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SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SGB-CPRM)

PROGRAMA GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES


MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS
EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
Geoparque Seridó, RN

REALIZAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GESTÃO TERRITORIAL


DIVISÃO DE GEOLOGIA APLICADA

2024
MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS
VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS
EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
Geoparque Seridó, RN
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
Ministro de Estado
Alexandre Silveira de Oliveira
Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral
Vitor Eduardo de Almeida Saback

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SGB-CPRM)


DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-Presidente
Inácio Cavalcante Melo Neto
Diretora de Hidrologia e Gestão Territorial
Alice Silva de Castilho
Diretor de Geologia e Recursos Minerais
Francisco Valdir Silveira
Diretor de Infraestrutura Geocientífica
Paulo Afonso Romano
Diretor de Administração e Finanças
Cassiano de Souza Alves

DEPARTAMENTO DE GESTÃO TERRITORIAL


Chefe do Departamento de Gestão Territorial
Diogo Rodrigues Andrade da Silva
Chefe da Divisão de Gestão Aplicada
Tiago Antonelli
Divisão de Gestão Territorial
Maria Adelaide Mansini Maia

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE RECIFE


Superintendente
Hortência Maria Barboza de Assis
Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial
Róbson de Carlo da Silva
Supervisor de Hidrologia e Gestão Territorial
Adson Brito Monteiro
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SGB-CPRM)
DIRETORIA DE HIDROLOGIA E GESTÃO TERRITORIAL
I PROGRAMA GESTÃO DE RISCO E DESASTRES I

MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS
VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS
EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
Geoparque Seridó, RN

AUTORES
Filipe de Brito Fratte Modesto
Ivan Bispo de Oliveira Filho

Recife
2024
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS NOS ATRATIVOS APOIO
GEOTURÍSTICOS - GEOPARQUE SERIDÓ, RN Jose Luiz Kepel

REALIZAÇÃO APOIO TÉCNICO


Departamento de Gestão Territorial – DEGET Revisão do texto
Divisão de Geologia Aplicada – DIGEAP Departamento de Relações Institucionais – DERID
Irinéa Barbosa da Silva
COORDENAÇÃO TÉCNICA Normalização Bibliográfica
Tiago Antonelli Divisão de Documentação Técnica – DIDOTE
Ana Maria Brito da Silva
AUTORES Projeto Gráfico / Editoração
Filipe de Brito Fratte Modesto Divisão de Editoração Geral – DIEDIG
Ivan Bispo de Oliveira Filho Andréia Continentino
Agmar Alves Lopes
EXECUÇÃO
Diagramação – SUREG-GO
Filipe de Brito Fratte Modesto Kátia Siqueira Batista
Ivan Bispo de Oliveira Filho

Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM)


www.cprm.gov.br
seus@sgb.gov.br

Direitos desta edição: Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM)


Permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.
APRESENTAÇÃO

As ações desenvolvidas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), no âmbito do Departamento


de Gestão Territorial, visam à coordenação, supervisão e execução de estudos do meio físico,
na área das geociências, voltados para gestão territorial, geologia ambiental e geologia aplicada,
como suporte aos gestores governamentais na elaboração de políticas públicas e no atendimento à
sociedade em geral.
A Divisão de Geologia Aplicada propõe a promoção de estudos, projetos e programas relativos à
geologia aplicada à engenharia, geotecnia e ocupação urbana, com foco em riscos geológicos.
As ações desenvolvidas visam identificar e caracterizar atributos do meio físico, de forma a orientar
a tomada de decisões dos órgãos gestores em nosso território, para a redução dos danos materiais
e/ou perdas de vidas humanas resultantes, principalmente, em decorrência de processos como des-
lizamentos, quedas e rolamentos de blocos, erosões, assoreamentos e inundações.
Atua, ainda, no desenvolvimento metodológico para o conhecimento desses processos destrutivos,
capacitando agentes públicos por meio de variadas modalidades de cursos ofertados à sociedade.
Com esse espírito de inovação e com a responsabilidade de promover a ocupação e uso seguro e
sustentável do solo, o SGB-CPRM recomenda a leitura e utilização do presente relatório em prol do
bem-estar da sociedade brasileira.

Inácio Cavalcante Melo Neto


Diretor-Presidente

Alice Silva de Castilho


Diretora de Hidrologia e Gestão Territorial
RESUMO

O Geoparque Seridó, localizado no estado do Rio Grande do Norte, Região Nordeste do Brasil,
reconhecido como Geoparque Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO), em 13 de abril de 2022, possui atributos geológicos e geomorfológicos,
que associados à sua rica fauna e flora, acabam por criar ambientes com cenários de extrema beleza.
Esses ambientes, denominados de geossítios, recebem milhares de visitantes do Brasil e do exterior
ao longo de todo ano, fazendo com que a atividade geoturística desempenhe um papel importante
na economia do estado e, principalmente, na economia local.
Nesse contexto, o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), em parceria com Consórcio Público
Intermunicipal Geoparque Seridó (CPIGS), selecionou 21 geossítios importantes do geoparque para
passarem por um estudo de avaliação geológico-geotécnica, a fim de identificar se há potenciais
perigos geológicos e/ou hidrológicos que possam colocar a vida ou a saúde dos visitantes em risco.
Esses estudos, realizados por técnicos do SGB-CPRM, são importantes para orientar e auxiliar, não
só a administração pública, como também os proprietários das terras, onde esses geossítios estão
localizados, na implementação e proposição de medidas de conservação, segurança e sustentabili-
dade das atividades geoturísticas desenvolvidas no estado.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11

2. OBJETIVOS............................................................................................................... 12

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:.........................................................................................12

3. JUSTIFICATIVAS........................................................................................................ 12

4. APLICABILIDADES E LIMITAÇÕES DE USO................................................................ 13

5. GEOPARQUE SERIDÓ E SEU PATRIMÔNIO


GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO.......................................................................... 13

6. METODOLOGIA........................................................................................................ 15

7. RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES........................................................................... 19

7.1. CÂNIONS DOS APERTADOS..................................................................................... 20

7.2. MINA BREJUÍ.......................................................................................................... 23

7.3. LAGOA DO SANTO ................................................................................................. 24

7.4. PICO DO TOTORÓ ................................................................................................... 27

7.5. CRUZEIRO DE ACARI............................................................................................... 30

7.6. AÇUDE GARGALHEIRAS...........................................................................................31

7.7. POÇO DO ARROZ..................................................................................................... 33

7.8. MARMITAS DO RIO CARNAÚBA.............................................................................. 35

7.9. XIQUEXIQUE........................................................................................................... 37

7.10. CACHOEIRA DOS FUNDÕES .................................................................................. 40

7.11. MONTE DO GALO.................................................................................................. 43

7.12. MIRADOR.............................................................................................................. 46

7.13. AÇUDE BOQUEIRÃO.............................................................................................. 49

7.14. MORRO DO CRUZEIRO.......................................................................................... 50

7.15. SERRA DA RAJADA................................................................................................ 53


7.16. SERRA VERDE........................................................................................................ 55

7.17. CRUZEIRO DE CERRO CORÁ................................................................................... 57

7.18. MIRANTE DE SANTA RITA...................................................................................... 59

7.19. TANQUE DOS POSCIANOS......................................................................................61

7.20. VALE VULCÂNICO................................................................................................. 63

7.21. NASCENTE DO RIO POTENGI................................................................................. 67

8. CONCLUSÕES........................................................................................................... 68

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 69

ANEXOS DIGITAIS........................................................................................................ 70
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

1. INTRODUÇÃO

Em janeiro de 2022, dez pessoas morreram em função da queda de um bloco rochoso sobre
uma embarcação turística no Lago de Furnas, município de Capitólio - MG. Além de ter causado
grande comoção popular, esse evento serviu de paradigma, ao demonstrar que os desastres
provocados por perigos naturais não se restringem aos centros urbanos, onde historicamente
registram-se os impactos econômicos mais significativos e o maior número de perdas de vidas
humanas (Banco Mundial, 2020). Como consequência, desde a tragédia ocorrida em Minas Gerais,
o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) tem realizado avaliações geológico-geotécnicas em áreas
onde são desenvolvidas atividades de ecoturismo, com vistas a contribuir para o aprimoramento
das práticas de gestão ambiental e das condições de segurança dos turistas e demais profissionais
que frequentam tais regiões (e.g. Barros et al. 2022; Oliveira et al. 2022; Pedrazzi et al. 2022; Silva;
Kuhlmann; Ribeiro, 2022).
Neste contexto, com intuito de atender à solicitação do Consórcio Público Intermunicipal Geoparque
Seridó (CPIGS), feita por meio do Ofício nº 011/2022/ CPIGS, foi realizada a visita técnica para identifi-
cação e caracterização dos perigos geológicos localizados no território do Seridó Geoparque Mundial
da UNESCO, em locais determinados pela consultoria do Geoparque, entre os dias 24 de julho e 04
de agosto (UNESCO, 2023).
Os levantamentos de campo foram realizados pelos profissionais do SGB-CPRM listados no Quadro 1,
com acompanhamento da geocientista, a geóloga Marilia Cristina Santos Souza Dias.

Quadro 1 - Profissionais do SGB-CPRM que participaram dos levantamentos de campo

Nome completo Cargo ou função

Filipe de Brito Fratte Modesto Pesquisador em Geociências - ERJ

Ivan Bispo de Oliveira Filho Pesquisador em Geociências - ERJ

Os trabalhos foram motivados por solicitação via Oficio do CPIGS, como referido anteriormente,
fundamentado na necessidade de um diagnóstico referente à situação de risco e/ou perigo geológico
proveniente das estruturas que compõem os geossítios.
Dentre os locais visitados estão os geossítios Cânions dos Apertados, Mina Brejuí, Lagoa do Santo,
Pico do Totoró, Cruzeiro de Acari, Açude Gargalheiras, Poço do Arroz, Marmitas do Rio Carnaúba,
Xiquexique, Cachoeira dos Fundões, Monte do Galo, Mirador, Açude Boqueirão, Morro do Cruzeiro,
Serra Rajada, Serra Verde, Cruzeiro de Cerro Corá, Mirante da Santa Rita, Tanque dos Poscianos, Vale
Vulcânico e Nascente do Rio Potengi.
Ao longo desses pontos, foram observadas variações litológicas, estruturais e de relevo que conferem
características geotécnicas favoráveis às ocorrências de quedas de blocos e deslizamentos, principais
tipos de movimentos gravitacionais de massa observados nas áreas visitadas e que serão descritos
detalhadamente mais adiante.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

2. OBJETIVOS

O objetivo central deste trabalho foi avaliar os riscos e os perigos geológicos existentes nos princi-
pais atrativos turísticos do Geoparque Seridó, conforme indicações de prioridade feitas pelo CPIGS.
Espera-se que tal análise seja capaz de contribuir para o aprimoramento da gestão ambiental e,
consequentemente, para a implementação de práticas de prevenção de desastres, estando em con-
sonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e com o marco pós-2015 para a redução
do risco de desastres, também conhecido como Marco de Sendai.

