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Dilma pede punição contra seu próprio

país e provoca reação indignada


23 de abril de 2016.

"Está em curso no Brasil um golpe", disse a presidente Dilma Rousseff nesta sexta-
feira, 22, a jornalistas em Nova York, ressaltando que quer que o Mercosul e a União de
Nações Sul-Americanas (Unasul) avaliem o processo, a fim de adotarem "sanções"
contra o Brasil. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão
de Relações Exteriores do Senado, que antes elogiou o discurso discreto na ONU, disse
que a declaração dela é “extremamente delirante”.

As palavras de Dilma deixaram horrorizado o presidente nacional do Partido Socialista


Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira. "Está achando pouco o que já fez de mal ao Brasil?
Agora quer que o Brasil seja prejudicado no Mercosul? Que horror!" Siqueira observou
que "mesmo com depoimentos dos ministros do Supremo atestando a
constitucionalidade, vem fazer uma proposta dessas na entrevista a jornalistas
estrangeiros? Está passando informações mentirosas e sem fundamento. Ela deveria ter
mais responsabilidade", acusou.

"Dizer que não é golpe é tapar o sol com a peneira. Eu sou uma vítima, sou uma pessoa
injustiçada", ressaltou Dilma, destacando que não se pode admitir um processo de
impeachment que, na verdade, segundo ela, é uma eleição indireta. "Sou vítima de um
processo absolutamente infundado", reforçou.

Dilma afirmou que vai se "esforçar muito" para convencer os senadores sobre a falta de
fundamentação do processo de que é vítima no Congresso. "O ministro da Justiça, o
ministro da Fazenda, todos nós vamos lá junto aos senadores debater, explicar e dar
todas as informações necessárias." A presidente afirmou que não teve o respaldo
necessário por segmentos da Câmara, mas disse ter certeza que será ouvida no Senado.
"Depois os senadores votam como achar que devem."

Questionada sobre a proposta de novas eleições, Dilma afirmou que não acusa as
pessoas que tenha essa ideia de golpistas. "Uma coisa é eleição direta, com votos e o
povo brasileiro participando. Mas tem que ser me dado o direito de defender o meu
mandato. Não sou uma pessoa apegada a cargos, mas estou defendendo o meu
mandato", afirmou Dilma aos jornalistas.

Dilma afirmou que, desde que assumiu a Presidência da República, em 2011,


desenvolveu relacionamentos pessoais com líderes mundiais e que eles têm mostrado
solidariedade a ela.

Protesto

Um grupo que defende o impeachment de Dilma e outro contrário ao impedimento


protestaram nesta sexta-feira na porta da residência oficial do embaixador brasileiro nas
Nações Unidas (ONU), onde Dilma está hospedada. A polícia dividiu os dois grupos e
os que defendem a saída de Dilma gritavam frases como "estamos na rua para derrubar
o PT" e ainda provocavam os contra à saída com frases como "socialistas de iPhone em
Nova York". Os manifestantes contra o impeachment distribuíram flores e pediram a
defesa da democracia no Brasil.

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