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CAPÍTULO –II- GEODINÂMICA EXTERNA DA

TERRA
CAPÍTULO –II- GEODINÂMICA EXTERNA DA TERRA
II.1. ACÇÃO GEOLÓGICA DO VENTO
Os ventos são causados por massas de ar que se movimentam devido as
diferenças de temperaturas e pressões na superfície terrestre. Os
deslocamentos laterais de massas de ar mais frias tendem a anular a
diferença de pressão causada, e assim os ventos sopram de pontos de
pressão mais alta para lugares de pressão mais baixa.
O vento ocorre em todos os climas, porém com intensidades diferentes. A
actividade geológica do vento é preponderante, particularmente em
regiões áridas como os desertos, onde a evaporação é superior às
precipitações
Para que a acção do vento seja eficaz, tem importância não apenas o
facto de não haver vegetação, mas também a constituição superficial do
terreno, que nos desertos pode ser muito variável. Para caracterizar a
intensidade do vento, emprega-se a escala de Beaufort, a qual divide a
intensidade em 12 categorias, dentre as quais destacam-se as seguintes:
ESCALA DE VENTOS DE BEAUFORT (Adaptada de Reader's Digest)
Escala Descrição Velocidade (km/h) Efeitos observados

0 Calma 0 O fumo sobe na vertical.


A direcção do vento é indicada pelo fumo mas não
1 Aragem 0 - 5 pelo cata-vento; a superfície do mar é como um
espelho.
Sente-se o vento no rosto; as folhas agitam-se;
2 Vento fraco 6 - 11 o cata-vento move-se.
Folhas e pequenos ramos agitam-se; bandeiras
3 Vento bonançoso 12 - 19 ondulam.
4 Vento moderado 20 - 29 Levanta poeira; os troncos pequenos agitam-se.
As árvores pequenas abanam; pequenas cristas de
5 Vento fresco 30 - 39 ondulação nos lagos.
Os troncos grossos abanam; o vento assobia nos
6 Vento muito fresco 40 - 50 fios de telefone; ondas moderadas a grandes no
oceano, com carneirinhos.
7 Vento forte 51 - 61 As árvores inteiras abanam.
8 Vento muito forte 62 - 74 Arranca ramos pequenos das árvores.
Ligeiros danos na estrutura das casas; ondas
9 Vento tempestuoso 75 - 87 altas no oceano, com espuma e neblina abundantes.
Árvores arrancadas; danos consideráveis nas
10 Temporal 88 - 100 estruturas das casas.
11 Temporal desfeito 101 - 116 Danos generalizados.
Devastações; ondas muito altas no oceano; mar
12 Furacão > 116 encapelado, completamente branco e coberto com
neblina e espuma e visibilidade baixa.

II.1.1. ACÇÃO EROSIVA DO VENTO


Dos agentes geológicos que atuam na litosfera, o vento é o que apresenta
menor poder erosivo. Esta capacidade reduzida deve-se ao facto de o
vento só poder deslocar partículas pequenas, e em geral, a poucos
centímetros do solo.
A ação erosiva do vento é máxima nas zonas desérticas, secas e de escassa
vegetação. A acção modeladora do vento, resulta da sua tríplice acção
geológica: erosão, transporte e sedimentação.
A velocidade do vento pode variar de uma simples brisa, com velocidade
muito baixa, até à velocidade dos ventos ciclónicos, que podem atingir
entre 180 a 200 km/h.
A acção do vento difere da acção modeladora da água em dois aspectos
fundamentais:
 O vento é muito menos denso e duro que a água e somente pode erodir
sedimentos finos;
 Geralmente não se encontra confinado em canais como a água, podendo assim
actuar em áreas muito alargadas.
A acção erosiva do vento é facilitada pelo efeito abrasivo das
partículas que transporta. Esta acção faz-se sentir em regiões onde
existem materiais detríticos soltos que se incorporam em correntes de
ar, aumentando a sua capacidade erosiva e, manifesta-se fundamentalmente
em dois processos: Deflação e Corrasão.
Deflação
A deflação é a acção directa do vento sobre as rochas, retirando delas
as partículas soltas.
A deflação tem como efeito, a formação de grandes depressões que, ao
atingirem o nível do lençol subterrâneo, formam-se lagos desérticos,
podendo desenvolver-se vegetação, constituindo um Oásis. A deflação
verifica-se fundamentalmente em regiões onde ocorre a desnudação
(remoção) da camada protectora das ervas e plantas pela acção do homem
e dos animais.
Porém na maior parte das vezes, os fragmentos maiores não transportáveis,
acumulam-se como resíduo de deflação, formando frequentemente uma
espécie de pavimento de fragmentos maiores – pavimentos desérticos
(desertos pedregosos) ou o nome árabe de reg.

