramento da velocidade de propagação de ondas S, que é formulada pela raiz da
razão entre módulo de cisalhamento e massa específica do meio.
Trata-se de um método ainda incipiente, com aplicações operacionais em barragens desde 2018. Não obstante,
se apresenta promissor e objetivo. Enquanto método indireto, é eficiente na identificação de anomalias para poste-
rior investigação direta, se necessário.
Hoje, o Brasil conta com mais de vinte estruturas com esse monitoramento. A ANM, ainda no início de 2019,
sugeriu o emprego dessa tecnologia na investigação de estruturas de mineração. Há, ainda, aplicabilidade a estru-
turas para outros fins.
A difusão deste método fomentará o avanço da fronteira do conhecimento acerca das correlações possíveis entre
a engenharia geotécnica e a variação de velocidade de onda, o que permitirá aos empreendedores maior conheci-
mento do comportamento de suas estruturas.

O CENÁRIO DE I&M PARA BARRAGENS

Barragens e diques de contenção, estruturas de mesmo entendimento jurídico, têm aplicações das mais variadas.
Sua invenção tem início incerto, mas sabe-se que há relatos dessas estruturas há mais de 2.000 anos.
Com variadas finalidades, atualmente seus principais empregos se aplicam à reservação de água para captação
com fins de abastecimento humano, agropecuária ou agricultura e produção hidrelétrica. Além disso, sobretudo em
países de vocação mineral, como o Brasil, têm o importante papel de reservarem rejeitos dispostos na forma de lama,
permitindo a decantação do material particulado e consequente limpeza da água usada no processamento mineral,
que retorna ao curso d’água.
Barragens e diques são construídos dos mais diferentes materiais. Inicialmente, eram construídos com aterros,
compostos por terra e/ou enrocamento. Com a evolução tecnológica dos materiais de construção, passaram a ser
construídos também com outros elementos, como madeira e concreto.
Para a operação dessas estruturas, faz-se necessário um programa de instrumentação e monitoramento (I&M),
a fim de acompanhar seu desempenho estrutural. Usualmente, monitoram-se os fenômenos de deslocamento e pre-
sença de água, com suas variadas grandezas.
Com o avanço dos recursos computacionais de processamento e tratamento de dados, a periodicidade das leitu-
ras tem aumentado e o atraso no recebimento das medições tem diminuído, aproximando-se do “tempo real”. Não
obstante, trata-se de monitoramentos pontuais e de medidas diretas na estrutura, com instrumentos como piezô-
metros, indicadores de nível d’água, medidores de deslocamento, extensômetros ou prismas superficiais. Com isso,
nasceu uma demanda de técnicas de monitoramento de barragens e diques com métodos indiretos e volumétricos.
Nesse cenário, operacionalizou-se, em 2018, os primeiros sistemas de monitoramento microssísmico.

MONITORAMENTO MICROSSÍSMICO

O monitoramento microssísmico lança mão da microssismicidade para monitoramento das estruturas de inte-
resse. Ele difere de um monitoramento sísmico convencional devido à sensibilidade dos sensores, que conseguem
registrar estímulos menos intensos que os sensores usuais.
A Figura 1, a seguir, ilustra a relação de amplitude entre vibrações sísmicas e microssísmicas.
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A microssismicidade está associada


a eventos de magnitude relativa a mo-
mento sísmico entre -2 e 0 (Eaton, 2018).
Sobre eles, regem as mesmas leis físicas
da ondulatória convencional, sendo inter-
pretados da mesma forma que eventos de
maior magnitude.
O monitoramento microssísmico per-
mite, com o emprego de geofones especí-
ficos, o acompanhamento da estrutura a
partir de duas abordagens distintas:
• Abordagem convencional, na qual
são realizadas as mesmas análises do
monitoramento sismográfico: a partir de
Figura 1: Registro da assinatura de exemplo de onda microssísmica (azul) e por terremoto natural sismogramas, obtêm-se os parâmetros da
(vermelho). Fonte: adaptado de Kamei et al., 2015
fonte sísmica e as vibrações geradas, tam-
bém chamadas de ground motions, na região de interesse; e
• Abordagem passiva, na qual utiliza-se o ruído ambiente, a partir da técnica de interferometria sísmica, para
avaliar a variação de velocidade de propagação de ondas no meio de interesse.
Informações sobre a abordagem convencional são encontradas em abundância na literatura técnico-científica.
O objetivo do presente trabalho é discorrer sobre o monitoramento passivo, possibilitado pela técnica de interfero-
metria sísmica passiva.

INTERFEROMETRIA SÍSMICA PASSIVA

A técnica da interferometria sísmica passiva utiliza o ruído ambiente como fonte sísmica para realizar o moni-
toramento contínuo do meio de propagação. O ruído ambiente é onipresente e gerado pelas forças que constituem
o background sísmico da Terra, criado pela atividade humana e por fenômenos naturais. A amplitude deste estímulo
varia com posição, tempo e frequência (Nakata et al., 2019).
O termo "interferometria" se refere ao estudo da interferência entre pares de sinais com o objetivo de obter in-
formações acerca de suas diferenças (Curtis et al., 2006). Já o termo “interferometria sísmica” se refere ao princípio
da geração de uma resposta sísmica a partir de uma fonte virtual (Wapenaar et al., 2008).
Nesse contexto, essa abordagem desempenha o monitoramento para um par de receptores, dos quais um repre-
senta uma fonte virtual. Esse método é aplicável devido à variação das propriedades da fonte impulsiva do ruído
ambiente. Desta forma, como apresentado na Figura 2, uma onda que se desloca para a direita ao longo do eixo X,
emitida por uma fonte impulsiva em x = X0 e t = t0, gera uma resposta no geofone 1 em t = t1 e no geofone 2 em t =
t2. Esse tempo de viagem da onda até os receptores pode variar, a depender do ruído. Entretanto, independentemente
de sua posição, considerando-se o meio inalterado, o tempo de viagem da onda do primeiro receptor ao segundo
será o mesmo (t2 - t1). Essa última relação é observada através da correlação cruzada das respostas dos geofones, na
qual se observa, para uma fonte no geofone 1, a resposta no geofone 2.

