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v. 15, n. 55,
Primeiro trimestre
de 2017
Presidente
Eng. Mec. Marco Antônio Amigo
Diretoria 2015
1º. Vice-Presidente: Engº. Quím. Luciano Sérgio Hocevar
2º. Vice-Presidente: Engº. Civil José de Souza Neto Júnior
1º. Diretor Administrativo: Engº. Agrôn. Jonas Dantas dos Santos
2º. Diretor Administrativo: Engº. Civil Neuziton Torres Rapadura
1º. Diretor Financeiro: Engº. Elet. Carlos Guaracy Santos Nascimento
2º. Diretor Financeiro: Geól. Marjorie Csekö Nolasco
3º. Diretor Financeiro: Engª Agrôn. Catarina Cotrin de Mattos Sobrinho
36
Engenheiro de produção:
Profissional que planeja e otimiza processos
06 42
Desemprego Entrevista:
Saiba como se preparar para Engenheiro idealiza “laboratório vivo”
voltar ao mercado
14 46
Paulo Afonso
Artigo: Capital da energia e das águas
“50 anos em 5 já”
20
Salário mínimo
profissional
Empresas que não pagam devem
ser denunciadas
Foto: Lelia Dourado
Espaço
do Leitor
Revista do Crea-BA
A revista do Crea é assinatura ou todos os engenheiros
cadastrados no Crea têm direito de receber?
Roberto Farias
A revista é distribuída gratuitamente para todos os
profissionais registrados no Crea-BA que estejam
com sua anuidade em dia.
• Ter sido emitida por profissional devidamente
registrado no Crea-BA no período de execução da
obra ou serviço;
Divulgação de experimento • Havendo empresa executora, esta deverá estar
Gostaria de saber qual é o procedimento para divulgar devidamente registrada no Crea-BA no período de
um experimento na revista do Crea-BA. execução da obra ou serviço;
Francisco Marques • O profissional deverá estar devidamente vinculado
É preciso enviar informações detalhadas sobre esse à empresa executora, perante o Crea-BA, no
experimento. O conselho editorial vai avaliar se tem período da execução da obra ou serviço;
relevância para divulgar. • A ART deverá ser baixada após a conclusão da
obra ou serviço.
As atividades desenvolvidas na obra/serviço e os
O que deve constar no respectivos quantitativos devem ser caracterizados
na ART. Ex.: Projeto de edificação residencial em
preenchimento de uma ART? alvenaria, 2 pavimentos, com 300m2. Projeto
estrutural de edificação residencial 300m2, projeto
Paulo Cerqueira - Salvador
elétrico de baixa tensão para fins residenciais 175 kva.
Consultar o Manual de Procedimentos da ART na
A ART de obra ou serviço apresentada deverá atender página do Confea (Decisão Normativa 085
aos seguintes itens: de 31/01/2011)
• Ter sido anotada antes ou durante a execução da Assessoria Técnica do Crea-BA
obra ou serviço;
Fale conosco
Envie sua mensagem com nome completo, e-mail e telefone para os endereços eletrônicos: revista@creaba.org.br
e anuncierevistacreaba@gmail.com. Lembramos que as mensagens poderão ser resumidas ou adaptadas ao
espaço da revista. Siga o Crea-BA nas redes sociais www.facebook.com/creabahia e Twitter: @CreaBahia.
Para anunciar, ligue para (71) 98748-4682. Edição online no site: www.creaba.org.br.
Em busca de novas
oportunidades
Com o desemprego em alta, Cristina Voigt,
consultora e especialista em
Psicologia Organizacional
O
desemprego no Brasil fechou o ano de 2016 com uma taxa de 12%, segundo dados do
IBGE. A recessão econômica atinge diversas áreas e não é diferente na Engenharia.
Buscar uma recolocação ou um reposicionamento no mercado de trabalho exige um
esforço dos engenheiros e técnicos, que não devem paralisar diante do momento de
adversidade. Especialistas do setor de Recursos Humanos apontam que é preciso ter
calma para enfrentar o momento e também se organizar para buscar novas oportunidades.
6 crea, Salvador, BA, v. 15, n. 55, primeiro trimestre de 2017
Mercado de trabalho
e de ortografia”, destaca.
A formatação do material, a disposição
das informações e a clareza dos obje-
tivos são outros pontos importantes
Margarida Silva, psicóloga e consultora em carreira
a serem observados pelo profissional.
“Não adianta colocar as suas experiên-
cias, se estas não estão focadas para a
vaga para a qual está se candidatando”, sobre a vaga em mãos, é possível enu- As redes contribuem também para
afirma Cristina. merar as prioridades da apresentação, networking. Essa rede de relacionamento
destacando aquelas experiências que profissional deve ser sempre levada em
Ela explica que é fundamental pro-
estão em consonância com o posto conta ao longo da carreira e pode ser
curar obter conhecimentos sobre a
em questão. um apoio importante na hora de buscar
empresa e sobre a vaga ofertada. “É
uma nova oportunidade de trabalho.
preciso se autoavaliar, repensar metas
profissionais e projetos futuros. Além Comportamento
disso, verificar se o seu perfil é adequa-
Em tempos de redes sociais, é preci- Vagas pelo
do àquela vaga e ser objetivo na sua
apresentação.” A partir das informações
so estar atento ao comportamento,
porque hoje todos são observados. “É
networking
claro que as pessoas precisam ter suas Margarida Silva, psicóloga e consul-
posições, mas assumi-las tem suas con- tora em carreira que atua na área há
sequências. Se você possui uma posição mais de 30 anos, destaca que, hoje,
Fo
to
contrária à determinada empresa, por mais de 70% das vagas de trabalho são
:G
Mantenha as suas
posições e opiniões,
mas seja atento à
forma como você
emite suas impres-
Currículo sões sobre determi-
Use com sabedoria,
pois as redes sociais
nados assuntos podem ser um grande
aliado do profissional
MENAS
Faça uma boa revisão Da mesma forma,
que procura novas
no português, para observe se a empresa
oportunidades no
evitar erros graves também atende às
mercado de trabalho
com o idioma suas aspirações
profissionais
Coloque as informa- Entrevista
ções por ordem de Currículo em papel
relevância, incluindo ainda é válido, desde
seus contatos que a empresa solicite
o material físico.