Corrasão
A corrasão é o ataque do vento carregado de partículas em suspensão,
desgastando não só as rochas como as próprias partículas. É um fenómeno
produzido pelo impacto das partículas de areia transportadas pelos ventos
contra a superfície das rochas, polindo-as.
Os detritos maiores são sujeitos a esta acção abrasiva pelos elementos
mais finos arrastados pelo vento, acabando por ficar facetados –
ventifactos. O impacto dos grãos entre si, bem como contra as rochas,
produz o desgaste, resultando em um alto grau de arredondamento e uma
superfície fosca dos grãos que caracteriza o arenito de ambiente eólico.
Pode ocorrer forte corrasão associada à deflação, esculpindo nas rochas
formas ruiniformes e outras feições típicas de regiões desérticas e
outras assoladas por fortes ventos.
Transporte eólico
O material transportado depende da velocidade e do tamanho das
partículas. Pode ser efectuado por suspensão, rolamento ou saltação.
Sob o efeito do vento, os grãos menores (com cerca de 0,125 mm de
diâmetro) sobem e são transportados a distâncias razoáveis, dependendo
da velocidade do vento. Alguns grãos médios sobem um pouco e logo descem,
sendo transportados aos saltos, de acordo com as rajadas de vento. Os
grãos maiores não chegam a sair do solo, deslocando-se apenas por
rolamento por curtas distâncias. Dessa forma o material sofre uma
selecção em seu transporte, o que ocasiona depósitos segundo o tamanho
das partículas
Acumulação/deposição eólica
Quando a velocidade do vento (carregado de partículas) diminui, seu
poder de transporte se reduz, tendo início a deposição a partir dos
grãos mais grosseiros para os mais finos. Enquanto a areia deposita-se
após um transporte pequeno, a poeira fina pode sofre um transporte
superior a 2000 km.
Abrasão
Processo erosivo ou de desgaste de rochas pelo impacto e/ou
atrito/fricção de partículas ou fragmentos carregados por correntes
eólicas, glaciais, fluviais, marinhas, de turbidez, pelo vai e vem de
ondas.
II.1.1.1. TIPOS DE VENTOS
Os ventos são os fluxos de correntes de ar numa direção principal. Os
ventos se formam pela movimentação de correntes de ar numa direção
predominante. Os ventos classificam-se de acordo com a pressão,
temperatura e a velocidade da corrente de ar:
1. Brisa: Vento muito fraco com menos de 20 km por hora. Para as
embarcações à vela a brisa é sinal de calmaria.
2. Ventos fracos, moderados e fortes: A partir de 20km/h, as correntes
de ar em movimento passam a se chamar vento. Esses ventos favorecem o
deslocamento das embarcações à vela.
3. Tempestades: Ventos com velocidade acima de 45 km/h estão associados
à chuvas fortes, raios, relâmpagos. Em geral, tempestades duram menos
de 2 horas.
4. Furacões: Chamados também de tufões ou ciclones são ventos giratórios
fortes com velocidade de mais de 90 km/h que se formam nos oceanos
tropicais. O poder de destruição dos furacões é enorme porque suas
dimensões são grandes e eles duram vários dias.
5. Tornados: São o fenômeno mais destrutivo da atmosfera, chegam a
atingir 500 km/h, também são ventos giratórios com forma de funil e têm
curta duração. Quando ocorrem no mar chamam-se tromba d’água.

II.2. DEPÓSITOS EÓLICOS


Nas zonas do litoral e em desertos onde a areia é abundante, a acção
modeladora do vento manifesta-se de várias maneiras, incluindo o
transporte e a deposição dos sedimentos. O transporte dos sedimentos
pelo vento é realizado por arrastamento (deslizamento, saltação e
suspensão), dependendo da sua granulométria.
As areias eólicas adquirem formas arredondadas bastante perfeitas mas,
apresentam-se despolidas, devido aos sucessivos choques entre si com os
obstáculos, durante o processo de transporte, características estas que
as permite distingui-las das areias do tipo fluvial, que são polidas e
de tamanho variável. As principais formas de deposição das areias eólicas
são as dunas, marés de areias e os depósitos loess.

