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Dezembro 2022 - v. 2 n.

1 (2022)

técnica
IBAPE - PE L
Publicação Semestral

REVISTA
especial: manutenção predial em condomínios
engenheiro homenageado: Eli Andrade da Silva

ARTIGOS
técnicos

IBAPE
ando

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IBAPE-PE

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O IBAPE-PE
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Ações educativas voltadas
à preservação da vida
Diretoria 2022/2024
Engenheiro Civil Gustavo Reis de Farias

Expediente Presidente do IBAPE-PE


Engenheiro Civil Wellington de Oliveira Martins
Vice-presidente do IBAPE-PE
Engenheira Agrônoma Priscilla Ferreira Martinelli
Diretora Administrativa Financeira
A Revista Técnica do IBAPE-PE é Engenheiro Civil Ailson Alves de Souza
uma iniciativa do Instituto Bra- Diretor Técnico
Engenheiro Eletricista Florencio Absalão da Silva Filho
sileiro de Avaliações e Perícias Diretor Administrativo
de Engenharia de Pernambuco Engenheira Civil Everdelina Roberta Araújo de Meneses
Diretora de Interiorização
(IBAPE-PE). Os artigos aqui publi-
Engenheiro Civil Frederico de Vasconcelos Brennand
cados são de inteira responsabili- Diretor de Relações Institucionais
Engenheiro Civil Paulo Henrique de Souza Leitão
dade dos seus respectivos autores.
Diretor de Relações com o Mercado
Engenheiro Civil Irlan Leonard de Lima Nascimento
Diretor de Relações com Associados
Engenheiro Civil Tácito Quadros Maia
Diretor de Ensino
Engenheira Civil Geise Cristiane Vieira Pedrosa
Diretora de Eventos
Engenheiro Civil Bento Júnior dos Santos Pinto
Engenheiro Civil Ivan Carlos Moura da Cunha
Suplentes da Diretoria

Conselho Fiscal 2022/2024


Engenheiro Civil Luiz Carlos dos Santos Borges
Edição: v. 2 n. 1 (2022) Engenheiro Civil Afonso Machado de Farias Filho
Engenheiro Eletricista Jarbas Morant Vieira
Periodicidade: Semestral
Projeto Gráfico: Camila Martinelli Conselheiros perante o CREA-PE
Ilustrações: Camila Martinelli/Freepik Titulares
Engenheira Civil Adriana Palmério Silva
Imagens: Autores dos artigos técnicos Engenheiro Civil Isaac Sérgio Araújo de Brito

Revisora: Priscilla Ferreira Martinelli Suplentes


Engenheiro Civil Nilson Oliveira de Almeida
Engenheiro Civil Wellington de Oliveira Martins

INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES Conselho Editorial


E PERÍCIAS DE ENGENHARIA DE Advogada Claudine Áurea Guimarães Sampaio Maia MSc.
PERNAMBUCO (IBAPE-PE) Engenheiro Civil Bruno Marinho Calado MSc.
Endereço: Av. República do Líbano, n° 251, Engenheiro Eletricista Clóvis Correa de Albuquerque Segundo MSc.
Engenheiro Agrônomo Edgo Jackson Pinto Santiago Dr.
Torre 3, Sala 2801, Pina – Recife/PE
Engenheiro Eletricista Florencio Absalão da Silva Filho MSc.
CEP 51110-131 Engenheiro Civil Frederico de Vasconcelos Brennand MSc.
Telefone: (81)3036-5181 Engenheiro Civil Luiz Carlos dos Santos Borges MSc.
Engenheiro Civil Luiz Fernando Bernhoeft MSc.
E-mail: ibape-pe@ibape-pe.org.br
Engenheiro Mecânico Marcos Antunius de Carvalho Dias MSc.
Site: www.ibape-pe.org.br Engenheiro Civil Rubens Alves Dantas Dr.
Filiado ao IBAPE – Engenheiro Civil Tácito Quadros Maia MSc.
Entidade Federativa Nacional Engenheiro Civil Waldson Marcelo dos Santos Silva Dr.
editorial mais de 40 profissionais, com uma forte
presença dos associados do IBAPE-PE
dentre eles. Para o evento tivemos o
apoio de nossos parceiros do sistema
CONFEA, CREA e MÚTUA, além de
outros que acreditaram na nossa pro-
posta e tornaram este evento uma re-
alidade, que agora estará fixado no ca-
lendário com periodicidade bianual.
Os desafios não param, dentre nossas
propostas ainda estão a ampliação e di-
versificação de nosso quadro associati-
vo e a alteração do estatuto para tornar
o instituto mais moderno e inclusivo,
projetos que vêm sendo desenvolvidos
e que esperamos deixar concluídos até
Gustavo Reis de Farias o fim do nosso mandato em 2024. As
Presidente do IBAPE-PE interlocuções com outras entidades e
órgãos de conselho e da administração
pública também estão em nossa pauta,
Caro leitor, no intuito de defender nossas ativida-
Inicio esse texto com uma enorme des e enaltecer nossos profissionais,
alegria, pois se você está podendo fazer notadamente na Avaliação e Inspeção
essa leitura, significa que conseguimos Predial, mecanismos tão importantes
atingir mais um objetivo desta gestão, no desenvolvimento da cidade e da so-
iniciada nesse ano de 2022, que é a ma- ciedade.
terialização do segundo volume da Re- Por fim, gostaria de agradecer ao empe-
vista Técnica do IBAPE-PE, importante nho de toda a diretoria nas suas respec-
ferramenta para nossos profissionais tivas atividades, que se esforçam com
exporem ao mundo seus artigos técni- o seu melhor para tornar o IBAPE-PE
co-científicos que corroboram com um uma referência nas atividades técnicas
dos pilares do IBAPE-PE, o de difundir de engenharia no País, e, por último, de-
conhecimento. Aqui temos orgulho em sejar aos leitores que aproveitem esses
apresentar artigos de qualidade sob a conteúdos, divulguem e interajam co-
gestão de um conselho editorial de alto nosco, enviem suas dúvidas, sugestões e
gabarito e da revisão da excepcional di- críticas através de nossos canais oficiais
retora financeira Priscilla Martinelli. e redes sociais.
O primeiro ano da nossa gestão está Tenham todos uma excelente
sendo gratificante, pois além do se- leitura!
gundo volume da nossa revista técni-
ca, conseguimos realizar o desejo an- Gustavo Reis de Farias,
tigo de trazer Pernambuco de volta ao
é Engenheiro Civil, especialista em
cenário dos grandes eventos técnicos
Avaliação, Auditoria e Perícia, Só-
com o SEAD - Seminário de Engenharia
cio-diretor da Valor Engenharia
de Avaliação e Diagnóstica, que contará de Avaliação e Perícia e Presidente
com a presença de bons seminaristas IBAPE-PE 2022/2024.
6 aliada a palestrantes de alto nível, com
Palavra do Presidente
do IBAPE Nacional
O IBAPE Nacional está presente hoje em 24 O Instituto vem incentivando a Certifi-
estados e no Distrito Federal mostrando uma cação Profissional de Avaliação iniciada em
forte presença e permeabilidade. O trabalho 2016 pelo IBAPE e estamos hoje com 130
de nossos profissionais é reconhecido como profissionais certificados, associados ou
de alta qualidade técnica pelos demandantes não da entidade. O 10º Certame de Cer-
de serviços de perícia e de avaliação, como os tificação ocorreu em 27/out/2022 com 37
bancos de crédito imobiliário, fundos de inves- inscritos.
timento imobiliários, órgãos públicos, empre- No ano de 2023 teremos o nosso XXII
sas particulares e judiciário. Congresso de Avaliação e Perícia de Enge-
Com grande prazer estamos participando nharia (XXII COBREAP) na cidade de São
do Volume 2 da Revista Técnica do IBAPE-PE. Paulo nas datas de 11 a 15 de setembro.
Parabenizamos o Presidente Gustavo Reis de Não percam a oportunidade de ver as últi-
Farias e sua Diretoria pela gestão administrati- mas novidades técnicas da área de avaliação
va e financeira profícua, assim como pelas ativi- e perícia, apresentação de trabalhos, pales-
tras de renomados nomes do segmento e
dades de capacitação e qualificação técnica dos
o mais importante, a interação e network
profissionais de avaliação e perícia. Seminários,
com os colegas.
cursos, palestras, lives garantem o envolvimen-
Estamos muito próximos do sistema
to e o aprimoramento dos colegas do nosso
Confea/Crea/Mútua, inclusive atuando na
segmento de engenharia.
Comissão Temática de Engenharia de Ava-
Estamos trabalhando junto a Entidades Go- liação e Perícia, apoiando a fiscalização de
vernamentais e outras (CVM, SPU, INCRA, Jus- trabalhos feitos por profissionais fora do
tiça Federal e Estadual, CNJ etc.), para fazer va- sistema Confea/Crea evitando o exercício
ler nossa qualificação técnica nas avaliações de ilegal da profissão e protegendo a socieda-
bens, com fundamentação lastreada nas norma- de de obras e serviços que gerem insegu-
tivas da Associação Brasileira de Normas Téc- rança física e jurídica para os cidadãos.
nicas (ABNT), governança com independência
Desejamos sucesso ao IBAPE/PE na
do profissional de avaliação, rastreabilidade e
jornada institucional e contem com o
auditabilidade mostrando aos tomadores de
apoio do IBAPE Nacional.
serviço as vantagens da qualidade de um Lau-
do de Avaliação emitido por um profissional Eng. Químico Amarilio S. Mattos
de Engenharia de Avaliação. Presidente do IBAPE Nacional

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especial
Revista técnica do IBAPE-PE

Manutenção Predial
Por Ivan Carlos Moura da Cunha
Engenheiro Civil – Consultor e Perito em Engenharia e Mobilidade Urbana

Um condomínio, residencial, comer- precisam ser observados por síndicos,


cial ou misto, por si só, já é um grande administradores e proprietários.
problema de se administrar. Moradores São eles:
e/ou empresas que se agrupam em um
condomínio têm interesses, compre- 1. No período após a entrega da edi-
ensões e motivações distintas. Isso se ficação pelo construtor devem ser
reflete nos não raros conflitos que pre- observados os prazos e garantias
cisam ser administrados. dos sistemas da edificação. Esses sis-
A manutenção predial é um desses temas são todos os componentes da
conflitos e se constitui numa “dor de edificação: estruturas, alvenarias, re-
cabeça” para síndicos, administradores vestimentos, esquadrias, instalações
e proprietários de imóveis. Às vezes, da elétricas, instalações hidrossanitá-
parte dos síndicos e administradores, rias, elevadores, sistema de incêndio,
outras vezes da parte dos moradores dentre outros. Com o advento do
e/ou proprietários, há o conflito de en- conjunto de Normas de Desem-
tendimentos sobre realizar uma manu- penho da ABNT NBR 15.575/2013
tenção ou fazer um outro investimento ficou latente a obrigatoriedade do
fornecedor de serviço de engenha-
na edificação.
ria caracterizar o desempenho dos
Com relação às manutenções nas
componentes, elementos ou siste-
edificações, faz-se necessário o escla-
mas fornecidos, o que pressupõe a
recimento sobre as responsabilidades
necessidade de ser fornecido tam-
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8
8
envolvidas. Grosso modo a manuten-
ção predial tem três aspectos que
bém o prazo de vida útil previsto
Revista técnica do IBAPE-PE

para o bem fornecido, os cuidados na ope- a) edificações com menos de 25 anos,


ração e na manutenção do produto, etc. a cada 05 anos
Devem também ser fornecidos resultados b) edificações com mais de 25 anos
comprobatórios do desempenho do pro- e edificações públicas e comerciais, a
duto com base em normas internacionais cada 03 anos
ou estrangeiras compatíveis. Em síntese,
é extremamente relevante que se A lei prevê ainda, que na vistoria su-
cobre dos construtores/incorpora- pracitada deverão ser observados os
dores o manual de uso e operação seguintes sistemas:
e manutenção da edificação. A não a) fundações, pilares, lajes e fachadas
entrega do manual pelos construtores/ b) instalações elétricas e hidráulicas
incorporadores, pode estender garantia de uso comum
por falta de especificação. Por outro lado, c) estado de conservação de sistemas
o desrespeito às especificações contidas de combate a incêndio
nesse manual pode ensejar a perda de ga-
d) estado de conservação dos reser-
rantia.
vatórios de água e casa de máquinas
2. Como foi dito, cabe ao usuário da edi-
e) estado de conservação do sistema
ficação habitacional, proprietário ou não,
de esgotamento sanitário
utilizar corretamente a edificação, não re-
alizando sem prévia autorização da cons- f) estado de conservação dos siste-
trutora e/ou do poder público alterações mas mecânicos e de potência (eleva-
na sua destinação, nas cargas ou nas soli- dores, escadas rolantes, grupos ge-
citações previstas nos projetos originais, radores, subestações, climatizadores
além das manutenções previstas. Mas não etc.), quanto à segurança e funciona-
é bastante apenas contratar um serviço lidade
de manutenção. É importante registrar as
manutenções preventivas de acordo com Portanto, está claro que os construto-
o estabelecido no Manual de Uso,  Ope- res, com a nova legislação e normas es-
ração e Manutenção do imóvel e nas pecíficas, são responsáveis pela qualidade
normas NBR 5674 e 14037, sob pena de dos serviços que são entregues aos usu-
também  PERDER GARANTIAS  que ários. Mas proprietários, síndicos e admi-
seriam de responsabilidade do fornece- nistradores de condomínios têm grande
dor do serviço de engenharia. responsabilidade, tanto na necessidade de
cobrar as exigências legais relativas aos
3. Especificamente em Pernambuco, construtores, como em obedecer a previ-
em função da Lei 13.032/2006, que sões legais e em manuais de uso das edi-
também confirma a responsabilidade ficações, além da obrigatoriedade de con-
dos construtores, reforçando a neces- tratarem vistorias e inspeções periódicas,
sidade de fornecimento de um Manu- as manutenções preventivas e manuten-
al de Uso, Operação e Manutenção, ções decorrentes dos indicativos dessas
está prevista a  obrigatoriedade de vistorias. 
vistorias periciais e manutenções Vale salientar a importância de se
periódicas, em edifícios de aparta- contratar profissionais das áreas de
mentos e salas comercias, nas seguin- engenharia, habilitados e registrados
tes situações/condições: no Conselho Regional de Engenha-
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ria e Agronomia - CREA, para realiza- Com esses cuidados,  proprietários, sín-
Revista técnica do IBAPE-PE

ção das vistorias, inspeções e coordenação dicos e administradores de condomínios


das manutenções, preventivas e corretivas, terão a tranquilidade de não serem respon-
sempre com o devido registro de cada ser- sabilizados civil e criminalmente por omis-
viço realizado, junto ao Conselho, através são em cumprir a legislação que estabelece
da Anotação de Responsabilidade Técnica - as responsabilidades, já citadas. Além disso,
ART, que é o documento que certifica que o com as inspeções e manutenções preventi-
profissional está apto para realizar a ativida- vas, mesmo que gere a necessidade da con-
de contratada, bem como para proteger os tratação de profissionais, ao longo do tem-
contratantes de eventual falha ou negligên- po, diminuirá os gastos com manutenções
cia, uma vez que os engenheiros estão sujei- corretivas, sempre com custos mais eleva-
tos ao Conselho de Ética da CREA. A ART dos, e, em muitos casos, com a depreciação
deve ser exigida dos profissionais con- definitiva dos elementos que compõem os
tratados para proteção dos contratantes. sistemas da edificação.
Fica o alerta!!!

Esteja junto
aos melhores e
seja diferenciado
no mercado!
Seja sócio!

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ibapeando
Revista técnica do IBAPE-PE

Método Involutivo - um
olhar “autodeclaratório”
Por Leonardo Coimbra
Engenheiro Civil - Diretor Técnico da Planner Consultoria e Planejamento

Aos “marujos dessa Caravana Avalia- abordagem, mas qualquer delas que se
tiva” que vai do Leme ao Pontal, quero fundamente em modelagens econômicas,
(d)enunciar que, realmente, não há nada extremamente susceptível a ansiedades,
igual. E de antemão já vou avisando: “Não expectativas e olhares “sempre muito
dá para chamar o Síndico!”, ele nem exis- especiais”. Naturalmente, ninguém tem
te! Cuidado mesmo é com os cínicos do “Caleidoscópios Futuristas” que consi-
mercado imobiliário, que querem mesmo gam olhar, principalmente em épocas de
é vender “Oráculos de Valor.xlsx”, cada “movimentos pós–covid”, como nosso
vez que lhes pedem uma “Opinião 4.0”... mercado imobiliário irá se (com)portar,
Bom, ironias à parte e já medindo des- além das já sabidas máximas de não – li-
culpas por elas - apenas para “compor nearidade e imperfeição (bem descritos
uma de elegante” – quero de pronto tra- nos manuais microeconômicos mais em-
tar de meu incômodo com o nosso tão poeirados).
bem alardeado Método Involutivo, que Apenas por uma questão didática, lem-
como toda boa solução “geneticamente bro que as avaliações por involução par-
modificada”, tem muita vontade impreg- tem do princípio de que desejamos ava-
11 11 nada, o que claro, torna, não apenas essa liar parcela de terra (lote, terreno, gleba
Revista técnica do IBAPE-PE

etc.) e que, para nossa infelicidade, não “Tô” aqui falando em bom português e/ou
há elementos comparativos razoáveis parco inglês, que teremos que supor, de for-
a serem utilizados. Apenas um apêndice ma estruturada em um fluxo de caixa, toda
(talvez uma apendicite) ao nosso deba- a implementação e comercialização do nos-
te aqui posto, a frase acima posta “...ele- so dito projeto paradigma, levando em con-
mentos comparativos razoáveis para se- sideração a seguinte lista de inputs:
rem utilizados...”, nos dias de hoje, ainda
soa como uma “sofisticação monótona”, Estimativa de custos de construção;
própria apenas dos caciques da nossa en-
genharia de avaliações, todos grandes “al- Estimativa de Custos de Incorpora-
quimistas do amanhã”. Digo isso, pois tem ção;
muito “pajé avaliador” comparando limão IVV;
com ferro gusa e ajustando isso por al-
Custo de Oportunidade;
guma “Dicotômica disruptiva”, aprendida
em cursos de instagram... Risco;
Voltando ao nosso terreno singular, Estimativa de VGV;
este sem paralelos possíveis, ao optarmos
pela abordagem por Involução, iremos re- Estimativa de planejamento de im-
cair em uma necessidade normativa de, plantação;
ficticiamente, incorporar um projeto pa- Estimativa de planejamento de co-
radigma ao nosso lote, para então – sem mercialização;
entrar em filigranas metodológicas – fa- TMA, TIR,VPL, Payback (tem mais
zer uma “conta de traz pra frente”, des-
coisa);
contando os fluxos financeiros hipoteti-
camente gerados (negativos e positivos)
durante a realização do projeto (econô- Aqui trago os fundamentos mais essen-
mico, não apenas de engenharia!), para ao ciais (haveria mais a tratar) para um dese-
fim e a cabo, chegarmos ao valor econô- nho de modelo econômico a ser desconta-
mico do nosso ativo. do a valor presente, para fins de estimação
Relendo esse parágrafo acima, além de do valor econômico do nosso terreno...
falta de ar, confesso aqui umas 4 palpita- Já usei “3 pontinhos” nesse artigo – até ago-
ções estranhas. Talvez uma palavra acima ra – umas 5 vezes, não sem razão...
tenha passado ao largo da leitura, como Engenheiro constrói casa, barragem, ro-
toda boa “pegadinha”, e aí mora o peri- dovia, prédio, não fluxo de caixa. Fluxo de
go... caixa dinâmico, com descontos a valor pre-
A palavra “incorporar”, aqui não se li- sente de seu custo de oportunidade + ris-
mita ao escopo técnico de realizar a “ar- co (Simulação de Monte Carlo? Hã?) é uma
voração” do projeto imobiliário, de forma boa dica para quem estiver com excesso de
estanque e hermética. Aqui “incorporar” estoque capilar.
traz em seu DNA elementos de Inteli- Calma que ainda vem a “cereja do bolo” e
gência de Mercado - sofisticadamente em inglês!!
nominados de REAL ESTATE – que im- Todo esse conjunto de simulações deve
põem ao nosso olhar de gestor de proje- ter como “mantra fundamental” o interna-
tos, dimensões de análise que extrapolam cional “Highest and best use”, e que tudo
nossos capacetes... mais vá pro inferno...
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Agora “deu ruim”, como dizemos “no- E o método, per si, garbosamente ainda
Revista técnica do IBAPE-PE

sotros”. Essa premissa estrangeira, nos se autodeclara “involutivo”, vejam só, suge-
informa que, para cada projeto para- rindo toda sua “pegada metodológica de re-
digma a ser adotado em abordagens por trovisor”, que nós, “trivialistas normativos”,
involução, deveremos lançar mão do achamos que se resolve em alguma alínea
maior e melhor uso do potencial eco- “b”. Nada além de engenharia cartorial...
nômico do capital terra estudado, uma Bom, são essas algumas das minhas críti-
vez ser esta avaliação fundamentada cas, incômodos, medos e preocupações. Leia
em elementos de análise econômica, a esse artigo e depois vá no Google tentar
serem dispostos no já mencionado fluxo comprar uma “Planilha para elaboração de
de caixa hipotético. Avaliação por Método Involutivo 4.0”, deve
Na boa, isso requer um robusto trabalho ter umas 666. Não me sinto (in) formado
de pesquisa em REAL ESTATE, voltado para para tamanha audácia, mas vejo muita gente
as vocações e peculiaridades de cada região, bacana (principalmente nossos hermanos da
tanto de forma conjuntural quanto estru- terra da garoa) tratando isso como “favas
tural, olhando curto, médio e longo prazo, contadas”.
com vários cenários. Alguém pode ainda perguntar se eu só
O nosso olhar de engenheiro, acostuma- faço reclamar. Digo que sim, pelo menos
do a estourar orçamentos, não controlar por enquanto. Mediano que sou, engenhei-
custos, achar um saco planejar e ser um ro que sou, responsável que aprendi a ser,
eterno apaixonado em resolver broncas, procuro me manter restrito continentes
não é domesticado para tal conjunto de das minhas limitações, sem maiores campos
perspicácias econômicas “para além da pró- de arbítrio ou “novas novidades”, para não
xima trenada”... ter que viver “um laudo de sonhos” e ter a
vida inteira para me arrepender...

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Eli Andrade da Silva
engenheiro homenageado
Revista técnica do IBAPE-PE

Pai, Avô, Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho,


Estudante de Direito, Conselheiro do CREA, Maçom,
Pescador, Rubro-Negro e Americano de Coração

Por Juliana e Renato Andrade

Eli Andrade, como era conhecido no o curso de engenharia. Nesse mesmo


meio da engenharia, nasceu em 12 de tempo, foi convocado para o exército e
abril de 1953. Natural de Recife/PE. Fi- seguiu com o batalhão para a divisa do
lho dedicado de Afonso e Ana. Irmão de país. Entrou para o CPOR e lá aprendeu
Teté, Nei, Nita, Lene e Edson. Eli nasceu valores como patriotismo, civismo, dis-
e viveu com os pais e irmãos, na mesma ciplina e coragem. Descobriu a paixão
casa, no bairro de Areias, até se formar pela artilharia e se orgulhava ao exibir
engenheiro. a espada do CPOR, presente de forma-
Aos 5 anos de idade já dizia que seria tura da sua irmã Nei. Desde muito jo-
engenheiro ou piloto de avião. Nascido vem era fascinado por história, especial-
em um lar muito humilde, os brinque- mente sobre a Segunda Guerra Mundial.
dos eram construídos com latas de me- Vietnã foi a que mais o emocionou e
tal ou tijolos de barro. Na adolescência, se arrepiava quando ouvia a música “Era
adorava desenhar a planta da casa onde Um Garoto Que Como Eu Amava os
morava. Ia andando a pé para a escola Beatles e os Rolling Stones” de Enge-
e o lanche mais comum era pão com nheiros do Havaí.
goiabada. Aos 19 anos regressou à universidade
Aos 17 anos passou no seu primeiro e transferiu o curso para a Universidade
vestibular de Engenharia Civil, na reno- Católica de Pernambuco. Fase de muito
mada Universidade Federal de Pernam- sacrifício.Tinha apenas duas calcas jeans,
buco. Nessa época, não era permitido estilo faroeste, também presente de sua
menores de idade cursarem a faculda- irmã Nei. Sempre uma no corpo e ou-
de. Aos 18 anos, passou novamente no tra no varal. Nos dias de chuva era um
mesmo vestibular na UFPE e iniciou aperreio.Vendia passarinhos e dava aulas

14 14
de matemática, assim arrecadando recursos laborou em diversos projetos, foi mentor de
Revista técnica do IBAPE-PE

para pagar a faculdade. Ele também con- colegas e amigos, assim expandindo a sua
tou com o apoio dos pais, esposa, irmãos e rede de relacionamentos.
amigos ao longo da sua carreira. Seu cunha- Ao longo dos anos desenvolveu um inte-
do Yasu e sua irmã Nita compartilhavam resse pelas Leis e iniciou o curso de Direito
do mesmo interesse tanto na engenharia, na Universidade Católica de Pernambuco. O
quanto na cultura japonesa. Trabalhava du- seu maior objetivo era agregar ainda mais
rante o dia na construtora Souza Luna e a valor à Engenharia. Em 2021, faltando apenas
noite ia para a faculdade. Por diversas vezes 3 cadeiras para se tornar bacharel em Direi-
perdeu a parada do ônibus por usar o tem- to, trancou a faculdade para se concentrar
po da viagem para descansar, após noites de no tratamento de câncer de pâncreas e no
estudo. Arrumou solução fazendo amizade pouco tempo que tinha com aqueles que ele
com o motorista do ônibus e assim tendo mais amava.
ajuda para acordar. Nos dias que não cochi- No ano de 1977, após 7 anos de namo-
lava, observava como o motorista conduzia ro, se casou com Ana Tereza. Ele se apaixo-
o ônibus e dessa forma aprendeu a dirigir. nou pela menina com as pernas mais lindas
Se formou em Engenharia Civil no ano de do bairro e que foi a sua companheira por
1979 e concluiu a pós-graduação em Enge- mais de 40 anos. Tiveram dois filhos, Juliana
nharia de Segurança do Trabalho em 1980. e Renato e juntos foram abençoados com
Ouso dizer que a engenharia foi a sua maior 5 netos. Gigi, Leo, Luca, Nico e Oli. Fazia
paixão. Dedicou uma vida em busca de de- constante ponte aérea entre Recife e Bos-
senvolvimento contínuo, aprendizado cons- ton para se fazer presente em todos os mo-
tante e segurança para a sociedade. Tra- mentos importantes de cada um. Festas de
balhou três décadas na Construtora OAS aniversário, formaturas, nascimento dos ne-
onde teve a oportunidade de levar o seu tos e feriados. Durante as viagens aprovei-
conhecimento e fortalecer relacionamen- tou para conhecer um pouco da engenharia
tos por diversos estados do Brasil, como americana, chegando a visitar a obra de um
São Paulo, Roraima, Maranhão e Pernambu- prédio em andamento. Era fascinado pelo
co. Foi cofundador da Herkos Engenharia método americano de projetar os trabalhos
por cinco anos, no estado de Pernambuco como, por exemplo, o uso do concreto e das
e colaborou em projetos da Pernambuco grandes estruturas metálicas. Desde muito
Construtora. Engenheiro e conselheiro as- jovem era fascinado pela língua inglesa. Fez
síduo no CREA. A paixão pela Engenharia aulas de inglês no Brasil e 3 meses em Bos-
era tanta que participou de reuniões on-li- ton, onde aprendeu a apreciar o frio de 0ºC!
ne na noite prévia a cirurgia de câncer e du- Achava a neve belíssima e dizia que frio era
rante todo o tratamento de quimioterapia. psicológico!
Se sentia alegre e energizado em contribuir Com muito esforço e dedicação, há mais
e colaborar. Seu raciocínio logico e exato, de 25 anos, projetou e executou a obra da
foco, dinamismo e dedicação foram deter- sua casa na praia, em Serrambi. Chamava a
minantes na execução de grandes e relevan- propriedade de paraíso e deu nome de Paço
tes projetos de infraestrutura. Dentre eles, do Lumiar. Como um bom engenheiro, al-
com muito orgulho, estavam grandes ro- guns anos depois, refez tudo. Sua última obra,
dovias (BR-101), Aeroportos (Guarulhos), durante o tratamento de quimioterapia, foi a
Usina Hidrelétrica (Belo Monte), Porto (Su- piscina na casa de Serrambi, a qual sonhou
ape), túnel, Shopping Center (Tacaruna) e em ter quando os netos pudessem aprovei-
até Supermercados (Hiper Bompreço Casa tar. Assim o seu sonho foi realizado!
15 Forte). Fundou a EA Consultoria onde co-
Conhecido como o Tampa, era amigo
Revista técnica do IBAPE-PE

brabo e fiel. Paciência mandava lembrança


de vez em quando. Como um bom ariano,
era teimoso e impulsivo, fiel e divertido. O
sorriso largo era a sua marca registrada.
Espírito aventureiro e generoso. Cultivou
relacionamentos de longas datas. Amigos
engenheiros e de fé como Fernandinho,
Paulete, Marcone e Joel, o acompanharam
na jornada. Romântico e amante de boa
música como canções de Roberto Carlos,
Tim Maia, Renato e Seus Blue Caps e Bee
Gees. Protetor dos animais, o gato Mingau
era seu companheiro. Adorava uma roda de
poker e dominó nos finais de semana. Pes-
caria era a sua terapia quando estava sozi-
nho e diversão quando os amigos roubavam
as suas iscas vivas para petiscar. Noites e
Domingos de Fórmula 1 era motivo de di-
versão. Amante das viagens, fez do aero-
porto a sua segunda casa. Leitura era vício.
Maçonaria uma religião. Apreciava a nature-
za, adorava plantar sementes e cuidar das
plantas. Curtia ouvir e tocar instrumentos
com os seus netos. Criou seus filhos para
o mundo. Rubro-negro de coração, vibrou
com o Sport Club do Recife ao longo da
vida e adorava criar polêmica nos grupos.
Chamava Pernambuco de Capital do Bra-
sil. Deixou muita saudade e está vivo em
muitos corações. Em suas próprias palavras,


sobre o seu legado, disse:

