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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA JUDICIAL DA COMARCA DE


ENCRUZILHADA DO SUL – RS.

PROCESSO Nº 5000905-51.2022.8.21.0045/RS
URGENTE

ANDERSON FONTOURA, brasileiro, casado, funcionário público, com RG


nº 1056636441 e CPF nº 938.822.620-87, residente e domiciliado na Rua Coronel
Peixoto, nº. 300, Bairro Centro, na cidade de Encruzilhada do Sul – RS, CEP:
96.610-000, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através da sua
procuradora signatária, expor e requerer o que segue:

1. SÍNTESE DOS FATOS

Na data de 04.05 p.p., foi cumprido mandado de busca e apreensão na


residência do requerente Anderson, servidor público municipal, lotado da Secretária
Municipal da Saúde e Meio Ambiente. Além do deferimento do referido mandado,
foram deferidas medidas cautelares diversas da prisão, quais sejam:

a) que o investigado ANDERSON FONTOURA fica PROIBIDO de


frequentar as dependências da Prefeitura Municipal de Encruzilhada do Sul
e suas Secretarias;
b) suspensão/proibição do exercício de função pública ou de atividade de
natureza econômica ou financeira, vez que há justo receio de sua utilização
para a prática de infrações penais;
c) proibição de ausentar-se da Comarca por período maior que 8 (oito) dias;
d) comparecimento bimestral em juízo, a fim de informar e justificar suas
atividades;

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2. DA REALIDADE FÁTICA

Inicialmente, destaca-se que tais fatos são totalmente inverídicos e que


serão esclarecidos a seguir. As acusações referidas pelo Sr. Walter Matias Mildner
são totalmente infundadas, destacando-se:

1. O investigado NÃO possui “caminhão na mão do genro” foi o próprio


genro quem financiou tal veículo junto ao banco Sicredi. Ademais, NÃO se trata de
dois caminhões e sim de um cavalinho (parte da frente) e uma carreta (parte de
trás), no qual são emplacadas separadamente.

2. O investigado é filho único, sem reconhecimento do pai, possuía apenas


uma tia, na qual não teve filhos, logo não possui primos, muito menos “caminhão na
mão do primo”.

3. O genro do investigado, Luís Antônio Streck Nader, realmente bateu o


caminhão (novembro/2021) ao desviar de duas vacas soltas na pista, mas acionou o
seguro, sendo que a franquia deve ser paga antes que a oficina inicie o serviço, ,
diferente do que ocorre em veículos, no qual a pessoa paga a franquia no momento
da retirada do veículo.

4. É falsa a afirmação que o investigado foi na propriedade do Sr. Walter


acompanhado de uma viatura do Estado, bem como a afirmação que o mesmo
esteve em sua casa à noite.

5. O investigado NÃO possui nenhum veículo, seja no seu nome, seja em


nome de terceiros.

6. É falsa a informação que o investigado possui apartamento no litoral em


nome de familiar; como referido, o investigado não possui familiar vivo por parte de
sua mãe, apenas sua esposa e filhos. Todos os anos o investigado vai passar

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alguns dias no litoral, mais especificadamente na praia de Arrio do Sal, mas sempre
aluga casas para passar os dias de veraneio.
7. Onde estão as outras pessoas que o denunciante afirma existir, ou seja,
que já tenham pago valores ao investigado? Elas não existem, pois estes fatos
nunca ocorreram.

É verdade que o investigado esteve na propriedade do Sr. Walter, a fim de


averiguar uma denúncia. Durante a conversa, o Sr. Walter disse que não conhecia
ninguém na cidade, e, portanto o investigado ofereceu seus serviços que realiza
FORA DA PREFEITURA, ou seja, no caso ele precisava fazer um PROJETO DE
REGULARIZAÇÃO DA LAVOURA. Apesar de não ter supressão de vegetação
significativa, havia lavrado área de campo e suprimido algumas “moitas”.

Na oportunidade que o investigado foi até a propriedade do denunciante, no


carro de sua esposa (Fiat Toro), foi para tratar assuntos particulares, no caso o
projeto que seria realizado.

A partir dai seguiu-se a conversa para a realização do projeto, no qual o


investigado contrata os técnicos responsáveis e executa o mesmo, mediante o
pagamento, no caso R$2.000,00 que foi cobrado. JAMAIS foi cobrado o valor de 12
mil reais.

