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Educação Corporativa - Apenas Um Novo Nome
Educação Corporativa - Apenas Um Novo Nome
de treinamentos?
Maria Angela Sant’Anna Kafrouni1
Resumo:
Introdução
A educação corporativa expressa uma nova concepção que incorporou força estratégica
ao treinamento e ganhou foco nas competências críticas para o sucesso do negócio. Não
é simplesmente programar momentos de capacitação para os funcionários. A questão é
instalar e aprimorar as competências empresariais e humanas consideradas necessárias
para a viabilização das estratégias de negócios.
Esse artigo reflete um olhar que se construiu com a análise de relatos de experiências na
área de capacitação e pela observação direta de ambientes empresariais na qual a autora
e sua equipe atuam. A proposta é discutir algumas transformações ocorridas na gestão
das empresas e nos sistemas de educação que dão suporte a esse novo modelo; quais
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Maria Angela Sant’Anna Kafrouni é administradora, Mestre em Sociologia, coach, consultora em T&D,
professora em pós graduação e didata da Sociedade Brasileira de Dinâmica dos grupos. Sócia da SK
Aprendizagem. skaprendizagem.com.br – angelakafrouni@gmail.com
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O intelecto das pessoas se transforma no principal capital das organizações, por que as
especificidades de produtos e serviços exigem conhecimentos e habilidades na área
específica do negócio. São conhecimentos que não fazem parte do sistema de ensino
regular. De acordo com Jaguaribe (2004:8), “as atividades de Educação Corporativa
diferem das atividades de educação tradicional, pois têm foco em demandas específicas
de capacitação diretamente associadas às expectativas das empresas”.
Ainda que a educação no Brasil mantivesse um bom nível de qualidade, não conseguiria
atender a tais necessidades de conhecimentos. Mas esse quadro é agravado pela baixa
qualidade do ensino em nosso país, no qual adultos chegam ao mercado de trabalho sem
a capacidade de comunicação escrita e abstração. Cobrir essa deficiência do ensino
regular também é tarefa assimilada por muitas empresas que compreendem a
importância de preparar os colaboradores que necessitam para compor suas equipes de
trabalho.
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Esse modelo disfuncional, que aplica recursos sem atender a necessidade real da
organização, infelizmente ainda pode ser encontrado em algumas empresas. Seguem-se
alguns exemplos extraídos da vida real:
Esse ponto pode ser ilustrado pelas dez melhores empresas apresentadas na edição do
Guia Exame, edição 2009. São elas: Caterpillar, Masa da Amazônia, Volvo, Laboratório
Sabin, Eurofarma, BV Financeira, Chemtech, CPFL Energia S/A, Plascar, e Landis/Gyr.
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São empresas que possuem realidades diversas, estão localizadas em distantes regiões
do país e possuem foco de negócios próprios. A que possui maior número de
empregados, 6.281, é a CPFL Energia S/A., e a menor é a multinacional suíça Landis
Gyr, que fabrica equipamentos de medição de energia elétrica, gás e água, com sede em
Curitiba (PR), que tem apenas 391 colaboradores.
Vale a pena conferir o que essas empresas têm em comum: elas preparam o seu pessoal
com base nas competências críticas para seu negócio. Observar as práticas dessas
empresas permite constatar que estão empenhadas em:
- preparam as pessoas para cumprir a meta de crescimento nos próximos anos e para a
sucessão;
5. Definir públicos-alvos.
Essas são as premissas descritas para uma UC, mas nem sempre a indicação é criar uma
universidade, principalmente se a empresa for de médio porte. Porém, mais do que o
nome dado ao sistema de educação nas corporações, valem as idéias e a adequação
delas as diversas realidades empresariais. Os princípios de um sistema de capacitação
estratégico podem ser benéficos a qualquer organização, mesmo sem a bandeira da UC.
É uma cultura voltada para o “aprender a aprender”, que, segundo Zabot & Silva (2002:
95) se baseia na “compreensão clara das novas diretrizes de uma tarefa educativa
voltada não mais para o ensino, mas para a aprendizagem”, na qual as pessoas vão atrás
dos conhecimentos que necessitam e criam iniciativas próprias de aprendizagem. São
gestores de suas próprias experiências e sabem contextualizar o resultado da
aprendizagem à aplicação prática.
Para facilitar a circulação e o acesso aos conhecimentos têm sido utilizados meios
digitais. O e-learning tem sido um recurso muito útil para disponibilizar conhecimentos,
sendo um fator estratégico. Por exemplo, nas fusões dos Bancos os procedimentos
precisam ser assimilados em tempo recorde pelos colaboradores, para que possam
atender as necessidades dos clientes. Nesses casos as videoconferências, intranet, chats
e fóruns atendem os requisitos de rapidez, disponibilidade e de abrangência, permitindo
integrar e nivelar as informações aos funcionários dispersos por toda a rede de agências
bancárias.
prover cursos. Nada melhor do que utilizar as habilidades e conhecimentos dos CEOs
(Chief Executive Officer) para traçar os programas destinados aos empregados, a fim de
assegurar que o projeto de capacitação esteja alinhado à estratégia central do negócio.
Outras parcerias podem ser construídas com atores externos, como consultores e
universidades.
Porém, quanto à questão de mensuração dos impactos e efeitos do treinamento, 17% dos
respondentes declararam que não mensuram esse impacto, 13% utilizam a percepção
dos clientes internos; 30% se baseiam nas opiniões dos participantes e apenas 40%
utilizam indicadores de desempenho (ABTD 2008/2009).
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Esse é um gap importante que sinaliza um caminho ainda a ser percorrido. Apesar de
que é um verdadeiro desafio criar sistemas competentes para medir, pode ser
significativo para o reconhecimento dos efeitos da capacitação enfrentar o desafio. Um
sistema de capacitação também se fortalece perante a organização pela capacidade de
exibir os resultados obtidos e essa tarefa não deve ser adiada. Pelo contrário, pode ser
pensada na fase de construção do projeto.
A equipe que faz o desenho instrucional tem condições de dar suporte à criação de
métricas na concepção do programa. Todo projeto de capacitação contempla um cenário
e objetivos específicos. Ao definir os objetivos o segundo passo é construir a forma
como serão avaliados os resultados. As perguntas são, quais são os objetivos que
pretendemos atingir? A seguir, o que vai indicar que o objetivo foi atingido? Só a partir
daí será concebido o conteúdo e a metodologia. Ao aplicar o programa e após a
aplicação os resultados são medidos. O que se segue é conferir se o sistema de mensurar
resultados está competente e trabalhar na sua melhoria. É uma busca pelo estado da arte.
Para atuar estrategicamente, a construção de uma Educação Corporativa tem início com
a definição das competências críticas para o negócio. Essa prática está presente em
todos os 21 casos relatados por Eboli (2004) e pode também ser verificada em
praticamente todos os programas divulgados de UC. Da mesma forma, o envolvimento
do alto escalão nos processos de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento de um
ambiente de aprendizagem em todo lugar e a todo o momento, a utilização de meios
diversos presenciais e e-learning estão nas práticas adotadas pelas organizações que
implantaram UC.
Referências