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A vocação da família

Encontro 4 A família, escola para uma cultura da vida


A família é a escola por excelência para promovermos uma sociedade que ama e protege
a vida. O papa Francisco recorda-nos: “para compreender a realidade da vida, é preciso baixar-
se, como nos baixamos para beijar uma criança” e comparou os idosos a “um coral permanente
de um grande santuário espiritual, no qual a oração de súplica e o canto de louvor alicerçam a
comunidade que trabalha e luta no campo da vida”. Vivemos numa sociedade de consumo
exacerbado, onde se consome e se deita fora: uma sociedade do descarte, onde se corre o risco
de descartarmos as próprias pessoas. O desafio é promover, a partir da família, uma cultura da
vida, pois a vida é o grande dom de Deus.
Objetivos
a) Acentuar que a vida humana é um dom sagrado e inviolável de Deus.
b) Perceber a família como lugar, por excelência, para promover uma cultura da
vida em todas as fases da sua existência.
c) Valorizar os diferentes papéis na família

1º Passo – Tempo de oração


Cada encontro deve começar por um tempo de silêncio, de serenidade, após o qual se
recita em conjunto esta oração. Evitar fazer da oração apenas mais um texto que se lê.

2Ó Senhor, nosso Deus,


como é admirável o teu nome em toda a terra!
Adorarei a tua majestade, mais alta que os céus.
3Da boca das crianças e dos pequeninos
fizeste uma fortaleza contra os teus inimigos,
para fazer calar os adversários rebeldes.
4Quando contemplo os céus, obra das tuas mãos,
a Lua e as estrelas que Tu criaste:
5que é o homem para te lembrares dele,
o filho do homem para com ele te preocupares?
6Quase fizeste dele um ser divino;
de glória e de honra o coroaste.
7Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos,
tudo submeteste a seus pés:
8rebanhos e gado, sem exceção,
e até mesmo os animais bravios;
9as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que percorre os caminhos do oceano.
10Ó Senhor, nosso Deus,
como é admirável o teu nome em toda a terra!

Glória ao Pai e ao Filho ao Espírito Santo


Como era no princípio, agora e sempre. Ámen!
Salmo 8

2º Passo – Olhar o chão que pisamos


O animador do grupo, após o tempo de oração, convida os presentes a partilharem o que
o título deste encontro lhes sugere: “A família, escola para uma cultura da vida.” O diálogo pode
orientar-se na procura da resposta a algumas perguntas:
a) O que significa para nós “cultura da vida”?
b) Que lugar ocupa na vida das nossas famílias a atenção, o cuidado, a proteção da vida,
a nossa e a dos nossos? Que responsabilidade sentimos?
c) Experimentamos medos, preocupações, dúvidas? Quais?
A família pode converter-se em promotora da cultura da vida, quando se reconhece a si
mesma como lugar por excelência da presença de Deus. Não será um grande desafio para as
famílias deste tempo?

3º Passo – Olhar mais longe


Na exortação apostólica “A alegria do Amor”, o papa Francisco recorda-nos que a família
é o âmbito não só da geração, mas também do acolhimento da vida que chega como um presente
de Deus. A vida é um dom dum que o Senhor confia ao pai e à mãe: tem início com o seu
acolhimento, continua com a sua guarda ao longo da vida terrena e tem como destino final a
alegria da vida eterna. É a partir desta convicção que podemos falar de maternidade e
paternidade responsáveis.

a) Ser mãe é…. Ser pai é…


b) Como se entreajudam e se complementam hoje o ‘ser pai’ e o ‘ser mãe’?

Está cada vez mais difundida a mentalidade de que se possa satisfazer o desejo de ter um
filho a qualquer preço. O filho pode torna-se uma obsessão e não uma vida que se deseja e se
acolhe como dom. O papa afirma taxativamente que um filho não “é um complemento ou uma
solução para uma aspiração pessoal, mas um ser humano, com um valor imenso, e não pode ser
usado para benefício próprio” (ver texto de apoio 2). Afinal, os que somos pais e mães, sentimo-
nos correias de transmissão do amor de Deus? É preciso que cada família se reconheça como
lugar por excelência da presença de Deus.
A família, a exemplo da Igreja, tem de viver o seu amor de forma solidária e partilhada.
Ser pai, ser mãe, ser filho, avô e avó. Como são vividas hoje estas realidades nas nossas famílias?
Sentimos que navegamos por este mundo na procura se um mundo melhor, guiados pelo Espírito
Santo? (ver texto de apoio 3) O papa Francisco recorda que o matrimónio desafia-nos a
encontrarmos uma nova maneira de ser filho.
a) No seio da nossa família, que lugar damos aos idosos? Que desafios encontramos a
propósito desta realidade?
b) Numa sociedade em que é melhor ser jovem, bonito e rico, do que feio e pobre, como
tratamos a velhice, a dependência, a doença?
Trabalhar no sentido de uma cultura da vida, a partir da família, é recordar que a “atenção
aos idosos distingue uma civilização. Numa civilização, presta-se atenção ao idoso? Há lugar para
o idoso? Esta civilização irá em frente, se souber respeitar a sabedoria dos idosos”.
4º Passo – Para concluir
O encontro pode terminar com uma síntese sobre o que será promover em família uma
cultura da vida. A partir do texto de apoio número 5, partilhar em que medida já vivemos ou não
o que o papa Francisco nos desafia a viver. E nesta grande família, que é a Igreja, vivemos assim?