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Note-se que aqui, no momento em que investigado fala “não consegue fazer
um pix hoje? Que dai passo adiante e ficamo livre um do outro” tratam-se dos
serviços realizados fora da secretária municipal de saúde e meio ambiente, que não
pertencem a suas atribuições junto à prefeitura.

No que se refere à advertência recebida pelo Sr. Walter, é função do


investigado lavrar tal procedimento, haja vista a supressão de vegetação ocorrida,
na qual ele mesmo afirma que realizou, não só naquela propriedade como nas
demais, é proibido pela legislação ambiental. Ademais, imagens de satélite são
utilizadas nesses procedimentos de averiguação de desmatamento ou supressão de
vegetação, não vejo problema algum em demonstrar o antes e o depois.

Com todo respeito que se deva ter ao Nobre Promotor de Justiça, mas
afirmar que o investigado Anderson Fontoura “utiliza-se de seu cargo Agente
Sanitário Ambiental para a prática de infrações penais graves, provavelmente em
conluio com outros comparsas, solicitando, por ocasião das inspeções ambientais, o
pagamento de valores indevidos para livrar os agricultores da aplicação de multa,
lesando, dessa forma, a Administração Pública e os cofres públicos”, sem demostrar
onde estão “os agricultores” que o mesmo teriam solicitado pagamento de valores
e/ou quem são seus “comparsas” é uma acusação séria, transcrita apenas no papel,
pois na prática jamais encontraram pessoas que afirmem esses fato.

Agora, pessoas que ele realiza trabalhos, FORA DO AMBIENTE PÚBLICO,


com certeza iram encontrar, e disponho-me desde já, de apresentar quem quer que
seja, junta a Promotoria de Justiça Especializada Criminal para esclarecimentos.

No caso do denunciante, não existe legislação para a aplicação de multa,


apenas foi dado uma advertência.

Em suma, onde está a organização criminosa existente? Qual o telefone que


ele ligou e “falou no viva voz” no dia em que foi na propriedade do denunciante?

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3. LIGAÇÕES PERTINENTES A INVESTIGAÇÃO

25.05.2022 – ligação com interlocutor Antônio Marcos da Silva Bicca – trata-


se de valores devidos ao mesmo, mas que nada tem relação com o presente
expediente;

27.05.2022 – As conversas realizadas com Rudy Nunes Langassner,


também funcionário público, dizem respeito unicamente a informação se o
investigado sabia se uma estrada era municipal ou dentro de propriedade particular,
apesar do palavreado digamos “chulo”. Cumpre destacar que, Rudy, além de
funcionário público, é topógrafo e também realiza serviços particulares, haja vista
que seu cargo não é de dedicação exclusiva.

A afirmativa do nobre Promotor de Justiça, onde refere que: “Importante


frisar, nessa esteira, que de fato causa estranheza a conversa entre o investigado
ANDERSON e o interlocutor RUDY pois, ao que tudo indica, eles tentam forçar uma
situação para intitular uma estrada como sendo “municipal”, visando, provavelmente,
a obtenção de alguma vantagem futura que venha a ocorrer em decorrência de uma
fiscalização: “SE FOR MUNICIPAL É MELHOR PRA ELES. ENTENDEU? SE NÃO
FOR... DAÍ A GENTE PODIA INTITULAR QUE ERA MUNICIPAL E AI JÁ ERA
ENTENDEU?” Não existe vantagem alguma, pois como referido no início da
conversa, nem mesmo Rudy sabe se a estrada é municipal. O que me parece é que
querem forçar provas e condenar uma pessoa inocente.

29.05.2022 – a ligação não gera dúvidas como alegado, apesar de ter


conhecimento que não é permitido, tais números trata-se de jogos de azar
(traduzindo: joga o 094, ao valor de um real).

13.07.2022 – a transcrição entre a esposa e o investigado não prova nada,


apenas a relação de casal e pagamento de contas. O seguro referido pela esposa,
trata-se do seguro de seu carro, no qual vencia daquela data e cada um dos

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cônjuges ajudaria a pagar. A fala de Anderson se refere à pessoa que lhe devia pela
realização de seus serviços particulares.

16.07.2022 – na transcrição com a Sra. Ângela Maria Pires da Silva Bica, no


qual ela relata que será repassado dinheiro, trata-se de pagamento devido à
formatação de trabalhos acadêmicos de sua filha Adriana Bica, serviço particular
que o investigado presta.