Ao longo da minha vida profis-


sional, somei experiências nos
inúmeros projetos dos quais tive
a honra de participar nas várias
regiões do país. Mesmo assim,
para somar valores, continuo

buscando novos desafios, pois o
mundo se renova a cada instan-
te.
Eli Andrade.
De cima para baixo:
Eli e sua esposa, Ana Tereza / No CPOR /
Na “obra” / Na Maçonaria / Turma de
16 Engenharia da UNICAP / Em Boston – EUA
A atuação do engenheiro
opinião
Revista técnica do IBAPE-PE

de segurança do traba-
lho como Perito Judicial
Por Hugo Duarte Vilar1

As perícias judiciais, por si só, já re- Nas engenharias civil, mecânica, elétri-
portam a um entendimento de que ca e agronômica etc., os fatores humanos
para fazê-la, é necessário conhecimen- e sociais, na maioria das vezes, são com-
to específico, adquirido na academia e plementares ou secundários, e correm
na experiencia prática do dia a dia. Mas em paralelo na dissertação e respostas às
a perícia, em termos, não apenas signi- assertivas do engenheiro destas gradua-
fica que o perito possa atuar em âmbi- ções, na atuação pericial. Muitas vezes ou-
to judicial, mas como referência de um vimos que engenheiro a conta é 1+1=2.
tema ou de proficiência neste. Dentre as áreas de concentração da es-
Um perito quando no seu encargo OU pecialidade segurança do trabalho, que
MISTER, está imbuído de saber e de en- são objeto de perícias judiciais, repou-
tendimento vasto do assunto ao qual sam em temas como ergonomia do pos-
terá que concluir, para elucidar ou clari- to de trabalho, sobrecarga operacional,
ficar o tema suscitado pelas partes, em eventos acidentais, previdência, corre-
um processo judicial ou em nível extra- ção de documentos previdenciários por
possíveis erros de avaliação da empresa,


judicial, para esclarecimento de um tema.
Diz-se esclarecimento, pois, o pe- intencionais ou não.
rito está em seu mister na busca de
respostas, claras e concisas, para en-
tendimento claro e abrangente do
Juízo ou parte interessada, inclusive Diz-se esclarecimento, pois,
levando em conta todas as possibi- o perito está em seu mister na
lidades técnicas e operacionais, de busca de respostas, claras e
um tema técnico, e também social. concisas, para entendimento
Diferentemente das engenharias di-
tas “primárias”, o engenheiro seguran-
ça do trabalho atua também com as
pessoas em seu trabalho e todas as
implicações sociais, trabalhistas e con-
temporâneas na atualidade, sendo seu
mister inserir os aspectos comporta-
claro e abrangente do Juízo


ou parte interessada, inclusi-
ve levando em conta todas as
possibilidades técnicas e ope-
racionais, de um tema técni-
co, e também social.
mentais na conclusão de seu estudo.

1
18 18 Engenheiro civil, Segurança do Trabalho e Auditor/Perito/Avaliador de engenharia
(TJPE,TJPB, JFPE, JFPB,TRT6,TRT13)
Revista técnica do IBAPE-PE

Na ergonomia, por exemplo, estão inti- ruído (do trabalhador), calor (do posto de
mamente ligados temas como burnout, tem- trabalho do trabalhador), vibração (aquela
pos e movimentos, processos operacionais, es- que possa ser transmitida ao corpo do tra-
tudo da população do local etc. Produzir um balhador), pressões hiperbáricas (mergulha-
laudo ou relatório situacional perante estes dores), produtos químicos (diversos), frio
temas, que seja digno de ser acostado como (trabalhadores em câmaras frigorificas), etc.
prova em processos judiciais, exige cuidados Por exemplo, existem produtos químicos
técnicos e habilidades sociais, como conhe- que são nocivos a tal ponto que podem,
cimento de pessoas e seu comportamen- a longo prazo, deixar pessoas com graves
to, processos e naturezas produtivas das doenças pulmonares e até perda auditiva.
empresas e locais estudados, que podem Produtos químicos radioativos que podem
envolver temas como clima, crescimento matar pessoas, estão entre os desafios im-
populacional, costumes do local, aspectos postos ao engenheiro de segurança do tra-
culturais e outros. balho, inclusive em sua avaliação e conclu-
Um engenheiro segurança do trabalho, são pericial, para tanto, precisa, também de
na ativa, atuando como perito, possui habilidades e conhecimentos de química e
capacidades de entendimento psicológi- saúde do trabalhador. Não apenas em ter-
co (básico), gestão da qualidade (audi- mos de patologias de doenças, mas como
toria documental), processos produtivos essa se enquadra nas diversas normas regu-
industriais, economia, conhecimentos lamentadoras do trabalho, estipuladas pelo
gerais, entre outros. Ministério do Trabalho e Emprego.
Por exemplo, processos que envolvem di- Já em processos judiciais que visam escla-
reito a percepção de adicionais de salário recer temas acidentais incapacitantes ou até
por insalubridade ou periculosidade, exi- fatais, os peritos judiciais geralmente são ver-
gem medições de agentes ambientais, como sados em segurança do trabalho, visto que,
19
para alcançar os reais fatos ou provas que insegura. A habilidade do engenheiro se-
Revista técnica do IBAPE-PE

possam ter levado ao acidente, é necessário gurança do trabalho perito vai trazer luz a
entender os processos, omissões de segu- temas como falhas de sistemas de proteção
rança ou ainda aspectos comportamentais. contra incêndio, riscos elétricos, pontos de
Ainda falando em eventos (sinistros) ignição ou calor excessivo não previstos em
acidentais, o engenheiro segurança do projetos ou erros operacionais que possam
trabalho, não raro, utiliza-se de ferra- ter causado o evento acidental, que muitas
mentas da qualidade para entendimen- vezes ceifa vidas e interrompe bruscamente
to de falhas, como espinhas de peixe, grandes negócios e empreendimentos em
método dos porquês, entre outros. Es- operação.
tas ferramentas são muito intuitivas e Os IBAPE de todo o Brasil tem inves-
servem para aglutinar e concluir mais tido no potencial do engenheiro de se-
rapidamente quais as causas básicas e gurança como perito, por exemplo, com
contribuintes que levaram ao acidente. capacitação nas áreas de projeto, perí-
Para que possamos entender a força do cia e segurança contra incêndio.
aspecto comportamental dos eventos Portanto, a especialidade de segurança do
acidentais, por exemplo, existem estu- trabalho, que hoje no Brasil é das únicas es-
dos estatísticos da empresa DUPONT pecializações lato sensu, que propiciam uma
(química, multinacional) que endereçam nova habilitação para o engenheiro das di-
que quase 96% dos acidentes são de tas engenharias primárias, e cada vez mais,
origem comportamental (causados por aquele que investe neste campo de atuação,
falha humana). Daí a necessidade de tem fornecido habilidades diversas, sendo
conhecimento do comportamento hu- muito importantes, principalmente na sea-
mano, mesmo nas perícias trabalhistas. ra jurídica trabalhista, dirimindo as dúvidas
Ainda em eventos acidentais de acidente suscitadas nos inúmeros quesitos periciais
do trabalho, existem os sinistros de incêndio, dos processos judiciais, auxiliando a justiça
que podem ser intencionais ou advindos de a cumprir seu papel fundamental, fazer jus-
falhas de processo industrial ou estocagem tiça.
As imagens 2, 3, 4 e 5 expressam al-
guns destes riscos encontrados em

20
Investimento Imobiliário
opinião

em Portugal é muito
oportuno
Por João Correia Gomes1

Resumo
O produto imobiliário do século XXI emoções, estética, status. Para além do
relaciona-se mais com os ambientes físico (e mensurável), na valorização do
proporcionados do que com constru- produto imobiliário acrescenta-se os
ção de edifícios. Nesse contexto, Por- ambientes humanos, institucionais, in-
tugal oferece condições excepcionais formacionais que influenciam muito a
para se viver, o que significa oportuni- economia e o interesse em investir.
dades para projetos imobiliários mui- Depois de satisfeitas as necessida-
to viáveis, desde que inovadores. Pode des mais básicas, como habitação em
configurar-se um novo período de ouro condições mínimas de segurança e ha-
para os investidores. Por quê? bitabilidade, o setor imobiliário preci-
sa de prover produtos com mais valor
Introdução acrescentado, o que implica algo mais
Cada vez mais o produto imobiliário do que construir bem. É preciso atuar
é mais um tema de ambiente do que bem quando se planeia, procura, sele-
construção civil. Esta configura-se mais ciona, analisa, comunica e vende. Com
como um meio para proporcionar os a próxima reindustrialização da Europa
ambientes que os humanos requerem a basear-se em Automação, Inteligência
para a sua sustentabilidade na natureza Artificial e Energias Renováveis, a cons-


e a delimitar os espaços obrigatórios trução terá de deixar de ser o fator cri-
definidos pela propriedade imobiliária.
Num primeiro nível, o mais evidente,
claro que produto imobiliário se liga a
atributos físicos como o terreno ou as
Para além do físico (e men-
redes de interligação como a localiza-
ção, acessos ou o saneamento. Mas, são surável), na valorização
do produto imobiliário
outras camadas que diferenciam o valor
e estão muito além do que é tangível,
tal como quando se sobe a pirâmide de
Maslow. São, por exemplo, os atributos
dinâmicos (Gomes, 2018) que estão li-
gados a fatores mais subjetivos como
acrescenta-se os ambientes
humanos, institucionais,
informacionais que influen-
ciam muito a economia e o
interesse em investir.

21
21 1PhD, MSc, Eng.º Civil
tico de produção imobiliária. Se a sociedade Estes fatores podem posicionar o país
Revista técnica do IBAPE-PE

que quer alta produtividade - salários ele- para ter elevada demanda imobiliária nos
vados e escassez de mão de obra braçal - a anos após a crise 2020-2021, estimulando o
opção será menos a construção tradicional investimento sobretudo por capitais exter-
que é demasiado cara e ineficiente. Através nos. O território é já muito procurado por
de sistemas de produção abertos, automa- estrangeiros. Os mais ricos procuram um
tizados e modulares, o custo unitário de refúgio seguro com uma elevada qualidade
construção será cada menor. O valor estará de vida e ambiental, a preços muito mode-
em fatores mais intangíveis. rados para usufruir do descanso e lazer. A
população trabalhadora quer trabalho numa
Quanto a Portugal sociedade que precisa de mão de obra em
No contexto europeu, Portugal apresenta tarefas em áreas como os cuidados huma-
bastantes vantagens comparativas que irão nos, comércio, turismo ou a agricultura.
salientar-se após a crise pandémica Covid19.
Espreitam novas
O país apresenta muitas vantagens para
crescer na exploração dos seus ambien- oportunidades
tes físicos, humanos e informacionais, No caso de novos residentes estrangeiros
mas precisa de melhorar fatores institu- a demanda era elevada antes da pandemia,
cionais ligados à política apesar da sua sendo brasileiros o grupo étnico mais po-
forte democracia (The Economist, 2020). puloso (Pordata, 2019). A maioria da popu-
Entre tantas vantagens, é o terceiro país mais lação brasileira, africana e do leste europeu
seguro do mundo, da hospitalidade do seu instala-se no país para trabalho com a famí-
povo, da sua proficiência em inglês (sendo o lia. Dispersam-se por todo o território pois,
sétimo país do mundo; EF EPI, 2021), do nível mesmo os espaços rurais oferecem boa
elevado do seu sistema de saúde e de edu- acessibilidade física e a redes informáticas.
cação publica, do seu clima temperado, da Os imigrantes asiáticos trabalham na agricul-
diversidade geográfica (U. Porto, 2021) das tura e no retalho das grandes cidades. Está
suas regiões tão próximas, da proximidade à também com tendência de crescimento os
restante Europa (com viagens baratas), com europeus ocidentais (sobretudo franceses e
uma das melhores coberturas mundiais em britânicos), assim como norte-americanos,
redes de fibra ótica (Sapo, 2020), a enorme para viver no país quase em permanência,
riqueza cultural e gastronômica. na maioria são pensionistas que procuram a

22
área metropolitana de Lisboa (cidade, Cas- Estes conceitos poderão ligar com muitos
Revista técnica do IBAPE-PE

cais, Sintra) e o Algarve (Best in Europe, dos espaços co-working que funcionam já
2021). O investimento na área residencial de nas grandes cidades.
luxo irá crescer, mas não pode descurar-se A pandemia está a demonstrar que pode
a procura por moradias e pequenas quintas ser um erro a aposta excessiva em produ-
nas vilas e aldeias bem servidas de acessos tos de âmbito turístico. Está em aberto a
aos aeroportos internacionais (Lisboa, Por- emergência de novos conceitos imobiliá-
to, Faro). rios, talvez híbridos com usos residenciais,
O contexto do país é favorável para a de retalho e de serviços.
população sénior internacional o que esti- O efeito do teletrabalho e da mudança
mulará a criação de serviços de apoio, as- estrutural das empresas acelerados pela
sim como produto imobiliário compatível. pandemia está já a conduzir a redução de
Acrescenta-se que o segmento de população espaços de escritórios, sobretudo no cen-
sénior nacional também tende a crescer nos tro de Lisboa (idealista, 2020). Esta tendên-
próximos anos (Pordata, 2019) estimulan- cia poderá levar a novas oportunidades de
do o investimento em serviços afins como negócio para os edifícios de escritórios
estruturas residenciais para idosos (ERPI), que terão de adaptar-se a outros usos com
em co-living sénior, e em condomínios com maior procura. Até poderão ser transfor-
equipamentos afins. mados para uso residencial, já que as cida-
Tal como eventos dramáticos do passado, des serão decerto os principais centros de
como as guerras mundiais do século XXI, criação de riqueza do século XXI.
também a pandemia do Covid19 está a ter A União Europeia dispõe de grandes
resultados disruptivos, acelerando a mudan- verbas para a transformação energética
ça antes em curso, mas de forma lenta. É pro- das cidades, tornando-as mais eficien-
vável que aumente a percentagem do tempo tes e renovadas, até pela exploração
do trabalho online em relação ao presencial. de conceitos como a smart-cities, sendo
Está a crescer o segmento dos nómadas di- Portugal considerado um país fortemen-
gitais em todo o mundo que procuram no te inovador (casa eficiente, 2020).
mundo os melhores ambientes para viver e Os fundos autorizados a nível europeu (Co-
trabalhar em contexto virtual. missão Europeia, 2021) contemplam assim
O país oferece condições naturais, sociais a reabilitação das cidades (Tavares, 2021).
e estruturais que favorecem esse tipo de Este tipo de benefícios poderá significar
demanda, sendo patente o sucesso de um estímulo à economia pela reabilitação e
oferta que emergiu nos últimos anos em criação de novos serviços.
Portugal (Publico, 2021). No mundo atual em plena revolução de
A crise turística provocada pelo confina- contextos, o estímulo da economia não se
mento em 2020-2021 poderá conduzir a concentra apenas nas grandes cidades. A
alterações em muitos empreendimentos tu- adaptação da economia para uma vertente
rísticos, desde hotéis a alojamentos locais, mais digital, eficiente, inovadora, aprovei-
os quais poderão ser adaptados para os no- tando as ótimas condições estratégicas do
vos segmentos de mercado constituídos por território, está na estratégia publica do go-
jovens profissionais, estrangeiros e nacionais, verno. Por exemplo, em Sines, uma peque-
que não precisam de estar em permanência na cidade com o porto de águas profundas
presencial no seu posto de trabalho tradi- mais ocidental da Europa, estão previstos
cional. Podem crescer conceitos imobiliários investimentos muito elevados na área da
23 similares como os co-living e co-housing. tecnologia. Além do enorme interesse para
a exploração logística do porto, tendo em Referências
Revista técnica do IBAPE-PE

conta que Portugal produz a energia solar


mais barata no contexto mundial (Badra, Badra, Mateus; 2021, Tarifa solar mais
2021), prevê-se investimentos na cidade que baixa do mundo é registrada em Portugal,
englobam um megacentro de dados (Lusa, acessível através de URL: https://canalso-
2021) e um centro de produção de hidrogê- lar.com.br/tarifa-solar-mais-baixa-do-mun-
nio de classe mundial (Lusa, 2020). Esse tipo do-e-registrada-em-portugal/
de investimentos poderá conduzir a enor- Best in Europe, 2021, Best destinations to
mes oportunidades de investimento imobili- get retired in Europe, acessível através de
ário devido à potencial demanda por técni- URL: https://www.europeanbestdestina-
cos altamente qualificados numa espécie de tions.com/best-of-europe/best-destina-
“Silicon Valley” da área de energia. tions-to-get-retired-in-europe/
O território se beneficia de ótimas con- Casa Eficiente, 2021, Portugal considerado,
dições para produção de energia de fon- pela primeira vez, um país “fortemente ino-
tes renováveis tendo uma ótima posição vador”, acessível através do URL: https://
no contexto europeu e até mundial (Silva, www.noticiasaominuto.com/casa/1722998/
2021). Abrange fontes diversas desde solar, portugal-considerado-pela-primeira-vez-
eólica, hídrica e até marítima dada a extensa -um-pais-fortemente-inovador
dimensão do território (DGRM, 2021). Ape-
nas se exige o desenvolvimento de sistemas Comissão Europeia, 2021, Plano de Recu-
de armazenamento e exportação eficaz de peração para a Europa, acessível através de
energia para o resto do continente europeu, URL: https://ec.europa.eu/info/strategy/
em parte tal deve-se a central de hidrogênio recovery-plan-europe_pt
de Sines (Silva 2, 2021). DGRM, 2021, Zonas Marítimas sob Sobera-
Deslumbram-se grandes oportunidades nia e ou Jurisdição Portuguesa, acessível por
de investimento no território em áreas tão URL: https://www.dgrm.mm.gov.pt/am-ec-
diversas como a modernização da ferrovia -zonas-maritimas-sob-jurisdicao-ou-sobe-
(como comboios de alta velocidade), nos rania-nacional
portos de mar, nas energias renováveis e nas
EF EPI, 2021, acessível através de URL:
cidades. Este movimento levará a demanda
https://www.ef.edu.pt/epi/
de populações exteriores ao país, como bra-
sileiros, mas também a oportunidade para ERPI, 2021, Manual da segurança social,
o desenvolvimento imobiliário nas cidades acessível através de URL: http://www.
existentes ou na expansão de outras com seg-social.pt/documents/10152/13652/
potencial estratégico. gqrs_lar_estrutura_residencial_idosos_
Processos-Chave/1378f584-8070-42cc-ab-
E o Futuro? 8d-9fc9ec9095e4
Nos próximos anos poderá surgir um re- Idealista, 2020, Ocupação de escritó-
nascimento do setor imobiliário, agora em rios em Lisboa cai 6% num ano, acessível
contexto distinto do passado recente em através de URL: https://www.idealista.pt/
que estava muito focado na construção de news/imobiliario/escritorios/2020/01/24/
habitação para venda e de imóveis para ser- 42205-ocupacao-de-escritorios-em-
viços e retalho conexos. É provável que o -lisboa-cai-6-num-ano-arrendados-
setor precise do apoio da construção ci- -193-892-m2-em-2019
vil com novos modelos de produção, mais
24 compatíveis com o contexto em emergên-
Garen, 2021, URL: www.garen.pt Sapo, 2020, Portugal lidera na cobertura
Revista técnica do IBAPE-PE

Gomes, João Correia, 2018, Uma nova europeia de fibra ótica em zonas rurais,
visão sobre o imobiliário – Plataforma para a acessível através de URL: https://tek.sapo.
criação de riqueza no século XXI, Sabedoria pt/noticias/telecomunicacoes/artigos/por-
Alternativa, Lisboa, Portugal; tugal-lidera-na-cobertura-europeia-de-fi-
bra-optica-em-zonas-rurais-53-das-casas-
Lusa, 2020, Investimento em projeto de -ja-aderiram-a-rede
produção de hidrogénio em Sines pode
ultrapassar 1,5 mil milhões de euros, Silva, Barbara, 2021, Renováveis atingem
acessível através de URL: https://www. 79,5% da eletricidade gerada em Portu-
jornaldenegocios.pt/sustentabilidade/ gal no primeiro trimestre de 2021, aces-
ambiente---descarbonizacao/detalhe/ sível através de URL: https://eco.sapo.
investimento-em-projeto-de-producao- pt/2021/04/13/renovaveis-atingem-795-da-
-de-hidrogenio-em-sines-pode-ultrapassar- -eletricidade-gerada-em-portugal-no-pri-
-15-mil-milhoes-de-euros meiro-trimestre-de-2021/

Lusa, 2021, Investimento de 3,5 mil milhões Silva, Barbara, 2021, 35 anos depois, EDP
cria megacentro de dados em Sines com abandona carvão em Sines e aposta tudo
1.200 empregos altamente qualificados, no hidrogénio, acessível através de URL:
acessível através do URL: https://www. https://eco.sapo.pt/2021/01/14/35-anos-
jornaldenegocios.pt/empresas/tecnologias/ -depois-edp-abandona-carvao-em-sines-
detalhe/investimento-de-35-mil-milhoes- -e-aposta-tudo-no-hidrogenio/
-cria-megacentro-de-dados-em-sines-com- Tavares, Ana, 2021, Plano de Recuperação
-1200-empregos-altamente-qualificados e Resiliência terá €1.600M para habitação,
Pordata, 2019, Indicadores de Envelhecimen- acessível através de URL: https://www.
to em Portugal, acessível através de URL: vidaimobiliaria.com/noticias/investimento/
https://www.pordata.pt/Portugal/Indicado- plano-recuperacao-resiliencia-tera-eur-
res+de+envelhecimento-526 1-600m-habitacao/

Pordata, 2019, População estrangeira por The Economist, Índice democrático a nível
nacionalidades, acessível através de URL: mundial, acessível através de URL ht-
https://www.pordata.pt/Portugal/Popula%- tps://www.economist.com/graphic-de-
c3%a7%c3%a3o+estrangeira+com+estatu- tail/2021/02/02/global-democracy-has-a-
to+legal+de+residente+total+e+por+algu- -very-bad-year
mas+nacionalidades-24 U. Porto, 2021, Portugal, acessível através
Publico, Jornal, 2021, Há 2600 pessoas que de URL: https://www.ef.edu.pt/epi/
querem viver (e trabalhar) na vila nómada da
Madeira, acessível através do URL: https://
www.publico.pt/2021/01/29/fugas/noticia/
ha-2600-pessoas-querem-viver-trabalhar-
-vila-nomada-madeira-1948163

25
Estudo da alvenaria
Revista técnica do IBAPE-PE
artigos técnicos
estrutural com a adição de
graute no preenchimento
dos blocos de concreto
Bruno Marinho Calado MSc.1;
George Washington da Silva Oliveira Esp.2

Resumo
A construção civil é um importante conhecimentos mais coesos sobre o
setor para o desenvolvimento econô- processo. Com toda a fundamentação
mico e social do país. No entanto, é um demonstrada, foi elaborada uma descri-
setor produtivo que sempre passa por ção sobre o ganho de resistência quan-
dificuldades devido a velocidade com do o bloco utilizado na obra tem a adi-
que seu crescimento ocorre, muitas ção de graute, trazendo para a estrutura
vezes desenfreado. Consequente a isso um melhor comportamento global. Mas,
surge a escassez de mão de obra qua- ressaltando que todo projeto precisa de
lificada e o desenvolvimento de novas análise estrutural antes de sua execução.
tecnologias. Diante disso se faz neces- É demonstrado nesse trabalho que exis-
sário conciliar uma atividade produtiva te um ganho de mais de 100% na resis-
com as condições que conduzam a um tência do bloco com a adição do graute
desenvolvimento responsável e racio- e, sem o graute, a possível fragilidade de
nal, diminuindo os problemas pós obra todo o sistema.
que os profissionais de engenharia con- Palavras-chave: Construção Civil; Pato-
vivem todos os dias. Com base nesse logia de Materiais; Alvenaria Estrutural;
conhecimento foi desenvolvido um es- Inspeção Predial; Reforço Estrutural
tudo, de caráter educativo, demonstran-
do resultados, em um estudo de caso Study of structural masonry
de uma obra executada na concepção with the addition of grout in
de alvenaria estrutural. Esperando-se the filling of concrete blocks.
que o novo profissional no mercado
da engenharia tenha um conhecimento Abstract
básico do que realmente compõe uma Civil construction is an important sec-
alvenaria estrutural, e dessa forma pos- tor for the economic and social develo-
sa difundir em seu campo de trabalho pment of the country. However, it is a

1
ORCID (0000-0003-3416-8314) Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Coordenação de Edificações,
e-mail: bruno.calado@ifsertao-pe.edu.br