Sendo assim, as aquisições de sinais passam a


ser obtidas para o par. O meio monitorado é a ex-
tensão entre os sensores. A razão entre a distância
e o tempo de viagem (t2 - t1) permite a estimati-
va da velocidade de propagação de onda no meio.
Através da correlação das velocidades registradas
a cada aquisição, é possível observar a variação de
velocidade de propagação de onda no meio durante
o período de monitoramento.
O registro do receptor é representado por um
sismograma e a estimativa da variação de veloci-
dade é obtida através da correlação entre os tem-
pos de chegada de onda nos sensores em múltiplas
leituras.

FENOMENOLOGIA FÍSICA
Figura 2: Representação da propagação de onda em um sistema microssísmico pela
abordagem passiva. (a) Fonte impulsiva em x = X0 e t = t0. (b) A resposta no geofone
1, em t = t1. (c) A resposta no geofone 2, em t = t2. (d) Correlação cruzada. Fonte:
Buscando-se a trabalhabilidade dos dados em
adaptado de Wapenaar et al. (2008). tempo real e a sensibilidade necessária para se
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A R TIG O TÉCNICO I

identificar baixas variações de velocidade de propagação, utiliza-se a porção mais dispersiva do espectro de onda
adquirido. Esse componente do espectro é chamado de Coda wave. A dispersão múltipla por parte desta onda permi-
te a amostragem do meio por um período mais longo. Com isso, pequenas mudanças de velocidade são perceptíveis.
A velocidade de propagação de ondas mecânicas é uma propriedade do meio, regida por regras físicas conso-
lidadas.
As mudanças de velocidade aferidas na Coda wave são, principalmente, variações de velocidade de ondas S (de
Wit and Olivier, 2018). Ondas S são ondas de corpo associadas
ao estímulo de cisalhamento do meio de propagação. Elas se-
guem a lei física exposta na equação 1, ao lado, obtida de "Rosa
Filho" (2002).

• Vs: velocidade de propagação de ondas S no meio;


• µ: módulo de cisalhamento;
• ρ: massa específica;
• E: módulo de elasticidade; e
• σ: coeficiente de Poisson.
Pela equação, observa-se que o monitoramento microssísmico, pela abordagem passiva, permite o monitora-
mento da razão entre o módulo de cisalhamento e a massa específica do meio. No caso de barragens, monitora-se
essa relação para o maciço da estrutura.
Face à incipiência da aplicação do monitoramento microssísmico a barragens, não há registros de estruturas
monitoradas, em escala operacional, que tenham rompido. Por isso, as expectativas das consequências que tais
eventos teriam na variação da velocidade de propagação de ondas sísmicas são baseadas na teoria dos fenômenos
envolvidos, nas experiências disponíveis e no acompanhamento das estruturas que contam com o sistema instalado.
A grandeza monitorada sofre influência de inúmeros fatores. Não obstante, os principais merecem destaque.
Para barragens de concreto, entre as causas mais recorrentes de ruptura, destaca-se a propagação de fissuras.
Nesse caso, há evidente perda de resistência ao cisalhamento do material, devido à sua ruptura, incorrendo em
diminuição do módulo de cisalhamento. A velocidade de propagação do maciço, portanto, seria diminuída sistema-
ticamente.
De forma análoga, barragens de aterro sofrem rupturas por instabilização de seu talude. Nesse cenário, a pro-
pagação da superfície de ruptura tem comportamento similar à propagação de fissuras em estruturas de concreto,
embora em diferentes intensidades. A expectativa da velocidade de propagação de ondas S é, também, de queda.
Em barragens de aterro, a erosão interna, levando ao piping, é uma das principais causas de falha. Nesse cená-
rio, há perda progressiva de sólidos no maciço da barragem, criando um caminho preferencial como um tubo no
maciço, justificando o nome “piping”. Nesse cenário, há alterações tanto no módulo de cisalhamento, quanto na
massa específica, o que, outrossim, ocasionaria perda de velocidade de propagação de ondas S no meio monitorado.
A depender do geomaterial adotado na construção, ele pode apresentar comportamento liquefazível. A liquefa-
ção ocorre em materiais contráteis e saturados quando expostos a um gatilho que, muitas vezes, pode ser sísmico.
Quando o gatilho não está associado a um esforço sísmico, a liquefação é chamada de estática.
Em ambos os casos, a liquefação implica na perda de resistência efetiva do material. Com isso, ele passa a se
comportar como um fluido, rompendo-se de forma rápida e desavisada. A velocidade do meio, nesses casos, apre-
sentaria decréscimo, porém com baixa antecedência à ruptura propriamente dita.
Com a difusão da técnica de monitoramento microssísmico, a expansão do conhecimento acerca dos resultados
de variação de velocidade de propagação de ondas sísmicas em barragens, das mais distintas, tem se intensificado
nos últimos anos.

A PERSPECTIVA DO MONITORAMENTO MICROSSÍSMICO PASSIVO

O estudo da geração do ruído ambiente e da interferometria foi iniciado nas décadas de 1950 e 1960. A partir
de 2005, o número de publicações apresentando suas aplicações registraram um vertiginoso crescimento (Nakata et
al., 2019).
A interferometria sísmica vem sendo empregada em diversas soluções, como no monitoramento de vulcões
(Brenguier et al., 2008), de encostas (Mainsant et al., 2012), minas subterrâneas (Olivier et al., 2015) e barragens
(Planès et al., 2016).
No que tange ao cenário brasileiro, a tecnologia tem sido implementada em mais de 20 estruturas de contenção,
dentre barragens e diques, desde 2018.
A Agência Nacional de Mineração divulgou um comunicado, em fevereiro de 2019, sugerindo a execução de
investigação em barragens, reservatórios e áreas de influência com métodos indiretos, como a microssísmica (ANM,
2019).
Apesar de incipiente, a microssísmica já é vista como uma técnica promissora e objetiva. Ela, enquanto método
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A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS GEOFÍSICOS NA INVESTIGAÇÃO


DE UMA PEQUENA BARRAGEM DE TERRA
Leonides Guireli Netto – Otávio Coaracy Brasil Gandolfo – Walter Malagutti Filho – João Carlos Dourado
César Augusto Moreira – Pedro Lemos Camarero