Dunas
Quando a energia do vento não é suficiente para realizar transporte, as
areias depositam-se constituindo as dunas. Existem duas grandes
classificações das dunas: uma considerando seu aspecto como parte do
relevo (morfologia) e a outra considerando a forma pela qual os grãos
de areia se dispõem em seu interior (estrutura interna).
Existem três factores que determinam a morfologia de uma duna: a
velocidade e a variação do rumo do vento predominante, as características
da superfície percorrida pelas areias transportadas pelo vento e a
quantidade de areia disponível para a formação das dunas. Quanto a
morfologia (local de acumulação), as dunas podem ser litorais ou
desérticas.
As dunas litorais formam-se a partir de grandes superfícies arenosas,
onde os ventos dominantes sopram do lado do mar, desde que a areia possa
ficar a seco e não haja obstáculos importantes no relevo. Estas dunas
podem ocupar grandes extensões paralelas à costa, constituindo cordões
que se deslocam para o interior a velocidades variáveis, podendo atingir
em média 25 metros por ano, e fixarem-se pela acção da vegetação.
Nas dunas desérticas as formas mais comuns são: dunas transversais,
longitudinais, barcanas, parabólicas e estrelas.
A formação das dunas transversais é condicionada por ventos muito
frequentes e de direcção constante, bem como pelo suprimento contínuo e
abundante de areia para a sua construção. A denominação transversal,
provém da sua orientação perpendicular ao sentido preferencial do vento.
O conjunto destas dunas em desertos costuma formar os chamados marés de
areias.
As dunas longitudinais ou dunas seif em árabe, formam-se em regiões com
abundante fornecimento de areia e ventos fortes e de sentido constante
no ambiente desértico ou em campos de dunas litorâneas. Podem atingir
dezenas de quilómetros de comprimento e cerca de 200 metros de altura.
As dunas barcanas desenvolvem-se em ambientes de ventos moderados e
fornecimento de areia limitado. Como resultado, este tipo de duna assume
a forma de meia-lua ou lua crescente com suas extremidades voltadas no
mesmo sentido do vento.
As dunas parabólicas formam-se em regiões de ventos fortes e constantes
com suprimento de areia superior ao das áreas de barcanas. São
praticamente semelhantes as dunas barcanas embora tenham uma diferença
sua curvatura que é mais fechada, assemelhando-se ao U.
A formação das dunas estrela esta directamente relacionada à existência
de areia abundante e a ventos de intensidade e velocidade constantes
mas, com frequentes variações na sua direcção, assemelhando-se a uma
estrela.
A classificação baseada na estrutura interna das dunas leva em
consideração a sua dinâmica de formação, sendo reconhecidos dois tipos:
dunas estacionárias e dunas migratórias.
Na construção das dunas estacionárias, os grãos de areia vão se agrupando
de acordo com o sentido preferencial do vento, formando acumulações
geralmente assimétricas, que podem atingir varias centenas de metros de
altura e muitos quilómetros de comprimento. A parte da duna que recebe
o vento (barlavento) possui inclinação baixa de 5º a 15º normalmente,
enquanto a outra face (sotavento), protegida do vento é bem mais íngreme,
com inclinação de 20º a 35º.
Nas dunas migratórias, a semelhança das dunas estacionárias, o
transporte dos grãos de areia segue inicialmente o ângulo do barlavento,
depositando-se em seguida, no sotavento onde há forte turbulência. Desta
forma, os grãos na base do barlavento migram pelo perfil da duna até ao
sotavento.
De salientar que a formação dos desertos tem como factor preponderante,
a falta de chuva. O Sara e o Kalahari em África, e o grande deserto
australiano, são os lugares mais secos da terra e onde as temperaturas
e pressões são bastante elevadas. A desertificação pode ocorrer devido
a mudanças climáticas ou mesmo pela acção do homem.

CAPÍTULO –III- GEODINÂMICA EXTERNA DA


TERRA
CAPÍTULO –III- GEODINÂMICA EXTERNA DA TERRA
III.1. ACÇÃO GEOLÓGICA DOS GLACIARES
Apesar de cobrirem actualmente cerca de 10% da superfície emersa da
terra, as geleiras constituem um elemento extremamente importante na
constituição na constituição física do planeta. O manto de gelo que
recobre actualmente a Antárctica por exemplo, representa o maior
sorvedouro de calor da terra influenciando profundamente as condições
climáticas, circulação das águas oceânicas e da atmosfera terrestre.
Para um geólogo, um bloco de gelo é uma rocha, uma massa de grãos
cristalinos do mineral gelo. Tal como a maioria das rochas, o gelo é
duro mas é muito menos denso do que a maioria das rochas.
Os glaciares são enormes massas de gelo em terra firme constituídas por
neve recristalizada, que se deslocam lentamente por acção da gravidade.

III.2. FORMAÇÃO DOS GLACIARES


Um glaciar forma-se quando existe abundante precipitação de neve durante
a estação fria e esta não se derrete na estação quente. Esta neve
acumulada (Nevado), é gradualmente convertida em gelo e, quando o gelo
se torna suficientemente espesso, começa a fluir. São, assim necessárias
duas condições essenciais para a sua formação: temperaturas baixas e
quantidades adequadas de neve.
Para que os glaciares se formem, as temperaturas devem ser
suficientemente baixas para manter a neve durante todo o ano. Estas
condições são encontradas nas altas latitudes (regiões polares árcticos
e antárcticos e sub-polares) e nas elevadas altitudes (montanhas – Alpes
e Andes).
Como consequencia do movimento do gelo, podem abrir-se no glaciar, fendas
transversais ou longitudinais com até mais de 100 metros de profundidade.

III.3. TIPOS DE GLACIARES


Os glaciares podem ser classificados com base no tamanho e na forma em
dois tipos básicos: os glaciares de vale ou alpinos e os glaciares
continentais ou inlandsis.
Glaciares de vale ou alpinos
Os glaciares de vale ou alpinos são rios de gelo que se formam nas partes
mais altas das cordilheiras montanhosas onde a neve se acumula,
geralmente em vales pré-existentes (bacias de recepção), fluindo ao longo
dos mesmos. A maioria destes glaciares ocupa a largura total do vale e
pode afundar a sua base rochosa sob centenas de metros de gelo.
Em climas mais quentes, de latitudes mais baixas, os glaciares de vale
podem ser encontrados apenas nos topos dos picos das montanhas mais
altas. Nos climas mais frios, das altas latitudes, os glaciares de vale
podem descer muitos quilómetros ao longo do comprimento total do vale;
em alguns locais, eles podem estender-se como largas línguas glaciárias
nas terras baixas que rodeiam as frentes montanhosas.
Quando o glaciar de vale flui por cordilheiras costeiras, ele pode acabar
no oceano, onde se desprendem massas de gelo que formam os icebergues.

Glaciares continentais ou inlandsis.