2.1. Objetivos Específicos:

• Realizar o levantamento de dados geológicos-geotécnicos, nas áreas indicadas pelo CPIGS, a fim
de compreender os processos geológicos-geotécnicos existentes e se os mesmos podem ou não
expor turistas e moradores a algum tipo de risco geológico;
• Elaborar produtos visuais derivados do levantamento com drone (animações 3D, imagens
360 graus e vídeos);
• Subsidiar com informações técnicas os administradores e órgãos públicos na tomada de decisões
voltadas à prevenção, mitigação e resposta a desastres provocados.
Os resultados expostos representam as condições observadas no momento da visita de campo, as
quais podem se alterar ao longo do tempo.
O presente trabalho não constitui um mapeamento das áreas de risco geológico nem as suscetíveis
existentes em todo o território do Geoparque Seridó, mas sim uma caracterização apenas das áreas,
habitadas ou não, indicadas pelo CPIGS que receba turistas em regiões suscetíveis a algum processo
geológico-geotécnico (queda ou tombamento de blocos, deslizamentos, inundações, erosões etc.).
Desta forma, não se descarta a possibilidade de existirem outras áreas de risco geológico no geo-
parque não incluídas neste trabalho.

3. JUSTIFICATIVAS

O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) foi criado pela Lei nº. 12.608/2012, que
estabelece o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), posteriormente regulamentado
pelo Decreto nº. 10.593/2020. Os dispositivos definem o escopo da atuação federal nas ações de
proteção e defesa civil, fornecendo o embasamento legal para atuação do Serviço Geológico do Brasil
(CPRM), enquanto Instituição de Ciência e Tecnologia, nas ações deste escopo no que se refere a
estudos e suporte técnico científico.
O desenvolvimento de atividades de ecoturismo de forma não ordenada pode intensificar a
depredação do patrimônio natural e principalmente, potencializar a exposição dos turistas aos
perigos naturais. Esse cenário pode acarretar acidentes e desastres provocados por fenômenos
geológicos, como aqueles registrados nos últimos anos na Praia de Pipa - RN, em Capitólio - MG
e em Paulo Afonso - BA.

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

O Geoparque Seridó reúne atrativos geoturísticos com diversidade de paisagens e ambientes geoló-
gicos que possuem valores científicos, educativos, ecológicos, arqueológicos, históricos e culturais.
Em razão de suas paisagens de significado geológico internacional, faz-se necessário a realização de estu-
dos, especialmente no que diz respeito às políticas de acesso, segurança e conservação do patrimônio
natural. Assim, esse trabalho se justifica à medida que pretende contribuir com dados e informações
geotécnicas, possibilitando auxiliar os gestores da região na proposição de medidas que melhorem as
condições de segurança e a sustentabilidade das atividades turísticas desenvolvidas na região.

4. APLICABILIDADES E LIMITAÇÕES DE USO

Este trabalho pode ser utilizado para:


• Subsidiar o poder público na seleção das áreas prioritárias a serem contempladas por ações des-
tinadas à prevenção dos desastres em áreas turísticas com componentes geológicos na paisagem;
• Contribuir para elaboração de projetos de intervenção estrutural em áreas suscetíveis à ocorrência
de processos geológicos ligados a desastres;
• Auxiliar na elaboração de planos de contingência;
• Auxiliar na construção de sistemas de monitoramento e alerta de desastres;
• Direcionar as ações da Defesa Civil e das autoridades competentes.
Este trabalho não deve ser aplicado para:
• Qualquer aplicação incompatível com a escala cartográfica de elaboração;
• Substituir análises de estabilidade de taludes e encostas;
• Substituir projetos de engenharia destinados à correta seleção, dimensionamento e implantação
de obras estruturais nas áreas vistoriadas;
• Avaliar a pertinência e eficácia de obras de engenharia de qualquer natureza;
• Indicar quando ocorrerão eventos adversos nas áreas de risco.

5. GEOPARQUE SERIDÓ E SEU PATRIMÔNIO GEOLÓGICO E


GEOMORFOLÓGICO

A Rede de Geoparques Mundiais da UNESCO reconhece patrimônios geológicos que apresentam


extraordinária relevância em diversidade geológica e cultural para o mundo. Além disso, os geopar-
ques atendem às comunidades locais, combinando a conservação de seu patrimônio geológico único
com o acesso público e o desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2023).
O Geoparque Seridó, localizado no estado do Rio Grande do Norte, teve seu reconhecimento pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 13 de abril de
2022, durante a 214ª sessão do seu Conselho Executivo, realizada em Paris, França.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

A área do Geoparque Seridó está inserida na Província da Borborema, mais especificamente no


domínio tectonoestrafigráfico Rio Piranhas-Seridó (Santos, 1999). Nessa região, forma um cinturão
de rochas com direção NNE-SSW, composto, na base, por ortognaisses riacianos do Complexo Caicó,
sobreposto por unidades de metassedimentos ediacaranos do Grupo Seridó (Figura 1).
O Grupo Seridó é formado, na base, por paragnaisses, mármores, formações ferríferas e metaultra-
máficas da Formação Jucurutu, quartzitos e metaconglomerados da Formação Equador e micaxistos
da Formação Seridó. Todas as unidades são intrudidas pelo magmatismo ediacarano, representado
por plútons graníticos e pegmatitos.
Rochas intrusivas, de idades cambrianas, cretáceas e cenozoica, afloram na região do Seridó.
Sendo as mais antigas representadas por diques/corpos pegmatíticos, as rochas básicas do mag-
matismo Rio Ceará-Mirim de idade cretácea, além das rochas cenozoicas representando o mag-
matismo Macau associado à cobertura sedimentar da Formação Serra do Martins (Nascimento;
Ferreira, 2012).

Figura 1 - Mapa geológico original de Angelim, Medeiros e Nesi (2006) e modificado de Geoparque Seridó, (2013).

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

As formas de relevo presentes na região do Seridó estão compreendidas no Domínio das Depressões
Intermontanas Semiáridas e Interplanálticas das Caatingas, sendo possível observar oito padrões de relevo:
superfícies aplainadas retocadas ou degradadas (R3a2), inselbergs e outros relevos residuais (R3b), domí-
nio montanhoso (R4c), domínio de morros e serras baixas (R4b), planaltos (R2b3), deposição de rampas
de colúvio e depósitos de tálus na base da escarpa (R4d), platôs (R2c) e domínio colinas disseca-
das e morros baixos (R4a2), representados no Mapa de Padrões de Relevo (Nascimento; Ferreira,
2012) (Figura 2).

Figura 2 - Mapa Geomorfológico (modificado Ferreira e Dantas, 2024, no prelo).

6. METODOLOGIA

As ações de mapeamento de risco geológico nos geossítio do Geoparque Seridó foram executadas
com coleta de dados e informações das características estruturais, geológico-geomorfológicas,
tectônicas e ambientais para posterior identificação de feições indicativas de alguma, ou mesmo

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

nenhuma, instabilidade no terreno e subsequentes movimentos gravitacionais de massa que venham


a oferecer risco aos turistas.
Para a coleta de dados in loco, foram utilizados: veículo aéreo não tripulado (drone), levantamento
litológico, medição de parâmetros estruturais com uso de bússola, altura e inclinação dos paredões
com hipsômetro. Todas as informações, acrescidas de levantamento bibliográfico, foram analisadas
para posterior identificação e caracterização de pontos com eventuais fragilidades que possam
configurar riscos potenciais.
As análises de perigo de queda de blocos de rocha foram realizadas a partir de adaptações do método
proposto por CPRM (2018). Com o intuito de embasar tais avaliações durante os trabalhos de campo,
foram empregados métodos expeditos para descrever detalhadamente o contexto estrutural das
escarpas/encostas, incluindo identificação e interpretação dos sets de fraturas e sua correlação com
processos de cimentação, lixiviação e crescimento de raízes in loco. De igual maneira, foram registra-
dos os processos erosivos e de movimento de massa identificados na área de estudo.
Conforme CPRM (2018), a avaliação de perigo consiste na compartimentação da encosta analisada
em áreas críticas (AC) e de dispersão (AD), cuja definição é apresentada no Quadro 2. Neste trabalho,
a análise foi empregada nos locais onde há movimentação de visitantes e onde as encostas em rocha
possuem amplitudes significativas e condições geotécnicas que apontam a sua extrema fragilidade
no processo de quedas de blocos.

Quadro 2 - Caracterização de áreas crítica e de dispersão. Fonte: CPRM (2018).

Área com maior probabilidade à deflagração de movimentos gravitacionais de


massa (MLIT, 1988, Ministry of Construction, 1996, Ministry of Construction,
Área Crítica 2009) e atingimento do material mobilizado (MLIT, op.cit., Ministry of
(AC) Construction, op. cit.). Considera-se que a energia potencial do movimento
ocorra de forma concentrada na área afetada (Ministry of Construction, op. cit.,
Análise de Hayashi et. al., 2000).
Perigo de
Escritório
(APE)
Área sujeita à deposição do material mobilizado durante um movimento
gravitacional de massa (MLIT, 1988, Ministry of Construction, 1996, Ministry
Área de Dispersão
of Construction, 2009). Considera-se que a energia potencial do movimento
(AD)
ocorra de forma dispersa na área afetada (Ministry of Construction, op. cit.,
Hayashi et. al., 2000).