Filtre informações Mantenha-o sempre
irrelevantes, como atualizado Chegue sempre Organize seus Tenha calma na
cursos extras que não com, pelo menos, pensamentos na hora de responder,
têm relação com sua Seja objetivo e, claro, 15 minutos de hora de se espere sempre a
área de atuação só coloque antecedência apresentar sua vez e deixe o
informações entrevistador
Atente-se a informa- verdadeiras no conduzir a
ções relevantes para a currículo conversa
vaga que você vai
Esteja bem Destaque sempre
disputar Ao enviar currículo por
informado sobre a suas experiências
e-mail, mantenha a
Tenha claro o seu empresa e sobre a mais relevantes
formalidade na lingua-
objetivo para aquela vaga para a qual Evite inconveniên-
gem, mesmo que seja
vaga específica será entrevistado cias e informalida-
encaminhado para um
des, mesmo que a
contato conhecido
Evite enviar currículos vaga tenha sido
para vagas nas quais indicada por um
você não tem perfil conhecido seu
adequado
8 crea, Salvador, BA, v. 15, n. 55, primeiro trimestre de 2017
Mercado de trabalho
Pr
og
ra
ma
Asher Kiperstok, professor
Ap
rov
da Ufba e pesquisador
ado
Água: um bem
que deveria ser
melhor aproveitado
Especialistas propõem soluções para
evitar o desperdício durante a Agenda de
Desenvolvimento Bahia
A
Bahia registra grandes perdas de água em seu sistema de
distribuição e a reutilização, por parte dos usuários, é praticamente
inexistente. Essa é a constatação do professor do Departamento
de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Ufba e
pesquisador Asher Kiperstok, engenheiro civil pelo Technion,
Instituto Tecnológico de Israel, e mestre e doutor em Engenharia Química
pela Universidade de Manchester (Reino Unido).
Fo
to
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d
Ele foi o coordenador do I Fórum Schischa, que abordou o tema “Gestão do
so
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50 anos em 5 já:
Ações para a retomada da
Engenharia brasileira
A soberania de um país depende da sua independência Caiuby Alves da Costa,
científica, técnica e tecnológica, tanto na administração engenheiro eletricista e
pública como no setor produtivo – Confea presidente do IPB
Um pouco de história
O
ano de 1955 findou com a eleição de Juscelino Kubitschek, após um
processo conflitante , antecedido pelo suicídio de Vargas. Empobrecido,
o Brasil se caracterizava por uma população majoritariamente rural
(60%) e carecia fortemente de infraestrutura. Nesse momento,
Kubistchek lançou seu Plano de Metas e o slogan 50 anos em 5,
que, entre outras coisas, além das obras de infraestrutura e da construção de
Brasília, pregava a criação das condições da consolidação e do avanço das ações
do governo Vargas: produzir no Brasil o que o país precisava.
O Plano de Metas
englobava:
• Energia (metas de 1 a 5): Energia
elétrica, energia nuclear, carvão, pro-
dução e refino de petróleo;
• Alimentação (metas de 13 a 18):
Trigo, armazenagem e silos, frigo-
ríficos, matadouros, tecnologia no
campo, fertilizantes;
Evolução da Especialidades Década 1950 Década 1960 Década 1970 Década 1980(85)
Engenharia Projeto Básico INEXISTENTE
Capacidade Capacidade Capacidade
brasileira a partir relativa 20% relativa 50% relativa 70%
Projeto de Parcialmente Parcialmente
de 1950 detalhamento existente (10%) existente (40%)
Suficiente Suficiente
O risco é enorme
A realidade brasileira hoje é outra: 84,36%
da população concentra-se nas cidades,
seja nos grandes conglomerados urbanos,
seja na sede dos municípios no interior
do país. É o caos do engarrafamento, da
poluição, da ocupação indevida do solo,
da contaminação dos recursos hídricos,
da morte dos corpos d’água, da violência,
da exclusão social.
Foto: Adeilson Nunes Gov Bahia
Só nos resta a opção explicitada por
Mitterrand na sua campanha de 1981:
• Il fault changer.
• É necessário mudar as políticas de edu-
cação, de ciência e tecnologia;
• É necessário mudar a política econômi-
ca, privilegiando os setores produtivos;
• É necessário mudar a estrutura do
Estado e de seu sistema tributário;
• Mas, antes de tudo, urge mudar a
postura em relação ao Brasil: 50 anos
em 5 já!
Um caminho para
a retomada
Atualmente, segundo o jornal O Estado
de São Paulo, o Brasil tem 5 mil obras
paradas, sendo que entre elas estão 5
grandes obras: Transposição do Rio São
Foto: Manu Dias_Agecom
Libélulas modificadas
pela tecnologia
Uma empresa norte-americana (chamada Draper) está usando
insetos para criar drones com componentes biológicos. A
ideia é usar libélulas como microveículos voadores. Chips são
acoplados nas costas dos insetos, com uma ligação direta ao
sistema nervoso. Remotamente, os controladores disparam
impulsos que funcionam como uma espécie de neurônio, que
manda mensagens especialmente para as asas do inseto,
controlando-o independentemente da sua vontade. Uma
das aplicações: espionagem.
Engenheiro
baiano
desenvolve
aplicativo para
construção civil
Quando estagiava em uma obra
no município de Camaçari, o então
estudante de Engenharia Civil Lucio
Felix Neto tinha que caminhar 1 km
diariamente para pegar as assinaturas
do cliente e da gerenciadora no RDO
A
lei que criou o Salário Mínimo Profissional (SMP) completou 50 anos, mas este
continua sendo motivo de apreensão entre os profissionais. De acordo com pesquisa
realizada pela Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge),
a defesa do SMP e da Engenharia nacional é a maior preocupação da categoria.
A pesquisa ouviu 725 profissionais durante a Semana Oficial de Engenharia e
Agronomia (Soea), realizada em Foz do Iguaçu (PR), em setembro do ano passado.