Um glaciar continental é muito maior do que um glaciar de vale e é
constituído por um manto de gelo extremamente lento, daí também o seu
outro nome de inlandsis.
Os maiores inlandsis actualmente são os que cobrem grande parte da
Gronelândia e da Antárctida. O gelo glaciar da Gronelândia e da
Antárctida não se encontra confinado aos vales de montanha mas cobre
praticamente toda a sua superfície sólida.
Na Gronelândia, 2,8 milhões de quilómetros cúbicos de gelo cobrem cerca
de 80% da área total de 4,5 milhões de quilómetros quadrados da ilha.
Maior ainda é o inlandsis antárctico onde o gelo cobre cerca de 90% da
Antárctida, cobrindo uma área de cerca de 12,5 milhões de quilómetros
quadrados e atingindo profundidades médias de 3000 metros, estando o seu
ponto mais elevado situado a uma cota superior a 4000 metros.
As calotas polares são massas de gelo formadas nos pólos Norte e Sul da
Terra. A maior parte da calota polar árctica formou-se nas águas
oceânicas e não é, geralmente, referida como um glaciar.
Os leitos glaciares abandonados e invadidos pelo mar têm o nome
de Fiorde. As rochas que fizeram parte do leito de um glaciar podem ser
reconhecidas pelas suas superficies arredondadas, polidas e estriadas.
Devido ao efeito visual que provocam, assemelhando-se a rebanhos de
ovelhas, denominam-se rochas aborregadas ou arrebanhadas.
Glaciação e Ablação
A Glaciação é um termo geral usado para designar todos os processos e
resultados ligados ao período de tempo durante o qual se verifica a
cobertura ou ocupação de uma área por um lençol de gelo ou glaciar.
A quantidade total de gelo que um glaciar perde anualmente corresponde
à sua ablação. Existem quatro mecanismos responsáveis pela ablação de
um glaciar:
1. Degelo: quando um glaciar se começa a derreter perde
material;
2. Desprendimento de icebergues: quebram-se peças de gelo e
formam-se icebergues quando um glaciar desce até à linha de costa;
3. Sublimação: nos climas frios, o gelo pode passar
directamente do estado sólido para o estado gasoso;
4. Erosão eólica: ventos fortes podem erodir o gelo
primariamente por degelo e sublimação.

III.4. DEPOSIÇÃO DE MATERIAIS


Uma acumulação de material rochoso, arenoso e argiloso transportado pelo
gelo ou depositado como terreno errático é denominada de moreia. Existem
muitos tipos de moreia, cada uma nomeada de acordo com a sua posição em
relação ao glaciar que as formou e as mais proeminentes são:
1. Moreias laterais: dispõem-se nas margens do glaciar e são constituidas
fundamentalmente, por detritos de talude e material resultante da erosao
da margem do leito do glaciar. São superficiais.

2. Moreias medianas: ocorrem quando há junção de dois glaciares, ocupando


a zona média do glaciar resultante. São superficiais.

3. Moreias frontais: são constituidas pelos materiais detriticos que se


depositam na frente do glaciar.

4. Moreias internas: são constituidas por materiais detriticos transportados


no interior do glaciar, material detritico esse que caiu nas fendas ou
foi erodido das margens do leito.

5. Moreias de fundo: são constituidas por materiais detriticos que atingem


o leito do glaciar ou que foram erodidos do fundo do leito.
O tamanho dos detritos transportados é muito variável. Se são de grande
tamanho e aparecem muito longe do seu lugar de origem, denominam-se
blocos erráticos.
Quando os glaciares recuam devido à elevação da temperatura, podem
constituir-se depressoes limitadas por moreias frontais que são
preenchidas pela agua resultante da fusao do gelo, formando lagos de
barragem. Na parte terminal de uma moreia frontal pode constituir-se uma
torrente glaciária ou um rio.

CAPÍTULO –IV- ACÇÃO GEOLÓGICA DAS ÁGUAS


DO MAR
CAPÍTULO –IV- ACÇÃO GEOLÓGICA DAS ÁGUAS DO MAR
IV.1. MOVIMENTOS E ACÇÃO EROSIVA DAS ÁGUAS DO MAR
Os oceanos, as montanhas, os vales submersos, os vulcões submarinos e
muitas espécies de rochas e sedimentos, desempenham um papel importante
na modelação da crosta terrestre.
As águas do mar estão em constante movimento, que se revela pelas ondas,
marés e correntes marinhas, provocando uma acção erosiva sobre os
materiais sólidos com que entram em contacto quer no fundo do mar quer
na costa. Esta erosão é condicionada por alguns factores, tais
como: as ondas, as marés (que dependem da atracção gravítica da Lua e
do Sol) e as correntes, bem como o tipo de rochas existentes no litoral,
o levantamento ou a subsidência das zonas costeiras e as variações do
nível médio das águas do mar (que condicionam as mudanças da linha de
costa).
Os oceanos são grandes extensões de águas salgadas que banham os
continentes e cobrem a maior parte da terra. Reserva-se a designação mar
aos golfos, bacias e porções limitadas dos oceanos. A oceanografia é a
ciência que se ocupa do estudo dos oceanos.

IV.2. ONDAS
As ondas são movimentos oscilatórios da superfície do mar produzida por
qualquer acção que perturbe as águas.
Dos movimentos das águas marinhas, as ondas constituem o principal meio
de que o mar se dispõe para desgastar o litoral sobre o qual actua por
abrasão. No seu movimento, as ondas são possuidoras de uma poderosa
energia cinética (força hidráulica) principalmente quando o mar esta
agitado, que é capaz de destruir grandes massas rochosas, arrancando-
lhes fragmentos por vezes de grandes dimensões.

