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ISPTEC

Departamento de Engenharias e Tecnologias

GEOTECNIA APLICADA I
LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

Prof. Dr. Amândio Teixeira-Pinto


Geotecnia Aplicada I

Fundações Superficiais

Capacidade de Carga dos Solos Incoerentes


Como sabemos nos solos incoerentes ou não-coesivos a resistência
ao corte depende do ângulo de atrito e do peso que está por cima.
Por essa razão à superfície do terreno a resistência ao corte é nula e
convém enterrar a sapata pelo menos uns 60 cm, que será assim a
profundidade mínima a considerar.
Outras razões, como se referiu, se podem aduzir, como a erosão
provocada pela água ou a acção dos animais.

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Os solos compactos têm um ângulo de atrito  e uma baridade 


mais elevados e por essa razão há toda a conveniência em
compactar adequadamente o solo de fundação.
Não só porque é maior a resistência ao corte como também pelo
facto de os solos compactados serem menos susceptíveis a
assentamentos.
O ensaio de penetração dinâmica chamado SPT, proposto por
Terzaghi baseia-se no princípio de quanto mais resistência um
solo oferecer a ser penetrado maior será a sua resistência.
Ele pode dar excelentes indicações do comporta-mento mecânico
dos solos incoerentes.

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Amostrador

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Factores correctivos

(N1)60 = ERr/60 •λ• CN• N ...

ERr – eficiência

λ - factor de correcção do comprimento das varas

CN – factor de correcção da tensão efectiva de


recobrimento (areias)

N – número de pancadas

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Factor correctivo relacionado com a energia de cravação (ERr/60):

Considera-se para efeitos de normalização uma eficiência de 60% para o


sistema de cravação, isto é, admite-se que só 60% da energia potencial
(produto da massa pela altura de queda do pilão) atinge o extremo inferior do
equipamento.
Os equipamentos com dispositivo de disparo automático do pilão apresentam
uma eficiência da ordem dos 60%, enquanto que os equipamentos mais
antigos em que é necessário elevar e largar o martelo através de um
dispositivo de corda e roldana, as perdas de energia são bastante superiores e a
eficiência reduz-se para valores da ordem dos 45%.
(Nota: 45% / 60% = 0.75 – Assim, por exemplo, um resultado de N=20 obtido
num equipamento de corda e roldana é equivalente a um resultado de N=15
num equipamento de disparo automático do pilão.

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Portanto, assumindo o critério correctivo do EC7, deverão considerar-


se os seguintes factores:
1 – Tipo de equipamento (manual ou automático)
2 – Comprimento das varas em cada ensaio
3 – Tensão de recobrimento (tabela anterior)
Exemplo: Solo arenoso, com ID= 0,75, tendo-se obtido os seguintes resultados
do SPT (utilizou-se um equipamento de disparo automático):
- a 4 metros SPT = 12
- a 10 metros SPT = 20
Correcções:
Disparo automático C1 = 1
Comprimento das varas C2(4m) = 0,75 e C2(10m) = 0,95
Tensão de recobrimento C3 (4m) = 1,1 e C3(10m) = 0,79
Cálculos:
Z = 4m SPT (ou N60) = 1 x 0,75 x 1,1 x 12 = 9,9
Z = 10m SPT (ou N60) = 1 x 0,95 x 0,79 x 20 = 15

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Skempton apresenta uma expressão para o factor


correctivo que tem a ver com a tensão efectiva.

CN =

Onde a e b são parâmetros do material dados na tabela em


função de ID e s’v é a tensão efectiva de repouso

Areias ID a b
Fina-média 0,35-0,65 200 100
Densa-grossa 0,65-0,85 300 200
Sobreconsolidada 0,85-1,00 170 70

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Vamos agora ver o exemplo anterior, aplicando a correcção


de Skempton:

Z = 4m N60 = 1 x 0,75 x (300/(200 + 4x18) x 12 = 9,9


Z = 10m N60 = 1 x 0,95 x (300/(200 + 10x18) x 20 = 15

Os valores são idênticos, percebendo-se que o EC7 não


fez mais do que adaptar os conhecimentos adquiridos
juntamente com uma apresentação diferente do critério de
Skempton.