27
2
ORCID (0000-0002-8823-0745), Universidade Federal do Vale do São Francisco,
27 e-mail: georgeworocha@gmail.com
productive sector that always goes throu- truções de bloco sobre bloco onde os popu-
Revista técnica do IBAPE-PE

gh difficulties due to the speed with which lares chamam de alvenaria estrutural. E, pior
its growth occurs, often unbridled. Conse- ainda, quando encontramos colegas de pro-
quently, there is a shortage of skilled labor fissão utilizando da mesma nomenclatura e
and the development of new technologies. percepção. Diversas patologias em alvenaria
In view of this, it is necessary to reconcile a ou estrutura são decorrentes do erro na
productive activity with conditions that lead forma de utilização dessas alvenarias, ou de
to a responsible and rational development, sua interpretação como solução de uma es-
reducing the post-work problems that en- trutura. Conforme relatado por Ramalho e
gineering professionals live with every day. Corrêa (2008), o conceito principal de uma
Based on this knowledge, an educational alvenaria estrutural é sua utilização de for-
study was developed, demonstrating results ma que a transmissão dos carregamentos e
in a case study of a work carried out in the esforços sejam por tensões de compressão.
design of structural masonry. Hoping that Objetivando principalmente, de for-
the new professional in the engineering ma orientativa, este artigo tem a finalida-
market has a basic knowledge of what ac- de de trazer ao conhecimento dos no-
tually makes up a structural masonry, and in vos profissionais, ou mesmo em forma
this way can spread more cohesive knowle- de aperfeiçoamento, aos profissionais de
dge about the process in their field of work. maior experiência de mercado, um estu-
With all the evidence demonstrated, a des- do de caso onde é demonstrado o prin-
cription was prepared on the gain in resis- cípio de concepção de uma alvenaria es-
tance when the block used in the work has trutural e a alteração na resistência à
the addition of grout, bringing a better ove- compressão do bloco, quando submetido
rall behavior to the structure. But, noting à adição de graute em seu preenchimento.
that every project needs structural analysis
before its execution. It is demonstrated in
2.Tipos de Alvenaria
this work that there is a gain of more than 2.1 Alvenaria de Vedação
100% in the strength of the block with the Conforme o Código de Práticas n° 1
addition of grout and, without grout, the (2009), a alvenaria de vedação é um ele-
possible fragility of the entire system. mento que não é dimensionado para resis-
Keywords: Civil Construction; Materials tir às ações além de seu peso próprio. São
Pathology; Structural Masonry; Building Ins- aquelas destinadas a compartimentar espa-
pection; Structural reinforcement. ços, preenchendo os vãos de estruturas de
concreto armado, aço ou outras estruturas.
1. Introdução Assim sendo, devem suportar tão somente
O crescimento desordenado na cons- o peso próprio e cargas de utilização, como
trução civil vem gerando diversos pro- armários, rede de dormir e outros.
blemas para a engenharia civil, desde a Parede de vedação é toda alvenaria não
concepção de projeto de um empreendi- admitida no projeto como suporte de ou-
mento à tipologia e métodos construtivos tras cargas, além do seu peso próprio. Tem
utilizados. Muitas vezes esses problemas como função apenas separar ambientes ou
vêm comprometer a vida útil da edifica- de fechamento externo conforme a Foto 1.
ção, sua durabilidade e sua estabilidade. Assim, entende o subsistema vedação ver-
Com as construções em alvenaria tical como responsável pela proteção das
estrutural não é diferente. Por muitas, e in- edificações de agentes indesejáveis (chuva,
28 cansáveis vezes, nos deparamos com cons- vento, etc), conforme Sonda (2007).
2.2 Alvenaria Estrutural
Revista técnica do IBAPE-PE

Segundo Sonda (2007), a alvenaria estru-


tural possui as mesmas funções da alvenaria
de vedação, somando ainda a função estru-
tural da edificação. Ela garante a segurança
da construção sem a utilização da estrutu-
ra convencional em concreto armado, com
todo o trabalho de elaboração e montagem
de fôrma e armação. Seus próprios blocos
estruturais que possuem resistência ade-
Foto 1: Alvenaria de vedação
quada para essa função.
Fonte: Téchne (2006)
Para a execução de edificações em alve-
naria estrutural, é recomendada pela ABNT
em sua NBR 16868-1/2021 – Alvenaria Es-
trutural, a utilização de projetos bem de-
talhados, modulados conforme materiais
normatizados e, consequentemente, mão
de obra qualificada.
Segundo a NBR 15961-1:2011 (Alvenaria
estrutural – Blocos de concretos), o proje-
to deve apresentar desenhos técnicos con-
tendo as plantas das fiadas diferenciadas,
exceto na altura das aberturas, e as eleva-
ções de todas as paredes, assim, sempre que
presentes: apresentar o posicionamento de
blocos especiais, detalhes de amarração, lo-
Foto 2: Alvenaria Estrutural parcialmente
calização dos pontos grauteados e armadu-
Armada de blocos vazados de concreto.
ras, posicionamento das juntas de controle
Fonte: Autor
e de dilatação como mostrado na Foto 2.
2.2.1 Alvenaria Estrutural Não Arma-
da
Segundo Tauil e Nese (2010), o tipo de
alvenaria que não recebe graute, mas os re-
forços de aço (barras, fios e telas) apenas
por razões construtivas, vergas de portas,
vergas e contravergas de janelas e outros
reforços construtivos para aberturas, são
utilizados para evitar patologias futuras:
trincas e fissuras provenientes da acomo-
dação da estrutura, movimentação por efei-
tos térmicos, de vento e concentrações de
tensões como na Figura 1.
2.2.2 Alvenaria Estrutural Armada Figura 1: Alvenaria Não Armada
Processo construtivo onde a alvenaria re- Fonte: Tauil e Nese (2010)
29 cebe reforço devido a exigência estrutural,
Revista técnica do IBAPE-PE

os elementos resistentes possuem uma define a área média da seção perpendicular


armadura passiva de fios, barras e telas de aos eixos dos furos, descontadas as áreas
aço dispostos nos vazios dos blocos que médias dos vazios, como mostra a Figura 3.
são posteriormente preenchidos com
graute e juntas verticais como na Figura 2,
Tauil e Nese (2010).

Figura 3: Blocos de concreto


Fonte: BARBOSA, Claudius de Sousa
(2004).

Figura 2: Alvenaria Armada A escolha das dimensões é uma etapa


Fonte: Tauil e Nese (2010) de grande importância no projeto de uma
edificação, podendo afetar diretamente no
projeto arquitetônico. Segundo Tauil e Nese
3. Componentes (2010), definido o módulo a partir do bloco
da Alvenaria Estrutural de concreto disponível no mercado, todo o
processo de organização modular ocorre-
3.1 Unidade (bloco) rá de maneira automática, e todos os am-
Os blocos são os principais componentes bientes do projeto terão suas medidas in-
responsáveis pela resistência da estrutura ternas e externas múltiplas do módulo de
portante na alvenaria estrutural. De acor- referência adotado. Ou seja, o projeto de
do com Vilató e Franco (2000), atualmente arquitetura inicia já sabendo as dimensões
os mais utilizados no Brasil são os blocos dos blocos que serão utilizados na cons-
de concreto e os blocos cerâmicos. O mo- trução, assim as áreas úteis internas se-
tivo para essa preferência estaria na maior rão consequência da dimensão dos blocos.
disponibilidade desses produtos no mer- Conforme a NBR 6136:2014, os blocos
cado, de acordo com a região de utilização. devem ser fabricados e curados de forma
A NBR 6136:2014 (Blocos vazados de que assegurem a obtenção de um concreto
concreto simples para alvenaria - Requi- suficientemente homogêneo e compactado,
sitos), define o bloco vazado de concreto atendendo as dimensões nominais dos blocos
simples como um elemento de alvenaria vazados de concreto, modulares e submo-
cuja área líquida é igual ou inferior a 75% da dulares. Devem corresponder às dimensões
área bruta. A área bruta é a área da seção constantes na Tabela 1, e a espessura mínima
perpendicular aos eixos dos furos, sem des- de qualquer parede de bloco deve atender a
conto das áreas dos vazios, e a área líquida, Tabela 2,com tolerância permitida de - 1,0 mm
30
TABELA 1
Revista técnica do IBAPE-PE

Dimensões nominais.

Família 20 x 40 15 x 40 15 x 30 12,5 x 40 12,5 x 25 12,5 x 37,5 10 x 40 10 x 30 7,5 x 40

Largura 190 140 115 90 65

Altura 190 190 190 190 190 190 190 190 190

Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 290 390

Meio 190 190 140 190 115 - 190 140 190

2/3 - - - - - 240 - 190 -

1/3 - - - - - 115 - 90 -

Amarração “L” - 340 - - - - - - -

Amarração “T” - 540 440 - 365 - - 290 -

Compensador A 90 90 - 90 - - 90 - 90

Compensador B 40 40 - 40 - - 40 - 40

Canaleta inteira 390 390 290 390 240 365 390 290 -

Meia canaleta 190 190 140 190 115 - 190 140 -

As tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados nesta Tabela são de ± 2,00 mm para a largura e ± ,0 mm
NOTA 1
para a altura e para o comprimento.

NOTA 2 Os componentes das famílias dos blocos de concreto têm sua modulação determinada de acordo com a ABNT 15876.

NOTA 3 As dimensões da canaleta J devem ser definidas mediante acordo entre fornecedor e comprador, em função do projeto.

Fonte: NBR 6136:2014


TABELA 2
Espessura mínima das paredes dos blocos.

Paredes transversais
Largura Parede
Classe Nominal mms longitudinais a mm Espessura equivalente b
Paredes a mm
mm/m
190 32 25 188
A
140 25 25 188
190 32 25 188
B
140 25 25 188
190 18 18 135
140 18 18 135
C 115 18 18 135
90 18 18 135
65 15 15 113
a Média das medidas das paredes tomadas no ponto mais estreito.
Soma das espessuras de todas as paredes transversais aos blocos (em milímetros), dividi-
b
da pelo comprimento nominal do bloco (em metros)
31
Fonte: NBR 6136:2014
31
A NBR 6136/2014 cita como requisitos finir as principais funções e utilidades dos
Revista técnica do IBAPE-PE

físico-mecânicos, limites de resistência, ab- blocos, que são classificados conforme a


sorção e retração linear por secagem, nos resistência característica fbk, classificando
quais os blocos vazados de concreto devem a alvenaria como portante ou não portan-
atender aos limites desta norma estabele- te, possuindo ou não funções estruturais.
cidos na Tabela 3. Assim conseguimos de-

TABELA 3
Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração.

Resistência Absorção %
Classifi- característica à Retração d
Classe Agregado normal b
Agregado leve c
cação compressão axial %
Mpa Individual Média Individual Média

A fbk≥8,0 ≤8 ≤6,0
Como
função
estrutural
B 4,0≤ fbk <8,0 ≤10,0 ≤8
≤16,0 ≤13,0 ≤0,065
Com
ou sem
C fbk ≥ 3,0 ≤12,0 ≤10,0
função
estrutural
a Resistência característica à compressão axial obtida aos 28 dias.

b Blocos fabricados com agregado normal. (ver definição na ABNT NBR 9935)

c Blocos fabricados com agregado leve.. (ver definição na ABNT NBR 9935)

d Ensaio facultativo.

Fonte: NBR 6136:2014

3.2 Argamassa
Segundo Ramalho e Corrêa (2008), a ar-
gamassa de assentamento possui as funções
básicas de solidarizar as unidades, transmi-
tir e uniformizar as tensões entre as unida-
des de alvenaria, absorver pequenas defor-
mações e prevenir a entrada de água e de
vento nas edificações, conforme a Foto 3
Apesar de representar uma pequena
porcentagem do total da alvenaria, a arga-
massa influencia significativamente no seu Foto 3: Argamassa de assentamento
comportamento, inclusive no mecanismo Fonte: Autor
32 de ruptura, em que geralmente é consti
tuída de cimento Portland, cal ou plasti-
Revista técnica do IBAPE-PE

cidade e areia (BARBOSA, SOUSA, 2004).


Desta forma, definindo suas funções
para o sistema estrutural da seguinte
forma:

• Apresentar uma capacidade de ade-


rência adequada com os blocos;
• Absorver pequenas deformações;
• Distribuir uniformemente as cargas
atuantes por toda a área resistente Foto 4: Execução de graute no bloco
dos blocos; Fonte: Autor
• Vedar as juntas contra a passagem de
ar e água; 4.Resistência à compressão
• Regularizar pequenas deformações. do graute
Grohmann (2006) define que vários
pesquisadores estudaram a utilização de
3.3 Graute grauteamento em blocos e em prismas de
O graute é constituído pelos mesmos alvenaria estrutural para análise de com-
materiais que o concreto (cimento, adições, pressão, que se justifica por vários motivos,
agregados, água). As características particu- um deles é o aumento da capacidade de re-
lares do graute consistem na necessidade sistência à compressão dos painéis, quando
de especificar uma dimensão máxima do em conjunto.
agregado de 9,5 mm e um fator água/cimen- Segundo Garcia (2000), a utilização do
to na faixa de 0,85 a 0,90, para permitir o graute se torna algo imprescindível para a
enchimento completo dos vazios (VILATÓ; execução de uma obra em alvenaria estru-
FRANCO, 2000). tural, definindo alguns motivos para isso,
Em geral, o graute apresenta uma série de tais como: o aumento da resistência do
propriedades no estado fresco, como: tra- conjunto, maior estabilidade da estrutura e
balhabilidade, consistência, capacidade de solidarizar as armaduras aos elementos da
retenção de água, e uma outra propriedade estruturais.
no estado endurecido, como a resistência Conforme Cheema e Klingner (1986
à compressão e a aderência do graute ao apud Grohmann, 2006) estudaram prismas
bloco. de blocos de concreto, e com os resultados
Na relação água cimento do graute é ne- obtidos, perceberam um melhor desempe-
cessária uma maior quantidade de água na nho nos prismas com graute com resistên-
dosagem, pelo poder de absorção das pa- cia igual ou pouco superior à dos blocos.
redes dos componentes que lhe servem Segundo os autores, isso ocorre porque
de fôrma, como mostra a Foto 4. Na dosa- o nível de tensões de tração geradas nos
gem são consideradas as características dos prismas com graute mais forte é maior do
componentes, para evitar que falte água na que nos prismas com o graute mais fraco,
hidratação do cimento (VILATÓ; FRANCO, causando ruptura prematura devido ao
33 2000). acréscimo de deformações laterais.
Percebemos que os prismas grauteados estrutura que tem a alvenaria como ele-
Revista técnica do IBAPE-PE

geralmente atingem a ruptura quando as mento estrutural.


tensões de tração na interface bloco/arga- Outro fator importante que deve ser
massa fendilham o bloco. Em termos gerais, considerado quando da definição em alve-
há um ganho, mesmo que não proporcio- naria estrutural é a qualificação da mão de
nal, na resistência à compressão dos blocos, obra. Isso mesmo! A mão de obra para este
prismas e painéis com o aumento da resis- tipo de edificação deve ser treinada, espe-
tência do graute, mostrando um melhor de- cializada, não se pode executar um sistema
sempenho alcançado pelos elementos com que tem alto índice de controle sem uma
resistências de graute próximas à do bloco, mão de obra adequada para tal. Isso envolve
ou seja, os blocos e os grautes devem ter engenheiro, encarregado, mestre de obra e
propriedades de deformação semelhantes operários da construção civil. Objetivamen-
Grohmann (2006). te, com esse estudo demonstramos o quan-
to de erros construtivos já presenciamos
5.Estudo de caso e ainda iremos presenciar, exatamente pela
Como referência para este trabalho foi falta de conhecimento dos profissionais que
utilizada a obra de construção do Edifício envolve um projeto.
Marina, situado na Rua Lucas Roberto de De acordo com Garcia (2000), os prin-
Araújo, Petrolina, Pernambuco, Foto 5. A cipais fatores de influência na qualidade da
concepção estrutural seguiu todos os pa- alvenaria estão relacionados com a mão-
râmetros citados anteriormente, foram de- -de-obra e o seu desempenho na atividade
finidos os blocos e suas dimensões, bem exigida.
como todos os elementos que compõem Segundo Freitas (2008), a mão-de-obra
sua estrutura. tem se mostrado um dos principais fatores
de influência na qualidade de todos os itens
acima descritos. Problemas como: execu-
ção incorreta da mistura da argamassa e do
graute, preenchimento das juntas, perda de
alinhamento, prumo, nível, entre outros ele-
mentos alteram a resistência à compressão
da alvenaria.
O programa experimental desta pesquisa
foi desenvolvido para avaliar a influência da
aplicação de graute em blocos de concre-
to para alvenaria estrutural, definindo os
materiais utilizados, lançamento do grau-
Foto 5: Edificação referência do estudo. te, métodos e ensaios empregados para
Fonte: Autor obtenção dos resultados. Este fato pode
auxiliar muito para melhorar o comporta-
Com a realização desse estudo, é possível mento global da estrutura e diminuir pato-
esclarecer a função do graute como com- logias corriqueiras em alvenarias que, não
ponente nas alvenarias estruturais, demons- são estruturais, porém levam esse nome. A
trando a sua capacidade primordial para o demonstração dos blocos utilizados, proce-
aumento da resistência e capacidade por- dimentos de execução, ensaios dos mate-
tante da alvenaria à compressão, como tam- riais, demonstram e orientam o quanto de
34 bém os fatores diretos que definem uma especialização e detalhes é necessário para
termos em obra, uma denominação de
Revista técnica do IBAPE-PE

Alvenaria Estrutural.
Os blocos de concreto estrutural utili-
zados para a realização da obra foram for-
necidos pela empresa CR Premoldados,
empresa localizada na cidade de Petrolina
– PE. Todos os blocos foram fornecidos
em forma de palets fechados, nas dimen-
sões 140x190x390 mm (Largura x Altura x
Comprimento) como especificado na NBR
12118:2013, Foto 6. Dessa forma é possível
ter um controle da quantidade total forne- Foto 7: Embalagem de graute
cida e a certeza de que nenhum bloco é
quebrado durante o transporte.

Foto 8: Graute misturado


Fonte: Autor

Foto 6: Blocos entregues na obra 6. Ensaio dos Materiais


Fonte: Autor Para a determinação de resistência à com-
pressão axial das unidades foram utilizados
os procedimentos solicitados pela norma
5.1 Preparação do Graute brasileira NBR 12118:2013 como base para
O graute industrializado é um mate- o desenvolvimento dos resultados experi-
rial pré-dosado composto de Cimento mentais. Os elementos permaneceram em
Portland, areia de quartzo de granulometria temperatura ambiente e estocados sobre a
selecionada, aditivos especiais conveniente- bancada ao abrigo do sol e vento, durante o
mente dosados como descreve o fabricante tempo estipulado para a cura.
no verso da embalagem. Os corpos-de-prova cilíndricos de graute
No processo de mistura foram utilizados atenderam as mesmas condições impostas
três litros de água para cada saco de 25Kg às unidades grauteadas, com ensaios perio-
e uma hélice de mistura acoplada a uma fu- dizados em 7 e 14 dias, apresentado na Foto
radeira de baixa rotação. 9 e apresentaram rupturas semelhantes na
Após cinco minutos de mistura, o graute base do elemento conforme Foto 10, dife-
apresentou um aspecto uniforme e homo- rente dos corpos de prova cilíndricos em
gêneo pronto para aplicação conforme as concreto ou argamassa, que caracterizam
35 Fotos 7 e 8. em sua maior quantidade rompimento a
45°. Diretamente podemos verificar uma nuir as zonas de imperfeições dos blocos
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alta resistência à compressão nos corpos de como mostrado na Foto 11.


prova de graute, corroborando com tudo já
dito anteriormente.

Foto 11: Ensaio de compressão


do bloco vazio
Foto 9: Ensaio de compressão
Fonte: Autor
do graute
Por fim, concluindo as situações de ex-
posição dos blocos na estrutura, também
foi feito o rompimento à compressão dos
blocos preenchidos de graute. Seu ensaio
seguiu da mesma forma que o bloco sem
preenchimento, mesmos critérios de pre-
paração e rompimento. No entanto a ca-
pacidade de carga da prensa hidráulica do
laboratório não foi suficiente para atingir
o estado de colapso do bloco grauteado
Foto 10: Rompimento do CP como mostra a Foto 12. Demonstrando
Fonte: Autor de forma visual o ganho direto real na re-
sistência do elemento quando preenchido
com graute.
Objetivando termos uma referência com-
parativa para analisar os resultados e poder-
mos concluir sobre a alteração que possui
quando adicionamos o graute à estrutura,
foram realizados os ensaios de compressão
para os blocos de concreto sem o graute
e, também para os blocos com a adição
do graute, deixando esses blocos de forma
monolítica.
Na superfície de contato do bloco com
a prensa foi utilizado uma chama metáli-
ca de referência, cujas dimensões são de Foto 12: Resultado da prensa
220x420x50 mm (largura, comprimento, em seu limite
espessura) para proporcionar uma melhor Fonte: Autor
36 homogeneização da carga aplicada, e dimi-
7. Resultado obtidos
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A resistência à compressão é, sem dúvida, o principal parâmetro na avaliação dos blo-


cos de concreto para o desenvolvimento desta pesquisa, este indicará o quanto o graute
pode influenciar no desempenho da resistência à compressão, auxiliando profissionais com
informação e conhecimento para sua utilização. Os valores de resistência à compressão
foram calculados conforme a ABNT NBR 6136:2014, utilizando os critérios para identifi-
cação das classes do bloco. Os resultados para os blocos não grauteados estão presentes
na Tabela 4.

TABELA 4
Ensaio de compressão, bloco sem graute.

Corpo-de-prova
Carga de Ruptura
14 dias Bloco Área mm2 Tensão de Ruptura MPa Classe
kN
(não grauteado)

B1 54600 393,12 7,20 B


B2 54600 421,13 7,71 B
B3 54600 469,94 8,61 A
B4 54600 473,73 8,68 A

Fonte: Autor

De acordo com os resultados da


Tabela 4, pode-se observar que dos GRÁFICO 1
quatro blocos, apenas os dois primei- Tensão de Ruptura MPa
ros do grupo resultaram em blocos 35,00
de classe B, conforme os limites esta-
belecidos na Tabela 3, com função es- 34,00
trutural. Para os demais, percebe- se 33,00
que os blocos apresentam um exce-
lente desempenho mecânico a resis- 32,00
tência à compressão, resultando em 31,00
blocos de classe A, ou seja, possuem
função estrutural. 30,00
O resultado do ensaio de compres- 29,00
são do graute industrializado, confir-
mou as especificações do fabricante, 28,00
surpreendendo com uma resistência 27,00
mais elevada do que oferecido pelo
manual. Entendendo a importância Média 7 dias Média 14 dias
desse fato, no Gráfico 1 são demons- Fonte: Autor
37 trados os resultados obtidos.
Para os blocos com preenchimento de graute foi possível verificar que o graute influen-
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cia de forma direta no ganho de resistência à compressão dos blocos grauteados, não
sendo possível mensurar a carga de ruptura da unidade, pois a prensa atingiu mais de 80%
da sua capacidade sendo o limite do equipamento em 1000,00 kN.
O acompanhamento de todos os ensaios foi realizado pelo laboratorista de concreto
da Universidade Federal do Vale do São Francisco, profissional responsável por manter a
integridade do equipamento, determinando que a carga máxima aplicada seria os 836,13
kN. Sendo os resultados demonstrados na Tabela 5.

TABELA 5
Ensaio à compressão, blocos com graute

Corpo-de-prova
Bloco Idade (dias) Área mm2 Carga Máxima kN Tensão Aplicada MPa
(grauteado)

B1.1 7 54600 700,04 12,82

B1.2 7 54600 750,60 13,75

B1.3 7 54600 755,70 13,84

B1.4 7 54600 801,30 14,68


B2.1 14 54600 807,51 14,79
B2.2 14 54600 821,00 15,04
B2.3 14 54600 833,14 15,26

Fonte: Autor

8. Conclusão O desenvolvimento dessa pesquisa obje-


A alvenaria estrutural de blocos de con- tivou trazer de forma clara informações que
creto continua sendo um processo cons- demonstrem ao profissional de engenharia
trutivo de pouco entendimento por grande o quanto é importante ter o conhecimen-
parte dos profissionais da construção civil. to e domínio dos materiais que compõem
Se faz necessária a ampliação não apenas a alvenaria estrutural. Sem deixar de lado
dos estudos, mas principalmente da difusão suas definições e introduções necessárias
desse conhecimento entre os profissio- para que, de forma leve, possa se obter um
nais. Segundo Medeiros e Sabbatini (1993), conhecimento básico e saber a diferença
o entendimento a respeito dos materiais, entre o que é, ou não, alvenaria estrutural.
componentes e elementos empregados na Com os resultados demonstrados, é defi-
construção e projetos de edifícios que em- nido que o graute influencia de forma posi-
pregam essa técnica. Sem deixar de lado a tiva no ganho de resistência à compressão,
qualificação dos profissionais que estarão sendo que os ensaios realizados serviram
38 envolvidos nessa tipologia de obra. para ampliar o entendimento sob o aspecto
do processo construtivo em que se insere CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº 01. Alvenaria
Revista técnica do IBAPE-PE

a alvenaria estrutural. E, entendendo a im- de vedação em blocos cerâmicos.


portância dos esforços de compressão para FREITAS, Alexandre Alves de. Análise numé-
esta concepção de estrutura, é totalmente rica e experimental do comportamento de pris-
justificada e indicada a utilização de graute ma e miniparedes submetidos à compressão.
como composição da alvenaria. Então, não Tese (Doutorado-Programa de Pós-Gradu-
pode esquecer que o graute compõe esse ação e Área de concentração em Engenha-
tipo de estrutura. ria de Estruturas) - Escola de Engenharia
Ressaltando ainda que, conforme dito de São Carlos, Universidade de São Paulo,
inicialmente, aumentando a resistência do 2008.
bloco com a adição do graute melhoramos
a resistência à compressão e, consequente- GARCIA, P. D. (2000). Contribuições ao estu-
mente, auxilia na distribuição dos esforços do da resistência à compressão de paredes de
de tração que possam existir, e poderiam alvenaria de blocos cerâmicos, 115p. Disserta-
ser resistidos sem a adição de armação. ção (Mestrado) – Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS portamento de prismas grauteados de alvena-
TÉCNICAS. Alvenaria estrutural – Blocos ria estrutural cerâmica. 2006. 160 f.Tese (Mes-
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS JUSTE, A. E. (2001). Estudo da resistência e da


TÉCNICAS. Blocos vazados de concreto sim- deformabilidade da alvenaria de blocos de con-
ples para alvenaria – Métodos de ensaio. NBR creto submetida a esforços de compressão. São
12118:2013. Rio de Janeiro. 2011. Carlos, 2001. 229p. Dissertação (Mestrado)
- Escola de Engenharia de São Carlos, Uni-
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR- versidade de São Paulo.
MAS TÉCNICAS. Blocos vazados de concre-
to simples para alvenaria – Requisitos. NBR KALIL, Sílvia. Alvenaria Estrutural. Porto Ale-
6136:2014. Rio de Janeiro. 2014. gre, 2007. 18p. Apostila de estruturas mistas
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BARBOSA, Ana Karolina de Souza. Execução
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de Concreto Segundo Nova Normalização Bra- Frenando Henrique. Alvenaria estrutural não
sileira. Dissertação de Graduação em Enge- armada de blocos de concreto: produção de
nharia Civil, - Escola de Engenharia de São componentes e parâmetros de projeto. Bole-
Carlos, Universidade de São Paulo, São Car- tim Técnico da Escola Politécnica. São Paulo,
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BARBOSA, Claudius de Sousa. Resistência OLIVEIRA, L. A. P. Estudo do Desempenhodos