IV.3. CORRENTES MARINHAS


As Correntes marinhas, são movimentos em grande escala de massas de
águas oceânicas ocasionadas por processos vinculados à distribuição de
calor do sol na atmosfera terrestre e na superfície dos oceanos. A
distribuição espacial dos grandes padrões de correntes frias e quentes
nos oceanos está directamente relacionada com esses diferenciais de
temperatura.
O movimento de rotação da Terra também influencia essa distribuição,
assim como a diferente salinidade e densidade das águas. Correntes frias
tendem a movimentar-se no fundo e as quentes na superfície. O exemplo
mais expressivo de corrente marinha é a do Golfo, que se origina no
golfo do México, contorna a península da Flórida e direciona-se para o
hemisfério Norte banhando o litoral norte-americano e parte do litoral
leste da Europa, evitando um congelamento dessas áreas no inverno. No
oceano Pacífico, em intervalos de tempo aproximados de 10 anos ocorre o
fenômeno do El Niño, com um forte aquecimento da superfície do oceano,
provocando, pela inversão das correntes, graves efeitos climáticos em
escala mundial.
A costa marítima (zona limite entre a terra e o mar), encontra-se
constantemente submetida a transformações provocadas pela acção das
correntes marítimas, das marés, das ondas, da abrasão e das flutuações
do nível do mar.

IV.4. MARÉS. TRANSGRESSÕES E REGRESSÕES MARINHAS


As observações vulgares, mostram-nos que o nível das águas do mar pode
aumentar ou diminuir. No plano sedimentológico e à escala do tempo
geológico, a elevação do nível do mar determina uma transgressão marinha
(vulgarmente chamada por maré alta), que numa serie ou coluna
estratigráfica traduz-se por uma sequência positiva. O abaixamento do
nível das águas do mar, determina uma regressão marinha (vulgarmente
chamada por maré baixa), que provoca uma erosão continental,
correspondente a uma sequência estratigráfica negativa.
As marés são provocadas pelas forcas de atração exercida pela lua e pelo
sol sobre a terra. Apesar das suas pequenas dimensões, a lua exerce uma
grande influencia sobre o mar por se encontrar próximo da terra enquanto
que o sol embora sendo enorme, a sua influência é menor pois a distancia
que o separa da terra é maior.
A distância vertical entre o nível máximo e mínimo das águas marinhas,
denomina-se amplitude da maré. O período de uma maré é o intervalo de
tempo percorrido entre duas marés sucessivas.
O aumento do nível medio das águas do mar, deve-se ao aumento de gás
carbónico na natureza que por sua vez aumento a temperatura da terra, a
acção erosiva dos mares, as perturbações provocadas pelo próprio homem
bem como a fusão dos glaciares. Para minimizar este fenómeno em alguns
países tem-se adoptado a construção de paredões para estancar a erosão.

IV.5. EROSÃO MARINHA


Tal como a acção dos ventos, dos rios e dos glaciares, o mar exerce a
sua acção modeladora sobre o litoral pela erosão. No início, a erosão é
feita por desgaste dos materiais e posteriormente o transporte e a
consequente acumulação.
Os factores que condicionam a erosão marinham são:
A intensidade dos ventos do mar,
A natureza e a estrutura das rochas,
A forma do relevo costeiro e a presença dos fragmentos mobilizados pelas
ondas. O processo mais eficaz da erosão marinha é a abrasão.

IV.6. TRANSPORTE DOS SEDIMENTOS MARINHOS. FORMAS LITORAIS DE


SEDIMENTAÇÃO
A maior parte das partículas geradas pelo intemperismo e erodidas nos
continentes são depositadas nas áreas oceânicas, embora possam também
vir de outros processos como nos mostra a figura abaixo.