Para marcar esses 50 anos, a Fisenge porte ou porque não são específicas de
lançou uma cartilha sobre o tema, que Engenharia.” Elas contratam o profissio- Fo
to:
foi distribuída na Bahia pelo Sindicato nal como analista técnico, ambiental Ad
el
m
dos Engenheiros do Estado (Senge). etc, para tentar descaracterizar o vín-
o
Bo
rg
Segundo o presidente da entidade baia- culo com a atividade de Engenharia.
es
na, Ubiratan Félix (mais conhecido como Nesses casos, o sindicato, quando acio-
Bira), o objetivo foi chamar a atenção nado, entra na Justiça para que a em-
dos engenheiros, dos gestores públicos presa cumpra a lei e tem conseguido
e privados de que o SMP está na lei e êxito. Caso o engenheiro não esteja
precisa ser respeitado. recebendo o piso, ele pode entrar em
Na Bahia, Ubiratan Félix destaca que as contato com o sindicato, pelo site ou por
grandes empresas geralmente pagam o telefone, e fazer a denúncia, que pode
piso, sobretudo na construção civil. “Mas ser anônima. Além do site do Senge-BA,
existem algumas que descumprem a o profissional pode procurar o Crea, que
legislação, principalmente as pequenas encaminha a denúncia para o sindicato.
empresas de consultoria e projetos.” Ele O sindicato tem feito sua parte no es-
diz ainda que profissionais de algumas clarecimento, mandando cartas para as
modalidades mais recentes, como en- empresas, além de produzir cartilhas Ubiratan Félix, engenheiro civil,
genharia ambiental e de produção, às sobre o assunto. Ubiratan Félix infor- presidente do Senge
vezes não recebem. “Por várias razões. ma ainda que o sindicato orienta os
Ou porque são empresas são menor departamentos de Recursos Humanos,
Segundo Ubiratan Félix, essa ascensão piso, pois sempre vai ter alguém
foi interrompida com a crise econômica que pode aceitar.
e com a Operação Lava-jato, que pre- Ubiratan destaca outro aspecto
judicou as empresas. “Os engenheiros preocupante. Tem havido muita ho-
voltaram a ficar em situação difícil, com mologação no sindicato, mas começou
um agravante: aumentou o número de a mudar o perfil. “No ano passado eram
escolas de Engenharia nos últimos anos. profissionais que ganhavam o piso ou
Em 1992, quando eu me formei, eram abaixo dele, este ano começaram a
três escolas de Engenharia na Bahia: chegar engenheiros que ganham de Distribuição
Ufba (com seis cursos em Salvador e
um em Cruz das Almas); Universidade
R$ 30 mil a R$ 40 mil.” São diretores,
superintendentes, pessoas-chave das
nacional
Católica e Universidade Estadual de empresas, que provavelmente não vão O presidente da Fisenge, Clóvis
Feira de Santana (com um curso cada). voltar ao mercado com o mesmo salário. Nascimento, destaca que o SMP
A saída, na opinião do dirigente, é de- ainda não é devidamente conhe-
Ubiratan conta que, hoje, apenas uma
fender a Engenharia e as empresas, que cido pelos engenheiros, sobretudo
faculdade no extremo sul da Bahia pos-
não podem ser criminalizadas. Ele cita pelos mais jovens, por isso a ideia
sui 11 cursos de Engenharia. “A situa-
o exemplo de quando o nazismo per- de criar a cartilha e distribui-la em
ção está grave, pois além de ter havido
deu a Segunda Guerra Mundial. “Várias todo o Brasil.
uma diminuição no mercado, houve
empresas alemãs usaram mão de obra Clóvis lembra que, mesmo repre-
um aumento considerável de cursos
escrava ou tinham fábricas em campos sentando um avanço, a lei não
de Engenharia em várias modalidades”.
de concentração. Algumas mudaram o contemplou os estatutários, por
O presidente do Senge informa que as controle acionário, os dirigentes foram isso a Fisenge luta para estender o
empresas brasileiras estão falindo e punidos, mas elas foram preservadas e benefício a todos os engenheiros
vendendo ativos. “As multinacionais vão existem até hoje, como a Volkswagen.” do Brasil.
empregar profissionais de seus países.
O presidente do Senge conclui afirman- “Queremos que o salário profis-
Ou seja, poderemos ter um mercado do que a empresa não pode ser punida sional seja pago para todos os
ainda pior.” e sim os seus diretores. “As empresas engenheiros”, diz Clóvis, acres-
Nesse contexto, o dirigente sindicalista precisam ter recursos para se desenvol- centando que algumas empre-
acredita que o SMP fica fragilizado, pois ver. Hoje elas estão vendendo ativos, sas descumprem, mas a Justiça
o empresário, com tanta oferta de mão perdendo mercado para as empresas sempre manda pagar.
de obra, pode querer pagar menos que o estrangeiras”, lamenta o dirigente.
24 crea, Salvador, BA, v. 15, n. 55, primeiro trimestre de 2017
#Passado e presente da Engenharia Civil
Duas gerações
de engenheiros:
mudanças e perspectivas
A
história da Engenharia se confunde com a da própria humanidade.
Desde que o homem deixou de ser nômade, ele passou a construir,
a desenvolver habitações cada vez mais sólidas e permanentes.
A Engenharia Civil foi uma das primeiras atividades humanas,
ramificando-se em diversas outras especialidades.
A Revista do Crea-BA escolheu justamente a Engenharia Civil para iniciar uma série de
reportagens com profissionais baianos da antiga e da nova geração, para que eles falem
sobre o ensino, o trabalho e as perspectivas, cada um a partir de seu ponto de vista.
Adailton de Oliveira Gomes, formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), em
1973, e Paulo Marques, que concluiu o curso na mesma Universidade em 2008, foram os
escolhidos para esta reportagem, que será dividida em grandes temas.
Carreira profissional
Adailton de Oliveira Gomes é engenheiro civil formado em 1973 pela Ufba,
com mestrado em Engenharia Ambiental Urbana pela mesma universidade.
Inicialmente, trabalhou na implantação de sistemas de abastecimento de água
em várias cidades do Recôncavo baiano. Continuou na área tecnológica e de
edificações, passando a desenvolver dosagens específicas de concreto, além de
ensinar na Ufba, tendo sido professor de várias gerações de engenheiros.
Paulo Marques é engenheiro civil, formado em 2008 pela Ufba e com MBA em
gestão de projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Tem uma trajetória diversificada,
que começou com o gerenciamento de obras, passando por incorporação imobiliária,
incluindo bairros inteiros planejados, e depois atuando nacionalmente como execu-
tivo de novos negócios. Atualmente vem desenvolvendo um portfólio de empreen-
dimentos transformadores no Centro de Salvador, a exemplo do primeiro deles, que
acaba de ser inaugurado, o hotel boutique Fera Palace Hotel, na histórica Rua Chile.