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o estudo de barragens foi um tema que ganhou destaque no Brasil devido aos rompimentos
de barragens de mineração, causando inúmeras perdas humanas, ambientais e socioeconômicas. Segundo o Relató-
rio de Segurança de Barragens emitido em 2017 pela Agência Nacional de Águas (ANA), existem 24.092 barragens
cadastradas pelos órgãos fiscalizadores em todo o país.
Dentre as novas metodologias que podem auxiliar as investigações comumente utilizadas em barragens, os mé-
todos geofísicos constituem uma excelente ferramenta não invasiva capaz de auxiliar na avaliação da integridade
do corpo da barragem e na identificação de fluxos anômalos de água no interior do maciço de terra. Os levantamen-
tos podem ser realizados nas regiões da crista da barragem, nos taludes e/ou nas bermas, devendo ser estendidos,
sempre que possível, para além da região das ombreiras (Figura 1).
Devido às condições geológicas e cli-
máticas do Brasil, é vasta a ocorrência
de solos com espessuras significativas e,
somada ao baixo custo de instalação, as
barragens de terra são a maioria em todo
o país. Ressalta-se que, embora as barra-
gens de grande porte ganhem destaque
devido aos acontecimentos recentes e o
potencial de destruição associado aos seus
rompimentos, a maioria dos barramentos
do país é de pequeno porte e, muitas ve-
zes, trata-se de empreendimentos abando-
nados, com poucas informações a respeito
do processo construtivo e das condições
físicas da estrutura.
A aplicação dos métodos geofísicos
Figura 1. Esquema de uma barragem.
em barragens pode ocorrer em duas eta-
pas do empreendimento: a) na caracteri-
zação geológico-geotécnica durante a instalação da obra; b) no monitoramento para identificar o surgimento de
condições anômalas no interior da estrutura durante a fase de operação (Xingxin et al., 2010; Olivier et al., 2017 e
Camarero, 2017).
O presente trabalho mostra os resultados da aplicação dos métodos geofísicos de sísmica (refração e MASW),
eletrorresistividade, potencial espontâneo (SP) e radar GPR em uma barragem de terra de pequeno porte no interior
do estado de São Paulo (Guireli Neto et al., 2019).

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E MOTIVOS DA SUA ESCOLHA

A barragem está localizada na cidade de Cordeirópolis-


-SP. Apresenta algumas características desejadas para o seu
estudo, como as pequenas dimensões (aproximadamente 100
metros de comprimento de crista e 4 metros de altura), o ma-
terial de construção (solo de alteração de basalto, uma lito-
logia muito comum no sul e no sudeste do Brasil), a ausência
de informações a respeito do projeto construtivo e, por fim,
homogeneidade do material, sendo composta essencialmente
por solo de alteração, compactado (Figura 2).
A aplicação dos métodos geofísicos neste tipo de estudo
é importante, pois as informações obtidas por técnicas não
invasivas e de rápida aquisição podem identificar na estru-
tura da barragem: zonas de saturação de água que podem se
desenvolver em fluxos internos; a presença ou não de filtros Figura 2. Localização da área de estudo.
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horizontais ou verticais no corpo da barragem; a profundidade do topo rochoso o qual a barragem foi construída; o
limite da zona saturada e não saturada; a presença de vazios e zonas com problemas de compactação em barragens
de terra.

METODOLOGIA

Como não se possuía nenhuma informação a respeito da etapa de construção da barragem, os métodos geofísicos
foram aplicados com o intuito de realizar uma investigação das condições físicas do barramento para identificação,
por exemplo, de comportamentos anômalos de locais com presença de altos valores de condutividade elétrica indi-
cando uma possível zona saturada por água. Os levantamentos foram realizados em linhas posicionadas na crista
da barragem de terra.

MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE

A eletrorresistividade é possivelmente o método geofísico de investigação mais aplicado em barragens, pois permite
localizar zonas anômalas que apresentam baixos valores de resistividade elétrica, associadas a regiões com maior
saturação de água no maciço terroso.
Na barragem de Cordeirópolis, a aquisição de dados cobriu toda a área da crista da barragem onde foram realizadas
três linhas paralelas de 104 metros de extensão, com espaçamento entre eletrodos igual a 2 metros. Foi utilizado o
arranjo dipolo-dipolo. O equipamento utilizado foi um resistivímetro ABEM Terrameter.

MÉTODO DO POTENCIAL ESPONTÂNEO (SP)

O método do potencial espontâneo pode ser aplicado no estudo de barragens de terra, fornecendo geralmente, junto
com a eletrorresistividade, bons resultados. O conhecimento de sua eficácia para este tipo de aplicação não é recente
(Bogoslovsky e Ogilvy, 1970). Como o SP possibilita a determinação de fluxos anômalos no interior do maciço, a
aplicação conjunta destes métodos permite melhor caracterizar as regiões com maior percolação de água no corpo
da barragem.
Neste estudo foram realizadas três linhas com 78 metros de extensão, paralelas entre si e espaçadas de 2 metros, no
mesmo local onde foi realizado o levantamento da eletrorresistividade. O equipamento utilizado para a coleta de
dados foi o módulo de medição de potencial do resistivímetro BISON 2390.

MÉTODOS SÍSMICOS

Os métodos sísmicos aplicados para o estudo de barragens, a princípio eram apenas utilizados durante a etapa de
implantação e construção da obra. Atualmente, a utilização conjunta proveniente de informações da distribuição em
subsuperfície de ondas compressionais (P) e cisalhantes (S), podem contribuir de modo significativo na diferenciação
entre mudanças de litologias ou de saturação no maciço. Um levantamento de sísmica de refração (com ondas P e
S) possibilita a identificação da interface entre a zona saturada e não saturada, assim como a profundidade do topo
rochoso sobre o qual a estrutura está construída. Juntamente com a refração, a utilização do método multicanal de
ondas superficiais (MASW) agrega informações, com baixo custo e sem perda de produtividade, pois a instrumen-
tação e o arranjo de campo são os mesmos.
Na investigação da barragem de Cordeirópolis foi utilizada a refração (onda P e S) e o método MASW. O equipamen-
to utilizado para a aquisição dos dados foi um sismógrafo Geode (Geometrics), de 24 canais. Os geofones horizontais
de 28 Hz foram utilizados nos ensaios de refração com onda S, enquanto os levantamentos para aquisições com
onda P utilizaram geofones de 4,5 Hz. A fonte sísmica utiliza foi uma marreta e o espaçamento entre geofones foi
de 2 m.