Grande parte dos depósitos sedimentares marinhos é composta por um ou


vários tipos de sedimentos de origens diversas tais como os precipitados
de sais a partir da água do mar (sedimentos autigênicos), conchas e
matérias orgânicas derivadas da vida marinha e terrestre (sedimentos
biogénicos), produtos vulcânicos e hidrotermais originados das
actividades magmáticas no meio marinho (sedimentos vulcanogênicos), além
de uma pequena quantidade de fragmentos cósmicos, atraídos pela gravidade
terrestre, que se depositam em bacias oceânicas (sedimentos
cosmogênicos).
Todos estes materiais depositam-se ao longo da costa e formam uma cintura
contínua na periferia dos continentes. Podemos considerar a partir da
costa a seguinte ordem de deposição: blocos, calhaus, rolados, cascalhos,
areias e vasas.
Segundo a localização, maior ou menor profundidade e arrastamento da
costa, os sedimentos marinhos repartem-se pelas seguintes categorias:
litorais ou costeiros, neríticos, batiais e abissais.
Os sedimentos litorais ou costeiros, formam-se na plataforma litoral.
Os detritos são dos mais diversos tamanhos e são constituídos por blocos,
cascalhos, calhaus, areias e vasas. Os sedimentos de precipitação
formados nas lagunas ou deltas dos rios, são normalmente depósitos
salinos ou calcários de precipitação.
Os sedimentos neríticos constituem-se até às cotas de 200 metros no
planalto continental. Os detritos são constituídos por cascalhos,
areias, vasas e os de precipitação são algumas vasas calcárias.
Os sedimentos batiais constituem-se para além dos 200 metros sobre o
talude continental, e o seu afastamento pode ir até aos 300 quilómetros
da costa. São constituídos por detritos de pequeníssimas dimensões e
geralmente são vasas argilosas que podem apresentar varias cores como
azuis, vermelhas e verdes
Os sedimentos abissais constituem-se a profundidades para além dos 2000
metros. Denominam-se sedimentos pelágicos por serem constituídos, em
grande parte, por restos de seres planctónicos depositados a grandes
distâncias da costa.
A acção erosiva e de transporte da água é um agente modelador das faixas
costeiras das áreas continentais. As formas litorais resultam de
processos de erosão e deposição.
Na sua acção continua sobre a costa, as ondas provocam a sua destruição,
arrancando-lhe detritos, por vezes de grandes dimensões. Depois de
embater nas falésias (escarpa íngreme, à beira mar, formada pela acção
da erosão marinha) ou de se estender nas praias (porção da costa,
levemente inclinada, entre a linha media mais baixa da maré vazia e a
linha media mais alta da preamar, coberta de areias, pedras ou fragmentos
rochosos que resultam da abrasão marinha sobre o litoral), a agua das
ondas regressa ao ma, originando uma corrente de refluxo que arrasta
consigo uma serie de materiais.
Os maiores e mais achatados são depositados mais próximos da linha de
costa e os mais rolados são arrastados para mais longe. Quando o processo
actua por um período de tempo longo, acaba por cavar cavidades
subterrâneas que diminuem a resistência das falésias, escarpas (rampa
ou declive de terreno, deixado pela erosão, nas beiras ou limites dos
planaltos e mesas geológicas) ou arribas que vão sendo destruídas,
recuando. Este trabalho é facilitado se a rocha apresentar fissuras.
Assim se alarga a plataforma litoral ou plataforma de abrasão (região
da costa que fica a descoberta na maré baixa e coberta de agua durante
a maré alta). Nas zonas da costa onde as rochas não são muito resistentes
à erosão, em pouco tempo, os materiais são facilmente desgastados e
originam praias, que constituem as principais formas de deposição.
As acções conjuntas de erosão, transporte e sedimentação, tendem a tornar
a linha de costa rectilíneo. Quando há um levantamento da linha de costa
ou uma descida do nível do mar, forma-se um terraço marinho ou praia
levantada.
Quando as arribas, escarpas ou falésias são constituídas por material
litológico heterogéneo, de desigual dureza, o trabalho erosivo do mar,
acompanhado do transporte e sedimentação de material arrastado, pode dar
origem a acidentes diversificados como baías, arcos naturais, leixões,
ilhas barreira, etc.

CAPÍTULO –V- ACÇÃO GEOLÓGICA DOS RIOS


CAPÍTULO –V- ACÇÃO GEOLÓGICA DOS RIOS

V.1. ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS


A origem da água segundo alguns historiadores, está relacionada com a
formação da atmosfera, ou seja, a desgaseificação do planeta, que
consiste na liberação de gases por um sólido ou líquido quando este é
aquecido ou resfriado. A geração de água sob a forma de vapor é observada
actualmente em erupções vulcânicas, sendo chamada de água juvenil.
A quantidade de água existente na Terra é imensa sendo o seu volume
estimado em 1,36 bilhões de Km3, dos quais 97,2% fazem parte dos oceanos,
2,15% estão sob a forma de gelo nos nevados e glaciares e só 0,65% se
encontra distribuído pelos rios, lagos e atmosfera.
A circulação que se realiza entre os oceanos, a atmosfera e os
continentes constitui o ciclo hidrológico e realiza-se graças a energia
solar. O ciclo hidrológico representa o contínuo movimento das águas dos
oceanos para a atmosfera e para os continentes e destes para os oceanos.
A água, o principal factor de meteorização, erosão e transporte da
superfície terrestre, pode apresentar-se sob formas diferentes tais
como: águas selvagens (enxurradas), torrentes, rios e marés.