Ensino acadêmico
Adailton Oliveira – “O curso de Engenharia Civil na Ufba continua sendo de
cinco anos, como na minha época, mas diversas disciplinas mudaram e outras
foram adaptadas devido às novas tecnologias. Topografia é um exemplo. Na
época em que eu estudava, não existia GPS e o aluno tinha que fazer cálculos
complexos envolvendo os terrenos para chegar aos resultados que se obtém hoje
em fração de segundos.
O cálculo estrutural era feito em um ábaco, com uma série de tabelas. As máquinas
de calcular eram mecânicas, como as de escrever, e tão precisas quanto as digitais
de hoje, mas o trabalho era grande. Quando surgiram os primeiros computadores,
eles eram muito lentos e grandes. Para obter um cálculo mais complexo, tínhamos
que deixá-lo rodando a noite inteira para dar o resultado na manhã seguinte. Hoje
se consegue isto em fração de segundos.”
Paulo Marques – “Os dois primeiros anos da faculdade são maçantes e puxados,
pois temos muitas matérias teóricas de cálculo. Nos três anos seguintes, aí sim,
cursamos as disciplinas profissionalizantes, porém acho que somente a grade
curricular da universidade não prepara o engenheiro por completo. É necessário
ter prática, seja acompanhando uma obra, seja fazendo projetos técnicos. O que
diferencia um engenheiro talentoso de outros são as experiências, as realizações.
Mas o profissional jamais deve desprezar a formação acadêmica. É preciso buscar
mais conhecimento, ser autodidata, agregando ao que se teve acesso dentro da
universidade. Sempre fui contra preferir o estágio em detrimento à faculdade,
pois é esta que lhe dá um forte alicerce para seu crescimento.”
Desempenho na faculdade
Adailton Oliveira – “Naquela época não estudávamos mais do que
os alunos de hoje que têm computador e softwares especializados. Se um indivíduo
Acho que a forma de estudar é que era diferente. Antes, o aluno era
mais obediente às exigências dos professores. Por exemplo, quando for preparado
se passava um problema, ele tinha que se concentrar para executar
aquela tarefa dentro do modelo que o professor demandou. Hoje não,
cientificamente, ele
o estudante busca ser mais criativo e tem acesso a informações di-
versificadas sobre um mesmo tema. Por exemplo, uma criança de dez
vai estar pronto para
anos hoje tem muito mais conhecimento tecnológico do que uma aplicar a tecnologia
de 50 anos atrás. Isso não quer dizer que ela está estudando mais.”
Paulo Marques – “A palavra-chave é criatividade. Os profissionais que
em qualquer situação
mais vão se desenvolver rápido são aqueles com grande criatividade, Adailton de Oliveira Gomes,
engenheiro civil
se valendo da tecnologia. Muitas atividades que exigiam o esforço
físico e até mesmo a presença humana estão passando a ser auto-
matizadas. Só que uma máquina não é inventiva, ela não processa
novas ideias e aí é que profissionais criativos desequilibram o jogo.”
Atuação profissional
Paulo Marques – “Considero que os engenheiros de antigamente
eram bem corajosos, pois trabalhavam com muita imprecisão nos
projetos. Hoje se utilizam softwares que fazem uma modelagem
estrutural complexa, determinando quanto de peso cada viga ou
parede estrutural pode suportar. Tudo isso com rapidez e de fácil
acesso. Por outro lado, a mente do engenheiro é hoje muito mais
sobrecarregada de informações e de opções a escolher. Antes havia
uma dedicação de tempo maior, se debruçando sobre um mesmo
projeto. Hoje existe uma constante urgência e necessidade de
se conseguir fazer o mesmo trabalho em um ritmo mais rápido,
melhor e mais barato.”
Adailton Oliveira – “Antes do computador, fazíamos muitas expe-
riências para encontrar o material mais adequado. Os procedimentos
para execução dos sistemas de revestimentos de fachada, por exem-
plo, foram desenvolvidos inicialmente na Escola Politécnica da Ufba,
em 1995, pela equipe do Ceta (Centro Tecnológico da Argamassa).
Antes disso, não havia tanta preocupação com a qualidade dos
materiais utilizados, como a argamassa, e, consequentemente,
ocorriam manifestações patológicas frequentes.
Sob a coordenação do professor Ney Cunha, fomos pioneiros,
na América Latina, na elaboração de dosagens de concreto com
tensão de rutura de 350 kgf/cm2, hoje denominada de resistência
característica à compressão de 35 MPa.
Havia vários métodos de dosagens, mas era necessário adaptá
-los às características dos materiais de nossa região. A areia, por
exemplo, procedente da região de Camaçari, era muito fina, o que
demandou o desenvolvimento de métodos adequados para se
alcançar a trabalhabilidade e resistência requeridas, já que é em
função da resistência que se dimensionam as peças. Logo, quanto
maior a resistência, menor a dimensão da peça.”
Método construtivo
Paulo Marques – “Sobre essa questão da resistência, vivi nesse pro-
jeto atual do hotel um exemplo concreto. Todas as 56 sapatas foram
abertas uma a uma e os 601 pilares reforçados com concreto de traço
específico para suprir a deficiência da resistência que se tinha ori-
ginalmente, em função do sobrepeso de novos reservatórios e uma
piscina de borda infinita que fizemos no terraço. Hoje é requisito
mínimo um concreto de 30 Mpa, enquanto que os originais que
encontramos apresentaram resultados críticos de 11 ou 13,5 MPa.”
Adailton Oliveira – “O cimento era diferente na época da construção
do hotel e as exigências também. Os elementos estruturais das
edificações não eram submetidos a cargas tão elevadas quanto hoje.
Veja o exemplo do Coliseu, na Itália. As paredes têm três metros
de largura. Hoje uma parede tem 15 centímetros de espessura e
é tão resistente quanto as antigas.”
Paulo Marques – “Já vi projetos de edificações antigas que eram
uma espécie de pergaminho, de papel vegetal, escrito com nanquim,
tudo com base em uma nomenclatura defasada e as estruturas
de sustentação eram adequadas aos materiais, peso e resistência
de quando foram projetadas. Outro exemplo, as instalações em
geral nas edificações estão muito mais sobrecarregadas do que
antigamente. A cozinha de um brasileiro hoje tem micro-ondas,
batedeira, forno elétrico, coifa, lava-louças, sanduicheira, entre
diversos outros utensílios que demandam eletricidade, isto re-
formula a carga total necessária e, consequentemente, a própria
infraestrutura pública de serviços.”