O processo de quedas de blocos é subdividido em três grupos, na metodologia de mapeamento


de perigo proposta por CPRM (2018) definidos em função da inclinação do maciço rochoso e da
existência ou não de rampa na base da encosta, uma vez que a presença da rampa influencia con-
sideravelmente no alcance e na trajetória do bloco rochoso (Figura 3). Assim, foi estabelecido que
os macios rochosos que apresentarem rampa corresponderiam ao Grupo I (Figura 4), e os maciços
rochosos sem rampa corresponderiam aos grupos II e III, a depender de suas inclinações. O primeiro,
denominado Grupo II, corresponde às encostas com inclinação de 50° a 70°; o segundo, chamado
Grupo III, refere-se às encostas cuja inclinação é superior a 70° (Figura 5).
Após identificado o grupo em que se encontram as encostas, foram aplicados os parâmetros obser-
vados no Quadro 3:

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

Figura 3 - Grupos referentes ao processo de queda de blocos. Fonte: CPRM (2018).

Figura 4 - Encosta com presença de rampa. Fonte: CPRM (2018).

Figura 5 - Esquema de encostas sem rampa. À esquerda, configuração do Grupo II, com inclinação
variando de 50° a 70°; à direita, o Grupo III, com inclinação superior a 70°. Fonte: CPRM (2018).

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Quadro 3 - Síntese das regras de delimitação de áreas críticas (AC) e de dispersão (AD). Fonte: CPRM (2018).

Limite
MGM APE
Superior Inferior Laterais

AC [Topo + 10m] [Base + 1H (Máx 30m)] Fim da Condição Topográfica


Planar
AD Final AC [Base + 2H (Máx 50m)] Fim da Condição Topográfica
Deslizamento
AC Estreitamento CN (Topo) [L1 + (0.2 x L2)] Fim da Condição Topográfica
Rotacional
AD Final AC [0,8 x L2 (Máx 250m)] Fim da Condição Topográfica

Confinado [H> 5m←(LF)→H> 5m]


AC PI INC ≈ 7° (intervalo: 200 m)
Não Confinado [20m←(LF)→20m]
Fluxo de Detritos
Semi‐Confinado [H> 5m←(LF)→H> 5m]
AD PE INC ≈ 2° (intervalo: 200 m)
Não Confinado [∀30° ou H> 5m]←(LF)→[∀30° ou H> 5m]

AC Topo (RX) Final da Rampa (Inc: 20°) [∀20°]←(Fim Condição Topográfica Lateral)→[∀20°]

18
Grupo 1 (rampa)
(Inc: 20°‐50°) AD Final da Rampa (Inc: 20°) 2 H (Máx 200m) [∀20°]←(Fim Condição Topográfica Lateral)→[∀20°]

Queda de Grupo 2 AC Topo (RX) 1/2 H (Máx 100m) Fim da Condição Topográfica
Blocos (Inc: 50°‐70°) AD FINAL AC 1 H (Máx 200m) Fim da Condição Topográfica

Grupo 3 AC Topo (RX) 1/3 H (máx 50m) Fim da Condição Topográfica


SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SBG-CPRM)

(Inc: 70°‐90°) AD FINAL AC 1 H (Máx 100m) Fim da Condição Topográfica


Legenda: AC (área crítica), AD (área de dispersão), H (altura), CN (Curva de Nível), L1 (comprimento do deslizamento rotacional), L2 (projeção do comprimento do deslizamento
rotacional), PI (Ponto de início do fluxo), PE (ponto de espraiamento), INC (inclinação), LF (linha de fluxo), ∀30° (ângulo de dispersão = 30°), RX (afloramento de rocha e/ou campo de
blocos, depósito de tálus), ∀20° (ângulo de dispersão lateral = 20°)
MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

7. RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES

Os geoparques não encontram, na legislação federal atual, dispositivo normatizador de ações relativas
à gestão de perigo geológico ou de risco ao usuário de suas áreas turísticas. Com isto, fica a cargo
dos gestores a definição e a implantação de estratégias voltadas para a prevenção de acidentes.
No caso específico do Geoparque Seridó, onde há, pela própria origem e formação geológica, uma
predominância de paredões rochosos, a probabilidade de ocorrência de quedas de blocos, tombamento
e/ou deslizamentos é significativamente elevada diante das feições geomorfológicas e características
estruturais ali encontradas, conferindo, a algumas regiões, elevada suscetibilidade para os processos
acima mencionados, como ilustrados na Figura 6.

Diante dos acontecimentos recentes de acidentes em áreas de forte potencial e uso turístico, fica evidente
a necessidade de uma prática constante de avaliação dos riscos e perigos geológicos que essas formações
rochosas oferecem aos visitantes. Deve ficar entendido que a identificação do perigo não necessaria-
mente concorre para a interdição das atividades turísticas nesses pontos, mas levanta a necessidade
da implementação de práticas seguras que venham fornecer aos visitantes e aos gestores os devidos
cuidados que devem ser postos em prática quando da visitação e/ou permanência nessas áreas onde
processos geológicos são tidos como de elevado potencial de risco ou perigo à integridade do visitante.

A B

C D

Figura 6 - Tipos de riscos geológicos de grau muito alto associados a movimentos de blocos em pontos de visitação
turística (A - queda e tombamento de blocos; B - escorregamento de blocos secundários; C - rolamento de blocos;
D - queda de blocos/lascas). Fonte: de autoria própria.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

A presença de um sistema de falhas e fraturas geológicas com diferentes direções e a forte interação
dos respectivos planos de fraqueza do maciço rochoso, com subsequente isolamento e individualização
de blocos de diferentes tamanhos, funciona como planos ou superfícies de elevada permeabilidade
para a água. Nessa situação, a água tem seu caminho até o interior do maciço rochoso facilitado, bem
como uma ação mais efetiva do intemperismo químico responsável pela diminuição da coesão da
rocha, facilitando a instalação de movimentos de massa ou quedas de blocos localizados de grande
porte e alcance.
A presença marcante desses processos de movimentação de massa constitui pontos de preo-
cupação diante do risco e perigo oferecidos pelos mesmos, tendo em vista que os blocos movi-
mentados, observados in situ, chegam a atingir dimensões métricas e com áreas de atingimento
consideráveis, dependendo da altura e inclinação da vertente, que no geral é bem elevada ou
quase vertical na sua maioria.
O levantamento de dados geológico-geotécnico, nas diferentes áreas que constituem o objeto deste
estudo, nomeadamente identificação, delimitação e caracterização geológica e estrutural dos pontos
visitados, seguiram a metodologia desenvolvida pelo CPRM (2018). Os dados obtidos em campo de
fraturas e/ou falhas, deslizamentos, rolamento de blocos, cicatrizes de quedas de blocos, blocos em
balanço, depósito de tálus e erosão, principalmente, forneceram informações que fundamentaram
e embasaram a caracterização geológico-geotécnica desses pontos.
O estudo, a identificação e a caracterização dos riscos e perigos geológicos na área do geoparque
foram desenvolvidos seguindo a lista de atrativos turísticos indicados pelo CPIGS. Esses pontos foram
avaliados quanto ao potencial ou suscetibilidade à instalação de processos geológicos que represen-
tassem perigo ou ameaça à integridade física dos visitantes.
A seguir, serão descritos os processos geológicos-geotécnicos, potenciais e instalados, identificados
nas áreas visitadas, bem como o respectivo grau de risco.

7.1. Cânions dos Apertados

Coordenadas geográficas: 06°20’7.93”S, 36°29’30.98”O. Altitude aproximada: 345 metros.


O geossítio Cânions dos Apertados é considerado uma das sete maravilhas do estado do Rio Grande
do Norte. O local é intensamente visitado, principalmente, pela sua beleza cênica, além da facilidade
de acesso e proximidade da cidade de Currais Novos.
No local, pode ser observado um vale profundo por onde corre, de forma intermitente, o Rio Picuí,
escavados em quartzitos da Formação Equador e diques pegmatíticos. As rochas, dispostas nas mar-
gens do vale, possuem variação altimétrica que pode chegar facilmente a 100 metros, vertentes com
inclinação variando entre 30° a subverticais, fortemente compartimentado com fraturas verticais a
subverticais e horizontais, além da foliação da rocha. Essas descontinuidades em conjunto individua-
lizam blocos rochosos de dimensões métricas a decamétricas. (Figuras 7 e 8).
O leito do Rio Picuí e a base das encostas encontram-se entulhados por diversos blocos e matacões,
derivados de eventos pretéritos ocorridos, além de grande quantidade de blocos instáveis nas ver-
tentes das encostas (Figura 9).
Diante das características inerentes aos cânions, vale encaixado com vertentes íngremes, e de acordo
com as análises de perigo de queda de blocos de rocha realizadas a partir de adaptações do método

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Figura 7 - Vista panorâmica do Cânions dos Apertados, mostrando vale com


encostas íngreme. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 8 - A) Vista do afloramento fortemente compartimentado com fraturas e B) Vale com vertentes
com inclinação variando entre 50° a subverticais. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 9 - A) Depósito de blocos no leito do canal e B) Área circulada mostrando blocos com eminência de se
desprenderem do maciço e na base blocos que já se desprenderam. Fonte: de autoria própria.

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proposto por CPRM (2018), foi considerado que as encostas presentes no trecho do Cânion do Rio
Picuí podem ser classificadas no Grupo II, queda de bloco. Desta forma, considerando que as encos-
tas, em ambas as margens, possuem variação altimétrica com valores superiores a 100 metros e o
leito do rio possui largura de aproximadamente 30 metros, a área crítica para perigo de quedas e
rolamentos de blocos, possui sobreposição; por causa do confinamento do vale, a área de dispersão
não foi traçada (Figura 10).
Cabe destacar que a modelagem foi realizada apenas na área identificada pela geocientista do
geoparque como a mais visitada, o cânion segue por quilômetros e devem ser adotadas as mesmas
recomendações nos trechos com características similares.

Figura 10 - Modelagem de perigo. Em hachurado, área crítica a movimentação de blocos.


Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Colocar placas restringindo o banho e o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada,
pois nesses períodos agravam-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos e as enxurradas;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, churras-
cos, piqueniques, mergulhos etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;

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• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas às vertentes da encosta;


• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geológico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação dos geossítios.