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Para o nível freático Peck (1974) propôs um factor correctivo


dependente da profundidade do nível freático Dw e da
profundidade da sapata D.
O factor correctivo para uma sapata de largura B é
multiplicativo e é dado por

Cw = 0,5 ( 1 + )

Na prática porém este coeficiente não se aplica pois dá


valores conservadores, e admite-se que o valor de N obtido
abaixo do NF já reflecte essa posição.
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Exemplo

Terreno arenoso (NC) com γ = 20kN/m 3

Z = 4m, obteve-se N60=10


Z = 20m, obteve-se N60=20

Aplicando os factores correctivos:

Z = 4m, (N1)60 = 0,75 x 200/(100+4x20) x 10 = 8,3


Z = 20m , (N1)60 = 1,0 x 200/(100+20x20) x 20 = 8,0

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Penetrómetro dinâmico

(Dynamic probing tests - DP)

 consiste em cravar no terreno um cone por acção


da queda livre de uma massa;

 a resistência à penetração é definida como o


número de pancadas necessárias para cravar o
penetrómetro uma dada distância (10 ou 20 cm) -
N10 ou N20;

 é efectuado um registo contínuo e não existe


recolha, ao contrário do que se faz no SPT

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Existem diferentes versões do ensaio em função da massa utilizada

• Penetrómetro Dinâmico Ligeiro - DPL (m=10kg, caindo de 50 cm)


• Penetrómetro Dinâmico Médio - DPM (m=30kg caindo de 50 cm)
• Penetrómetro Dinâmico Pesado - DPH (m=50kg, caindo de 50 cm)
• Penetrómetro Dinâmico Super Pesado - DPSH (m=63,5kg, caindo de 75cm)

PDL Ponteira ou Cone


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EC7 – Correlações com carácter informativo


Anexos da parte 2 do EC7 (parâmetros derivados e métodos de cálculo semi-
empíricos. Destacam-se os seguintes:

• Anexo D – Cone Penetration Test (CPT)


• Anexo E – Pressuremeter Test (PMT)
• Anexo F – Standard Penetration Test (SPT)
• Anexo G – Dynamic Probing Test (DP)
• Anexo I – Field Vane Test (FVT)
• Anexo K – Plate loading test (PLT)

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Valores estimados com base no resultado do SPT, para solos


granulares
                             
  Muito Solto Solto Médio Denso Muito Denso  
  D.R. 0 15 35 65 85 100  
   
   
  SPT (N) 0 4 10 30 50 60  
   
   
> 41º
  Atrito Interno <28º 28º 30º 36º 41º  
   
   
  Baridade seca < 16 16 - 20 18 - 20,8 18 - 22,4 > 20,8  
  (kN/m3)  
   
Baridade
  submersa < 9,6 8,8 - 10,4 9,6 - 11,2 10,4 - 13,6 > 12  
  (kN/m3)  
                             

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A capacidade portante dos solos incoerentes pode apreciar-se, tomando como


valor da tensão admissível o menor dos dois valores obtidos da forma seguinte
(Método de Wayne Teng):
1 – Tensão de serviço calculada a partir da resistência ao punçoamento
(calcula-se a partir do estado último e aplicando um coeficiente de segurança
apropriado)
1.A – Sapatas Quadradas

qult = 0,032 N2.B.Rw + 0,096 (100+N2). D.R’w

1.B – Sapatas Corridas

qult = 0,048 N2.B.Rw + 0,080 (100+N2). D. R’w

Os símbolos têm o significado a seguir indicado


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qult - resistência ao punçoamento que se pretende determinar, em tf/m2

B – largura da sapata, em metros

D – profundidade da sapata em metros, medida do solo à base (se a


profundidade de ambos os lados não for igual toma-se o menor valor, se
D>B toma-se D=B).

Rw e R´w – factores de correcção para atender á posição do NF (ver


gráfico)

N – número de pancadas do SPT, se o ensaio se realiza a pouca


profundidade convém corrigir o valor de N por
Ncor = N. [(35/(p + 7) ]

onde p é a pressão dos terrenos sobrejacentes com o máximo de 28 KPa

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2 – Tensão de serviço calculada a partir do assentamento admissível

Esta tensão de serviço é determinada empiricamente pela seguinte


equação:

qa = 3,5 (N – 3) [(B + 0,3)/2B]2. Rw

Onde as letras têm o significado anterior e qa é o valor da tensão de


serviço em tf/m2 correspondente a um assentamento de 2,5 cm.