MÉTODO GPR

No contexto de barragens, o radar de penetração no solo (GPR) é um método geofísico de apoio aos métodos ante-
riormente citados. O GPR fornece informações de alta resolução, porém, com baixas profundidades de investigações.
Assim, a utilização deste método é apropriada para barragens de pequeno porte.
A aplicação do GPR pode localizar estruturas presentes na barragem, como filtros horizontas/verticais e drenos de
pé. Em alguns casos, aplica-se o GPR na identificação de cavidades no interior do corpo da barragem (Chlaib et al.,
2014).
No presente estudo, durante a etapa de coleta de informações em campo ocorrida previamente aos levantamentos
geofísicos, notou-se a presença de um vertedouro próximo à região central da barragem, e que este cortava a estru-
tura desde o talude de montante até ser encontrado no talude de jusante. O GPR, neste caso, mostra-se como uma
excelente ferramenta para localização de estruturas antrópicas no interior da barragem.
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No levantamento de campo foi utilizado um equipamento GPR RAMAC/MALA Geoscience, com uma antena
blindada de frequência central igual a 250 MHz.

RESULTADOS

Os resultados obtidos com os métodos geofísicos são apresentados em modelos 3D, com os dados inseridos no
corpo da barragem, visto que todos os levantamentos foram realizados na crista do barramento.
Os resultados da eletrorresistividade mostram zonas com alta condutividade elétrica que foram associadas a
pontos com maior saturação do maciço terroso, possivelmente relacionados com infiltração de água (Figura 3 A).
Incorporando as informações do método de potencial espontâneo (SP) observa-se a presença de uma anomalia
negativa coincidente com a zona de alta condutividade elétrica, se desenvolvendo até a região de montante (Figura
3 B).
Os ensaios sísmicos forneceram informações da profundidade do topo rochoso, a interface entre a zona saturada
e não saturada e as variações na litologia em profundidade. Nota-se na seção sísmica uma anomalia de alta veloci-
dade na região do vertedouro. O método MASW forneceu as variações da velocidade da onda S em profundidade,
permitindo a avaliação das condições de rigidez do corpo da barragem (Figura 3 C).
Por fim, o GPR evidencia uma interface mergulhando no interior do barramento, que foi associada a uma ca-
mada mais argilosa encontrada em campo, e na região do vertedouro foi observada uma perturbação das reflexões
da onda eletromagnética (Figura 3 D).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresentou um estu-


do de caso realizado em uma peque-
na barragem de terra localizada no
interior de Estado de São Paulo. Os
resultados obtidos exemplificam a
importância de utilização integrada
métodos geofísicos (eletrorresistivi-
dade, potencial espontâneo, sísmica
de refração, MASW e GPR) para o es-
tudo de uma barragem de terra, per-
mitindo uma boa caracterização do
maciço do corpo da barragem e dos
fluxos de água no maciço terroso.
Salienta-se que não existia ne-
nhum tipo de informação prévia das
condições do maciço e muito menos
alguma documentação a respeito do
projeto de construção da barragem.
Este cenário, muitas vezes, ocorre em
barragens de pequeno porte do país,
que se encontram abandonadas e ca-
rentes de manutenção.
Devido às dificuldades mencio-
nadas, a aplicação dos métodos ge-
ofísicos mostrou-se como uma exce-
lente ferramenta para investigação
das condições do corpo da barragem,
possibilitando identificar elemen-
tos estruturais, como o vertedouro,
o topo rochoso o qual o barramen-
to foi instalado e possíveis zonas de
saturação por água que, futuramente,
caso desenvolvam para um proces-
so de erosão interna (piping), podem
Figura 3. Resultados dos levantamentos geofísicos na barragem de Cordeirópolis. A) eletrorresistivi- comprometer a estabilidade do bar-
dade; B) potencial espontâneo (SP); C) ensaios sísmicos de refração e MASW; D) radar de penetração
ramento.
no solo (GPR).
Por fim, em uma próxima etapa
de trabalho poderia ser realizado uma aquisição de MASW 2D que forneceria uma melhor visualização de possíveis
zonas com má compactação do material do corpo da barragem de terra.
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USO DA ELETRORRESISTIVIDADE NA INVESTIGAÇÃO GEOFÍSICA


DA BARRAGEM DE REJEITO BR, NO COMPLEXO DE MINERAÇÃO
DE TAPIRA, MINAS GERAIS
Demetrius Cunha Gonçalves da Rocha - Tetra Tech / UFRJ | Marco Antonio da Silva Braga – UFRJ | Silvana
Brandão Fontes Cembranelli - UFRJ

RESUMO

Foram levantadas 10 seções de eletrorresistividade na barragem BR no complexo de mineração de Tapira em Mi-


nas Gerais. As seções totalizaram 4594 m e foram adquiridas de maneira longitudinal e paralelas a crista do barra-
mento. Após testes iniciais, a configuração usada foi a dipolo-dipolo, por ter apresentado uma melhor relação sinal
e ruído com boa resolução lateral. Os resultados geofísicos foram comparados com as leituras dos INAs (indicadores
de nível d’água) localizados na parte central do maciço, que foram adquiridos próximas a época do levantamento
geofísico. Regiões saturadas foram interpretadas como sendo as regiões de baixa resistividade (< 250 ohm.m). Os
resultados de eletrorresistividade foram eficientes em separar zonas secas das saturadas ou com alguma umidade.
A eletrorresistividade delineou a superfície freática de maneira contínua e muito próxima da mesma superfície
mapeada pelos INAs. A aplicação da eletrorresistividade na barragem BR, mostrou ser uma ferramenta poderosa na
complementação dos instrumentos tradicionais de monitoramento.