7.2. Mina Brejuí

Coordenadas geográficas: 06°19’22.95”S, 36°33’3.49”O. Altitude aproximada: 340 metros.


O geossítio Mina Brejuí ocupa uma área gerida por uma empresa de mineração estabelecida desde
a década de 1940, sendo considerada a principal mina de scheelita (CaWO4) da América do Sul
(Figura 11).
Esse geossítio, classificado de valor internacional, possui grande variedade de rochas e minerais,
associados à Formação Jucurutu, apresentando uma alternância entre paragnaisses, mármores e
calcissilicáticas, que sofreram processos relacionados a fluidos hidrotermais disponibilizados por
intrusões ígneas, culminando com a geração do minério (Nascimento; Ferreira, 2012).
Na mineração, existem diversos fatores que podem gerar riscos aos visitantes, sendo o principal, a
visitação às minas propriamente ditas, assim como, a planta de beneficiamento, pilhas de rejeito,
talude próximos ao emboque e vias de acesso (Figura 12).
Recomendações:
• Considerando que as atividades de mineração encontram-se ativas e são de responsabilidade de
empresa privada, as avaliações geotécnicas e recomendações de segurança aos visitantes são de
incumbências dos gestores da empresa e órgãos licenciadores.

Figura 11 - Vista da parte interna da mina. Fonte: de autoria própria.

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A B

C D

Figura 12 - A) Vista do emboque e talude próximo, B) Vias de acesso com pequeno acúmulo de rejeito,
C) Vista de colunas e camareira interna da mina e D) Vista dos tuneis internos da mina. Fonte: de autoria própria.

7.3. Lagoa do Santo

Coordenadas geográficas: 06°10’42.70”S, 36°34’32.22”O. Altitude aproximada: 396 metros.


O geossítio Lagoa do Santo é composto por três feições. A primeira refere-se a um megabloco de gra-
nito, com dimensões aproximadas de 15 metros x 15 metros na base e 10 metros na altura. Sua forma
é associada a processos com alterações químicas, que levaram as massas rochosas a se desagregarem,
formando, ao longo dos tempos, blocos de tamanhos e configuração variados; esses processos erosivos
podem gerar lascas de rochas. No local, também são observadas ao menos duas famílias de fraturas
seccionando o bloco. É possível observar pinturas rupestres nos afloramentos (Figuras 13 e 14).
Considerando as características apresentadas nessa feição, mesmo com sua aparente estabilidade,
processos erosivos continuam atuantes, desestabilizando lascas/blocos. Diante das características, foi
adotado, por similaridade, o método preconizado por CPRM (2018), para delimitação de áreas críticas
e dispersão para atingimento de queda de lascas/blocos. Para essa análise, o maciço foi classificado
como Grupo III para queda de blocos e taludes com amplitude superiores a 5 metros, cuja inclinação
é superior a 70°. A área crítica (AC) inicia-se no topo do afloramento, somando uma projeção de
um terço da altura a partir da base, e a área de dispersão (AD) de uma vez a altura a partir da base
da encosta. Devido à forma do afloramento de aproximadamente de 10 metros de altura, deve-se
considerar AC iniciando no topo do afloramento, somando uma área de 3 metros a partir da base, e
AD de 10 metros, a partir da base da encosta (Figura 15).

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Figura 13 - Vista panorâmica do geossítio. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 14 - A) e B) Fotos panorâmicas do megabloco e blocos menores adjacentes;


C) e D) Blocos e lascas desprendidos do megabloco. Fonte: de autoria própria.

A segunda feição refere-se à Lagoa do Santo, onde foram encontrados registros fossilíferos.
Seguindo em um pequeno trecho de trilha, tem-se a terceira feição, a Pedra do Sino, um bloco de
granito que atrai visitantes devido ao som produzido, similar ao de badaladas, ao ser batido com
outra rocha (Figura 16).

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Figura 15 - Ilustração com projeção do que seria a representação da AC e AD no entorno


da rocha. Fonte: de autoria própria.

Figura 16 - A) Vista aérea da Lagoa do Santo e B) Pedra do Sino. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, chur-
rascos, piqueniques etc.), em áreas identificadas como críticas e de dispersão de atingimento
de blocos;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

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7.4. Pico do Totoró

Coordenadas geográficas: 06°12’14.93”S, 36°33’37.70”O. Altitude aproximada: 486 metros.


O geossítio Pico do Totoró corresponde a um afloramento de granito inequigranular, com porções
porfiríticas, que se destaca na paisagem pela diferença altimétrica, chegando a 275 metros, comparada
com o relevo no seu entorno e sua forma similar a um cone. No local, é possível identificar ao menos
três sistemas de fraturas, que associados ao intemperismo formam blocos métricos que podem ser
observados em quase toda a extensão do maciço. Seguindo um lineamento SW/NE, existem outros
dois morrotes com estruturas similares. Um dos acessos ao Pico do Totoró é feito passando pelo
vertedouro do açude com mesmo nome, porém em períodos de cheia do açude esse acesso fica
inviável (Figuras 17, 18 e 19).

Figura 17 - Vista panorâmica do Pico do Totoró e dos morrrotes com estruturas similares. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 18 - As imagens mostram o maciço em diferentes ângulos, com intenso processo de formação de blocos
devido à ação intempérica, potencializado pela distribuição de fraturas. Fonte: de autoria própria.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 19 - Vista de acesso ao Pico do Totoró feito pelo vertedouro do açude. Fonte: de autoria própria.

Nesse geossítio é possível observar outro atrativo, uma geoforma, um corpo granítico que sofreu
ação intempérica e apresenta forma similar a um caju (Figura 20).
Diante das características presentes nesse geossítio e de acordo com as análises de perigo de queda
de blocos de rocha realizadas a partir de adaptações do método proposto por CPRM (2018), o Pico
do Totoró apresenta taludes que se enquadram no Grupo I de movimento de queda de bloco, pos-
suindo trechos com declividade média superando os 50°, com presença de rampa. Portanto, possui
áreas críticas e atingimento para perigo de quedas e rolamentos de blocos (Figura 21).
Outro ponto que merece atenção, são os blocos métricos, por vezes com altura superior a 5 metros,
gerados in situ por ação intempérica. Apesar da estrutura aparentemente estável, os processos ero-
sivos continuam atuantes, gerando lascas e blocos menores. Considerando que o processo de queda
de lascas/blocos possui características similares ao que é preconizado na proposta do CPRM (2018)
com o Grupo III de queda de blocos, taludes com amplitude superiores a 5 metros e inclinação é
superior a 70°, caso da Pedra do Caju (Figura 20). Nesse caso a área, crítica é limitada a um terço da
altura partir da base e a área de dispersão limitada a uma vez a altura.

A B

Figura 20 - Vista da geoforma conhecida popularmente por Pedra do Caju. Fonte: de autoria própria.

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Figura 21 - Áreas delimitadas como AC e AD do Pico do Totoró. Fonte: de autoria própria.

Recomendações
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Restringir as atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos,
churrascos, piqueniques, banhos /mergulhos etc.) em áreas identificadas como críticas e de dis-
persão de atingimento de blocos;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes da encosta;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação
de situações de perigo geológico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas
de risco;
• Identificar as rotas alternativas de acesso ao Pico do Totoró em períodos de cheia do açude;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

7.5. Cruzeiro de Acari

Coordenadas geográficas: 06°26’18.98”S, 36°38’28.01”O. Altitude aproximada: 256 metros.


No geossítio é possível o observar um afloramento em lajedo e um conjunto de blocos granito for-
mados in situ devido à ação intemperismo. Possui importante valor científico, devido a diferentes
texturas e estruturas ígneas observadas nas rochas (Figura 22).
O local tem acesso fácil, com um pequeno lance de escada para acesso ao topo dos blocos e ao
cruzeiro. É possível observar fraturas e descontinuidades entre os blocos, que podem gerar risco de
queda e colocar os visitantes em risco. Na face mais a sudeste, a altura dos blocos pode chegar a
aproximadamente 4 metros de altura (Figura 23).

Figura 22 - Vista geral do geossítio. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 23 - Imagens em diferentes ângulos mostrando a distribuição das fraturas e a


geração de blocos. Fonte: de autoria própria.

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Recomendações:
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda, principalmente nas partes mais fraturadas
ou com descontinuidades dos blocos;
• Restringir o acesso às bordas do geossítio com risco ou instalar guarda-corpos que protejam o
visitante de uma queda;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.6. Açude Gargalheiras

Coordenadas geográficas: 06°25’29.14”S, 36°36’16.20”O. Altitude aproximada: 323 metros.


No geossítio Açude Gargalheiras é possível observar afloramentos de corpos graníticos relacionados
às suítes intrusivas Itaporanga e Dona Inês, no Batólito de Acari, que margeiam o espelho d’água
formando uma paisagem que atrai a atenção dos visitantes (Figura 24).

Figura 24 - Vista panorâmica do geossítio. Fonte: de autoria própria.

Em longos trechos, os afloramentos na margem do açude possuem declividade superior a 50°e variação
altimétrica podendo chegar a mais de 200 metros. Ao longo das encostas, é possível observar uma
grande quantidade de blocos que estão em “balanço” ou descalçados, gerados por intemperismos
e pelas faturas existentes no local, além de depósitos de tálus na base do afloramento chegando a
atingir o corpo d’água (Figura 25).
O local é explorado de diferentes formas por turistas, com passeios recreativos de barco com
mergulho, contemplação da paisagem em mirantes e escaladas nos paredões rochosos. Essas
atividades, por vezes, são realizadas em áreas críticas e de dispersão de movimentos de blocos
(Figura 26).
Para a delimitação dessas áreas, foram analisados os locais com maior frequência de visitantes,
segundo informações coletadas no local, sendo efetuada a modelagem de perigo a movimentos de
blocos. As encostas foram classificadas como sendo do Grupo I de movimento de queda de bloco,
possuem declividade média que supera os 50°, com presença de rampa. As áreas críticas e de dis-
persão são apresentadas na Figura 27.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

B C

Figura 25 - Conjunto de imagens que mostram afloramento com declividade superior a 50° no topo,
com redução da declividade no sentido da base e grande quantidade de blocos ao longo da encosta
e na base. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 26 - Estruturas de uso por turistas (acesso ao mirante e pousada) em áreas de atingimento
a queda/rolamento de blocos. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, chur-
rascos, piqueniques, banhos/mergulhos etc.) em áreas identificadas como críticas e de dispersão
de atingimento de blocos;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes da encosta;

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
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• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de


situações de perigo geológico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

Figura 27 - Áreas delimitadas como AC e AD no geossítio Açude Gargalheiras. Fonte: de autoria própria.