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Capacidade de Carga dos Solos Coerentes

A resistência ao punçoamento destes solos é função da


consistência ou resistência ao corte que pode ser determinada
por vários processos, consoante o tipo ou importância das
construções.

Nos projectos mais simples são suficientes os valores obtidos a


partir do Ensaio SPT, que se apresentam na tabela seguinte
(trata-se já de valores de segurança).

A escolha de valores tem de ser resolvida com recurso à


experiência.

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2.A – Ensaios de Penetração (SPT)

Consistência N(SPT) Sap. Quad. Sap. Corrid.


(kPa) (kPa)

Muito mole 0–2 0–3 2,2

Mole 2–4 3–6 2,2 – 4,5

Média 4–8 6 – 12 4,5 – 9

Firme 8 – 15 12 – 23,5 9 – 17,5

Muito firme 15 – 30 23,5 – 47 17,5 – 35

Dura > 30 47 35
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2.B – Com ensaios de compressão simples

Nos projectos de importância média a resistência ao punçoamento


pode determinar-se a partir de ensaios de compressão simples, ou
ensaios de compressão não confinada.

qult = c. Nc
Onde:
c – é a coesão = ½ da resistência à compressão
Nc – é um factor que se pode obter no gráfico seguinte em função
da forma da sapata

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2.C – Finalmente para obras de maior importância recorre-se ao


Ensaio Triaxial para determinar a resis-tência ao corte da argila

t = c + (s – u). tg f
Os ensaios devem ser conduzidos de modo a que as amostras
drenem de maneira idêntica à que se verifica no solo in situ.

A resistência ao punçoamento é depois determinada em função da


resistência ao corte.

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Notas Adicionais – o estudo das sapatas superficiais, bem como o


das soluções em profundidade, como é óbvio impõem sempre um
reconhecimento prévio dos terrenos interessados.

O Ensaio SPT é um dos mais comuns (os franceses porém


utilizam muito o Ensaio Pressiométrico de Ménard que determina
a resistência na vertical a partir da determinação da resistência
horizontal dos solos). O princípio deste ensaio será visto no
diapositivo seguinte.

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Convém também ter uma noção prática da forma de distinguir


areias de siltes e siltes de argilas
1.Ensaio de Sacudimento – consiste em agitar horizon-talmente na mão
pequenas amostras de solo húmido.
O objectivo consiste em verificar se a água vem à superfície da amostra,
dando-lhe uma aparência branda e acetinada.
De seguida aperta-se a amostra com os dedos fazendo com que a água
desapareça da superfície, ficando a amostra com um tom mate.
Reacção rápida – solos não plásticos (areia, pó de rocha silte
inorgânico)
Reacção lenta – silte ou silte argiloso ligeiramente plástico
Sem reacção – solos argilosos ou turfosos (orgânicos)

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2. Ensaio de Ruptura
 Destina-se a distinguir um solo não plástico de um solo
argiloso, plástico ou muito plástico.
 Seca-se o solo e ensaia-se a sua resistência esma-gando-o com
os dedos.
 Deve ser possível distinguir vários graus de resistência: alta,
média ou ligeira.
 Os solos não plásticos desfazem-se muito facilmente com a
pressão dos dedos.
 Os solos pouco plásticos oferecem alguma resistência (valor
médio)
 Os solos muito plásticos são muito duros e não se conseguem
desfazer com a pressão dos dedos.
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3. Ensaio de Identificação Granulométrica

 A fracção grossa mais fácil de identificar retira-se da amostra e pesa-


se determinando a sua percentagem relativa.
 O restante solo é vazado numa proveta alta cheia de água, agita-se e
aguarda-se a respectiva sedimentação.
 A parte argilosa terá muita dificuldade em sedimentar e permanece
em suspensão, mas a fracção não plástica sedimenta por diâmetro, o
mais grosso em baixo e depois assim sucessivamente até ao mais
fino.
 É possível obrigar a parte argilosa a sedimentar por acção de um
floculante que pode ser o hidróxido de cálcio.

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