V.2. ACÇÃO EROSIVA DOS RIOS


Os rios e ribeiros, são correntes ou cursos de água, geralmente
permanentes que correm em leitos próprios.
Os rios são os principais agentes modeladores da superfície terrestre.
Na sua função, desgastam as rochas, transportam e depositam calhaus,
areias, lodo, etc. todos os rios, independentemente do tamanho, são
responsáveis pela alteração da paisagem terrestre.
Um rio não é um sistema isolado, ocorre numa região (bacia hidrográfica –
conjunto de um rio principal e todos os seus afluentes), na qual as
aguas seguindo uma direcção convergente o alimentam. Numa bacia
hidrográfica, corre um rio principal e os seus afluentes
A capacidade de erosão e transporte dos rios depende da sua velocidade.
Variações ligeiras na velocidade pode conduzir à mudanças significativas
na quantidade de sedimentos transportados pela água. Vários factores
determinam a velocidade da corrente tais como:
 Declive ou gradiente – Expresso em metros por quilómetros;
 Área de secção do leito – Expressa em metros quadrados;
 Débito ou descarga – Expresso em metros cúbicos por segundos;
 Competência – Expressa em quilogramas por metros cúbicos.
Como a água se desloca por acção da gravidade, o declive do leito é um
factor importante do comportamento do rio. Um leito que se desenvolve
em cascata tem obviamente um comportamento diferente do de um rio que
corre numa planície.
No seu perfil transversal, o comportamento das águas e o aspecto do
leito vão variando consoante o declive, a largura do leito, o débito,
etc. a relação entre o débito, a velocidade e o leito do rio pode ser
expressa pela equação:
Sendo
Onde:
D: Débito (m3/s);
A: Área da secção do leito (m2);
V: Velocidade média (m/s);
L: Largura (m);
P: Profundidade (m).
A forma do canal em secção transversal determina a quantidade de água
em contacto com o canal e por isso afecta a fricção. Os canais mais
eficientes são os de menor perímetro da área da secção do
leito. O débito é a quantidade de água fluindo por um certo ponto em
certa unidade de tempo.
A erosão e sedimentação nos rios é condicionada principalmente pela
velocidade das águas e pela competência.
A velocidade depende, fundamentalmente do declive, da forma e
constituição do leito e, normalmente é maior no centro do que nas margens
e à superfície do que em profundidade. O declive pode ser modificado
quer pela sedimentação, quer pela erosão provocada pelo próprio rio. Uma
elevação do nível superior do rio pode provocar uma variação do declive
que, originado um aumento da velocidade tem por consequência um
agravamento da erosão.
Outro factor que condiciona a velocidade da corrente, para um mesmo
débito, é a área do leito e a sua constituição. Quando o leito é estrito,
a velocidade é maior. Se o leito é largo, a velocidade é menor. Se
apresentar detritos grosseiros, a velocidade da água pode diminuir devido
ao atrito e ao aumento da turbulência junto ao fundo do leito.
A competência do rio, quantidade de sedimentos transportados por unidade
de volume, contribui para a função erosiva do rio. Quanto maior for a
carga sedimentar transportada, maior será a sua capacidade erosiva.

V.3. TRANSPORTE DOS MATERIAIS


Os sedimentos transportados pelos rios podem sê-lo por rolamento,
arrastamento, saltação, suspensão e dissolução (Fig.V.1.). Os sedimentos
dissolvidos são invisíveis.
Fig.V.1.Processos de transporte de sedimentos.
O volume total de detritos que podem ser transportados por um rio
constitui a sua capacidade. A competência e a capacidade de um rio
aumentam na razão directa do aumento de velocidade.
Durante o período de grande precipitação podem ocorrer cheias que
aumentam a capacidade, competência e velocidade da corrente do rio.
Estas situações podem dar origem a autênticas catástrofes.

V.4. SEDIMENTAÇÃO DOS MATERIAIS


Os detritos depositados pelos rios, vulgarmente areia e cascalho,
constituem bancos ou barras de canal, que são amontoados de sedimentos,
ao longo do leito.
A sedimentação ocorre quando o declive e a velocidade diminuem e varia
na razão directa da densidade dos detritos. As partículas em suspensão
e as dissolvidas são as que se mantêm mais tempo por sedimentar.
Um aumento da capacidade do rio pode permitir que os bancos anteriormente
existentes sejam erodidos e se formem novos bancos que aparecem separados
por canais.

V.5. MEANDROS
A simultânea erosão na parte côncava de uma curva de um rio e a
sedimentação na parte convexa da mesma leva à formação de meandros.
Os meandros podem ser alterados devido à modificação da acção erosiva
da corrente. Particularmente durante as cheias, o rio pode formar braços
mortos (Fig.V.2.).
Fig.V.2.Meandros e braços mortos.
Os velhos meandros podem ser abandonados devido a formação de sedimentos
que os separam do braço principal do rio. O meandro abandonado denomina-
se lago em ferradura. Com o tempo esse lago pode ser preenchido por
sedimentos e vegetação.
Geralmente consideram-se dois tipos de meandros:
 Divergentes: são aqueles que se encontram nas grandes planícies, onde
divagam (percorrem), alterando o seu trajecto, aumentando algumas curvas
e abandonando outras;
 Encaixados ou de vale: O traçado é condicionado pela morfologia do
terreno.

V.6. PERFIL LONGITUDINAL DE UM RIO

Uma maneira eficaz de estudar um rio é examinando o seu perfil


longitudinal. Tal perfil é simplesmente uma secção da corrente desde a
área da nascente (denominada de cabeceira) até a foz (desembocadura).
O nível de base é definido como a menor elevação na qual o rio pode
erodir o seu canal. Essencialmente é o nível no qual a desembocadura do
rio entra no oceano, num lago, ou noutra corrente.
O nível de base é importante pelo facto de a maior parte dos perfis dos
rios terem gradiente baixo próximo das suas desembocaduras, devido ao
facto do rio estar a se aproximar à elevação abaixo da qual eles não
poderão erodir o seu leito.
Um grande rio que desagua no mar tem no nível médio das águas do mar o
seu nível de base, em função do qual regula o seu perfil.
Pelo facto de este nível condicionar toda a rede fluvial dos continentes
chama-se nível de base geral. O ponto de confluência de dois cursos de
água funciona para o afluente como nível de base local. Acidentes, como
barragens, naturais ou artificiais, são responsáveis pelo mesmo efeito
regularizador dos troços que ficam a montante do nível de base.
O perfil longitudinal do rio também estabelece o seu estádio de evolução.
À medida que o rio se vai aproximando do seu perfil de equilíbrio, a
erosão vertical ou escavamento do leito vai diminuindo, dando lugar a
um alargamento do rio e a um aumento da sedimentação.
A regularização do perfil faz-se da foz (jusante) para a nascente
(montante). As irregularidades vão desaparecendo, os rápidos recuando,
o mesmo sucedendo às cabeceiras, que vão penetrando na montanha. Esta
progressão da erosão no sentido contrário ao da corrente é denominada
erosão regressiva.
Em geral, um curso de água inicialmente percorre um vale cujo talvegue
(zona mais profunda do leito) tem um perfil longitudinal e muito
irregular, com variações mais ou menos bruscas de declive.
Essas variações podem constituir rápidos, quando há um aumento brusco
de declive ou quedas de água, cascatas ou cataratas, quando ocorrem
grandes desnivelamentos.
Após evolução mais ou menos prolongada e desde que o seu nível de base
se mantenha o tempo necessário, o rio acabará por regularizar o seu
perfil, atingindo o perfil de equilíbrio (Fig.V.3), ou seja quando
desaparecem todas as irregularidades e o trabalho erosivo praticamente
não existe.
Fig.V.3.Relação entre o perfil de equilíbrio do rio e o nível de base.

