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Está cada vez mais difundida a mentalidade de que se possa satisfazer o desejo de ter um
filho a qualquer preço. O filho pode torna-se uma obsessão e não uma vida que se deseja e se
acolhe como dom. O papa afirma taxativamente que um filho não “é um complemento ou uma
solução para uma aspiração pessoal, mas um ser humano, com um valor imenso, e não pode ser
usado para benefício próprio” (ver texto de apoio 2). Afinal, os que somos pais e mães, sentimo-
nos correias de transmissão do amor de Deus? É preciso que cada família se reconheça como
lugar por excelência da presença de Deus.
A família, a exemplo da Igreja, tem de viver o seu amor de forma solidária e partilhada.
Ser pai, ser mãe, ser filho, avô e avó. Como são vividas hoje estas realidades nas nossas famílias?
Sentimos que navegamos por este mundo na procura se um mundo melhor, guiados pelo Espírito
Santo? (ver texto de apoio 3) O papa Francisco recorda que o matrimónio desafia-nos a
encontrarmos uma nova maneira de ser filho.
a) No seio da nossa família, que lugar damos aos idosos? Que desafios encontramos a
propósito desta realidade?
b) Numa sociedade em que é melhor ser jovem, bonito e rico, do que feio e pobre, como
tratamos a velhice, a dependência, a doença?
Trabalhar no sentido de uma cultura da vida, a partir da família, é recordar que a “atenção
aos idosos distingue uma civilização. Numa civilização, presta-se atenção ao idoso? Há lugar para
o idoso? Esta civilização irá em frente, se souber respeitar a sabedoria dos idosos”.
4º Passo – Para concluir
O encontro pode terminar com uma síntese sobre o que será promover em família uma
cultura da vida. A partir do texto de apoio número 5, partilhar em que medida já vivemos ou não
o que o papa Francisco nos desafia a viver. E nesta grande família, que é a Igreja, vivemos assim?
Textos de Apoio
1. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, também possui altíssima dignidade
que não podemos calcar e que somos convocados a respeitar e promover. A vida é presente
gratuito de Deus, dom e tarefa que devemos cuidar desde a conceção, em todas as suas etapas,
até à morte natural, sem relativismos. (Aparecida 464)
2. A mãe, que traz [o filho] no ventre, precisa de pedir luz a Deus para poder conhecer em
profundidade o seu próprio filho e saber esperá-lo como ele é. Alguns pais sentem que o seu filho
não chega no melhor momento; faz-lhes falta pedir ao Senhor que os cure e fortaleça para
aceitarem plenamente aquele filho, para o esperarem com todo o coração. É importante que
aquela criança se sinta esperada. Não é um complemento ou uma solução para uma aspiração
pessoal, mas um ser humano, com um valor imenso, e não pode ser usado para benefício próprio.
Por conseguinte, não é importante se esta nova vida te será útil ou não, se possui características
que te agradam ou não, se corresponde ou não aos teus projetos e sonhos. Porque «os filhos são
uma dádiva! Cada um é único e irrepetível (...). Um filho é amado porque é filho: não, porque é
bonito ou porque é deste modo ou daquele, mas porque é filho! Não, porque pensa como eu,
nem porque encarna as minhas aspirações. Um filho é um filho». O amor dos pais é instrumento
do amor de Deus Pai, que espera com ternura o nascimento de cada criança, aceita-a
incondicionalmente e acolhe-a gratuitamente. (AL 170)
3. Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota, interpretando a posição das
estrelas, e os jovens remam com força imaginando o que os espera mais além. Não nos deixemos
extraviar nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não conta, que já
está superado, nem pelos adultos que julgam saber sempre como se deveriam comportar os
jovens. O melhor é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo
melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo. (Christus Vivit 201)
4. A Igreja olha para as pessoas idosas com afeto, reconhecimento e grande estima. Elas são parte
essencial da comunidade cristã e da sociedade. Não sei se ouvistes bem: os idosos são parte
essencial da comunidade cristã e da sociedade. Em particular representam as raízes e a memória
de um povo. Vós sois uma presença importante, porque a vossa experiência constitui um tesouro
precioso, indispensável para olhar para o futuro com esperança e responsabilidade. A vossa
maturidade e sabedoria, acumuladas nos anos, possam ajudar os mais jovens, apoiando-os no
caminho do crescimento e da abertura ao futuro, na busca do seu caminho. Com efeito, os idosos
testemunham que, até nas provações mais difíceis, nunca se deve perder a confiança em Deus e
num futuro melhor. São como as árvores que continuam a dar fruto: mesmo carregados com o
peso dos anos, podem dar a sua contribuição original para uma sociedade rica de valores e para
a afirmação da cultura da vida.
(Francisco, Discurso à federação nacional dos trabalhadores idosos, 15 outubro 2016)
5. Esta família alargada deveria acolher, com tanto amor, as mães solteiras, as crianças sem pais,
as mulheres abandonadas que devem continuar a educação dos seus filhos, as pessoas
deficientes que requerem muito carinho e proximidade, os jovens que lutam contra uma
dependência, as pessoas solteiras, separadas ou viúvas que sofrem a solidão, os idosos e os
doentes que não recebem o apoio dos seus filhos, até incluir no seio dela «mesmo os mais
desastrados nos comportamentos da sua vida». E pode também ajudar a compensar as
fragilidades dos pais, ou a descobrir e denunciar a tempo possíveis situações de violência ou
mesmo de abuso sofridas pelas crianças, dando-lhes um amor sadio e um sustentáculo familiar,
quando os seus pais não o podem assegurar. (AL 197)
6. Depois, uma mulher que trazia uma criança ao colo disse:
- Fala-nos das Crianças.
E ele respondeu:
- Os vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma.
Eles vêm através de vós mas não de vós. E embora estejam convosco não vos pertencem.
Podeis dar-lhes o vosso amor mas não os vossos pensamentos,
pois eles têm os seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos mas não as suas almas.
Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar, nem em sonhos.
Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós.
Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem.
Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão lançados.
O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com que as Suas flechas
partam rápidas e cheguem longe.
K. Gibrain, O profeta