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Mecânicas do Material Constituinte. Disserta- Dissertação (Mestrado em Engenharia)
ção de Mestrado, - Escola de Engenharia de apresentado à Escola Politécnica da Uni-
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Carlos, 2004. RAMALHO, Marcio Antônio; CORRÊA,
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RIZZATTI, Eduardo. Influência da geometria
Revista técnica do IBAPE-PE

do bloco cerâmico no desempenho mecânico


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(Doutorado em Engenharia Civil) - Depar-
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SONDA, Rafael. Alvenaria Estrutural – Um
Processo Construtivo Racionalizado. Trabalho
de conclusão de curso. Faculdade de Enge-
nharia Civil - Pontifícia Universidade Católi-
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TAUIL, Carlos Alberto; NESE, Flávio José
Martins. Alvenaria Estrutural. Pini. São Paulo,
2010.
VILATÓ, Rolando Ramirez; FRANCO, Luiz
Sérgio. A Capacidade Resistente da Alvenaria
Estrutural Não Armada. Apostila. Departa-
mento de Engenharia da construção Civil,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

40
Revista técnica do IBAPE-PE

A utilização de ARP
artigos técnicos
(Drone Aéreo) no apoio aos
estudos de desapropriação de
um trecho da rodovia BR-230/PA
Geise Cristiane V. Pedrosa Esp¹; Glauber C. Costa MSc.²

Resumo mento na coleta de aeroimagens e víde-


os aéreos, abrangendo o planejamento,
O uso das Aeronaves Remotamente
processamento, validação dos dados co-
Pilotadas – ARP’s (drones aéreos) para
letados e produtos gerados de um tre-
apoiar a elaboração de projetos de en-
cho de 180,10km rodoviário localizado
genharia vem se diversificando e cres-
na BR-230/PA, entre o Rio Arataú e o
cendo ao longo dos últimos anos, prin-
início da travessia do Rio Xingu (Belo
cipalmente impulsionado pelas ofertas
Monte), entre km 390,70 ao km 570,80.
de modelos tecnológicos e pelo surgi-
mento de novos tipos de sensores de Palavras-chave: Desapropriação; ARP;
maior precisão e alcance, viabilizando Drone; Rodovias; Mapeamento.
e expandindo seu emprego. Dentre as
áreas de aplicação das ARP`s, tem-se The use of an RPA (Remotely
o de apoio na elaboração de projetos Piloted Aircraft) to support
de infraestrutura viária, sendo um em-
the expropriation studies of a
preendimento comumente submetido
aos estudos de monitoramento e/ou segment of the BR-230/PA hi-
regularização de suas faixas de domí- ghway
nio. Portanto, é essencial a busca por
inovações tecnológicas que otimizem a Abstract
coleta, processamento e análise dos da- The use of Remotely Piloted Aircraft
dos necessários para composição dos – RPAs (air drones) to support the de-
projetos de desapropriação de obras velopment of engineering projects has
viárias. Por fim, o presente estudo visa been diversifying and growing over the
demonstrar a aplicação do uso de AR- last few years, mainly driven by the avai-
P`s no apoio aos estudos de regulari- lability of technological models and by
zação e/ou desapropriação da faixa de the emergence of new types of sensors
domínio de rodovias, para isso serão with greater precision and range that
demonstradas as principais etapas que enable and diversify their uses. Among
envolvem o emprego desse equipa- the employment areas of RPAs, suppor-

41
41
1

2
ORCID (0000-0001-5172-2095), Universidade Católica de Pernambuco, e-mail: geisecristiane@hotmail.com
ORCID (0000-0001-6153-9032), Universidade Católica de Pernambuco, e-mail: glauber@maiamelo.com.br
jects is a common application, especially e análises destinadas ao monitoramento e/
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in the monitoring of and/or regularization ou regularização de faixa de domínio ou


studies of right-of-ways. Therefore, it is es- servidão, podendo ser necessária a realiza-
sential to search for technological innova- ção de projetos que contemplem a desa-
tions that optimize the collection, proces- propriação de propriedades, de terrenos e/
sing and analysis of the data that is needed ou benfeitorias.
to compose the expropriation projects of Alguns conceitos buscam definir a desa-
road works. This study aims to demons- propriação. Meirelles (2002), utilizando a
trate the use of RPAs to support highway Constituição Federal em sua teoria “Desa-
right-of-way regularization and/or expro- propriação ou expropriação é a transferên-
priation studies. On this purpose, the main cia compulsória da propriedade particular
steps of the use of this type of equipment (ou pública de entidade de grau inferior
in the collection of aerial images and videos para a superior) para o Poder Público ou
were demonstrated, including the planning, seus delegados, por utilidade ou necessi-
processing, validation of collected data and dade pública ou, ainda, por interesse social,
generated products from the surveying of mediante prévia e justa indenização em di-
a 180.10km-long segment on highway BR- nheiro (CF, art. 5º, XXIV), salvo as exceções
230/PA located between the Arataú river constitucionais de pagamento em títulos
and the beginning of its crossing with the da dívida pública de emissão previamen-
Xingu river (Belo Monte), between km te aprovada pelo Senado Federal, no caso
390.70 and km 570.80. de área urbana não edificada, subutilizada
Keywords: Expropriation; RPA; Drone; Hi- ou não utilizada (CF, art. 182, § 4º, III), e de
ghway; Mapping. pagamento em títulos da dívida agrária, no
caso de Reforma Agrária, por interesse so-
1. Introdução cial (CF, art. 184).” (MEIRELLES, 2002).
O mercado de drones aéreos vem cres- Os projetos de desapropriação que
cendo ao longo dos últimos anos, diver- apoiam as obras destinadas à construção
sificando cada vez mais as suas áreas de de rodovias e ferrovias deve contemplar
atuação, principalmente impulsionado pela as informações necessárias à regularização
oferta de novos modelos de equipamentos, e/ou desocupação de áreas localizadas na
com inovações tecnológicas, como a incor- projeção do eixo dos traçados viários, isso
poração de sensores óticos, capazes de co- somada a uma distância para o lado direi-
letar aeroimagens com elevada resolução to e esquerdo desse eixo, que irá compor
espacial, como também com a incorpora- a denominada faixa de domínio projetada,
ção de outros tipos de sensores, como o cuja sua largura varia em função da região
termal, espectral e do tipo laser scanner. do país onde se encontra localizado o pro-
Dentre as áreas de aplicação dos drones jeto viário, da gerenciadora da malha viária
aéreos tem-se a engenharia e construção ao qual esse projeto irá se incorporar, se
como uma das mais relevantes, sendo a de a faixa de domínio projetada desenvolve-se
projetos e obras de infraestrutura a que sobre área urbana e/ou rural, como tam-
possui mais aplicações, como as destinadas bém varia segundo a classificação técnica e
para construção de linhas de transmissão, operacional da via a ser implantada, e por
barragens, adutoras e sobretudo as aplica- fim, com base nesses e outros parâmetros,
ções voltadas a área infraestrutura rodo- o projeto de desapropriação irá propor a
viária e ferroviária (DRONEII, 2020), dos regularização e/ou desocupação dessas áre-
42 quais em sua maioria, submetidas a estudos as (DNIT, 2011).
Importante ressaltar que o desenvolvi- sultará na planta topográfica cadastral.
Revista técnica do IBAPE-PE

mento do trabalho técnico das desapropria- As NBRs 13.752 e NBR 14.653 definem
ções deverá ser executado por um profis- a vistoria como a constatação local, pre-
sional habilitado à engenharia de avaliações, sencial, de fatos e aspectos, mediante ob-
devendo utilizar técnicas consagradas de servações criteriosas em um bem e nos
engenharia de avaliações e, especialmente, elementos e condições que o constituem
atender às diretrizes e recomendações das ou o influenciam. Nas vistorias em campo
normas técnicas correlatas, principalmente a realizar nas áreas interceptadas pela fai-
às da Associação Brasileira de Normas Téc- xa de domínio da rodovia sempre há uma
nicas – ABNT, com destaque para ABNT busca constante na redução do tempo para
NBR-14.653 – Avaliação de bens, sempre execução das tarefas, visando com isso a
buscando avaliar com justiça os imóveis otimização dos custos do projeto e cum-
atingidos, mas para que isso seja atendido, primento do prazo da entrega do produto
é fundamental que esse profissional esteja final ao cliente. Porém, os responsáveis por
munido de informações essenciais aos es- esta etapa de projeto de desapropriação se
tudos das desapropriações, cujo os dados deparam com algumas adversidades, isso
coletados a partir do emprego das ARP`s associada ao elevado deslocamento e logís-
(drones aéreos) pode contribuir nessa ta- tica. As dificuldades enfrentadas para aces-
refa. sar as áreas de interesse a desapropriar,
Segundo o DNIT (2011), para que a de- sobretudo no caso de imóveis rurais, que
sapropriação de terras e a indenização de em geral são áreas remotas, muitas vezes
benfeitorias, presentes nas áreas intercep- inóspitas e de dimensões elevadas, promo-
tadas pela faixa de domínio do projeto de vem um aumento no tempo de execução
rodovias seja conduzida e processada de das vistorias em campo e em alguns casos
forma absolutamente justa e legal, deve-se inviabiliza a execução das tarefas de coleta
seguir algumas diretrizes e etapas durante a de dados das propriedades e imóveis a ca-
condução dos estudos. dastrar, portanto, a incorporação de novas
Os dados necessários aos projetos de tecnologias de coletada de dados, principal-
desapropriação de áreas interceptadas pela mente as do tipo remotas, como o empre-
faixa de domínio de projetos viários resul- go das ARP`s, passa a ser fundamental para
tam da associação de trabalhos de escritó- superar as dificuldades de acessibilidade e
rio e da coleta de dados em campo, abran- logística e a otimização do tempo.
gendo várias etapas e métodos, dentre elas Após a vistoria e levantamento de dados
tem-se a elaboração da base topográfica em campo, tem-se início a etapa de proces-
cadastral da faixa de domínio, elaborada samento de dados, que contempla a com-
por meio da utilização de geotecnologias, patibilização e compilação dos dados cole-
como a aerofotogrametria, adotando aero- tados, e é comum nessa fase dos estudos o
naves tripuladas ou remotamente pilotadas surgimento de dúvidas e de inconsistências
(ARP`s) para a captação das aeroimagens quanto aos dados dos imóveis ou áreas de
(Costa e Silva, 2009), também por meio do terra levantadas. Na busca de dirimir essas
emprego de sistema de imageamento or- dificuldades, a procura por novas soluções
bital, receptores por satélite do tipo geo- e inovações tecnológicas, que otimizem as
désicos (Global Navigation Satellite System tarefas, é uma constante, sendo a adoção
- GNSS) e, por fim, também adotando o dos ARP`s uma alternativa que vem se mos-
método de levantamento topográfico con- trando viável em outras aplicações e mes-
vencional, que emprega receptores GNSS mo na área de monitoramento e regulariza-
43 geodésicos para a coleta de dados, que re- ção de faixa de servidão, como já vem
sendo adotado pelo DNIT (SNDR, 2019) 2. Material e Métodos
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e pela VALEC (SUDES, 2018).


Por fim, o presente trabalho visa relatar 2.1 Área de Estudo
e analisar a experiência da aplicação prá- Abaixo encontra-se descrita as etapas
tica do emprego dos ARP`s no apoio aos de planejamento, processamento, validação
estudos de regularização e/ou desapropria- e elaboração dos produtos coletados por
ção de faixa de domínio em rodovias, des- meio de uma ARP (Drone aéreo), com fins
crevendo as etapas envolvidas nos estudos, de apoiar os estudos de desapropriação de
que vai desde o planejamento inicial do voo um trecho da BR-230 localizado no estado
e de apoio em campo, passando pelas fases do Pará, realizado no ano 2019, do trecho
de processamento e validação dos dados entre o Rio Arataú e o início da travessia
coletados, e, por fim, descrevendo e ana- do Rio Xingu (Belo Monte), no segmento
lisando os produtos gerados, procurando entre os quilômetros km 390,70 ao km
demonstrar assim as potencialidades do 570,80, com extensão total de 180,10km,
emprego desta tecnologia na área de proje- contemplando os municípios de Pacajá e
tos de desapropriação de rodovias. Anapu (Figura 1).

Figura 1. Mapa de Localização O trecho em estudo é predominantemen-


levantado com ARP. te contemplado por propriedades rurais ao
Fonte: Autores (2021). longo de sua faixa de domínio, existindo dois
segmentos urbanos de maior relevância,
que abrangem os municípios de Pacajá/PA e
Anapu/PA e alguns aglomerados urbanos de
menor porte ao longo da via, com destaque
para o povoado de Belo Monte, localizado
44 no final do trecho, na travessia do Rio Xingu.
Foi considerada para os segmentos rurais (DNIT, 2005), e por fim com base na NBR-
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(predominando no projeto) uma faixa de 13.133/94 da ABNT, os levantamentos to-


domínio de 80m (40m para o lado direito e pográficos realizados em campo foram pla-
esquerdo), já nos trechos de travessia urba- nejados e executados, tanto os realizados
na, no segmento que abrangem as cidades com receptor GNSS do tipo geodésico,
de Pacajá/PA e Anapu/PA, a faixa de domí- como os executados com ARP, este último
nio foi reduzida para 40m (20m para o lado como apoio e complemento ao levanta-
direito e esquerdo). mento realizado com a coleta de pontos
2.2 Exposição e campo por meio de receptor GNSS do
Com base nas especificações de localiza- tipo geodésico.
ção e larguras de faixas de domínio, junta- 2.2.1 Fluxograma das etapas do levan-
mente com as informações constantes nas tamento e processamento de dados
especificações técnicas do DNIT, relativas Após a análise das especificações técnicas
às instruções de serviço para levantamen- e dados constantes no termo de referência
tos aerofotogramétricos destinados a pro- do edital do projeto, foram planejadas as
jetos básicos e executivos, respectivamente etapas dos levantamentos e processamen-
a IS-226 e a IS-227, como também as instru- tos de dados e obtenção das aeroimagens
ções de serviço para levantamento topo- e vídeos com a ARP, sendo demonstrado
gráfico destinadas a projetos básicos e exe- abaixo na Figura 2 um fluxograma com o
cutivos, respectivamente a IS-204 e IS-205 resumo das etapas.

FIGURA 2
Fluxograma das etapas dos levantamentos e processamento de dados
para fins de elaboração da base topográfica cadastral.

1. Implantação dos 2. Processamento dos 3. Castrado de toda


marcos Geodésicos
de apoio básico a cada >
Marcos Geodésicos
de apoio básicos > a Faixa de Domínio
com Receptor GNSS
2,5km de climatização implantados no módulo RTK
>

6. Planejamento 5. Desenho da Base 4. Processamento do cas-


das áreas a levantar com > topográfica cadastral > trado da Faixa de Domínio
a ARP e definição das com dados do Receptor realizada com Receptor
faixas de voo GNSS no módulo RTK GNSS no módulo RTK
>

7. Materialização 8. - Realização dos voos 9. Processamento das


e coleta dos vídeos e
e rastreio dos Pontos
de Apoio (GCP’s e GKP’s)
> aeroimagens capturas > Aeroimagens capturas
com a ARP no Metashape
a câmera RGB do ARP
>

10. Validação do proces- 11. Elaboração das 12. - Consolidação da


samento das Aeroimagens > ortoimagens a partir > planta topográfica cadastral
captura com a ARP das Aeroimagens capturas resultante dos dados da
no Metashape com a ARP no Metashape ARP e Receptor GNSS

45 Fonte: Autores (2021).


2.3 Levantamento topográfico para
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elaboração da base topográfica ca-


dastral
2.3.1 Implantação e processamento
dos marcos geodésicos de apoio bá-
sico
Os estudos topográficos destinados à
confecção da planta topográfica cadastral
na área estudada adotaram receptores
GNSS geodésicos, no módulo estático, isso (c)
para materialização dos marcos geodésicos Figura 3
de apoio básico, implantados a cada 2,5km
(a) Vista do rastreio GNSS (recep-
(Figura 3).
tor modelo CHC GNSS i80) no
Marco Geodésico M-16 pertencen-
te à rede de apoio básica do levan-
tamento
(b) Vista de topo do marco M-16
de concreto
(c) Croqui de localização do Mar-
co M-16.
Fonte: Autores (2021).

Os marcos de concreto prismáticos fin-


cados ao solo implantados em campo, ca-
denciados a cada 2,5km, foram identificados
por meio de planta metálica fixadas no topo
dos marcos, cuja rede foi composta no total
por 70 marcos, posicionado em campo de
(a) maneira a ficar o mais protegido possível da
ação de depredação, como também em lo-
cal que viabilizasse seu posterior emprego
nas etapas seguintes de cadastramento das
propriedades e imóveis.
Para o processamento dos dados coleta-
dos no rastreio GNSS geodésico foi utiliza-
do o programa Topcon Tools, sendo mos-
trado abaixo, nas Figuras 4 e 5, um exemplo
do processamento dos dados.

(b)
46
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Figura 4. Janela do programa Topcon Tools mostrando o processamento de alguns


marcos geodésicos de apoio básico implantados no estudo.
Fonte: Autores (2021).

Figura 5. Janela do programa Topcon Tools mostrando a interface de visualização de alguns


marcos geodésicos de apoio básico implantados, os tempos e sobreposição dos rastreios.
47 Fonte: Autores (2021).
2.3.2 Cadastro e processamento da Utilizando como ponto BASE de Rastreio
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faixa de domínio utilizando Receptor GNSS sempre um dos 70 marcos perten-


GNSS cente à rede de apoio básica previamente
Posteriormente, com base nas coordena- implantados em campo, foi realizado o levan-
das dos marcos geodésicos de apoio básico tamento cadastral das benfeitorias e proprie-
implantados e processados no sistema UTM dades interceptadas pela faixa de domínio da
e Datum Sirgas 2000, deu-se início a etapa BR-230/PA no trecho em estudo, resultando
de coleta dos dados cadastrais das proprie- em uma nuvem de pontos 3D (Este, Norte,
dades e imóveis. Para essa etapa adotou- Cota e Descrição) coletadas em campo, que
-se receptores GNSS geodésicos de dupla por sua vez resultou na base topográfica ca-
frequência (L1/L2) modelo CHC GNSS i80 dastral da faixa de domínio e não edificante,
RTK, destinados ao cadastro topográfico da desenhada no programa Bentley PowerCivil
faixa de domínio e faixa não edificante (non SS2, conforme exemplificado na Figura 6.
aedificandi).

Figura 6. Base topográfica cadastral resultante do levantamento realizado


com receptor GNSS geodésicos de dupla frequência (L1/L2)
modelo CHC GNSS i80 RTK.
Fonte: Autores (2021).

Nessa etapa foram levantadas informa- grafia os nomes dos proprietários, sendo
ções cadastrais dos imóveis e propriedades também estabelecida uma numeração ca-
abrangidas pela faixa de domínio, como a dastral para cada edificação levantada, vi-
coleta de pontos 3D (Este, Norte, Cota e sando quantificar e identificar os imóveis, e
Descrição) do perímetro das edificações, para nortear as equipes de campo, sendo
cercas, muros, postes, dentre outros, tam- essas ações fundamentais aos estudos de
48 bém foram coletados pela equipe de topo- desapropriação para projeto viários.
2.4 Levantamento Aéreo com ARP • Para a coleta das aeroimagens, foi uti-
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(drone aéreo) lizada uma RPA multirotor da Marca DJI


modelo Mavic 2 pro da DJI (Figura 7),
Visando apoiar as etapas de campo e
munido de câmera com sensor CMOS de
de processamento dos dados 3D coleta-
1 polegada e resolução de 20MP (5.472 x
dos com os receptores GNSS geodésicos
3.648 pixels);
de dupla frequência (L1/L2) modelo CHC
GNSS i80 RTK, com fins de elaboração da • As aeroimagens coletadas foram proces-
base topográfica cadastral, foram realizados sadas e amarrados aos pontos de apoio
sobrevoos para obtenção de aeroimagens pré-sinalizados, implantados em campo,
na posição a nadir (posição vertical) e de sendo esses pontos criados previamente
vídeos aéreos do trecho em estudo, Brito ao voo. Foram implantados um total de
et al. (2007). E utilizando a ARP, munida de 648 pontos de apoio;
câmera digital RGB, objetivando a confec- • Níveis de monóxido de carbono (CO)
ção de ortomosaicos georreferenciados, em ppm;
que abrangessem uma faixa de no mínimo • Após a coleta das aeroimagens, seguiu-se
200m, com 100m à direita e à esquerda a o processamento dos dados em softwa-
partir do eixo existente da rodovia BR-230/ re específico, onde foram geradas como
PA, entre os quilômetros km 390,70 ao km produtos finais as ortoimagens das áreas
570,80. levantadas, obtendo-se um produto final
A coleta das aeroimagens com o empre- na planimetria, o enquadramento na Clas-
go da RPA seguiu as seguintes especifica- se “A” para escala cartográfica de 1/1000
ções para obtenção dos dados de campo, segundo o Padrão de Exatidão Cartográfi-
voo e processamento: ca (PEC) do Decreto Nº 89.817 de 20 de
junho de 1984.

Rádio
DJI Mavic Controle
2 pro

Smarphone
Protetor
da câmera

Cabos de conexão Carregador


do rádio controle Hélices
com o Smarphone reservas

Figura 7.Vista da ARP (drone aéreo) modelo DJI Mavic II PRO e acessórios,
referente ao mesmo utilizado nos levantamentos aéreos do presente estudo.
49 Fonte: Autores (2021).
2.4.1 Planejamento do voo com a ARP nal pretendida (1/1000 – Classe “A”) e con-
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Com base nas especificações da ARP a figurações da ARP utilizada, principalmente


ser utilizada, juntamente com o estabeleci- as características da Câmera RGB adotada,
do nas Instruções de Serviço – IS para ae- alcance e autônima da aeronave, por fim as
rolevantamentos com fins de Projeto Bási- áreas de voo foram planejas, em um total
co e Executivo do DNIT (DNIT, 2005), foi de 184 áreas (Figura 8), variando de 500m a
adotado como escala planimétrica carto- 1500m de comprimento com 150m de lar-
gráfica de referência dos produtos a serem gura, isso juntamente com o planejamento
gerados a partir das aeroimagens coletadas da localização e quantidade dos pontos de
com a ARP, do valor de 1/1000 a Classe “A”, apoio por área de voo, perfazendo um total
conforme estabelece o Padrão de Exatidão de 648 pontos de apoio pré-sinalizados.
Cartográfica (PEC) do Decreto Nº 89.817 A distribuição dos pontos de apoio res-
de 20 de junho de 1984, em vigor no Bra- peitou a cadência de 250m a 700m, alter-
sil, e igualmente seguida pelo DNIT (2005), nando a posição entre os lados direito e
para seus estudos de projeto básico e exe- esquerdo do acostamento da via existente,
cutivos de engenharia para rodovias. também foram implantados pares de pon-
Primeiramente foi feito um reconheci- tos posicionados nas extremidades das áre-
mento da área de estudo por meio do pro- as de voo, que tinha a função de executar
grama Google Earth, utilizando as imagens a ligação entre as áreas de voo. Ressalta-se
de satélite disponíveis, relevo da imagem de que os pontos de apoio foram mais densa-
radar (SRTM (90m) e Aster GDEM (30m)) mente implantados nos trechos que abran-
e utilizando o recurso do Street View. Em geram as travessias urbanas e nas áreas de
seguida com base na escala cartográfica fi- maior ocupação lindeira da rodovia com a

Ponto de apoio pré-sinalizado Ponto de apoio pré-sinalizado

Figura 7: Vista da janela do programa Google Earth mostrando parte das áreas de
voo 08 e 11 e as áreas de voo 09 e 10 planejadas, como também os pontos de apoio.
Fonte: Autores (2021).
50
presença de benfeitorias, e mais espaçados nos de voo para ARP, dos quais realiza todo
Revista técnica do IBAPE-PE

nas áreas rurais, porém sempre preservan- o planejamento do voo, indicando informa-
do o par de pontos das extremidades, ou- ções como número de faixas para o reco-
tro critério foi a verificação das áreas de brimento da área desejada, tempo de voo,
maior alteração do relevo, que prescindia a número de baterias e é possível configurar
implantação e o adequado posicionamento percentuais de sobreposição longitudinal e
dos pontos de apoio. lateral das imagens, isso entrando com os
A partir do planejamento preliminar re- dados do tipo de ARP que será utilizado no
alizado no Google Earth, as áreas de voo voo, o Ground Sample Distance (GSD) e/
foram exportados para o formato .kml (Ke- ou altura de voo deseja, que no presente
yhole Markup Language), correspondente estudo foram respectivamente o ARP DJI
ao arquivo nativo do Google Earth, e pos- modelo Mavic 2 pro da DJI, GSD = 2,3 cm/
teriormente importadas no Dronedeploy, pix e altura de voo de 120m. Abaixo segue
que é uma aplicação via web de licença livre, a Tabela 1 com o resumo das configurações
sendo necessário apenas um cadastro para do plano de voo configurada no DroneDe-
ter acesso aos recursos disponibilizados ploy da Área 09.
pelo desenvolvedor para elaboração de pla-

TABELA 1
Dados do plano de voo configurado no DroneDeploy, sendo neste
exemplo demonstrado o da ÁREA 09.

Ground Sample Distance (GSD) 2,3 cm/pix

Área Voada 14,0 Hectares

Sobreposição Longitudinal e Lateral 75% e 65%

Número de Baterias 1

Altura Voo 100 m

Número de Aeroimagens 157

Tempo de Voo 9 min e 27 segundos

Fonte: (DroneDeploy, 2021).

Todas as 184 áreas de voo foram inseridas no DroneDeploy, por meio da importação
do arquivo em formato kml, proveniente do planejamento preliminar realizado no Google
Earth (Figura 9), sendo definido os parâmetros de configuração e calculada as linhas de
51 voo do ARP.
Revista técnica do IBAPE-PE

Figura 9. Janela do DroneDeploy mostrando os parâmetrosde configuração


do planejamento de voo da Área 09.
Fonte: (DroneDeploy, 2021).