Engenheiro politécnico
Adailton Oliveira – “Hoje as empresas contam com profissionais
terceirizados que executam as várias etapas da obra. Antes não
era assim. O engenheiro civil fazia sozinho o cálculo estrutural, o
projeto hidráulico e elétrico e até o arquitetônico, mesmo porque
ele não costumava executar várias obras simultaneamente. Além
disso, o número de profissionais dessa área era muito reduzido. Até
1970 só havia no estado da Bahia a Escola Politécnica da Ufba, que
formava engenheiros civis. O aluno saía preparado, por exemplo,
para fazer sozinho o projeto de um aeródromo.”
Paulo Marques – “Antigamente o engenheiro era realmente poli-
técnico, fazia do projeto estrutural ao gerenciamento da obra. Hoje
temos especialidades. Entendo que, com o desenvolvimento do
próprio mercado, a área passa a exigir conhecimentos aprofundados
em determinadas disciplinas e é preciso ter pessoal capacitado
para isso. O engenheiro civil passou a administrar especialidades
em um número cada vez maior e isso é bom, porque abre espaço
dentro da profissão.
Mas vale destacar que o profissional especializado demais tam-
bém fica limitado. Quando o indivíduo tem uma capacitação ou
experiência que lhe dá amplitude de atuação, ele pode transitar
por atividades distintas e atuar em mercados diferentes.”
Liderança e técnica
Paulo Marques – “A base de raciocínio analítico e lógico
do engenheiro dá flexibilidade para ele se readaptar a
ambientes distintos. A mente passa a estar formatada
em estruturar quais são os problemas vitais e gerar
soluções adequadas. A propósito, o que mais faço hoje é
resolver problemas de diferentes naturezas interagindo
entre si, que excedem a própria formação de engenheiro.
Seja de ordem técnica, seja solucionando conflitos
interpessoais em negociações, e geralmente sob pressão
das consequências que acarretam. Acredito que a habilidade
do engenheiro em lidar com pessoas determina o seu
sucesso na carreira.
Eu costumo dizer que antes o engenheiro era mais
empreiteiro, hoje é mais empreendedor. Antes se pensava
muito na técnica, no método. Hoje o engenheiro precisa
usar as especialidades, mas tem que ter um foco de visão
sistêmica, de administração.”
Adailton Oliveira – “Na época, se exigia muito do engenheiro
civil, que não tinha tantos profissionais para auxiliá-lo, como
existe hoje. Atualmente o empreendedorismo é bastante
valorizado. Antes, ele abria um escritório de projetos,
mas também construía. Hoje nem todos os engenheiros
precisam construir ou vivenciar uma obra. Aí existe um
outro perigo: ele pode cometer erro ao dar uma informação
errada ao software e, por falta de conhecimento prático,
não conseguir detectá-lo.”
O engenheiro do
futuro é um gestor de
tecnologias e de pessoas
Paulo Marques, engenheiro civil
Os primeiros computadores
eram muito lentos e grandes.
Para obter um cálculo mais
complexo, tínhamos que deixá-lo
rodando a noite inteira
Adailton de Oliveira Gomes, engenheiro civil
Engenharia no futuro
Paulo Marques – “O engenheiro do futuro é um gestor de
tecnologias e de pessoas. Só vai conseguir realizar seus
projetos a partir desses dois elementos. O foco vai ser
sempre esse: usar a tecnologia para atender as pessoas,
pois são elas que efetivamente realizam. O jovem enge-
nheiro precisa começar a se habituar com as tecnologias
exponenciais, que dobram a eficiência e reduzem seu custo
pela metade a cada ano. Quem pensa de forma linear, não
dá conta de como essa realidade está acelerando. Quem
não consegue viabilizar o uso de novas tecnologias, perde
competitividade, fica para trás.
E é preciso se atualizar constantemente. Antigamente,
um diploma de Engenharia era colocado na parede, feito
um quadro. Hoje não se faz mais isso e é obrigação ter não
só uma graduação, mas um MBA e cursos de educação
continuada.
Outra dica importante é saber se reposicionar como pro-
fissional, tendo capacidade para dar conta das novas opor-
tunidades que surgem, porém sempre trazem uma boa
dose de risco.”
Adailton Oliveira – “A estrutura sobre a qual o profissional
atua é baseada no conhecimento científico. O que a tec-
nologia faz é tornar prático esse conhecimento teórico. Se
um indivíduo for preparado cientificamente, ele vai estar
pronto para aplicar a tecnologia em qualquer situação.
A universidade não pode oferecer todo o conhecimento de
que o aluno necessitará para exercer com eficiência sua
profissão. Ela tem que fornecer as ferramentas básicas
para o indivíduo se desenvolver, dar o salto profissional.
Para ser um bom engenheiro é preciso exercitar ‘os mús-
culos cerebrais’, da mesma forma que os atletas olímpicos
exercitam o corpo.”
Curiosidades:
Primeira calculadora
O professor alemão Wilhelm Schickard foi o inven-
tor da primeira calculadora mecânica, em 1623. Ela
era capaz de somar, subtrair, dividir e multiplicar
números até 6 dígitos, indicando o resultado atra-
vés de um toque de sino. Por isso ficou conhecida
como relógio calculador.
Hotel Palace
Inaugurado em 1934, o Hotel Palace foi construído
pelo comendador Bernardo Martins Catharino e era
um dos ícones de Salvador nos anos 1940 e 1950.
Localizado na Rua Chile, principal destino dos ricos
cacauicultores, artistas e intelectuais, o hotel foi
cenário também para o romance Dona Flor e seus
dois Maridos, de Jorge Amado. Era no cassino do
estabelecimento que o personagem principal de
Jorge Amado jogava, quando essa prática ainda
era permitida no Brasil. A rua concentrava as lojas
frequentadas pela elite soteropolitana, além de
escritórios de advocacia e consultórios médicos.
Fechado há dez anos, volta agora renovado como
um hotel boutique, graças a um restauro envolven-
do especialistas e profissionais de diversas áreas,
tendo à frente o engenheiro civil Paulo Marques
como gestor.
Anel de doutor
Até o final dos anos 1980, era difícil encontrar um
doutor em Engenharia Civil na Bahia. O primeiro
mestrado surgiu no final dos anos 1990 como
Engenharia Ambiental e Urbana, e o primeiro
doutorado, em 2016. Uma curiosidade é que anti-
gamente usava-se anel de engenheiro, com a pedra
safira (azul), enquanto o de advogado possuía
pedra rubi (vermelha) e o do médico, esmeralda
(verde). Quem se apresentava com um anel desses
nas repartições era reverenciado e chamado de
doutor. Com o tempo, essa tradição foi se perdendo.
