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TERRA
CAPÍTULO –II- GEODINÂMICA EXTERNA DA TERRA
II.1. ACÇÃO GEOLÓGICA DO VENTO
Os ventos são causados por massas de ar que se movimentam devido as
diferenças de temperaturas e pressões na superfície terrestre. Os
deslocamentos laterais de massas de ar mais frias tendem a anular a
diferença de pressão causada, e assim os ventos sopram de pontos de
pressão mais alta para lugares de pressão mais baixa.
O vento ocorre em todos os climas, porém com intensidades diferentes. A
actividade geológica do vento é preponderante, particularmente em
regiões áridas como os desertos, onde a evaporação é superior às
precipitações
Para que a acção do vento seja eficaz, tem importância não apenas o
facto de não haver vegetação, mas também a constituição superficial do
terreno, que nos desertos pode ser muito variável. Para caracterizar a
intensidade do vento, emprega-se a escala de Beaufort, a qual divide a
intensidade em 12 categorias, dentre as quais destacam-se as seguintes:
ESCALA DE VENTOS DE BEAUFORT (Adaptada de Reader's Digest)
Escala Descrição Velocidade (km/h) Efeitos observados
Corrasão
A corrasão é o ataque do vento carregado de partículas em suspensão,
desgastando não só as rochas como as próprias partículas. É um fenómeno
produzido pelo impacto das partículas de areia transportadas pelos ventos
contra a superfície das rochas, polindo-as.
Os detritos maiores são sujeitos a esta acção abrasiva pelos elementos
mais finos arrastados pelo vento, acabando por ficar facetados –
ventifactos. O impacto dos grãos entre si, bem como contra as rochas,
produz o desgaste, resultando em um alto grau de arredondamento e uma
superfície fosca dos grãos que caracteriza o arenito de ambiente eólico.
Pode ocorrer forte corrasão associada à deflação, esculpindo nas rochas
formas ruiniformes e outras feições típicas de regiões desérticas e
outras assoladas por fortes ventos.
Transporte eólico
O material transportado depende da velocidade e do tamanho das
partículas. Pode ser efectuado por suspensão, rolamento ou saltação.
Sob o efeito do vento, os grãos menores (com cerca de 0,125 mm de
diâmetro) sobem e são transportados a distâncias razoáveis, dependendo
da velocidade do vento. Alguns grãos médios sobem um pouco e logo descem,
sendo transportados aos saltos, de acordo com as rajadas de vento. Os
grãos maiores não chegam a sair do solo, deslocando-se apenas por
rolamento por curtas distâncias. Dessa forma o material sofre uma
selecção em seu transporte, o que ocasiona depósitos segundo o tamanho
das partículas
Acumulação/deposição eólica
Quando a velocidade do vento (carregado de partículas) diminui, seu
poder de transporte se reduz, tendo início a deposição a partir dos
grãos mais grosseiros para os mais finos. Enquanto a areia deposita-se
após um transporte pequeno, a poeira fina pode sofre um transporte
superior a 2000 km.
Abrasão
Processo erosivo ou de desgaste de rochas pelo impacto e/ou
atrito/fricção de partículas ou fragmentos carregados por correntes
eólicas, glaciais, fluviais, marinhas, de turbidez, pelo vai e vem de
ondas.
II.1.1.1. TIPOS DE VENTOS
Os ventos são os fluxos de correntes de ar numa direção principal. Os
ventos se formam pela movimentação de correntes de ar numa direção
predominante. Os ventos classificam-se de acordo com a pressão,
temperatura e a velocidade da corrente de ar:
1. Brisa: Vento muito fraco com menos de 20 km por hora. Para as
embarcações à vela a brisa é sinal de calmaria.
2. Ventos fracos, moderados e fortes: A partir de 20km/h, as correntes
de ar em movimento passam a se chamar vento. Esses ventos favorecem o
deslocamento das embarcações à vela.
3. Tempestades: Ventos com velocidade acima de 45 km/h estão associados
à chuvas fortes, raios, relâmpagos. Em geral, tempestades duram menos
de 2 horas.
4. Furacões: Chamados também de tufões ou ciclones são ventos giratórios
fortes com velocidade de mais de 90 km/h que se formam nos oceanos
tropicais. O poder de destruição dos furacões é enorme porque suas
dimensões são grandes e eles duram vários dias.
5. Tornados: São o fenômeno mais destrutivo da atmosfera, chegam a
atingir 500 km/h, também são ventos giratórios com forma de funil e têm
curta duração. Quando ocorrem no mar chamam-se tromba d’água.
Dunas
Quando a energia do vento não é suficiente para realizar transporte, as
areias depositam-se constituindo as dunas. Existem duas grandes
classificações das dunas: uma considerando seu aspecto como parte do
relevo (morfologia) e a outra considerando a forma pela qual os grãos
de areia se dispõem em seu interior (estrutura interna).