2.4.2 Materialização e rastreio dos suas coordenadas geodésicas coletadas por


Pontos de Apoio meio de equipamento do tipo receptor
A partir do planejamento preliminar rea- GNSS Geodésico de dupla frequência (L1/
lizado no Google Earth, os pontos de apoio L2), modelo CHC GNSS i80 RTK (Figura
estudados foram exportados em formato 10d).
kml (Keyhole Markup Language) e depois
para gpx (GPS Exchange Format), arquivo
de compartilhamento de dados de coorde-
nadas coletados com receptor GPS, para
serem carregados via aplicativo para Smar-
tphone munido de Receptor GNSS de Na-
vegação, viabilizando assim o posicionamen-
to em campo dos pontos de apoio pelas
equipes de topografia, que observaram as
condições in loco.
A implantação dos pontos de apoio pré-
-sinalizados em solo requer um planeja-
mento prévio, visto que deve ser realizado
antes do voo e visa viabilizar o apoio das
aeroimagens coletadas pela ARP, onde neste
estudo foram implantados 648 pontos de
apoio pré-sinalizados, distribuídos nas áre-
as sobrevoadas, confeccionados três tipos
de pontos de apoio: em placa metálica (Fi-
gura 10a), pintura com tinta branca (Figura a)
52 10b) e implantada com cal (Figura 10c), com
Revista técnica do IBAPE-PE

b) c)

Figura 10
(a) Vista do ponto de apoio tipo placa
metálica
(b) Vista do ponto de apoio tipo pintura
com tinta branca
(c) Vista do ponto de apoio do tipo im-
plantação com cal
d) Vista do rastreio GNSS e pintura do
d) ponto de apoio.
53 Fonte: Autores (2021).
2.4.3 Realização dos voos para toma- as recomendações quanto ao emprego de
Revista técnica do IBAPE-PE

da das aeroimagens e vídeos com a equipamento regulamentado pela Agência


ARP Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
Além das tomadas das aeroimagens na Os pilotos envolvidos nas operações e os
posição a nadir, com fins de elaboração das observadores também estavam devidamen-
ortoimagens georreferenciadas, também fo- te cadastrados no sistema SARPAS, e du-
ram realizadas filmagens ao longo da rodo- rante as operações aéreas sempre estavam
via BR-230/PA, visando reconhecimento da munidos dos documentos obrigatórios lis-
área em estudo e para apoiar os estudos de tados abaixo, e a aeronave utilizada nos voos
desapropriação (Figura 11). cadastrados no Sistema de Aeronaves não
Salienta-se que todos os voos realiza- Tripuladas (SISANT) da ANAC, visando as-
dos foram planejados e previamente auto- sim o cumprimento das regras vigentes para
rizados pelo Departamento de Controle operações com ARP para fins profissionais,
do Espaço Aéreo Brasileiro (DECEA), por tais como:
meio do sistema de solicitação de acesso
ao Espaço Aéreo Brasileiro por Aeronaves • Apólice de seguro ou o certificado
Não Tripuladas (UA) do DECEA, o siste- de seguro com comprovante de paga-
ma SARPAS, como também respeitando as mento, dentro da validade, se aplicável;
normas em vigor do DECEA (ICA-100-40
• Manual de voo;
- AERONAVES NÃO TRIPULADAS E O
ACESSO AO ESPAÇO AÉREO BRASILEI- • Autorizações de voos emitida pelo
RO) e da Agência Nacional de Aviação Civil DECEA por meio do sistema SARPAS.
– ANAC (RBAC-E94), e por fim, seguindo

Figura 11.Vista da tomada panorâmica com câmera na posição oblíqua, recortada


de um dos vídeos realizados ao longo da BR-230/PA, viabilizando uma melhor
visualização da faixa de domínio a regularizar e/ou desapropriar.
Fonte: Autores (2021).
54
2.4.4 Processamento das Aeroima- Como produtos finais, foi gerado o mo-
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gens capturadas com a ARP no Me- delo digital de superfície (MDS – Modelo
tashape Digital de Superfície), que mostra o com-
Após coletadas das aeroimagens com a portamento do relevo da área estudada (Fi-
câmera na posição a nadir, respeitando os gura 12), sendo também gerada a ortoima-
parâmetros de voo preestabelecidos, junta- gem georreferenciada (Figura 13), que foi o
mente com as coordenadas dos pontos de principal produto resultante do processa-
apoio pré-sinalizados, foi realizado o pro- mento aerofotogramétrico realizado com
cessamento aerofotogramétrico no progra- as aeroimagens coletadas com a ARP para
ma Metashape da Agisoft. os estudos de desapropriação da BR-230/
PA.

Figura 12: Janela do programa Metashape mostrando o MDS gerado,


etapa que precede a geração da ortoimagem georreferenciada.
Fonte: Autores (2021).

Figura 13: Janela do programa Metashape com a ortoimagem georreferenciada,


sendo a etapa final do processamento realizado.
55 Fonte: Autores (2021).
2.4.5 Validação do processamento dramento no PEC, denominados de pontos
Revista técnica do IBAPE-PE

Para verificar o enquadramento do levan- de checagem do levantamento (Pontos de


tamento quanto à acurácia planimétrica, se- Checagem - GKP’s, em inglês Ground Check
gundo o Padrão de Exatidão Cartográfica Points).
(PEC) estabelecido no Decreto Nº 89.817 Foi alcançado nos processamentos reali-
de 20 de junho de 1984, foi adotado o sof- zados no GeoPEC o enquadramento da Pla-
tware GeoPEC para verificação do enqua- nimetria para Classe A de 1/1000 de escala
dramento no PEC. Onde foram definidos, cartográfica, sendo demonstrado abaixo um
a partir dos pontos de apoio implantados, exemplo da janela do programa GeoPEC
os pontos que fariam parte do processa- demonstrando os resultados do processa-
mento (Pontos de Controle - GCP’s, em mento e a indicação do enquadramento (Fi-
inglês Ground Control Points) e os que se- gura 14).
riam adotados para verificação do enqua-

Figura 14: Janela do programa GEOPEC mostrando o resultado da análise


de enquadramento planimétrico segundo a PEC.
Fonte: Autores (2021).

2.4.6 Elaboração das ortoimagens matricial de imagem, contrário do formato


As ortoimagens que foram utilizadas como Geotiff (.tiff - Tagged Image File Format), que
apoio aos estudos de desapropriação do pre- é um arquivo de imagem sem compactação,
sente trabalho foram geradas no programa onde é possível inserir informações das co-
Metashape, exportadas em formato geotiff ordenadas geográficas no arquivo gerado.
(.tiff) e posteriormente, através do progra- Salienta-se que o programa do tipo CAD
ma Global Mapper, novamente exportadas (Computer Aidded Design) adotado nas
no formato .ecw (Enhanced Compression etapas de elaboração dos estudos de de-
Wavelet), visto que a extensão .ecw possibi- sapropriação foi o Bentley PowerCivil SS2.
lita um melhor manuseio da ortoimagem ge- 2.5 Consolidação da planta topográfi-
rada em programas do tipo CAD (Compu- ca cadastral
ter Aidded Design), por ser um formato de Com as ortoimagens geradas foi possível
imagem de compressão Wavelet otimizado realizar uma revisão geral de toda a base
para fotografias aéreas e imagens de satéli- cartográfica cadastral inicialmente proces-
56 te, ser um formato compactado de arquivo sada apenas com os dados coletados pela
topografia em campo por meio de recepto- (Figura 16b). Sendo possível observar com
Revista técnica do IBAPE-PE

res GNSS geodésicos RTK, sendo portanto detalhes o tipo de cobertura presente no
as ortoimagens fundamentais para dirimir terreno, como também o tipo e padrão de
as dúvidas existentes resultantes dos cro- edificação interceptada pela faixa de domí-
quis gerados pelas equipes de campo da to- nio da rodovia em estudo.
pografia e na identificação de pontos não
levantados, que necessitaram de planeja-
mentos específicos para realização de revi-
sitas para complementação do cadastro.
Por fim, para formar as plantas referen-
tes à base cartográfica cadastral, as ortoi-
magens foram incorporadas ao desenho do
cadastro elaborado com os dados coleta-
dos por receptores GNSS geodésico RTK,
permitindo desta forma uma melhor visua-
lização da faixa de domínio e gerando um
produto de qualidade e de maior confiabili-
dade quanto as informações presentes em
campo (Figura 15).

Figura 16:
(a) Imagem orbital do Google Earth.
(b) Ortoimagem resultante do proces-
samento aerofotogramétrico com GSD
Figura 15: Vista da planta geral de de 2,8cm.
localização número 293, de um total de Fonte: Autores (2021).
327, apresentada na escala 1/2000.
Fonte: Autores (2021). 3. Conclusões
A adoção das ortoimagens geradas pelo
Abaixo é apresentado um pequeno exem- processamento de dados utilizando a ARP
plo da diferença na resolução da imagem (drones aéreos) para obtenção de aeroima-
orbital disponibilizada de forma gratuita no gens, juntamente com os dados das filma-
Google Earth (Figura 16a) da área de estu- gens também realizadas com a ARP, foram
do, na BR-230/PA, e a ortoimagem resultan- fundamentais como apoio aos serviços des-
te do processamento aerofotogramétrico tinados à elaboração de base cadastral, com
com base nas aeroimagens coletadas com a fins de regularização e/ou desapropriação
ARP (Figura 16b), cuja resolução espacial al- interceptadas pela faixa de domínio de ro-
cançada foi, especificamente nessa imagem dovias, sendo abaixo elencadas as vantagens
57 tomada como exemplo de GSD, de 2,8cm observadas:
Revista técnica do IBAPE-PE

• Agilidade na elaboração de ser- to, possibilitando uma cobertura de


viços de aerolevantamento: 100% das áreas a serem levantadas, e
Considerando a extensão levantada com isso proporcionando uma maior
de 180,10km com largura de faixa de confiabilidade ao produto gerado;
200m, em 45 dias corridos de aerole- • Maior precisão e qualidade do
vantamentos com mais 30 dias corri- produto final:
dos de processamento, viabilizou uma Como a área aerolevantada com a
melhor compreensão da área cadas- ARP abrangeu 100% do trecho, com
trada pela topografia anteriormente a resolução alcançada de GSD varian-
executada com receptor GNSS, agili- do de 2,5cm a 3,0cm, considerada de
zando a validação dos levantamentos alta resolução espacial, foi possível a
e consequentemente otimizando o fotointerpretação de detalhes, que
cumprimento dos prazos de entrega; comumente passam despercebidos
• Área de abrangência: quando da adoção do cadastro con-
A rodovia estudada, encontra-se loca- vencional executado apenas com
lizada na região norte do país, numa estação total e/ou receptor GNSS,
zona predominantemente rural, inse- como barragens, nascentes, culturas,
rida na região amazônica, pertence ao edificações, ou algum outro ponto
trecho da transamazônica da BR-230/ notável, e com as aeroimagem foram
PA, contemplando trechos não pa- devidamente identificados;
vimentados e de acessos laterais às • Para a fase da avaliação dos
propriedades lindeiras, que dificultam imóveis pertencentes à faixa de
os deslocamentos das equipes de domínio:
campo às propriedades, objetos da
Otimizou a elaboração dos laudos
desapropriação, com isso a adoção do
através de uma melhor identificação
aerolevantamento com ARP permitiu
das benfeitorias e propriedades, in-
de forma remota a coleta de dados
clusive a demarcação dos seus limites
da região, isso com uma abrangência
das áreas das propriedades rurais. Pois
de 200m de largura em relação ao
nem sempre a fotografia convencional
eixo da via existente (largura mínima
consegue abranger todos os detalhes,
de 100m para cada lado), largura esta
e em especial para as áreas rurais, que
bem superior às praticadas pela topo-
possuem grandes dimensões, onde
grafia convencional, e além da largura
ocorre surgimento de dúvidas e de
da faixa de domínio da rodovia em
inconsistências quanto aos dados dos
estudo, que é de 80m (40m para cada
imóveis ou áreas de terras levantadas,
lado a partir do eixo da via existen-
a utilização da ARP foi de extrema im-
te), dos quais essa maior abrangência
portância no apoio para dirimir dúvi-
viabilizou realizar um melhor planeja-
das e assim contribuindo na agilidade
mento dos trabalhos em campo das
da elaboração dos laudos de avaliação;
equipes de cadastro, como também
uma melhor identificação das benfei- • Redução dos custos:
torias e propriedades, inclusive a de- Cobrindo uma área superior às co-
marcação dos seus limites, sobretudo mumente praticadas pela topografia
nas áreas de acesso restrito e inóspi- convencional que adotam a estação
58
Revista técnica do IBAPE-PE

total e/ou receptor GNSS para a reali- maior atenção por parte dos pilotos
zação de coleta de dados em campo, em operação, visto que a coletada
a aerofotogrametria executada com das aeroimagens devem ser realizadas
aeroimagens coletadas com ARP tem sob condições de iluminação o mais
um tempo reduzido de execução para uniforme possível, e quando em alguns
cobrir áreas de maior abrangência pontos da área sobre cobertura ae-
com tempo e custos operacionais rofotogramétrica constar em algum
mais reduzidos para seu emprego; ponto a presença de sobra e outra
• Criação de uma acervo: não, isso comprometerá a qualidade
Com as filroimagem, ambas obtidas visual da ortoimagem, prejudicando
com o emprego da ARP, possibilitou a posteriormente a fotointerpretação;
criação de um importante aceso visual • Foi identificado que as condições
da situação da faixa de domínio exis- climáticas da região do projeto preci-
tente durante os estudos de desapro- sam ser previamentes estudadas, pois
priação, possibilitando a consulta e a representam um dos principais fatores
chamada selagem do trecho em es- que influenciam as operações, e como
tudo, que contribuiu na consolidação consequência prejudicam a produti-
da base cadastral realizada em campo vidade das atividades de campo de
pela equipe topográfica por meio de coleta das aeroimagens com o uso
receptor GNSS e constituirá numa da ARP. Entretanto, vale destacar que
ferramenta essencial durante as de- na topografia convencional o clima
mais etapas dos estudos de desapro- também afeta o desenvolvimento dos
priação, como no auxílio a elaboração trabalhos de campo.

Também com base nos estudos realiza- Por fim entende-se com base nas expe-
dos, observou-se algumas questões relevan- riências vivenciadas no projeto da BR-230/
tes que precisam ser estudadas e aperfeiço- PA, ao longo dos 180,10km, que o emprego
adas, visando otimizar a aplicação das ARP’s da ARP pode gerar produtos para apoiar os
em projetos de desapropriação de rodo- estudos para fins de regularização e/ou de-
vias, onde foram observados os seguintes sapropriação de imóveis e propriedades em
aspectos: projetos rodoviários, com base nas vanta-
gens observadas do seu emprego, como o
• Devido às condições climáticas da apoio à topografia convencional, os produ-
tos gerados (MDE, ortoimagens e filmagens
região, influenciada pelo clima típi-
aéreas), como também, ao tempo de execu-
co da região amazônica, com chuvas
ção versus a área de abrangência sobrevoa-
frequentes, contribuiu negativamente
da e levantada com a ARP.
nas operações aéreas, visto a ARP uti-
lizado no levantamento não ter sido Referências
projetada para realizar voos na chuva,
principalmente pelo fato de apresen- AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO
tar propulsão elétrica; CIVIL. Orientações para usuários de drones.
2017. Dispo-nível: https://www.anac.gov.br/
• A presença intensa de nuvens, típi- assuntos/paginas-tematicas/drones/orien-
ca da região também foi um aspecto tacoes_para_usuarios.pdf> Acesso em 20
59 relevante que necessitou de uma de agosto de 2021.
AGISOFT METASHAPE. Software. Versão NBR-14.653-1 – Avaliação de bens – Parte
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BRITO, J. L. N. e S.; COELHO FILHO, L. C.T. NBR-14.653-2 – Avaliação de bens – Parte
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COSTA, G. C.; SILVA, D. C. Classificação de Normas Técnicas – Rio de Janeiro: ABNT,
Mapeamento Aerofotogramétrico com Ima- 2011.
gens Obtidas de Câmeras Não-Métricas para NBR-14.653-3 – Avaliação de bens – Parte 3:
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sileira de Cartografia (Online), v. 61/3, p. 223- ção Brasileira de Normas Técnicas – Rio de
231, 2009. Janeiro: ABNT, 2019.
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO NBR-13.133 - Execução de levantamento to-
ESPAÇO AÉREO. Sistema de Aeronave Não pográfico - Associação Brasileira de Normas
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MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Bra-


sileiro. 27ª edição, Malheiros Editores, São
Paulo, 2.002.
60
Impacto da Vibração
Revista técnica do IBAPE-PE
artigos técnicos

de Desmonte de Rocha
em Edificações Lindeiras:
Estudo de Caso
Marcus Vinícius Fernandes Grossi MSc.¹

Resumo
Imóveis lindeiros a uma minerado- vibrações decorrentes das atividades de
ra situada na região sudeste do Brasil, mineração medidas em campo estavam
apresentaram quadro fissuratório em dentro dos limites aceitáveis da ABNT
diversas paredes, cuja suspeita dos usu- NBR 9653 (2018); (d) todas as vibrações
ários era de vibração decorrente das teóricas, calculadas com base na lei da
atividades de mineração próxima. Este atenuação, ficaram dentro dos limites
trabalho tem como objetivo realizar o aceitáveis da ABNT NBR 9653 (2018).
diagnóstico do quadro fissuratório das Portanto, fica demonstrado que existem
edificações para definição das possíveis diversas causas que explicam as fissuras
causas e responsáveis para realização do identificadas nos imóveis em análise, e
reparo dos danos. O estudo foi realiza- mesmo que as vibrações geradas pelas
do por meio de inspeção sensorial em atividades de desmonte tenham gerado
campo, medições de vibração do solo ou aumentado alguma das fissuras des-
com sismógrafo, cálculo de propagação tes imóveis, estas podem ter aparecido
de vibração dos desmontes de rocha por deficiência construtiva dos imóveis.
e consulta a referências bibliográficas. Então, objetivamente, as atividades de
A partir da análise dos resultados, foi mineração em estudo não são responsá-
possível concluir que: (a) a maioria das veis pelas fissuras nos imóveis lindeiros,
fissuras constatadas estavam dentro visto que as vibrações geradas estão den-
da tolerância dimensional das normas tro dos limites normativos. Todavia, tal
técnicas brasileiras, não trazendo pre- consideração levanta uma eventual ne-
juízos ao desempenho das edificações; cessidade de discussão sobre os limites
(b) existem diversas causas prováveis de vibração da ABNT NBR 9653 (2018),
para os quadros fissuratórios obser- visto que podem não garantir a integrida-
vados, podendo estar relacionado com de de edificações mais antigas e frágeis.
movimentação do solo, ou das funda- Palavras-chave:Vibração; Fissuras; Mine-
ções, por falta ou erro no dimensiona- ração; Desmonte de Rocha; Patologia
mento das fundações etc.; (c) todas as de Construção.

61 61 1
ORCID (0000-0001-7988-4395), Universidade Brasil, São Paulo/SP, e-mail: marcus@fernandesgrossi.com.br
Impact Analysis in Buildings Nei- the cracks in neighboring buildings, since
Revista técnica do IBAPE-PE

ghboring Rock Blasting Areas: the vibrations generated are within regu-
latory limits. However, such consideration
Case Study raises a possible need to discuss the vibra-
Abstract tion limits of ABNT NBR 9653 (2018), sin-
ce they may not guarantee the integrity of
Properties adjacent tio a mining company
older and more fragile buildings.
located in the southeastern region of Bra-
zil showed cracking in several walls, whi- Keywords: Vibration; Cracks; Mining; Rock
ch users suspected was vibration resulting dismantling; Construction Pathology.
from nearby mining activities. This work 1. Introdução
aims to carry out the diagnosis of the cra- Ao contrário de outras atividades in-
cking condition of the buildings to define dustriais, na mineração a definição da lo-
the possible causes and those responsib- calização de uma mina é condicionada
le for carrying out the damage repair. The pela existência e localização do minério,
study was carried out through sensory ins- não seguindo apenas fatores de mercado,
pection in the field, measurements of soil mas principalmente a geologia, o que aca-
vibration with a seismograph, calculation of ba muitas vezes fazendo com que algum
vibration propagation in rock blasting and empreendimento de mineração tenha que
consultation of bibliographic references. estabelecer-se próximo de zonas urbanas,
From the analysis of the results, it was pos- de estruturas ou obras civis e mesmo de
sible to conclude that: (a) most of the cra- áreas de proteção ambiental (SILVA, 2019),
cks found were within the dimensional to- podendo ser uma fonte de perturbação
lerance of the Brazilian technical standards, para a população e para o meio ambiente,
not causing damage to the performance of gerando inúmeros impactos, sendo o mais
the buildings; (b) there are several probab- lembrado pela população os oriundos do
le causes for the observed cracking condi- uso de explosivos (DORNELES, 2013). Os
tions, which may be related to movement principais impactos decorrentes do uso de
of the soil or foundations, due to lack or explosivos são: ultralançamento de rocha,
error in dimensioning the foundations, etc.; poeira, gases, vibração e ruído. De um modo
(c) all vibrations resulting from mining ac- geral, estes dois últimos fenômenos são os
tivities measured in the field were within que acabam tornando os efeitos do uso de
the acceptable limits of ABNT NBR 9653 explosivos mais notados pelas populações
(2018); (d) all theoretical vibrations, calcu- do entorno, potencialmente causando um
lated based on the attenuation law, were clima de hostilidade entre mineradora, po-
within the acceptable limits of ABNT NBR pulação e órgãos públicos de fiscalização
9653 (2018). Therefore, it is demonstrated (DORNELES, 2013).
that there are several causes that explain Neste contexto, este trabalho vem apre-
the cracks identified in the properties un- sentar um estudo realizado em imóveis lin-
der analysis, and even if the vibrations ge- deiros a uma mineradora situada na região
nerated by the dismantling activities have sudeste do Brasil que apresentaram quadro
generated or increased some of the cracks fissuratório em diversas paredes, cuja sus-
in these properties, these may have appea- peita dos usuários era de vibração decor-
red due to constructive deficiencies in the rente das atividades de mineração próxi-
properties. So, objectively, the mining acti- ma, onde objetivou-se analisar se o quadro
vities under study are not responsible for fissuratório reclamado pelos usuários das
62
edificações lindeiras à mineradora eram permanência em sua residência, devido à
Revista técnica do IBAPE-PE

decorrentes das vibrações dos desmontes quarentena de COVID-19, e começarem a


de rocha sentir as vibrações das explosões.
A idade aparente das construções era
2. Método de Inspeção de 15 a 25 anos, e segundo relatos do
Para análise do quadro fissuratório das proprietário, os imóveis não possuíam
edificações realizou-se: (a) levantamento projetos executivos e registros de acom-
do histórico por meio de entrevista com panhamento de execução por profissional
os usuários e funcionários da minerado- habilitado, tendo algumas sofrido altera-
ra, coletando a data de identificação das ções e reformas, sem qualquer plano de
anomalias, os dados e datas das atividades reforma, ou documento que demonstre
de desmonte com explosivos; (b) inspe- o dimensionamento e especificação ade-
ção sensorial nos imóveis para análise das quados dos elementos estruturais e de
manifestações patológicas; (c) medição de
vibração do solo durante as atividades de
explosão; (d) cálculo de propagação de vi-
bração dos desmontes de rocha de des-
montes antigos para observar se algum ge-
rou vibrações nocivas; (e) comparação dos
resultados de vibração com os limites da
ABNT NBR 9653 (2018).
2.1 Medição da vibração do solo
A medição de vibração do solo foi feita
por meio de sismógrafo da marca Vibra-
cord modelo Gaia com resposta em frequ-
ência 2-250 Hz e 1-315 Hz, com precisão
de 0,01 mm/s atendendo aos requisitos da
DIN 45669.
3. Apresentação dos Dados
Foram identificados diversos tipos de
causas de fissuras, como recalque, flexão,
retração e movimentação térmica, muitas
delas fissuras capilares, ou seja, com es-
pessura média de 0,1 a 0,2 mm, em pon-
tos localizados, de pequenas extensões. As
que foram objeto de análise foram as mais
relevantes, ou seja, que possuíam aber-
turas maiores e em extensões maiores
conforme Figura 1.
Os usuários dos imóveis não souberam
definir de maneira exata quais fissuras
seriam supostamente decorrentes da
atividade mineração, o que levanta a hipó- Figura 1: Exemplo de algumas fissuras
tese de que as fissuras poderiam já existir constatadas nas inspeções em campo
63 e só foram percebidas depois da maior
4. Diagnóstico dos materiais de construção, principalmen-
Revista técnica do IBAPE-PE

te os cimentícios.
4.1 Classificação das fissuras
Desta forma, a análise das fissuras foi triada
De modo geral, entende-se que fissuras pelos critérios a seguir, principalmente se-
são anomalias praticamente inevitáveis em gundo a espessura (abertura), comprimen-
edificações devido ao comportamento de to e quantidade, que podem indicar a gravi-
seus materiais constituintes, e também, por: dade do problema e até mesmo auxiliar na
a) a grande quantidade de solicitações ex- identificação da causa.
ternas (umidade, temperatura, peso pró- A ABNT NBR 15575-4 (2013) traz mé-
prio, peso dos móveis e pessoas, impactos, todo de análise de fissuração em vedações
vento etc.); verticais, conforme descrito no Quadro 1,
b) a heterogeneidade dos materiais; sendo aceitável fissuras de 10,0 cm/m² em
c) a grande quantidade de vinculações en- ambientes internos, e fissuras não visíveis a
tre elementos; 1,0 m de distância a 250 lux (o que equivale
d) o comportamento plástico da maioria a uma fissura de 0,1 a 0,2 mm de espessura)

QUADRO 1
Critérios de aceitação para fissuração em vedações verticais
(ABNT NBR 15575-4, 2013)

Elemento Método Critério

Não apresentar fissuras


Inspeção visual
Vedação vertical interna, (a 1 m da superfície do
ou face interna de veda- elemento, em um cone vi- Fissuração que não
ção vertical externa sual de 60º, sob iluminação ultrapasse 0,1 m/m²
de 250 lux) (referente à área total
das paredes do ambiente)

Inspeção visual
(a 1 m da superfície do
Vedação vertical externa elemento, em um cone vi-
Não apresentar fissuras
(fachada) sual de 60º, sob iluminação
natural em dia sem nebu-
losidade)

A ABNT NBR 6118 (2014) traz critério aceitável fissuras de 0,2 a 0,4 mm de es-
de aceitabilidade de fissuras em estruturas pessura (abertura), a depender da classe de
de concreto armado em função da abertu- agressividade do meio.
64 ra, conforme descrito no Quadro 2, sendo
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QUADRO 2
Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura
em função da CAA (Adaptado de ABNT NBR 6118, 2014, p. 80)

Abertura característica
Tipo de concreto Classe de agressividade
de fissuras na superfície
estrutural ambiental e tipo de protensão
do concreto (wk)

Concreto simples CAA I a IV Não há

CAA I ≤ 0,4 mm

Concreto armado CAA II e III ≤ 0,3 mm

CAA IV ≤ 0,2 mm

O BRE (1981) define o nível de dano em Desta forma, pode-se classificar que a
função da abertura da fissura, conforme maioria das fissuras identificadas nos imó-
Quadro 3, sendo que “para a maioria dos veis estavam dentro da aceitabilidade sen-
casos, as categorias 0, 1 e 2 representam os sorial prevista na ABNT NBR 15575-4
danos estéticos; as categorias 3 e 4 repre- (2013), na ABNT NBR 6118 (2014) e BRE
sentam os danos de utilização e a categoria (1981), tendo sido descartadas das análises.
5 representa os danos de estabilidade”.

QUADRO 3
Classificação de fissuras em parede (BRE, 1981)

Categoria do dano Nível do dano Largura da abertura (mm)

0 Negligenciável < 0,1

1 Muito pequeno 0,1 a 1


2 Pequeno 1a5
3 Moderado 5 a 15
4 Severo 15 a 25

5 Muito severo > 25

4.2 Morfologia das fissuras A sintomatologia, ou morfologia dos


As fissuras relevantes, objetos de análise, quadros fissuratório observados podem
eram normalmente inclinadas, em diagonal, estar associados a causas ilustradas nas
nos elementos de alvenaria, o que indicam Figuras 5 a 8.
65 recalque ou flexão dos elementos de apoio.
Assim sendo, as hipóteses de causas para Segundo a ABNT NBR 9653 (2018), para
Revista técnica do IBAPE-PE

essas movimentações geradoras de fissuras análise dos riscos de ocorrência de danos


são: induzidos por vibrações é preciso levar em
a) Vibração do solo – atividade de minera- consideração a magnitude de frequência e
ção; velocidade de partícula de pico. Desta for-
b) Vibração do solo – tráfego de veículos; ma, entende-se que mesmo havendo vibra-
c) Recalque por sobrecarga nos elementos ção, esta possui limites aceitáveis, os quais
de fundação; não danificariam edificações construídas
d) Recalque por movimentação do solo; corretamente.
e) Sobrecarga dos elementos de vedação. Na Figura 2 observa-se o limite de ve-
locidade de partícula, a partir do qual po-
4.2.1 – Vibração do solo – atividade
dem ocorrer danos, inicia-se em 15mm/s
de mineração
para frequências de 4Hz a 15Hz e cresce
Os efeitos de vibração podem gerar fis-
de acordo com as faixas de frequências até
suras em edificações. Segundo relatos dos
o limite de 50 mm/s para frequências acima
usuários, a vibração é percebida sensorial-
de 40 Hz.
mente quando das explosões da mineração.