V.7. REGIME DOS RIOS


As nascentes dos rios são os locais em que os níveis hidrostáticos ou
lençol freático atinge a superfície. Em períodos de estiagem prolongada,
elas chegam a secar, enquanto em épocas chuvosas o volume da água
aumenta, o que demonstra que a água das nascentes é água da chuva que
se infiltra no solo.
Essa variação na quantidade de água no leito do rio ao longo do ano
recebe o nome de regime. Se as cheias dependem exclusivamente da chuva,
o regime é pluvial; se dependem do derretimento da neve, é nival; se
dependem de geleiras é glacial. Muitos rios apresentam um regime misto
ou complexo, como no Japão, onde os rios são alimentados pela chuva e
pelo derretimento da neve das montanhas.

V.8. EVOLUÇÃO DOS RIOS


Conforme o estádio evolutivo verificado num rio, assim se poderão
considerar fases de juventude, de maturidade e senilidade.
Na fase de juventude predominam a erosão e o transporte. O perfil
longitudinal é irregular e o declive é acentuado e irregular, permitindo,
muitas vezes, a formação de rápidos.
A fase de maturidade é caracterizada pela grande capacidade de
transporte. O declive é menos acentuado e os vales são profundos e muitas
vezes apertados. O perfil longitudinal apresenta-se mais regularizado.
A fase de senilidade é caracterizada pela existência de vales amplos com
as vertentes bastante afastadas e degradadas. Predominam os fenómenos
de sedimentação, originando extensas planícies resultantes da agradação,
isto é, do assoreamento pela sedimentação fluvial.
As fases evolutivas de um rio podem ser alteradas devido ao abaixamento
ou subida do nível de base geral. O nível de base pode variar por uma
descida ou subida do nível do mar, por alterações climatéricas
significativas ou por elevação dos vales fluviais.
Nestas circunstâncias, toda a actividade fluvial rejuvenesce. Os
primeiros efeitos verificam-se junto à foz: aumenta o declive e a erosão
regressiva acabará por atingir toda a rede fluvial, procurando
restabelecer o anterior perfil de equilíbrio.
As vertentes voltarão a recuar e aparecem novas planícies aluviais. Nas
planícies aluviais, o rio, por erosão, cava um novo leito, provocando a
formação de degraus ou terraços fluviais.
A continuação da evolução fluvial pode criar novas planícies aluviais a
níveis inferiores. Esta repetição é a causa da existência de vários
níveis de terraços fluviais. Os rios terminam no mar de formas diversas
tais como: Estuários e Deltas.
Os estuários constituem o troço final dos rios sujeitos a acções
continentais e marinhas. Em consequência, a sedimentação é determinada
pela inversão do sentido das marés, duas vezes por dia, de que resulta
a alternância de fenómenos de erosão e sedimentação.
Os estuários podem produzir a acumulação da areia ligada à faixa litoral
por uma das extremidades e com a outra livre formam uma restinga ou
cabedelo. Por vezes, os sedimentos aluviais formam cordões litorais
denominados barras ou lombas, que fecham lagunas que acabam por ser
assoreadas ou então fazem a ligação entre uma praia e uma ilha,
constituindo um tômbolo.
A formação de deltas na foz dos rios reflecte-se em diversos aspectos
da acumulação dos depósitos sedimentares (Fig.V.4). Em geral, a
sedimentação é intensa e pressupõe uma estabilidade relativa do litoral.
Muitos deltas são caracterizados pela existência de numerosos canais,
através dos quais os sedimentos aluviais são distribuídos.
Os depósitos fluviais têm uma grande importância do ponto de vista
socioeconómico de qualquer país. Muitas planícies de inundação contêm
meandros abandonados e lagos com depósitos de material argiloso e matéria
orgânica, estes últimos dando origem às turfeiras. A sedimentação nestas
zonas é muito importante para a humanidade, devido à fertilidade dos
sedimentos depositados por rios que a produção de algumas culturas.
Os rios são vias de ligação e transporte entre várias localidades.
Fornecem alguns alimentos ao homem. Em alguns rios são encontrados
minerais de especial valor económico como ouro, diamante e cassiterite,
os quais são transportados e depositados com areias e seixos.

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