Existem três factores que determinam a morfologia de uma duna: a
velocidade e a variação do rumo do vento predominante, as características
da superfície percorrida pelas areias transportadas pelo vento e a
quantidade de areia disponível para a formação das dunas. Quanto a
morfologia (local de acumulação), as dunas podem ser litorais ou
desérticas.
As dunas litorais formam-se a partir de grandes superfícies arenosas,
onde os ventos dominantes sopram do lado do mar, desde que a areia possa
ficar a seco e não haja obstáculos importantes no relevo. Estas dunas
podem ocupar grandes extensões paralelas à costa, constituindo cordões
que se deslocam para o interior a velocidades variáveis, podendo atingir
em média 25 metros por ano, e fixarem-se pela acção da vegetação.
Nas dunas desérticas as formas mais comuns são: dunas transversais,
longitudinais, barcanas, parabólicas e estrelas.
A formação das dunas transversais é condicionada por ventos muito
frequentes e de direcção constante, bem como pelo suprimento contínuo e
abundante de areia para a sua construção. A denominação transversal,
provém da sua orientação perpendicular ao sentido preferencial do vento.
O conjunto destas dunas em desertos costuma formar os chamados marés de
areias.
As dunas longitudinais ou dunas seif em árabe, formam-se em regiões com
abundante fornecimento de areia e ventos fortes e de sentido constante
no ambiente desértico ou em campos de dunas litorâneas. Podem atingir
dezenas de quilómetros de comprimento e cerca de 200 metros de altura.
As dunas barcanas desenvolvem-se em ambientes de ventos moderados e
fornecimento de areia limitado. Como resultado, este tipo de duna assume
a forma de meia-lua ou lua crescente com suas extremidades voltadas no
mesmo sentido do vento.
As dunas parabólicas formam-se em regiões de ventos fortes e constantes
com suprimento de areia superior ao das áreas de barcanas. São
praticamente semelhantes as dunas barcanas embora tenham uma diferença
sua curvatura que é mais fechada, assemelhando-se ao U.
A formação das dunas estrela esta directamente relacionada à existência
de areia abundante e a ventos de intensidade e velocidade constantes
mas, com frequentes variações na sua direcção, assemelhando-se a uma
estrela.
A classificação baseada na estrutura interna das dunas leva em
consideração a sua dinâmica de formação, sendo reconhecidos dois tipos:
dunas estacionárias e dunas migratórias.
Na construção das dunas estacionárias, os grãos de areia vão se agrupando
de acordo com o sentido preferencial do vento, formando acumulações
geralmente assimétricas, que podem atingir varias centenas de metros de
altura e muitos quilómetros de comprimento. A parte da duna que recebe
o vento (barlavento) possui inclinação baixa de 5º a 15º normalmente,
enquanto a outra face (sotavento), protegida do vento é bem mais íngreme,
com inclinação de 20º a 35º.
Nas dunas migratórias, a semelhança das dunas estacionárias, o
transporte dos grãos de areia segue inicialmente o ângulo do barlavento,
depositando-se em seguida, no sotavento onde há forte turbulência. Desta
forma, os grãos na base do barlavento migram pelo perfil da duna até ao
sotavento.
De salientar que a formação dos desertos tem como factor preponderante,
a falta de chuva. O Sara e o Kalahari em África, e o grande deserto
australiano, são os lugares mais secos da terra e onde as temperaturas
e pressões são bastante elevadas. A desertificação pode ocorrer devido
a mudanças climáticas ou mesmo pela acção do homem.
IV.2. ONDAS
As ondas são movimentos oscilatórios da superfície do mar produzida por
qualquer acção que perturbe as águas.
Dos movimentos das águas marinhas, as ondas constituem o principal meio
de que o mar se dispõe para desgastar o litoral sobre o qual actua por
abrasão. No seu movimento, as ondas são possuidoras de uma poderosa
energia cinética (força hidráulica) principalmente quando o mar esta
agitado, que é capaz de destruir grandes massas rochosas, arrancando-
lhes fragmentos por vezes de grandes dimensões.
V.5. MEANDROS
A simultânea erosão na parte côncava de uma curva de um rio e a
sedimentação na parte convexa da mesma leva à formação de meandros.
Os meandros podem ser alterados devido à modificação da acção erosiva
da corrente. Particularmente durante as cheias, o rio pode formar braços
mortos (Fig.V.2.).
Fig.V.2.Meandros e braços mortos.
Os velhos meandros podem ser abandonados devido a formação de sedimentos
que os separam do braço principal do rio. O meandro abandonado denomina-
se lago em ferradura. Com o tempo esse lago pode ser preenchido por
sedimentos e vegetação.
Geralmente consideram-se dois tipos de meandros:
Divergentes: são aqueles que se encontram nas grandes planícies, onde
divagam (percorrem), alterando o seu trajecto, aumentando algumas curvas
e abandonando outras;
Encaixados ou de vale: O traçado é condicionado pela morfologia do
terreno.