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26.08.2022 – a transcrição realizada entre o investigado e Antônio Rolvei S
Soares, trata-se de serviço particular, serviços estes que são realizados pelo
investigado, não diz respeito à Secretária de Saúde e Meio Ambiente. Como o
serviço é particular, é obvio que deveria ser entregue ao investigado junto com os
documentos. É certo que foi uma forma equivocada de cobrar por seus serviços
particulares, não deveria ter dito que era referente a taxas e sim ao seu serviço, mas
é fato ocorrido e não pode ser anulado, porem, não existe má-fé do investigado,

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sendo que os indícios existentes nos autos merecem atenção, necessitando,
inclusive do depoimento do investigado.
14.11.2022 – a transcrição com Dagoberto Silva Abreu é possível perceber
orientações que investigado disse ao mesmo em como proceder. Não existe aqui
vantagem indevida e/ou cobrança de qualquer tipo. A referência a palavra
“projetinho de recuperação para plantar umas mudas e, em contrapartida, o
investigado faz um relatório [para encerrar] esse troço aí sem multa” esta amparada
em legislação, o qual pode ser convertida em advertência. Ademais, a defesa não vê
problema em o investigado afirmar que “Tem um cara para fazer isso aí. Eu mesmo
posso fazer e arrumo um pra assinar”, pois como dito anteriormente, realiza serviços
particulares e contrata os técnicos necessários, sendo que a analise final sempre é
passada para algum colega, haja vista a ciência do impedimento do investigado.

7 e 8 de dezembro de 2022 – As primeiras transcrições apenas relatam uma


conversa comum de “cidade pequena” onde um órgão seja estadual ou federal que
venha até o local, da “falatório”. Mais adiante o investigado relata como ocorrem os
monitoramentos do mapbiomas1, e o que acontece caso esse satélite veja alguma
irregularidade ambiental. Não se trata do investigado ser “cauteloso”, mas existe a
do processo correr pela prefeitura, e não há legislação em contrario, poderá correr
aqui, mas não que a decisão seja do investigado, até mesmo porque ele não possui
cargo de direção e/ou poder de decisão.

06.12.2022 – Cabe aqui destacar que, o investigado presta serviços


particulares para Rafael e tal valor cobrado é para pagamento dos serviços e do
pessoal contratada, ou seja, Anderson, atualmente, está fazendo os seguintes
serviços para Rafael: projeto de recuperação de área degradada (direcionado para a
FEPAM e devidamente assinado por pessoa habilitada, que seria contratada),
projeto para limpeza de área (direcionado para a FEPAM e devidamente assinado
por pessoa habilitada, que seria contratada) e fazer adequações necessárias no

1
O projeto MapBiomas é uma iniciativa do Observatório do Clima, co-criada e desenvolvida por uma
rede multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia com o propósito
de mapear anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.

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CAR, haja vista que o antigo dono das terras, Sr. Ricario Scaravonato, havia sido
autuado, mas não era o responsável pelo dano, sendo que a pessoa responsável à
mãe de Rafael Sra. Soilene Fátima Roso Cervini, conforme print a seguir
colacionado.

Trata-se de assessoria ambiental com orientação, a fim de auxiliar na defesa


administrativa perante a FEPAM e fazer os projetos necessários, os quais NÃO
SERIAM APRESENTADOS a Prefeitura de Encruzilhada do Sul e podem ser
claramente vistos nas demais conversas interceptadas, as quais NÃO FORAM
DESTACADAS pelo órgão ministerial:

RAFAEL: Porque eu, assim, ó, aqui na minha empresa, eu tenho os


melhores funcionários, tem os melhores ami… Eu nunca (ininteligível) nada
sozinho, sempre trabalhando com os melhores. Entendeu? Então, eu tendo
uma pessoa que eu possa confiar que nem você do meu lado, que me dá
as orientações, eu sei que eu tô no melhor caminho. Entendeu?
ANDERSON: Isso.

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RAFAEL: Então eu me sinto…
ANDERSON: Não, não. Não te preocupa [que] a gente consegue fazer o…
se precisar ir com ela ali no Ministério Público, a gente tem… [eu e minha
esposa] somos advogados também, tá, tá tudo…

Ainda nas transcrições realizadas (evento 48, página 15 e 16), houve a troca
entre os nomes de Anderson e Rafael, fato que pode ser claramente visto pelo
cumprimento final, pois é de praxe do investigado terminar uma conversa com “feito”
ou “valeu”, ambas citadas mais de 15 vezes pelo investigado, assim como se utiliza
da palavra “entendeu” e isso não significa nenhum código, mas é a maneira regional
de falar.