7.7. Poço do Arroz

Coordenadas geográficas: 06°26’22.07”S, 36°36’51.50”O. Altitude aproximada: 262 metros.


Nesse geossítio é possível observar afloramentos graníticos no leito do Rio Acauã, a jusante da bar-
ragem do Açude Gargalheiras. O que chama atenção nesse ponto são as estruturas de origem em
processos erosivos, chamadas de marmitas, além de registros de gravuras rupestres (Figuras 28 e 29).
O Rio Acauã é um rio intermitente e passa um longo período do ano com seu leito seco, ficando, por
vezes, pequenas quantidades de água represadas nas marmitas ou nas bacias formadas pelas rochas;
nos períodos chuvosos, o local fica parcialmente coberto por água (Figura 30).
Ao visitar o local o turista transita sobre o leito rochoso, que é bastante liso e irregular, repleto de
marmitas não mapeadas em detalhe (quantidade e conectividade) e blocos soltos, que podem pro-
vocar quedas. Outro fator que merece atenção é o risco de afogamento ou lesões aos visitantes que
eventualmente queiram se banhar ou mergulhar no local, devido à grande irregularidade do piso e
a variação de profundidade da coluna d’água, dependendo do período do ano.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 28 - Vista panorâmica do geossítio. Fonte: de autoria própria.

Figura 29 - Gravura rupestre, ponto de interesse arqueológico do geossítio.


Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 30 - Imagem do leito rochoso com rocha lisa e das marmitas em trecho seco e em trechos submersos.
Fonte: de autoria própria.

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Recomendações:
• Fixação de placas de advertência sobre os perigos existentes no local;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geológico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.8. Marmitas do Rio Carnaúba

Coordenadas geográficas: 06°29’242.50”S, 36°41’33.14”O. Altitude aproximada: 245 metros.


Nesse geossítio é possível observar afloramentos graníticos, associados à Suíte Intrusiva Itaporanga,
no leito do Rio Carnaúba. O que chama atenção são as estruturas de origem em processos erosi-
vos, chamadas de marmitas, com profundidade podendo chegar a dois metros, uma incisão fluvial
no leito rochoso, por onde passa o curso fluvial atual, além de registros de gravuras rupestres
(Figura 31).
O Rio Carnaúba é intermitente e passa um longo período do ano com seu leito seco, ficando, por
vezes, pequenas quantidades de água represadas nas marmitas ou nas bacias formadas pelas rochas,
e nos períodos chuvosos o local fica parcialmente coberto por água.
Ao visitar o local, o turista transita sobre afloramento rochoso bastante liso e irregular, repleto
de marmitas e blocos soltos, que podem provocar quedas, situação que se agrava nas proximi-
dades da incisão fluvial, que pode inferir uma queda ao visitante de altura superior a três metros
(Figuras 32 e 33).

Figura 31 - Vista aérea mostrando as marmitas escavada no leito granítico do Rio Carnaúba. Fonte: de autoria própria.

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A B

C D

Figura 32 - Conjunto de imagens representando a quantidade de estruturas tipo marmita existentes e a rocha
extremamente lisa devido a processos de polimento natural sofrido por milhares de anos. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 33 - Trecho com maior profundidade do canal. Fonte: de autoria própria.

Outro fator que merece atenção é o risco de afogamento ou lesões aos visitantes que eventualmente
queiram se banhar ou mergulhar no local devido à grande irregularidade do piso. As marmitas não
estão mapeadas em detalhe nem em quantidade e nem em eventuais conectividades; a variação de
profundidade da coluna d’água depende do período do ano.
Recomendações:
• Fixar placas de advertência sobre os perigos existentes no local;
• Instalar barreiras que estabeleçam limites aos visitantes nas áreas mais íngremes;

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
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• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de


situações de perigo geológico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.9. Xiquexique

Coordenadas geográficas: 06°33’.04”S, 36°33’32.71”O. Altitude aproximada: 420 metros.


Trata-se de um geossítio composto, principalmente, por quartzitos da Formação Equador (Figura 34).
Os principais atrativos são as pinturas rupestres bem conservadas e a vista do mirante para o vale.
O acesso ao geossítio é feito por uma trilha de aproximadamente 400 metros, com variação altimé-
trica de pouco mais de 50 metros. A via possui sinalização, nos trechos mais íngremes foi instalada
estrutura de corda que serve como limitador de acesso e apoio para a subida, além de degraus feitos
com rochas. No final da trilha, existe uma plataforma de madeira que facilita o acesso e serve como
limitador para evitar danos ao patrimônio arqueológico (Figura 35).

Figura 34 - Vista panorâmica do geossítio. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 35 - A) Degraus instalados ao longo da trilha para facilitar a subida do visitante e B) Cordas que auxiliam a
subida e delimitam a área da trilha, na foto é possível observar que essa estrutura necessita de manutenção.
Fonte: de autoria própria.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Ao longo da trilha, foi possível observar alguns trechos com as cordas de contenção partidas, além
de alguns processos erosivos que podem danificar o acesso. Próximo ao ponto de visitação, a trilha
passa por afloramento com forte presença de juntas, fraturas e blocos já mobilizados (Figura 36).
O afloramento é fortemente compartimentado por fraturas, sendo possível observar ao menos dois
sets, além do acamamento da rocha. Essa condição favorece a formação e a instabilização de blocos.

A B

Figura 36 - A) Blocos mobilizados próximo à trilha de acesso e B) Na área central, destaque para
o afloramento com forte presença de juntas e fraturas. Fonte: de autoria própria.

A área onde foi construída a plataforma de observação das pinturas rupestres está localizada abaixo
de uma estrutura negativa do afloramento. Na base, é possível observar inúmeros blocos de diferentes
tamanhos, sendo alguns métricos. Na parte superior, existem blocos e lascas de rocha em aparente
instabilidade, gerando riscos aos visitantes (Figuras 37 e 38).
Outro ponto que merece atenção é a presença de blocos de rocha com dimensões métricas, locali-
zados sobre a laje de quartzito onde se encontra o geossítio. Esses blocos geram aumento do peso
sustentado pela rocha, além do risco de queda dos mesmos na via de visitação (Figura 39).
Recomendações:
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, chur-
rascos, piqueniques etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;
• Avaliar, junto à empresa especializada, a possibilidade de intervenção, seja para a retirada ou
mesmo para a contenção dos blocos sobre a borda da gruta, visando a segurança do visitante e
a preservação do geossítio;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes da encosta;
• Fazer a manutenção das vias de acesso e das estruturas de apoio que estabelecem limites aos
visitantes nas áreas mais íngremes, para facilitar o acesso dos visitantes;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geotécnico;

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• Controlar o acesso, a fim de evitar aglomeração nas áreas de risco e disponibilizar equipamentos
de proteção ao turista, como capacetes;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

A B

Figura 37 - Blocos mobilizados próximo à estrutura de observação das pinturas rupestres. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 38 - Blocos e lascas de rocha em aparente instabilidade, sobre a plataforma


de observação do geossítio. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 39 - Blocos em balanço ou descalçados próximo ao topo do talude na área de visitação.


Fonte: de autoria própria.

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7.10. Cachoeira dos Fundões

Coordenadas geográficas: 06°31’.26.43”S, 36°33’21.03’’O. Altitude aproximada: 420 metros.


O geossítio encontra-se em um vale bem encaixado, com afloramento de quartzitos da Formação
Equador e diques pegmatíticos. As vertentes podem chegar em alguns trechos a aproximadamente
70 metros verticais e em alguns trechos com estruturas em forma negativa. No local, são observadas
gravuras rupestres, expostas a ação da água e de fácil acesso ao toque dos visitantes (Figuras 40 e 41).

Figura 40 - Imagem aérea do geossítio, seta azul indica o caminho preferencial da drenagem.
Fonte: de autoria própria.

Figura 41 - Drenagem bem encaixada, ladeada por rochas íngremes e fraturadas da Formação Equador,
além de grande quantidade de blocos já movimentados. Fonte: de autoria própria.

40
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

O acesso é feito por trilha plana, margeando a drenagem e, por vezes, passando pelo leito repleto
de blocos. A drenagem é intermitente e no período da vistoria encontrava-se seca, o trecho deve
ter grau de dificuldade aumentado em períodos chuvosos (Figura 42).
Os afloramentos que se encontram na margem da drenagem são fortemente compartimentados com
fraturas e juntas, sendo possível observar ao menos dois sets, além do acamamento da rocha. Em todo
o trecho do vale existe potencial para queda de blocos de rocha provenientes das laterais e existem
inúmeros blocos, de diversos tamanhos, na base do talude provenientes de quedas pretéritas (Figura 43).
No final da trilha, onde se encontram gravuras rupestres e a queda d’água principal da Cachoeira do
Fundão, o vale fica com largura máxima de 3 metros com paredões verticais e acúmulo de blocos
presos entre os paredões das margens. O local é extremamente vulnerável à queda de blocos e
movimentações secundárias dos blocos soltos (Figura 44).
Recomendações:
• Colocar placas restringindo o banho e o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada,
localmente ou nas cabeceiras, pois nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos
blocos rochosos e as enxurradas;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, churrascos,
piqueniques, mergulhos/banhos, etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;

A B

C D

Figura 42 - Acesso ao geossítio, feito por trecho entulhado de blocos com origem de queda dos afloramentos
marginais, onde ainda é possível observar grande quantidade de blocos com potencial para queda.
Fonte: de autoria própria.