-BA
/mutuadeassistencia @comunicaMutua mútua
#Profissões: Engenheiro de Produção
Um profissional
que planeja e
otimiza processos
Engenheiro de produção tem sido cada
vez mais demandado pela indústria
E
m um futuro próximo, as profissões serão modificadas em relação ao que
conhecemos hoje. Esta é a opinião do professor e engenheiro mecânico
Geraldo Nunes de Queiroz. Para ele, os softwares fazem hoje praticamente
tudo o que se precisa de Engenharia em termos de cálculo e o que sobra
para o engenheiro? O próprio acadêmico responde: Alguém que interprete os
dados, que tenha amplitude de conhecimento, que engenhe, que não fique restrito à
sua área, que, de fato, trabalhe como um engenheiro, não apenas como o encarregado
de uma turma de técnicos. Esse é o perfil do engenheiro de produção.
que para o trabalho criativo, que gera Geraldo acrescenta que o termo “enge- O professor ressalta ainda que algumas
inovações e deveria ser a verdadeira es- nheiro de produção” adotado no Brasil pessoas confundem com o curso de
sência da atividade de engenhar, critica não é muito feliz, melhor seria se fos- administração de empresas. “Alguns
Geraldo, acrescentando que a função se como o original, que é “engenheiro acham, erroneamente, que é um curso
do engenheiro não é apenas “operar” a industrial”, usado amplamente nos de administração para engenheiros.”
tecnologia existente. Estados Unidos e na Europa. Geraldo esclarece que os cursos de ad-
No Brasil, o curso de Engenharia de ministração não dão ênfase aos proces-
sos industriais, além de não terem como
Visão ampla do Produção começou como de curta
duração, de dois anos, ministrado em pilar as disciplinas ligadas à matemática
Operação, Qualidade, Engenharia volta- planejamento e organização das empre- “O engenheiro de produção junta os
da para a sustentabilidade, entre outras. sas, por falta de noções que levem a uma conhecimentos de equipamentos
O estudante sai com um conhecimen- aplicação mais racional e consciente dos (hardware), com processos (software)
to amplo dessas áreas e, em geral, recursos disponíveis”, enfatiza Geraldo e pessoas (humanware)”.
ele se especializa em uma ou duas Queiroz, que acredita que se cada pre- O professor dá um exemplo concreto da
delas, direcionando o seu trabalho de feitura da Bahia tivesse um engenheiro atribuição do engenheiro de produção
conclusão de curso. de produção para trabalhar em suas na construção de um prédio. Ele não
“Vivemos em uma sociedade com alto diversas áreas (como saúde, educação e vai se preocupar apenas com o tipo de
grau de desperdício, causado por falta de gestão), o desperdício seria bem menor. cimento ou materiais que serão usados
na obra, nem apenas com os cálculos
estruturais. Seu trabalho será também
o de avaliar a logística de localização
desse prédio, de que forma ele afetará
o trânsito e o meio ambiente, por exem-
plo. “Ele tem uma visão mais integrada
de tudo o que envolve o empreendi-
mento.”
No caso de ser o responsável pela ma-
nutenção de máquinas em uma indús-
tria, o seu trabalho é aumentar a vida
útil dos equipamentos, se antecipar
aos problemas que podem ocorrer e
buscar inovações que otimizem o seu
funcionamento.
Sobre o perfil ideal do estudante dessa
área, o professor destaca que ele precisa
pensar como engenheiro, deve gostar de
resolver problemas. E também tem que
gostar de gente. “Fundamentalmente
ele tem que ouvir todos os agentes que
participam do processo, vai lidar prin-
cipalmente com pessoas.”
Para finalizar, o professor destaca que
toda empresa que use equipamentos,
que tenha processos complexos e que
demandem mão de obra direta vai pre-
cisar de um engenheiro de produção.
“É o profissional que atua no presente,
mas de olho no futuro.”
38 crea, Salvador, BA, v. 15, n. 55, primeiro trimestre de 2017
Profissões: Engenheiro de Produção
to
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d
so
Desenvolvimento organizacional
n
Ru
iz
A
Engenheira de Produção Ineivea
Farias, que já foi diretora geral
da Mútua-BA, destaca a impor-
tância desse profissional para a saúde
financeira das empresas. “Precisamos
garantir a eficiência dos processos
produtivos, além de manter baixos
os custos de produção. Em tempos
de crise, como o Brasil atravessa nos
últimos tempos, este profissional é
de fundamental importância para as
empresas”, ressalta.
Ineivea, que atua também na área de
Segurança do Trabalho, com ênfase em
Auditoria, ressalta ainda que, em geral,
os engenheiros de produção são ab-
sorvidos pelo setor industrial, atuando
nas áreas de qualidade, processos de
fabricação, planejamento e controle
de produção, além de ter grande pos- finanças, telecomunicações, saúde, financeiras, logísticas e comerciais das
sibilidade de atuar como estrategistas entre outras. empresas, por isso somos profissionais
nas áreas de pesquisa e finanças. Além “Os nossos conhecimentos de Adminis- completos e únicos.”
disso, o profissional tem sido contrata- tração, Economia e Engenharia, alia- Para finalizar, Ineivea lembra que o pro-
do também por empresas prestadoras dos às técnicas de produção, têm o fessor José Abrantes, da Universidade
de serviço, lojas de varejo, turismo, objetivo de controlar as atividades Estadual do Rio de Janeiro, uma das pri-
meiras a oferecer o curso de Engenharia
Precisamos garantir a eficiência de Produção no Brasil, ainda na década
de 1970, define a profissão de uma for-
dos processos produtivos, além de ma simples e direta: “Além de entender
de sistemas e máquinas, o engenheiro
manter baixos os custos de produção de produção procura entender o ser
Ineivea Farias, engenheira de produção humano e suas relações de trabalho”.
Empresa Júnior
prepara alunos
A estudante da Ufba Bruna de Oliveira Castro, 18 anos, diz que está ado-
rando o curso, mesmo tendo começado há menos de um ano. Ele conta
que pensou em fazer Engenharia Química, mas depois desistiu da ideia.