Figura 2 – Representação gráfica dos limites de velocidade de vibração


de partícula de pico por faixas de frequência (ABNT NBR 9653, 2018)

Foram coletados os registros de detona- ponentes. Nota-se que todos os pontos


ção de junho/2020 a novembro/2020 me- medidos estão dentro dos limites aceitáveis
didos por empresa terceirizada pela mine- pela ABNT NBR 9653 (2018).
radora. A oscilação do chão foi medida por
sismógrafo e transformada em velocidade
de vibração de partícula (mm/s) em três
componentes (x, y e z).
Os dados apresentados na Figura 3 são as
66 velocidades de pico em cada uma das com-
Revista técnica do IBAPE-PE

Figura 3 – Dados coletados de velocidade de vi-


bração de partícula de pico por faixas de frequên-
cia em comparação com os limites da ABNT NBR
9653:2018

4.2.1.1 – Determinação da equação Na Equação 1 as constantes k e m variam


de atenuação de acordo com as condições geológicas,
Para verificar se os desmontes de rocha geotécnicas e consequentemente físicas de
realizados desde o início das reclamações um maciço e estão estritamente relaciona-
dos usuários tinham gerado vibrações no- das a suas propriedades de atenuação de
civas, utilizou-se a equação de atenuação vibrações, de forma a produzir trens de on-
de ondas sísmicas, determinando a vibra- das vibratórias característicos ao longo da
ção pela carga máxima de explosivos, utili- trajetória de propagação.
zando-se a velocidade de vibração de pico A Figura 4 mostra a regressão linear rea-
de partícula. Segundo Silva (2019), estudos lizada em dados de monitoramento sismo-
mostram uma relação empírica entre a ve- gráfico realizados em diversos desmontes
locidade de partícula V, carga máxima Q, e a de rocha, tratados para que tivessem um
distância D, que pode ser representada pela coeficiente de determinação (r²) superior
a 0,7, que resultou na Equação 2 de lei de
Equação 1.
atenuação do terreno em análise.

EQUAÇÃO 1 EQUAÇÃO 2

67
Com base na Equação 2 verificou-se o nível postos no Quadro 4, não tendo nenhum
Revista técnica do IBAPE-PE

de vibração de pico em todos os imóveis valor acima de 15 mm/s, portanto, todos os


em todos os desmontes de rocha compu- dados dentro dos limites permitidos pela
tados desde 24/06/2020, data de início das ABNT NBR 9653 (2018).
reclamações, onde obteve-se os dados dis-

Figura 4 – Gráfico da lei de atenuação da velocidade de vibração

QUADRO 2
Análise de vibração teórica nos imóveis em análise pela lei da atenuação

Velocidade de vibração
Distância (m)
(mm/s)
Fogo Data Carga
Imóvel Imóvel Imóvel (kg) Imóvel Imóvel Imóvel
01 03 06 01 03 06
1 24/06/2020 500 850 1250 94,6 2,38 0,97 0,50
2 21/07/2020 515 880 1280 188,0 4,06 0,06 0,00
3 06/08/2020 810 800 1165 110,0 1,20 0,03 0,00
4 26/08/2020 575 715 1120 110,0 2,14 0,05 0,00
5 26/08/2020 715 560 960 110,0 1,48 0,06 0,00
6 22/09/2020 575 750 1150 128,0 2,43 0,05 0,00
7 22/09/2020 550 715 1115 117,0 2,43 0,06 0,00
8 14/10/2020 500 770 1180 49,3 1,37 0,03 0,00
9 14/10/2020 550 680 1100 196,0 3,76 0,09 0,00
10 10/11/2020 730 540 950 112,0 1,45 0,06 0,00
68 11 10/11/2020 570 680 1100 156,0 2,92 0,07 0,00
4.2.2 – Vibração do solo – atividade de
Revista técnica do IBAPE-PE

mineração
Os efeitos de vibração por tráfego de ve-
ículos podem gerar fissuras em edificações,
em especial no imóvel 01, devido à proximi-
dade da rodovia.
Segundo Hunaidi (2000), a tendência da
vibração oriunda de veículos pesados é a
geração de ondas no solo entre 1 Hz e 80
Hz com uma velocidade da partícula de 0,2 Figura 6 – Deformação convexa
mm/s a 50 mm/s, dependendo do tipo e das de parede autoportante e seus efeitos
condições da pista, do peso e velocidade do Fonte: (URIEL ORTIZ, 1983)
veículo, e de seu sistema de amortecimen-
to, podendo gerar fissuras em edificações.
Tal hipótese de causa não pode ser elimi-
nada pelo fato de não terem sido monitora-
das as vibrações de tráfego de veículos.
4.2.3 – Recalque por sobrecarga da
fundação
A sobrecarga nas fundações pode se dar
Figura 7 – Fissuras verticais em
por mal dimensionamento, má execução
peitoris por flexão negativa
dos elementos, carga excessiva colocada
na edificação etc. gerando movimentações Fonte: (DUARTE, 1998)
destes elementos, que transferem esforços
às alvenarias, que por não serem resistentes
a esforços de tração, fissuram conforme Fi- 4.2.4 – Recalque por movimentação
gura 5 a Figura 7. do solo
Tal hipótese de causa não pode ser elimi- O recalque por movimentação do solo
nada diante das grandes incertezas e falta pode ocorrer por falha de investigação ge-
de registros de correto dimensionamento e otécnica, má compactação do solo, erosão
execução dos elementos de fundação. do solo, ruptura de tubulações enterradas,
mal dimensionamento dos elementos de
fundação e rebaixamento natural ou artifi-
cial do lençol freático.
A alvenaria por não ser resistente a es-
forços de tração, fissuram conforme Figura
5 a Figura 7.
Porém, não é possível associar o quadro
fissuratório das edificações em análise, sem
a análise dos projetos e registros de inves-
tigação geotécnica. Considerando que exis-
tem diversas causas para esta movimenta-
Figura 5 – Deformação côncava ção.
de parede autoportante e seus efeitos Portanto, tal hipótese de causa não pode
Fonte: (URIEL ORTIZ, 1983) ser eliminada diante das grandes incertezas
69 e falta de registros.
4.2.5 – Sobrecarga dos elementos de cia ou falhas nas investigações geotécnicas,
Revista técnica do IBAPE-PE

vedação colocação de carga excessiva sobre às fun-


A sobrecarga nos elementos de vedação dações, variação do nível do lençol freático
pode ocorrer por má qualidade dos blo- etc., principalmente pelo fato das edifica-
cos ou argamassa de assentamento, assim ções não possuírem projetos básicos ou
como, falta de execução de reforços nos registros de responsável técnico habilitado;
vãos de janela e porta (verga e contraver- c) Todas as vibrações decorrentes das ati-
ga) fissurando conforme Figura 8. vidades de mineração medidas em campo
Portanto, tal hipótese de causa não pode estavam dentro dos limites aceitáveis da
ser eliminada diante das grandes incertezas ABNT NBR 9653 (2018);
e falta de registros. d) Todas as vibrações teóricas calculadas
com base na lei da atenuação ficaram den-
tro dos limites aceitáveis da ABNT NBR
9653 (2018).
Portanto, fica demonstrado que existem
diversas causas que explicam as fissuras
identificadas nos imóveis em análise, e
mesmo que as vibrações geradas pelas
atividades de desmonte tenham gerado
Figura 8 – Fissuras reais em torno de ou aumentado alguma das fissuras desses
aberturas por sobrecarga imóveis, essas podem ter aparecido por
Fonte: (THOMAZ, 1989) deficiência construtiva dos imóveis. Então,
objetivamente, as atividades de minera-
ção em estudo não são responsáveis pelas
5. Conclusões fissuras nos imóveis lindeiros, visto que as
vibrações geradas estão dentro dos limites
O objetivo deste trabalho foi analisar
normativos. Todavia, tal consideração levan-
se o quadro fissuratório reclamado pelos ta uma eventual necessidade de discussão
usuários das edificações lindeiras à mine- sobre os limites de vibração da ABNT NBR
radora, situada na região sudeste do Brasil, 9653 (2018), visto que podem não garantir
eram decorrentes das vibrações dos des- a integridade de edificações mais antigas e
montes de rocha, por meio de inspeção frágeis.
sensorial em campo, medições de vibração
do solo com sismógrafo, cálculo de propa- 6.Referências
gação de vibração dos desmontes de rocha. Associação Brasileira de Normas Técni-
De acordo com a apresentação dos dados cas (2014). NBR 6118: Projeto de estruturas
e diagnóstico conclui-se que: de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro,
a) A maioria das fissuras constatadas esta- 2014.
vam dentro da tolerância dimensional das
______ (2018). NBR 9653: Guia para ava-
normas técnicas brasileiras, não trazendo
prejuízos ao desempenho das edificações; liação dos efeitos provocados pelo uso de
b) Existem diversas causas prováveis para explosivos nas minerações em áreas urbanas.
os quadros fissuratório observados, poden- Rio de Janeiro, 2018.
do estar relacionadas com movimentação ______ (2013). NBR 15575-4: Edificações
do solo ou das fundações, por falta ou erro habitacionais — Desempenho - Parte 4: Re-
no dimensionamento das fundações, ausên- quisitos para os sistemas de vedações verticais
70
internas e externas — SVVIE. Rio de Janeiro,
Revista técnica do IBAPE-PE

2013.
Building Research Establishment Digest
(1981). Assessment of damage in low-rise buil-
dings: with particular reference to progressive
foundation movement. Garston, n.251, 1981.
Dorneles, Felipe Tavares (2013). Controle
e previsão de vibrações e ruídos gerados por
desmonte de rochas com explosivos. TCC.
Universidade Federal dos Pampas, Caçapa-
va do Sul – RS.
Duarte, Ronaldo Bastos (1998). Fissuras em
Alvenarias: Causas Principais, Medidas. Preven-
tivas e Técnicas de Recuperação. Porto Ale-
gre: CIENTEC, 1998. 45 p.
Ortiz, A. U. (1983). Patologia de las cimenta-
ciones. Informe de La Construcción, Madri,
v. 35, p.5-35, 1983.
Silva,Valdir Costa (2019). Desmonte de ro-
chas. São Paulo: Oficina de Textos, 2019.
Thomaz, Ercio (1989). Trincas em edifícios:
causas, prevenção e recuperação. São Paulo:
PINI, 1989.

71
Cálculo do Valor de Indenização
Revista técnica do IBAPE-PE
artigos técnicos
pela Instituição de Servidão
Administrativa em Imóvel Rural:
Estudo de Caso
Priscilla Ferreira Martinelli Esp.1

Resumo Francisco - CHESF for the institution of


administrative easement in an area of a
O presente trabalho de avaliação teve
rural property belonging to the Union.
como objetivo calcular o valor que de-
For the evaluation, a methodology was
veria ser pago pela Companhia Hidro-
used to calculate the loss in land value
elétrica do São Francisco – CHESF pela
that effectively took into account the
instituição de servidão administrativa
decrease in earned income caused by
em uma área de um imóvel rural per-
the restrictions imposed in substitution
tencente à União. Para a avaliação foi
of the traditional easement coefficients
utilizada uma metodologia para o cál-
applied.
culo do prejuízo no valor da terra que
Keywords: Evaluation; Rural Property;
levou em conta efetivamente a diminui-
ção da renda auferida ocasionada pe- Indemnity; Easement
las restrições impostas em substituição 1. Introdução
aos tradicionais coeficientes de servi- Em 2019 a União foi procurada pela
dão aplicados. Companhia Hidroelétrica do São Fran-
Palavras-chaves: Avaliação; Imóvel rural; cisco – CHESF para formalizar a servi-
Indenização; Servidão. dão de passagem para a implantação e
construção de uma linha de transmissão
Calculation of the value of que passaria por uma área situada em
Indemnity by the institu- um imóvel rural da União no município
tion of administrative ea- de Itaquitinga, Estado de Pernambuco.
Apesar de algumas instituições pú-
sement in rural property: blicas federais possuirem normas in-
case study ternas a respeito de avaliações de
bens que são utilizadas concomitante-
Abstract mente com as normas de avaliação da
This evaluation work aimed to cal- ABNT, não havia uma norma específi-
culate the amount that should be paid ca a respeito da avaliação de servidões
by Companhia Hidroelétrica do São dos imóveis nos normativos da União.

72 72 1
ORCID (0000-0002-3847-1620), Universidade Federal Rural de Pernambuco, e-mail: priscillafm2@gmail.com
Segundo a NBR 14.653-3:2019, no item e construção de Linha de Transmissão. A
Revista técnica do IBAPE-PE

sobre o Valor de Indenização de Servidões avaliação tinha como finalidade subsidiar a


Rurais (10.13.2),“O valor da indenização pela confecção e formalização do Termo de Ser-
presença de servidão em propriedade rural, vidão Administrativa entre a Companhia
quando cabível, é o decorrente da limitação Hidroelétrica do São Francisco e a União,
ou restrição ao uso do imóvel afetado, con- bem como calcular o valor da respectiva
forme descrito em 10.13.2.1 a 10.13.2.3”. indenização pela instituição da servidão ad-
Neste sentido, este trabalho teve a fi- ministrativa.
nalidade de buscar uma metodologia que O Projeto de Assentamento foi cria-
explicasse e justificasse o cálculo do va- do em 2002 e possui uma área total de
lor que deveria ser pago a título de in- 378,8395 ha, composta por 30 Parcelas
denização pelas limitações e restrições Rurais e 7 Parcelas de Serviço, todas situ-
ao uso do imóvel, fugindo da tradicio- adas no município de Itaquitinga. As parce-
nal utilização pelos avaliadores de co- las rurais são as ocupadas por assentados
eficientes de servidão sem os respec- da reforma agrária, enquanto as parcelas
tivos esclarecimentos das suas origens. de serviço são as áreas destinadas ao uso
Para efeito de comparação, foi reali- coletivo, construções de escolas, postos de
zado também o cálculo com a utilização saúde, agrovilas, áreas de lazer e esporte
de um critério baseado na utilização de etc.
percentuais de depreciação para as fai- Para a confecção dos trabalhos de le-
xas de servidão de acordo com o soma- vantamento da área, vistoria e avaliação da
tório dos fatores de depreciação que in- área objeto de servidão do imóvel e suas
cidem sobre a faixa de acordo com as benfeitorias foi constituída uma equipe sob
limitações impostas. Utilizamos nesse es- a coordenação de uma Engenheira Agrô-
tudo o quadro sugerido pelo Engenheiro noma. Os serviços de levantamento de
Agrônomo Philippe Westin C. Vasconce- informações da região, vistoria e levanta-
los, amplamente consagrado pelo uso em mento de dados do imóvel avaliando foram
grande parte das avaliações das servidões. realizados por profissional habilitado no
No que diz respeito às benfeitorias período de março de 2020.
existentes nas áreas afetadas pela servi-
dão (culturas), que seriam destruídas em 3. Identificação dos pro-
virtude da instalação das torres e das li- prietários e ocupantes
nhas de transmissão, o cálculo foi re-
alizado normalmente de acordo com 3.1 Identificação do proprietário
o item 10.6 da NBR 14.653-3:2019. Nome: União Federal
2. Considerações prelimi- 3.2 Identificação dos ocupantes da
nares e objetivos área objeto da servidão
Havia cinco parceleiros ocupando lotes
O trabalho teve como objetivo avaliar
do Projeto de Assentamento que estavam
a área e respectivas benfeitorias de sete
compreendidos na área que seria objeto
parcelas de um Projeto de Assentamento
de servidão e duas parcelas localizavam-se
em um imóvel rural pertencente à União,
na área coletiva (parcelas de serviço).
localizado no município de Itaquitinga, Es-
tado de Pernambuco, que seriam objeto de
Servidão de Passagem para a implantação
73
4. Identificação do Imóvel 5. 0 uso da área objeto da
Revista técnica do IBAPE-PE

Avaliando servidão
O imóvel possui uma área total de
Engenho Gutiúba 378,8395 ha. A área a ser efetivamente ob-
Denominação jeto de servidão pela Chesf é composta de
(parte)
sete trechos, onde são desenvolvidas as ati-
Município Itaquitinga(PE) vidades de exploração da lavoura da cana-
-de-açúcar, algumas fruteiras, sabiá e pasto.
Relacionamos abaixo o uso da área no pe-
Mesorregião
Mata Pernambucana ríodo, relacionando os ocupantes e as res-
Homogênea
pectivas áreas ocupadas:
QUADRO 1
Microrregião Mata Setentrional
Geográfica Pernambucana Uso Atual das áreas de servidão dos lotes

Lote Nº Área (ha) Uso atual


Área total
do imóvel 3788395 ha
Área ocupada com
registrada
cana-de-açúcar,
4 1,2560
bananeiras, pasto e
O imóvel situa-se no sabiá
município de Itaquitin-
Localização Área ocupada com
ga contíguo à sede do 6 0,3822
município. bananeiras e pasto

Área ocupada com


Partindo-se da sede do cana-de-açúcar, ba-
7 0,1151
município de Itaquitin- naneiras, cajazeiras
Acesso e vias e sabiá
ga pela Estrada Mu-
de acesso
nicipal em direção ao Área ocupada com
município de Goiana. cana-de-açúcar,
17 0,5119
coqueiros e man-
Limites e confrontações do imóvel: gueiras
• Ao Norte: com as terras dos Engenhos Área ocupada com
Salvador e Tabira; 30 0,3113
cana-de-açúcar
• Ao Sul: com terras da Indústria Madeirei-
ra Matary Ltda; Área ocupada com
31 0,8087
cana-de-açúcar
• Ao Leste: com terras dos Engenhos Jaca-
rapina e Carijó; Área ocupada com
36 3,4195 cana-de-açúcar, ara-
• Ao Oeste: com terras do Engenho Ca-
çá e pasto
marão e o município de Itaquitinga
TOTAL 6,8047
74
6. Avaliação “encargo específico que se impõe a uma
Revista técnica do IBAPE-PE

propriedade em proveito de outrem”. Na


6.1 Considerações preliminares
época da sua aprovação vigorava ainda a
Os procedimentos para avaliação de imó- NBR 13.820:1997, específica para avaliação
veis rurais são normatizados pela Associa- de servidões. Com a aprovação das Nor-
ção Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, mas Brasileiras Registradas 14.653-2:2004 e
através da Norma Brasileira Registrada – 14.653-3:2004, a NBR 13.820:1997 foi can-
NBR 14.653. A ABNT- NBR 14.653-3, jun- celada. As novas normas englobaram tanto
tamente com a NBR 14.653-1, consolida os a definição quanto a classificação das ser-
conceitos, métodos e procedimentos gerais vidões. Em 2011 e 2019 foram realizadas
para os serviços técnicos de avaliação de novas atualizações, vigorando hoje as NBRs
imóveis rurais, inclusive as servidões rurais. 14.653-1:2019, 14.653-2:2011 e 14.653-
As normas especificam também os requi- 3:2019.
sitos básicos de laudos e pareceres técni- A definição de servidão, conforme item
cos de avaliação e a obediência às mesmas é 3.1.41 da NBR 14.653-1:2019, é: “encargo
exigível em todas as manifestações técnicas específico que se impõe a uma propriedade
escritas vinculadas às atividades de Enge- em proveito de outrem”. Nos itens 4.3, da
nharia de Avaliações de imóveis rurais. NBR 14.653-1:2019 e 5.4 da NBR 14.653-
Consideramos para o presente trabalho 3:2019, a servidão é classificada como um
que a avaliação de imóveis rurais, de acor- direito.
do com a fundamentação legal, consiste na Nesse sentido, a servidão avaliada no pre-
determinação técnica do preço de mercado sente estudo obteve a seguinte classificação
do imóvel como um todo, estando aí inclu- conforme a NBR 14.653-3:2019, item
ídas as terras, suas acessões naturais e ben- 10.13.1.:
feitorias. O estudo foi realizado em quatro
etapas, sendo a primeira a pesquisa preli-
- Quanto à finalidade:
minar sobre a região e o município onde o
passagem de linha de energia
imóvel está inserido, a segunda o trabalho
de vistoria e pesquisa de mercado, a tercei- - Quanto à intervenção física:
ra o cálculo do valor do imóvel avaliando, aparente
das benfeitorias existentes e da servidão - Quanto à posição em relação
sobre o mesmo e, por último, a confecção ao solo: aérea
do Laudo de Avaliação. - Quanto à duração: perpétua
6.2 Avaliação da servidão
Em 1998 iniciou-se a revisão das normas Tendo em vista que a servidão está sen-
brasileiras de avaliação da ABNT. Como re- do instituída pela Companhia Hidroelétrica
sultado houve a incorporação das diversas do São Francisco, classificamos a servidão
normas que tratam de avaliações de bens quanto à natureza em servidão administra-
em uma única norma, a NBR 14.653-3, sub- tiva ou pública.
dividida em várias partes, de acordo com O valor da indenização pela presença de
as características dos bens (imóveis rurais, servidão em propriedade rural, conforme a
imóveis urbanos, empreendimentos, máqui- NBR 14.653-3:2019, item 10.13.2, é o
nas, recursos naturais etc.). decorrente da limitação ou restrição
A NBR 14.653-1:2001, a primeira a ser ao uso do imóvel afetado, conforme
aprovada, trata dos procedimentos gerais 10.13.2.1 a 10.13.2.3:
75 e no seu item 3.40, define Servidão como
10.13.2.1: Corresponde ao valor pre- 6.3.1.1 Critério baseado na rentabili-
Revista técnica do IBAPE-PE

sente líquido, na data de referência, da per- dade do imóvel:


da de renda causada ao imóvel, considerada Neste critério o valor da indenização
a sua destinação ou a sua vocação econô- pela presença de servidão corresponde à
mica. Como alternativa, o profissional da diferença entre o valor presente dos rendi-
engenharia de avaliações pode utilizar uma mentos líquidos relativos ao uso do imóvel
porcentagem do valor da terra nua, desde antes e depois da instituição da servidão. É
que justificada tecnicamente, ou os méto- estabelecido qual o valor que deve ser rece-
dos descritos na ABNT NBR14.653-1:2019, bido pelo proprietário da terra a fim de que
11.1.2.3. ele permaneça com a mesma renda líquida
10.13.2.2 Prejuízos relativos às cons- que a área da faixa expropriada proporcio-
truções, instalações, obras e trabalhos de naria se não fosse instituída a servidão.
melhoria das terras atingidas pela faixa de Como pelo Método da Capitalização da
servidão, que devem ser avaliados com base Renda o valor de um bem é identificado
em 10.4 e 10.10. com base na capitalização presente da sua
renda líquida prevista, considerando-se ce-
10.13.2.3 Caso o avaliador identifique
nários viáveis (NBR 14.653-1, item 7.2.4),
outras perdas decorrentes exclusivamente
podemos também utilizar os rendimentos
da instituição da servidão, deve apresentá-
líquidos relativos ao uso do imóvel para o
-las em separado do valor identificado de
cálculo do valor do imóvel original (antes
acordo com 10.13.2.1, com a devida expli-
da instituição da servidão) e do imóvel ser-
cação técnica e memória de cálculo no lau-
viente (após a instituição da servidão). A di-
do.
ferença entre os valores “antes” e “depois”
6.3 Metodologia empregada para apu- da servidão corresponde, igualmente, ao va-
ração do valor lor que deve ser pago pela servidão.
6.3.1 Prejuízos causados ao imóvel Tendo em vista que a área e a região pos-
O valor da indenização pela presença de suem potencial para a exploração de cana-
servidão em propriedade rural, quando ca- -de-açúcar, que a cultura é explorada em
bível, é o decorrente da limitação ou restri- todos os lotes e que, entre as diversas res-
ção ao uso do imóvel afetado. Segundo item trições que recairão sobre a área, encontra-
10.13.2.1 da ABNT NBR 14.653-3:2019, -se a proibição, tanto na área da servidão,
esse valor pode ser calculado de duas for- quanto nas áreas adjacentes, da queimada
mas: realizada por ocasião do corte, impossi-
bilitando a exploração da mesma por exi-
a) Pelo cálculo do Valor Presente Líqui-
gência da empresa de energia, foi realizada
do, na data de referência, da perda de renda
uma simulação de qual seria a rentabilidade
causada ao imóvel, considerada a sua desti-
líquida anual obtida com o cultivo da cana-
nação ou a sua vocação econômica;
-de-açúcar e com o cultivo de uma cultura
b) Utilização de uma porcentagem do va- alternativa (mandioca), em que não haveria
lor da terra nua, desde que justificada tec- restrições (cenário viável).
nicamente. Levando-se em conta que o valor a ser
Foram utilizados neste trabalho os dois indenizado corresponde à quantia que pos-
critérios citados acima para a avaliação do sibilitará ao proprietário da servidão aufe-
valor a ser indenizado pela limitação ao uso rir a mesma renda que ele obtinha antes da
do imóvel, conforme detalhado abaixo: instituição da servidão, o ente instituidor da
76
servidão (Chesf) deverá indenizar ao pro- Lote 04: 1,2560 ha x R$ 6.265,99 =
Revista técnica do IBAPE-PE

prietário a diferença entre a rentabilidade R$ 7.870,08


líquida obtida com a exploração da cana- Lote 06: 0,3822 ha x R$ 6.265,99 =
-de-açúcar (renda líquida possível antes da R$ 2.394,86
servidão) e a rentabilidade líquida obtida Lote 07: 0,1151 ha x R$ 6.265,99 =
com a nova lavoura (renda líquida possível R$ 721,22
após a servidão). Esse valor de indenização
Lote 17: 0,5119 ha x R$ 6.265,99 =
(aplicado financeiramente), somado com a
R$ 3.207,56
rentabilidade proporcionada pela explora-
ção possível após a instituição da servidão, Lote 30: 0,3113 ha x R$ 6.265,99 =
possibilitará ao proprietário permanecer R$ 1.950,60
após a instituição da servidão com a mesma VALOR TOTAL DAS ÁREAS COLE-
renda sobre a área de servidão. TIVAS (INCRA): R$ 26.493,86
Para a obtenção desse valor, foi calcu-
Lote 31 (Área Coletiva): 0,80870 ha x R$
lada a rentabilidade líquida anual por hec-
6.265,99 = R$ 5.067,31
tare com a exploração da cana-de-açúcar
(R$ 1.011,28/ha/ano) e a rentabilidade lí- Lote 36 (Área Coletiva): 3,41950 ha x R$
quida anual por hectare com a exploração 6.265,99 = R$ 21.426,55
da mandioca (R$ 609,63/ha/ano). Observa- VALOR TOTAL (ÁREA DOS PARCE-
-se, portanto, que a instituição da servidão LEIROS + ÁREAS DO INCRA):
acarreta um prejuízo anual de R$ 401,65/ha. R$ 42.638,18
Para “compensar” essa diferença (perpé-
6.3.1.2 Critério baseado na utilização
tua) na rentabilidade da área, o proprietário
de percentuais de depreciação:
deverá ser indenizado em R$ 6.265,99/ha,
valor que possibilitará a compensação anual Neste critério foram utilizados percentu-
através da aplicação financeira da importân- ais de depreciação para as faixas de servidão
cia recebida. Ressaltamos que foi utilizada a de acordo com o somatório dos fatores de
taxa de rendimento do Título do Tesouro depreciação que incidem sobre a respecti-
Direto – Prefixado como alternativa de in- va faixa conforme as limitações impostas.
vestimento, com a rentabilidade proporcio- Nesse estudo, utilizamos o quadro sugerido
nada em 2019/2020 (6,41% a.a.). pelo Engenheiro Agrônomo Philippe Wes-
Fazendo o cálculo “inverso”, pelo Méto- tin C. Vasconcelos, amplamente consagrado
do da Capitalização da Renda, o valor do pelo uso em grande parte das avaliações
bem “antes” da instituição da servidão é R$ das servidões.
15.776,60/ha. Após a instituição da servidão, Segundo o autor, se a servidão é uma li-
com a limitação imposta, o valor da bem mitação ao domínio, o valor de indenização
passa a ser R$ 9.510,61/ha. Nesse sentido, deverá ser necessariamente proporcional à
o proprietário deve ser indenizado por essa sua maior ou menor amplitude. No mesmo
diferença no valor do bem, correspondente estudo ele conclui que a indenização para
a R$ 6.265,99/ha. linhas de transmissão não deve ser menor
Portanto, encontramos os seguintes valo- do que dois terços do valor da terra nua,
res para os prejuízos causados pela servi- independente do que for avaliado como
dão (referentes à “Terra Nua”): indenização pelas benfeitorias porventura
sacrificadas. Para oleodutos, Westin Vascon-
VALOR TOTAL DAS ÁREAS celos entende que o prejuízo é ainda maior,
DOS PARCELEIROS: R$ 16.144,32 chegando até a 100% do valor da terra.
77
QUADRO 2
Revista técnica do IBAPE-PE

Depreciação por servidão – Philippe Westin C.Vasconcelos

ÍNDICES
FATORES DEPRECIATIVOS
Linhas de Transmissão Oleodutos

Proibição de Construção 30% 30%

Proibição de Culturas ----- 33%

Limitação de Culturas 10% -----

Perigos Decorrentes 10% 2%

Indução 2% -----

Fiscalização e Reparos 3% 5%

Desvalorização
8% 10%
da Área Remanescente

Seccionamento do Imóvel
----- 10 a 20%
(cortes)

ÍNDICE DE DEPRECIAÇÃO 63% 90 a 100%

Observação: O valor da indenização é encontrado multiplicando o índice de depreciação


pelo valor da terra nua.