41
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SBG-CPRM)
MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

A B

C D

Figura 43 - Conjunto de imagens mostrando a forte presença de fraturas e juntas ao longo do afloramento gerando
blocos com potencial para queda e tombamento. Nas descontinuidades, é possível observar crescimento de
vegetação o que potencialização a deflagração do movimento. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 44 - A e B) Vista geral do local da queda d’agua principal da Cachoeira do Fundão, com destaque aos blocos
acumulados ao fundo, vertentes íngremes, por vezes em negativo, C) Gravura rupestre; e D) Vista da encosta por
onde percorre o fluxo principal da drenagem. Fonte: de autoria própria.

42
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes da encosta;


• Avaliar a possibilidade de intervenção estrutural com obras de contenção/estabilização dos
blocos críticos;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geotécnico;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco e disponibilizar equipamentos de
proteção ao turista;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.11. Monte do Galo

Coordenadas geográficas: 06°33’43.16”S, 36°35’12.33’’O. Altitude aproximada: 410 metros.


O geossítio Monte do Galo corresponde a um afloramento de pegmatito, associado aos corpos
pegmatíticos da Borborema. Possui aproximadamente 150 metros de altura, tornando o local um
importante ponto de observação do relevo da região, possibilitando vista para as áreas serranas e de
superfícies aplainadas degradadas. Está localizado no centro do município de Carnaúba dos Dantas,
um importante ponto de turismo religioso (Figuras 45 e 46).
O acesso ao topo do Monte do Galo é feito por via pavimentada, com comércio e monumentos
religiosos ao longo da via. Encontra-se ladeada por afloramentos rochosos com inclinações variando
de 30° a trechos verticais. O maciço rochoso está submetido a um conjunto de fraturas e juntas
em diferentes direções, gerando a compartimentação da feição em blocos de dimensões variadas,
ocasionalmente métricos, com aparente instabilidade, agravada pelo estado de alteração da rocha.
O local é sujeito a quedas e tombamentos de blocos rochosos, que podem atingir os visitantes
(Figuras 47, 48 e 49).

Figura 45 - Vista panorâmica do topo do Morro do Galo. Fonte: de autoria própria.

43
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SBG-CPRM)
MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 46 - Vista da área com relevo aplainado degradado com o Morro do Galo ao fundo.
Fonte: de autoria própria.

A B

C D

E F

Figura 47 - Conjunto de imagens em diferentes pontos do caminho que leva ao topo do Morro do Galo,
perpassando por afloramentos verticais, intemperizados e com fraturas. Nas imagens D, E e F existem estruturas
de alvenaria, com uso religioso e comercial, localizadas próximo ao talude. Fonte: de autoria própria.

44
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

Figura 48 - Ilustração mostrando afloramento com blocos de rocha individualizados e setas indicando
possíveis áreas de atingimento em caso de movimentação. Foto: Raimundo Conceição.

Figura 49 - Afloramento com declividade acentuada, fraturado, ladeando a via de acesso dos visitantes ao topo
do maciço, além de estruturas de alvenaria com uso religioso e comercial. Nesse trecho, a via e demais estruturas
estão na área de atingimento de eventuais movimentos de bloco. A foto ampliada mostra que os processos de
desprendimentos já ocorreram e continuam ativos. Foto: Raimundo Conceição.

Recomendações:
• Colocar placas restringindo o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada, pois
nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos;

45
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SBG-CPRM)
MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o


processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Avaliar, junto à empresa especializada, a possibilidade de intervenção estrutural adequada nos
blocos sobre a área de visitação, visando a segurança do visitante e a preservação do geossítio;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes da encosta;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação
de situações de perigo geotécnico;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.12. Mirador

Coordenadas geográficas: 06°42’.37.31”S, 36°38’04.42’’O. Altitude aproximada: 390 metros.


No local, é possível observar afloramentos de metaconglomerados e quartzitos da Formação Equador.
O trecho onde foi realizada a visita, orientada pela consultora do geoparque, possui acesso feito por
trilha de aproximadamente 600 metros (ida e volta), com variação altimétrica de pouco mais de 50
metros. A trilha encontra-se bem sinalizada, com coletores de lixo, trechos com construção de degraus
de rocha para facilitar o acesso, além de cordões de isolamento usados para limitar o acesso dos
visitantes nas partes mais íngremes. O cordão de isolamento necessita de manutenção, pois foram
observados trechos danificados (Figuras 50 e 51).
O local propriamente dito da visitação corresponde a dois de um grande bloco deslocado do maciço
rochoso, formando uma estrutura negativa e paredões verticais onde se encontram inúmeras pinturas
rupestres. Foi construída uma plataforma de madeira para melhor observação das pinturas rupestres,
que serve como limitador para evitar vandalismos nas pinturas (Figuras 52 e 53).

Figura 50 - Vista panorâmica da área do geossítio, com destaque para a área de visitação.
Fonte: de autoria própria.

46
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

A B

C D

Figura 51 - A) Acesso com degraus em bom estado, B) Via cuidada com coleta de lixo, C) Estrutura do cordão de
isolamento danificada, requer manutenção e D) Aceso com guarda-corpo de madeira passando por parte
do afloramento com base negativa. Fonte: de autoria própria.

A B

Figura 52 - Vista aérea dos megablocos em que estão as pinturas rupestres e onde é feita visitação.
Fonte: de autoria própria.

A rocha apresenta ao menos três sets de fraturamento. Essas descontinuidades, em conjunto, indivi-
dualizam blocos/lascas rochosos de dimensões métricas a decamétricas. Na base da rocha e próximo
à passarela, é possível observar uma grande quantidade de blocos/lascas de diferentes tamanhos
deslocados devido à ação do intemperismo e das condições de fraturamento da rocha (Figura 54).
Outro ponto que merece atenção é que parte do afloramento, corresponde a um metaconglome-
rado, possuindo clastos de tamanho chegando a 20 centímetros. Esses clastos podem se soltar do
afloramento, devido à ação do intemperismo, e atingir visitantes que transitam pela plataforma de
acesso (Figura 55).

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

A B

Figura 53 - Plataforma de madeira para melhor observação das pinturas rupestres, que serve como
limitador para evitar vandalismos nas pinturas. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 54 - Fotos A e B evidenciando blocos e lascas gerados por processo intempérico e de fraturamento do
maciço; fotos C e D, depósito de blocos de diferentes tamanhos já mobilizados. Fonte: de autoria própria.

48
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

A B

Figura 55 - A) Imagem representa clastos da rocha, com metaconglomerados ainda presos no afloramento;
B) Imagem representa depósito de clastos caídos na base do afloramento. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Colocar placas restringindo o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada, pois
nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Fazer manutenção periódica das estruturas presentes no acesso e no geossítio (cordão de isola-
mento, degraus e plataforma de observação);
• Instalar novas barreiras físicas, em áreas ainda não contempladas, que estabeleçam limites aos
visitantes nos lugares mais íngremes;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas às vertentes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, chur-
rascos, piqueniques, etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geotécnico;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco e disponibilizar equipamentos de
proteção ao turista, como capacetes;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.13. Açude Boqueirão


Coordenadas geográficas: 06°41’41.08”S, 36°37’46.03”O. Altitude aproximada: 285 metros.
Esse geossítio compreende os atrativos geoturísticos no entorno do Açude Boqueirão, destacando-se
a beleza cênica da paisagem e as geoformas resultantes da atuação do intemperismo.
As margens do espelho d’água do açude, de modo geral, devido à baixa declividade e até mesmo a
ausência de afloramentos, são de baixos riscos e perigos geológicos (Figuras 56 e 57).

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 56 - Vista panorâmica do Açude Boqueirão. Fonte: de autoria própria.

Figura 57 - Vista do açude mostrando a baixa declividade das margens. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.14. Morro do Cruzeiro

Coordenadas geográficas: 06°15’58.13”S, 36°30’20.93”O. Altitude aproximada: 350 metros.


O Morro do Cruzeiro corresponde a um afloramento de pegmatito, com talude vertical, encaixado
em micaxisto da Formação Seridó. O afloramento possui dimensões aproximadas de 30 metros de
comprimento (N-S), 10 metros de largura na parte mais espessa e 12 metros de altura. O afloramento
encontra-se extremamente segmentado por fraturas e juntas. Essas descontinuidades em conjunto
individualizam blocos/lascas rochosos de dimensões métricas (Figura 58 e 59).
O local recebe visitantes ao longo do ano, como escaladores e turistas religiosos, pois sua localização
propicia uma visão panorâmica para a cidade. Essas atividades, por vezes, são realizadas em áreas
críticas e de dispersão de movimentos de blocos.

50
AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

Figura 58 - Vista panorâmica do geossítio. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 59 - Imagem com exemplo de blocos em aparente instabilidade. Fonte: de autoria própria.

Para a delimitação das áreas foram utilizados os parâmetros preconizados para a modelagem de perigo
a movimentos de blocos. As encostas são classificadas como do Grupo III de movimento de queda de
bloco, possuem médias declividades que superam os 70°, sem presença de rampa. As áreas críticas
e de dispersão correspondem a um terço da altura e de uma vez a altura, respectivamente. Nesse
caso, considerando as características da forma do afloramento, de aproximadamente de 12 metros
de altura, deve-se considerar como área crítica, iniciando no topo do afloramento até uma área de
4 metros a partir da base, e área de dispersão de 12 metros a partir da base da encosta (Figura 60).

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 60 - Ilustração com projeção do que seria a representação da AC e AD no entorno


do morro do cruzeiro. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Colocar placas restringindo o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada, pois
nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas às vertentes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, churras-
cos, piqueniques, escaladas etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;
• Avaliar, junto a empresa especializada, a possibilidade de intervenção estrutural adequada nos
blocos sobre a área de visitação, visando à segurança do visitante e à preservação do geossítio;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geotécnico;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
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7.15. Serra da Rajada

Coordenadas geográficas: 06°32’50.88”S, 36°39’04.49”O. Altitude aproximada: 540 metros.