INTRODUÇÃO

Devido ao aumento de acidentes com rompimento de barragens no Brasil nos últimos anos, é de se esperar que
haja o desenvolvimento de novas tecnologias e metodologias de investigação e monitoramento que possam com-
plementar os instrumentos tradicionais atualmente utilizados.
A maioria dos acidentes envolvendo barragens, ocorrem devido a processos erosivos internos ocasionados por
infiltrações indesejáveis, que fluem através das descontinuidades existentes no interior da estrutura. Abdel et al.,
(2004)
Um dos outros mecanismos que podem levar à ruptura de uma barragem é a liquefação estática. A ineficiência
da drenagem interna de um barramento poderá elevar o nível da superfície freática aumentando a saturação em seu
interior. Esse aumento das regiões saturadas pode refletir em um incremento na pressão entre os poros, reduzindo
as tensões internas, podendo levar a barragem a um total estado de fluidez, Ishihara (1977).
Aqui no Brasil culturalmente, o monitoramento de barragens é feito através de instrumentos tradicionais cha-
mados de auscultação, onde os mais utilizados são os: Indicadores de nível d’água (INA), piezômetros, inclinômetros,
pluviômetros, evaporímetros e a inspeção visual. Mas devido à natureza pontual destas medidas esses instrumentos
podem falhar em identificar uma anormalidade tanto na fase inicial ou avançada fora dos limites monitorados.
Essa pesquisa, estudou os resultados da aplicação do método elétrico com respostas da eletrorresistividade na
barragem de rejeito BR. Os resultados geofísicos delimitaram zonas saturadas classificadas como zonas de baixa
resistividade (ZBR), das regiões secas classificadas de zonas de alta resistividade (ZAR) e das regiões com baixo
teor de umidade, classificada como zonas intermediárias de resistividade (ZIR). Posteriormente a superfície freática
delineada pelos resultados geofísicos foi comparada a superfície freática delineada pelos INAs (Indicadores de nível
d’água), através de 3 seções-tipo C, D e E localizadas na parte central do maciço. As leituras nos INAs foram feitas
na época do levantamento geofísico. Rocha (2019)
A geofísica tem muito a contribuir com a investigação e monitoramento de todos os tipos de barragens. Méto-
dos geofísicos são não invasivos e possuem grande potencial para detectar erosões internas, infiltrações e separar
regiões saturadas das secas ou com algum teor de umidade.

DESCRIÇÃO DA BARRAGEM BR

A barragem BR (figura 1) localizada no complexo de mineração de Tapira, em Minas Gerais, é considera-


da a maior mina fosfática da américa latina. A parte central da crista localiza-se nas coordenadas: 308.045E /
7.805,260N, zona 23S, datum WGS-84. A mina de Tapira encontra-se a 400 km a oeste da capital Belo Horizonte.
Atualmente o reservatório está com 98 milhões de m3, mas possui capacidade para 190 milhões de m3. A barragem
tem 570 m de comprimento e uma altura máxima de 61 m, onde atingiu a cota de 1200 m após o último alteamen-
to. Os alteamentos foram feitos pelo método de linha de centro, usando magnetita ciclonada (Mosaic, 2016) trocar
Mosaic (2016).
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METODOLOGIA

Foram adquiridas 10 seções elétricas (figura 2), com respostas da


eletrorresistividade, longitudinais e paralelas a crista da barragem BR,
totalizando 4594 metros (m) de levantamento (Tabela 01). Na praia
de rejeito foram levantadas duas seções L01 e L02 com 15 m de es-
paçamento. As seções de L03 à L09 foram levantadas no maciço de
magnetita, da crista para jusante até o sopé do barramento, com um
espaçamento de 25 m. A seção L10 foi feita de forma complementar
na ombreira esquerda. Através da visualização de gráficos em 2D e
3D foi possível analisar toda a estrutura interna de forma contínua ao
longo da barragem.
Figura 1: Foto aérea da barragem BR. Mosaic (2016)

Tabela 1: Quantitativo do levantamento de eletrorresistividade

A configuração dos eletrodos escolhida durante


o caminhamento elétrico, foi a dipolo-dipolo, por ter apresentado durante os
testes iniciais, uma melhor relação sinal ruído e melhor Figura 2: Posicionamento das 10
resolução lateral. Nesse arranjo dois eletrodos de cor- seções geofísicas adquiridas na
barragem BR e das 3 seções tipo
rente (AB) são dispostos com vários receptores (MN). utilizadas para análise comparati-
Durante o caminhamento elétrico cada dipolo MN cor- va. Mosaic (2016)
responde a um nível de investigação Z, como ilustrado
na (figura 3).
O equipamento usado para a aquisi-
ção geofísica foi o Resistivimeter fabricado
pela AGI com 64 canais. O espaçamento
utilizado entre os eletrodos foi de 3,0 m,
alcançando profundidades de até 49 m. O
processamento dos dados foi feito usando
os softwares: Res2Dinv, Google Earth, Au-
toCad, Corel Draw e o photoshop.

RESULTADOS

Após o processamento dos dados fo-


Figura 3: Arranjo dipolo-dipolo. A profundidade da aquisição é dada pela distância entre os
dipolos de corrente (AB) e os de medição (MN). Dentith & Mudge (2014)
ram identificadas 3 diferentes zonas para
respostas da eletrorresistividade (figura 4):
ZBR – zona de baixa resistividade com va-
lores abaixo de 250 ohm.m, ZRI – zona de resistividade intermediária com valores entre 250 a 1116 ohm.m e ZAR
– zona de alta resistividade com valores acima de 1116 ohm.m.
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Zonas de baixa resistividade foram correlacionadas com regiões saturadas ou com alta concentração de água no
interior dos poros ou espaços vazios preexistentes.

Figura 4: Escala de valores para a eletrorresistividade. Rocha (2019)

Segundo Rocha D.C.G (2019), na par-


te superior do maciço foi identificada uma
camada de aproximadamente 3.0 m de es-
pessura com valores intermediários de resis-
tividade (ZIR: 250 a 773 ohm.m), foi inter-
pretado que essa camada superficial arenosa
é permeável e está mais susceptível aos efei-
tos climáticos, na maior parte do tempo seus
poros estão preenchidos por ar. Abaixo des-
sa camada foi mapeada uma segunda zona
de resistividade de 6,0 a 7,0 m de espessura,
moderadamente contínua, com altos valores
de resistividade (> 1195 ohm.m). Devido as
várias etapas de alteamentos, essa camada
foi interpretada como tendo alta permeabi-
lidade, resultado de diferenças de compac-
tação e granulométricas do rejeito de mag-
netita. Abaixo dessa zona encontra-se uma
terceira com valores intermediários de resis-
tividade (ZIR: 250 a 1195 ohm.m), possivel-
mente devido ao aumento de umidade pela
proximidade com a zona saturada. O topo Figura 5: Seção L05 esquemática representativa da região do maciço, mostrando as diferentes
zonas de eletrorresistividade. O tapete drenante aparece “afogado” a 6 m abaixo do topo da
da anomalia de baixa resistividade (< 250 anomalia condutiva (< 250 ohm.m) a 1151,00 m. A cota do nível freático lido pelo INA 03 esta-
ohm.m) foi interpretada como sendo equi- va a 1150,31 m, uma diferença de 0,69 cm do resultado geofísico. Rocha (2019)
valente a superfície freática. Posteriormente,
o nível freático mapeado pela geofísica foi comparado ao nível freático fornecido por 7 INAs (indicador de nível
d’água) a partir de três seções-tipo C, D e E, localizados na parte central do maciço.
A seção L05 foi usada como sendo representativa dessa região. Foi observado que pelo posicionamento do
nível da superfície freática identificada na seção-tipo D, o tapete drenante aparece afogado à 6,0 m abaixo dessa
superfície (figura 5).