Além de estudar, ela participa da empresa júnior do curso de Engenharia
da Produção, a Otimiza Consultoria Jr. “Estou gostando do curso porque
ele não lida só com ciências exatas, atua também na área de Humanas,
que eu me identifico mais.”
Mateus Costa, 19 anos, também trabalha na empresa júnior, no cargo de
coordenador de qualidade. Ele conta que atualmente eles estão com dois
projetos, um deles em uma indústria baiana e visa otimizar o processo
produtivo, reduzindo gastos e aumentando a receita. “Estou gostando
não só do curso, mas dessa atividade da empresa júnior”, diz.
Rua Prof. Severo Pessoa, 31, Bairro Federação – Salvador– Bahia – CEP 40210-700 – Telefax (71) 3331-8481
www.ipolitecnicobahia.org.br | e-mail: secretaria@ipolitecnicobahia.com.br | https://youtu.be/4-YNzte5HnE
Maratona de
Atualização
Profissional
Crea-BA e Portobello
Nada de deixar as coisas como estão para ver como é que ficam. Atualização e aper-
feiçoamento profissional devem fazer parte do seu plano de carreira. O Crea e a Portobello
S.A convidam para uma maratona de atualização profissional.
Conheça a nossa programação. Agende-se!
Realização: Apoio:
#entrevista Foto: Adelmo Borges
Tenho esperança
no sistema
fotovoltaico, que
ainda tem um custo
elevado, mas é uma
tecnologia que veio
para ficar.
“O novo desafio é a
idealização de um
laboratório vivo”
O engenheiro eletricista Thales de Azevedo
Filho é uma prova de que a curiosidade e a
busca por inovação não têm idade
42 crea, Salvador, BA, v. 15, n. 55, primeiro trimestre de 2017
ping-pong
M
esmo com mais de 70 anos, ele continua ativo, inquieto e inovando os projetos.
Responsável por prédios importantes em Salvador, como o edifício Sede do Sinduscon
(um dos mais corretos ambientalmente no Brasil), Thales de Azevedo Filho tem agora
um novo desafio que é conceber e projetar um laboratório para alunos de Engenharia
e Arquitetura na área de elétrica e hidráulica, que não será um ambiente totalmente
digitalizado e sim interativo, pois, como se diz, “quem faz com as mãos faz melhor”. Acompanhe a
seguir a entrevista concedida pelo engenheiro à revista do Crea-BA.
Foto: Robson Nascimento
Quando começou sua paixão desde pequeno, porque meu pai fazia
pela Engenharia? compostagem da matéria orgânica da
Eu nasci e cresci em um ambiente fa- poda das árvores no quintal lá de nossa
miliar onde se respirava arte, ciência e casa. Ele transformava esse material
tecnologia. Meu pai era médico, mas em adubo orgânico para as plantas e
abandonou a profissão para se tornar depois ainda funcionava como defen-
antropólogo e sociólogo e minha mãe sivo agrícola.
era professora de piano. Meu pai gos- Por falar em sustentabilidade, como
tava de construir coisas e minha mãe surgiu a ideia de construir o prédio
de música clássica. Por conta disso, eu do Sinduscon?
e meus oito irmãos (quatro homens
Quando o Sinduscon quis fazer um
e quatro mulheres) desenvolvemos o
prédio novo para abrigar a sede do
gosto pelas artes e pelas atividades
Sindicato, eu era conselheiro e me
manuais, seja na carpintaria, mecânica,
ofereci como voluntário para fazer os
artesanato, costura ou culinária.
projetos de engenharia de instalações,
Comecei a minha vida acadêmica no desde que tivesse bastante inovação
curso de Física, da Faculdade de Filosofia tecnológica. O então presidente, Carlos que o convencional, GHP (Gas Heat Pump)
da Ufba, mas logo descobri que a teoria Alberto Vieira Lima, de pronto confir- e Roda Entálpica.
não era o meu caminho. Fui buscar a mou que esta era a sua ideia. Isso foi
aplicação da Física na Engenharia de O prédio foi certificado pela Fundação Vanzolini
há seis anos e usamos tudo que tinha
uma maneira tecnológica e fiz novo da USP, pelo processo Aqua. Na ocasião, o pro-
disponível nessa área de sustentabili-
vestibular, dessa vez para Engenharia fessor Manoel Martins, coordenador do sistema
dade e inovação tecnológica.
Elétrica na Escola Politécnica da Ufba, de certificação Aqua-HQE (para empreendimen-
Por exemplo, fizemos um telhado ver- tos sustentáveis) considerou que o edifício era
em 1966.
de, reaproveitamos a água pluvial para um dos mais verdes do Brasil.
Como começou a sua careira? reuso e criamos um sistema de aprovei-
tamento da luz natural. Conseguimos Seis anos depois muita coisa já mudou.
Comecei como estagiário na empresa
Soma Engenharia, uma das maiores da várias doações, inclusive internacionais. Sei disso, por isso já pensei em um projeto de
Bahia. Quando concluí o curso, passei a Uma empresa inglesa, por exemplo, retrofit para algumas áreas. Por exemplo, o
trabalhar na mesma empresa, com uma nos forneceu os bebedouros que têm prédio tem fibra ótica somente até a entrada,
equipe grande de engenheiros e técni- capacidade de recuperar os sais mi- mas já podia ter em cada sala, nas mesas de
cos. Tínhamos obras em todo o Brasil, do nerais da água, depois de tratada pela trabalho. Da mesma forma, pode haver um in-
Maranhão a Itaipu (no Paraná). Convivi concessionária. vestimento na Internet das Coisas, para poder-
com diferentes tecnologias e isso au- mos acompanhar remotamente o desempenho
Recebemos da Bosch um aquecedor
mentou a minha experiência nessa área. dos equipamentos.
que recupera o calor, pré-aquecendo a
Depois abri minha própria empresa, a água e com isso economizando energia. Quais são os novos projetos?
Prodenge, em 1973, para trabalhar com Recebemos da Phillips um sistema O nosso escritório, mesmo não sendo filantró-
projetos, minha vocação. Hoje já temos que direciona a iluminação para os pico, sempre ajudou a comunidade no quesito
mais de 1.500 trabalhos realizados em pontos necessários, conhecido como engenharia de instalações e isto só me tem
todo o Brasil. sistema Dali, racionalizando o uso da dado satisfação e muitos reconhecimentos, o
Desde aquela época, sempre tive preo- eletricidade. Adotamos também um que faz bem à alma. Por causa de um destes
cupação com a sustentabilidade, com sistema de ar condicionado com moto- trabalhos recebi o titulo de Colaborador Emérito
a preservação do planeta. Aprendi isso rização a gás, que é muito mais barato do Exército Brasileiro, o que muito me honra.