O geossítio Serra da Rajada corresponde a um inselberg de composição granítica. O destaque no
relevo, facilmente observado por quem visita a região, deve-se à altitude superior a 500 metros e
às encostas íngremes rodeadas por superfícies aplainadas degradadas. Na base e no talude, é pos-
sível observar blocos de tamanho significativo, provenientes de longos e fortes processos erosivos
e intempéricos (Figura 61).
O local é explorado por turistas de diferentes formas, com passeios recreativos de trilhas, contem-
plação da paisagem no topo e escaladas nos paredões rochosos. Essas atividades, por vezes, são
realizadas em áreas críticas e de dispersão de movimentos de blocos.
Para a delimitação das áreas, foi realizada a modelagem de perigo a movimentos de blocos. As encostas
foram classificadas como sendo do Grupo I de movimento de queda de bloco, possuindo declividade
média que supera os 50° (Figura 62), com presença de rampa. As áreas críticas e de dispersão são
apresentadas na Figura 63.

Figura 61 - Vista panorâmica da face sudeste do inselberg, com superfícies aplainadas degradas no seu entorno.
Fonte: De autoria própria.

Figura 62 - Face do talude com inclinação média superior a 50° e depósito de tálus na base.
Fonte: de autoria própria.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 63 - Áreas críticas e de dispersão. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Colocar placas restringindo o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada, pois
nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes;
• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, chur-
rascos, piqueniques, etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geotécnico;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

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7.16. Serra Verde

Coordenadas geográficas: 05°56’05.25”S, 36°21’44.39”O. Altitude aproximada: 580 metros.


No geossítio Serra Verde é possível observar granitos do Plúton Serra da Macambira, aflorando em
lajedos e blocos métricos a decamétricos resultantes da atuação do intemperismo (Figura 64).
No local, destacam-se a beleza cênica da paisagem e as geoformas que podem ser observadas nas
rochas, além das pinturas rupestres localizadas em cavidades existentes nos megablocos.

Figura 64 - Vista geral da área do geossítio mostrando o lajedo e blocos formados in situ. Fonte: de autoria própria.

Essas cavidades foram geradas por processo de desagregação mecânica, típica de rochas graníticas
produzidas pelos efeitos da amplitude térmica. Esse processo continua ativo, evidenciado pelo acúmulo
de blocos dentro das cavidades, margeando os blocos e as lascas ainda presas nas rochas (Figura 65).
Por vezes, esses megablocos, gerados in situ por ação intempérica, possuem altura superior a 5
metros. Apesar da estrutura aparentemente estar estável, processos erosivos continuam atuantes,
gerando lascas e blocos menores. Esse tipo de processo, de queda de lascas/blocos, possui caracte-
rísticas similares ao que é preconizado na proposta do CPRM (2018), como o Grupo III de queda de
blocos, taludes com amplitude superiores a 5 metros, cuja inclinação é superior a 70°. Nesse caso,
a área crítica é limitada a um terço da altura partir da base e área de dispersão limitada a uma vez
a altura (Figuras 66 e 67).
Recomendações:
• Colocar placas restringindo o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada, pois
nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

A B

C D

Figura 65 - A) Megabloco com cavidades internas e blocos desprendidos em eventos mais recentes, B) Cavidade
interna do megabloco, onde é possível observar blocos menores de eventos mais recentes e cavidade no teto com
possível origem desses blocos, evidenciando que eventos intempéricos continuam ativos, C) e D) Lascas no teto e
nas laterais da cavidade sendo geradas com potencial de desplacamento, colocando em risco visitantes
e as próprias pinturas rupestres. Fonte: de autoria própria.

Figura 66 - Ilustração da adaptação do método (CPRM, 2018), com projeção do que seria a representação
da AC e da AD no entorno do megabloco. Fonte: de autoria própria.

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
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A B

Figura 67 - Exemplos de queda de lascas e blocos atingindo a distância do que seria a projeção
da área de dispersão. Fonte: de autoria própria.

• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes;


• Restringir atividades que aumentem o período de exposição do visitante (acampamentos, churras-
cos, piqueniques, escaladas etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;
• Comunicar que as deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de situ-
ações de perigo geotécnico;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco e disponibilização de equipamentos
de proteção ao turista, como capacetes;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.17. Cruzeiro de Cerro Corá

Coordenadas geográficas: 06°02’21.17”S, 36°20’43.43”O. Altitude aproximada: 592 metros.


Nesse geossítio aflora granito associado a Suíte Intrusiva Dona Inês e possui blocos métricos e deca-
métricos formados in situ. No local, é possível observar uma bela vista das formas de relevo: planalto
dissecado, escarpas degradadas, chapadas e platôs (Figuras 68 e 69).
O acesso ao topo do geossítio é feito por uma trilha curta já consolidada, que perfaz caminhos lade-
ando blocos e lajedos. No topo, há um cruzeiro e antenas de transmissão (Figura 70).
Devido à posição próxima a centro urbano, à vista e aos eventos religiosos, o local é muito visitado,
porém não existem equipamentos de segurança ou qualquer estrutura de apoio aos visitantes,
colocando-os em risco de queda, caso se aproximem da borda do afloramento (Figura 71).
Recomendações:
• Fixar placas de advertência sobre os perigos existentes no local;
• Instalar barreiras que estabeleçam limites aos visitantes nas áreas mais íngremes;

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de


situações de perigo geotécnico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítios.

Figura 68 - Vista geral do geossítio. Fonte: de autoria própria.

Figura 69 - Vista do geossítio para a cidade e diferentes formas de relevo. Fonte: de autoria própria.

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
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Figura 70 - Blocos e afloramento ao longo da trilha de acesso. Fonte: de autoria própria.

Figura 71 - Imagem representando o desnível altimétrico existente no local. Fonte: de autoria própria.

7.18. Mirante de Santa Rita

Coordenadas geográficas: 06°06’17”S, 36°26’25”O. Altitude aproximada: 693 metros.


O geossítio Mirante de Santa Rita está localizado próximo à escarpa da Serra de Santana, relevo de
chapada. As rochas que afloram no local são principalmente arenitos e conglomerados da Formação

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

São Martins. É o principal atrativo a beleza cênica da paisagem, tornando e a ampla visão que torna
o local em excelente ponto de observação geomorfológica. (Figura 72).
O acesso ao geossítio é feito por caminho bem sinalizado e limpo. Foram instalados cordões, com
intuito de manter os visitantes dentro da trilha, evitando a dispersão do visitante de forma desor-
denada e, principalmente, para impedir o acesso do visitante aos pontos mais íngremes, com grave
risco de acidente aos turistas que não respeitarem a sinalização (Figura 73).

Figura 72 - Vista do visitante para as diferentes formas de relevo. Fonte: de autoria própria.

A B

C D

Figura 73 - Conjunto de imagens mostrando acesso ao mirante, com trilhas bem cuidadas e sinalizadas (D)
e com limitadores de acesso improvisados (B). Fonte: de autoria própria.

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
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Recomendações:
• Fixar placas de advertência sobre os perigos existentes no local;
• Manter os cordões de isolamento já existentes e instalar novas barreiras físicas em áreas ainda
não contempladas, estabelecendo limites de acesso aos visitantes nas áreas mais íngremes;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação
de situações de perigo geotécnico, além de controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas
de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

7.19. Tanque dos Poscianos

Coordenadas geográficas: 06°08’07”S, 36°32’38”O. Altitude aproximada: 647 metros.


O geossítio Tanque dos Poscianos está localizado na borda da escarpa da Serra de Santana, que
apresenta relevo de chapada. No local, afloram granitos correlacionados ao Plúton Totoró (Figura 74).
O acesso é feito por trilha de aproximadamente 900 metros, que em grande parte é suave, porém
existem trechos com processos erosivos ativos que em períodos de chuvas podem inviabilizar o cami-
nho. No geossítio é possível observar granitos aflorando em lajedos, além de muitos blocos métricos
a decamétricos dispersos e cavidades resultantes da atuação do intemperismo (Figuras 75 e 76).
Não foi observado qualquer limitador ao acesso nas proximidades da escarpa ou qualquer estrutura
de apoio aos visitantes (Figura 77), o local apresenta alto perigo à queda dos turistas que se apro-
ximam da borda da escarpa, agravado pelo piso desregular devido à presença de inúmeros blocos
de rocha instáveis.

Figura 74 - Vista aérea do geossítio. Fonte: de autoria própria.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

A B

Figura 75 - Processos erosivos presentes na trilha. Fonte: de autoria própria.

Figura 76 - Afloramentos e blocos graníticos que compõem o mirante, observar a alta declividade
e ausência de guarda corpo. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Fixar placas de advertência sobre os perigos existentes no local;
• Instalar barreiras físicas que estabeleçam limites ao acesso dos visitantes nas áreas mais íngremes;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação
de situações de perigo geológico, além do controle de acesso evitando aglomeração nas áreas
de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

Figura 77 - Vista aérea evidenciando a ausência da estrutura que limite o acesso do visitante
as partes mais declivosas. Fonte: de autoria própria.

7.20. Vale Vulcânico

Coordenadas geográficas: 06°04’51”S, 36°24’06”O. Altitude aproximada: 513 metros.


Esse geossítio possui um elevado valor científico, consiste em um vale encaixado ladeado por rochas
basálticas, por vezes com ocorrência de disjunções colunares com diferentes mergulhos, variando
de horizontal a inclinada. Além de expressivo depósito de tálus, com origem dos afloramentos que
se encontram fortemente compartimentado por falhas e descontinuidades de diferentes direções e,
por vezes, de comportamento paralelo entre si. Essas estruturas imprimem nas rochas um nível de
faturamento elevado, com individualização de blocos métricos, com formas angulosas ou até mesmo
colunares (Figuras 78, 79 e 80).
O acesso é feito por trilha de, aproximadamente, 800 metros de extensão e variação altimétrica
que pode atingir 120 metros, além de possuir muitos blocos rochosos oriundos da encosta, além de
alguns trechos com inclinações superiores a 60°, com cobertura de solo pouco espessa e recente
sobre as rochas basálticas (Figura 81).
Do leito da drenagem, é possível observar trechos com afloramentos verticais com bastante descon-
tinuidades, outros trechos com acúmulos de blocos angulosos nas margens e no leito propriamente
dito (Figura 82).
Os principais riscos associados são referentes a quedas ao longo da trilha, que se agravam nos locais
mais declivosos, cortes e escoriações na pele devidos à forma angulosa dos blocos de basalto (Figura 83)
e, principalmente, elevado risco de movimentação de massa na forma de quedas e rolamentos de
blocos. Os indicativos dessa ação estão representados no número significativos de blocos encontrados
na base dos paredões.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

Figura 78 - Vista panorâmica do geossítio Vale Vulcânico, mostrando vale encaixado com depósito
de tálus e taludes verticais na sua margem. Fonte: De autoria própria.