POSICIONAMENTO DA SUPERFÍCIE FREÁTICA

O topo da superfície freática foi mapeado pela geofísica como sendo o topo da anomalia de baixa resistividade
(< 250 ohm.m). As leituras de 7 INAs foram comparadas com os resultados do levantamento da eletrorresistividade
a partir de 3 seções tipo (C, D e E) localizada na parte central do barramento (figura 6).

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Figura 6: A partir de 3 seções tipo (C, D e E) foi identificada a superfície fre-


ática pelos dados de eletrorresistividade, com sendo o topo da zona de baixa
resistividade (ZBR). O topo do nível d’água identificado por 7 INAs está muito
próximo das respostas dos resultados geofísicos. O topo da superfície freática
identificado pelos INAs é praticamente coincidente com o identificado pela ele-
trorresistividade. Rocha (2019)

Após comparação dos resultados geofísicos e dos INA. A posição da superfície freática inferida pela geofísica se
aproxima da posição sugerida pela leitura dos indicadores de nível de água.

VOLUME DA ZONA DE BAIXA RESISTIVIDADE (ZBR)

Com a criação das seções em 3D, foi possível mapear a barragem como um todo, de forma ampla e contínua,
separando as zonas de baixa resistividade das demais. Dessa forma, foi possível delimitar as zonas com alto teor
de saturação, gerando um gráfico do volume total da zona potencialmente saturada ou com altos níveis de água
(Figura 7).

Figura 7: Volume total da área identificada como sendo a potencialmente saturada (< 250 ohm.m).
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CONCLUSÃO

O principal objetivo do levantamento geofísico foi complementar os instrumentos de auscultação atualmente


utilizados. Os resultados da eletrorresistividade mostraram ser uma poderosa ferramenta, capaz de separar as regiões
saturadas das secas ou com alguma umidade de forma contínua, mapeando internamente toda a barragem. A geo-
física identificou com precisão regiões saturadas e delineou a superfície freática da barragem BR.
Após processamento, os resultados da eletrorresistividade aumentaram a eficiência do diagnóstico geotécnico,
contribuindo para o gerenciamento de risco. Desta forma, diminuindo o tempo para as tomadas de decisões e pos-
síveis intervenções corretivas no barramento.

REFERÊNCIAS

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from an Earth Fill Dam, Washington County, MO. In: 3rd Internacional Conference on infrastructure. Orlando Flo-
rida, USA. 8 pp.
DENTITH M & MUDGE S.T. 2014. Geophysics for the Mineral Exploration Geoscientist. Cambridge University
Press, New York, (5): 275-276, p. 426.
MOSAIC FERTILIZANTES VAFZ.AL-LT-FTP-103-01.2016. Auditoria técnica de segurança da barragem BR. Re-
latório de inspeção de segurança regular. Relatório de auditoria técnica de segurança, Complexo de Mineração de
Tapira, Brasil. p. 5-8.
ISHIHARA K. 1977. Simple method of analysis for liquefaction of sand deposits during earthquakes. Soils and
Foundations, 17(3): 1-17.
ROCHA, D. C. G., DA SILVA BRAGA, M. A., & RODRIGUES, C. T. 2019. Geophysical methods for BR tailings dam
research and monitoring in the mineral complex of Tapira – Minas Gerais, Brasil Brazilian Journal of Geophysics,
37(3), 275-289.

Marine Acquisition

TGS 2D Seismic
Round 17 Blocks

Clearly Better.
TGS Multibeam
TGS 3D Seismic

Source: Esri, DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AeroGRID, IGN, and the GIS User Community

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GEOFÍSICA APLICADA AO MONITORAMENTO DE BARRAGENS


Luiz Antonio Pereira de Souza, Geól. Dr. – Instituto de Pesquisas tecnológicas de São Paulo – IPT
LuizLaps@gmail.com

INTRODUÇÃO

O monitoramento de barragens por meio de métodos geofísicos pode ser entendido sob dois pontos de vista: o
monitoramento do corpo da barragem propriamente dito, e o monitoramento do corpo d’água e do pacote de sedi-
mentos subjacentes.
No primeiro alguns métodos geofísicos têm especial aplicação, destacando-se a eletrorresistividade (SEV e
Caminhamento Elétrico), o radar de penetração do solo (GPR), a sísmica de reflexão/refração, os ensaios MASW
e a microssísmica. No segundo, foco deste artigo, o interesse principal está no acompanhamento da evolução dos
processos sedimentares atuantes a montante ou a jusante dos reservatórios, ou seja, dos processos de acúmulo de
sedimentos ao longo da vida útil do reservatório.
No caso de lagoas de decantação de empresas de mineração, o foco de interesse está na medição do volume de
sedimentos acumulados e/ou, no volume disponível no lago para o depósito adicional de sedimentos oriundos das
atividades de processamento de minérios, visando subsidiar o constante recálculo da vida útil do lago e da expec-
tativa do peso acumulado com a evolução do aporte de sedimentos. A análise conjunta destes parâmetros permitirá
aos gerenciadores da mineração o constante recálculo das forças atuantes sobre a estrutura da barragem.
No caso de reservatórios de água, interesses similares são também contemplados, adicionando a estes um in-
teresse maior na preservação do volume disponível para reservação de água, visando a geração de energia ou o
fornecimento de água à sociedade para fins diversos.
No caso de rios e áreas portuárias, o interesse maior está comumente relacionado à preservação das rotas de
navegação, ou seja, na manutenção das vias navegáveis com as profundidades náuticas adequadas aos propósitos
de um determinado porto. Outra importante contribuição dos métodos acústicos no contexto do monitoramento de
barragens é a possibilidade do emprego desta tecnologia de investigação para avaliação do volume de material se-
dimentar distribuído à jusante das barragens, quando do caso de acidentes, consequência do rompimento das estru-
turas de contenção. Os casos de Brumadinho e Mariana, no Brasil, constituem-se excelentes exemplos do potencial
de aplicação de métodos acústicos no monitoramento dos processos sedimentares oriundos de acidentes.
Em qualquer dos contextos acima descritos a sísmica, mais precisamente a perfilagem sísmica contínua, de-
sempenha papel fundamental, pois viabiliza de forma rápida, ampla e precisa o reconhecimento da espessura do
pacote sedimentar acumulado num determinado lago, desde o momento inicial de sua utilização, assim como, no
caso de rompimento de barragens, a medição do volume de material adicionado ao leito do rio ou nos reservatórios
à jusante.