Capital da energia
e das águas
Paulo Afonso tem várias atividades
econômicas ligadas à Chesf
P
aulo Afonso é um município relativamente novo. Emancipado de Glória
em 1958, possui cerca de 110 mil habitantes e tem como principal
diferencial o complexo de usinas da Chesf (Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco), contendo quatro grandes geradoras de energia:
PA I, II, III e IV, que faz a cidade ser conhecida como a “Capital da
Energia”. O turismo, a piscicultura, a agricultura irrigada e o comércio são as
principais atividades que movimentam a economia local.
46
Uma inspetoria perto de você
Introdução à
Princípios Automação Engenharia
da Mecânica Óleo-Hidráulica Geologia da
dos Solos e - Princípios de Engenharia Química Geral
Fundações para a Funcionamento Aplicada à
Construção Civil - Princípios da
Termodinâmica Engenharia
2ª Edição
para Engenharia
Com a proposta
de aprofundar Existem diversos
textos usados em tipos de construção,
Livro voltado
sala de aula, que algumas delas
para quem deseja
incluem exercícios envolvem aspectos Nem todos são
Voltado para entender como O objetivo da
e demonstrações, complexos ligados familiarizados com a
estudantes, funciona o sistema publicação é
a coleção “Didática” à geologia. É para química, modalidade
tecnólogos e de automação óleo- esclarecer para
da Editora da UFSC, esclarecer esse indispensável para
engenheiros civis, hidráulica. Ela é os estudantes de
procura estabelecer assunto que o autor a vida moderna.
esse livro traz, de uma das tecnologias nível superior e os
uma linha objetiva Nivaldo Chiossi Nesse livro “Química
forma resumida, os existentes, ao lado profissionais atuantes
de contato entre apresenta os Geral Aplicada à
principais assuntos da pneumática, diversos aspectos
alunos e o professor. principais conceitos Engenharia”, os
de mecânica dos solos elétrica, eletrônica relacionados ao
O livro “Introdução geológicos, como autores buscam
e fundações para e outras. Serve para tema. Mundialmente
à engenharia formação de rochas fornecer uma
obras de construção sistemas simples reconhecida como
– conceitos, e solos, cartografia introdução concisa
civil. Escrito pelo de elevação, como referência, esta sétima
ferramentas e geotécnica, ao tema, ampliando
engenheiro Manoel máquinas agrícolas edição da obra traz,
comportamentos” investigação de o papel da química
Henrique Campos ou para estruturas como diferencial, uma
busca facilitar o subsolo e condições para muitas áreas
Botelho, o mesmo mais complexas, como diagramação clara e
entendimento ambientais, além de da Engenharia e da
da coleção “Concreto prensas hidráulicas dinâmica que propicia
sobre a carreira de aprofundar temas tecnologia moderna.
Armado, Eu Te Amo”, e as máquinas de a apresentação
Engenharia e mostrar como Geologia de Além disso, mostra
o livro apresenta tipos injeção de plásticos. de informações e
as possibilidades Engenharia aplicada a relação entre
de fundações, aterros Atualmente, o sistema dados em diferentes
e os encantos da em projetos de a disciplina e as
e obras, além de casos óleo-hidráulico formatos, interligando
profissão. Aborda barragens, túneis outras matérias
ocorridos no Brasil encontra-se nos mais conceitos, bibliografia
a estrutura, alguns metroviários, canais, estudadas pelos
envolvendo o tema. diversos setores da paralela, aplicações
limites, a trajetória, dutos, mineração, alunos de engenharia,
Um dos capítulos, indústria, desde a práticas da teoria
os compromissos entre outros. O especialmente
por exemplo, trata do metalomecânica e diversos outros
técnicos e sociais e livro aborda obras matemática e física.
fenômeno das areias pesada e siderurgia recursos disponíveis.
algumas ferramentas envolvendo estradas,
movediças e relaciona até a indústria naval e
de trabalho da ferrovias, canais e
alguns locais no país parques eólicos. Autores: HOLME,
Engenharia. linhas de transmissão. Autores: Vários
onde elas ocorrem. THOMAS A.Autor:
Editora: LTC BROWN, LAWRENCE S.
Autores: Adriano Almeida
Autores: Luiz Teixeira Autor: Nivaldo Chiossi Páginas: 263 Editora: Cengage
Autor: Manoel Henrique Santos / António Ferreira
Campos Botelho da Silva do Vale Pereira e Walter Editora: Oficina de Textos Ano: 2013 Páginas: 655
Antonio Bazzo
Editora: Blucher Editora: Engebook Páginas: 424 Ano: 2009
Editora: UFSC
Páginas: 293 Páginas: 200 Ano: 2013
Páginas: 296
Ano: 2016 Ano: 2016
Ano: 2013
NANOTECNOLOGIA E NANOMATERIAIS
Programa: I - Introdução; II - Nanomateriais e materiais
nanoestruturados; III - Materiais com dimensões nanométricas,
IV - Metais e ligas metálicas nanoestruturadas; V - Materiais
nanocompósitos; VI - Materiais e membranas nanoporosas;
VII - Nanomateriais inspirados na natureza; VIII - Superfícies
e revestimentos nanoestruturados; IX - Processos de síntese
de nanomateriais (Bottom-up); X - Métodos de processamento
de nanomateriais (Top-down); XI - Técnicas de microscopia e
caracterização de nanomateriais; XII - Conclusão
CURSO DE EXTENSÃO EM
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Para iniciantes com formação mínima em nível médio técnico
CURSO DE EXTENSÃO EM
ENGENHARIA NAVAL
MÓDULO I - Engenharia Naval e Oceânica
Alguns tópicos abordados: Sistemas Flutuantes, Nomenclatura
naval e offshore, Tipos de navios, embarcações e plataformas,
Características físicas e operacionais, etc.
MÓDULO II – Construção de Navios e Plataformas
Alguns tópicos abordados: Principais Módulos e Equipamentos,
Características de Funcionamento, Bombas de carga, lastro e
de processos, Sistemas de amarração e fundeio, Sistemas de
posicionamento dinâmico, Sistemas auxiliares, Helidecks, etc.