Figura 79 - Depósito de tálus ao fundo e canal de Figura 80 - Afloramento de basalto com estruturas de
drenagem entulhado de blocos. disjunção colunar repleto de descontinuidades.
Fonte: de autoria própria. Fonte: de autoria própria.

Recomendações:
• Fixar placas de advertência sobre os perigos existentes no local;
• Colocar placas restringindo o acesso ao geossítio em dias de chuva intensa e prolongada, pois
nesses períodos agrava-se a possibilidade de mobilização dos blocos rochosos;
• Sinalizar, no acesso ao geossítio, o perigo de queda/tombamento de blocos, frisando que o
processo pode ocorrer, sem aviso prévio, em períodos chuvosos ou secos, constituindo grave
ameaça à vida dos visitantes;
• Monitorar as fraturas observadas no topo do paredão e paralelas as vertentes;

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AVALIAÇÕES GEOTÉCNICAS EM ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS
GEOPARQUE SERIDÓ, RN

• Instalar barreiras físicas que estabeleçam limites ao acesso dos visitantes nas áreas mais íngremes;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação
de situações de perigo geotécnico, e serem realizadas com vestimentas apropriadas para trilhas;
• Restringir atividades que aumentam o período de exposição do visitante (acampamentos, chur-
rasco, piquenique, escalada, etc.) em áreas identificadas como críticas de atingimento de blocos;
• Controlar o acesso evitando aglomeração nas áreas de risco;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

A B

C D

Figura 81 - Conjunto de imagens referentes aos riscos na trilha de acesso, sendo: A) referente a processos
erosivos existentes, B) trilha estreita entre talude e precipício, com erosão no acesso, C) trechos com inclinações
superiores a 60º e processos erosivo e D) trilho estreito entre talude e precipício. Fonte: de autoria própria.

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A B

C D

E F

Figura 82 - As imagens A, B e C mostram afloramentos verticais na margem da drenagem, onde é possível


observar grande concentração de blocos no canal de drenagem; as fotos D, E e F representam depósito
de tálus depositados na margem da drenagem. Fonte: de autoria própria.

Figura 83 - Blocos angulosos dispersos no leito da drenagem. Fonte: de autoria própria.

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7.21. Nascente do Rio Potengi

Coordenadas geográficas: 06°02’30”S, 36°23’20”O. Altitude aproximada: 634 metros.


O geossítio possui ao menos quatro nascentes ativas aflorando na base da escarpa da Serra de
Santana. As litologias do local correspondem a arenitos e a conglomerados da Formação Serra do
Martins (Figuras 84 e 85).
O acesso ao local é relativamente simples, feito por pequena trilha sinalizada e com uso de equipa-
mentos para facilitar durante o caminho. No local, observa-se que a área encontra-se com sinais de
degradação da vegetação e marca de pisoteio dos visitantes e de animais de criação. Essa situação
se agrava devido ao grau de alteração da rocha que as tornam friáveis, o que pode acelerar o pro-
cesso de assoreamento da drenagem e a baixa fertilidade do solo, dificultando a regeneração da
mata ciliar (Figura 86).

Figura 84 - Vista aérea da área do geossítio, com as áreas de surgência


no momento da foto. Fonte: de autoria própria.

Figura 85 - Afloramento de arenito friável. Fonte: de autoria própria.

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A B

C D

Figura 86 - A) Acesso bem conservado com estrutura de apoio aos turistas, B) Solo com grande vulnerabilidade
a processos erosivos, C) Vegetação ciliar parcialmente degradada e solo suscetível à erosão e D) Afloramento de
arenito friável. Fonte: de autoria própria.

Vale salientar que as nascentes são Áreas de Preservação Permanente (APP), e de acordo com a
legislação ambiental vigente, o raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de proteção ao seu redor deve
ser respeitado.
Recomendações:
• Estabelecer os limites físicos de visitação de acordo com o preconizado pela legislação ambiental
para Áreas de Preservação Permanente (APP), a fim de evitar a degradação da área da nascente
e, consequentemente, do geossítio;
• Comunicar que as visitas deverão ter o acompanhamento de guias treinados em identificação de
situações de perigo geotécnico e respeitar as normas ambientais vigentes;
• Realizar programas de educação ambiental voltados para as crianças em idade escolar e para os
adultos em seus centros comunitários, criando a cultura de percepção de risco geotécnico e de
preservação do geossítio.

8. CONCLUSÕES

Os perigos e riscos geológicos encontrados nos atrativos geoturísticos visitados no Geoparque Seridó
são intrínsecos às atividades como trilhas, mergulhos e contemplação em ambientes naturais que

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GEOPARQUE SERIDÓ, RN

percorrem ou ladeiam as encostas rochosas de alta declividade. Os riscos são resultado de diversos
fatores que quando conjugados acabam por exigir atenção, tanto dos turistas, dos guias e dos mora-
dores, assim como dos seus administradores
As sinalizações de risco e perigo geológico, por meio de placas informativas e orientação dos admi-
nistradores junto aos frequentadores nos diversos locais visitados, podem, em muitos casos, evitar
que tragédias aconteçam.
As recomendações de intervenções estruturais ou não estruturais indicadas ao longo do relatório
são de caráter sugestivo, elas podem mitigar ou eliminar os riscos e perigos existentes em muitos
dos casos.

REFERÊNCIAS

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estado do Rio Grande do Norte. Escala 1:500.000. Recife: CPRM ; FAPERN, 2006. (Programa Geologia
do Brasil – PGB).
BANCO MUNDIAL. Relatório de danos materiais e prejuízos decorrentes de desastres naturais no Brasil:
1995 – 2019. 2ª ed. Florianópolis: Banco Mundial : GFDRR : FAPEU ; UFSC ; CEPED, 2020.
BARROS, J. S.; OLIVEIRA FILHO, J. M.; OLIVEIRA FILHO, I. B.; FERNANDES, R. J. A. R.; NASCIMENTO, J. R. S.
Avaliação geotécnica dos Cânions do Rio Poti, Buriti dos Montes, Piauí. [Brasília]: SGB, 2022.
CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Manual de mapeamento de perigo e risco a movimentos
gravitacionais de massa. Rio de Janeiro: CPRM, 2018. (Projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional
de Gestão Integrada de Desastres Naturais – Projeto GIDES). Disponível em: https://rigeo.cprm.gov.br/
jspui/handle/doc/20452 . Acesso em: 04 jan. 2022.
FERREIRA, R. V.; DANTAS, M. E. Cartograma de padrões de relevo do Geoparque Seridó. In: FREITAS, L.
C. B.; FERREIRA, R. V.; DANTAS, M. E.; SOUZA, G. M.; CONCEIÇÃO, R. A. C. Mapa de geodiversidade do
Geoparque Seridó. SGB, 2024. No prelo.
GEOPARQUE SERIDÓ. Caracterização geológica local. Currais Novos, [20--]. Disponível em: http://
geoparqueserido.com.br/?page_id=7928 . Acesso em: 05 set. 2023.
NASCIMENTO, M. A. L. do.; FERREIRA, R. V. Geoparque Seridó (RN): proposta. In: SCHOBBENHAUS, C.;
SILVA, C. R. da (org.). Geoparques do Brasil: propostas. Rio de Janeiro: CPRM, 2012. p. 361-416.
OLIVEIRA, M. A.; ANDRETTA, E. R.; OLIVEIRA FILHO, I. B.; MARMOS, J. L.; SOUZA, A. G. H. (org.) Avaliação
geotécnica nos atrativos geoturísticos de Presidente Figueiredo, AM. [Brasília]: SGB, 2022.
PEDRAZZI, A. C.; CUNHA, F. L. B.; DIAS, R. (org.). Avaliação geotécnica da região dos Cânions do Xingó.
[Brasília]: SGB, 2022.
SILVA, L. F. M.; KUHLMANN, L. G.; RIBEIRO, L. M. A. L. (org.). Atrativos turísticos no Parque Nacional da
Serra da Canastra, MG. [Brasília]: SGB, 2022.
UNESCO. UNESCO escolhe oito novas áreas para a Rede Mundial de Geoparques: duas estão no
Brasil. Comunicado à Imprensa, 26 jan. 2023. Disponível em: https://www.unesco.org/pt/articles/
unesco-escolhe-oito-novas-areas-para-rede-mundial-de-geoparques-duas-estao-no-brasil?hub=66903 .
Acesso em: 29 ago. 2023.

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MAPEAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES

ANEXOS DIGITAIS

• Arquivos digitais de imagem 360°: https://geoportal.sgb.gov.br/360serido/

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O SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM E OS OBJETIVOS
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ODS

Em setembro de 2015 líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York,


e formularam um conjunto de objetivos e metas universais com intuito de garantir
o desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental.
Esta ação resultou na Agenda 2030, a qual contém um conjunto de 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável - ODS.
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a
prosperidade. Busca fortalecer a paz universal, e considera que a erradicação da
pobreza em todas as suas formas e dimensões é o maior desafio global, e um
requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
Os 17 ODS incluem uma ambiciosa lista 169 metas para todos os países e todas as
partes interessadas, atuando em parceria colaborativa, a serem cumpridas até 2030.

O Serviço Geológico do Brasil – CPRM atua em diversas áreas intrínsecas às


Geociências, que podem ser agrupadas em quatro grandes linhas de atuação:
• Geologia
• Recursos Minerais;
• Hidrologia; e
• Gestão Territorial.
Todas as áreas de atuação do SGB-CPRM, sejam nas áreas das Geociências ou
nos serviços compartilhados, ou ainda em seus programas internos, devem ter
conexão com os ODS, evidenciando o comprometimento de nossa instituição com
a sustentabilidade, com a humanidade e com o futuro do planeta.
A tabela a seguir relaciona as áreas de atuação do SGB-CPRM com os ODS.

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