METODOS GEOFÍSICOS

O método geofísico indicado para a investigação da espessura da coluna sedimentar em ambientes submersos
é a sísmica, mas especificamente a perfilagem sísmica contínua. As técnicas utilizadas para essa finalidade se divi-
dem basicamente em dois grupos: um que prioriza a penetração em toda a coluna sedimentar, e outro que prioriza
a resolução das camadas sedimentares subsuperficiais, neste caso, camadas centimétricas. No primeiro grupo estão
contemplados métodos geofísicos que empregam fontes acústicas do tipo boomer, sparker, air-guns, bubble-guns,
entre outras, as quais lidam com um espectro de frequências abaixo de 2 kHz. Com essas frequências, tais fontes
acústicas tem capacidade de penetrar algumas dezenas de metros na coluna sedimentar, possibilitando comumente
a medição da profundidade do topo do embasamento rochoso, informação relevante para projetos de obras civis de
grande porte como pontes, túneis e barragens. No segundo grupo estão contemplados os métodos que empregam
fontes acústicas do tipo chirp, SBP 3.5 kHz, 7 kHz, entre outras, que lidam comumente com frequências entre 2 e 20
kHz, e assim possibilitam a detecção de camadas de sedimentos de espessura decimétricas, em sacrifício da penetra-
ção na coluna sedimentar, que raramente é superior a 10 ou 15 metros. Algumas fontes acústicas de última geração
lidam com frequências entre 20 e 50 kHz, proporcionando resolução da ordem de 3 ou 4 cm.
É importante salientar que a penetração dos sinais acústicos na coluna sedimentar está diretamente relacionada
ao espectro de frequências emitido pela fonte acústica, mas é fundamentalmente dependente da natureza do pacote
de sedimentos acumulados, ou seja, do ambiente geológico em pauta. Sedimentos finos, argilosos ou arenosos in-
consolidados são mais facilmente penetráveis pelo sinal acústico, quando comparados com sedimentos mais grossos
ou mais compactados. Assim, é o ambiente geológico que vai condicionar a capacidade de penetração de uma fonte
acústica numa determinada área de estudo.
Os exemplos aqui apresentados ilustram o potencial da perfilagem sísmica contínua em diversos ambientes
geológicos.
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Um aspecto importante a ser ressaltado no contexto deste artigo é a evolução tecnológica nos últimos anos que
permite o emprego simultâneo de várias fontes acústicas. Essa possibilidade é extremamente relevante se conside-
rarmos que na maioria dos projetos de grande porte existe a necessidade efetiva de abordagem multi abrangente,
que exige produtos tanto sob o ponto de vista da resolução, como da penetração. Assim, não raramente torna-se
fundamental o emprego da metodologia de investigação que lida com fontes do tipo boomer, que privilegiam pe-
netração, associadas ao emprego de fontes do tipo chirp, que privilegiam resolução, visando garantir informações
sobre a profundidade do embasamento rochoso, como também medições da espessura das finas camadas subsuper-
ficiais de sedimentos inconsolidados.

EXEMPLOS DE APLICAÇOES DA PERFILAGEM SÍSMICA

O exemplo ilustrado na Figura 1 mostra o emprego de um perfilador sísmico utilizando um boomer como fonte
acústica, no estudo de um lago de mineração de areia no município de Santo André, São Paulo. Neste perfil é possí-
vel observar o limite de penetração do sinal sísmico que delineia, clara e inequivocamente, o topo do embasamento
acústico deste lago, que em alguns trechos chega a penetrar cerca de 25 m na coluna sedimentar. Os resultados obti-
dos com o emprego do boomer neste projeto permitem concluir que fontes do tipo chirp certamente não ofereceriam
resultados similares, ou seja, não possibilitariam a identificação da espessura total da coluna sedimentar do lago.

Figura 1: Imagem superior: registro sísmico original de boomer; imagem infe-


rior: registro sísmico interpretado. Lago Guaraciaba, Santo André, São Paulo.

Exemplo similar está ilustrado na Figura 2, na qual se


observa a penetração de quase 20 m do sinal acústico do
boomer na coluna sedimentar dos aluviões do rio Xingu.
O exemplo ilustrado na Figura 3, por outro lado, mostra
um perfil sísmico obtido de uma fonte do tipo chirp, que
lida com frequências entre 2 e 12 kHz, e como tal prioriza a Figura 2: Imagem superior: registro sísmico original de boomer; ima-
resolução, tendo, portanto, o potencial de identificar cama- gem inferior: registro sísmico interpretado. Rio Xingu.
das de sedimentos de espessuras decimétricas. Este tipo de
fonte acústica tem extrema relevância em projetos nos quais
a prioridade é a definição da espessura da coluna sedimen-
tar subsuperficial. Assoreamento de rios, reservatórios de
água, lagoas de decantação e áreas portuárias são exemplos
de projetos onde as necessidades resumem-se à identifica-
ção das camadas subsuperficiais de sedimentos, não tendo,
na maioria dos casos, importância específica dados sobre a
profundidade do embasamento rochoso. O perfil ilustrado na
Figura 3 foi obtido no leito do rio Paraopeba, após o aci-
dente da barragem de Brumadinho. Neste registro é possível
identificar uma camada de sedimentos de cerca de 24 cm de
espessura (vista de detalhe na Figura 4), que provavelmente
refere-se a material oriundo do rompimento da barragem, Figura 3: Perfil sísmico de chirp (Edgetech 216) obtido no rio Paraope-
assertiva que poderá ser confirmada após análise da natureza ba, após o rompimento da barragem de Brumadinho, mostrando uma
fina camada de sedimentos de cerca de 24 cm de espessura no leito
do sedimento coletado no local e executada a crosscorrela-
principal do rio. Perfis cedidos pela empresa Ruraltech que atua no
ção com o sedimento da lagoa de decantação. monitoramento do rio Paraopeba e reservatórios à jusante da barra-
gem de Brumadinho.
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Os registros mostrados na Figura 5 foram obtidos em