5º Passo – Respostas a enviar


1. Uma vez que o vínculo natural e inseparável entre o amor e a vida está hoje a tornar-
se cada vez mais fraco, chegando mesmo a ser questionado, o que é aconselhável
fazer para evidenciar aquele vínculo como necessário e fundamental?
2. Não podemos promover a cultura da vida sem a família e sem a sua natureza
intrínseca de acolhimento. O que pode ser feito na pastoral paroquial e diocesana
para que esta cultura da vida seja efetiva?

Textos de Apoio
1. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, também possui altíssima dignidade
que não podemos calcar e que somos convocados a respeitar e promover. A vida é presente
gratuito de Deus, dom e tarefa que devemos cuidar desde a conceção, em todas as suas etapas,
até à morte natural, sem relativismos. (Aparecida 464)
2. A mãe, que traz [o filho] no ventre, precisa de pedir luz a Deus para poder conhecer em
profundidade o seu próprio filho e saber esperá-lo como ele é. Alguns pais sentem que o seu filho
não chega no melhor momento; faz-lhes falta pedir ao Senhor que os cure e fortaleça para
aceitarem plenamente aquele filho, para o esperarem com todo o coração. É importante que
aquela criança se sinta esperada. Não é um complemento ou uma solução para uma aspiração
pessoal, mas um ser humano, com um valor imenso, e não pode ser usado para benefício próprio.
Por conseguinte, não é importante se esta nova vida te será útil ou não, se possui características
que te agradam ou não, se corresponde ou não aos teus projetos e sonhos. Porque «os filhos são
uma dádiva! Cada um é único e irrepetível (...). Um filho é amado porque é filho: não, porque é
bonito ou porque é deste modo ou daquele, mas porque é filho! Não, porque pensa como eu,
nem porque encarna as minhas aspirações. Um filho é um filho». O amor dos pais é instrumento
do amor de Deus Pai, que espera com ternura o nascimento de cada criança, aceita-a
incondicionalmente e acolhe-a gratuitamente. (AL 170)
3. Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota, interpretando a posição das
estrelas, e os jovens remam com força imaginando o que os espera mais além. Não nos deixemos
extraviar nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não conta, que já
está superado, nem pelos adultos que julgam saber sempre como se deveriam comportar os
jovens. O melhor é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo
melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo. (Christus Vivit 201)
4. A Igreja olha para as pessoas idosas com afeto, reconhecimento e grande estima. Elas são parte
essencial da comunidade cristã e da sociedade. Não sei se ouvistes bem: os idosos são parte
essencial da comunidade cristã e da sociedade. Em particular representam as raízes e a memória
de um povo. Vós sois uma presença importante, porque a vossa experiência constitui um tesouro
precioso, indispensável para olhar para o futuro com esperança e responsabilidade. A vossa
maturidade e sabedoria, acumuladas nos anos, possam ajudar os mais jovens, apoiando-os no
caminho do crescimento e da abertura ao futuro, na busca do seu caminho. Com efeito, os idosos
testemunham que, até nas provações mais difíceis, nunca se deve perder a confiança em Deus e
num futuro melhor. São como as árvores que continuam a dar fruto: mesmo carregados com o
peso dos anos, podem dar a sua contribuição original para uma sociedade rica de valores e para
a afirmação da cultura da vida.
(Francisco, Discurso à federação nacional dos trabalhadores idosos, 15 outubro 2016)
5. Esta família alargada deveria acolher, com tanto amor, as mães solteiras, as crianças sem pais,
as mulheres abandonadas que devem continuar a educação dos seus filhos, as pessoas
deficientes que requerem muito carinho e proximidade, os jovens que lutam contra uma
dependência, as pessoas solteiras, separadas ou viúvas que sofrem a solidão, os idosos e os
doentes que não recebem o apoio dos seus filhos, até incluir no seio dela «mesmo os mais
desastrados nos comportamentos da sua vida». E pode também ajudar a compensar as
fragilidades dos pais, ou a descobrir e denunciar a tempo possíveis situações de violência ou
mesmo de abuso sofridas pelas crianças, dando-lhes um amor sadio e um sustentáculo familiar,
quando os seus pais não o podem assegurar. (AL 197)
6. Depois, uma mulher que trazia uma criança ao colo disse:
- Fala-nos das Crianças.
E ele respondeu:
- Os vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma.
Eles vêm através de vós mas não de vós. E embora estejam convosco não vos pertencem.
Podeis dar-lhes o vosso amor mas não os vossos pensamentos,
pois eles têm os seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos mas não as suas almas.
Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar, nem em sonhos.
Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós.
Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem.
Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão lançados.
O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com que as Suas flechas
partam rápidas e cheguem longe.
K. Gibrain, O profeta

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