Segundo documento apresentado pela


Chesf serão constituídas as seguintes res- - Realizar plantio de culturas que ul-
trições sobre a área de servidão: trapassem 4 metros;
- Explorações de jazidas minerais.
- Promover a edificação de benfeito-
- Implantação de loteamentos;
rias, quer seja para moradia, produção
ou recreação, ou seja, a faixa de ser- - Campos de futebol, e outros.
vidão torna-se non aedificandi, não se
permitindo construções na mesma, Para se determinar o valor da terra nua
sendo necessário, inclusive, demolir para o presente cálculo, foi utilizado o Valor
as existentes; da Terra Nua Médio do Mercado Regional
- Promover queimada na faixa de ser- de Terras II – Mata Norte, Terra de Agricul-
vidão, bem como nas áreas adjacen- tura, da Planilha de Preços Referenciais do
tes, evitando-se o plantio de cana-de- Relatório de Análise de Mercado de Ter-
-açúcar ras – RAMT/2019 da SR-03 do Incra (R$
78 9.672,96/ha).
Após a constatação de que todos os fa- 6.3.3.1.1 Cana-de-açúcar
Revista técnica do IBAPE-PE

tores depreciativos apontados por Westin Para o cálculo do valor da exploração da


estão presentes na servidão proposta pela cana-de-açúcar empregou-se o método da
Chesf ao imóvel em questão, foi aplicado o capitalização da renda para a identificação
percentual de 63% sobre o valor da Terra do valor econômico, considerado a partir da
Nua e o valor encontrado foi R$ 6.093,96/ data de referência da avaliação até o final da
ha, ligeiramente inferior ao encontrado pelo vida útil da produção vegetal. Para o cálculo
método anterior (Método da Renda). dos rendimentos líquidos esperados foram
Tendo em vista que a tabela de Westin deduzidos da renda bruta os custos diretos
Vasconcelos, apesar de “consagrada pelo e indiretos, inclusive o custo da terra nua e
uso”, não apresenta os cálculos que justi- os impostos.
fiquem os índices sugeridos, e que a Pla- Geralmente utiliza-se a taxa de 12% a.a.
nilha de Preços Referenciais do Relatório para a remuneração do capital e aplica-se um
de Análise de Mercado de Terras – RAMT coeficiente de risco para cobrir eventuais
da SR-03 do Incra é apenas uma referên- danos de sinistros. O preço utilizado para o
cia do Valor da Terra Nua Médio da região, cálculo da receita bruta é obtido através de
a opção foi pela utilização no presente es- séries histórica de preços referenciais da to-
tudo do valor encontrado pelo Método da nelada de Cana-de-açúcar Padrão (119,0063
Renda, visto que os resultados encontrados kg de ATR/tonelada de cana) pelo Sistema
baseiam-se em receitas, custos e dados de ATR, praticados no Estado de Pernambuco
produção regionais, plenamente explicados, em determinado período.
justificados e demonstrados em planilhas e No presente estudo, a safra pendente de
memórias de cálculo. corte na data da vistoria (março/2020), re-
6.3.2 Prejuízos relativos às constru- ferente à safra 2019/2020, não foi contabili-
ções, instalações, obras e trabalhos de zada, tendo em vista que a mesma já tinha
melhoria das terras atingidas pela fai- sido cortada e vendida pelos parceleiros. Em
xa de servidão relação às safras futuras, levando-se em con-
ta que o período de referência do laudo é
A faixa de servidão não atingiu constru-
março/2020 e o estado vegetativo da lavou-
ções e/ou instalações dos lotes do imóvel
ra encontrava-se satisfatório, foi contabiliza-
e/ou das áreas coletivas. Somente há na
do para indenização três safras pendentes
área que será objeto de servidão pequenos
(2020/2021, 2021/2022 e 2022/2023).
trechos com estradas internas, cujo valor
não foi calculado devido ao fato de que não 6.3.3.1.2 Fruteiras
haverá óbice à sua permanência no imóvel Foi utilizado o Método da Capitalização da
e nem à sua utilização. Renda para a identificação do valor econô-
6.3.3 Outras perdas decorrentes ex- mico.
clusivamente da instituição da servi- 6.3.3.1.3 Pastos
dão Para a avaliação dos pastos foi empregado
6.3.3.1 Prejuízos relativos às produ- o custo de formação com a aplicação de um
ções vegetais atualmente existentes fator de depreciação decorrente da diminui-
nas áreas objetos da servidão e que ção da capacidade de suporte da pastagem.
serão erradicadas 6.3.3.1.4 Florestas
Foi utilizada para os pés de sabiá o méto-
do da capitalização da renda para a identifi-
79 cação do valor econômico.
6.434 Outras perdas decorrentes na Relacionamos abaixo os quadros resu-
Revista técnica do IBAPE-PE

propriedade, quando comprovadas mos dos valores das Benfeitorias e produ-


Não foram detectadas outras perdas no ções vegetais localizadas na área que será
valor da propriedade em decorrência da objeto da servidão da Chesf.
servidão.

QUADRO 3
Produção Vegetal - Parceleiros

Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário Valor Total

Pasto Sempre Verde


Ha 0,34474 R$ 1.195,80 R$ 412,24
– Parcela 4

Cana-de-açúcar
Ha 0,64618 R$ 5.281,15 R$ 3.412,60
– Parcela 4
Sabiá
Unidade 14 R$ 8,24 R$ 115,36
– Parcela 4

Bananeiras
Touceiras 4 R$ 20,57 R$ 82,28
– Parcela 4

Pasto Sempre Verde –


Há 0,37820 R$ 1.195,80 R$ 452,25
Parcela 6

Bananeiras
Touceiras 10 R$ 20,57 R$ 205,70
– Parcela 6
Cana-de-açúcar
Ha 0,10760 R$ 5.281,15 R$ 568,58
– Parcela 7
Sabiá
Unidade 3 R$ 8,24 R$ 24,72
– Parcela 7
Bananeiras
Touceiras 14 R$ 20,57 R$ 287,98
– Parcela 7
Cajazeira
Unidade 2 R$ 368,65 R$ 737,30
- Parcela 7
Cana-de-açúcar
Ha 0,48071 R$ 5.281,15 R$ 2.538,84
– Parcela17
Mangueira
Unidade 2 R$ 936,13 R$ 1.872,26
– Parcela 17
Coqueiro
Unidade 8 R$ 965,68 R$ 7.725,44
– Parcela 17

Cana-de-açúcar
Ha 0,28049 R$ 5.281,15 R$ 1.481,28
– Parcela 30
TOTAL R$ 19.916,83
80
QUADRO 4
Revista técnica do IBAPE-PE

Produção Vegetal – Área Coletiva (Incra):

Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário Valor Total

Cana-de-açúcar
Ha 0,40561 R$ 5.281,15 R$ 2.142,34
– Parcela 31

Pasto Sempre Verde


Ha 0,89751 R$ 1.195,80 R$ 1.073,24
– Parc. 31

Cana-de-açúcar
Ha 2,44011 R$ 5.281,15 R$ 12.887,24
– Parcela 36

Araçá
Unidade 10 R$ 52,37 R$ 523,70
– Parcela 36

TOTAL R$ 16.626,52

QUADRO 5
Quadro Resumo das Indenizações

PARCELEIROS
NÚMERO DA PARCELA TOTAL
TERRA NUA BENFEITORIAS

PARCELA 4 R$ 7.870,08 R$ 4.022,48 R$ 11.892,56


PARCELA 6 R$ 2.394,86 R$ 657,95 R$ 3.052,81
PARCELA 7 R$ 721,22 R$ 1.618,58 R$ 2.339,80
PARCELA 17 R$ 3.207,56 R$ 12.136,54 R$ 15.344,10
PARCELA 30 R$ 1.950,60 R$ 1.481,28 R$ 3.431,88
SUBTOTAL R$ 16.144,32 R$ 19.916,83 R$ 36.061,15
ÁREA COLETIVA (INCRA)
NÚMERO DA PARCELA TOTAL
TERRA NUA BENFEITORIAS

PARCELA 31 R$ 5.067,31 R$ 2.142,34 R$ 7.209,65


PARCELA 36 R$ 21.426,55 R$ 14.484,18 R$ 35.910,73
SUBTOTAL R$ 26.493,86 R$ 16.626,52 R$ 43.120,38

TOTAL R$ 42.638,18 R$ 36.543,35 R$ 79.181,53


81
Revista técnica do IBAPE-PE

7.Determinação do Valor ÁREA COLETIVA – TOTAL:


do Bem R$ 26.493,86
A área de servidão medida pela equipe BENFEITORIAS REPRODUTIVAS:
técnica do Incra foi 6,80470 ha, conforme VALOR TOTAL (ÁREA DOS PARCE-
plantas e memoriais descritivos das respec- LEIROS + ÁREA DO INCRA):
tivas parcelas, diferenciando-se da área for-
necida pela Chesf, que foi de 6,84049 ha. R$ 36.543,35
Considerando o valor do hectare calcula- Sendo,
do conforme item 6.3.1.1 (R$ 6.265,99/ha), ÁREA DOS PARCELEIROS – TOTAL:
foi calculado o valor R$ 42.638,18 (quarenta
R$ 19.916,83
e dois mil, seiscentos e trinta e oito reais e
dezoito centavos) para o valor da servidão ÁREA COLETIVA E DE RESERVA
do imóvel referente à terra nua, sendo R$ LEGAL – TOTAL:
16.144,32 (dezesseis mil, cento e quarenta R$ 16.626,52
e quatro reais e trinta e dois centavos) re-
ferente ao trecho que passa pelas parcelas 8. Valor da Avaliação
dos assentados e R$ 26.493,86 (vinte e seis VALOR TOTAL DA INDENIZAÇÃO
mil, quatrocentos e noventa e três reais e PELA SERVIDÃO: R$ 79.181,53
oitenta e seis centavos) referente ao trecho (setenta e nove mil, cento e oitenta e um
que passa pelas áreas coletivas. reais e cinquenta e três centavos), sendo:
O valor indenizável das benfeitorias
(produções vegetais) foi calculado em R$ TERRA NUA: R$ 42.638,18
36.543,35 (trinta e seis mil, quinhentos e (quarenta e dois mil, seiscentos e trinta e
quarenta e três reais e trinta e cinco cen- oito reais e dezoito centavos)
tavos), sendo R$ 19.916,83 (dezenove mil, BENFEITORIAS: R$ 36.543,35
novecentos e dezesseis reais e oitenta e (trinta e seis mil, quinhentos e quarenta e
três centavos) na área dos parceleiros e R$ três reais e trinta e cinco centavos)
16.626,52 (dezesseis mil, seiscentos e vinte
DATA/PERÍODO DA VISTORIA:
e seis reais e cinquenta e dois centavos) nas
áreas coletivas. 16/03/2020 a 20/03/2020
O valor total da indenização (Terra Nua DATA DE REFERÊNCIA:
+ Benfeitorias), portanto, é de R$ 79.181,53
28/03/2020
(setenta e nove mil, cento e oitenta e um
reais e cinquenta e três centavos). 9.Conclusões e Recomenda-
COMPOSIÇÃO DA INDENIZAÇÃO: ções
TERRA NUA: Procurou-se demonstrar com a apresen-
VALOR TOTAL (ÁREA DOS PARCE- tação deste trabalho que é possível calcular
LEIROS + ÁREA DO INCRA): efetivamente o prejuízo causado ao valor
R$ 42.638,18 da terra pela instituição de servidão admi-
nistrativa, de forma explicada e justificada
Sendo, conforme preconiza a norma da ABNT,
ÁREA DOS PARCELEIROS – TOTAL: através da utilização do método da renda
R$ 16.144,32 (“antes e depois”).
82
A metodologia utilizada para o cálculo do Ed. Universitária de Direito, 2005. 287p.
Revista técnica do IBAPE-PE

valor a ser indenizado pela perda de valor da LIMA,M.R.C.O valor de servidão administrativa
terra pode ser utilizada em outras regiões, pela perda de renda causada em imóveis rurais,
bem como com outras explorações agrí- anais do XVII COBREAP, IBAPE, 2013
colas e/ou não agrícolas existentes na área
afetada pela servidão, bastando para tanto LOPES, J. T. D. Indenização por servidão, anais
o cálculo da receita passível de ser auferida do XI COBREAP, IBAPE, 2001
antes e após a efetivação da servidão. Deve LOPES, J. T. D. Servidão – cálculo de indeniza-
ser ressaltado que ao valor da indenização ção, anais do XIII COBREAP, IBAPE, Forta-
da terra, deverá ser adicionado o valor re- leza, 2006
ferente às benfeitorias reprodutivas e não PELLEGRINO, J. C. Avaliação de Faixas de
reprodutivas existentes na área afetada pela Servidão de Passagem – in Engenharia de Ava-
servidão que sejam atingidas. liações, PINI, São Paulo, 1985
10. Referências VASCONCELOS FILHO, P. W. C. Apostila so-
bre Indenização nas Servidões, 1970
ABNT. Avaliação de imóveis rurais, São Paulo,
Norma Brasileira Registrada no 14.653 –
parte 1, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2001.
ABNT. Avaliação de imóveis rurais, São Paulo,
Norma Brasileira Registrada no 14.653 –
parte 1, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2019.
ABNT. Avaliação de imóveis rurais, São Paulo,
Norma Brasileira Registrada no 14.653 –
parte 3, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2004.
ABNT. Avaliação de imóveis rurais, São Paulo,
Norma Brasileira Registrada no 14.653 –
parte 3, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2019.
ARANTES, C.A. Avaliação de Indenização por
instituição de servidão de passagem em glebas
rurais – anais do XIII COBREAP, IBAPE,
Fortaleza, 2006
CRISPIM, E. R. Avaliação de servidão pelo
método da renda, anais do XV COBREAP,
IBAPE, São Paulo, 2009
DANTAS, R. A. Engenharia de avaliações: uma
introdução à metodologia científica. São Paulo:
Pini, 1998. 251p.
LIMA, M. R. C. Avaliação de propriedades rurais:
manual básico. 2.ed.rev. e atual. São Paulo: Liv. e
83
84
Revista técnica do IBAPE-PE
Lista de Associados do IBAPE-PE
Angêlo José Camarotti Júnior Bruno Marinho Calado
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações e Perícias Engenheiro Civil, Mestre em Ciência dos Materiais, Espe-
de Engenharia, Pós-graduado em Engenharia Diagnóstica cialista em Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia
e Perícia Grafotécnica e Especialista em Estruturas
CREA 12855 D/PE - Registro IBAPE-PE 708 CREA 31.069 D/PE - Registro IBAPE-PE 384
E-mail: angelocamarottiperito@gmail.com E-mail: contato@technicalconsult.net
Telefone/celular: (81) 9 9142-2901 Telefone/celular: (87) 9 9978-8511

Anibal Moraes de Albuquerque Neto Carlos Augusto Teixeira Leite Filho


Engenheiro Civil, Doutorando em Administração, Mestre Engenheiro Civil
em Administração e Pós-graduado em Perícias e Avalia- CREA 200594871-3 - Registro IBAPE-PE 429
ções de Engenharia
E-mail: carlosleitefh@icloud.com
CREA 1819039897 - Registro IBAPE-PE 440
Telefone/celular: (81) 9 9126-5739
E-mail: anibalmoraes@gmail.com
Carolina Pereira Vieira Herszon Meira
Telefone/celular: (81) 9 8693-1020
Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho, Pós-Gra-
Antônio Romão Alves da Silva Filho duada em Engenharia Diagnóstica - Patologia e Perícias
Engenheiro Mecânico, Doutor em Engenharia Civil, na Construção Civil
Mestre em Engenharia de Produção e MBA em Gestão CREA 33.777 D/PE - Registro IBAPE-PE 391
de Negócios E-mail: carolv@uol.com.br
CREA 9174 D/PE - Registro IBAPE-PE 680 Telefone/celular: (81) 9 9904-0619
E-mail: romaoarasf@gmail.com
Cássio Victor de Melo Alves
Telefone/celular: (81) 9 9425-0480
Engenheiro de Produção, Engenheiro de Segurança do
Assisnez de Azevedo Farias Trabalho e Especialista em Auditoria, Avaliações e Perí-
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Engenharia de Ava- cias em Engenharia
liações e Perícias CREA 61.020 D/PE - Registro IBAPE-PE 692
CREA 020689153-9/AL - Registro IBAPE-PE 589 E-mail: cassio_ocp@hotmail.com
E-mail: contato@assisnez.com Telefone/celular: (81) 9 9799-2424
Telefone/celular: (82) 9 9922-2792
Charles Otaviano Ferreira da Silva
Bento Júnior dos Santos Pinto Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança do Traba-
Engenheiro Civil, Administrador de Empresas e Contabi- lho (em finalização)
lidade, Pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias CREA 1815807555 - Registro IBAPE-PE 423
de Engenharia
E-mail: c.otaviano@hotmail.com
CREA 053386 D/PE - Registro IBAPE-PE 406
Telefone/celular: (81) 9 9971-1564
E-mail: eng.bentojr@gmail.com
Cláudia Ramos de Oliveira
Telefone/celular: (81) 9 8844-1186
Engenheira Civil, Engenheira de Segurança do Trabalho,
Bráulio Carmo Ribeiro Gonçalves Especialista em Gerenciamento em Projetos e Pós-gra-
Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho duada em Avaliações, Perícias, Engenharia Diagnóstica e
e Especialista em Engenharia Diagnóstica Patologia das Construções
CREA: 190059914-7 D/PE - Registro IBAPE-PE 452 CREA-PE 26.417 D/PE - Registro IBAPE-PE 594

E-mail: braulior77@gmail.com E-mail: ramooliveira@gmail.com


Telefone/celular: (81) 9 9961-3038
Telefone/celular: (81) 9 8566-4248

Bruno Cursino de Vasconcelos Cláudio Barreto C. Bezerra de Menezes


Engenheiro Civil, Pós-graduado em Gestão de
Engenheiro Eletricista/Eletrônico e Engenheiro de Segu-
Projetos de Engenharia e Arquitetura
rança do Trabalho
CREA-RN 180207133-4 - Registro IBAPE-PE 520
CREA 181039259-4/PE - Registro IBAPE-PE 652
E-mail: claudiobcbm@hotmail.com
E-mail: escritoriobrunocursino@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9253-4748/(81) 9 8793-5114
Telefone/celular: (81) 9 9993-8789

86
Lista de Associados do IBAPE-PE Claudeny Damasceno Brás Eduardo Luiz de Lira
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Gestão de Projetos Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia Diagnóstica
de Engenharia e Arquitetura e MBA em Plataforma BIM
CREA 180207133-4/RN - Registro IBAPE-PE 520 CREA 019392 D/PE - Registro IBAPE-PE 405
E-mail: claudiobcbm@hotmail.com E-mail: edullira@neoenger.com
Telefone/celular: (81) 9 9253-4748/(81) 9 8793-5114
Telefone/celular: (81) 9 8522-6942
Clovis Correa de Albuquerque Segundo Egnaldo Rodrigues de Oliveira
Engenheiro Eletricista, Mestre em Tecnologias Elétricas e
Engenheiro Civil
Nucleares, Pós-graduado em Engenharia de Segurança do
CREA 034022 D/PE - Registro IBAPE-PE 564
Trabalho e Especialista em Telecom
E-mail: egnaldo.oliveira@gmail.com
CREA-PE 181317021-5 - Registro IBAPE-PE 520
Telefone/celular: (81) 9 9609-4655
E-mail: clovissegundo@hotmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9253-4748/(81) 9 8793-5114 Elcio Lyndon da Silva Júnior
Engenheiro Civil
Cristiane Guerra de Holanda
CREA 181946613-2/PE - Registro IBAPE-PE 525
Engenheira Civil
E-mail: emanoel_1997@hotmail.com
CREA 031130 D/PE - Registro IBAPE-PE 432
Telefone/celular: (87) 9 9961-8057
E-mail: crisgholanda@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9499-1640 Eugênio Pacelli M. de Carvalho Godoy
Engenheiro Civil, Engenheiro Elétrico e Advogado
Daniele Garcia de Araújo
CREA 15.670 D/PE – OAB 24.703 D/PE - Registro
Engenheira Civil, Pós-Graduada em Gestão de Projetos e
IBAPE-PE 684
Metodologias Ágeis e Técnica em Edificações
E-mail: euggodoy@gmail.com
CREA 181918085-9/PE - Registro IBAPE-PE 557
Telefone/celular: (81) 9 9903-1565/(81) 9 8239-3582
E-mail: danielegarcia.07@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9450-2240 Everdelina Roberta A. de Meneses
Engenheira Civil, Administradora de Empresas, Especialista
Diego Ferreira LucenaI
em Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia e Es-
Engenheiro Civil , Especialista em Estruturas de Concre- pecialista em Geografia com Concentração em Educação
to e Fundações Ambiental
CREA 180985455-5/PE - Registro IBAPE-PE 667 CREA 1803168005 - Registro IBAPE-PE 427
E-mail: engenheirodiegolucena@hotmail.com E-mail: erameneses@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9759-0256 Telefone/celular: (87) 9 9936-1383
Diogo Correia de Souza Everton Gabriel Medeiros da Silva
Engenheiro Civil , Administrador e MBA em Projeto, Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações, Perícia, En-
Execução e Desempenho de Estruturas e Fundações genharia Diagnóstica e Patologia das Construções e Mes-
CREA 021624387-4 - Registro IBAPE-PE 433 trando em Engenharia Civil
E-mail: diogo.correia@yahoo.com.br CREA 181979040-1/PE - Registro IBAPE-PE 581
Telefone/celular: (82) 9 9645-9651/(82) 9 9308-5816 E-mail: eng.gabrielmedeiros@hotmail.com

Edgo Jackson Pinto Santiago Telefone/celular: (81)9 8966-6194

Engenheiro Agrônomo, Licenciado em Matemática, Dou- Fagner Campos dos Santos


torando em Biometria e Estatística Aplicada, Mestre em
Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Agronomia: Horticultura Irrigada e Especialista em Mate-
Especialista em Engenharia Diagnóstica Estrutural, Espe-
mática Financeira e Estatística
cialista em Engenharia de Avaliações e Perícias de Enge-
CREA 86.728 D/PE - Registro IBAPE-PE 505 nharia, Especialista em Engenharia Clínica, Especialista em
E-mail: edgoj@hotmail.com e edgojps@gmail.com Auditoria, Especialista em Docência do Ensino Superior,
Telefone/celular: (87) 9 8836-6615/(87) 9 8813-9514 MBA em Gestão de Projetos, Pós-graduando em Gestão
da Qualidade e Produtividade, Técnico em Edificações,
Eduardo Elisio de Vasconcelos Dizeu Técnico em Segurança do Trabalho e Técnico em Eletro-
Engenheiro Civil e Advogado técnica
CREA 25.841 D/PE - Registro IBAPE-PE 351 CREA 1135027202-0/PB - Registro IBAPE-PE 655
E-mail: eduardodizeu@hotmail.com E-mail: eng.fagnercampos@gmail.com
87 Telefone/celular: (81) 9 9688-7777 Telefone/celular: (83)9 9689-1651
Lista de Associados do IBAPE-PE Fernando Barros Noé da Costa Gibson Ferreira de Queiroz
Engenheiro Civil e Gestor Ambiental, Especialista em Perícias e Engenheiro Civil, Especialista em Inspeção, Recuperação e Manu-
Avaliações, Especialista em Georrefe- renciamento de Imóveis tenção de Estruturas e Revestimentos
Rurais e Técnico em Mecânica CREA 13.343 D/PE - Registro IBAPE-PE 518
CREA 24.971 D/PE - Registro IBAPE-PE 416 E-mail: gibson.perito@gmail.com
E-mail: tigrengenharia@outlook.com Telefone/celular: (81) 9 8827-4721
Telefone/celular: (81)9 8361-3662
Giovani Galvão dos Santos Ribeiro
Flávio Rubem Accioly Campos Filho Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil e Pós-graduado
Engenheiro Civil em Engenharia de Avaliações
CREA 10.417 D/PE - Registro IBAPE-PE 397 CREA 26.379 D/PE - Registro IBAPE-PE 373
E-mail: firmengenharia@hotmail.com E-mail: giovaniribeiro.eng@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 8765-1650 Telefone/celular: (81) 9 8574-7400

Florencio Absalão da Silva Filho Gustavo Reis de Farias


Engenheiro Eletricista, Mestre em Administração de Opera- Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliação, Perícia e Auditoria
ções, Pós-graduado em Gestão da Qualidade e da Produtivi- CREA 52.558 D/PE - Registro IBAPE-PE 390
dade, Certificado como PMP-PMI e Certificado como Scrum
E-mail: gustavo@valorengenharia.eng.br
Master (CSM)
Telefone/celular: (81) 9 9252-9833
CREA 14.322 D/PE - Registro IBAPE-PE 386
E-mail: florencio.absalao@gmail.com Helder Rômulo Araújo de Meneses
Telefone/celular: (81) 9 8833-7068 Engenheiro Civil, Especialista em Auditoria, Avaliação e Perícias
de Engenharia
Frederico de Vasconcelos Brennand
CREA 21.163 D/PE - Registro IBAPE-PE 669
Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestre
E-mail: helderromulo@yahoo.com.br
em Engenharia Civil, Especialista em Acústica, Especialista em
Gestão e Controle Ambiental e Designer de Interiores ( em Telefone/celular: (87) 9 9960-9200
finalização) Henrique Diniz Santos Silva
CREA 180064555-4/PE - Registro IBAPE-PE 514 Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia de Produção e Especia-
E-mail: fredbrennand@hotmail.com lista em Segurança do Trabalho
Telefone/celular: (81) 9 9252-3883 CREA 020073203-0 - Registro IBAPE-PE 378

Gabriel Queiroz Moraes Resende E-mail: h.diniz@outlook.com

Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Pós- Telefone/celular: (81) 9 9476-4004