estudos ainda em desenvolvimento pelo IPT no reserva-
tório Taiaçupeba, no município de Suzano, em São Paulo.
Nestes registros é possível observar em detalhe a capaci-
dade de resolução de duas fontes acústicas do tipo chirp
empregadas simultaneamente. Nesta figura observa-se
que no perfil sísmico inferior, oriundo da fonte chirp 2-8
kHz, não está claramente identificada a camada de sedi-
mentos de cerca de 35 cm de espessura identificada no
perfil superior do chirp 10-20 kHz. A análise comparativa
entre os produtos destas duas fontes acústicas mostra o
desempenho diferenciado de ambas as fontes num mes-
mo ambiente. Uma vista de detalhe do perfil superior da
Figura 5 pode ser observada na Figura 6, no qual se
Figura 4: Vista de detalhe do perfil sísmico da Figura 3, ressaltando a pre- identifica claramente a ocorrência de uma final camada
sença da camada de sedimentos. de sedimentos.
Conforme mencionado anteriormente, a possibilidade
atual de se lidar com várias fontes acústicas simultanea-
mente gera a capacidade de abordagem múltipla de in-
vestigação tornando possível, num mesmo levantamento,
observar toda a coluna sedimentar em detalhe e em pro-
fundidade. O exemplo ilustrado na Figura 7 representa o
produto de um levantamento sísmico executado recente-
mente em um lago no norte da Finlândia, que foi subme-
tido a um rápido processo de assoreamento. Este conjunto
de perfis sísmicos foi obtido de modo simultâneo, com o
emprego de três fontes acústicas distintas: um boomer 0,5-
2 kHz, um chirp 2-8 kHz, e um chirp 20-50 kHz. Nota-se
nestes registros o aumento da capacidade de penetração
à medida que são empregadas as fontes acústicas de me-
Figura 5: Registro sísmico ilustrando a capacidade de resolução de um
nor frequência, neste caso o boomer (imagem superior da
chirp duplo: imagem superior: registro de chirp 2-8 kHz; imagem inferior: Figura 7), que mostra um perfil onde é possível delinear
registro de chirp 10-20 kHz. Lago Taiaçupeba, Suzano, São Paulo. o topo do embasamento do lago investigado. Nos perfis,
intermediário e inferior, nesta mesma figura, observa-se
o aumento da capacidade de resolução em sacrifício da
capacidade de penetração na coluna sedimentar, à medida
do aumento do espectro de frequências. Especificamente
neste levantamento foi utilizado um modelo de chirp de
última geração, fabricado pela empresa finlandesa Meri-
data, que lida com frequências entre 20 e 50 kHz, espectro
ainda incomum no contexto de fontes acústicas de perfi-
lagem e que apresenta excelente capacidade de resolução,
em alguns casos chegando à definição de estratos com
poucos centímetros de espessura. A Figura 8 mostra, em
detalhe, a capacidade de resolução bastante diferenciada
entre o limite inferior do espectro de frequências (boomer)
e o limite superior (chirp 20-50 kHz). No perfil inferior
desta figura é possível observar dezenas de estratos sedi-
mentares que não são observáveis no perfil originado do
boomer (imagem superior).

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Figura 6: Vista de detalhe do perfil sísmico da Figura 5 ressaltando a iden-


tificação da camada de sedimentos subsuperficial no registro sísmico do
chirp 10-20 kHz. www.facebook.com/sbgf.org
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Figura 8: Vista de detalhe dos perfis do boomer e do chirp 20-50 kHz da Figura 7
ilustrando, em um mesmo perfil, o potencial de resolução bastante diferenciado
destas duas fontes acústicas.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os exemplos ilustrados neste texto mostram a impor-


tância e o potencial dos métodos geofísicos, em especial
da perfilagem sísmica contínua, na investigação de corpos
d’água a montante ou a jusante de barragens, seja como
Figura 7: Imagem superior: registro de boomer 0,5-2 kHz; imagem interme- subsídio aos procedimentos rotineiros de monitoramento
diária: registro de chirp 2-8 kHz; imagem inferior: registro de chirp 20-50 dos processos sedimentares em rios, lagoas de decantação
kHz. Dados cedidos pela empresa Meridata. e reservatórios de água, seja nos procedimentos emergen-
ciais, de avaliação de eventos drásticos em geral, do tipo
rompimento de estruturas de contenção.
Observa-se ainda que outros métodos acústicos de alta resolução como o sonar de varredura lateral e os sistemas
multifeixes, (sejam os clássicos, os interferométricos ou multifase), tem também muito a contribuir no monitora-
mento destes ambientes, já que permitem o mapeamento, em alta resolução, da morfologia e da natureza da super-
fície de fundo. O exemplo ilustrado na Figura 9 mostra resultados parciais do emprego do sistema Edgetech 6205
no monitoramento do Lago Taiaçupeba, no município de Suzano (SP), ilustrando detalhes da morfologia, bem como
aspectos texturais, da superfície de fundo do lago, produtos estes que contribuem efetivamente para a caracterização
dos processos sedimentares atuantes neste reservatório.
Concluindo, pode-se afirmar que em estudos de de-
talhe e de alta resolução, focados na determinação das
espessuras das camadas sedimentares subsuperficiais, o
emprego de fontes acústicas com alto desempenho no
item resolução se faz necessário. Sob este ponto de vista
certamente as fontes acústicas que lidam com frequências
a partir de 2 kHz, proporcionarão maior poder de resolu-
ção, a se destacarem aquelas que lidam com frequências
entre 20 e 50 kHz. No caso da necessidade de informações
sobre a profundidade do embasamento rochoso, visando
subsidiar projetos de obras civis de grande porte, fontes
acústicas que lidam com frequências abaixo de 2 kHz se-
rão necessárias, se enquadrando neste grupo fontes do
tipo boomer, sparkers, bubble-guns, air-guns entre outras.

Figura 9: Imagem superior: mapa batimétrico; imagem intermediária: mo- AGRADECIMENTOS


saico de backscatter; imagem inferior: mosaico do sonar de varredura late-
ral. Dados coletados com o sistema multifase Edgetech 6205, pertencente Agradecimentos às empresas Meridata e Ruraltech
ao IPT.
por cederem registros sísmicos que embasam a discussão
desenvolvida neste artigo.

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