Na transcrição – Evento 48, página 17 – a expressão “essa turma lá, se dizer


assim… nós oferecer quinhentos, não adianta. Entendeu?” se refere aos terceiros
que seriam contratados para assinar os projetos.

Na transcrição 48, página 15, o investigado utilizou-se da seguinte frase:


“Negociar assim, né, ficar tanto, aí vem uma contraproposta, vem tanto. Por isso
que a gente já dá uma coisa assim, mais ou menos… Tu acha que dois e meio? Tu
acha que… que tá… que consegue?” Claramente se percebe que se trata de
negociação de pagamento por serviços contratados.

20.01.2023 – na transcrição realizada com o Sr. Luís Carlos de Freitas


Soares, o investigado avisa o mesmo que chegou nova denúncia referente aos
fornos perto da ponte. Tal fato é verídico e não devia ter sido feito, mas muitas vezes
de trata de pequenos agricultores que não dispõe de recursos suficientes para se
manter, imagina pagar multa. O investigado se arrepende disso, mas é algo que não
pode mudar.

25.01.2023 - as transcrições que relatam em “puxar a multa para cá”, seria o


caso de realizar pedido formal, e como é de praxe, é sabido os despachos em varias
questões, mas como ocorre a troca de comando, não se sabe ao certo a posição.
Excelência é a mesma coisa com o magistrado que fica bastante tempo em uma

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cidade, os advogados já sabem mais ou menos o que ele despacharia, mas quando
ocorre a troca do magistrado, são despachos e entendimentos diferentes, aos
cabem aos advogados adaptar-se.

26.01.2023 – a defesa procura entender o que existe de errado em solicitar


os números de ofícios, que seguem a sequencia lógica o servidor fazer ofício para o
Ministério Público e a PATRAM, onde está configurada a corrupção passiva?

Ao contrário do que afirma o promotor de justiça, NÃO SE TRATA ajudar o


conhecido para “ajeitar” uma possível situação com a PATRAM, MAS SIM DE
REALIZAR OS PROJETOS POR ELES EXIGIDOS, e até aqui, não vejo, forma
alguma de configuração de corrupção passiva.

Ademais, não se trata de “beneficiar um conhecido ou amigo, forje um auto


de infração na Prefeitura Municipal, com o intuito de deixar de autuá-lo em uma
infração ambiental”, mas sim te tentar resolver os problemas perante a FEPAM,
afinal, o cargo exercido pelo investigado NÃO É DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.

Não existe “agir doloso” do investigado que ocasionaria o favorecimento de


um terceiro que possui pendências com a municipalidade, frisa-se novamente, trata-
se de assessoria ambiental com orientação. Colaciona-se a seguir a multa gerada
pela FEPAM e que nada tem a ver com a municipalidade:

Excelência, os fatos aqui expostos não configuram corrupção passiva, não


há nos presentes autos prova alguma que o investigado tenha exigido pagamento
para não aplicar multa pertinente a suas atividades fiscalizadoras apenas o
depoimento suspeito do denunciante. Os fatos aqui narrados, quanto muito deveriam
ter sido resolvidos em sede administrativa, fato este que não ocorreu.

Excelência, no print a seguir, onde está à fala do investigado que “afirma ter
falado com outros servidores e diz não ter mencionado “valores” mas quanto
RAFAEL conseguiria para resolver o questão do desmatamento”?

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Traduzindo as falas, o investigado afirma que “falei com o pessoal”, leia-se
“falei com os demais técnicos”; na fala “diz não ter mencionado valores mas quanto
RAFAEL conseguiria para resolver o questão do desmatamento”, leia-se “quanto
Rafael conseguiria para resolver a questão dos projetos contratos”.

A promotoria de justiça enfatiza que o investigado se refere a servidores de


alguns poder municipal ou estadual, mas isso JAMAIS foi dito, até porque se tratam
de pessoas técnicas, que possuam habilitação para assinar determinados projetos.

Até aqui não vejo onde se encaixa a corrupção passiva, pois em qualquer
setor público, é dado a explicação do que acontece e do que poderia acontecer.