-graduado em Avaliações, Perícias, Engenharia Diagnóstica e Henrique Fernandes da Câmara Neto
Patologia das Construções, Pós-graduado em Avaliação e Ge-
Engenheiro Civil, Doutorado e Mestrado em Saúde Pública,
renciamento dos Riscos de Incêndio
Especialista em Saneamento e Especialista em Epidemiologia em
CREA 181910457-5/PE - Registro IBAPE-PE 623 Vigilância Ambiental
E-mail: gabrielresende.eng@gmail.com CREA 014816 D/PE - Registro IBAPE-PE 221
Telefone/celular: (81) 9 9820-0488 E-mail: hfcamara@hotmail.com e hcamaraperito@gmail.com
Gaston Neuenschwander Neto Telefone/celular: (81) 9 9239-7538
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Gerenciamento de Con- Hugo Duarte Vilar
trato com Ênfase em Meio Ambiente
Engenheiro Civil, Especialista em Segurança do Trabalho, Espe-
CREA 6.378 D/PE - Registro IBAPE-PE 407 cialista em Engenharia Econômica e Avaliações, Especialista em
E-mail: gastonneto@gmail.com Gestão da Qualidade e Produtividade, Especialista em Auditoria,
Telefone/celular: (81) 3342-2468/(81) 9 9166-9988 Avaliações e Perícias de Engenharia, MBA de Gerenciamento de
Obras e Tecnologias da Construção (em andamento) e Auditor
Geise Cristiane Vieira Pedrosa Líder ISO 9001
Engenheira Civil, Pós-graduada em Engenharia de Avaliações CREA 26.607 D/PE - Registro IBAPE-PE 389
e Perícias
E-mail: hugo.vilar@gmail.com
CREA 180908413-0/PE - Registro IBAPE-PE 616
Telefone/celular: (81) 9 9147-3605/(81) 9 9275-9111
E-mail: geisecristiane@hotmail.com
Telefone/celular: (83) 9 8735-9710
88
Lista de Associados do IBAPE-PE Igor Luiz Cordeiro Pereira Jackson José dos Santos
Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança do Trabalho, Engenheiro Civil, MBA em Gestão e Tecnologia da
Pós-graduado em Engenharia de Avaliações, Engenharia Construção de Edifícios, MBA em Gestão de Projetos,
Diagnóstica e Patologia na Construção Civil e Pós-Gradu- MBA em Dimensionamento de Estruturas e Funda-
ado em Engenharia de Segurança de Barragens ções, MBA em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e
CREA 38.333 D/PE - Registro IBAPE-PE 571 Qualidade da Construção e MBA Master em BIM

E-mail: ipperitojudicial@gmail.com CREA 47.210 D/PE - Registro IBAPE-PE 434

Telefone/celular: (87) 9 9991-5820 E-mail: jacksonjosesantos@hotmail.com


Telefone/celular: (81) 9 9802-7326
Irlan Leonard de Lima Nascimento
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Tecnologia e Gestão Jarbas Morant Vieira
na Construção Engenheiro Eletricista, Conselheiro do CREA-PE
CREA 41.112 D/PE - Registro IBAPE-PE 613 da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica

E-mail: irlan@irlanleonard.eng.br CREA 020475 D/PE - Registro IBAPE-PE 387

Telefone/celular: (81) 9 9932-9812 E-mail: jbsmorant@hotmail.com


Telefone/celular: (81) 9 9928-4433
Isaac Ségio Araújo de Brito
Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia Diagnóstica João Paulo Albuquerque
CREA 1817888480 - Registro IBAPE-PE 409 Engenheiro Civil

E-mail: oisaac.brito@gmail.com CREA 26.870 D/PE - Registro IBAPE-PE 334

Telefone/celular: (81) 9 9724-6539 E-mail: joaopaulo@e-axial.com.br


Telefone/celular: (81) 9 9994-0999
Isabel Lúcia Bandeira Galvão
Engenheira Civil, Pós-graduada em Gerenciamento de Ci- Jorge Wanderley Souto Ferreira
dades, Pós-graduanda em Avaliações, Perícias, Engenharia Engenheiro Civil e Advogado
Diagnóstica e Patologia das Construções CREA 033968 D/PE - Registro IBAPE-PE 375
CREA 180392315-6/PE - Registro IBAPE-PE 634 E-mail: jorgewsf@hotmail.com
E-mail: isabel_galvão@yahoo.com.br Telefone/celular: (81) 9 9904-2961
Telefone/celular: (81) 9 9201-0291
José Alfredo Soares Miranda
Ivan Carlos Moura da Cunha Engenheiro Mecânico, Engenheiro de Segurança
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Engenharia de Trans- do Trabalho e Mestre em Tecnologias Energéticas
portes, Pós-graduado em Avaliações, Perícias, Engenharia e Nucleares
Diagnóstica e Patologia das Construções, Pós-graduado CREA 2002181837 - Registro IBAPE-PE 521
em Gestão Pública e Pós-graduado em Ciência e Engenha-
E-mail: contato@jasmiranda.com.br
ria de Materiais
jas.miranda60@gmail.com
CREA 23.332 D/PE - Registro IBAPE-PE 587
Telefone/celular: (81) 3037-0755/(81) 9 9208-1824
E-mail: ivancarloscunha@gmail.com e consultor@ivancar-
loscunha.eng.br
José Allef Ferreira Dantas
Engenheiro Civil, Especialista em Inspeção, Manutenção
Telefone/celular: (81) 9 8203-0013
e Recuperação de Estruturas e Mestrando em Enge-
Izabel Alves de Azevedo Viana nharia Civil
Engenheiro Civil, Especialista em Auditoria, Avaliação, Perí- CREA 161952634-4/PE - Registro IBAPE-PE 663
cia e Patologia em Engenharia e Especialista em Gestão e E-mail: eng.allefdantas@gmail.com
Engenharia de Petróleo e Gás
Telefone/celular: (81) 9 9832-1967
CREA 034726 D/PE - Registro IBAPE-PE 498
E-mail: izabelviana@hotmail.com
José Edival Moraes Filho
Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil
Telefone/celular: (81) 9 9991-2226
CREA 180182951-9/PE - Registro IBAPE-PE 621
E-mail: edivalmoraes@yahoo.com.br/jose.moraes-fi-
lho@economia.gov.br
Telefone/celular: (81) 9 9944-7540

89
Lista de Associados do IBAPE-PE José Murilo Moura dos Reis Larissa Kelly da Silva França
Engenheiro Civil, Mestre em Saneamento Ambiental e Pro- Engenheira Civil, Especialista em Avaliações, Perícias e Enge-
cessos Construtivos, Pós-Graduado em Engenharia de Ava- nharia Diagnóstica, Especialista em Manifestações Patológicas
liações e Perícias, Pós- Graduado em Engenharia Ambiental, das Construções e Técnica em Edificações
Pós-graduado em Engenharia de Produção e Pós-Graduado CREA 181950023-3 D/PE - Registro IBAPE-PE 552
em Engenharia de Segurança do Trabalho
E-mail: larissafrancaeng@gmail.com
CREA 7021 D/MA - Registro IBAPE-PE 468 Telefone/celular: (81) 9 9744-7324
E-mail: eng.jmuriloreis@gmail.com
Lenivaldo Souza dos Santos
Telefone/celular: (98) 9 8806-0809
Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Jose Nilson Moraes do Nascimento Engenheiro Sanitarista e Ambiental, Pós-graduado em Cálculo
Engenheiro Civil Estrutural, Pós-graduado em Engenharia de Saneamento
CREA 6443 D/PE - Registro IBAPE-PE 507 Básico e Ambiental, Pós-graduado em Higiene Ocupacional e
Mestrando em Tecnologia Ambiental
E-mail: josenilson_moraes@hotmail.com
CREA 181283173-0/PE - Registro IBAPE-PE 638
Telefone/celular: (81) 9 9543-5593
E-mail: leni.engseg@gmail.com
José Wellington Bezzera da Costa Telefone/celular: (81) 9 9927-8814
Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia de Avaliações
Leonardo Coimbra da Silva Raposo
CREA 021271451-1/AL - Registro IBAPE-PE 556
Engenheiro Civil, Especialista em Estatística Aplicada
E-mail: wellingtoncostaengenharia@gmail.com
CREA 35.074 D/PE - Registro IBAPE-PE 448
Telefone/celular: (82) 9 9922-9291
E-mail: leonardo.planner@gmail.com
José Willams da Silva Oliveira Telefone/celular: (81) 9 9219-9249
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Engenharia Diagnóstica
Leonardo Menezes de Sá
CREA 31.296 D/PE - Registro IBAPE-PE 412
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Saneamento e Gestão
E-mail: contato.construtorafonte@gmail.com
Ambiental e Pós-graduado em Avaliações, Perícias, Engenharia
jw0378@gmail.com
Diagnóstica e Patologia das Construções
Telefone/celular: (81) 9 9922-1978
CREA 180074015-8/PE - Registro IBAPE-PE 574
Juliana Autran Rufilo Tavares Pereira E-mail: leonardo.msa77@gmail.com
Engenheira Civil, Pós-graduada em Administração Telefone/celular: (81) 9 9963-8941
Financeira e Qualidade
Leonardo Silva Barboza dos Santos
CREA: 028411 D/PE - Registro IBAPE-PE 515
Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança do Trabalho
E-mail: juautran@icloud.com
CREA 036633 D/PE - Registro IBAPE-PE 424
Telefone/celular: (81) 9 9267-9148
E-mail: leonardo@lbsolucoeseservicos.com.br
Júlio César Garcia Galindo Lira Barros Telefone/celular: (81) 9 9189-3835
Engenheiro Civil, Especialista em Gestão e Tecnologia da
Construção, MBA em Gerenciamento de Obras, Tecnologia Lia Rafael dos Santos
e Qualidade da Construção e Pós-graduando em Avaliações, Arquiteta e Urbanista, Pós-graduada em Engenharia Diagnós-
Perícias, Engenharia Diagnóstica e Patologia das Construções tica – Patologia e Perícias na Construção Civil
CREA 31.087 D/PE - Registro IBAPE-PE 494 CAU A23301-3 - Registro IBAPE-PE 654
E-mail: julio@cbeng.com.br E-mail: santos.lia64@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9668-8877. Telefone/celular: (81) 9 8623-8667

Kézia Grace da Silva Cruz Liliane Barros Marques de A. Maranhão


Engenheira Civil, Especialista em Engenharia Diagnóstica Engenheira Civil, Pós-graduada em Manutenção, Pós-graduada
e MBA em Engenharia de Custos em Engenharia Diagnóstica e MBA em Gestão Empresarial
CREA 035202 D/PE - Registro IBAPE-PE 398 CREA 31.262 D/PE - Registro IBAPE-PE 426
E-mail: keziacruz.eng@gmail.com E-mail: vistenge@vistenge.com.br e lilianemaranhao@cons-
Telefone/celular: (81) 9 9670-0651 trusenge.com.br
Telefone/celular: (81) 9 9961-6111

90
Lista de Associados do IBAPE-PE Luciano César Szpak Furtado Marcello Rodrigo Cavalcante da Silva
Engenheiro Mecânico, Especialista em Engenharia Diagnóstica, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
MBA em Petróleo e Gás e MBA em Gestão de Projetos Especialista em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e
CREA: 14.344 D/PE - Registro IBAPE-PE 403 Qualidade das Construções, Especialista em Auditoria,
Avaliações e Perícias de Engenharia e Especialista em
E-mail: luciano.szpak@gmail.com
Engenharia Diagnóstica
Telefone/celular: (81) 9 8851-8473
CREA 048486 D/PE - Registro IBAPE-PE 393
Lúcio Flávio Arruda de Almeida E-mail: marcellorod@hotmail.com
Engenheiro Mecânico, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Celular (81) 9 9977-8536
Bacharel em Direito e Especialista em Avaliações e Perícias de
Engenharia Marcelo Augusto Santos Amorim
CREA 160811324-8/PB - Registro IBAPE-PE 658 Engenheiro Civil, Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado
em Perícia e Legislação Ambiental, Engenharia Ambiental
E-mail: lflavioalmeida@gmail.com
e Avaliações, Perícias, Engenharia Diagnóstica e Patologias
Telefone/celular: (83) 9 8704-7880
CREA 110327771-5/MA - Registro IBAPE-PE 672
Luiz Arthur de Souza Barbosa E-mail: marceloamorim@gmail.com
Engenheiro Civil e Técnico em Eletrotécnica
Celular (81) 9 8738-0786
CREA 060180299-9/SP - Registro IBAPE-PE 553
Marcelo Luís Szpak Furtado
E-mail: luizarthur.perito@gmail.com/larthursb@gmail.com
Engenheiro Civil
Telefone/celular: (81) 9 9601-0457
CREA 12.845 D/PE - Registro IBAPE-PE 402
Luiz Carlos dos Santos Borges E-mail: marceloszpak@hotmail.com
Engenheiro Civil, Mestre em Ciências Geodésicas
Celular (81) 9 8738-0786
e Tecnologias da Geoinformação e Especialista em
Engenharia de Avaliação Marcos Antunios de Carvalho Dias
CREA 15.651 D/PE - Registro IBAPE-PE 428 Engenheiro Mecânico, Mestre em Engenharia Mecânica,
E-mail: borgesluiz61@gmail.com Pós-graduado em Qualidade e Produtividade e MBA em
Gestão Estratégica de Negócios e Técnico em Transações
Telefone/celular: (81) 9 9143-3958
Imobiliárias
Luiz Fernando Bernhoeft CREA 5958 D/PE - Registro IBAPE-PE 482
Engenheiro Civil, Mestre em Construção Civil E-mail: antunios@gmail.com/antunios@creci.org.br
CREA 37.285 D/PE - Registro IBAPE-PE 368 Telefone/celular: (81) 3204-7763/(81) 9 8112-5949
E-mail: luizfernando@petrusengenharia.com.br
Marcus Vinícius Caldeira Antunes
Telefone/celular: (81) 9 9212-4976
Engenheiro Civil, Pós-graduando em Avaliações e Perícias
Lutemberg de Araújo Florencio CREA 12.346 D/RS - Registro IBAPE-PE 479
Engenheiro Civil, Doutor em Engenharia de Construção Civil, E-mail: 1253marvincanes@gmail.com
Mestre em Estatística, Especialista em Avaliações e Perícias de
Celular (87) 9 9992-1455
Engenharia e Técnico em Edificações
CREA 34.923 D/PE - Registro IBAPE-PE 395 Marcus Vinícius Pinheiro de Oliveira
E-mail: lutembergflorencio@yahoo.com.br Engenheiro Civil

Telefone/celular: (81) 9 8886-1406 CREA 1999106548 - Registro IBAPE-PE 442


E-mail: contato@emeconcreto.com.br
Mácilio da Silva Pereira
Telefone/celular: (21) 9 9472-1398
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Engenharia Diag-
nóstica e Técnico em Edificações Maria de Fátia Canuto Barbosa
CREA 058748 D/PE - Registro IBAPE-PE 547 Engenheira Civil, Engenheira de Segurança do Trabalho,
E-mail: marciliomatematica2008@gmail.com Pós-graduada em Auditoria e Perícia Ambiental, Pós-gra-
duanda em Avaliações de Imóveis, Perícia e Engenharia
Telefone/celular: (81) 9 9691-5614
Diagnóstica e Pós-graduanda em Análise e Desenvolvi-
mento de Sistemas
CREA 028145 D/PE - Registro IBAPE-PE 499
E-mail: mfatimac40@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 8288-4157
91
Lista de Associados do IBAPE-PE Maria Eduarda Maia F. Gomes Lucena Telefone/celular: (81) 9 9805-9129

Engenheira Civil, Pós-graduada em Gestão Ambiental Nilson Oliveira de Almeida


e Qualidade e Mestranda em Engenharia Civil
Engenheiro Civil, Engenheiro Mecânico e Engenheiro
CREA 04698-7 D/PE – Registro IBAPE-PE 668 de Segurança do Trabalho
E-mail: maia.meduarda@gmail.com CREA 12.223 D/PE - Registro IBAPE-PE 417
Telefone/celular: (81) 9 9139-8316 E-mail: nilsonprata2016@gmail.com

Marina Tathyann B. Duarte Gomes Celular: (81) 9 9610-8102

Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia de Omero Sergio Rodrigues


Produção, Pós-graduada em Estatística Aplicada, Engenheiro Civil, Pós-graduado em Engenharia Diagnóstica
Pós-graduada em Gestão da Administração Pública,
CREA 054573 D/PE - Registro IBAPE-PE 392
Pós-graduada em Auditoria, Avaliações e Perícias de
Engenharia e Pós-graduada em Engenharia Diagnós- E-mail: omerosergio@yahoo.com.br
tica Celular: (81) 9 9953-5018
CREA 180041847-7/PE - Registro IBAPE-PE 632 Pablo Magalhães de Oliveira
E-mail: marinatathyann@gmail.com Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança do Trabalho
Telefone/celular: (81) 9 8875-1642 CREA 055032 D/PE - Registro IBAPE-PE 400
Maristela Barbosa C. Bezerra E-mail: pablomagalhaes_@hotmail.com
Engenheira Civil Telefone/celular: (81) 9 9807-5243
CREA 6473 D/PB - Registro IBAPE-PE 558 Paulo Henrique de Souza Leitão
E-mail: stellacavalcante@hotmail.com Engenheiro Civil, Especialista em Gestão da Qualidade,
Telefone/celular: (81) 9 9611-6868 MBA em Gestão Empresarial e Certificação PMP

Matheus Medeiros Macedo CREA: 24.179 D/PE - Registro IBAPE-PE 394

Engenheiro Civil, Especialista em Auditoria, Avaliação E-mail: pauloleitao@engeconsulte.com


e Perícias Telefone/celular: (81) 9 9606-1153
CREA 181674880-3/PE - Registro IBAPE-PE 682 Paulo José Pereira da Cunha Júnior
E-mail: matheus@recifengenharia.com.br Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Es-
Telefone/celular: (81) 9 9715-4915 pecialista em Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia
e MBA em Engenharia Diagnóstica de Obras
Maurício Jorge de Barros Caldas
CREA: 181714124-4/PE - Registro IBAPE-PE 537
Engenheiro Eletricista, Especialista em Eletrônica,
E-mail: paulojose@hotmail.com
Pós-graduado em Engenharia de Suprimentos de
Petróleo e Gás Telefone/celular: (81) 9 9973-2776/3461-3844

CREA 014114 D/PE - Registro IBAPE-PE 699 Paulo Ricardo Fonseca da Silva
E-mail: mjbcaldas@gmail.com Engenheiro Civil, Pós-graduado em Qualidade e Produtivi-
Telefone/celular: (81) 9 9105-2121 dade
CREA: 33.441 D/PE - Registro IBAPE-PE 678
Narclébio Bruno Rezende do Amaral
E-mail: engcivil.pauloricardo@gmail.com
Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia de Ava-
liações e Perícias e Especialista em Gerenciamento de Telefone/celular: (81) 9 9676-9844
Obras Paulo Ricardo Nascimento
CREA 181710487-0/PE - Registro IBAPE-PE 618 Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações, Perícias,
E-mail: narclebiobra@hotmail.com Engenharia Diagnóstica e Patologia das Construções
Telefone/celular: (87) 9 9967-0440 CREA: 182432934-0/PE - Registro IBAPE-PE 567
Natalia Henrique Fernandes E-mail: pr_nascimento@live.com
Engenheira Civil, Pós-graduada em Engenharia Rodo- Telefone/celular: (81) 9 9403-2474
viária
Paulo Roberto Meira da Cunha Filho
CREA 182077517-8/PE - Registro IBAPE-PE 660
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Inspeção, Manutenção e
E-mail: nataliaffnandes@outlook.com.br Recuperação de Estruturas
CREA: 37.341 D/PE - Registro IBAPE-PE 466
E-mail: paulocunhaeng@gmail.com
92
Lista de Associados do IBAPE-PE Telefone/celular: (81) 9 9411-3625 Telefone/celular: (81) 9 9570-8157

Paulo Sales Coutinho Sérgio Renato Holanda Mariano


Arquiteto e Urbanista Engenheiro Civil e Engenheiro Agrônomo
CAU: A124863-4 - Registro IBAPE-PE 560 CREA 20.837 D/PE - Registro IBAPE-PE 431
E-mail: paulocoutinho04@gmail.com E-mail: srhm02@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 8703-1789 Telefone/celular: (81) 9 9606-9947

Priscilla Ferreira Martinelli Silvio Augusto B. de Albuquerue Filho-


Engenheira Agrônoma, Especialista em Engenharia Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações, Perícias,
Econômica e de Avaliações Engenharia Diagnóstica e Patologia das Construções e
CREA 19.559 D/PE - Registro IBAPE-PE 358 Tecnologista do Concreto
E-mail: priscillafm2@gmail.com CREA: 181300700-4/PE - Registro IBAPE-PE 606
Telefone/celular: (81) 9 8877-5805 E-mail: silvioalbuquerquefilho@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 8125-7076
Prosperino Sarubbi Neto
Engenheiro Civil, Especialista em Avaliações Sylvio Romero Gouveia Cavalcanti
e Perícias de Engenharia Engenheiro Civil
CREA 180.577.475-1 - Registro IBAPE-PE 253 CREA: 5.109 D/PE - Registro IBAPE-PE 116
E-mail: prosperinosarubbi@gmail.com E-mail: srgcavalcanti@hotmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9607-0007 Telefone/celular: (81) 9 9252-8025
Reinaldo José Dutra de M. Júnior Sylvio Romero G. Cavalcanti Junior
Engenheiro Civil, Especialista em Energias Renováveis Engenheiro Civil
CREA 181365857-9 - Registro IBAPE-PE 413 CREA: 1802910530 - Registro IBAPE-PE 333
E-mail: engreinaldodutra@gmail.com E-mail: scavalcantijr@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9508-9800 Telefone/celular: (81) 9 9111-8980
Roberto Correia de Assis Tácito Quadros Maia
Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia de Avaliação Engenheiro Civil, Bacharel em Direito, Mestre
CREA 24.158 D/PE - Registro IBAPE-PE 506 em Engenharia Civil e Especialista em Saneamento
E-mail: emprava@uol.com.br CREA 89103761-7 D/RJ
Telefone/celular: (81) 9 9962-2399 Registro IBAPE-BA 136 e IBAPE-PE 381
E-mail: tqm.eng@gmail.com
Rodrigo Rogério da Silva
Telefone/Celular: (81) 9 9167-1758
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Pública e
Pós-graduando em Engenharia de Avaliações e Perícias Thalita Cavalcanti de Almeida Santos
CREA 180763904-5/PE - Registro IBAPE-PE 583 Engenheira Civil, Pós-graduada em Avaliações, Perícias,
Engenharia Diagnóstica e Patologia das Construções
E-mail: rodrigosilvaagr@gmail.com
CREA 181999392-2/PE - Registro IBAPE-PE 578
Telefone/celular: (81) 9 9743-5554
E-mail: peritathalitacavalcanti@gmail.com
Rômulo Bezerra da Cunha Telefone/Celular: (81) 9 9790-9484
Engenheiro Civil, Pós-Graduado em Engenharia Diagnós-
tica Thayna Camila Pereira dos Santos
CREA 32.551 D/PE - Registro IBAPE-PE 421 Engenheira Civil, Engenheira de Segurança do Trabalho

E-mail: romuloengecad@hotmail.com e Especialista em Avaliações, Auditoria e Perícias de


Engenharia
Telefone/celular: (81) 9 8801-8917
CREA 181779750-6/PE - Registro IBAPE-PE 475
Sérgio Luiz Alves dos Santos E-mail: thaynacpsantos@gmail.com
Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações, Perícias,
Telefone/Celular: (81) 9 9646-3027
Engenharia Diagnóstica e Patologia das Construções
CREA 25.712 D/PE - Registro IBAPE-PE 545 Tiago Toscano Gomes
E-mail: sergioalves.eng@gmail.com Engenheiro Civil
CREA: 1819626849 PE - Registro IBAPE-PE 528

93 E-mail: tiagoteng@gmail.com
Lista de Associados do IBAPE-PE Tomás de ALbuquerque Borges Walter José da Silva
Engenheiro Civil e Especialista em Engenharia Diagnóstica, Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações, Perícias, Enge-
Patologia e Perícias na Construção Civil nharia Diagnóstica e Patologia das Construções
CREA 29.214 D/PE - Registro IBAPE-PE 414 CREA 181621575-9/PE - Registro IBAPE-PE 579
E-mail: tomasb74@gmail.com E-mail: walterjose215@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9242-8180 Telefone/celular: (81) 9 8587-0219

Ubirajara Alexandre Rezende Wanessa Souza de Lima


Engenheiro Civil, Pós-graduado em Avaliações Engenheira Civil, Mestranda em Engenharia Civil, Especialista
e Perícias de Engenharia em Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia e Especia-
CREA 17.697 D/PE - Registro IBAPE-PE 490 lista em Engenharia Diagnóstica

E-mail: uarezende@gmail.com CREA: 1816135577PE - Registro IBAPE-PE 418

Telefone/celular: (87) 9 8833-1333 E-mail: wanessasouzadelima@gmail.com


Telefone/celular: (81) 9 9653-1554
Valdemir Francisco Barbosa
Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Dou- Wellington de Oliveira Martins
tor em Educação e Mestre em Tecnologia Ambiental Engenheiro Civil, Especialista em Patologias das Construções,
CREA 181961524-3/PE - Registro IBAPE-PE 524 Especialista em Perícias e Avaliações e Técnico em Sanea-
mento Básico
e-mail: valdemirbarbosa20@hotmail.com
CREA 23.224 D/PE - Registro IBAPE-PE 380
Telefone/celular: (81) 9 9887-0031
E-mail: wellington@womengenharia.com.br
Vanessa de Oliveira Silva Site: www.womengenharia.com.br
Engenheira Civil, Pós-graduanda em Avaliações, Perícias e Pa-
Telefone/celular: (81) 9 9732-3217
tologia das Construções e Pós-graduanda em Gerenciamen-
to da Construção Civil com Enfoque na Metodologia BIM Ysmael Batista do Nascimento
CREA 181978044-9/PE - Registro IBAPE-PE 586 Engenheiro Civil, Pós-graduado em Engenharia Diagnóstica,
e-mail: vanessaoliveirarbh@gmail.com Desempenho e Patologia das Construções

Telefone/celular: (81) 9 8661-5309 CREA 181916189-7/PE - Registro IBAPE-PE 646


e-mail: by.engnascimento@gmail.com
Vicente Felix Perrusi Júnior
Telefone/celular: (81) 9 9724-3609
Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Pós-graduado em Perícia Judicial, Pós-graduado em Gestão
da Qualidade e Produtividade, Pós-graduado em Auditoria,
Mais informações sobre os associa-
Avaliações e Perícias em Engenharia e MBA em Engenharia dos podem ser obtidas no nosso site:
Diagnóstica de Obras (em andamento)
W W W. I B A P E - P E . C O M . B R
CREA 181951241-0/PE - Registro IBAPE-PE 641
e-mail: vicenteperrusi@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9926-7227

Vinícius de Menezes Pereira


Engenheiro Civil, Administrador de Empresas, Pós-graduado
em Engenharia Diagnóstica, Pós-graduando em Gerencia-
mento de Obras, Produtividade e Tecnologia da Construção
CREA 181800735-5 - Registro IBAPE-PE 422
e-mail: viniciuscreci7750@gmail.com
Telefone/celular: (81) 9 9661-3045

Waldson Marcelo dos Santos Silva


Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Licenciado em Física e Doutor em Física
CREA 271666758-6 - Registro IBAPE-PE 480
E-mail: waldsonmarceloss@yahoo.com.br/
waldsonmss@hotmail.com
Telefone/celular: (79) 9 9154-9723
94

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