Fato que causa estranheza se refere que o denunciante não procurou o


superior do investigado, seja o Diretor do Departamento de Meio Ambiente, seja o
Secretário Municipal de Saúde e Meio Ambiente, mas se reportou ao Secretário de
Planejamento Sr. Dalvi Soares de Freitas, hoje não mais pertencente ao quadro do
município. O Sr. Dalvi trouxe para dentro da prefeitura de Encruzilhada do Sul um

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estelionatário, pessoa chamada Matheus Vinicius Basílio2 que seria a representante
do ASMORAR3, no qual, sem nenhuma autorização seja municipal ou estadual,
projetos e/ou convênio com a Caixa Econômica, cobrou valores de pessoas da
comunidade4.

A defesa não possui acesso à folha de antecedentes do Sr. Dalvi, mas já na


área cível, é possível notar que não se trata de pessoa honesta ou mesmo que se
possa dizer que possui uma conduta exemplar, pois possui diversos processos
judiciais. Foi prefeito de Dom Feliciano mas se quer pagou IPTU, mudou-se para
São Jerônimo e posteriormente Encruzilhada do Sul, deixando em ambas as cidades
ações judiciais.

Importante destacar que, caso uma pessoa realmente fosse exigir vantagem
indevida, jamais passaria sua conta particular, jamais passaria seu telefone, ou
mesmo cobraria valores através de mensagens. Vale relembrar que as atitudes do
investigado dizem respeito única e exclusivamente sobre serviços particulares, no
qual não utilizava o carro da prefeitura e sim o veículo de sua esposa.

Alega o Ministério Público que “Todos os períodos de interceptação foram


efetivados com êxito”, mas analisando de forma minuciosa os 90 dias de
interceptações realizadas, apenas constata-se que não houve corrupção passiva.

2
https://www.facebook.com/PrefeituradeEncruzilhadadoSul/videos/projeto-habitacional/1079579772891940/
3
Projeto habitacional
4
https://www.jornaldosudeste.com/post/representante-da-asmorar-%C3%A9-indiciado-por-estelionato

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3. DO DIREITO

3.1 AUSÊNCIA DO CONTRADITÓRIO

Inicialmente, pugna pela desconstituição da decisão impositiva de medidas


cautelares, em razão da ausência de oportunização do contraditório previsto no
artigo 282, §3º do CPP, haja vista que não caracterizada as hipóteses de
excecionalidade:
Art. 282. [...]
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de
ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida
cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se
manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os
autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão
ser justificados e fundamentados em decisão que contenha
elementos do caso concreto que justifiquem essa medida
excepcional.

No presente caso, não inexiste qualquer elemento que indique a presença


das hipóteses de urgência ou perigo de ineficácia da medida, mas apenas alegações
infundadas, inverdades que causaram grandes traumas na família do investigado,
principalmente a seu filho de 11 anos, o qual não para a escola que ir.

Não existe urgência para o afastamento do cargo, até mesmo porque o fato
narrado pelo denunciante ocorreu no ano de 2022, e nem se quer existiu
procedimento administrativo.

Não se configura necessidade para a eficácia da medida, pois se tratam de


pessoas de bem, que jamais foram indiciadas ou figuraram como investigados.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, o qual foi realizado na
residência onde fica localizado o escritório da esposa do investigado, no qual possui

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sua inviolabilidade, foi fornecido o notebook do investigado, pois não existe nada a
temer e/ou esconder.

Excelência merece revogação as constrangedoras medidas cautelares


impostas ao investigado, uma vez que, após o contraditório ora exercido bem como
os esclarecimentos ofertados anteriormente, não subsistem os motivos que num
primeiro momento levaram o Juízo a aplicá-las, não restando caracterizados, no
caso, os pressupostos e requisitos a que se condicionam as medidas cautelares.

Conforme bem assentado pela doutrina, a imposição de medidas cautelares


diversa da prisão, por também implicarem em restrição da liberdade, igualmente
depende da caracterização dos pressupostos de existência de fumus comissi delicti
e de periculum libertatis. Ocorre que no presente caso não se verifica nem de perto
caracterizado os pressupostos e requisitos imprescindíveis a lastrear uma decisão
de imposição de medidas cautelares.

ANTE O EXPOSTO a Defesa requer a revogação das medidas cautelares


impostas ao investigado, com fundamento no artigo 282, §5º do artigo 282 do CPP,
pelos fatos e fundamentos acima descritos.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Encruzilhada do Sul, 05 de maio de 2023.

BERENICE PORT
OAB/RS 120.079

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